sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Resumption - Capítulo 70

 P. O. V. Duda

O que mais eu poderia querer além de ter Tom em minha vida? Desde o primeiro contato que tivemos naquela boate tive a certeza que estaríamos ligados, conectados, mesmo que eu negasse com todas as minhas forças. Eu lutei contra os sentimentos, a atração e emoções que qualquer coisa relacionada a ele provocava, mas quanto mais forçava um afastamento, mais próxima eu ficava.
No início eram apenas provocações, atração puramente sexual e a vontade de entrar em seu jogo... Eu queria provar que poderia ganhar, queria deixa-lo comendo poeira e com o ego pisoteado por ter se deixado seduzir por uma garota e descartado depois. Foi estranho o resultado, porque acabamos empatando e aceitamos que, no nosso jogo, os dois ganharam.
Eu jamais me sentira tão envolvida por alguém, a personalidade de Tom é única, seus gestos são imprevisíveis e me faz amar até seus defeitos e suas manias... Olhando para o início de tudo me pergunto como pude duvidar que ele se encaixa perfeitamente em minha vida, que é meu porto-seguro, um vício incontrolável e irreversível.
Tom é o único que me fizera sentir completa de todas as maneiras, aquele que não desistiu em momento algum de balançar meu mundo e fizera questão de me incluir no seu. Ele é o único ao qual me entreguei de corpo e alma, sem medo, totalmente rendida, vulnerável e apaixonada... Perdi o controle sobre meu coração, minha mente e meu corpo.

Not everybody knows how to work my body, knows how to make me want it.Nem todo mundo sabe como mexer com o meu corpo, sabe como me fazer querer,

Boy, you stay up on it, you got that something that keeps me so off balance…
Cara, você não perde o pique, você tem uma coisa que me deixa sem equilíbrio...



Antes de conhece-lo eu tinha o controle sobre minha vida, meus pensamentos e sentimentos estavam sempre em ordem, mas quando o conheci me perdi completamente nele, em seus olhos, sorrisos, beijos e carícias... Durante algum tempo neguei para mim mesma que gostava de tê-lo no controle, mas hoje admito que amo o jeito como me possui.

Hey boy, I really wanna be with you, ‘cause you just my type.Ei cara, eu realmente quero estar com você, porque você é exatamente o meu tipo.

I need a boy to take it over
.
Eu preciso de um cara para assumir o controle.


Apesar de todo o sofrimento pelo qual eu havia passado, não consigo guardar mágoa alguma, meu sentimento por Tom supera qualquer coisa e é tão forte que às vezes meu peito parece que vai explodir... Não consigo me imaginar em qualquer lugar que não seja ao lado dele, sendo amada e protegida.
Em momento algum consigo pensar em algo que possa me fazer desistir da vida que temos juntos, não há problema que não possamos resolver, o ciúme é superado com uma boa dose de humor negro e sarcasmo, a confiança sempre é maior do que qualquer coisa, o respeito é mutuo, o companheirismo e a compreensão estão presentes em todos os momentos, o amor prevalece e nossas brigas sempre acabam com um acordo de paz, a maioria das vezes em nossa cama.

Baby, you got me, ain't nowhere that I'd be than with your arms around me.
Querido, você me conquistou, eu não quero estar em outro lugar se não for com seus braços em volta de mim.

Back and forth you rock me, so I surrender, to every word you whisper.
Pra frente e para trás, você me balança, então eu me rendo a cada palavra que você sussurra.

Every door you enter... I will let you in.
Cada porta que você entra... Vou deixá-lo entrar.


Sabe quando você julga alguém sem conhecer e depois se arrepende? Com Tom foi exatamente assim! Eu pensava que ele era infantil, imaturo, irresponsável, orgulhoso, esnobe, fútil, insensível, egoísta e mais algumas coisas, mas, quando pude entrar em seu mundo e conhece-lo de verdade, descobri que estava completamente errada... Bem, ele age de maneira errada algumas vezes, mas sempre acaba por pedir desculpa, mesmo que diga “mas ainda acho que estou certo”.


You're so amazing, you took the time to figure me out, that's why you take me, way past the point of turning me on...
Você é tão incrível, você não teve pressa pra tentar me entender, é por isso que você me leva muito além da excitação...

You bout to break me, I swear you got me losing my mind.
Você vai acabar comigo, juro que você vai me fazer perder a cabeça.


Ninguém além dos nossos familiares e amigos sabem de nosso relacionamento, não nos escondemos de fãs e nem de paparazzi, apenas deixamos rolar e não nos preocupamos com as especulações... De certa forma isso dá mais emoção.

Simone estava radiante por me ter como nora e fizera questão de comemorar preparando um jantar, no qual eu conheci a família inteira dos Kaulitz e, apesar do medo inicial de não ser aceita, senti-me acolhida por aquelas pessoas tão queridas e amáveis.

–Pensei que jamais fosse vê-lo casando, querido! –a avó paterna de Tom comentou e sorriu docemente. –Escolheu a garota certa... Ela é muito bonita, principalmente por dentro.

–Os homens da nossa família têm sorte, vovó! –Tom respondeu com um sorriso gentil enquanto me abraçava pela cintura. –Primeiro o vovô conheceu a senhora... –piscou com um olho na direção da senhora, que riu. –Depois meu pai se apaixonou pela mamãe e agora eu encontrei a minha garota. –beijou minha bochecha demoradamente e voltou a olhar para avó. –Até Bill desencalhou. –completou debochado.

–Você e seu irmão serão muito felizes com suas garotas, pressentimento de avó jamais falha, não se esqueça! –sorriu ao dar uma piscadela em nossa direção e, em seguida, seguiu para perto de Bill e Angel.

–Então, senhora Kaulitz, o que está achando da festa? –Tom sussurrou com a voz rouca em meu ouvido, o que fez meus pelos se arrepiarem.

–Estou adorando... –respondi sinceramente.

–É uma pena que eu deva acabar com sua felicidade. –fitou meu rosto sustentando uma falsa expressão triste. –Preciso que me acompanhe. –declarou segurando em meu cotovelo.

–Mas o que? Para que? Pra onde ‘tá me levando? –perguntei franzindo o cenho enquanto o seguia para o segundo andar da casa.

–Tenho uma coisa pra te dar. –respondeu e entrou por uma porta, me puxando consigo.


Olhei para os lados observando o cômodo, era um quarto simples e típico de um adolescente, bem organizado e com um perfume forte, o que me fez entender rapidamente a quem ele pertencia.

–O que estamos fazendo no seu quarto? –perguntei me sentando na beirada da cama enquanto o via abrir as portas de um roupeiro.

–Achei! –exclamou ignorando minha pergunta e logo sentou ao meu lado segurando uma caixa pequenina de madeira. –É pra você.


Peguei a caixa que Tom estendia em minha direção e a observei minuciosamente, a madeira era toda trabalhada em fios de ouro no seu exterior e, quando a abri, por dentro era forrada por um cetim dourado. Havia apenas um envelope lá dentro, o qual fui instruída a abrir e, quando o fiz, encontrei uma correntinha de ouro branco muito parecida com a que ganhara no dia em que fui pedida em namoro e um papel dobrado simetricamente.

–Essa correntinha era da minha avó materna. –Tom explicou. –Dias antes de falecer ela me deu e fez prometer que apenas a garota que eu realmente amasse poderia tirá-la da caixa. –sua voz soava calma e sua respiração era falha.


Eu estava prestes a chorar por causa daquela revelação e também por saber que falar sobre aquilo era difícil para Tom, estava fazendo com que se lembrasse da avó.

–Ela era ótima desenhista e pintava quadros maravilhosos. –sorriu enquanto uma lágrima solitária escorreu por sua bochecha direita. –Disse que havia visto o rosto da minha garota e que, caso eu não tivesse certeza se ela fosse a certa quando eu encontrasse, era para eu observar o desenho. –apontou para o papel.


Desdobrei o papel com cuidado sentindo meu coração acelerar e minha respiração ficar descompassada... Poderia alguém que jamais vi na vida e sequer sabia existir saber como sou?
Milhares de coisas passavam em minha cabeça ao mesmo tempo, Tom acreditava que fosse verdade aquilo... E se eu não estivesse representada naquele desenho? Se fosse outro rosto, ele me deixaria?

Balancei a cabeça tentando afastar aqueles pensamentos e, quando finalmente desdobrei o papel por inteiro, olhei atentamente para o desenho.

–Não é possível. –gaguejei com os olhos arregalados. –Como?


Parecia impossível, mas ao mesmo tempo incrível que meu rosto estivesse ali, representado nos mínimos detalhes... Era mágico!

–Não sei como ou onde ela viu você, não tenho ideia. –Tom respondeu. –Mas acho que acertou afinal de contas. –seus lábios curvaram-se em um sorriso e seus olhos estavam brilhando mais do que qualquer vez que tenha visto. –Eu não conseguiria imaginar outra garota ao meu lado... –segurou minhas mãos e enlaçou seus dedos nos meus. –E com essa “profecia” da vovó se completando eu não tenho mais dúvida alguma que é com você que quero viver pro resto da minha vida.


Aquele era mais um dos sinais de que minha luta por um recomeço havia valido à pena... Era um sinal divino, algo inexplicável, incrível e incontestável que comprovava a teoria de que, depois de todos os momentos ruins, das idas e vindas e dos sofrimentos, não havia um final feliz, mas sim uma porta aberta para que seguíssemos juntos para uma vida nova, algo jamais experimentado por nós, um mundo de descobertas que se expunha.

–Eu não sei o que dizer... –balbuciei com os olhos lacrimosos e funguei.

–Diga que me ama, que não vive sem mim e quer me ter ao seu lado até quando estivermos coroas, mas dois coroas enxutos e gostosos. –sua voz soou divertida, o que me fez rir.

–Idiota. –o empurrei sobre o colchão.

–Chata. –me puxou pelos braços, forçando meu corpo a chocar-se com o seu.

–Amo você. –declarei beijando sua mandíbula e senti suas mãos prenderem-se em minha cintura.

–Amo você. –declarou roçando seu nariz bem desenhado no meu e me beijou em seguida.


Estar com Tom, presa em seus braços, aspirando seu cheiro, ouvindo sua respiração e sua voz, sentindo seus dedos acariciarem meu corpo e seus lábios em contato com os meus, é tudo o que eu mais quero a cada segundo, não importando onde ou como... Tê-lo ao meu lado é o que me satisfaz, me faz sentir completa, nada mais importa e sinto que posso ser feliz em qualquer lugar, de qualquer maneira.

Tom Kaulitz é parte de mim, completa minha vida. Ele é meu recomeço... O recomeço de um “eu” completo, sem amarras ou limitações, um “eu” disposto a enfrentar qualquer coisa para manter aquele sentimento vivo e intenso.



P. O. V. Tom Kaulitz

A vida inteira você acredita que o amor só existe se vindo de sua família e amigos, mas quando você conhece alguém que deixa seu mundo de cabeça para baixo essa “teoria” parece besteira e você descobre que na verdade a sua descrença no amor entre duas pessoas era medo de sentir algo tão intenso e não saber lidar com as consequências... Eu era exatamente assim.
No início tudo parecia uma grande diversão, apenas mais uma garota com quem mantinha um caso sem importância, mas aquilo cresceu de uma forma descontrolada e antes que eu pudesse cair fora já estava totalmente controlado por algo que jamais havia sentido... Aquela garota era tudo o que eu queria, mas que não poderia ter por agir tão impulsivamente.
Ao mesmo tempo em que Duda me fizera mudar, eu permanecia o mesmo cara, mas com uma visão diferente do mundo à minha volta... Ela abrira meus olhos e mostrara coisas que estavam bem debaixo do meu nariz e eu não enxergava porque não queria, por ser orgulhoso.
Jamais passara pela minha cabeça a ideia de me ver preso a alguém, mas não consigo me imaginar longe dela um segundo sequer, cada sorriso, toque, olhar e sussurro faz meu coração bater mais forte. Duda é como um vício: quanto mais tenho dela, mais quero e permaneço incansável esperando por mais.
Mesmo que eu quisesse ignorar o que eu sinto, não poderia porque uma “força maior” me impedia...

Na vez em que eu pensei ter perdido Duda para sempre, a primeira coisa que fiz depois de ter voltado do aeroporto foi voltar para casa, aquela casa onde fui criado sob os cuidados de minha avó materna e minha mãe... Eu sempre corria para lá quando alguma coisa dava muito errada e sentia o chão se abrindo abaixo de meus pés.
Os braços de minha mãe me receberam com carinho, seu amor incondicional de mãe me acalmou e suas palavras sempre calmas me fizeram relaxar e acreditar que tudo daria certo se fosse o querer de Deus... Eu queria que minha avó estivesse lá para me dizer coisas que apenas ela era capaz de enxergar, mas a única coisa que restava dela além das lembranças era uma pequena caixa de madeira que ela me dera e que há muito tempo estava guardada, esquecida em meu roupeiro.
Quando encontrei aquela caixa as lembranças presas a ela vieram com tudo e foi preso em um flashback que encontrei a resposta pela qual eu tanto procurava... Era irreal saber que minha avó tinha a solução mesmo não estando mais ao meu lado, mas eu estava agradecido por ter seu amparo apesar da circunstância.
Talvez eu não acreditasse antes em destino, vidas interligadas, karma, visões, almas gêmeas e toda coisa desse tipo, mas naquele momento era a única coisa a qual eu podia me agarrar com todas as forças e apostei tudo o que tinha, arrisquei o quanto pude ao confiar em algo do passado e, por sorte ou coisa do destino, consegui o que tanto queria: ter Duda de volta, segura em meus braços.

