sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Resumption - Capítulo 61

 P. O. V. Tom Kaulitz

Nunca pensei que minha vida pudesse mudar drasticamente por uma mulher e nem acreditava em amor, mas ela surgiu mudando tudo, me deixando paralisado, apavorado e perdidamente apaixonado. Era estranhamente envolvente o modo com que me prendia a si, meu corpo não respondia aos meus comandos e maior parte do tempo meus pensamentos prendiam-se ao seu rosto bem desenhado, a forma graciosa como ria e caminhava, seu sorriso cativante e sua personalidade única.
Sempre me gabei por ter todas as mulheres aos meus pés, não mantinha contato por mais que uma noite e jamais quis saber sequer o nome de qualquer uma que tenha me proporcionado uma boa noite de sexo, era apenas diversão. Todas as mulheres eram fáceis, mas ela não... Desde o início se mostrou arredia, difícil de lidar, esquiva e mantinha distância, não importando qual fosse a "abordagem".
Me lembro que muitas vezes cheguei a me irritar com o modo indiferente como eu era tratado, todos tinham sua atenção, recebiam sorrisos sinceros e para mim sobravam apenas as respostas malcriadas e irônicas. Resolvi observá-la por um curto período e suas atitudes pareciam ser sua maneira de manter-se na defensiva, não hesitava em fugir toda vez que ficávamos a sós... Aquele jogo passou a me divertir e grande parte do meu tempo era dedicado àquela perseguição.
Em momento algum me importei com qualquer envolvimento, apenas me preocupava o fato de meu irmão ser o seu porto-seguro... Bill era frágil, seus olhos brilhavam toda vez que recebia o carinho dela. Eu não gostava da rapidez com a qual meu irmão se envolvera com Maria Eduarda, negava ser ciúmes, mas bem no fundo eu sabia que era verdade... Havia mais do que desejo, algo que eu não sabia definir, apenas sentia.
Não tenho ideia de como aconteceu, mas, quando percebi, estava envolvido, totalmente preso e dependente dela... Tudo me encantava, era viciante e me fazia querer ficar eternamente em seus braços, mas eu não podia porque Bill estava entre nós, formávamos um triângulo inquebrável e que, com o tempo, passou a ser insustentável.
Jamais pensei que pudesse pôr em risco o meu laço de confiança com meu irmão, mas eu estava arriscando porque, pela primeira vez em toda a minha vida, eu estava amando uma garota. Várias vezes pensei em desistir, mas havia algo que me impedia e eu seguia em frente correndo riscos, quebrando todas as regras que impunha para mim.
A ideia de me afastar da minha garota parecia insana, a cada dia que passava ficava insuportável manter um relacionamento escondido, como se tudo o que sentimos não fosse digno de reconhecimento.

Eu sentia ciúme de qualquer gesto de carinho trocado entre meu irmão e ela, mas não podia demonstrar.

