quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Touched By An Angel - Capítulo 20 - Nós e um PÔR DO SOL!


O Sol trouxe-me
A lua capturou-me
O vento enfrentou-me
A chuva alcançou-me
A estrada levou-me
As estrelas esmagaram-me

O amor nos salvou
Agora e de novo...

Time & Again  - A-HA


x.x


Bill estava sentado no banquinho, ele parou de tocar e colocou o violão no chão. Fui até ele e dei um beijo em sua boca.



-Comprei um negócio para você. Sua mãe disse que você adora. Abra a boca e prove!





Quando a colher tocou sua boca, ele baixou a cabeça e a cena a seguir me pegou de surpresa.



Bill bateu a mão  na colher com  força fazendo-a voar longe, bater na parede e cair no chão.





- Não faça isso! Eu sei comer sozinho. Não sou um inválido!  – Ele gritou. - Pare com essa mania idiota de dar tudo na minha boca.



Ele levantou e apoiou na mesa de costas para mim.



- Bill? Por que você fez isso? Eu só faço isso em forma de carinho, eu faria isso também se não fosse deficiente visual! Não faço... -  Minha voz ficou embargada pois minhas lágrimas já insistiam em rolar. – Nunca quis te ofender!



Bill ainda de costas baixou a cabeça pois percebeu pelo timbre da minha voz que eu chorava. Então, virei as costas e saí da sala.


Fui para o banheiro e entrei em uma cabine e chorei. Quando me acalmei, sequei minhas lágrimas, passei um pó no rosto e quando estava saindo Ellen e Patrícia entraram no banheiro conversando animadas, quando me viram com o rosto inchado calaram-se e vieram em minha direção.



- Janny,minha querida, o que aconteceu? Você está bem? – Patrícia colocou sua mão em meus ombros. Preciso falar o que aconteceu? Desabei a chorar. Ellen fechou a porta do banheiro e Patrícia me sentou na cadeira que havia lá e ajoelhou na minha frente e disse:



- Estamos aqui para ajudar, se quiser se abrir, vamos tentar ajudar.


Peguei o papel que Ellen me oferecia e sequei minhas lágrimas, olhei para elas e comecei a falar.



- É o Bill! – Eu disse.



- Ain menina, ele te deu o fora também... Nossa já perdemos as contas de quantas garotas pegamos chorando por ele, não é Pathy? Ele é assim não se apega a ninguém. - Depois o que ouvi de Ellen lógico que minhas lágrimas voltaram com mais força.



- Ellen... Por favor, fique quieta, deixe ela falar, depois você  expõe o seu ponto de vista sobre Bill, porque eu acho que não foi bem isso. Acho que Bill abriu a sua concha, mas está com medo de sair dela ou de deixar alguém entrar. - Olhei para Patrícia e ela sorriu confirmando que já tinha desconfiado de nós dois.



- Nós estamos juntos! Namorando... mas eu não o entendo... Por mais que eu tente, não dá.


- Bom, eu desconfiava que ele gostava de você, não pensei que você o correspondia. - Patrícia disse acariciando minhas mãos. – Não por ele ser deficiente, mas porque pensei que você curtisse o Gustav.



- Acho que nossa briga foi exatamente por isso, acho que ele pensa o mesmo. – Eu disse fazendo uma careta.


- Nunca vi nada entre vocês dois. Só percebi que ele gostava de você porque ele que providenciou aquela surpresa no seu aniversário, ele que comprou o buquê e o bolo para você, e pediu a mim e a Ellen que disséssemos que fomos nós que arrumamos tudo aos outros funcionários do hospital.



Eu sorri, eu tinha certeza que ele tinha alguma coisa a ver com tudo aquilo. Ficamos no banheiro ainda uns dez minutos, conversei com as duas mães e pedi discrição no meu caso por causa das regras do hospital e por Gustav.

Elas me tranquilizaram e então dei outra arrumada na cara inchada, agora bem menos e fui para o meu setor, na saída ainda tentei vê-lo mas ele já tinha ido embora, fui para o estacionamento e logo depois para a faculdade.


Meu coração doía demais, olhei trezentas vezes para o celular mas não era justo, sempre eu que ia atrás, sempre eu que procurava, sempre eu!  Dessa vez, mesmo querendo correr ao encontro dele, decidi que não ia fazer isso.


Como não tive a última aula na faculdade, cheguei em casa mais cedo; minha mãe estava na sala de TV vendo novela, beijei-a e  quando estava indo para o meu quarto ela disse me fazendo parar no primeiro degrau.



- Seu pai ligou de Florianópolis, te deixou um beijo.



- Ok! –Eu respondi rapidamente baixando minha cabeça e subindo mais dois degraus.



- Tudo bem,filha? – Ela perguntou.



- Não! – Falei sem me virar para minha mãe.



- Quer deitar no meu colo e contar o que houve? – Ela questionou.



Corri para o colo dela já aos prantos e contei o que tinha acontecido no hospital, a forma que Bill tinha agido comigo.



- Filha, você pode imaginar como é difícil para ele tudo isso? – Minha mãe disse limpando minhas lágrimas. - Gustav sadio ao seu lado... E ainda mais forçando a  barra para te namorar, porque ele não dá uma brecha a você. E como amigo de Bill, ele deve comentar que gosta de você.



- Mãe, mas não dei motivo... Tudo bem, eu beijei Gustav...


- Então espera aí, você deu um GRANDE motivo! O ciúme juntou com a insegurança e ele não conseguiu segurar. – Minha mãe disse.


- Mas, ele não precisa se sentir inseguro, eu o adoro e jamais faria algo para magoá-lo!


- Eu sei Janice, confio na criação que eu te dei. Mas, filha, não estou passando a mão na cabeça dele, quero que entenda que não achei certo o que ele fez com você, porém, eu não o culpo por ser inseguro. Pára para pensar um segundo, se coloca no lugar dele: Você  deficiente visual e ele perto de uma mulher linda e sadia... E que ele já tivesse beijado. Você se sentiria segura?



- Eu não sou deficiente e morro de ciúmes dele. Quase matei umas garotas essa semana por serem abusadas  com ele. – Eu respondi brava lembrando do acontecido, e lembrei que agi da mesma forma com ele. Fui mal-criada e agressiva do mesmo jeito que ele foi comigo, ou seja, estávamos quites.


- Pois é! Você quer que ele compreenda algo que você mesma não compreendeu... Fica difícil!



Eu me calei, fiquei ali deitada no colo da minha mãe assistindo televisão. Estava quase dormindo, assustei-me com o interfone tocando, minha mãe foi até a cozinha, atendeu e gritou da cozinha:



- Janice pega a pizza para mim, por favor!



- Tá bom! - Eu respondi.



Levantei-me, fui até a porta da sala, abri e desci as escadas para esperar o motoboy com a pizza. Quando eu vi o carro se aproximar, meu coração acelerou e minhas pernas amoleceram. Meus olhos já ficaram marejados e meus lábios começaram a tremer, olhei para cima para tentar fazer o choro ir embora... E foi!



 Ele desceu do carro e disse algo para o motorista. O vidro foi aberto e pude ver Simone no volante; ela acenou para mim e eu para ela. Logo após, fechou o vidro e foi embora. Bill ficou parado no mesmo lugar segurando um lindo e perfumado buquê de rosas colombianas. Estávamos parados ainda no mesmo lugar. Calados!



- Será que estou sozinho aqui fora? Vou morrer congelado. – Ele brincou, sabendo que eu estava ali, na sua frente. - Não gostou das flores?



- Elas são lindas! – Respondi tentando não sorrir.



- Não tanto como você. – Ele disse com um sorriso mega, híper, master, extra charmoso nos lábios. Ele viu que eu estava imóvel ainda e completou:



- Podemos conversar?



 - Sim, pegue no meu braço, vamos conversar na piscina. - Eu disse tocando em seu braço.



Ele pegou no meu braço, demos a volta na casa  e  sentamos cada um em uma espreguiçadeira na beira da piscina. Olhei para ele e o vi suspirar e começar a falar:



- Eu queria pedir desculpas por hoje. Eu fui um completo idiota. Eu ouvi você com Gustav, sorrindo,  feliz...  e acho que acabei me descontrolando.



- Sim, eu estava feliz e daí? – Pensei na conversa com minha mãe – Bill, eu sei que você deve ser inseguro por causa de Gustav, mas ele é um amigo muito querido, como Georg, como Phillip e nada mais. O amo como amigo! Nada mais que isso. Eu me interessei por ele sim, ficamos porém, quando você entrou no meu coração... Bill, não coube mais ninguém dentro dele. Você o preencheu por completo. Você entrou e fechou a porta, não existe mais ninguém com você aqui dentro. Não existe dúvidas dentro no meu peito, o meu coração é seu  e de mais ninguém.



Levantei-me, ajoelhei-me na frente de sua espreguiçadeira e coloquei minhas mãos em suas pernas e disse com uma voz segura e decidida.



- Bill, coloque uma coisa definitivamente em sua cabeça. Se eu quisesse Gustav ou outro garoto, eu já estaria com ele. Mas, não quero. Eu quero você!



- Eu sou um defici...



- Eu sei ! – Eu segurei suas mãos com força e as apertei. - Eu sei muito bem o que você é. E não preciso de você e nem  ninguém para me lembrar disso a todo segundo. EU, Janice,  estou ciente do que você é e tô cagando e andando para a sua deficiência. E juro que é a última vez que digo isso para você. Eu não me importo para a sua deficiência. Eu quero que ela se exploda de verde e amarelo. Eu quero estar do seu lado, eu estou sendo clara? Você tem alguma dúvida sobre os meus sentimentos depois de tudo isso que eu te disse? – peguei fôlego e continuei. - Não sei se tudo isso vai durar um mês,  dois anos ou a eternidade. Qualquer relacionamento entre duas pessoas, deficientes ou não, esse fator não podemos saber ao certo. O futuro não nos pertence.



- Eu sei! - Ele limitou-se  a falar, mantinha a cabeça baixa e ainda com as mãos entre as minhas.



- Bill... Meu anjo... A única coisa que sabemos é que estamos apaixonados e não conseguimos mais ficar longe um do outro... Não podemos!


Ele me abraçou com força, como se eu fosse fugir dele, eu o abracei forte também para mostrar que eu não ia sair dali sem ele, o abracei forte para afastar todas as dúvidas existente em sua mente. O abracei forte para provar que ele era o único homem que eu amava realmente.


Ele enfiou os dedos finos e gélidos entre meus cabelos  e me afastou de seu corpo, tocando meu nariz com o dele, ele me beijou com vontade, deitando na espreguiçadeira levando-me  para cima dele. O beijo dele me envolveu de uma maneira enlouquecedora acendendo todos os meus instintos.

Eu ficava sem chão, sem ar  eu ficava anestesiada quando ele me beijava daquele jeito sensual e ao mesmo tempo terno. Eu perdia totalmente os sentidos quando ele me tomava em seus  braços e se esfregava inteiro em mim.



- Desculpe-me por hoje, Jen! – Ele disse muito sincero e arrependido.





O olhei, beijei seu  lábio rapidamente  sem responder nada... palavras...


Pra que palavras num momento em que nossos corpos gritavam histericamente, um com o outro?


Ficamos ali na beira da piscina, nos beijando até pegarmos no sono profundo, abraçados e espremidos na espreguiçadeira. Acordamos com os primeiros raios de sol nascendo.



- O sol já está nascendo! – Eu disse baixo ainda em seus braços.



- Sim, eu estou sentindo. Quente e acolhedor. – Bill respondeu se espreguiçando.



-Muito lindo! – eu disse deitando em seu peito.



- Só não é mais lindo do que você. -Ele disse beijando minha testa.



- Não. Não é mais lindo do que você. - Eu sorri chegando mais perto dele. Ele sorriu, me deu um selinho e disse sentando-se:



- Melhor eu me levantar antes que fiquemos nesse, é você... não é você... é você, até amanhã de manhã. E outra, melhor ir embora antes que seu pai chegue de Florianópolis e me veja dormindo com a filha dele.



