sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Resumption - Capítulo 69

P. O. V. Duda

Tom sempre fora diferente e indecifrável, mas naquela manhã pós-natal constatei que também era totalmente imprevisível, o que eu já desconfiava.

A venda que impossibilitava minha visão caiu lentamente, as mãos de Tom rodearam-me, me dando apoio para aguentar o efeito que a surpresa causara em mim... Pisquei algumas vezes captando cada detalhe em minha volta e meu coração palpitou ao ver a linda casa branca e amarela à nossa frente.
Aquele lugar era simplesmente perfeito, aconchegante e agradável, e não havia palavra alguma para descrever o misto de sensações que fluía em mim... Talvez maravilhada servisse, mas não é suficiente.

–Por favor, diga alguma coisa. –Tom sussurrou. –Você gostou da nossa casa? –perguntou fazendo-me tremer... Ele dissera nossa casa? –Se não for do seu agrado podemos procurar outra ou talvez prefira um apartamento? –tagarelou sem respirar. –Podemos ter os dois se você quiser...

–Dá pra calar a boca? –minha voz soou ríspida e virei-me, ficando de frente para Tom. –Eu não sei nem o que dizer... –mordi o lábio inferior tentando controlar as lágrimas que insistiam em querer fugir de meus olhos. –Qualquer lugar com você seria perfeito! –respondi olhando fixamente em seus olhos. –Esse lugar é maravilhoso, mas não teria cor se você não estivesse aqui. –suspirei. –Essa casa seria só um monte de tijolos com um telhado em cima.


Não recebi nenhuma palavra por parte de Tom, não foi preciso, já que seus olhos brilhavam com intensidade e, logo após eu ter terminado de falar, acariciou meu rosto, expondo um lindo sorriso e puxou-me para um beijo lento, intenso e carinhoso.

–Eu realmente amo agarrar você, mas podemos entrar em casa? –perguntei após partir o beijo, já que eu precisava respirar.

–Ok, vamos lá, gostosa! –apertou minha bunda e beijou minha bochecha após eu ter lhe dado um tapa.


Entramos na casa e a sensação de estar num lugar único me preencheu completamente, parecia que tudo havia sido feito com a maior dedicação possível... A decoração era um misto perfeito entre a minha essência e a de Tom: muito simples, mas com seus detalhes minuciosos.
A casa não era muito grande apesar de ter dois andares, havia uma sala, a cozinha, um escritório, dois banheiros, um quarto de hóspedes, a suíte e um sótão.

–Então, o que achou? –a voz de Tom soou abafada por estar com os lábios sobre a pele de meu pescoço, estávamos sentados em nossa cama.

–Eu amei! –respondi sinceramente.

–Sei que não importa, mas eu tratei de tudo pessoalmente pra que estivesse perfeito quando você voltasse. –sorriu divertidamente.


Bem, eu fiquei realmente surpresa quanto àquilo, mas quem mais poderia saber tanto de nós dois além dele? Era óbvio que ele não havia feito literalmente tudo, mas sabia todos os detalhes importantes de nossos gostos.
Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, Tom se afastou de mim indo em direção ao corredor, ainda mantendo seu sorriso infantil e divertido, revelando uma possível “arte”.

–Ainda falta um lugar que você não viu... –disse parando no meio do corredor, ao ver que eu permanecia no mesmo lugar. –Venha. –pediu e mexeu o dedo indicador em minha direção, mordendo o lábio em seguida... Deus, ele consegue ser sexy até quando faz graça.


Ri tentando tirar a vontade de agarrá-lo da minha cabeça e caminhei até ele, que segurou minha mão e me guiou até o final do corredor, onde havia uma escada estreita, que dava acesso ao sótão.

–E lá vamos nós. –murmurei seguindo escada acima.


Abri a porta e uma luz fraca, mas suficiente para tornar tudo visível, acendeu automaticamente, permitindo que eu enxergasse o pequeno estúdio montado. Havia uma mesa rente à parede de frente para as pequenas janelas, onde havia um computador e os mais variados tipos de lentes, uma câmera antiga com vários filmes e, em frente à mesma, havia uma cadeira que parecia ser bem confortável. Do outro lado estava uma pequena estação de tratamento e revelação, muito parecida com as vistas em filmes, e duas das paredes eram revestidas por fotos preto e branco minhas com os gêmeos, com a banda, com Anne e Camila, de Tom, da banda e as outras duas paredes que restaram eram brancas.
Eu estava emocionada, maravilhada, feliz, com vontade de gritar o quão realizada eu me sentia, mas a única coisa que consegui fazer foi virar-me para Tom e pular em seus braços, literalmente, o abraçando com pernas e braços, beijando todo seu rosto, deslizando minhas mãos por suas costas certificando que ele era real e o beijei demonstrando minha felicidade.