Aquela garota entrara em minha vida de repente, me fazendo perceber que não estava satisfeito, que era preciso mudar e ter algo pelo que lutar todos os dias... Ela viera de tão longe para recomeçar sua vida e me incluíra nos planos mesmo sem perceber, e eu estou disposto a enfrentar tudo com ela, por mim, por ela e por nós.

Se meu destino é tê-la ao meu lado, acordar todos os dias e ver seu rosto, sentir sua pele contra a minha, ouvir sua voz dizendo que me ama, eu aceito de bom grado e não reclamo, principalmente se tiver seus lábios presos aos meus.

Postado por: Grasiele | Fonte: x

Resumption - Capítulo 69

P. O. V. Duda

Tom sempre fora diferente e indecifrável, mas naquela manhã pós-natal constatei que também era totalmente imprevisível, o que eu já desconfiava.

A venda que impossibilitava minha visão caiu lentamente, as mãos de Tom rodearam-me, me dando apoio para aguentar o efeito que a surpresa causara em mim... Pisquei algumas vezes captando cada detalhe em minha volta e meu coração palpitou ao ver a linda casa branca e amarela à nossa frente.
Aquele lugar era simplesmente perfeito, aconchegante e agradável, e não havia palavra alguma para descrever o misto de sensações que fluía em mim... Talvez maravilhada servisse, mas não é suficiente.

–Por favor, diga alguma coisa. –Tom sussurrou. –Você gostou da nossa casa? –perguntou fazendo-me tremer... Ele dissera nossa casa? –Se não for do seu agrado podemos procurar outra ou talvez prefira um apartamento? –tagarelou sem respirar. –Podemos ter os dois se você quiser...

–Dá pra calar a boca? –minha voz soou ríspida e virei-me, ficando de frente para Tom. –Eu não sei nem o que dizer... –mordi o lábio inferior tentando controlar as lágrimas que insistiam em querer fugir de meus olhos. –Qualquer lugar com você seria perfeito! –respondi olhando fixamente em seus olhos. –Esse lugar é maravilhoso, mas não teria cor se você não estivesse aqui. –suspirei. –Essa casa seria só um monte de tijolos com um telhado em cima.


Não recebi nenhuma palavra por parte de Tom, não foi preciso, já que seus olhos brilhavam com intensidade e, logo após eu ter terminado de falar, acariciou meu rosto, expondo um lindo sorriso e puxou-me para um beijo lento, intenso e carinhoso.

–Eu realmente amo agarrar você, mas podemos entrar em casa? –perguntei após partir o beijo, já que eu precisava respirar.

–Ok, vamos lá, gostosa! –apertou minha bunda e beijou minha bochecha após eu ter lhe dado um tapa.


Entramos na casa e a sensação de estar num lugar único me preencheu completamente, parecia que tudo havia sido feito com a maior dedicação possível... A decoração era um misto perfeito entre a minha essência e a de Tom: muito simples, mas com seus detalhes minuciosos.
A casa não era muito grande apesar de ter dois andares, havia uma sala, a cozinha, um escritório, dois banheiros, um quarto de hóspedes, a suíte e um sótão.

–Então, o que achou? –a voz de Tom soou abafada por estar com os lábios sobre a pele de meu pescoço, estávamos sentados em nossa cama.

–Eu amei! –respondi sinceramente.

–Sei que não importa, mas eu tratei de tudo pessoalmente pra que estivesse perfeito quando você voltasse. –sorriu divertidamente.


Bem, eu fiquei realmente surpresa quanto àquilo, mas quem mais poderia saber tanto de nós dois além dele? Era óbvio que ele não havia feito literalmente tudo, mas sabia todos os detalhes importantes de nossos gostos.
Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, Tom se afastou de mim indo em direção ao corredor, ainda mantendo seu sorriso infantil e divertido, revelando uma possível “arte”.

–Ainda falta um lugar que você não viu... –disse parando no meio do corredor, ao ver que eu permanecia no mesmo lugar. –Venha. –pediu e mexeu o dedo indicador em minha direção, mordendo o lábio em seguida... Deus, ele consegue ser sexy até quando faz graça.


Ri tentando tirar a vontade de agarrá-lo da minha cabeça e caminhei até ele, que segurou minha mão e me guiou até o final do corredor, onde havia uma escada estreita, que dava acesso ao sótão.

–E lá vamos nós. –murmurei seguindo escada acima.


Abri a porta e uma luz fraca, mas suficiente para tornar tudo visível, acendeu automaticamente, permitindo que eu enxergasse o pequeno estúdio montado. Havia uma mesa rente à parede de frente para as pequenas janelas, onde havia um computador e os mais variados tipos de lentes, uma câmera antiga com vários filmes e, em frente à mesma, havia uma cadeira que parecia ser bem confortável. Do outro lado estava uma pequena estação de tratamento e revelação, muito parecida com as vistas em filmes, e duas das paredes eram revestidas por fotos preto e branco minhas com os gêmeos, com a banda, com Anne e Camila, de Tom, da banda e as outras duas paredes que restaram eram brancas.
Eu estava emocionada, maravilhada, feliz, com vontade de gritar o quão realizada eu me sentia, mas a única coisa que consegui fazer foi virar-me para Tom e pular em seus braços, literalmente, o abraçando com pernas e braços, beijando todo seu rosto, deslizando minhas mãos por suas costas certificando que ele era real e o beijei demonstrando minha felicidade.


–Acho que isso quer dizer que gostou da surpresa? –a voz de Tom soou divertida e assenti, dando-lhe um selinho em seguida. –Acho que mereço uma recompensa por tantas surpresas... O que você acha? –sorriu maliciosamente.

–E o que você tem em mente? –perguntei descendo de seu colo. –Alguma ideia?


Tom remexeu em seus bolsos parecendo procurar por algo e, quando achou, se aproximou de mim.

–Quero fazer uma proposta... –mordeu o lábio inferior de forma provocante e segurou minha mão direita, a beijando delicadamente em seguida.

–Vejamos o que vem por aí... –ri divertida.

–Você quer namorar comigo? –perguntou com seus olhos envolvendo os meus, não permitindo sequer que eu piscasse e senti meu coração pular dentro do peito.

–É claro que eu quero! –as palavras voaram de minha boca, demonstrando o que meu coração sentia e recebi um dos melhores e mais lindos presentes, o sorriso de Tom.


Ao invés de ter um anel de compromisso em nossos dedos, havia uma fina e delicada corrente de ouro branco em meu pescoço, junto de um pingente de coração e no pulso direito de Tom havia uma pulseira delicada, porém masculina, com uma pequenina chave.
Após nos beijarmos mais uma vez, seguimos para o nosso quarto, onde, como sempre, festejamos nosso compromisso com uma boa dose de carícias, gemidos e beijos.


CINCO MESES DEPOIS...


A banda estava no fim de uma pequena turnê, a qual tivera uma pausa quando o parto de Camila ocorrera... Petter nascera com 3kg e 50 cm, era fofinho, com os cabelinhos loiros e os olhos cor de mel.
Após a pequena pausa, os garotos voltaram a fazer shows, Angel, Anne, eu e Simone demos todo o apoio necessário para Camila que estava morando temporariamente comigo.

Era uma tarde de sexta-feira de uma agradável primavera, eu e Anne acabávamos de sair do trabalho e íamos para minha casa, onde Angel, Camila e meu afilhado Petter, de três meses, nos aguardavam.

–Olha só quem chegou, querido... –Camila disse ao pequeno e gorducho bebê em seu colo. –Sua dinda!

–Hey, meu amor. –sorri para Petter, recebendo um sorriso doce, que expunha sua gengiva. –A dinda já vem pegar você no colo, está bem? –beijei sua bochecha fofa.


Cumprimentei Camila e Angel, e segui para o andar de cima no intuito de tomar um banho rápido e o fiz, descendo em seguida para a cozinha, onde encontrei Angel mexendo nos armários.

–Só vim pegar algo para comermos. –Angel disse parecendo envergonhada.

–Não tem problema, querida, pode ficar à vontade. –sorri. –Se quiser posso ajuda-la a levar as coisas para a sala.

–Obrigada.


Não entendo porque Angel sempre parecia um pouco tímida quando eu estava por perto, mesmo que a tratasse com carinho como os demais, mas eu estava disposta a me tornar amiga dela, não só por ser namorada de meu melhor amigo, mas também por acha-la uma ótima pessoa.

Após pegarmos coisas suficientes para que não tivéssemos que levantar de nossos lugares, seguimos para a sala e sentamo-nos confortavelmente no sofá. Era a primeira vez que os garotos seriam entrevistados após a pequena turnê, que acabara no dia anterior.
Marcavam exatamente 19hs30 no relógio quando a vinheta do programa rodou e, em seguida, aparecera o apresentador... A sala estava silenciosa, apenas ouvia-se o som da TV, até mesmo Petter estava quieto, mas quando os quatro apareceram Angel, eu e Camila suspiramos como três adolescentes apaixonadas e meu afilhado deixou um riso fofo escapar.


–Parecem três adolescentes bobonas. –Anne debochou.

–Diz isso porque o David não está ali, senão gritaria “lindo, esse é meu homem, te amo!”, conheço você. –provoquei e Anne mostrou-me a língua.


Durante os vinte minutos que se seguiram as perguntas foram sobre a banda, o processo de criação do álbum Humanoid, divulgação do CD e os planos para a próxima turnê.

–Acho que agora é que vem a melhor parte. –Camila comentou enquanto rolava o comercial de suco. –Espero que os seguranças estejam prontos para conter aquelas garotas.


Um minuto depois a vinheta do programa reaparecera e, em seguida, as câmeras voltaram-se para o apresentador.

–Vamos às perguntas pessoais agora... –o homem sorriu de canto. –Gustav, é verdade que agora é pai?

–Sim. –Gustav sorriu radiante, seus olhos brilhavam atrás das lentes dos óculos e as fãs gritaram “aaaawn, Gust”.

–Meus parabéns! –o homem pausou. -E como é ser pai pela primeira vez?

–É emocionante, uma das experiências mais importantes e marcantes na vida. –sua voz soou firme, porém emocionada. –E quando você tem a garota certa do seu lado, sente que pode enfrentar qualquer dificuldade. –concluiu e minha melhor amiga chorava ao meu lado.

–Viram, garotas, Gustav não está mais disponível! –o apresentador fez uma careta triste. –E você Bill? –perguntou voltando sua atenção para meu melhor amigo e a câmera deu um close no mesmo.

–Finalmente encontrei minha garota! –deixou um sorriso lindo e digno de suspiros escapar por seus lábios e fez-se um alvoroço na plateia.

–Oh, mesmo? –o homem pareceu surpreso. –Então finalmente encontrou sua alma gêmea! Como foi?

–Foi exatamente como pensei que seria, não foi premeditado... –pausou e havia silêncio absoluto. –No início foi difícil saber se eu estava apaixonado ou confuso, nós recém havíamos nos conhecido, mas quando ficamos afastados foi quase insuportável sobreviver à distância e assim descobri o que realmente sentia.

–E o sentimento era recíproco ou foi preciso conquista-la? –a voz do homem soou curiosa.

–Na verdade Bill precisou lutar muito para me ter, me incomodou tanto que acabei aceitando seu pedido de namoro. –Georg respondeu em seu tom debochado.

–Foi recíproco. –Bill respondeu após rir da palhaçada do Listing.

–Menos um, meninas... A situação está complicada para vocês! –o apresentador comentou. –Georg, há alguma garota em sua vida?

–Sim, -meu amigo respondeu rapidamente e a plateia gritou um forte “aaaaaaaah” de decepção. –Na verdade existem muitas garotas na minha vida, não tenho nenhuma namorada, o que significa que estou pronto para novas experiências. –sorriu sedutoramente.

–Se eu não conhecesse o David com certeza pegaria o Georg... Gott, que homem! –Anne murmurou mordendo o lábio enquanto analisava meu amigo de forma minuciosa.

–Fala isso na frente do David pra ver! –Camila riu debochada.

–Tom, surgiram rumores a seu respeito... –o apresentador mexeu-se na cadeira. –Há algum tempo fotografaram você e uma garota, muito bonita por sinal... –acrescentou. –Enfim, foram flagrados em um restaurante em Berlim. –havia silêncio total no estúdio e Tom balançava sua perna esquerda sem parar. –Essa garota é apenas mais um caso ou sua namorada?


Meu coração começara a palpitar de repente, minhas mãos suavam e estava ficando nervosa, principalmente por causa daquela mania de Tom balançar a perna incessantemente.

–Minha namorada? –Tom perguntou fingindo estar surpreso.

–Caso isso seja verdade, saiba que nossa relação terá seu fim, Kaulitz! –Georg brincou empinando o nariz.

–Eu não tenho uma namorada...