- Ele vai te agradecer por apenas dormir com a filha dele. – Eu disse deitando em seu ombro já sentada ao seu lado e séria perguntei. - Estamos craques nisso, né?


- Nisso o que? Como assim? – Ele deitou sua cabeça e a encostou na minha.



- Em passarmos a noite inteira juntos e apenas...assim... só dormir!



Bill desencostou a cabeça da minha e sorriu divertido.



- Bill, isso não te deixa...assim...meio... frustrado? – Eu perguntei sorrindo timidamente.



- Muito... Até por que, o meu desejo por você chega ser quase incontrolável e quase beirando a loucura. Ainda mais que os deficientes visuais desenvolvem o olfato muito mais do que as outras pessoas e o seu cheiro é algo assim: Afrodisíaco. – Ele respondeu sorrindo e levando a cabeça até o meu pescoço e inspirando o meu perfume.- Jen, quando sinto o seu perfume eu sinto vontade de te morder inteira. De lamber sua pele e de te beijar até você gritar e me pedir para parar.



Eu fechei os olhos e me imaginei, deitada nua sendo mordida, lambida e beijada por ele.



- Nossa...



-O que foi?  - Ele perguntou.



- Você falando dessa forma, me imaginei a seu mercê e me deu uma puta vontade de...



- A casinha de boneca do playground fica longe daqui? Podemos colocar na portinha rosa uma placa: “Não atrapalhe, Barbie ocupadíssima montando um super lego”. -Nós dois sorrimos e ainda sorrindo eu disse. -Tenho certeza que Tom apareceria e nos interromperia.



- Eu não duvido, do jeito que é um E.F.! – Ele disse.



- O que seria um E.F? – Eu perguntei.



Bill colocou os lábios no meu ouvido e sussurrou. Eu não aguentei a explicação e dei uma gargalhada alta e o abracei forte. Deus como ele era divertido. Como eu me sentia leve e feliz ao seu lado. Então eu parei de rir, fiquei séria novamente e finalizei:





- Quero muito fazer amor com você...Muito...Demais! - Ele parou de rir e respondeu-me:



- A nossa hora vai chegar, Jen! E acredite, será mais lindo, intenso e muito mais quente que esse nascer do sol.



Ele me beijou rapidamente nos lábios, levantou-se e depois ele me apressou pois íamos perder as sessões. Fomos até a sala onde ele sentou no sofá para me esperar, quando estava no meio da escada, virei-me e perguntei:



- Como sabia que meu pai estava em Florianópolis e que vai chegar hoje de manhã?



- Eu liguei pra você ontem a noite, você estava na faculdade, sua mãe atendeu, ficamos conversando e ela me disse.



Sorri, subi para me aprontar às pressas. Desci e quando passamos pela varanda para irmos para o hospital, minha mãe estava arrumando as flores na varanda.



- Tchau, Jackeline – Bill se despediu.


- Tchau, Bill!





Fui até minha mãe, abracei-a, a beijei  e disse por fim:



- Obrigada, mãe. Eu te amo demais!


- Eu também, minha filha!



Desci as escadas e abri a porta para Bill entrar. Fomos para casa dele esperei–o tomar banho e fomos juntos para o hospital.










- Vi o carro da Janice saindo daqui de casa. Bill dormiu aqui?



- Dormiu!



Jackeline respondeu sem dar muita importância ao marido.



- Dormiu? – Hélio perguntou ainda segurando a mala na mão.



- Apenas dormiu!



- E como você sabe que apenas dormiram? –Ele insistiu na pergunta.



- Por que eu vi, dormiram na piscina.



- Bom...se acontecer alguma coisa, a culpada é você!



Jackeline sorriu , virou para Hélio e disse:



- Não se preocupe porque a minha filha está muito bem instruída e graças à DEUS, está se envolvendo com um rapaz de boa índole e muito responsável. Eu confio neles e sei que se um dia tiverem relação, Bill e ela  tomarão todas as precauções necessárias, porque são ajuizados. Não vão fazer como nós que na primeira vez que tivemos a nossa relação já nos tornamos pais.



Jackeline olhou para o marido com desdém  e entrou para casa.







**





Parei o meu carro no estacionamento para evitar os comentários.



- Bom, já que não podemos lá dentro... -  Puxei Bill e o beijei.


Entramos separados, ele na frente e eu atrás.


 Na hora do almoço, saí da minha reabilitação e vi Ellie e Bill no jardim conversando. Fui até os dois e dei um beijo em Ellie, discretamente acariciei a mão de Bill. Estávamos conversando antes do almoço. Quando ouvimos Gustav chamar por Bill, dei um passo me afastando de dele.



 - Bill! – Gustav abraçou o amigo com carinho, depois dando um beijo em Ellie e depois em mim.



- Oi,Gus. – Bill também sorriu para o amigo.





- Bill, a Samara mandou te chamar urgente na sala dela. Os médicos que irão te operar estão em São Paulo para uma conferência e vieram até o hospital para te ver. Seu pai está vindo para cá para participar da reunião.





Eu congelei por inteira, travei minha respiração e olhei para Eleonora que me olhou assustada e preocupada ao mesmo tempo.


x.x


Próximo Capítulo.


-E ai?O que eles disseram,Bill? Quais são as novidades?  -Eu disse não segurando minha aflição. 
  
-Jen , eu ia te dizer sobre a minha opera... 
  
-EU já sabia sobre a sua operação,Bill! O que eles disseram?Quando você opera? –Eu disse o interrompendo.

-Precisamos sair daqui...Agora! –ele disse deixando-me mais nervosa e angustiada.

Postado Por: Grasiele

Touched By An Angel - Capítulo 19 - Eu sou ciumenta!


Os dias foram passando, Bill e eu  assumimos o nosso namoro. Bom, assumimos em termos,  no hospital tivemos muito cuidado, pois eles não aceitavam muito bem namoro entre funcionários e ainda a coragem faltava-me para contar para Gustav; ele foi tão legal em me arrumar aquela vaga, tinha sido tão bom como amigo, e um dos fatores principais: não queríamos que ele ficasse bravo ou de  “cara” com Bill.


Depois que tivemos aquele sonho, sonho esse que eu tive certeza absoluta que, pelo menos por uma noite, Deus concedeu a bênção de enxergar, a Bill. Nós dois tivemos essa mesma certeza, e esse sonho nos uniu muito mais, algo em Bill mudou, certos medos e dúvidas tinham cessado. Só o nosso ciúme que a cada dia aumentava mais, talvez por nos amarmos demais e intensamente. Ainda não sabíamos controlá-lo muito bem... muito bem,  nada. Eu pelo menos não sabia controlar MESMO!

Um dia estávamos conversando no jardim, como sempre fazíamos quase todos os dias antes de irmos para a nossos afazeres, quando minha primeira cena de ciúmes aconteceu de forma vergonhosa.

Eu estava levantando-me do banco para ir para a reabilitação, quando duas garotas passaram por mim quase me derrubando, se aproximaram de Bill, me ignorando completamente, e o abraçaram carinhosamente.



- Bill, minha irmã teve alta hoje e não poderei mais te ver. – Disse a ruivinha mais saliente. - Vou deixar meu telefone no seu bolso. Por favor, me ligue, vamos beber alguma coisa. - A atrevida enfiou a mão no bolso dele e enfiou o papel, com certeza ali continha o telefone dela.
-Sentirei tanto a sua falta!  –A oferecida concluiu.


Se jogasse água quente nas duas com certeza daria uma bela canja! Que raiva, eu ali era invisível. Afastei-me um pouco e só observei a cena que estava começando a me irritar profundamente. As duas sorriam descaradamente, Bill disse algo que não pude ouvir, com certeza uma piadinha, pois as duas gargalharam alto e uma delas tocou o braço dele ao falar algo, que o fez sorrir também. A minha vontade era de voar no pescoço dessas duas “vagaranhas”.




- Bill! - O chamei fazendo as duas olharem com desprezo para mim . – Vamos nos atrasar para aula. –E disse o olhando,ignorando os risos das garotas.



- To indo, Jen!  - Ele disse ainda sorrindo para as biscates.


- Bom ou você vem agora ou nossa aula fica para outra semana. – eu disse fula da vida, tentando de todas as formas controlar meu ciúme.





As duas mais uma vez me olharam com um risinho ordinário nos lábios. Nossa... só Deus sabe o quanto me controlei para não chegar perto dele e o beijar a boca. Só não fiz isso porque nossos empregos estavam em jogo. Mas a vontade que me consumia era quase “FROM HELL”!




- Bill, To indo e ...



- Não Jen, to indo com você!





Bill se despediu rapidamente das garotas, quando ouviu meus passos se afastando para deixá-lo a mercê das sanguessugas. Eu não o esperei, segui em frente em passos rápidos; cheguei primeiro na sala e sentei-me. Depois de poucos segundos ele entrou, fechou a porta e sentou na minha frente. Dei graças à Deus que a sala estava vazia... porque meu humor já estava atacado. Aquelas duas tinham chutado para a ... ain que raiva daquelas ruivas, cabelo de água de salsicha!




- Vamos aprender algumas pronúncias hoje. – Eu disse olhando-o com raiva. - Quero que você repita comigo a seguinte frase: "Eu sou um filho da puta"!



- Hã? - Bill franziu a testa.



- Repita comigo: "Eu não tenho vergonha na cara"! –Eu aumentei o tom de voz com ele.



- Jen? É sério isso? Tenho que repetir isso mesmo? –Ele disse confuso.



-Lógico que é sério. Repita, vamos? Eu sou um sem vergonha e dou em cima de todas as meninas desse hospital.



Bill ouviu a minha última frase, baixou a cabeça e soltou um risinho que me deixou mais nervosa ainda. Ele tinha matado a charada do motivo do meu “bom Humor”. Eu me aproximei dele e perguntei:



- Bill, o que foi aquilo lá fora?


- Aquilo...Aquilo exatamente o quê? - ele perguntou ainda sorrindo.


- Aquelas duas oferecidas te dando mole, passando a mão em você, como se você fosse um corrimão do metrô, se jogando em cima de você. Por que deixou elas agirem assim com você?


- A Tay e  a Tati?  –Ele perguntou agora sério.



- A Tati? Poxa, que intimidade!  - Eu disse já com o rosto “azul” de ciúmes  - Você já ficou com ela?


- Hummm... –Bill colocou um dedo no queixo e fingiu que pensava.


- A aula acabou aqui, se quiser pede para Tati ou Jay te ensinar português. –Eu esbravejei.


 -É Tay, não Jay! – ele me corrigiu.





Eu estava com o meu estojo de canetas na mão, o olhei e juro que minha vontade foi de tacar na cabeça dele com toda a força do mundo. Só não taquei por que seria muita covardia da minha parte, mas eu quis e desejei muito!  Afastei-me da mesa e comecei a juntar os materiais que estavam na outra mesa.




- Janice, pra quê tudo isso? –Ele disse com uma voz baixa e calma.



Eu  peguei minhas coisas da mesa e já estava me dirigindo a porta para sair da sala quando o ouvi.



- Jen!



Ele sabia que me chamar de Jen, era uma das minhas fraquezas em relação a ele. Meu coração apertou quando ele me chamou e fechei os olhos tentando pegar meu orgulho e sair daquela sala e deixá-lo ali a ver navios.





- Fala! – Eu parei perto da porta.


- O que está acontecendo? - ele perguntou levantando-se da mesa.


- Nada! Só que hoje não teremos mais aula. - Eu disse tentando segurar minhas lágrimas de ódio.



Ele se aproximou de mim, colocando as duas mãos na porta, me prendendo no meio de seus braços. Preciso dizer que eu já estava com as pernas bambas e com meus pêlos todos arrepiadíssimos?



- Por que não teremos mais aula hoje? – ele questionou encostando seu corpo todo no meu.


- Por que sim, oras!


- Está com ciúmes delas? – ele perguntou com a voz baixa, soltando a respiração quente no meu rosto.


- Eu não...Não tenho ciúmes! Ciúme é para os fracos. –Eu responde tentando ser convincente.