–Acho que isso quer dizer que gostou da surpresa? –a voz de Tom soou divertida e assenti, dando-lhe um selinho em seguida. –Acho que mereço uma recompensa por tantas surpresas... O que você acha? –sorriu maliciosamente.

–E o que você tem em mente? –perguntei descendo de seu colo. –Alguma ideia?


Tom remexeu em seus bolsos parecendo procurar por algo e, quando achou, se aproximou de mim.

–Quero fazer uma proposta... –mordeu o lábio inferior de forma provocante e segurou minha mão direita, a beijando delicadamente em seguida.

–Vejamos o que vem por aí... –ri divertida.

–Você quer namorar comigo? –perguntou com seus olhos envolvendo os meus, não permitindo sequer que eu piscasse e senti meu coração pular dentro do peito.

–É claro que eu quero! –as palavras voaram de minha boca, demonstrando o que meu coração sentia e recebi um dos melhores e mais lindos presentes, o sorriso de Tom.


Ao invés de ter um anel de compromisso em nossos dedos, havia uma fina e delicada corrente de ouro branco em meu pescoço, junto de um pingente de coração e no pulso direito de Tom havia uma pulseira delicada, porém masculina, com uma pequenina chave.
Após nos beijarmos mais uma vez, seguimos para o nosso quarto, onde, como sempre, festejamos nosso compromisso com uma boa dose de carícias, gemidos e beijos.


CINCO MESES DEPOIS...


A banda estava no fim de uma pequena turnê, a qual tivera uma pausa quando o parto de Camila ocorrera... Petter nascera com 3kg e 50 cm, era fofinho, com os cabelinhos loiros e os olhos cor de mel.
Após a pequena pausa, os garotos voltaram a fazer shows, Angel, Anne, eu e Simone demos todo o apoio necessário para Camila que estava morando temporariamente comigo.

Era uma tarde de sexta-feira de uma agradável primavera, eu e Anne acabávamos de sair do trabalho e íamos para minha casa, onde Angel, Camila e meu afilhado Petter, de três meses, nos aguardavam.

–Olha só quem chegou, querido... –Camila disse ao pequeno e gorducho bebê em seu colo. –Sua dinda!

–Hey, meu amor. –sorri para Petter, recebendo um sorriso doce, que expunha sua gengiva. –A dinda já vem pegar você no colo, está bem? –beijei sua bochecha fofa.


Cumprimentei Camila e Angel, e segui para o andar de cima no intuito de tomar um banho rápido e o fiz, descendo em seguida para a cozinha, onde encontrei Angel mexendo nos armários.

–Só vim pegar algo para comermos. –Angel disse parecendo envergonhada.

–Não tem problema, querida, pode ficar à vontade. –sorri. –Se quiser posso ajuda-la a levar as coisas para a sala.

–Obrigada.


Não entendo porque Angel sempre parecia um pouco tímida quando eu estava por perto, mesmo que a tratasse com carinho como os demais, mas eu estava disposta a me tornar amiga dela, não só por ser namorada de meu melhor amigo, mas também por acha-la uma ótima pessoa.

Após pegarmos coisas suficientes para que não tivéssemos que levantar de nossos lugares, seguimos para a sala e sentamo-nos confortavelmente no sofá. Era a primeira vez que os garotos seriam entrevistados após a pequena turnê, que acabara no dia anterior.
Marcavam exatamente 19hs30 no relógio quando a vinheta do programa rodou e, em seguida, aparecera o apresentador... A sala estava silenciosa, apenas ouvia-se o som da TV, até mesmo Petter estava quieto, mas quando os quatro apareceram Angel, eu e Camila suspiramos como três adolescentes apaixonadas e meu afilhado deixou um riso fofo escapar.


–Parecem três adolescentes bobonas. –Anne debochou.

–Diz isso porque o David não está ali, senão gritaria “lindo, esse é meu homem, te amo!”, conheço você. –provoquei e Anne mostrou-me a língua.


Durante os vinte minutos que se seguiram as perguntas foram sobre a banda, o processo de criação do álbum Humanoid, divulgação do CD e os planos para a próxima turnê.