A voz de Tom ecoava em minha cabeça, meu peito doía e tudo que eu podia ver eram os olhos arregalados de minhas amigas e a TV desligada após aquela maldita frase. Petter chorava descontroladamente, mas eu sequer me incomodei, estava paralisada e com muita dor para reclamar.
Forcei-me a levantar e minhas pernas seguiram automaticamente para o quarto de hospedes, o único lugar em que não havia nenhuma lembrança de Tom e deixei-me cair sobre a cama macia e fria, tão fria como eu me sentia por dentro.
A sensação era estranha, não sei dizer se me sentia humilhada ou rejeitada, apenas me deixei chorar até que minha garganta queimasse por causa de meus soluços e meus olhos ardessem até cansar... Ninguém procurou por mim, sabia que minhas amigas entendiam que eu necessitava de privacidade naquele momento.

Acabei adormecendo e, quando despertei, já era dia novamente, o sol brilhava de forma intensa e adentrava pela janela do quarto. Levantei sorrateiramente e segui para meu quarto, onde encontrei Camila dormindo e Anne cuidando de Petter... Eu não deveria ter dormido no atual quarto de minha amiga!
Murmurei um “bom dia” e fui para o banheiro, onde fiz minha higiene matinal e depois fiquei encarando meu reflexo, que gritava comigo, no grande espelho.

Você está parecendo uma bêbada universitária, olha só o seu estado!

Você nem sabe se aquilo foi uma brincadeira, Tom é idiota na maior parte do tempo!

Você deveria ter escutado tudo, pode estar sofrendo por antecipação!

E se for apenas uma brincadeira dele e você estiver sofrendo à toa... Bem, é uma idiota!


Fui obrigada a concordar com meu reflexo, que na verdade era minha consciência se materializando, talvez eu tenha me precipitado... Mas eu já havia sofrido e estava com raiva de Tom.

Tomei um banho rápido e depois segui para cozinha, Camila já estava acordada e dava a Petter de mamar, enquanto Anne preparava o café.

–Quero uma xícara de café bem forte e sem açúcar. –murmurei.

–Ok, raiva no ar. –Camila comentou.

–Nem sabe o quanto. –resmunguei.

–Não se preocupe querida, o seu futuro-ex-namorado morto imbecil chegará daqui à uma hora. –Anne disse alcançando-me a xícara. –Camila e eu vamos nos encontrar com Gustav e David para almoçar.

–Ótimo. –murmurei me referindo tanto ao café quanto à informação. –E Angel?

–Foi para casa ontem à noite. –Camila respondeu.


Tomei meu café quente e amargo calmamente, eu não tinha o costume de beber café sem leite e só há dois motivos para isso: quando eu preciso ficar acordada por longas horas, mas eu coloco açúcar, e quando estou com raiva, nesse caso eu não uso açúcar e gosto do café o mais amargo possível.
Naquela hora que passara lentamente fiquei pensando em como atacaria Tom e qual seria a forma mais dolorosa, mas acabei não encontrando nada que me satisfizesse.

–Estamos saindo, querida. –Anne me avisou. –Fique bem. –beijou minha bochecha.

–Já peguei todas as minhas coisas e as do meu filhote. –Camila avisou brincando com as mãozinhas do filho. –Muito obrigada por nos hospedar. –sorriu e beijou minha bochecha. –Acabe com o Kaulitz, ok? –riu diabolicamente.


Sorri assentindo para minha amiga, peguei Petter no colo um pouco para me despedir e o devolvi para a mãe, que saiu em seguida fechando a porta atrás de si.
Fui para a cozinha fazer algo que me permitisse exteriorizar parte de minha raiva e decidi fazer um bolo de chocolate que Tom adora, porém colocando um ingrediente especial. Bati a massa do bolo com uma colher de pau, aquilo era algo comum, mas para mim estava servindo como uma terapia e me impedia de quebrar algo.
Ouvi o som de chaves caindo sobre o aparador, coisa que meu amado namorado fazia toda vez que chegava em casa e eu odeio.

–Amor, cheguei! –a voz do cretino soou animada.


Permaneci calada e mexendo a massa de bolo o mais rápido que podia, os passos de Tom se aproximavam cada vez mais e minha raiva parecia acompanha-lo.

–Hey, você está aí. –ouvi sua voz atrás de mim.


Não respondi, apenas coloquei o pote sobre a pia e bati fortemente com a colher na borda do mesmo, fazendo voar massa por todos os lados. Ainda de costas para Tom, peguei uma barra de chocolate no armário e um facão bem afiado.

–Tudo bem com você? –sua voz soou preocupada.

–‘Tô ótima, querido. –respondi após virar-me de frente para ele, que arregalou os olhos a me ver ainda segurando a faca.


Voltei minha atenção para o chocolate, o qual piquei em pequenos pedaços rapidamente e de forma habilidosa. Segui para o minibar da sala, onde peguei uma pequena garrafa de licor de menta, e voltei para a cozinha, Tom permanecia escorado na mesa.
Despejei uma pequena dose do licor no bolo e voltei a mexer a colher com uma das mãos, enquanto a outra segurava a garrafa que eu tombava em minha boca... Eu estava bebendo o máximo que podia, seria um desperdício quebrar a garrafa com o líquido lá dentro.

–Tem certeza que...

–Você quer um pouco? –perguntei estendendo a garrafa na direção dele e recebi um não como resposta.


Peguei uma assadeira, despejei a massa na mesma e logo coloquei o bolo no forno sem ligá-lo. Voltei para pia sentindo o calor me possuir, não tenho certeza se por culpa da bebida ou de minha raiva contida, e comecei a tirar o máximo da massa que restara no pote, mas “sem querer” deixei que caísse no chão, partindo-se em mil pedaços.



–Não se mova, espere aí, meu bem. –Tom pediu saindo rapidamente e voltou com uma vassoura em mãos.

–Tem certeza que não quer um gole? –perguntei entredentes, estendendo a garrafa em sua direção e não recebi nenhuma resposta. –Ok, eu entendo... Beber só nas festas com as suas groupies. –falei e Tom parou de varrer no mesmo instante. –“Eu não tenho uma namorada...” –imitei sua voz. –Não sei se existe um prêmio para maior imbecil-fode-tudo, mas com certeza você ganharia.

–Eu não acredito que você...

–Que eu assisti à entrevista? –não esperei resposta. –Pode apostar que sim. –joguei a garrafa no chão, vendo-a se espatifar e o liquido verde escorrer.

–Não foi...

–Não foi aquilo que queria ter dito? Que coisa mais clichê, pensei que você fosse mais criativo! –debochei enquanto analisava a faca em minha mão. –Eu sabia que você é cara de pau, mas passou dos limites... –murmurei mirando a parede em minha frente e atirei a faca, que, por pouco, não acertou Tom.


Ao invés de estar assustado, Tom ria descontroladamente, o que me deixou mais irritada ainda... Que diabos ele estava achando que eu sou? Uma idiota corna?
Peguei a primeira coisa que vi, um copo, e atirei o mais próximo daquele cretino, mas ele não parou de rir e começou a se aproximar de mim. Respirei fundo enquanto girava os olhos e atirei outro copo, vendo-o desviar e voltei a jogar os demais, sem me importar se iria machucar Tom ou não.

–Acho que acabaram. –a voz de Tom soou rouca, enquanto me prensava contra o balcão da pia.

–Me solta. –falei entredentes. –Não encosta em mim!

–Não vou soltar você até que me escute. –disse ríspido.

–Eu não quero ouvir nada, já ouvi o suficiente. –rebati enquanto debatia minhas pernas e esmurrava seu peito, tentando afastá-lo.


Num movimento rápido e brusco Tom me empurrou para trás, fazendo com que eu batesse a cabeça na parede e prendeu meus braços segurando fortemente com suas mãos, o que me deixou totalmente vulnerável.

–Agora você vai me escutar, ‘tá legal? –sua respiração pesada e rápida atingiu minha pele. –Eu realmente disse aquilo. –começou. –Mas queria ter dito outra coisa, algo que eu só diria se você deixasse. –aproximou seu rosto do meu. –Eu não queria expor você sem saber se concordava. –roçou seu nariz no meu e eu nem piscava. –Não queria deixa-la assustada... Eu tenho medo por você, pelo que pode acontecer e medo de eu não ser capaz de protegê-la. –suspirou e fechou os olhos por alguns segundos. –Eu queria ter dito que sou só seu, mas eu precisava ter certeza de que é o que você realmente quer. –voltou a me olhar. –Saí daquela entrevista sabendo que você piraria, estava louco pra te ligar, mas já era tarde. –fixou seu olhar no meu. -Não consegui descansar enquanto não cheguei em casa e agora estou aqui lidando com a sua revolta. –riu. –Devo confessar que não esperava pelos ataques... Eu imaginava uma reação diferente por pedi-la em casamento.


Minhas pupilas dilataram imediatamente, minha respiração ficara descompassada e meu coração parara por alguns segundos, voltando a bater mais forte em seguida.
Casamento... Tom estava mesmo me pedindo aquilo?

Toda a raiva que antes me possuía sumira rapidamente, dando lugar à enorme vontade de enfiar minha cara num buraco, sendo seguida pela vontade de beijar aquele cara que me prendia contra seu corpo com força.

–O que? –a pergunta soou automática por entre meus lábios.

–Quer casar comigo? –repetiu. –Não um casamento convencional, porque eu tenho a impressão que não é algo sábio a fazer, todo mundo que casa se separa depois de algum tempo e não quero que essa praga cole na gente. –tagarelou. –Sejamos práticos: eu sou seu e você é minha, sem traições ou segredos.

–Preciso fazer uma ligação. –falei.

–O que? –me olhou sem entender.

–Se vamos nos casar preciso das madrinhas e dos padrinhos, certo? –respondi deixando um sorriso divertido surgir em meus lábios.


P. O. V. Tom Kaulitz
 
Eu amo cada detalhe estranho da personalidade de Duda, até mesmo os ataques de fúria e confesso que vê-la irritada a ponto de atirar coisas em mim me deixara extremamente excitado... Estranho, eu sei, mas quando você ama uma pessoa acaba amando até mesmo seus defeitos e suas loucuras.
O fato é que aquela garota mexia comigo de uma maneira incomparável, chegando a me deixar insano e sem noção, literalmente. Cada palavra daquele pequeno resumo era verdadeira, eu estava com medo de expô-la, mas queria assumi-la para o mundo como minha e apenas precisava de seu consentimento.

Foi estranho ser um alvo humano, mas eu pouco me importei, segui desviando, e tudo o que eu queria era tê-la junto a mim, me envolvendo em seus braços.


Hey, stranger, I want you to catch me like a coldEi, estranha, quero que você me pegue como um resfriado

You and God both got the guns
Você e Deus, ambos têm as armas

When you shoot I think I'd duck
Quando você atira eu acho que desvio


Eu estava disposto a me livrar totalmente do meu antigo eu para finalmente ter minha vida dividida com alguém, meu alguém e tomei a decisão final: a pedi em casamento.
A resposta, como sempre, não viera direta e foi preciso que meu cérebro trabalhasse um pouco para compreender, afinal Duda diz tudo entrelinhas, deixa as coisas subentendidas e cabe a mim descobri-las... Meu cérebro jamais trabalhara tão rápido e antes mesmo de ter a frase concluída, o “sim” se mostrara para mim claramente.

Bem, a comemoração começara na cozinha e, quando percebemos já estávamos no quarto entre beijos e peças de roupa voando.

I lead the revolution in my bedroom and I set all the zippers freeEu liderei a revolução em meu quarto e libertei todos os zíperes

We said no more war!
No more clothes!Dissemos sem mais guerras! Sem mais roupas!

Give me Peace, oh kiss me.
Me dê paz, oh me beije.


Estávamos completamente envolvidos pela dança de nossos corpos que conhecem um ao outro em cada pequeno detalhe. Meus lábios ocupavam-se em corresponder aos beijos de Duda, enquanto nossas mãos corriam livremente, explorando os corpos completamente nus. Havia a entrega total de sentimentos e almas, largamos todas as cartas na mesa... Sem jogos ou trapaças.
O quarto parecia esquentar mais a cada toque, cada carícia deixava um rastro ardente em minha pele e os beijos que vinham em seguida causavam arrepios constantes. Não havia controle algum sobre nossos corpos, apenas deixamo-nos levar pelo furacão de emoções que corriam por nossas veias.


We are a hurricane, drop our anchors in the storm.Nós somos um furacão, jogamos nossas âncoras na tempestade.


Nosso desejo parecia insaciável, mas quando tornamo-nos um só esvaiu-se por completo... Era assim sempre que sentíamos saudade um do outro, o que acontecia mesmo quando passávamos a maior parte do tempo juntos, eu jamais me cansava de tê-la em meus braços, meu amor por ela é incansável.

Tendo o ato consumado, deitamo-nos cansados sobre a cama e permiti-me apenas observar aquela escultura em forma humana deitada em meu peito... Eu poderia apenas olhá-la o resto de minha vida e estaria satisfeito. Vendo-a ali tão entregue quanto eu, segura do que queria me deu mais motivação para assumi-la, para assumir que finalmente havia encontrado a pessoa certa.


Oh I confess, I confess to the rumor of us.
Oh eu confesso, eu confesso o rumor sobre nós.