- Sei...


- Não é ciúme, é que... é que...



- É que...O que? - Ele perguntou se fazendo de desentendido.


- Não gosto desses olhares que você recebe, não gosto dessas mães que chegam perto de você tocando em você e suspirando de amor, essas garotas atrevidas... Não gosto e não quero você perto delas! Elas te tocam como se você fosse propriedade delas! Você agora é meu! Só meu e não quero que elas te toquem e te olhem dessa forma! –Eu disse realmente brava e sentida.


- Só seu? É... não sabia...Fala de novo que eu sou só seu...fala – ele provocou sorrindo diabolicamente sexy passando a ponta da sua língua quente no lóbulo da minha orelha.



Eu me aproximei mais dele e beijei o seu queixo  e coloquei  minhas mãos por dentro de sua jaqueta. Subi meus lábios até os lábios dele e o beijei. Nossa, como era delicioso beijar aquela boca bem desenhada, carnuda, quente e macia. Nada era mais gostoso!  Aquela língua, aquele hálito de colgate... Minha espinha congelava quando estava nos braços de Bill. Eu poderia passar as 24 horas do dia beijando aquele boca, sem água, sem comida e sem respirar. A boca dele me satisfazia por completo.



- Meu...Só meu! – Eu disse ao finalizar o beijo. – Será que dá para você ser menos charmoso, menos encantador, menos engraçado e menos maravilhoso, por favor?



Voltei a beijá-lo. Só que dessa vez ele tirou as mãos da porta e me abraçou. Não queria que o beijo terminasse, não queria sair dali. Aquele abraço era tão caloroso e reconfortante.Ele terminou o beijo e disse baixo:



- Preciso ir agora,tá? – Ele falou ainda com o rosto grudado ao meu, apenas com nossas bocas separadas.



- Não... Não vá ainda... – Eu me virei  de costas para ele e comecei a esfregar-me nele. –Me beije mais!



- Eita....Golpe sujo e baixo esse que você está usando. – ele disse pegando em minha cintura e se esfregando em mim também. Passou suas mãos pela lateral de meu corpo e segurou meus seios com força, me fazendo gemer baixo. Ele beijou meu pescoço e outro gemido saiu dos meus lábios.



- Promete que vai ficar longe dessas FULANINHAS? – eu perguntei gemendo ainda me esfregando nele descaradamente.



- Pedindo desse jeitinho...sim, eu prometo! - Ele me virou rapidamente, colocou suas duas mãos no meu pescoço e finalizou. – Prometo,sim! Agora preciso mesmo ir. Depois no falamos! Podemos ir embora juntos, ok? - Ele disse carinhoso tentando se afastar do meu corpo.



- Tá! –Eu apenas respondi.



Quando ele estava abrindo a porta, eu enfiei a mão em seu bolso, peguei o telefone da tal da TAY e rasguei em pedacinhos.



- Eu ia fazer isso, já. – ele disse sorrindo.



- Tarde demais, eu já fiz! E que esse seja o último. - Eu finalizei sorrindo. –Por que hoje eu estou rasgando o papel , da próxima vez eu rasgo a cara de quem ousar enfiar a mão no seu bolso.




Ele sorriu tão sedutoramente que naquele momento perdoei todos as mulheres e garotas que cobiçavam ele, afinal era impossível não babar e suspirar por Bill.
Ele foi para a musicoterapia e eu para a reabilitação. Mais tarde, o deixei na casa dele e fui para faculdade.


Cheguei na faculdade, me sentei longe da galera, só Ellie, Phillip e Georg sentaram comigo.

Estávamos conversando quando ouvi Vinicius sorrir e dizer alto em som de deboche:


-  É Mauro, já diz o ditado: "O maior cego é aquele que não quer enxergar as coisas que estão bem na sua cara!".



Ninguém riu da piada de Vinicius, mas todos me olharam sérios. Eu fingi que não foi comigo. Levantei-me e disse para Ellie, Ge e Phill:



- Vamos subir, não quero mais olhar para cara desse babaca.


- Nossa, não quer mais olhar para mim? Simples ..Fique cega como o seu namoradinho!


- Janny, não entra na dele! Esse cara sempre foi um idiota, invejoso... - Ellie olhou para Vinicius com raiva e disse:


- Está com dor de cotovelo porque você nunca deu bola pra ele... Perdeu Playboy!



Agora sim todos riram da cara de Vinicius. Ele corou e fechou os punhos de raiva.



- Quer saber Ellie? Não vou assistir aula hoje vou terminar minha noite de uma forma muito melhor. Nos braços, no colo e na cama da pessoa que eu amo.



Dei um beijo em Ellie e nos meninos, e ao passar na frente de Vinicius meu suco de laranja foi jogado todo em seu rosto. Saí da lanchonete com gritos e gargalhadas todos contra Vinicius. Peguei meu carro e fui onde meu coração me mandava ir.



Anunciaram-me na portaria do condomínio, a cancela foi aberta e entrei. Parei meu carro na frente da casa de Bill. E Simone me recebeu com um abraço gostoso e disse:



- Chegou na hora certa para o jantar!



- Jura? Acabei de comer um sanduíche na lanchonete. Que pena! Eu disse ainda sendo abraçada por ela.



-Mas a sobremesa não vai recusar, né? Mousse de maracujá! –Simone me soltou pegando em minha mão.


- Ain Simone, quer me engordar? - Rimos e entramos na casa.



- Vou chamar Bill, ele deve estar dormindo.



- Posso ir chamá-lo? –Eu a interrompi.



- Pode! –Ela sorriu meio em dúvida.



Subi a escada correndo, alcancei o corredor, e a porta estava meio aberta. Abri devagar e pude vê-lo deitado na cama dormindo, apenas a luz do abajur o iluminava. Cheguei bem perto e o observei como ele era estupidamente lindo. Tudo nele se encaixava em uma perfeição de doer os olhos, agachei perto da cama e beijei sua boca, ele se mexeu, mas não acordou, mais uma vez fui e lhe dei um beijo na boca e sussurrei:



- Acorda, meu anjo...


- Jen? - Ele falou sonolento e quase num sussurro também.


- Oie!  – Disse beijando seu rosto com carinho.



- Estava sonhando com você! - Ele disse ainda sonolento.


- Um sonho bom ou ruim? –Eu perguntei sorrindo e fazendo carinho em seus cabelos negros desalinhados.


- Um sonho ótimo! –Ele sorriu.

-Pervertido?



Bill sorriu e não pude deixar de me emocionar ao vê-lo sorrir tão docemente. Meu DEUS como ele era lindo...Eu já disse isso? Desculpe, mas eu tinha que dizer mais uma vez.
 Não... Não era apenas lindo, carinhoso, engraçado; estar com ele me completava de uma maneira tão mágica. Quando eu estava ao seu lado eu sentia que nada podia me fazer mal. Que éramos os dois contra o mundo.



- Não, não era pervertido! –Ele disse virando-se para mim.


- Que pena!


-E a faculdade como vai? –Ele perguntou. Eu sabia onde ele queria chegar.


-Vai bem!


-E porque a senhorita não está estudando?


- Por que meu coração tava doendo de saudades de um certo alguém!


- Não quero que você perca aula! Você esta perdendo muitas aulas.


- Ok, fala isso pra ele! –Eu disse.

- Pra ele quem?


- Para o meu coração!


- Sem essa Janice, não quero depois que me culpem de algo.


- Você não está feliz que eu estou aqui? – Perguntei séria.


- Tô... Mas, não quero que...


- Tá, vou embora!



Levantei-me e inexplicavelmente ele alcançou meu braço. Juro que às vezes eu tinha certeza que ele fingia que era deficiente visual porque ele fazia umas coisas que me surpreendiam.



- Jen, só não quero que depois você escute coisas, entende?



Ele ainda segurava meu braço, então me puxou para perto dele e me deu um beijo. Deitei-me ao seu lado e ali ficamos nos beijando até ouvirmos uma batida forte na porta.

ERA ELE...Novamente...TOM!



- Vou entrar posso? Estão todos devidamente vestidos?



- Sim, pode entrar Tom!  -Eu disse o olhando e sorrindo.



Tom entrou e me deu um beijo na bochecha e sentou ao lado do irmão na cama.



- Mamãe pediu para dizer que o jantar foi servido.



- Tá, vamos descer!


Bill levantou e foi ao toalhete e Tom e eu, ficamos no quarto.



- Você está gostando dele?-Tom olhou-me e perguntou-me.


- Sim!


- Não o magoe! –Tom era sério.


- Jamais faria isso com alguém tão maravilhoso.



- Vai assumi-lo diante de toda a sociedade?



-Já assumi e com muito orgulho! Só não assumimos no hospital, porque lá temos algumas regras.



Tom me olhou ainda muito sério e disse:


- Não quero que ele sofra!


- Não quero que ninguém sofra, odeio ver pessoas sofrendo seja ele deficiente ou não! Não podemos colocá-lo em uma redoma de vidro. Mágoas e outras coisas ruins vão atingi-los hoje ou amanhã.



- Se depender de mim, nada disso vai atingi-lo. Nada! Prefiro que me atinjam, me magoem que me pisem e me destruam, mas ele, eu quero intacto.



- Tom, fique tranqüilo! -Eu disse batendo em sua perna devagar. Sorri para ele e o irmão de Bill me devolveu um sorriso lindo.


Bill saiu do toalete e o abracei e descemos para o jantar. Não jantei fiquei com Carolina e quando foi servida a sobremesa peguei um pedaço de mousse de maracujá e comecei a dar pequenas colheradas na boca de Bill, isso passou a ser um vício.
 Depois da sobremesa me despedi e Bill me levou até o carro. Nos despedimos com um longo beijo e com muitas palavras de carinho.


Quando cheguei em casa meu pai estava no sofá, o beijei e fui direto para o meu quarto. Sim, eu estava evitando-o! Até por que estava tão feliz que não queria estragar toda aquela felicidade com pessoas preconceituosas.






No outro dia de manhã quando cheguei no hospital, Gustav me pegou já na entrada.





- Janny, você sabe os horários e os nomes dos pacientes que você atende na semana?

- Sim! –Eu respondi guardando a chave do carro na bolsa.

- Pode me passar? Preciso fazer uma planilha. -Gustav explicou.

- Lógico, posso tomar café primeiro?  –Perguntei.

- Janny, é que Samara está pedindo isso urgente.

- Posso te passar enquanto tomo café?

- Tudo bem! –Ele finalizou.



Sentamos em uma mesa da lanchonete  e  comecei a passar a lista. Durante o café, nossa conversa se desviou e Gustav me contou de como a professora Glaucia quis forçar a barra com ele, o agarrando na sala de fisioterapia, a professora tem 52 anos e há 20 não beijava!   Pelo menos foi isso que disse a Gustav quando estava o agarrando em cima dos colchões. Comecei a rir diante daquele fato.



- Nossa, quero rir também. - Paramos de rir quando Bill se aproximou.


- Gus, tava contando um fato engraçado. –Eu disse sorrindo e limpando minhas lágrimas.


- Imagino!  Estou indo para sala de musicoterapia.

- Tudo bem, me da um segundo e já estou indo para lá. – respondi.





Bill nada respondeu , virou as costas e seguiu para a sala. Terminei de fazer a listagem com Gustav e fui para ao encontro dele para a nossa aula.



- Cheguei! – Disse quando entrei na sala.



Bill estava sentado no banquinho, ele parou de tocar e colocou o violão no chão. Fui até ele e dei um beijo em sua boca.

-Comprei um negócio para você. Sua mãe disse que você adora. Abra a boca e prove!


Quando a colher tocou sua boca, ele baixou a cabeça e a cena a seguir me pegou de surpresa.


x.x



Próximo capítulo:


Fui para o banheiro e entrei em uma cabine e chorei. Quando me acalmei, sequei minhas lágrimas, passei um pó no rosto e quando estava saindo, a porta se abriu e assustei-me...