–Acho que agora é que vem a melhor parte. –Camila comentou enquanto rolava o comercial de suco. –Espero que os seguranças estejam prontos para conter aquelas garotas.


Um minuto depois a vinheta do programa reaparecera e, em seguida, as câmeras voltaram-se para o apresentador.

–Vamos às perguntas pessoais agora... –o homem sorriu de canto. –Gustav, é verdade que agora é pai?

–Sim. –Gustav sorriu radiante, seus olhos brilhavam atrás das lentes dos óculos e as fãs gritaram “aaaawn, Gust”.

–Meus parabéns! –o homem pausou. -E como é ser pai pela primeira vez?

–É emocionante, uma das experiências mais importantes e marcantes na vida. –sua voz soou firme, porém emocionada. –E quando você tem a garota certa do seu lado, sente que pode enfrentar qualquer dificuldade. –concluiu e minha melhor amiga chorava ao meu lado.

–Viram, garotas, Gustav não está mais disponível! –o apresentador fez uma careta triste. –E você Bill? –perguntou voltando sua atenção para meu melhor amigo e a câmera deu um close no mesmo.

–Finalmente encontrei minha garota! –deixou um sorriso lindo e digno de suspiros escapar por seus lábios e fez-se um alvoroço na plateia.

–Oh, mesmo? –o homem pareceu surpreso. –Então finalmente encontrou sua alma gêmea! Como foi?

–Foi exatamente como pensei que seria, não foi premeditado... –pausou e havia silêncio absoluto. –No início foi difícil saber se eu estava apaixonado ou confuso, nós recém havíamos nos conhecido, mas quando ficamos afastados foi quase insuportável sobreviver à distância e assim descobri o que realmente sentia.

–E o sentimento era recíproco ou foi preciso conquista-la? –a voz do homem soou curiosa.

–Na verdade Bill precisou lutar muito para me ter, me incomodou tanto que acabei aceitando seu pedido de namoro. –Georg respondeu em seu tom debochado.

–Foi recíproco. –Bill respondeu após rir da palhaçada do Listing.

–Menos um, meninas... A situação está complicada para vocês! –o apresentador comentou. –Georg, há alguma garota em sua vida?

–Sim, -meu amigo respondeu rapidamente e a plateia gritou um forte “aaaaaaaah” de decepção. –Na verdade existem muitas garotas na minha vida, não tenho nenhuma namorada, o que significa que estou pronto para novas experiências. –sorriu sedutoramente.

–Se eu não conhecesse o David com certeza pegaria o Georg... Gott, que homem! –Anne murmurou mordendo o lábio enquanto analisava meu amigo de forma minuciosa.

–Fala isso na frente do David pra ver! –Camila riu debochada.

–Tom, surgiram rumores a seu respeito... –o apresentador mexeu-se na cadeira. –Há algum tempo fotografaram você e uma garota, muito bonita por sinal... –acrescentou. –Enfim, foram flagrados em um restaurante em Berlim. –havia silêncio total no estúdio e Tom balançava sua perna esquerda sem parar. –Essa garota é apenas mais um caso ou sua namorada?


Meu coração começara a palpitar de repente, minhas mãos suavam e estava ficando nervosa, principalmente por causa daquela mania de Tom balançar a perna incessantemente.

–Minha namorada? –Tom perguntou fingindo estar surpreso.

–Caso isso seja verdade, saiba que nossa relação terá seu fim, Kaulitz! –Georg brincou empinando o nariz.

–Eu não tenho uma namorada...


A voz de Tom ecoava em minha cabeça, meu peito doía e tudo que eu podia ver eram os olhos arregalados de minhas amigas e a TV desligada após aquela maldita frase. Petter chorava descontroladamente, mas eu sequer me incomodei, estava paralisada e com muita dor para reclamar.
Forcei-me a levantar e minhas pernas seguiram automaticamente para o quarto de hospedes, o único lugar em que não havia nenhuma lembrança de Tom e deixei-me cair sobre a cama macia e fria, tão fria como eu me sentia por dentro.
A sensação era estranha, não sei dizer se me sentia humilhada ou rejeitada, apenas me deixei chorar até que minha garganta queimasse por causa de meus soluços e meus olhos ardessem até cansar... Ninguém procurou por mim, sabia que minhas amigas entendiam que eu necessitava de privacidade naquele momento.