Eu não me importava com mais nada além de ter Duda em meus braços, estava disposto a aguentar qualquer coisa por ela, enfrentaria as dificuldades e a ouviria, aceitando qualquer crítica que viesse com uma boa dose de sarcasmo, como ela sempre fazia.

Fix me or complaints me... I'll take anything.Corrija-me ou reclame de mim... Eu aceito qualquer coisa.


Senti as mãos delicadas e macias envolverem minha cintura, Duda beijou minha mandíbula lentamente e desceu até meu pescoço brincando um pouco ali, enquanto eu acariciava seus braços levemente. Ouvi um suspiro cansado por parte dela, que beijou meu peito, e pousou sua cabeça sobre o mesmo, adormecendo em seguida.
Mantive-me quieto, apenas beijei o topo de sua cabeça e permaneci acariciando seus braços... Estar ali era o que eu mais queria, não poderia estar mais feliz e Duda é tudo o que eu preciso.

Postado por: Grasiele

Resumption - Capítulo 68

P. O. V. Tom Kaulitz

Eu estava feliz. Indescritivelmente feliz... Talvez nunca tenha me sentido tão feliz em minha vida. O alívio de ter Duda em meus braços novamente era grande, apaziguador... Mas eu tinha medo que fosse apenas um sonho, então lutei com todas as minhas forças para que meus olhos não se fechassem, porém acabei cedendo e, antes de adormecer, implorei que a visse no dia seguinte.

Meus olhos abriram rapidamente quando tive total consciência de onde estava, os raios de sol invadiam a sala e não havia mais lenha queimando na lareira e constatei que a noite anterior não fora fruto de minha imaginação... Um par de braços delicados enlaçava meu tronco, prendendo-me em um abraço acolhedor. Suspirei e sorri, agradecendo mentalmente a quem quer que estivesse olhando por mim no céu, beijei a testa dela delicadamente e, com cuidado, levantei sem acordá-la.
Peguei minha mochila, segui para o banheiro, onde fiz minha higiene matinal, e andei lentamente para a cozinha com o intuito de preparar o café da manhã.


–Bom dia, querido. –a voz de Heiki soou baixa. –Acordou cedo.

–Bom dia. –desejei.


Olhei para o relógio em meu pulso, eram exatamente oito e meia, realmente cedo para um domingo frio.


–Heiki, se importa se eu usar sua cozinha? –perguntei após bocejar.

–Não, querido. –sorriu. –Pode ficar à vontade e se precisar de alguma coisa é só me pedir.

–Obrigado.


Preparei um café da manhã bem variado, com morangos, torradas, manteiga, geleia, suco de laranja, biscoitos de chocolate e chá de pêssego que Heiki preparara, organizei tudo sobre uma bandeja e, após pegar uma flor que a Sra. Müller me entregou, segui para a sala.
Duda continuava dormindo como um anjo, mas em seguida se mexeu e abriu os olhos, encarando-me com um sorriso logo após.


–Bom dia. –sussurrou expondo um sorriso fofo.


Larguei a bandeja sobre o sofá, tomando cuidado para não derrubar, e me ajoelhei ao seu lado.


–Bom dia, querida. –sorri e depositei um selinho em seus lábios. –Trouxe algo pra você. –falei pegando a bandeja de cima do sofá e larguei-a sobre a cama.

–Hm. –murmurou enquanto sentava-se. –Café na cama? –mordeu o lábio inferior. –Muito obrigada. –sorriu e puxou-me pela gola de meu suéter, beijando-me em seguida.


Nossos lábios encaixaram-se perfeitamente, nossas línguas envolveram-se numa dança calma e sincronizada, apenas aproveitamos o momento trocando carícias delicadas. Partimos o beijo e, após admirar o modo como ela sorria, peguei a flor, colocando-a atrás de sua orelha e observei a garota, minha garota.


–Estou bonita? –perguntou alisando seu longo cabelo castanho.

–Nein. –respondi, recebendo um tapa como reação, e sorri segurando sua mão que me atingira. –Você é linda. –beijei sua mão e a vi sorrir.


Tomamos café e, depois de limparmos a pequena bagunça, fizemos companhia para Heiki na
cozinha.


–Bom dia. –Gustav murmurou em meio a um bocejo longo, parecia cansado.

–Bom dia. –respondemos em uníssono.


Meu amigo acomodou-se na cadeira ao lado de Duda e tombou sua cabeça sobre o ombro dela, suspirou e bocejou novamente... Pelo visto Camila não o tinha deixado dormir direito naquela noite.


–Que foi, Gust? –a voz de Duda soou doce como a de uma criança e sua mão acariciou a bochecha dele.

–A Mila me chutou a noite inteira, não parou quieta. –respondeu e não contive a risada... Pobre Gustav.

–Hey, isso não é engraçado. –Duda me estapeou e fez bico.

–Desculpa. –deixei que um sorriso tímido tomasse meus lábios.

–Querido, se quiser tomar café, as mesa está pronta. –Heiki sorriu para Gustav, que retribuiu.

–Muito obrigada, estou com muita fome. –fez careta e levantou de sua cadeira. –Vocês vêm?

–Já tomamos café. –respondi balançando a cabeça negativamente.

–Mas eu quero um pedaço de bolo de laranja da vovó. –Duda interrompeu. –Senti o cheirinho quando acordei. –sorriu divertida. –Vou com você.

–Vou ficar aqui. –respondi fingindo estar emburrado.

–Você é quem sabe. –Duda sussurrou em meu ouvido e riu, com certeza por ter visto os pelos de meu pescoço se arrepiando, beijando minha bochecha em seguida.


Heiki riu do jeito infantil da neta e me cutucou, apontando com a cabeça para a porta por onde meu amigo e minha garota haviam passado segundos antes. Sorri e levantei de minha cadeira, indo em direção à sala de jantar.


–Pelo menos a sua cama é boa... –Gustav comentou rindo.

–É mesmo? –perguntei enquanto entrava no cômodo. –Quero experimentar. –sentei ao lado de Duda, lançando um olhar malicioso em sua direção.

–Tom. –sua voz soou cheia de repreensão.

–O que? –franzi o cenho. –Ontem você não estava com vergonha. –provoquei.

–Wow, não acredito que vocês... Na sala. –Gustav disse após engasgar com um pedaço de bolo.

–Qual é, escondido é mais gostoso. –respondi dando de ombros e recebi um beliscão no abdome. –Ai. –resmunguei e ri ao ver o rosto de Duda vermelho de vergonha. –Ok, não vou mais falar. –cruzei os braços, largando-os sobre a mesa.

–Vou subir e colocar uma roupa decente. –Duda murmurou levantando de sua cadeira e a segui. –Onde é que você vai? –perguntou me encarando com suas sobrancelhas erguidas.

–Conhecer o seu quarto, oras. –respondi dando de ombros e, antes que ela argumentasse, completei. –Prometo me comportar, não mexo em nada e nem faço barulho.


Ela pareceu pensar por alguns segundos, mas acabou concordando e subimos as escadas silenciosamente. O corredor estava silencioso, as portas dos quartos estavam fechadas, exceto uma por onde Camila saía.


–Bom dia. –sussurrou.

–Bom dia. –Duda respondeu no mesmo tom de voz e eu apenas acenei. –Seu homem está lá embaixo, na sala de jantar. –comentou risonha.

–Obrigada. –Camila sussurrou de volta e seguiu para o andar inferior.


Aproveitei a oportunidade para pegar Duda no colo e leva-la para seu quarto, fechei a porta com o pé e caminhei até a cama, largando minha garota sobre o colchão extremamente macio.


–Tom... –sua voz soou como um aviso.

–Sh, sem barulho. –sussurrei.


Me desfiz dos tênis e, logo depois, estava com meu corpo sobre o de Duda, mantendo o cuidado de não machuca-la. Minhas mãos deslizaram por suas pernas desnudas, subindo até encontrar a camiseta que lhe cobria o tronco e carreguei a peça até que seu abdome ficasse descoberto, distribuí beijos por sua pele quente e macia, arrancando alguns suspiros.
As mãos macias dela me puxaram para si em resposta à leve mordida que dei em seu umbigo e, em uma questão de segundos, estávamos nos beijando de maneira descontrolada. Meu corpo estava tomado pelo torpor e, sem protestar, deixei-me ser dominado, ficando sob o seu corpo perfeitamente esculpido.
Senti suas mãos deslizando sob meu suéter, minha pele queimava e meu coração batia descompassado, seus lábios brincavam em minha nuca e deslizavam tentadoramente por meu maxilar, seguindo para minha boca com uma torturante provocação, seus lábios roçavam nos meus, mas quando ia beijá-la, desviava.
Fechei meus olhos tentando controlar minha respiração e, instantes depois, o calor que me aquecia fora embora junto do corpo que estava sobre o meu.


–Hey. –protestei vendo Duda me espiando na porta do banheiro e soltou um risinho sacana. –Você me paga.


Ouvi mais uma risada e a porta se fechou, sendo trancada em seguida. Deitei na cama após tirar meu suéter, havia uma queimação que vinha de dentro do meu peito e chegava ao exterior, que estava quase me fazendo suar.
Pouco tempo depois o som da porta sendo destrancada me fez pular, literalmente, da cama e quando Duda abriu a porta agarrei-a sem dar oportunidade para que reclamasse, a carreguei até a pia de mármore e a coloquei sentada sobre a mesma, deixando-a presa.


–Mas o que você acha que está fazendo? –perguntou parecendo irritada.

–Só brincando um pouquinho. –sussurrei enquanto meus dedos “caminhavam” sobre seu braço, subindo até chegar ao seu maxilar e deslizei minha mão, prendendo-a em seu queixo.

–Você prometeu que iria se comportar. –sua voz soou firme. –E não está cumprindo... –suspirou e espalmou as duas mãos sobre meu peito. –Isso requer medidas drásticas.

–Tipo o que? –perguntei aproximando meu rosto do seu, ficando com nossos narizes distantes por milímetros.

–Um castigo. –mordeu o lábio inferior. –E não serei boazinha, sinto muito. –sussurrou em meu ouvido enquanto uma de suas mãos escorregava para o cós de minha calça. –Aguente as consequências, Kaulitz. –sua voz soou ríspida e senti minha calça deslizando por minhas pernas.

–O que você... –murmurei e, antes que pudesse concluir minha pergunta, sua mão escorregou por minha virilha, me fazendo arfar. –Gott.


Seus dedos delicados arranharam minha pele exposta abaixo do limite imposto por minha boxer e a vi sorrir com minha reação positiva. Fechei os olhos ao senti-la deslizar minha cueca lentamente para baixo e, quando a tortura estava prestes a começar, foi preciso parar porque, como sempre, alguém interrompera.


–O que foi, Camila? –Duda perguntou tentando soar firme.

–Esqueci meu rabicó sobre a pia. –a voz de minha “cunhada” soou normalmente.


Girei os olhos e me despi, entrando no box em seguida, enquanto Duda caminhava até a porta com o maldito rabicó.


–É melhor não tentar espiar, sou muito gostoso e você pode acabar não resistindo. –debochei enquanto ligava o chuveiro.

–Cala a boca, Kaulitz! –grunhiu do lado de fora. –Desculpe por isso. –a ouvi desculpando-se com Duda e, em seguida, a porta do banheiro se fechara.


Minha animação havia sumido, mas voltou com força total quando vi a camiseta que ela vestia sendo afastada de seu corpo, em seguida sua calcinha e, por fim, ela juntara-se a mim. Tomamos um banho demorado, trocamos carícias, beijos e “brincamos” um pouco, matando a saudade que aqueles três meses haviam deixado.
Após sairmos do banho, arrumamo-nos e descemos para conversar com o pessoal. O dia passara lentamente, o clima estava agradável apesar do frio e, ao invés de um almoço convencional, fizemos um piquenique.
O sol já se punha quando todos voltaram para a casa, a fim de arrumar seus pertences e voltar para Berlim, o que eu faria apenas se Duda quisesse, não iria embora sem ela.


–Você quer voltar hoje? –perguntei sentando-me num dos degraus da pequena escada da varanda e, em seguida, puxei-a para meu colo.

–Se quiser que eu volte... –murmurou em um tom doce, aconchegando-se e a envolvi em um abraço.

–Oras, é claro que quero! –respondi rapidamente. –Não vou embora sem você.

–Mesmo se eu quiser ficar aqui para sempre?

–Mesmo assim. –sorri ao vê-la exibir um sorriso radiante. –Você decide.

–Vamos para casa. –respondeu enquanto envolvia seus braços em meu pescoço e nos beijamos por alguns segundos.


Levantamo-nos e seguimos para dentro da casa, arrumamos nossos pertences e por volta das 18hs estávamos todos prontos para ir embora. Despedimo-nos dos avós de Duda e, antes de partirmos, dividimo-nos nos carros novamente, tendo apenas uma mudança na organização: mamãe e Georg iriam com Bill e Angel em sua X-5, já que antes deixamos os “pombinhos” a sós.
Durante a viagem minha mão direita revezava entre segurar a esquerda de Duda e trocar a marcha, enquanto minha mão esquerda permanecia firme no volante, o único som vinha do rádio, que tocava uma música calma, em um volume baixo. As horas pareceram voar, passavam das 22hs quando chegamos à Berlim e cada um seguiu seu caminho.