Postado Por: Grasiele

Touched By An Angel - Capítulo 18 - Phantomrider



Anjo, não chore
eu encontrarei você
do outro lado...

Phantomnrider  – Tokio Hotel



x.x



POV Bill


Demorei mais tempo no banho. Não sei exatamente quanto tempo fiquei, mas sentia meus dedos enrugados nas pontas, estava completamente absorto em pensamentos, tentando lembrar quando me senti tão vivo como quando estava com Janice no quarto. O cheiro da pele dela, só de me lembrar do cheiro e da maciez da sua pele eu fico entorpecido, entro em transe.

Mergulhei a mão dentro da banheira, encostei a cabeça na beirada e me deixei levar pelas lembranças daquele momento maravilhoso. Cheguei a sentir o cheiro do hidratante de pêssego no corpo dela, e a forma como ela massageava minhas costas com suas delicadas mãos, engoli a saliva que encharcava minha boca, e pronto. Minha vontade era de ligar pra ela e pedir para que ela voltasse...com um pote de pêssego, pois estava faminto, não só do pêssego, mais faminto por ela.





- Bill, filho! Tudo bem? – Fui desperto por minha mãe com uma voz traquila, mas preocupada.

- Eu já estou saindo mãe, só um minuto. – respondi tateando para fora da banheira, pegando a toalha e me segurando na barra de proteção; respirei profundamente, irritado pela interrupção. Não me sequei apenas me enrolei na toalha. -  Pronto, pode entrar.

- Bill querido, você sabe há quantos minutos você está aqui?


- Não mãe, mas eu sei que você vai me lembrar, como faz todas as vezes que demoro no banho. – brinquei tentando tirar a seriedade da voz dela. Poderia jurar que ela estava com as mãos na cintura e me olhando com cara de brava. E podia jurar que ela tirou a cara de brava assim que terminei minha frase. – Eu não estou tentando me suicidar mãe, só estou aprendendo a nadar. – Sorri, ouvindo a risada baixa dela.

- Você está com uma carinha de cansado.

- Eu estou cansado mãe, nadar nessa banheira não é fácil, quero uma piscina no meu quarto de aniversário. -  Ouvi novamente sua risada.

- Você está muito animado hoje, mas é melhor que você descanse, interfone quando você terminar, trago seu jantar aqui no quarto se você quiser.

- Obrigado mãe, mas estou sem fome.  Eu só quero dormir agora, eu como amanhã.

- Certo querido. Pise nesse pano senão você vai escorregar. Durma bem meu amor. -  Jogou o pano sobre meus pés e me deu um leve beijo na bochecha.





Não estava calor, mas também não sentia frio. Coloquei apenas uma calça de moletom preta e me enfiei dentro dos edredons. Juntei o maior número de travesseiros em minha volta encostei a cabeça no travesseiro maior, deitado de cabeça pra cima.

Voltei a pensar naquele momento, tentei imaginar Janice, como seria seus olhos? Nunca perguntei a cor deles, seu cabelo eu sabia que ela loiro, pois uma vez brinquei com ela durante a reabilitação perguntando se ela estava com dificuldade de achar a música porque era loira. A resposta dela me confirmou a dúvida. Sorri ao lembrar dessa cena e me peguei imaginando como seria o sorriso dela? Deus, como eu queria ter apenas 1 minuto de visão para olhá-la, para confirmar que ela é tão linda por fora como é por dentro.
Senti aquele calafrio, o medo de pensar que talvez estava indo longe demais, e que estava alimentando algo que não era certo. Respirei fundo e senti minha mente esvaindo, meu corpo relaxando, estava pegando no sono. Senti um cheiro conhecido em dos travesseiros.



- O melhor perfume do mundo...  – Sussurrei ao sentir o cheiro de Janice em um dos travesseiros, o peguei e cheirei profundamente, e sem saber se foi o efeito do perfume, apaguei.


Meu corpo estava leve, e eu podia sentir um vento gelando meu corpo. Pensei que tivesse me revirado durante a noite e o edredom estava no chão. Mas lembrei que a janela não estava aberta, ou pelo menos, minha mãe nunca deixava a janela aberta à noite; foi quando me levantei num impulso e senti algo estranho abaixo dos pés.

Não era a madeira lisa do carpete do meu quarto, era algo áspero e morno. Procurei meu chinelo com o pé e não o encontrando, voltei para me deitar na cama, tateei, mas não consegui achar. Meu coração acelerou e chamei pela minha mãe, não obtendo resposta. Meu coração acelerava cada vez mais, o silêncio me enlouquecia e me deixava com medo.

- Isso tem que ser um sonho. – Sussurrei sentindo uma gota de suor descendo em minha testa; sequei e com medo de  esbarrar em algo ou cair, parei sentindo aquele chão desconhecido esquentando meu corpo através dos pés. Parei novamente, tentando recuperar o fôlego e manter  a calma, apertei minhas mãos  e imaginei Janice enquanto inspirava.

- Bill? -  Sua voz doce me chamou e o frio da espinha voltou, mas não como medo, agora como alívio.

- Jen? –Perguntei

- Abre os olhos Bill. -  Sua voz estava tão doce, tão aconchegante e calma que o medo foi se esvaindo enquanto voltava a caminhar, seguindo o som de sua voz. - Abre os olhos meu amor.


Parei novamente, sem entender o porquê de ela pedir para eu abrir os olhos; voltei a sentir uma pontada de medo, e apertando meus olhos os abri devagar, sentindo um ardor. Uma luz forte atravessou minha visão e fechei os olhos rapidamente, piscando diversas vezes até que os abri novamente, aos poucos ficando paralisado.

Um conjunto de cores que nunca vi, presos a postes, mudando de cor em uma longa avenida deserta. Prédios. Nunca pensei que fossem tão altos, e pequenas luzes de cores muito bonitas. Cores! Olhei para um dos enormes postes preto e um deles tinha três círculos que mudavam de cor a cada minuto. Quando um estava de uma cor, o outro logo a frente ficava na cor inversa. Eu estava extasiado, paralisado com tamanha beleza.

 Olhei para o chão e pisei com mais força ao sentir o asfalto debaixo dos pés. Gostava daquela cor escura, mas gostava muito mais dos faróis de trânsito. Aquilo era mágico, sorri ao ver a coreografia de cores perfeita e percebi que no meio de tudo aquilo, de toda aquela beleza, não estava Janice, e novamente o frio na espinha.

- Jen? Você ta aí? – Meu coração acelerou, eu estava enxergando, e se Janice estivesse ali...

- Estou aqui. -  Ouvi sua voz divertida e desviei meu olhar dos faróis, ainda entorpecido por toda aquela informação. Desci meus olhos e havia uma moto parada logo a frente, e uma mulher encostada sobre a moto. Cabelos loiros e longos, os braços encostados no banco da moto eu forcei os olhos para enxergar melhor, minha vista parecia embaçada e os cocei, de longe pude ver algo brilhando em seus olhos. São claros, imaginei sem conseguir soltar as palavras.

Caminhei devagar, com medo me aproximando daquela que prendia o olhar nos meus de uma forma que me fazia sentir como se estivesse flutuando. Um sorriso largo ameaçou brotar, e ela mordeu os lábios ao olhar para minha boca. Não tinha certeza do que estava vendo e minhas pernas tremiam, abri a boca, mas as palavras não saíam. "Droga, será que fiquei mudo agora que consigo ver?" Pensei sem conseguir ouvir o som da minha própria voz martelar na mente “Janice?”.

-  Jen? – Perguntei com a voz tão baixa que jurava que ela não havia escutado. Então sua resposta veio em um sorriso largo e branco, que fez com que meu corpo se incinerasse, um formigamento subiu da ponta dos meus dedos dos pés até os dedos das mãos e o tremor se tornou em uma quase convulsão, tremia como se estivesse com frio, mas me sentia quente. Era ela, meu Deus, linda não é exatamente a palavra que eu gostaria de usar.

Na verdade, nenhuma palavra se encaixava no que eu estava querendo dizer quando vi aquele sorriso. Instantaneamente meus passos se alargaram e caminhei rapidamente até ela, vendo suas mãos se esticando a caminho do meu rosto.

Segurei suas mãos com força, tentando manter meu equilíbrio e a impedi de fechar os olhos para me beijar.

Segurei seu rosto com minhas duas mãos, tentava observar o rosto, mas seus olhos me atraíam como imãs, estava preso neles e só consegui desgrudar meus olhos quando senti sua respiração quente próxima a meu rosto. Observei seu nariz perfeitamente desenhado, a maçã do seu rosto coradas e seus lábios, úmidos, me pedindo para um beijo eterno.

Dedilhei o contorno deles, sentindo a saliva molhar minha garganta que estava seca e voltei para o par de olhos que exercia reações inexplicáveis em meu corpo.

- Q-que cor é essa? -  Perguntei com dificuldade, enquanto passava meus dedos delicadamente sobre suas bochechas.

- Ahn? -  Me perguntou ainda com o sorriso enlouquecedor nos lábios.

- A cor dos seus olhos, que cor é essa?

- Azul. -  Respondeu mordendo o lábio inferior.

A partir de hoje é a minha cor favorita. – Sorri, vendo o sorriso dela se alargar, eu não acreditava que estava vendo, e não conseguia entender como alguém poderia ser tão perfeita. Meus olhos saíram dos seus com certa dificuldade para que eu pudesse observar a parte que minha boca gritava para sentir. Umedeci meus lábios e com as costas das minhas mãos desci por sua bochecha, encaixando minha mão direita em seu fino pescoço, ouvindo um leve gemido dela ao receber meu toque, seus olhos se fecharam e pedi para que ela os mantivessem  abertos.

Novamente os ímãs azuis prenderam meus olhos enquanto encostava sobre seu corpo o pressionando sobre a moto, sentindo meu corpo latejar ao sentir o corpo dela no meu. Sentia seu hálito doce muito próximo ao meu, encostei a ponta de meu nariz no dela, “nariz perfeito” pensei enquanto senti levemente seus lábios gelados encostarem nos meus. Ela ameaçou fechar os olhos, mas se lembrando do que havia pedido os abriu novamente, buscando o meu assim que os abriu.

Minha língua imediatamente invadiu sua boca, transformando nossos lábios gelados em duas cordas flamejantes. O toque de sua língua na minha me ascendeu de imediato, apertei sua cintura contra meu quadril, ouvindo seu gemido abafado.  A sensação de poder olhar dentro de seus olhos enquanto a beijava e ver a reação deles ao sentir o toque de minha língua me deixava mais excitado.

Consegui desgrudar, com muita dificuldade os meus lábios dos dela, não consegui manter meus olhos abertos ao sentir o cheiro floral do seu cabelo enchendo meus pulmões quando me abraçou tão aconchegante.



- Eu posso voltar a ficar cego agora. -  me afastei, voltando a abrir os olhos e me perdendo naquele azul intenso e brilhante de seus olhos. – Pois eu já vi TUDO o que queria ver. – Senti as maçãs do meu rosto queimar quando uma lágrima desceu de seus olhos perfeitos e sequei a com o polegar, pressionando seu rosto com minhas mãos, colei meus lábios aos dela levemente, descendo minha mão por seu braço e segurando firme em sua mão.

-  Precisamos estrear essa belezinha. – Sorri a puxando para moto. Subi sem dificuldade, distraído, observando o couro do banco, o cromado do guidão, fui desperto por um abraço apertado e um beijo quente no pescoço. – Quer ir pra onde?

- Pra qualquer lugar. -  A voz de Jen estava tão calma, tão limpa e feliz. – Um lugar longe, onde ninguém vai nos achar, um lugar deserto.

-  Deserto? – levantei a sobrancelha, olhando para trás. -  Aperta mais. – Pedi, sentindo suas mãos apertarem mais minha cintura e dei partida, seguindo pela avenida iluminada.

Naquele momento não pensava nas cores das luzes, nos prédios e toda a novidade que aquilo me trazia. Sentir Janice segurando em mim, sendo guiada por mim, me prendia por completo e seguimos até o deserto, onde poderíamos ficar sozinhos.


x.x


Na segunda-feira de manhã cheguei ao hospital , estacionei o meu carro e desci , entrei dentro do hospital procurando Bill.