Acabei adormecendo e, quando despertei, já era dia novamente, o sol brilhava de forma intensa e adentrava pela janela do quarto. Levantei sorrateiramente e segui para meu quarto, onde encontrei Camila dormindo e Anne cuidando de Petter... Eu não deveria ter dormido no atual quarto de minha amiga!
Murmurei um “bom dia” e fui para o banheiro, onde fiz minha higiene matinal e depois fiquei encarando meu reflexo, que gritava comigo, no grande espelho.

Você está parecendo uma bêbada universitária, olha só o seu estado!

Você nem sabe se aquilo foi uma brincadeira, Tom é idiota na maior parte do tempo!

Você deveria ter escutado tudo, pode estar sofrendo por antecipação!

E se for apenas uma brincadeira dele e você estiver sofrendo à toa... Bem, é uma idiota!


Fui obrigada a concordar com meu reflexo, que na verdade era minha consciência se materializando, talvez eu tenha me precipitado... Mas eu já havia sofrido e estava com raiva de Tom.

Tomei um banho rápido e depois segui para cozinha, Camila já estava acordada e dava a Petter de mamar, enquanto Anne preparava o café.

–Quero uma xícara de café bem forte e sem açúcar. –murmurei.

–Ok, raiva no ar. –Camila comentou.

–Nem sabe o quanto. –resmunguei.

–Não se preocupe querida, o seu futuro-ex-namorado morto imbecil chegará daqui à uma hora. –Anne disse alcançando-me a xícara. –Camila e eu vamos nos encontrar com Gustav e David para almoçar.

–Ótimo. –murmurei me referindo tanto ao café quanto à informação. –E Angel?

–Foi para casa ontem à noite. –Camila respondeu.


Tomei meu café quente e amargo calmamente, eu não tinha o costume de beber café sem leite e só há dois motivos para isso: quando eu preciso ficar acordada por longas horas, mas eu coloco açúcar, e quando estou com raiva, nesse caso eu não uso açúcar e gosto do café o mais amargo possível.
Naquela hora que passara lentamente fiquei pensando em como atacaria Tom e qual seria a forma mais dolorosa, mas acabei não encontrando nada que me satisfizesse.

–Estamos saindo, querida. –Anne me avisou. –Fique bem. –beijou minha bochecha.

–Já peguei todas as minhas coisas e as do meu filhote. –Camila avisou brincando com as mãozinhas do filho. –Muito obrigada por nos hospedar. –sorriu e beijou minha bochecha. –Acabe com o Kaulitz, ok? –riu diabolicamente.


Sorri assentindo para minha amiga, peguei Petter no colo um pouco para me despedir e o devolvi para a mãe, que saiu em seguida fechando a porta atrás de si.
Fui para a cozinha fazer algo que me permitisse exteriorizar parte de minha raiva e decidi fazer um bolo de chocolate que Tom adora, porém colocando um ingrediente especial. Bati a massa do bolo com uma colher de pau, aquilo era algo comum, mas para mim estava servindo como uma terapia e me impedia de quebrar algo.
Ouvi o som de chaves caindo sobre o aparador, coisa que meu amado namorado fazia toda vez que chegava em casa e eu odeio.

–Amor, cheguei! –a voz do cretino soou animada.


Permaneci calada e mexendo a massa de bolo o mais rápido que podia, os passos de Tom se aproximavam cada vez mais e minha raiva parecia acompanha-lo.

–Hey, você está aí. –ouvi sua voz atrás de mim.


Não respondi, apenas coloquei o pote sobre a pia e bati fortemente com a colher na borda do mesmo, fazendo voar massa por todos os lados. Ainda de costas para Tom, peguei uma barra de chocolate no armário e um facão bem afiado.

–Tudo bem com você? –sua voz soou preocupada.

–‘Tô ótima, querido. –respondi após virar-me de frente para ele, que arregalou os olhos a me ver ainda segurando a faca.


Voltei minha atenção para o chocolate, o qual piquei em pequenos pedaços rapidamente e de forma habilidosa. Segui para o minibar da sala, onde peguei uma pequena garrafa de licor de menta, e voltei para a cozinha, Tom permanecia escorado na mesa.
Despejei uma pequena dose do licor no bolo e voltei a mexer a colher com uma das mãos, enquanto a outra segurava a garrafa que eu tombava em minha boca... Eu estava bebendo o máximo que podia, seria um desperdício quebrar a garrafa com o líquido lá dentro.

–Tem certeza que...

–Você quer um pouco? –perguntei estendendo a garrafa na direção dele e recebi um não como resposta.