–Quer ir pra sua casa ou pra minha? –perguntei diminuindo a velocidade, esperando por sua resposta.

–Tanto faz, desde que você fique comigo. –respondeu e bocejou logo depois.


Era evidente o cansaço que Duda sentia, então segui para minha casa, já que estava mais perto da mesma, e durante o curto caminho senti seus dedos escorregarem lentamente por entre os meus, era o sinal de que havia adormecido.
Assim que estacionei o carro na garagem, desci do carro evitando fazer o mínimo de barulho possível, fiz a volta e peguei Duda no colo, carregando-a cuidadosamente até meu quarto que, por sorte, estava arrumado e a deitei na cama, cobrindo-a.


–Alô. –sussurrei no celular após atender à ligação de Bill e saí do quarto.

–Estão na casa da Duda?

–Não.

–Ok, então... –murmurou. Com certeza queria dormir em casa com Angel e ligou para certificar que não estávamos presentes. –Vou dormir na casa da An, está bem?

–Aham. –concordei. –Boa noite, se cuida.

–Boa noite pra vocês também, cuida da Duda.

–Pode deixar.


Desligamos e, sem ter o que fazer, apaguei a luz do quarto, deixando apenas um abajur aceso ao lado da cama e deitei ao lado de Duda, beijei sua testa enquanto a abraçava carinhosamente e observei-a dormir até que meus olhos fechassem também, cedendo ao cansaço.

Na manhã seguinte levantei cedo, havia marcado de encontrar Andreas e um amigo seu numa cafeteria no centro de Berlim. Escrevi um bilhete para Duda e, antes de sair com meu Audi, beijei sua testa e pedi aos seguranças que redobrassem a atenção, não queria que nada acontecesse à minha garota.
Dirigi tranquilamente pelas ruas de Berlim enquanto ouvia uma música qualquer no rádio e demorei pouco até chegar à cafeteria.


–Hey, cara! –Andreas me cumprimentou assim que entrei no local vazio, o que era normal para um sábado de manhã.

–E aí, Andreas. –apertei sua mão. –Max. –acenei e o vi assentir de volta.

–Como foi o natal? –Andreas perguntou enquanto ocupávamos uma mesa.

–Melhor impossível. –respondi sorrindo.

–Ótimo! O que significa que está tudo certo para o nosso acordo. –Max comentou.

–Exatamente. –concordei.

–Está tudo pronto, do jeito que pediu. –Andreas disse e apontou para um envelope que estava sobre a mesa.


Abri o mesmo e encontrei fotografias, que mostravam tudo detalhadamente, do jeito que havia pedido... Sabia que Andreas não me desapontaria e Max parece muito competente no que faz.
Fizemos nossos pedidos e, enquanto esperávamos, continuamos nossa conversa.


–E quanto à entrega? –perguntei guardando as fotos.

–São suas, pegue quando quiser. –Max respondeu. –Se quiser posso entregar hoje mesmo.


Encerramos a conversa, tomamos nossos cafés e, assim que terminei, despedi-me dos dois. Voltei para casa e, quando cheguei, encontrei Duda na cozinha, preparando o café da manhã distraidamente... Aproveitei e caminhei sorrateiramente até ela e abracei-a.


–Pelo amor de Deus, Tom! –pulou em reação ao susto, o que me fez rir. –Nunca mais faça isso, vai acabar me matando. –xingou.

–Desculpa, mas eu não resisti. –ri beijando seu pescoço e aspirei seu perfume. –Bom dia. –desejei virando-a de frente para mim.

–Bom dia. –sorriu e deu-me um selinho.

–Acordou há muito tempo? –perguntei segurando sua cintura e juntei nossos corpos.

–Nein, acabei de acordar. –respondeu com sua voz mansa e, em seguida, a beijei.


Sentamos à mesa e tomamos café juntos após separarmo-nos, na verdade eu não estava com muita fome, mas a acompanhei apenas para observá-la... Tão linda e encantadora mesmo com o rosto amaçado e os olhos um pouco inchados.


–Quais os planos para hoje? –perguntou enquanto passava geleia em uma torrada.

–Vamos a um lugar especial, é surpresa. –pisquei sorrindo.

–Ok, mas antes preciso ir em casa para tomar banho e colocar uma roupa decente. –comentou.

–Tudo bem, amor. –sorri e lambi o canto de sua boca, que estava lambuzado com geleia de morango.


Pouco tempo depois estávamos dentro do Audi e seguíamos para a casa dela, onde a deixei e depois encontrei Max na locadora do bairro.


–Aqui está. –falou entregando-me um pequeno envelope da mesma cor daquele onde estavam guardadas as fotos de manhã. –Faça bom proveito.

–Obrigado. –apertei sua mão e despedi-me.


O tempo que levei entre encontrar Max e voltar a tempo de Duda não perceber minha “fuga” fora exatamente calculado e quando acabara de estacionar em frente à sua casa, a vi saindo pela porta e, em seguida, desci do carro.


–Você está linda! –elogiei a observando dos pés à cabeça e dei-lhe um selinho.

–Obrigada. –sorriu.


Abri a porta para que ela entrasse no carro e depois fiz a volta, sentando-me ao seu lado em seguida.


–Lembra daquele dia em que você me vendou pra não estragar a surpresa? –perguntei e ela assentiu. –Então, agora é sua vez de ficar no escuro. –falei após pegar a venda no porta-luvas.


Duda protestou um pouco, mas acabou cedendo e, após venda-la, dirigi calmamente pelas ruas da cidade, tentando imaginar qual seria a reação dela ao ver o que a esperava.


–Por favor, vá mais rápido possível pra onde quer que esteja planejando ir, estou ficando enjoada. –pediu.

–Já chegamos. –respondi estacionando o carro em uma rua residencial bem tranquila.


O lugar permanecia exatamente como quando estivera ali na última vez, a vizinhança era agradável e silenciosa. Desci do carro e logo ajudei Duda a descer, a guiei cuidadosamente até a calçada e, enquanto segurava sua mão, fechei a porta do carro, ativando o alarme.


–Só mais um segundo. –pedi enquanto pegava o envelope em meu bolso.


Peguei o conteúdo do envelope, segurei-o entre meus dedos e lentamente caminhei pela grama verde segurando a mão de Duda, parando em seguida.


–Pronta? –perguntei ficando atrás de si.

–Acho que sim. –sorriu.

–Está bem.


Soltei o laço que prendia a venda, meus dedos suavam e meu coração batia descompassado, abracei Duda por trás esperando por sua reação que demorou a vir... Será que ela não gostara da surpresa?

Postado por: Grasiele

Resumption - Capítulo 67

P. O. V. Duda

A sensação de afundar em si mesma era estranha, a escuridão não parecia tão apavorante quando cheguei ao fundo e, de alguma maneira, eu sabia que teria alguém para me salvar quando não suportasse mais, quando estivesse sufocando... E eu estava certa quanto àquilo. Meus sentidos voltaram aos poucos, ainda afetados por ver meus amigos todos na sala da casa de meus avós me esperando com sorrisos confortantes e olhares encrustados de saudade. Eu estava parcialmente pronta para me levantar de onde quer que eu estivesse, ainda faltava ter plena confiança de que minhas pernas não falhariam e precisava criar coragem para abrir meus olhos que, eu tinha certeza, procurariam imediatamente por Tom.
Meu corpo estava descansando sobre algo extremamente confortável, talvez fosse o sofá e minha cabeça repousava sobre o colo de alguém... Cheguei a essa conclusão quando senti dedos passearem lenta e carinhosamente em meus cabelos e o perfume quase imperceptível, mas próximo o bastante para que eu pudesse absorver, eu conhecia aquele aroma.
Abri meus olhos lentamente e, quando minha visão tornara-se completa, avistei o rosto de Bill acima do meu, me encarando com seus lindos olhos castanhos.

­-Olá, Bela Adormecida. –cumprimentou-me e sorriu cutucando a ponta de meu nariz com seu dedo indicador.


Apenas sorri em resposta e levantei rapidamente, sentando-me ao seu lado e, em seguida, o envolvi em um abraço apertado, tentando matar um pouco daquela saudade que parecia infinita.

–Eu quase morri de saudade. –murmurei aspirando seu perfume e acariciei sua nuca levemente.

–E você acha que eu não? –Bill perguntou me encarando como se estivesse se preparando para me dar uma bronca. –Eu só não corri atrás de você porque sabia que precisava de um tempo para pensar e, se soubesse que ficaria tanto tempo sem falar com você, a teria barrado.

–Desculpe por isso. –murmurei sentindo a culpa me invadir aos poucos... Porque mesmo longe eu continuava machucando as pessoas que eu amo?
–E você merece ganhar um prêmio por se esconder tão bem. –sorriu fazendo uma careta e riu em seguida.

–Como vocês descobriram onde eu estava? –perguntei arqueando as sobrancelhas, deixando minha curiosidade exposta.

–Bem, pergunte ao Tom. –respondeu dando de ombros, demonstrando indiferença e meu coração palpitou.

–Ele...

–Sim, foi ele quem achou você, Duda. –respondeu à minha pergunta inaudível.


Tom havia me procurado? Não podia imaginar por quanto tempo ele buscara, teriam sido aqueles três meses tentando me encontrar?
Eu queria perguntar para Bill, mas antes que eu o fizesse houvera batidas na porta do escritório de vovô... Só percebera onde estava naquele momento.
Bill levantou-se e seguiu até a porta, abriu-a e apenas pude vê-lo balançar a cabeça concordando sobre alguma coisa.

–Fique aqui, está bem? –pediu sem sair da frente da porta, impedindo-me de ver quem quer que estivesse falando com ele.

–Não tenho escolha. –girei os olhos e permaneci sentada, meu melhor amigo apenas sorriu e saiu fechando a porta atrás de si.


Eu queria sair dali e procurar por meus outros amigos, mas principalmente ver Tom. Não tenho ideia de quanto tempo fiquei sentada esperando que alguém fosse me chamar, o tedio era palpável e eu já estava começando a ficar irritada.
Levantei do sofá caminhando em direção à janela, mas parei dando meia volta ao ouvir uma melodia suave invadir o cômodo e, provavelmente, a casa inteira... Alguém estava tocando piano e era algo realmente lindo, uma melodia suave.
Segui para fora do escritório guiando-me através das notas e pouco tempo depois estava na sala, onde, para minha surpresa não havia mais ninguém além de Bill e Tom. Meu coração deu um salto quando vi
ele deslizando os seus dedos graciosamente pelas teclas e tive vontade de correr em direção aos seus braços, aconchegar-me e nunca mais sair.
Bill virou-se delicadamente ao perceber minha presença e sorriu.

Is there anybody out there walking alone, is there anybody out there out in the cold... One heartbeat lost in the crowd.
Tem alguém aí caminhando sozinho, tem alguém aí no frio... Uma batida de coração perdida na multidão.


Meu melhor amigo iniciara a canção acompanhando a melodia, que parecia encaixar-se perfeitamente àquela letra, era algo lindo e me fizera paralisar.

Is there anybody shouting what no one can hear, is there anybody drownin' pulled down by the fear.Tem alguém gritando o que ninguém ouve, tem alguém se afogando puxado para baixo pelo medo.


Eu me sentia parte daquela música, me deixara envolver pela melodia e a letra descrevia tudo o que havia acontecido comigo naqueles três meses... Aquela era minha música, eu podia sentir, mesmo que fosse de uma maneira estranha. 
I feel you, don't look away.
Eu sinto você, não desvie o olhar.

A frase que se seguira lenta e suave, me levou a questionar se Tom realmente me sentia ali e a certeza surgira de algum lugar desconhecido, me fazendo sorrir.


Zoom into me, zoom into me... I know you're scared.
Aproxime-se de mim, aproxime-se de mim... Sei que você está assustada.


Eu realmente estava me sentindo assustada, mas não de uma maneira ruim, o que era estranho.
Involuntariamente avancei alguns passos, aproximando-me.

When you can't breathe I will be there, zoom into me.
Quando não puder respirar estarei lá, aproxime-se de mim.


Algumas lágrimas começavam a escapar de meus olhos sem que eu tivesse controle, mas eu chorava de alívio por tê-los comigo e ver Tom, mesmo sem ter o tocado, aquecia meu coração e fazia o sangue correr por minhas veias rapidamente.



Is there anybody laughing to kill the pain, is there anybody screamin' the silence away... Just open your jaded eyes.Tem alguém rindo, para matar a dor, tem alguém gritando o silêncio distante... Apenas abra os seus olhos cansados.


Apesar de ter me sentido derrotada e cansada durante muito tempo por causa da dor que me consumia, naquele momento eu me sentia renovando a cada nota entoada. Não havia nada que me impedisse de ser feliz, porque aquele que me fazia viver estava lá, a poucos passos de distância.

Zoom into me, zoom into me... I know you're scared.Aproxime-se de mim, aproxime-se de mim... Sei que você está assustada.

When you can't breathe I will be there, zoom into me.
Quando não puder respirar estarei lá, aproxime-se de mim.