Eu o avistei no jardim, ele estava tão lindo, como sempre, de óculos escuros. Eu o observei ali sentado e sorri ao vê-lo sorrir também.



- Está atrasada mocinha! – Ele disse pressentindo a minha presença;





Fui até ele, o abracei e dei um beijo rápido em sua boca.



- Assim não vale...Como sabia que era eu? -Eu disse sorrindo



- Esse “tec tec”  do seu salto alto inconfundível.



- Ahhhh , vou vir de tênis agora. – Eu brinquei



- Não adianta Janice, quando você está por perto eu sempre te percebo! Se não é pelo salto é pelo perfume . Desista eu sempre te sinto.





Até os pelinhos da minha “chereola”  se arrepiaram nesse momento. Mais uma vez eu beijei seus lábios discretamente. Tínhamos combinado de não dizer nada para ninguém no hospital, até para evitar comentários e eu não queria magoar Gustav, eu ia com calma , avisá-lo que eu estava fechada para balanço. Ficamos mais uns dez minutos conversando então eu olhei no relógio e disse para ele:




- Bill, vou para a reabilitação com a Sabrina e com a Ellen e depois venha até o salão comer um pedaço de bolo, eu encomendei, Dulce trará as 11horas e ...



- Janny?



Ouvi uma voz infantil me chamar me virei e deparei com Sabrininha com um buque de flores na mão e Ingrid com um bolo lindo nas mãos.


Olhei de longe e vi Ellen e Patrícia já aos prantos, como essas duas mães eram choronas. Nunca vi duas mães tão choronas e babonas como essas duas. Deus foi muito justo com Ingrid e Sabrininha, por mandar elas para lares tão maravilhosos e aconchegantes.

Eu sorri para elas e respirei fundo para não chorar também .



Peguei o buque de flores das mãos de Sabrina, abri o cartão e o li . Estava apenas escrito:



"Janny, Valeu por tudo... Seus pacientes!"



Eram poucas as palavras, mas veio cada paciente que já tinha passado pelas minhas sessões em minha mente falando aquela frase, pessoas que chegaram ali , SEM FALA  e quando iam embora, diziam um "Obrigado" tão cheio de vontade, que aquela simples palavra no meu vocabulário passou a ter outro significado. Obrigado para mim, na boca dos meus pacientes tinha virado ESPERANÇA.



Olhei para o cartão e olhei para Bill, ele sorria, sabia da surpresa com certeza e sabia que eu estava em lágrimas. Ele me conhecia muito bem!



Então, fui até Ingrid e a abracei com carinho. Dei um beijo em sua bochecha carinhosamente, depois fui até Sabrininha, a abracei forte e beijei sua testa deixando uma marca de batom, que depois a limpei com o polegar.

Olhei para Patricia e para Ellen e mandei um beijo no ar, as duas continuavam, ainda, aos prantos.



- Bom, vou guardar o bolo na cozinha e depois da nossa sessão, vamos todos para a cozinha e cantamos parabéns , ok? –Eu disse ainda tentando conter as lágrimas que já caiam.


As duas pequenas bateram palmas e sorriram me deixando mais feliz. O que me fez sorrir também. Peguei o bolo das mãos de Sabrina e fui levar até a cozinha e passei por Bill e disse:



- Obrigada, meu anjo!



E segui para a cozinha, guardando o bolo; quando estava saindo encontrei Gustav, que veio me abraçar e desejar feliz aniversário, eu o abracei e rapidamente inventei uma desculpa, sem magoá-lo. Ele era um ótimo rapaz e eu tinha que me livrar dele sem ser grossa. Ele merecia todo o meu respeito.



- Obrigada, Gustav! – eu disse quando ele me deu uma caixa pequena e eu peguei sem graça.

Eu a abri e tinha uma pulseira linda com um pequeno coração de swarovski. Fiquei sem graça e ele me ajudou a colocar em meu braço.

– É linda! Gustav eu queria te dizer que ... eu gosto muito de você. Mas, não sei se é do jeito que você gostaria que eu gostasse. Eu sei que eu dei falsas esperanças e que...Olha, eu adoro você . Mas como amigo!



- Você tem outra pessoa? – Gustav perguntou com um olhar triste.



- Acho que sim! - Gustav me olhou e completei. - Desculpe ,Gus, você é um amor de pessoa, se quiser devolvo a pulseira.



-Não! Não precisa. É um presente, não uma troca!  Independente dos seus sentimentos por mim você é uma grande pessoa. Amo você!



Nos olhamos e sorrimos.



- Obrigada! – eu disse passando por ele, dando um beijo  e indo para minha sessão de reabilitação.






Meu horário tinha terminado, minhas obrigações estavam cumpridas, então peguei todos os meus materiais e fui para a recepção devolvê-los para Lena. Quando eu estava saindo da sala, ouvi alguém me chamar.



- JEN!



Parei pois ninguém me chamava desse jeito, a única pessoa que me chamou desse jeito, foi Bill no meu sonho essa noite. Eu me virei rapidamente e o olhei.



- Jen, espera quer...



- Do que você me chamou? -Eu perguntei ainda confusa.



- JEN?  – Bill sorriu sem entender



Eu fiquei parada na frente dele e o Déjà vu do sonho daquela noite veio na minha mente. NITIDAMENTE...






Depois que cheguei da casa de Bill, subi para o meu quarto, fui tomar um banho, liguei a banheira, entrei e lá fiquei por dez minutos, saí, coloquei um roupão com o corpo ainda molhado, e fui para o meu quarto e liguei o micro system  e deixei em uma estação  qualquer, fui até o closet  e peguei minha camisola, não era noite ainda, mas queria ficar o restante do dia deitada sem pensar em nada...Quer dizer pensar apenas em Bill. Ouvi a voz do meu  pai  da minha mãe no lado de fora da casa e o barulho do carro, com certeza eles iam almoçar em algum lugar, afinal minha mãe não fazia almoço nos fins de semanas, quer dizer minha mãe não fazia almoço nenhum dia, quase!

 Meu pai me ignorava por completo e eu, infelizmente, fazia o mesmo, não por que eu era rebelde, mas por que não queria discutir o assunto Bill com ele. Pra mim não tinha mais nada a ser discutido. Eu o amava e nada faria eu me distanciar dele. Meu lugar era em um só lugar, ao lado de Bill.

Deitei na cama e ao som da música que tocava no micro system  eu adormeci.




O barulho da buzina me acordou, eu me sentei em minha cama e olhei assustada ao meu redor; eu estava ainda na minha cama, mas não estava mais no meu quarto e nem na minha casa.

Pisquei várias vezes  e coloquei os meus pés no chão e senti a areia quente e muito seca, olhei para o chão e voltei a colocar meus pés em cima da cama com medo, assustada e sem entender o que estava fazendo naquele lugar.



- Que lugar é esse? – Perguntei para mim mesma.



Olhei para todos os lados e o que eu apenas via: areia, montanhas rochosas, dunas deserto, Sim...Eu estava no DESERTO. Aquilo era infinitamente lindo. Mesmo não tendo nada ao meu redor, aquilo era lindo!



Então, mais uma vez eu coloquei os meus pés para fora da cama, toquei o chão com eles  e me levantei, o sol batia em meu rosto e quase não conseguia enxergar muito longe, o sol me cegava.


O barulho da buzina me despertou novamente dos meus pensamentos e me virei para ver de onde ela vinha.  Longe, muito longe eu avistei , uma moto . Eu coloquei minha mão como visor para poder enxergar  melhor, a moto se aproximava e deixava uma nuvem de poeira por onde passava ,  o barulho do seu motor era estrondoso, me deixava surda  e quando mais se aproximava era impossível , não tapar os ouvidos, os fechei como os meus olhos também por causa da poeira, a moto  parou na minha frente , o motoqueiro desligou e não desceu dela,  eu destampei meus ouvidos e abri meus olhos e o olhei , ele estava parado em minha frente, então ele colocou suas mãos no capacete e o tirou devagar.



- Não pode ser ... Meu DEUS – Eu exclamei surpresa colocando as minhas mãos na boca e sorrindo de felicidade.  Meus olhos arregalaram se e eu não conseguia me mexer. – Como isso é possível?  Bill...Bill... você está enxergando!



Ele me olhou profundamente dentro dos meus olhos e sorriu mostrando seus dentes bem feitos:



- Você é do jeito que eu sempre imaginei... Perfeita!



Eu sorri para ele, não me  me contive e corri até ele e me joguei em seus braços. Abraçando-o!  Ele também me abraçou forte, beijando meus cabelos, ele enfiou os dedos dentro dos meus cabelos e puxando um pouco, me afastou de seu peito me encarando ainda sorrindo!





- Suba! – Ele disse



Eu subi em sua garupa e o abracei pela cintura, ele jogou seu capacete na areia, ligou a moto, acelerou e saímos em alta velocidade levantando uma nuvem gigante de areia por onde passávamos. Eu o agarrei mais forte na sua cintura, com medo, nunca tinha andado de moto, na verdade eu tinha pavor delas, Bill acho que sentiu minha insegurança, então ainda dirigindo jogou a cabeça  para trás , deitando em meu ombro e gritou sorrindo:

- Não precisa ter medo, Jen! Você está comigo!



Era verdade, quando eu estava ao seu lado, todos os meus medos, duvidas ou qualquer coisa ruim, parecia subir, desaparecer toda vez que ele sorria. Então, eu o beijei carinhosamente seu rosto e como prova da minha segurança, eu devagar me soltei de sua cintura, soltei todo o ar dentro de mim  e abri os meus braços, o vento batia nas pontas de meus dedos fazendo-me cócegas. Joguei minha cabeça para trás e fechei meus olhos. Meus cabelos desalinhados e esvoaçados  pelo vento forte que batia neles.

Então, Bill foi desacelerando devagar e parou a moto, desceu da e pegou-me pela cintura para me ajudar descer. Pegou minha mão e me puxou correndo...

- Venha, quero te mostrar algo! – Ele gritou ainda me puxando pela mão. Correndo de mãos dadas até o topo de uma enorme montanha.

Nos aproximamos e ele disse olhando para baixo:



- Olhe Jen!



 Meu fôlego trapaceou-me, fugindo todo de dentro do meu corpo quando olhei para baixo daquele imenso abismo. Estávamos na beirada de um gigantesco precipício.  Onde não havia um fim, apenas nuvens. O abismo era lindo, tínhamos a impressão que mais um pouco tocaríamos o céu...mas ao mesmo tempo era de dar medo.



- Isso é lindo!! – Bill disse me abraçando por trás, eu deitei minha cabeça em seu ombro.



- Lindo! Mas, me causa calafrios...Isso parece nem ter fim...que medo!



Bill beijou meu pescoço e sussurrou no meu ouvido.



- Não seja tão medrosa, Jen!



- Eu não sou medrosa..



-Ah não..Ok!  –Bill disse tirando sarro da minha cara.



- Não sou! Você quer ver? – Me soltei dos braços dele e fui para a beirada do precipício. – Duvida?  - Eu disse me afastando da beira quando vi que tinha chegado perto demais. Ele entrou na brincadeira e disse:



– Sim... eu duvido!



- Duvida de mim? – Então, andei em passos largos até a beirada do precipício. Virei-me e o olhei mais uma vez  séria, olhei para frente novamente. Olhando para o pôr-do-sol, vermelho e intenso, dei um passo  não encontrei o solo abaixo dos meus pés,  sem pensar duas vezes ... me atirei do abismo!



Senti uma mão me puxar para o topo do abismo novamente e acordei assustada com minha mãe puxando meu braço.



- Janice, o que esta acontecendo? Você teve um pesadelo?

- Não!! Não foi um pesadelo! – Virei-me para minha mãe – Foi um lindo sonho! O mais perfeito de todos.





Eu me levantei da cama ainda zonza e atrapalhada, aquele sonho foi tão real e tão presente em minha vida que tive  certeza que nossas almas estiveram juntas naquela noite. Fui para o banheiro e fiz minha higiene, me vesti e fui para o hospital, sem ver e nem falar com ninguém.