Peguei uma assadeira, despejei a massa na mesma e logo coloquei o bolo no forno sem ligá-lo. Voltei para pia sentindo o calor me possuir, não tenho certeza se por culpa da bebida ou de minha raiva contida, e comecei a tirar o máximo da massa que restara no pote, mas “sem querer” deixei que caísse no chão, partindo-se em mil pedaços.



–Não se mova, espere aí, meu bem. –Tom pediu saindo rapidamente e voltou com uma vassoura em mãos.

–Tem certeza que não quer um gole? –perguntei entredentes, estendendo a garrafa em sua direção e não recebi nenhuma resposta. –Ok, eu entendo... Beber só nas festas com as suas groupies. –falei e Tom parou de varrer no mesmo instante. –“Eu não tenho uma namorada...” –imitei sua voz. –Não sei se existe um prêmio para maior imbecil-fode-tudo, mas com certeza você ganharia.

–Eu não acredito que você...

–Que eu assisti à entrevista? –não esperei resposta. –Pode apostar que sim. –joguei a garrafa no chão, vendo-a se espatifar e o liquido verde escorrer.

–Não foi...

–Não foi aquilo que queria ter dito? Que coisa mais clichê, pensei que você fosse mais criativo! –debochei enquanto analisava a faca em minha mão. –Eu sabia que você é cara de pau, mas passou dos limites... –murmurei mirando a parede em minha frente e atirei a faca, que, por pouco, não acertou Tom.


Ao invés de estar assustado, Tom ria descontroladamente, o que me deixou mais irritada ainda... Que diabos ele estava achando que eu sou? Uma idiota corna?
Peguei a primeira coisa que vi, um copo, e atirei o mais próximo daquele cretino, mas ele não parou de rir e começou a se aproximar de mim. Respirei fundo enquanto girava os olhos e atirei outro copo, vendo-o desviar e voltei a jogar os demais, sem me importar se iria machucar Tom ou não.

–Acho que acabaram. –a voz de Tom soou rouca, enquanto me prensava contra o balcão da pia.

–Me solta. –falei entredentes. –Não encosta em mim!

–Não vou soltar você até que me escute. –disse ríspido.

–Eu não quero ouvir nada, já ouvi o suficiente. –rebati enquanto debatia minhas pernas e esmurrava seu peito, tentando afastá-lo.


Num movimento rápido e brusco Tom me empurrou para trás, fazendo com que eu batesse a cabeça na parede e prendeu meus braços segurando fortemente com suas mãos, o que me deixou totalmente vulnerável.

–Agora você vai me escutar, ‘tá legal? –sua respiração pesada e rápida atingiu minha pele. –Eu realmente disse aquilo. –começou. –Mas queria ter dito outra coisa, algo que eu só diria se você deixasse. –aproximou seu rosto do meu. –Eu não queria expor você sem saber se concordava. –roçou seu nariz no meu e eu nem piscava. –Não queria deixa-la assustada... Eu tenho medo por você, pelo que pode acontecer e medo de eu não ser capaz de protegê-la. –suspirou e fechou os olhos por alguns segundos. –Eu queria ter dito que sou só seu, mas eu precisava ter certeza de que é o que você realmente quer. –voltou a me olhar. –Saí daquela entrevista sabendo que você piraria, estava louco pra te ligar, mas já era tarde. –fixou seu olhar no meu. -Não consegui descansar enquanto não cheguei em casa e agora estou aqui lidando com a sua revolta. –riu. –Devo confessar que não esperava pelos ataques... Eu imaginava uma reação diferente por pedi-la em casamento.


Minhas pupilas dilataram imediatamente, minha respiração ficara descompassada e meu coração parara por alguns segundos, voltando a bater mais forte em seguida.
Casamento... Tom estava mesmo me pedindo aquilo?

Toda a raiva que antes me possuía sumira rapidamente, dando lugar à enorme vontade de enfiar minha cara num buraco, sendo seguida pela vontade de beijar aquele cara que me prendia contra seu corpo com força.

–O que? –a pergunta soou automática por entre meus lábios.

–Quer casar comigo? –repetiu. –Não um casamento convencional, porque eu tenho a impressão que não é algo sábio a fazer, todo mundo que casa se separa depois de algum tempo e não quero que essa praga cole na gente. –tagarelou. –Sejamos práticos: eu sou seu e você é minha, sem traições ou segredos.

–Preciso fazer uma ligação. –falei.

–O que? –me olhou sem entender.

–Se vamos nos casar preciso das madrinhas e dos padrinhos, certo? –respondi deixando um sorriso divertido surgir em meus lábios.