Ordenei aos meus pés que avançassem, eu queria poder vê-lo de perto e ter certeza que aquele era mesmo o meu Tom, precisava saber se aquilo estava realmente acontecendo ou se era apenas mais um sonho.

Come closer and closer.
Chegue mais perto e mais perto.


Eu estava totalmente alheia ao mundo, presa àquela música e me sentia enfeitiçada, agindo inconscientemente com obediência àquela letra.

When you can't breathe I will be there, zoom into me.
Quando não puder respirar estarei lá, aproxime-se de mim.


As lágrimas continuavam a escapulir, ficando mais intensas a cada segundo e forcei-me a afastá-las antes que meus olhos se cansassem e fechassem... Eu não poderia e nem queria perder um segundo sequer daquela visão.

Zoom into me, zoom into me when the world cuts your soul into pieces and you start to bleed.Aproxime-se de mim, aproxime-se de mim quando o mundo cortar sua alma em pedaços e você começar a sangrar.
When you can't breathe I will be there, zoom into me.
Quando não puder respirar estarei lá, aproxime-se de mim.


Mais algumas notas foram tocadas e a música finalmente havia chegado ao fim, Bill levantou-se após afagar o braço do irmão demonstrando seu apoio e, antes de se retirar, beijou minha testa.
Respirei fundo tentando acalmar minha respiração, que fora alterada devido ao choro e ao meu nervosismo, e ouvi Tom suspirando. Eu não me movi um milímetro sequer ao ver
ele levantando lentamente do banco e, quando avistei seu rosto encharcado pelas lágrimas, meus olhos instantaneamente umedeceram.
Segundos depois nossos olhares se encontraram, fazendo-me sentir atingida por uma corrente elétrica, meu corpo tremeu da cabeça aos pés e meu coração saltitou. Eu queria falar alguma coisa, mas eu sabia que palavras não seriam suficientes para descrever o que estava sentindo, então me contentei em apenas morder o lábio inferior, gesto que Tom imitou me fazendo sorrir.
Tudo o que eu queria era tê-lo de volta e ele estava ali, mas não perto o suficiente, meu corpo, meu coração e minha alma o queriam conectado a mim. Suspirei ordenando aos meus pés que seguissem em frente e ver Tom abrindo os braços para me receber serviu como um pontapé, me fazendo correr em disparada a seu encontro.
Corri mais rápido do que nunca e, quando estava perto o bastante, pulei enroscando meus braços em seu pescoço e minhas pernas envolveram sua cintura. Abracei-o colando nossos corpos o máximo possível, minhas mãos prenderam-se em suas tranças e colei meu rosto em seu pescoço aspirando seu perfume, o qual eu ansiava sentir novamente.
Senti uma das mãos de Tom acariciando minhas costas, enquanto a outra se infiltrava em meus cabelos, e seu rosto descansou na curva de meu pescoço, me permitindo sentir sua respiração quente e acelerada, e suas lágrimas molhando minha pele.

Eu não sentia mais aquela dor insuportável, nem a angústia... Ambas foram derrotadas pela felicidade extrema e o alívio de ter minha vida e meu coração sãos e salvos novamente.

Nos minutos que se seguiram ficamos abraçados sem qualquer movimentação, apenas sentindo a segurança penetrando em nossos corpos, permitindo que o medo fosse extinto e que levasse as lagrimas com ele.
Movi meu rosto lentamente para permitir que meus lábios entrassem em contato com a pele quente e macia do pescoço de Tom, e pude senti-lo estremecer quando o fiz. Senti seus lábios deslizando pelo meu pescoço e seguindo para o maxilar em seguida, impossibilitando o contato de meus lábios com sua pele. Suspirei ao sentir a respiração quente próxima à minha orelha e o apertei mais contra mim quando mordeu de leve o lóbulo de minha orelha.

–Agora eu estou aqui e nunca mais vou embora, meu anjo. –ouvi-o sussurrar, enquanto sua mão descia de meus cabelos para minha nuca. –Eu amo você.


Meu coração batia mais forte a cada palavra dita e, antes que Tom dissesse algo a mais, eu tomei seus lábios, beijando-o com desespero. Deslizei uma de minhas mãos até seu rosto e o acariciei delicadamente com as pontas dos dedos, enquanto ele guiava a mão que estava em minhas costas para a cintura e pressionava sem muita força.
Eu não queria interromper, mas eu precisava respirar antes que desmaiasse e eu não queria que acontecesse novamente. Partimos o beijo permanecendo com os rostos colados e as respirações colidindo, a mão de Tom que estava em minha nuca seguiu para minha bochecha e descansou ali, apenas o polegar movia-se acariciando minha pele.
Sorri agradecendo mentalmente por tê-lo ali, seguro em meus braços e senti-o mover seu rosto até que seus lábios tocassem a palma de minha mão e depositou um beijo, fazendo-me aumentar o sorriso.

–Eu nem acredito que esteja aqui. –confessei em um murmúrio.

–Nem eu. –confessou deixando escapar uma risada. –Não foi nada fácil encontrar você, senhorita recordista do pique-esconde.

–Obrigada por não ter desistido de mim. –falei fixando meu olhar em seus olhos castanhos.

–Eu iria atrás de você até no inferno. –me deu um selinho e ficou em silêncio durante alguns segundos, apenas me observando.

–O que foi? –perguntei após vê-lo desviando o olhar e o sorriso sumir de seu rosto, me deixando preocupada.

–Me desculpa por tudo o que eu fiz... –seus olhos umedeceram e sua voz soou baixa. –Eu disse coisas tão horríveis que, durante esses três meses, quase me fizeram enlouquecer sentindo a culpa de tê-la feito sofrer tanto a ponto de me deixar.

–Na verdade você deveria apanhar por aquilo. –falei tentando manter minha expressão mais séria o possível. –E qualquer garota nem iria querer olhar na sua cara... –respirei fundo e sorri ao ver seus olhos arregalados. –Entretanto sou diferente das outras e mesmo você sendo um cachorro e safado, não conseguiria viver sem você. –vi um sorriso surgir em seus lábios. –Eu nem teria me lembrado daquilo se você não tivesse falado, te ver aqui me fez esquecer e...


Minha tagarelice foi interrompida por um beijo roubado que no início me deixara sem reação, mas em seguida reagi sincronizando meus lábios com os de Tom numa dança perfeita e calma, demonstrando a felicidade que emanava de nós.

–Acho que esqueci de falar alguma coisa... –murmurei após terminarmos o beijo e Tom lançou-me um olhar curioso. –Já sei! –minha voz soou animada como se tivesse descoberto algo incrível. –Amo você, minha vida.

–Sério? –perguntou parecendo desconfiado. –Quanto?

–Para de ser idiota, garoto! –xinguei girando os olhos e fazendo bico. –O que eu sinto por você é tão forte e grandioso que você não tem nem ideia. –cutuquei seu nariz com a ponta de meu dedo.

–Adoro provocar você. –comentou sorrindo sacana e lambeu meu dedo.

–Pervertido!

–Gostosa. –apertou minha bunda e gargalhou após eu dar um tapa de leve em seu rosto. –Bate que eu gamo!

–Com licença. –a voz de Georg soou interrompendo nossa “briga”. –Nós gostaríamos de saber se está tudo certo entre vocês, me mandaram aqui pra ver se estão vivos e vejo que mais vivos do que nunca. –riu. –Agora, se não se importam, seus avós estão esperando, Duda!

–Claro, Ge. –falei descendo do colo de Tom.

–Vaza, anão. –Tom murmurou e Georg mostrou-lhe o dedo médio, saindo em seguida.

–Um poço de educação você, hein! –girei os olhos. –Agora vamos, meus avós deram duro pra que tudo saísse perfeito e, além disso, estou morrendo de fome.

–Como queira, meu bem. –beijou minha bochecha e seguiu-me em direção à sala de jantar, onde todos estavam.


Encostei-me no batente da porta e mantive-me em silêncio, apenas observando todos reunidos conversando, Tom abraçou-me por trás dando um leve beijo em minha nuca e pousou seu rosto sobre meu ombro, segurei suas mãos enlaçando nossos dedos e pousei-os sobre meu ventre.

–Eles estão demorando demais, não acham? –Camila perguntou parecendo impaciente.

–Quem? –perguntei e ri ao ver os olhos de minha melhor amiga saltarem.

–Aleluia, vocês se acertaram! –Simone levantou os braços como se estivesse agradecida por alguma benção.

–Eu poderia jurar que estavam brigando. –Georg comentou rindo.

–Mas já? –Anne perguntou e riu em seguida.

–Esses dois são assim mesmo, entre tapas e beijos. –Bill disse entre risos.


Sorri ao ver todos felizes, separei-me de Tom e cumprimentei cada um de meus amigos com abraços apertados e beijos nas bochechas.

Bill havia levado sua namorada consigo, ela era exatamente como meu melhor amigo havia dito: tímida, amável, doce, gentil e dona de uma beleza diferente, simples e natural.
Camila estava linda ostentando orgulhosamente a sua barriga, faltavam apenas dois meses para que meu afilhado ou afilhada nascesse e ela, assim como Gustav, estavam radiantes por causa do bebê que estava à caminho.
David e Anne permaneciam juntos e pareciam mais apaixonados do que nunca, Georg continuava solteiro e lindo, e Simone estava verdadeiramente encantadora e amável
, exatamente como quando a conhecera.

Após cumprimentar a todos, Simone, Anne e eu ajudamos meus avós a servir a ceia e, logo depois, sentamo-nos à mesa. Vovó fez a oração, jantamos e, após todos terminarem de comer, nós, as mulheres, seguimos para a cozinha e demos um jeito na louça.

–Estou ficando com sono. –Camila comentou bocejando.

–Está tudo pronto, já podemos fazer as entregas dos presentes. –falei terminando de secar a pia.

–Com licença. –Tom pediu após bater na porta da cozinha. –São cinco para a meia-noite. –informou.

–Já estamos indo, querido. –Simone gesticulou e saiu da cozinha acompanhada por Anne, Camila e Angel.

–Têm três minutos, ok? –vovó avisou direcionando-nos um sorriso cúmplice. –Vou espera-los na sala de jantar. –piscou nos fazendo rir e se retirou.


Tom sorriu e aproximou-se rapidamente, segurou minha cintura e ergueu-me, me fazendo sentar na bancada da pia. Sem perder muito tempo aproximei meu rosto e beijei-o, segurando sua nuca com uma das mãos, enquanto a outra escorregava com habilidade para baixo de sua blusa de malha, tocando seu abdome definido e arrepiando-o.
Uma das mãos de Tom prendeu-se em meus cabelos, enquanto a outra deslizou em direção ao meu joelho e, pouco tempo depois, acariciava minha coxa por cima da meia-calça. Arfei quando senti sua mão apertar minha coxa e provoquei-o arranhando sua pele, que queimava sob meus dedos.

–Tom. –seu nome saiu em um gemido quase inaudível. –Nós precisamos ir. –avisei.

–Ok. –concordou e, antes de me deixar sair de cima da bancada, me deu um último beijo.


Seguimos para a sala de jantar, onde encontramos vovó e fomos para a sala, onde todos estavam sentados confortavelmente em frente à lareira: vovô no sofá de dois lugares, David sobre um dos braços do sofá de quatro lugares e Anne ao seu lado, Simone estava sentada entre Anne e Camila, minha melhor amiga estava entre Simone e Gustav, este que estava sentado no outro braço do sofá, Bill estava sentado no tapete, entre as pernas de Angel, e Georg ao lado dos dois.

–Acho melhor imitarmos meu irmão, só que invertido. –Tom comentou e lancei um olhar interrogativo em sua direção. –Querida, estou com um grande problema. –sussurrou em meu ouvido. –E a culpa é toda sua. –riu.


Após a declaração de Tom eu entendi o porquê dele parecer tão desconfortável e não ter tirado as mãos cruzadas da frente de suas calças, o que me fez sufocar uma risada.
Vovó sentou-se ao lado de meu avô e, em seguida, Tom e eu sentamo-nos no tapete assim como ele havia sugerido e Bill olhou-nos contendo o riso... Bem, eles eram gêmeos e ambos conheciam-se bem o suficiente para perceber as reações um do outro.

–Hora dos presentes! –vovô avisou e olhou seu relógio. –Feliz natal! –desejou.

–Quem quer ser o primeiro? –vovó perguntou.


Ninguém se manifestara, então acabamos concordando em fazer as entregas em ordem alfabética, Angel entregou seus presentes, depois Anne, Bill, Camila e assim por diante, terminando em Simone.
–Preciso dormir. –Camila murmurou.

–Você e Gustav podem dormir no meu quarto. –ofereci.

–Muito obrigada, amiga, estou mesmo precisando. –agradeceu entre bocejos, me fazendo rir.

–Temos mais três quartos disponíveis. –vovó avisou. –Mas num deles alguém precisará dormir no chão.


Separamos os quartos, ficando da seguinte maneira: meus avós continuariam em seu quarto, Camila e Gustav dormiriam em meu quarto, Anne e David ficariam com o quarto de meus pais, Bill e Angel no quarto de hóspedes com uma cama de casal, Georg e Simone no quarto de hóspedes onde havia apenas uma cama de solteiro, Simone dormiria na cama e Ge em um colchão no chão e, por fim, Tom e eu ficaríamos com a sala onde havia o sofá confortável, algumas almofadas, travesseiros, a lareira e alguns cobertores.
Agradeci mentalmente por Simone ter levado mais roupas de cama por precaução, já que, mesmo vovó mantendo um grande estoque de cobertas e travesseiros, alguém passaria por maus bocados naquela noite fria.