- Jen? Jen? –Bill me chamou de novo, me fazendo despertar das minhas lembranças.

- Bill. Por que você está me chamando dessa forma? -Eu perguntei

- Por que hoje eu tive um sonho com você e nele eu.

- Você me chamava de Jen e nele você enxergava! – Eu disse apressada, o atropelando.

Bill abriu a boca para falar algo e deduzi que tinha acertado o seu sonho.

- Bill ...hoje eu tive o mesmo sonho...Você me chamava de Jen e...

Parei de falar minha voz não saia mais. Eu estava em prantos.

- E seus olhos são azuis e agora é a minha cor favorita!   –Ele disse sorrindo também muito emocionado.





Não falei mais nada apenas corri para ele e nos abraçamos, chorando e certos que nosso único e mais desejado pedido,  DEUS tinha o realizado...pelo menos em SONHO!


x.x


Próximo capítulo:



Quando ele estava abrindo a porta para sair, eu enfiei a mão em seu bolso, peguei o telefone da talzinha  e rasguei com raiva.

-Eu ia fazer isso, já? – ele disse sorrindo.

-Tarde demais. Eu já fiz! E que esse seja o último, Bill Kaulitz  -  Eu finalizei séria.

Postado Por: Grasiele

Touched By An Angel - Capítulo 17 - Preciso de você .... AGORA!


Disse que eu não viria, mas eu perdi todo o controle e eu preciso de você agora.
E eu não sei o que eu posso fazer, eu só preciso de você...AGORA.
Oh baby, eu preciso de você agora.


Need You Now - Lady Antebellum


x.x


- Desculpa, Simone eu preciso falar com ele. - Eu disse tentando passar sobre a mãe dele e ela fechou minha passagem com o corpo impedindo-me de atravessar a porta e falar com Bill que já estava no quarto dormindo.




- Janice, meu amor, não vai adiantar nada. - Simone mantinha –se em pé na porta de sua casa de pijama. - Ele tem razão. Por mais que eu queira que esse namoro de vocês dê certo. Você tem que segurar uma barra que não sei se está preparada.





- Meu Deus! – Eu gritei colocando as duas mãos na cabeça em um ato de desespero - Como vocês sabem que eu não posso carregar se não me dão uma chance? Vocês não me permitem tentar ou  lutar, vocês estão jogando a toalha por MIM! – Peguei fôlego e continuei - Deixa eu decidir o que eu quero fazer. Poxa!  Eu gosto dele de verdade, ele é tão importante para mim, ele é ...Eu quero tentar! Eu quero provar a você a e todos que o que sinto por ele é...Verdadeiro  – Eu disse com lágrimas nos olhos. - Eu preciso vê-lo, por favor! Eu preciso falar com ele... Eu preciso, agora!


Simone respirou fundo ao me ver ali na sua frente, debulhando-me em lágrimas, percebeu que eu estava sendo sincera; eu gostava realmente do filho dela, queria estar ao lado dele e chutar para puta que pariu todas as barreiras existentes em minha frente. Então, Simone suspirou com pena de mim, virou-se e me acompanhou até o quarto de Bill. Ela bateu na porta fechada e disse:



- Bill, vou entrar meu bem...





-  Entra mãe! – Ele disse


Entramos, ela na frente e eu atrás, ele levantou rapidamente da cama, como se tivesse sentido algo,  virando-se para a porta e perguntou:


- Janice?



Filho da mãe... com certeza, ele me descobriu pelo meu Dolce&Gabbana.

Ele estava de samba canção preta de seda e uma regata branca, estava com os cabelos bagunçados e extremamente lindo em cima daquela cama de casal gigante e muito convidativa.

Desviei meus olhos dele e olhei para Simone e sorri meio sem graça, acho que ali ela entendeu o meu recado, que queria ficar a sós para conversar e tentar me desculpar pela vergonha na minha casa...desculpar e depois se desse uma brecha dar uns bons beijos em cima daquele lençol de cetim preto... Como sou volúvel e meus objetivos mudam rapidamente, um segundo atrás queria matar meio mundo e um segundo depois só pensava em ficar bem com o meu amor e poder terminar alguns assuntos pendentes...lê-se "amassos muito bem dados".


Simone fechou a porta e nos deixou sozinhos, mas antes voltou e disse:


- Se Janice for dormir aqui, quero ela no quarto de hóspedes, viu mocinho?


Eu a olhei e sorri querendo dizer “Sai daqui sua estraga prazeres”; Bill também sorriu timidamente com a frase da mãe.


Me sentei na cama ao seu lado, coloquei minha mão em sua perna e o olhei por uns segundos  Bill mantinha a cabeça baixa. Eu sei que tudo aquilo doía mais nele do que em mim, a situação constrangedora perante minha família, aquele imbecil do Vinicius fazendo com que ele se sentisse fraco e triste. Como eu odiava tudo aquilo. O preconceito de Vinicius, do meu pai e dessa sociedade medíocre. Então eu segurei sua mão, afaguei-a e disse:



- Desculpa por hoje, meu anjo! – Eu disse deitando minha cabeça em seu ombro.



- Janice se cada pessoa que for me ofender ou tirar sarro você for pedir desculpa...Você vai viver pedindo desculpas. Vai acabar sua saliva, sua boca ficará seca e nada vai mudar.


- Eu sei, Bill! – Eu disse aflita acariciando sua mão.


- Não, não sabe Janice. Lembra o que eu disse que se você não é um deficiente você não sabe o que passamos no dia a dia? Nunca vai saber, não sabe quase nada sobre nós, deficientes. Esse mundo é tudo muito novo pra você. Sentir dó e pena é uma coisa, agora sentir na pele e ser o alvo, é diferente.


- Me ensina, me ajuda. Eu quero tanto aprender mais sobre você!


Aproximei-me dele quase aos prantos  e sem pensar nas consequências  dos meus atos, sentei em seu colo  e o abracei pelo pescoço trazendo seu rosto para perto do meu, o beijando na boca com uma certa urgência.



- Me ensine...tudo! – Falei com dificuldade, ainda no colo dele, joguei meu corpo para frente e apaguei a luz, deixando apenas o abajur iluminar os nossos corpos unidos e sedentos por amor .



- Não entre nessa Janice! –  Ele me disse como uma súplica, um ato de me salvar de algo, que na verdade, eu não queria ser salva, não queria ser poupada de nada; por esse amor eu ia além, eu ia lutar do lado do homem que eu escolhi para ser meu companheiro. Bill para mim não era um capricho, um brinquedo de uma garota mimada e fútil, que um dia eu fui,  Bill para mim naquele momento era a coisa mais importante na minha  vida, era minha base, meu trampolim para um mundo diferente, um mundo desconhecido e cheios de mistérios, mas que eu estava disposta a batalhar para desvendar todos esses segredos existentes na vida de um deficiente. Eu, por amor, estava disposta a qualquer coisa, eu queria Bill ao meu lado, o resto do mundo medíocre e preconceituoso eu não me importava, e de verdade? Do fundo do meu coração? Queria que fossem para aquele lugar que não preciso nem dizer o nome.



- Saia dessa, meu amor enquanto é tempo...



- Tarde demais, Bill!




Eu disse o encostando na cabeceira da cama, encostando meu corpo no dele, o beijando e me ajeitando em seu colo, fazendo-o gemer, ao sentir minha parte íntima esfregar na sua, já alterada .

 O beijo era calmo, Bill foi me deixando tomar conta do momento, eu que segurava seus cabelos pretos levemente pela nuca, eu brincava sedutoramente coma  língua dele. Aquele beijo começou a ficar intenso demais.



Bill desejava Janice como nunca desejou uma mulher antes. Ele não era virgem; mesmo com sua deficiência  ele sempre teve uma vida sexual ativa. Normal para os meninos de sua idade. Já gostou muito de uma garota mas, não tão sério como era o caso de Janice.



- Preciso de você, agora!


Eu o ouvi dizer em meu ouvido em um pedido suplicante e ao mesmo tempo agonizante. Nem preciso dizer que meus pêlos se arrepiaram de uma maneira deliciosa. Eu o abracei e o senti segurar minha cintura, depois descendo para minha bunda, apertando-a com raiva e desejo.


Tirei sua camiseta e depois tirei a minha bata ficando apenas de sutiã tomara-que-caia. Sentia suas mãos finas e geladas percorrer todo o meu corpo e delicadamente baixou meu sutiã até minha cintura, deixando meus seios nus. Gemi em seu ouvido quando ele beijou meu pescoço, meu colo e o apertei quando ele mordiscou um dos bicos dos meus seios. Suas mãos, uma segurava um dos seios com devoção e a outra segurava ainda minha cintura, apertando minha pele, chegando a me machucar!

Fechei os olhos e acariciei seus cabelos pretos enquanto ele beijava os meus seios. A ponta de sua língua brincava com o bico de um deles. Joguei minha cabeça para trás e gemi baixo, cravei meus dedos em sua pele quando ele mordiscou meu bico puxando-o devagar.

-Bill... você é... Delicinha! – Gemi  apertando suas costas nuas, ele estava de samba canção, o que facilitou a próxima caricia. Com uma mão eu puxei o elástico e a outra introduzir dentro de sua roupa e segurei seu membro que estava rígido, ele latejava em minha mão tamanha era a sua excitação. Passei a movimentar minha mão de leve, enquanto ele subia sua língua do meus seios para o meu pescoço. Aumentei um pouco meus movimentos e ouvi seus gemidos ficarem mais intensos, incentivando-me a continuar no mesmo ritmo.

Ele desceu a mão pelas minhas costas, me arranhando de leve, passou as pontas dos dedos pela minha barriga, chegando ao cós da minha calça,  eu o ajudei a abrir o botão da minha calça, ele me beijava ainda quando senti seus dedos finos puxar a renda  da minha calcinha e tocar de leve minha intimidade.

- Eu quero...eu quero você ... Quero tanto...inteira...toda...

Suas palavras saiam desconexas e falha. Seu dedo chegou rapidamente ao seu destino e sem dó e muito menos sem piedade, ele rompeu barreiras sem dificuldade, até porque naquela altura do campeonato, eu já estava DAQUELE JEITO; fechei meus olhos ao senti-lo dentro de mim, o abracei mais forte e mordi seu lóbulo em forma de segurar um gemido de prazer. Ele enfiou seus dedos dentro dos meus cabelos e com sua outra mão ainda me dava prazer, nossos lábios se uniram mais uma vez e quando ele começou a movimentar o dedo rapidamente dentro de mim , eu delirei e abri de leve minhas pernas para facilitar seus carinhos, Bill começou, ao mesmo tempo com o polegar acariciar meu ponto máximo, não aguentei...aquilo já era judiar dessa pobre ser humana.


- Bill...Bill...você me judia e me tortura tanto desse jeito!! –Eu disse ofegante.


- Era essa a intenção...Judiar de você...Torturar você ! – Ele soprou em meu pescoço, me fazendo virar os olhos de prazer. Ele deu um pequeno tapa em minha nádega e disse:


- Deita na cama, quero tirar o seu Jeans e sua calcinha, eles estão me irritando profundamente.



Eu me ergui e quando fui sair de seu colo...


- Bill, você viu o meu...



-Tooom, puta que pariu!



Bill me abraçou para evitar que Tom me visse nua. Joguei meus cabelos na frente.



- Tranca essa merda de porta, poxa! –Tom disse saindo do quarto sem graça.


- Era só bater né, sua mula! – Bill gritou para o irmão ainda abraçado a Janny.



Quando Tom saiu do quarto,  ficamos em silêncio por alguns segundos.



- Janice, tudo bem? - Bill perguntou vendo que eu não me mexia deitado em seus ombros.



- Tô bem! Que vergonha! Deus... Que vergonha!



- Ele não viu nada... pelo menos nada seu...