Eu não estava mais aguentando aquela situação, sentia que a qualquer momento meu peito explodiria e toda a calma que eu vinha tentando manter se disseparia como uma nuvem de fumaça... Mas, quando menos esperava, Bill precisou viajar por alguns dias e fiz de tudo para que ele fosse sozinho, um ato egoísta e desesperado de minha parte.
Meu coração saltitava dentro do peito e em minha mente havia uma súplica desesperada para que meu irmão partisse sozinho... Foi o que aconteceu. Georg e eu ficamos na casa de Duda na noite anterior à partida de Bill, mas eu sabia que meu amigo não estaria presente nos próximos dias.
Os momentos que se seguiram foram maravilhosos, cada minuto ao lado de Duda foi aproveitado, agimos como qualquer casal de namorados, não havia ninguém que me impedisse de fazê-la apenas minha, mas eu sentia que havia algo a incomodando, algo que diversas vezes a deixava dispersa, viajando em pensamentos e eu tinha um palpite: BILL.
O carinho que Duda nutre por meu irmão é incomparável, a amizade entre os dois parecia e é mais forte que qualquer tipo de envolvimento que pudessem ter e ela se importava com os sentimentos dele... Mas se esquecia de mim e de si mesma, de nós dois.
Há medida que o conflito mental de Duda se intensificava, a minha calma e compreensão perdiam a força, dando lugar ao ciúme e à raiva. Eu não aguentava mais estar ao lado dela enquanto apenas seu corpo estava presente... Eu a queria por inteiro: corpo, coração e mente.
Na madrugada anterior ao retorno de meu irmão perdi totalmente o controle de meus sentimentos e emoções, a raiva e o ódio manifestaram-se com força total... Duda estava diferente, parecia distante e tentava esconder algo de mim.
Eu detestava a maneira como ela costumava guardar tudo para si e detestava mais ainda ser feito de idiota... Qualquer brecha era suficiente para que ela escapasse, mas aquela noite eu não estava disposto a engolir qualquer desculpa, queria a verdade e, quando a obtive, perdi a cabeça de vez.
As palavras saíam de minha boca transmitindo tudo o que eu havia guardado durante um longo tempo, sentia a ira tomando cada célula de meu corpo, queimando minha pele e fazendo meu sangue ferver. Ela parecia paralisada com tudo o que ouvira e, quando parei para respirar, senti um tapa forte em meu rosto, o que me deixou inerte por alguns segundos.
O tapa que recebi foi suficiente para perceber o que eu estava fazendo, as palavras que saíram de minha boca descontroladamente repetiam-se em minha mente.


Você quer abraçar o mundo, quer ter tudo nas mãos...
Não se contenta em me ter na palma da sua mão e quer ter o meu irmão também.
Me fez acreditar esse tempo todo que eu preciso de você.
Você me provocou, porque sabia que não descansaria enquanto não a tivesse.
Não acredito que eu caí na sua.
Não acredito que me deixei envolver com alguém como você: tão dissimulada, suja e manipuladora... Eu nunca senti tanto nojo de alguém.


Aquelas palavras não poderiam ter saído de minha boca, me sentia um monstro e a raiva, antes voltada para Duda, direcionava-se à mim... Como eu pude?
O barulho alto de vidro espatifando-se me fez correr desesperado no escuro, não havia luz e com certeza aquele barulho era consequência de uma queda... Meu coração acelerou enquanto corria tentando alcançar e senti-o saltar quando ouvi um barulho mais alto que o anterior. Quando cheguei ao andar inferior ouvi o som de alarme do carro de Duda e segui para a garagem.


–Onde você pensa que está indo? – perguntei tentando controlar minha respiração.


Não recebi resposta e segui tateando até encontrar o carro de Duda, o único na garagem. Antes que eu pudesse fazer qualquer coisa a luz voltara e, quando o portão da garagem foi aberto, senti o nervosismo tomando conta de mim e meus olhos começavam a marejar.


–Desce desse carro! - gritei desesperado.


Meu desespero aumentou quando enxerguei os olhos castanhos de Duda tomados pelo medo, lágrimas escorriam sem parar de seu rosto, me fazendo sentir o maior imbecil da face da Terra... O carro foi ligado e em seguida deu ré saindo pela rua, cantando pneu.
Eu fiquei lá parado por alguns instantes, sem saber o que fazer e com medo de que algo pior acontecesse à minha garota... Minutos depois eu corria no meio da rua em direção à minha casa, tudo o que queria era pegar o carro e rodar a cidade inteira atrás dela, pedir desculpa por tudo o que havia dito, mesmo sabendo que implorar por perdão não seria suficiente para apagar aquelas palavras acusadoras.
Assim que cheguei em casa peguei o carro e andei pela cidade sem rumo, aquelas palavras ditas por mim voltavam a ecoar em minha cabeça e os olhos amedrontados de Duda me atormentavam, lágrimas quentes desciam de meus olhos e eu tinha vontade de me soquear.
Eu não conseguia pensar em nenhum lugar ao qual poderia procurá-la, meus olhos pesavam e senti-me entrar em um estado automático...

Postado por: Grasiele

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