Antes que Camila fosse dormir, segui para meu quarto para colocar um pijama, escovar os dentes e tirar a maquiagem. Após ter-me “desfeito” voltei para o andar inferior, onde estava apenas Tom segurando uma mochila enorme.

–Tem um banheiro aqui embaixo, ao lado do escritório, segunda porta à direita. –expliquei indo em direção à lareira, onde coloquei mais lenha.

–Obrigada, gracinha. –agradeceu e deu-me um selinho antes de sumir pelo corredor.


Improvisei uma cama no chão e pouco tempo depois Tom retornou vestindo uma calça azul marinho de moletom e uma regata branca, que deixava seus braços musculosos e perfeitamente esculpidos a mostra.

–Chão ou sofá? –perguntei tentando ignorar a vontade de agarrá-lo.

–Que tal os dois? –perguntou após largar sua mochila ao lado da árvore de natal.

–Não entendi. –disse franzindo o cenho.


Tom apenas sorriu mordendo o lábio, aproximou-se e iniciou um beijo lento, guiando-me a passos largos até o sofá. Poucos segundos depois estávamos os dois deitados, ele por cima de mim, e beijávamo-nos com mais urgência, nossas mãos passeavam livremente pelo corpo um do outro saciando a vontade do reencontro.
Eu não estava aguentando ser dominada e mantida presa por seu corpo, então o derrubei do sofá caindo por cima dele, o que fez um barulho um pouco alto.

–Maluca. –riu e acompanhei-o deixando que um riso escapasse por entre meus lábios.

Voltei a beijá-lo, Tom sentou obrigando-me a imitá-lo e encostou suas costas no sofá sem separar nossos lábios um segundo sequer. Senti suas mãos apertarem minha cintura me fazendo gemer baixo, deslizei minhas mãos por seus braços e apertei-os quando Tom pressionou seu corpo contra o meu.
Deslizei minhas mãos até chegar à barra de sua regata e em seguida joguei-a longe, Tom fez o mesmo com minha camiseta e, ao ver meu peito nu, trilhou um caminho de beijos até o mesmo fazendo meu corpo arrepiar e, quando seus lábios aproximaram-se de meu sutien, sua língua brincava nos limites impostos pela peça, causando a aceleração de meus batimentos cardíacos.
Tom fez-me deitar à medida que descia por meu abdômen e, quando chegou à barra de minha calça, deslizou-a lentamente por minhas pernas, acariciando minha pele durante o processo. Quando a peça estava fora de vista, senti seus lábios macios beijando um de meus pés, causando-me cócegas, ri e o vi sorrir, continuando a subir por minha perna até alcançar a parte interna de minha coxa, onde mordeu de leve, arrancando-me um gemido rouco.
Seus olhos desejosos me encararam por alguns instantes e depois repetiu o mesmo processo com a outra perna, mordendo minha coxa na parte interna com um pouco mais de força e não desgrudou seus lábios de minha pele, apenas seguiu com sua língua até minha virilha. Puxei-o de encontro aos meus lábios e beijei-o com urgência, senti suas mãos apertarem minha cintura e virou-me, permitindo que eu tomasse o controle.
Terminei de beijá-lo e trilhei um caminho de beijos, mordidas e leves chupões de seu pescoço até a barra de sua calça, livrei-me da peça e junto dela foi-se a cueca boxer. Tom sorriu malicioso e puxou-me para si, engolindo-me em seu beijo e deslizou uma de suas mãos para o fecho de meu sutien, livrou-se dele e seus lábios deslizaram com certo desespero até meus seios, onde depositou beijos carinhosos.
Fechei meus olhos ao sentir sua língua perder o contato com minha pele e sua mão deslizar minha calcinha por minhas pernas até que eu ficasse totalmente nua. Tom segurou minha cintura com uma das mãos e a outra acariciou meu rosto e, em seguida, nossos corpos encaixaram-se perfeitamente causando-me arrepios. Movíamos de forma sincronizada, aproveitando ao máximo o contato de nossos corpos, nossos lábios mantinham-se unidos evitando que nossos gemidos fossem audíveis, nossas mãos exploravam o corpo do outro sem pressa.
Giramos nossos corpos sem quebrar o contato entre nós e continuamos a nossa viagem ao paraíso juntos, suprindo a carência e matando aos poucos a saudade que sentíamos. Não havia nenhum som além das fagulhas de lenha na lareira que, naquele momento, queimavam menos que o sangue em nossas veias e pareciam inferiores ao calor que emanava de nossos corpos em movimento.
Pouco tempo depois o cansaço e o êxtase fizeram-se presentes, permitindo que correntes elétricas corressem de um corpo para o outro, causando uma grande explosão e, enfim, chegamos ao ápice juntos. Meu corpo cansado caíra sobre o de Tom, que me envolveu em seus braços e beijou meu rosto.
Ficamos por alguns minutos em silêncio, apenas ouvindo as batidas de nossos corações submersos em felicidade e amor, e, em seguida, nos vestimos... Tom me emprestou uma de suas camisetas gigantescas e ele dormiria apenas com as peças de baixo, deixando seu peito nu.
Deitei e, após cobrir-nos, Tom me abraçou enroscando suas pernas nas minhas e beijou-me carinhosamente.
–Amo você. –sussurrou roçando seu nariz no meu.

–Amo você. –declarei enquanto acariciava seu rosto.

–Durma bem, meu anjo. –desejou após dar-me um selinho.

–É claro que sim! Apagarei em menos de trinta segundos tendo a certeza de que estará aqui amanhã quando eu acordar. –pisquei lentamente, sentindo o sono tomar-me aos poucos. –Durma bem. –murmurei.

Senti os braços de Tom me apertando contra si e, em seguida, fui possuída completamente pelo sono, tendo certeza de que não estava sonhando.

Postado por: Grasiele

Resumption - Capítulo 66

 P. O. V. Tom Kaulitz

Sentia-me perdido em mim mesmo, minha vida repassava várias vezes em pequenos flashbacks, acessava partes da minha mente as quais ninguém conseguia encontrar, detalhes que antes pareciam insignificantes passaram a ser importantes... Eu estava tentando me agarrar com todas as forças nas lembranças.
A turnê havia começado, não queria e nem poderia permitir que tudo fosse posto a perder por minha causa... Meu irmão, meus amigos e os fãs precisavam de mim. Joguei-me de cabeça na música, o pesadelo sem controle no qual minha vida havia se transformado parecia amenizar toda vez que subíamos no palco e nos apresentávamos.

Eu via o rosto dela em meio à multidão um milhão de vezes, meu coração pulava alegremente dentro de meu peito, mas eu tinha consciência de que era apenas o efeito da euforia, a alegria contagiante dos fãs era tão forte que me permitia sonhar por alguns instantes.
Após os shows todos seguiam para o hotel, mesmo que várias vezes eu tenha insistido para que fossem se divertir. Eu queria estar mais presente enquanto meu irmão e nossos amigos se divertiam em simples conversas como sempre fazíamos, mas a única maneira que eu encontrava de não ficar parado na dor que me sufocava era compor... Aquele não era um comportamento comum, especialmente para mim, mas era minha única saída.
Quando não estava compondo ou tocando nos shows, analisava tudo, qualquer coisa que me fizesse lembrar Duda e sempre chegava à conclusão de estar fisicamente e mentalmente obcecado por ela... Era estranho, mas eu preferia sentir meu coração queimando ao invés de deixar a dor ir embora, eu tinha medo de esquecê-la.
Os dias passaram sem que eu percebesse, as horas corriam e me via cada vez mais faminto pelo amor dela, sentindo como se pudesse morrer se não a tivesse de volta... Estava caindo na escuridão, chamando por seu nome, mas não havia resposta. Toda vez que encarava meu rosto no espelho ouvia minhas palavras daquele dia surgindo de forma acusadora me fazendo tremer, eu tinha que conviver com a culpa de tê-la perdido, mas sentia que era por pouco tempo.
Eu havia aprendido a conviver com a dor, estava lidando com ela a cada dia que passava e poucas vezes sentia a vontade incontrolável de gritar para o mundo o que estava sentindo... Acho que o fato de meu irmão estar feliz com sua garota influenciava de alguma maneira em minha melhora.
A namorada de Bill é doce, carinhosa, paciente e atenciosa, tudo que meu irmão sempre procurou... Os dois parecem ter nascido um para o outro, talvez eu nunca tenha visto meu irmão tão feliz antes de ter Angel em sua vida, o que me fazia sentir mais aliviado, já que não conseguia manter o meu papel de irmão mais velho e não lhe dava a devida atenção.

A turnê estava chegando ao fim e eu não havia recebido nenhuma notícia de Duda ou alguma informação realmente importante que Andreas pudesse me dar... Andreas é meu amigo de infância, um gênio nerd da computação com ótima memória e bons contatos.

Antes de seguir viajem com a banda, liguei para Andreas contando resumidamente o que havia acontecido e, apesar de ter me zoado muito, não negou meu pedido de ajuda. No mesmo dia seguiu até minha casa, forneci o pouco que tinha de informações e prometeu-me fazer o possível para encontrar Duda... Além de conviver com a culpa, a dor e a angústia, precisei lidar com a ansiedade que, às vezes, chegava a ser maior que os maus sentimentos.

Faltava pouco mais de uma semana para que a turnê acabasse, eu havia acordado com uma boa sensação, um pequeno fio de esperança surgia, no entanto disse à mim mesmo para ser cauteloso, não queria me enganar mais uma vez. Levantei da cama, fiz minha higiene matinal e parei em frente à janela observando a chuva cair, molhando as ruas de Paris como nos últimos dias.
Bill conversava com alguém ao telefone e eu, estando sem fome, sentei-me sobre a cama segurando meu violão e voltei a atenção para minhas composições. Não tenho ideia de quanto tempo havia passado quando meu celular começou a tocar sobre a cabeceira da cama.

–Hallo?

–Hallo, Tom! Andreas falando, cara. –a voz de meu amigo soou animada.

–Alguma novidade? –perguntei sentindo meu coração acelerar.

–Eu estou ótimo, agradeço por ter perguntado. –debochou.

–Desculpa cara, mas eu realmente quero saber o porquê de ter me ligado.

–Ok... –riu. –Tenho boas notícias, mano, encontrei a sua garota.

–Tem certeza? –a dúvida tomava o lugar da alegria aos poucos.

–Claro que sim! Foi difícil pra caramba, você me deve um grande favor, ‘tá sabendo. –resmungou.

–Isso não importa agora. –bufei mexendo-me inquieto. –Onde ela está?

–Numa cidadezinha fim do mundo. –gargalhou. –Não sabia desse seu gosto por garotas do campo.

–Idiota. –xinguei.

–‘Tava brincando! Ela está na casa dos avós, Heiki e Franklin Müller. –pausou. –Acho que os avós dela são mais conhecidos que vocês naquela cidade, foi fácil chegar até eles, o difícil foi o começo da busca.

–Conseguiu algum número de telefone? –perguntei procurando desesperadamente por papel e caneta.

–Mas é claro que sim, anota aí!

–Cara, muito obrigado, de verdade. –agradeci após anotar o número da casa dos avós dela.
–Você não viveria sem mim, eu sei. –riu. –Agora é com você, boa sorte!

–Vou precisar. –murmurei ignorando seu comentário. –Até mais, cara.

–Até. –respondeu desligando a chamada.


A felicidade corria líquida e quente por minhas veias, um grande sorriso tomava meus lábios e a vontade de sair daquele quarto era maior do que minha obstinação em terminar as minhas composições. Guardei tudo em seus devidos lugares, tomei uma ducha rápida e segui para fora do quarto procurando por meu irmão e meus amigos.
Não demorei a encontra-los, estavam no quarto dos G’s.


–Eu não sei mais o que fazer. –ouvi a voz de Bill em um murmúrio, aproximei-me da porta que estava apenas encostada e o vi sentando no sofá.

–Não sei nem o que dizer... –Gustav suspirou. –Também estou preocupado com essa situação.

–Já tentei de tudo, mas o Tom sequer presta atenção nas minhas piadas. –Georg revirou os olhos.

–Pra piorar a situação David comentou essa manhã que Anne não está conseguindo lidar com a Mila. –Gustav murmurou parecendo chateado. –Estou com medo que isso tudo afete o bebê. –tirou os óculos e esfregou os olhos.

–Eu acho que precisamos voltar. –Bill respondeu respirando profundamente e por impulso interrompi aquela “reunião”.

–E eu acho que vocês deveriam parar de resmungar. –deixei que minha voz soasse debochada. –Ninguém vai voltar pra casa faltando menos de duas semanas pra acabar a turnê. –revirei os olhos. –Qual é, estão desistindo por quê?


Meu irmão estava estático, parecia estar se perguntando o porquê de eu estar lá... Eu não o culpei, afinal eu deveria estar com cara de enterro quando me deixou no quarto entretido com minhas composições e depois dei o ar da minha graça como se nada tivesse mudado em minha vida, aquele era o meu “eu” de volta.