- Filho da mãe... Desculpa mas, nesse momento a pessoa que eu mais tenho raiva é o seu gêmeo, isso é hora de vir procurar por I-Pod! Não acredito que mais uma vez... NADA! – Eu disse mordida de raiva. – Por que esse infeliz não bateu na porta?

Bill apenas sorriu divertido do meu pequeno surto.




- Tom, que gritaria foi essa?



Ouvimos Simone perguntar ao Tom.



- Scott estava aqui em cima, mandei descer... Desculpa pelo grito!




Ouvimos Tom responder.



- E Bill? – Simone perguntou.



- Tá dormindo... Sozinho!  - Tom respondeu  e ouvimos a batida da porta do quarto dele, ele tinha ido deitar.


 Simone era a mãe mais conservadora que existia; Gordon tentou mudar isso nela, mas acho que ele nunca conseguiria fazê-la mudar de ideia. Para ela,  Bill e Tom tinham 10 anos e não 22 anos.



- Melhor você ir dormir no quarto de hóspede. - Bill disse me tirando do colo dele com cuidado.



- Não...Deixa eu dormir aqui com você. Prometo que eu me comporto. – Eu disse colando meu corpo no dele ainda com os seios nus. Eu não ia dormir longe dele. Não mesmo! Ele não respondeu nada de imediato. Depois de alguns segundos ele se rendeu.



-Tá... A cama é de casal mesmo... Já tô até vendo a tortura que será essa noite.



- Está com medo de mim, Bill? – Eu perguntei  passando minhas unhas no braço dele para atiçá-lo.

 

Ele sorriu, pegou minha mão, beijou-a  e respondeu:

 

- Sim... Quando está com desejo reprimido, você se altera! - Bill disse levantando e pegando um short e uma camiseta na gaveta embaixo de sua cama.



- Quê? O que você quis dizer com isso? – perguntei confusa. Ele jogou  um short e uma camiseta em cima da cama e disse :



- Toma, vista isso.

 

Me vesti e deitei com ele na cama. Dei um beijo rápido nele e deitei de frente para ele.



- Por que disse aquilo sobre mim? Que eu me altero quando estamos... nos momentos íntimos?



Vi Bill sorrir de um jeito lindo e descobri a resposta sem ele precisar abrir a boca para explicar-se. Foi só ele sorrir pra mim que tive vontade de pular em cima dele, beijá-lo, baixar o samba canção,  me encaixar nele e levá-lo ao clímax, tudo isso eu pensei em menos de 10 segundos. Bill tinha razão... eu ficava fora de mim quando o assunto era  Ele! Mas, diante de tal beleza quem não seria uma ninfo?

Eu sorri envergonhada por ele me achar uma ... maníaca sexual! Então, tentei me explicar:


- Bill, eu não quero que pense mal de mim, eu...


- Janice, relaxa... foi só uma brincadeira. – Ele virou pra mim e continuou:



- Eu gostaria de ser igual a  você, colocar para fora tudo o que eu sinto. Não sou diferente de você, eu apenas reprimo todas minhas vontades e pensamentos...Você não acha que nesse momento eu queria fechar a porta e esquecer tudo lá fora e te amar loucamente até caímos exaustos, suados  e saciados sobre esse lençol? Você me disse que aprendeu muito comigo, que te mostrei um mundo diferente e novo. Sabe, eu queria que você me mostrasse o seu mundo para mim, esse seu jeito de ser me encanta e gostaria muito de ser um pouco igual a você.



- Não, não quero que você vire um inconsequente por minha causa, sua mãe ia me odiar!



Bill sorriu meigo dessa vez e a vontade de estuprá-lo voltou dez vezes mais forte na minha mente doentia. Como ele podia ser tão lindo. Como um sorriso podia acender uma chama tão alta e tão quente dentro do meu pequenino corpo.



- Você não é inconsequente, minha linda. – Ele agora afagava meus cabelos devagar.  – Você é a pessoa mais espontânea e verdadeira que eu conheço. Isso me encantou desde a nossa primeira conversa, nosso primeiro encontro. Na verdade, acho que me envolvi com você naquele instante.


Meus olhos se encheram de lágrimas, então era isso que ele pensava de mim, era esse perfil que ele tinha ao meu respeito. Eu fiquei feliz por ter ouvido tudo aquilo. Me levantei do travesseiro, fui até ele e o beijei, me afastei um pouco e disse a ele :


- A partir de amanhã faremos um troca, você me mostra o seu mundo e eu te mostro o meu, pode ser? Fechado?



Bill pegou meu rosto entre as mãos e trouxe para perto de seu rosto para um último beijo .



-Fechado!



Eu deitei de novo no travesseiro, segurei sua mão e mesmo sem o ATO ter acontecido, dormimos satisfeitos.



Na manhã seguinte, quer dizer já eram duas horas da tarde quando fomos acordar, descemos para almoçar  e quando Simone entrou na sala de jantar disse:



- Engraçado fui levar um pijama para Janice no quarto de hóspede e não a encontrei. Você faz ideia onde ela dormiu, Bill?


- Mãe, relaxa! Só dormimos! –Ele disse sorrindo.


-Bom mesmo!! –Simone disse beijando a testa dele e depois minha bochecha.


Tomamos café e Bill me levou até a parte de fora da casa e ali nos despedimos.Tinha que ir para minha casa enfrentar o meu pai. Entrei na minha casa e fui para o meu quarto tomar um banho. Estava na banheira transbordando de espuma quando minha mãe entrou e sentou no banco que tinha perto dela.



- Seu pai saiu daqui furioso.



- É...



- Disse que quer conversar com você mais tarde.


-Não quero papo, mãe! –Eu respondi mexendo na espuma.



- Simone me ligou avisando que você estava dormindo na casa dela.


- Hum...


- Vocês dormiram juntos?


- Sim!


- Pelo menos usaram preservativo?


- Você perguntou se dormimos juntos... Não se a gente transou!


- E tem alguma diferença?



- Sim, porque nós apenas dormimos na mesma cama. Mãe, eu já tenho 20 anos e eu mudei, aquele hospital mudou minha vida, meus princípios, mudou meus conceitos... Eu finalmente cresci!



Minha mãe levantou e me beijou na testa.



- Nós sabemos disso... Talvez esse é o real motivo do desespero do seu pai. Você cresceu, minha pequena!



Ela deu uma piscadela para mim e saiu do banheiro.


x.x


No próximo Capítulo:

- Duvida de mim? – Então, andei em passos largos até a beirada do precipício. Virei-me e o olhei mais uma vez  séria, olhei para frente novamente, olhando para o por do sol, vermelho e intenso, dei um passo  não encontrei  o solo abaixo dos meus pés,  sem pensar duas vezes... me atirei do abismo!

Postado Por: Grasiele

Touched By An Angel - Capítulo 16 - Você é única!



Agrade-me
Me mostre como se faz
Provoque-me
Você é a única

Undisclosed Desires –Muse


x.x


Cheguei em meu quarto me arrumei e coloquei uma calça jeans skinny escura e uma bata tomara-que-caia branca; peguei meu babyliss  e fiz alguns cachos; passei pouca maquiagem e desci para recepcionar os meus convidados. Tia Yasmim, já estava em casa com Tio David, e que na verdade, eram os únicos que eu realmente gostava da família da minha mãe. Já a família do meu pai , eram todos dignos de observar apenas por foto em um belo porta retrato na estante, pois eu evitava ao máximo o contato olho-a-olho. Familinha intragável.


Os convidados começaram a chegar e os presentes também; a cada um que eu abria lembrava de Bill dizendo que eu ia ganhar objetos de valores absurdos e que aquilo não satisfazia meu coração e nem minha alma. E ele tinha razão. A cada presente aberto, eu sorria e agradecia, mas nenhum deles me fez tão bem e tão feliz como os beija flores de Bill.


Eu tinha decidido chamar algumas pessoas queridas do hospital como: Patricia, Sabrina, Ellen, Ingrid, Gustav entres outros, mas a lista do hospital tinha dado 150 pessoas, pois queria chamar todos, sem exceção, então decidi levar um bolo para o hospital na segunda feira assim, ficaria mais fácil.


O meu grupo da faculdade estava sentado na varanda da minha casa, fumando, sorrindo e bebendo a nossa bebida preferida: Vodka com energético. Eu olhava no relógio impaciente, o único que faltava para completar minha felicidade, era ele!


- Que foi,Janice? Que tanto que você olha nesse relógio, tá com medo que chegue meia noite e você vire abóbora? – Eleonora disse sorrindo.



- Ellie, posso te perguntar uma coisa? - Eu ignorei a sua brincadeira e olhei séria para ela.



- Lógico! – ela respondeu.



- Você e o Bill já ficaram? – Perguntei fazendo uma careta já com medo da resposta.


- Tá louca, garota? Não! Somos amigos. Temos muitas coisas em comum... mas , não o vejo por esse lado. Não pela cegueira, mas porque não tem nada a ver e outra, minha amiga, eu acho que ele arrasta um caminhão por você... um caminhão não, a Volkswagen inteira! – Ela disse sorrindo me fazendo sorrir também.


-Como assim? – Eu enchi o copo dela de Vodka .


-Ah Janny, ele só fala em você, nos nossos passeios por livrarias, todos os assuntos que falamos, ele sempre termina a frase com o seu nome. Mesmo se eu quisesse algo com ele, acho que ele já tem a sua preferência.


 Eu não respondi nada, aquilo só afirmou o que eu desconfiava, ele gostava de mim também. Abracei Eleonora e fomos nos juntar novamente ao pessoal na varanda.


- Janny, a vodka acabou! – Pedro disse mostrando-me a garrafa  vazia.


- Perai que vou pegar outra lá dentro. – Virei-me e adentrei a casa para pegar outra garrafa e quando na volta, coloquei meus pés na varanda novamente avistei o carro de Bill parar em frente minha casa. Meu coração começou a bater rapidamente  e eu praticamente joguei a garrafa  nas mãos de Ellie e desci as escadas da varanda correndo e fui ao encontro do carro dele.  Quase derrubei Simone que estava segurando o braço dele.



- Biiiiiilll! - Dei um grito e quase pulei no pescoço dele, beijei-o na boca. - Você demorou! – Eu disse ainda beijando sua boca.


- Culpa do Tom... A noiva da Casa! - Eu sorri como sempre das piadas dele.


- Eu tenho todo um ritual de beleza. - Tom disse sorrindo e me abraçando.


- Como se vocês dois precisassem de algum ritual de beleza para ficar lindos, né? – Eu brinquei com Tom.


- Janice, minha querida Feliz Aniversário. – Simone abraçou-me e beijou-me sendo seguida por Gordon. - Não sabíamos o que comprar para você. – Ela finalizou me entregando uma caixa linda.


- Simone, não precisava, o melhor presente que você poderia me dar, está AQUI! 



Eu sorri para Simone e abracei Bill com força, inalando todo o seu perfume. Por mim eu ficaria ali abraçada a ele, até o fim da festa. Agora minha felicidade está completa. O meu único e verdadeiro motivo para respirar, andar e viver naquele momento estava preso em meus braços. Então eu afrouxei o abraço e perguntei o olhando:


- Cadê sua irmãzinha?


- Ficou com a babá. Minha mãe ia trazer mas ela pegou no sono. – Bill explicou.


 Eu sorri para ele e o abracei. Subimos a escada e fui apresentá-lo para meus pais. A família de Bill se sentou na sala de estar, juntos com Tia Yasmin e Tio David; agradeci por serem eles os primeiros a conversar com Bill. Depois minha mãe se juntou ao bate-papo, meu pai conversava com Gordon e acabaram descobrindo que trabalhavam quase no mesmo ramo.




- Ellie, não acredito que Janny esta saindo com o cegueta. - Vinícius disse no ouvido de Eleonora.


- Vinicius, se Janny te ver o chamando assim ela não vai gostar. – Ela o advertiu.


- Ué, e ele é o que? Ele enxerga? – Vinicius disse sorrindo com maldade.



Quando ele  disse “ENXERGA”  Tom saiu de dentro da casa e o ouviu falar. Tom o olhou com reprovação e se dirigiu para perto de Georg e Phillip olhando mais uma vez para Vinicíus.