P. O. V. Tom Kaulitz
 
Eu amo cada detalhe estranho da personalidade de Duda, até mesmo os ataques de fúria e confesso que vê-la irritada a ponto de atirar coisas em mim me deixara extremamente excitado... Estranho, eu sei, mas quando você ama uma pessoa acaba amando até mesmo seus defeitos e suas loucuras.
O fato é que aquela garota mexia comigo de uma maneira incomparável, chegando a me deixar insano e sem noção, literalmente. Cada palavra daquele pequeno resumo era verdadeira, eu estava com medo de expô-la, mas queria assumi-la para o mundo como minha e apenas precisava de seu consentimento.

Foi estranho ser um alvo humano, mas eu pouco me importei, segui desviando, e tudo o que eu queria era tê-la junto a mim, me envolvendo em seus braços.


Hey, stranger, I want you to catch me like a coldEi, estranha, quero que você me pegue como um resfriado

You and God both got the guns
Você e Deus, ambos têm as armas

When you shoot I think I'd duck
Quando você atira eu acho que desvio


Eu estava disposto a me livrar totalmente do meu antigo eu para finalmente ter minha vida dividida com alguém, meu alguém e tomei a decisão final: a pedi em casamento.
A resposta, como sempre, não viera direta e foi preciso que meu cérebro trabalhasse um pouco para compreender, afinal Duda diz tudo entrelinhas, deixa as coisas subentendidas e cabe a mim descobri-las... Meu cérebro jamais trabalhara tão rápido e antes mesmo de ter a frase concluída, o “sim” se mostrara para mim claramente.

Bem, a comemoração começara na cozinha e, quando percebemos já estávamos no quarto entre beijos e peças de roupa voando.

I lead the revolution in my bedroom and I set all the zippers freeEu liderei a revolução em meu quarto e libertei todos os zíperes

We said no more war!
No more clothes!Dissemos sem mais guerras! Sem mais roupas!

Give me Peace, oh kiss me.
Me dê paz, oh me beije.


Estávamos completamente envolvidos pela dança de nossos corpos que conhecem um ao outro em cada pequeno detalhe. Meus lábios ocupavam-se em corresponder aos beijos de Duda, enquanto nossas mãos corriam livremente, explorando os corpos completamente nus. Havia a entrega total de sentimentos e almas, largamos todas as cartas na mesa... Sem jogos ou trapaças.
O quarto parecia esquentar mais a cada toque, cada carícia deixava um rastro ardente em minha pele e os beijos que vinham em seguida causavam arrepios constantes. Não havia controle algum sobre nossos corpos, apenas deixamo-nos levar pelo furacão de emoções que corriam por nossas veias.


We are a hurricane, drop our anchors in the storm.Nós somos um furacão, jogamos nossas âncoras na tempestade.


Nosso desejo parecia insaciável, mas quando tornamo-nos um só esvaiu-se por completo... Era assim sempre que sentíamos saudade um do outro, o que acontecia mesmo quando passávamos a maior parte do tempo juntos, eu jamais me cansava de tê-la em meus braços, meu amor por ela é incansável.

Tendo o ato consumado, deitamo-nos cansados sobre a cama e permiti-me apenas observar aquela escultura em forma humana deitada em meu peito... Eu poderia apenas olhá-la o resto de minha vida e estaria satisfeito. Vendo-a ali tão entregue quanto eu, segura do que queria me deu mais motivação para assumi-la, para assumir que finalmente havia encontrado a pessoa certa.


Oh I confess, I confess to the rumor of us.
Oh eu confesso, eu confesso o rumor sobre nós.


Eu não me importava com mais nada além de ter Duda em meus braços, estava disposto a aguentar qualquer coisa por ela, enfrentaria as dificuldades e a ouviria, aceitando qualquer crítica que viesse com uma boa dose de sarcasmo, como ela sempre fazia.

Fix me or complaints me... I'll take anything.Corrija-me ou reclame de mim... Eu aceito qualquer coisa.


Senti as mãos delicadas e macias envolverem minha cintura, Duda beijou minha mandíbula lentamente e desceu até meu pescoço brincando um pouco ali, enquanto eu acariciava seus braços levemente. Ouvi um suspiro cansado por parte dela, que beijou meu peito, e pousou sua cabeça sobre o mesmo, adormecendo em seguida.
Mantive-me quieto, apenas beijei o topo de sua cabeça e permaneci acariciando seus braços... Estar ali era o que eu mais queria, não poderia estar mais feliz e Duda é tudo o que eu preciso.

Postado por: Grasiele

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