–Ok, eu não estou entendendo coisa nenhuma. –Georg falou ajeitando-se ao lado de Bill.

–Muito menos eu. –Gustav murmurou.

–Será que você poderia explicar só uma coisinha pra gente? –meu irmão perguntou tirando um fio do seu cabelo, que estava arrumado em um moicano, do rosto. –QUE DIABOS DE MUDANÇA REPENTINA DE COMPORTAMENTO É ESSA? –falou entre dentes e pausadamente, parecendo conter a vontade de gritar.

–Bem, digamos que eu recebi uma ótima notícia agorinha há pouco. –sorri e me atirei no sofá vazio a frente.

–E assim, só por um acaso, você vai nos contar que notícia mágica foi essa que trouxe o velho Tom idiota de volta? –Georg perguntou inclinando-se para frente, apoiou os cotovelos sobre os joelhos e segurou o rosto com as mãos.

–Aposto 50 euros que sim. –Gustav murmurou.

–Eu dobro a aposta e acho que a resposta é não. –Bill respondeu extremamente confiante.

–Não... Pelo menos não por enquanto. –respondi lançando meu melhor sorriso de deboche.

–Pode passando a grana. –Bill estendeu a mão na direção de Gustav.

–Isso não vale! Eu tenho um filho pra criar, Bill. –resmungou e meu irmão riu de volta.

–Ok, dessa vez passa. –sorriu.


Eu podia sentir os olhos de Bill me analisando e, quando nossos olhares se encontraram, ele sorriu parecendo aliviado por eu estar de volta e feliz de novo.

Mais tarde naquele mesmo dia, quando Bill e eu nos preparávamos para dormir, decidi que era o momento certo para contar ao meu irmão e melhor amigo o porquê de minha alegria... Eu sabia, podia sentir que ele estava ansioso para me fazer milhares de perguntas e estava disposto a respondê-las.


–Então quer dizer que esse tempo todo você agiu por baixo dos panos? –Bill olhou-me mantendo seu rosto sério.

–Foi a única maneira que encontrei de não envolver todos mais ainda nisso tudo... São os meus problemas, eu fiz a burrada, então tinha que tentar resolver de algum jeito. –expliquei.

–Apesar de estar chateado por não ter me contado tenho orgulho de você por não ter ficado “parado”. –riscou aspas no ar. –E estou realmente feliz por você, espero que as coisas se acertem logo... Já está mais do que na hora de vocês resolverem suas vidas. –tagarelou. –Você sabe que terá meu apoio sempre.

–E eu agradeço por isso! –sorri e levantei de minha cama, o abraçando em seguida. –Obrigado por tudo.

–Não precisa me agradecer, somos irmãos e estaremos sempre juntos não importando o que aconteça!


Conversamos por mais algum tempo e depois dormimos, faríamos mais alguns shows e voltaríamos para Berlim na véspera do natal.
Nos dias que se seguiram fiquei imaginando mil e uma maneiras de conversar com os avós de Duda, eu havia feito planos e sabia que teria o apoio de meus amigos, talvez até conseguisse convencer Anne e Camila de colaborar comigo.
Faltavam exatamente sete dias para a ceia de natal e, finalmente, havia encontrado coragem suficiente para fazer aquela ligação que seria minha salvação... Tudo o que eu precisava era ser sincero, ter a compreensão dos avós dela ao meu favor e, antes de mais nada, torcer para que ela não atendesse a chamada.
Peguei o telefone do hotel e disquei rapidamente o número, estava inquieto, impaciente e sentia meu coração descontrolando-se a cada segundo que passava.


–Hallo. –uma voz feminina doce soou, mas não era a de Duda.
–Por gentileza, eu poderia falar com a Senhora Heiki? –pedi usufruindo a boa educação que minha mãe me dera.

–É ela, quem gostaria?

–Tom, Tom Kaulitz. –respondi tentado controlar minha respiração, estava com medo que ela desligasse. –Por favor, não desligue! –pedi após alguns segundos de silêncio.

–Está bem. –suspirou. –Diga-me o que você quer.

–Eu quero me desculpar com sua neta... –respondi soltando o ar aos poucos. –Sei que ela não quer falar comigo, mas eu preciso de apenas uma chance! –senti meu peito queimar. –Nesses três meses eu fiz de tudo para encontra-la e agora que sei onde ela está não desistirei de ter seu perdão sem ao menos tentar. –minha voz saia embargada pelo choro, lágrimas escorriam quentes por minhas bochechas.

–Você realmente a ama, certo, querido?

–Sim, amo tanto que chega a doer. –respondi sinceramente.

–Você terá minha ajuda, pode contar comigo para o que precisar!

Sorri sentindo meu peito ser tomado pelo alívio e agradeci mentalmente por ter alguém olhando por mim lá do céu. Senhora Heiki e eu conversamos durante alguns minutos, contei a ela o que tinha em mente e ela realmente parecia gostar de tudo o que eu sugeria.


–Frank e eu faremos a nossa parte, o resto é com você, está bem?

–Certo muito obrigado!

–Até breve, querido.

–Até.


Desliguei o telefone, segui para o hall do hotel, onde encontrei os caras da banda e seguimos para a passagem de som do show que faríamos aquela noite.

Aquela semana passara voando, a turnê foi encerrada em L’Aquila na Itália e na mesma noite, após o último show, seguimos para o aeroporto de Roma, embarcamos em um jato particular por volta das 2hs30 da manhã e voamos para Berlim. Dormi durante o voo e quando aterrissamos em solo alemão sentia a euforia tomar conta de mim, o relógio marcava oito horas em ponto quando saímos do aeroporto, seguimos todos para a casa de Duda e Camila... Eu não sabia se estava pronto para lidar com as lembranças que aquela casa me traria, mas eu estava disposto a enfrentar qualquer coisa para seguir em frente e ter minha garota de volta.
Pouco mais de quinze minutos depois o segurança estacionava o carro em frente àquela casa e as lembranças me atingiam lentamente, Bill me lançava seu olhar de apoio e sorriu descendo do carro, tendo Angel abraçada a si e, após respirar profundamente, os segui.


–Vai dar tudo certo. –Bill murmurou percebendo minha inquietude.

–É o que eu espero.

–Gustav e eu conversaremos com elas, não se preocupe. –David disse após Georg tocar a campainha. –Talvez não façam nada por você, mas pela Duda fariam qualquer coisa.


Não demorou muito até que a porta fosse aberta, Camila surgiu vestindo um pijama extremamente grande, mas que não escondia a sua gestação que já seguia para o sétimo mês... Minha atual-ex-melhor amiga continuava linda, mas havia grandes mudanças em seu corpo devido à gravidez e parecia mais madura também.
Gustav, ao avistar a namorada, abraçou-a com cuidado beijando-a e, em seguida, acariciou a barriga dela tentado estabelecer contato com o bebê; David entrou na casa e correu para os braços de Anne beijando-a com certo desespero e, após alguns minutos, todos haviam se cumprimentado, bem, eu fui o único rejeitado, mas não me importei.
Sentamo-nos todos na sala e deixei que Gustav e David conversassem com Anne e Camila. Eu me sentia um pouco desconfortável por ser o assunto daquela conversa e não poder falar nada, mas preferi ficar quieto para não provocar nada mais agressivo do que os olhares cortantes que ambas lançavam em minha direção.


–Nós concordamos em ajudar. –Anne disse voltando-se para mim.

–Mas espero que fique bem claro que estaremos colaborando apenas por Duda. –Camila completou emburrada.

Não contive minha felicidade e levantei abraçando-as em seguida, Anne não resistiu e correspondeu ao meu gesto, mas Camila reclamou um pouco.


–Mila, você é a grávida orgulhosa mais linda que eu conheço. –elogiei ainda prendendo-a no abraço.

–Sério? –perguntou parando de me estapear.

–Sim. –sorri e vi pequenas lágrimas escorrerem de seus olhos, estranhei aquela reação, mas concluí que deveria ser algo relacionado a intensidade dos sentimentos na gravidez.

–Imbecil, você está me fazendo chorar. –resmungou me dando um tapa e riu.

–Eu sei que você me ama. –brinquei cutucando sua bochecha e ela revirou os olhos.

–A Duda tinha razão quando dizia que você é convencido, hein. –debochou.

–E o que mais ela falou? Que eu sou bom de...

–Nem mais uma palavra, não quero que meu bebê ouça suas safadezas. –ordenou tapando minha boca e eu ri.


Por incrível que pareça as coisas voltaram ao normal mais rápido do que eu imaginava, Anne e Camila não pareciam mais tão irritadas comigo, às vezes lançavam algumas indiretas, mas nada com que eu não pudesse lidar. Bill levou Angel em casa e disse que iria para casa apenas à noite e pediu que eu separasse os presentes que havíamos comprado na última semana; David e Gustav ficaram fazendo companhia para Camila e Anne, eu e Georg fomos levados para nossas casas pelos seguranças.
No dia seguinte dispensamos os seguranças, Bill buscou Angel por volta das duas horas da tarde depois de ter colocado os presentes em seu porta-malas, eu busquei mamãe em casa, nós não a deixaríamos passar o natal sozinha e ela estava ansiosa para rever Duda. Encontramos os outros em frente ao prédio de Georg e nos dividimos nos carros: em meu Cadillac íamos eu, mamãe e Georg. Anne carregaria consigo em sua X-6 David, Camila e Gustav e, por fim, o casal teria total privacidade na X-5 de Bill.
Saímos de Berlim quando marcavam três horas no relógio, a viagem fora longa e várias vezes precisamos parar para que Camila fosse ao banheiro. O sol já havia abandonado o céu quando chegamos ao centro da pequena cidade, precisei pedir algumas informações, mas, como Andreas havia dito, a família Müller era popular e logo obtive a orientação.


–Esse lugar é lindo. –mamãe comentou observando a paisagem iluminada pela lua cheia.

–E o povo é bem simpático. –Georg murmurou sorridente.


Dirigi por mais alguns quilômetros e avistei a entrada da fazenda cercada por cerejeiras, todas ostentando a beleza de suas folhas e frutas. Diminuí a velocidade e, assim que me aproximei do portão de madeira, uma senhora alta, magra, simples, mas extremamente elegante, deu-nos passagem.
Estacionei o carro, desci fazendo a volta no carro para abrir a porta para mamãe e, em seguida, a senhora veio nos cumprimentar.


–Hallo, muito prazer em conhecê-los. –sorriu e observei seu rosto durante alguns segundos, seus traços me faziam lembrar Duda. –Sou Heiki.

–Prazer em conhecê-la também. –sorri e a abracei. –Muito obrigado por confiar em mim. –agradeci afagando suas costas.

–Não precisa me agradecer, querido. –beijou minha bochecha.


Apresentei todos a ela e, em seguida, um homem alto, forte e magro apresentou-se, aquele era Franklin, marido de Heiki. O casal era muito simpático, a senhora e minha mãe engataram em uma conversa, Camila, Angel e Anne observavam a decoração da casa aconchegante e, enquanto isso, nós, os homens, transportamos todos os presentes para a sala.


–Por pouco não couberam todos os presentes. –David comentou tentando regular sua respiração.

–Acho que nem quando eu era criança vi tanto embrulho. –Georg riu.


Eu estava feliz por ter conseguido chegar até ali, mas a ansiedade de ver minha garota estava me deixando inquieto... Minhas mãos estavam suando, meu coração batia acelerado e o nervosismo insistia em me possuir.

–Heiki vai subir para checar, rapaz, não se preocupe. –o senhor avisou e sorriu batendo em meu ombro transmitindo-me apoio.


A senhora pediu licença à minha mãe e subiu as escadas, e, durante os minutos que ela ficou no andar superior, não tirei meus olhos dos degraus.


–Ela já vem, fique calmo, querido. –Heiki disse-me e seguiu para outro cômodo acompanhada por minha mãe e as garotas.

–Faça a sua parte. –Bill me cutucou.

–Venha cá. –Franklin pediu e acompanhei-o até o piano, que estava afastado da escada, o que não permitiria que ela me visse. –Boa sorte. –desejou juntando-se aos demais.


Fechei meus olhos respirando fundo, repassei mentalmente as notas daquela melodia que compus imaginando tê-la de volta. Todos estavam em silêncio esperando o momento em que Duda apareceria, os passos suaves aproximavam-se lentamente e meu coração batia mais forte à medida que ficavam mais próximos... Os passos pararam de repente e vi meu irmão mover-se rapidamente em direção à escada.
Levantei rapidamente e corri vendo aquela frágil garota desmaiada, a minha garota. Eu queria pegá-la nos braços, mas minha mãe impediu e me levou consigo para a varanda.


–Ela vai ficar bem, meu filho. –mamãe disse me abraçando e a apertei em meus braços, deixando que as lágrimas escapassem de meus olhos.


Após alguns minutos voltamos para a sala e, mais calmo, me sentei no banco em frente ao piano contendo a minha vontade de correr até ela. Fechei meus olhos concentrando-me enxergando Duda exatamente como havia visto minutos atrás, porém a imaginava sorrindo, correndo para os meus braços.

Postado por: Grasiele

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