- Vinicius acho melhor você  parar de beber antes que fale alguma merda ou faça alguma besteira. Pelo amor de DEUS, é aniversário de Janice, não vai estragar a festa dela.



- Só to falando, cacete! – Ele disse sendo grosso com Eleonora.- Sempre dei em cima dela e ela nunca me deu bola.


 - Então, e você enxerga, é perfeito! Só que é um idiota, um cretino, um patife, um bobalhão que só fala asneira e não respeita ninguém a sua volta.  Eu também sou muito mais o Bill. Nossa, um garoto inteligente, centrado, humano e...Nossa... Muito gato!



Ellie disse e saiu de perto de Vinicius antes que ela desse um pequeno murro naquela cara "branquela" dele e foi até o encontro de Janice na cozinha.



 - Não sabia de vocês dois. – Eleonora disse sorrindo para mim.



- Ellie, eu não tinha certeza dos sentimentos dele, se isso ia para frente, por isso não me abri com você. Apenas hoje a gente decidiu assumir e nos dar uma chance.


- Por isso me tratava estranha no hospital achava que eu gostava dele ou tinha algo com ele? - Eleonora sentou na cadeira perto da pia.



- Sim! Me perdoa? – Eu disse indo abraçá-la. Ellie era uma amiga querida, sempre esteve do meu lado em todos esses anos e se ela tinha dito que nunca tinha ficado com Bill e que não sentia nada por ele, não tinha motivo da minha desconfiança. Na verdade, ela tinha razão, ela tinha muito mais em comum com Bill do que eu, eles gostavam da mesma música, dos mesmos livros e tinha quase a mesma opinião sobre alguns assuntos. Esse era o rela motivo dela grudar em Bill; ele a divertia e a fazia se sentir Bem, que convenhamos, eu não podia culpá-la pois, Bill exercia esse poder sobre as pessoas, fazê-las se sentirem MUITO BEM.




- Sim! – Ela disse ainda em meus braços. - Você é a irmã que eu nunca tive. Eu te amo, Janny e nada pode mudar isso.



Minha mãe entrou na cozinha me chamando, eu me separei dos braços de Eleonora.



- Vamos cantar o parabéns, Janice? – Minha mãe perguntou.



- Sim! - Eu disse a  acompanhado até a sala principal. A pequena mesa com o  bolo lilás foi trazida e colocada na minha frente, então, vi Bill sentado  com seus pais na sala de TV. Fui até ele e o abracei e beijei sua boca rapidamente pegando sua mão e disse para ele:



- Venha!


- Não! Ficarei melhor aqui de longe! Vai lá você e curta esse momento! – Bill disse tirando sua mão cruzando os braços.



- Nunca! Você vai ficar ao meu lado. – Eu disse ajoelhando-me à sua frente e pegando em suas mãos finas e geladas.


- Janice, eu vou ficar bem aqui! –Ele insistiu.



-Tá, então eu também vou ficar aqui sentada ao seu lado no sofá e não vai ter “Parabéns”. – Eu disse me sentando ao seu lado. Ele bufou sabia que não me venceria, que se ele não estivesse ao meu lado, o parabéns não aconteceria. Derrotado ele levantou e eu segurei sua mão. Simone sorriu para mim e eu dei uma piscadela para ela.

Nos dirigimos até a mesa que se encontrava o bolo e o “parabéns” foi cantado. Quando as luzes foram acessas novamente, minha mãe me entregou a espátula e então cortei o primeiro pedaço de bolo, coloquei-o no pratinho e o segurei em minha mão.





- Bom... Esse primeiro pedaço de bolo eu quero oferecê-lo exclusivamente a uma pessoa muito ESPECIAL, lógico que vocês já sabem quem é essa pessoa, mas, o que muitos aqui nessa sala não sabem é quanto essa pessoa me faz BEM! O quanto que ela me faz sentir humana, o quanto ela me mostrou e ensinou sobre solidariedade. Ele me entregou uma nova vida, me fez nascer para um novo mundo e eu o agradeço. Acho que nem se eu ficasse aqui falando e falando a noite toda eu conseguiria descrever todos os novos sentimentos que ele despertou em mim. Então, olhem para o meu rosto, prestem atenção aos meus olhos e vocês saberão que eu sou uma nova garota. Graças a Bill! – Virei-me para ele, peguei sua mão e coloquei embaixo do prato com o primeiro pedaço e completei:


- Meu anjo, esse primeiro pedaço de bolo é para você, e estou lhe oferecendo não por que você é meu namorado, não é só por isso , estou te entregando porque você foi a primeira pessoa que me ensinou que a vida não tem limites e nem barreiras. Que mesmo o mundo desmoronando do seu lado, você consegue  manter esse sorriso lindo nos lábios. Bill, você é único e acho que o melhor presente que recebi nesse dia, fora o seu. Foi o presente de DEUS por ter me colocado em seu caminho; acho que esse presente nunca vou conseguir agradecê-lo totalmente.



Aproximei-me de Bill e lhe dei um beijo rápido na boca e disse próxima ao seu rosto:


- É seu o meu primeiro pedaço de bolo. - E mais uma vez eu o beijei na boca, e depois do beijo peguei em sua mão e o puxei. - Agora vamos sair daqui


Peguei a mão dele o conduzindo para varanda; quando passei por Simone a vi enxugando as lágrimas disfarçadamente. Sorri  ao ver a cena da mãe de Bill emocionada pelo meu discurso, e o levei para fora da varanda. Fomos sentar um pouco longe do pessoal. Sim, eu ignorei totalmente o restante dos convidados; só existia Bill e mais ninguém.



Tom estava sentado também na varanda conversando com Georg, Phillip e Ellie os únicos amigos meus que realmente prestavam.

 Bill e eu estávamos sentados frente a frente na mureta da varanda. Eu colocava pequenas colheradas de chantilly da cobertura do bolo em sua boca e o beijava.


-Isso é meio nojento você não acha?


-Nem um pouco! O bolo esta mais saboroso na sua boca. - Eu respondi sorrindo.- Prove isso! – Eu disse colocando um pedaço de pêssego na boca dele. 


- Hummm... - Quando o ouvi gemer, meus pelos se arrepiaram ...



-Ain...Billl...



- O que foi? –Ele perguntou já sabendo o motivo da minha frase inacabada.



- Eu me...



- Arrepiou...



- É...você me faz sentir tão perversa! - Ele riu e perguntou-me:



- Tem pêssego ainda no prato?


 - Tem! - O respondi ajudando-o achar o pêssego no prato.

Ele pegou na mão e levou em direção a minha boca. Eu abri e deixei que ele colocasse a fruta na minha boca, só que ao colocar a fruta eu segurei sua mão e lambi seu dedo.



- Aqui estamos longe das pessoas, né?



- Fique tranquilo ! Ninguém está nos vendo e aqui não tem câmera.



- Ainda bem porque...depois dessa chupada de dedo...o “meu amigo do peito”  se manifestou positivamente.



- Hum que bom, acho que ele gosta de mim!



- Eu diria que sim, mas é tão sacana que está com algumas más intenções.


- Delicinha...adoro más intenções e vindo dele ...mais ainda. - Eu disse passando a mão de leve na excitação de Bill e deixando minha mão no lugar para provocá-lo, vi Bill passar a língua nos lábios umedecendo-os para depois dizer:



-Não passa a mão assim , ele pode te morder.


- Pode morder à vontade; ele é vacinado? - perguntei  sorrindo levando meus lábios até o seu ouvido, dando uma mordida de leve no lóbulo de sua orelha.



- Contra você, não! –Bill sorriu maliciosamente -  A hora que ele te pegar de jeito....Coitada de você!



Nós sorrimos e peguei outro pedaço de pêssego e coloquei em sua boca e fui de encontro o beijando; Bill apertou minhas coxas e enfiou a língua quase na minha garganta me fazendo quase engasgar, ele tinha sede e fome ao me beijar, na verdade, queríamos sair dali e finalizar aquela festa à dois.


- Olha o que você faz comigo! – peguei sua mão e coloquei dentro da minha bata, mostrando que meus bicos dos seios estavam duros e arrepiados por ele.



-Você me provoca,né? Você é única,garota. –Ele disse gemendo baixo.   -Aqui tem salão de jogos? – ele perguntou me fazendo sorrir ainda com a mão dentro da minha blusa.


-Não...mas estou quase te sequestrando para a casa de bonecas no playground para te “mostrar” quantos LEGOS são necessários para chegarmos à lua. – Eu disse ainda baixo em seu ouvido.



- Bom, se depender do MEU LEGO super sônico ! Você vai chegar em questão de segundos. - Mais uma vez sorrimos e nos beijamos apaixonadamente. De repente ele parou de sorrir e perguntou:



- Desde quando?



- Desde quando, o quê?  -Perguntei.



- Você por mim?



- Não sei... Não sei dizer ao certo. Não sei o dia, a hora e o minuto exato...Só sei que aconteceu!



- Não sei se fico feliz por você...



- Por que está dizendo isso?  -perguntei confusa.



- Por que não será fácil para você...O preconceito!



- Bill, não quero falar disso! Isso para mim é o que menos importa!


- Importará um dia!



- Ok...Mas, não quero falar sobre isso hoje. Hoje quero apenas curtir você sem me preocupar com nada.


- Você cheira tão bem, ele passou a ponta do nariz gelado em meu pescoço. – Você beija tão bem ... – Bill voltou a me beijar.



O abracei forte  e ficamos ali abraçados conversando sobre muitas coisas.










- Vem brigar comigo , seu mané!


- Eu não bato em bêbado! –Ouvi a voz de Tom.


- Quem ta bêbado aqui? Vem brigar como homem ou você também tem alguma deficiência?


Levantei-me da mureta e me aproximei de Vinicius .


- O que esta acontecendo aqui? – perguntei para ele


- Esse aí, o irmão do cego se irritou só por que eu fiz umas piadas sobre cego! - Janice apontou o dedo na cara de Vinicius e disse:



-Você  vai lá e vai pedir desculpas para o Tom!



- Eu não vou pedir desculpa para ninguém... E eu lá tenho culpa que o irmão dele é cego!?



- Cala essa boca, seu filho da mãe!



- Janice, tudo bem ... Não precisa disso tudo...Vamos embora meninos! - Simone puxou Tom pelo braço e Gordon ajudou Bill a descer as escadas, mas antes Bill disse baixo em meu ouvido:


- Tem certeza que isso é o que menos importa?



E os dois também desceram as escadas em direção ao carro.




-Quero você fora da minha casa e se por acaso um dia a gente se cruzar pela rua , faça um favor, atravesse!  Por que se eu te pegar, eu não respondo por mim!


Eu disse isso e desci as escadas correndo.



- Simone, e-eu quero pedir desculpas!



- Janice, já estamos acostumados. Os comentários existem desde sempre e não sei se um dia isso terminará.



Vi Bill dentro do carro e abri a porta de trás do carro.



- Vem aqui amanhã para a gente ficar juntos? Por favor!



- Não sei. Janice! Eu te ligo e combinamos algo!



- Tá! - Eu apenas disse e saí de dentro do carro e fechei a porta. Vi o carro se afastando e subi as escadas querendo matar meio mundo!



- A festa acabou sai todo mundo daqui! - Peguei as duas garrafas de vodka que estavam na mureta e atirei escada abaixo.



Entrei, passei por todos e fui direto para o meu quarto. Deitei  em minha cama e chorei de raiva do mundo. Depois de alguns poucos segundos ouvi alguém batendo na porta.



-Posso entrar filha?



- Pode!



- Filha, o que está acontecendo entre você e Bill?  - Vi meu pai entrar e sentar-se na ponta poltrona.



- Estou apaixonada por ele e estamos namorando!



- Filha, você tem noção do que você está dizendo?



- Lógico!



- Janice esse rapaz é cego e ...



-Não? Jura que ele é cego? Nossa pai, se você não tivesse falado eu nem tinha reparado, sabia? Não tem como esquecer esse fato com as pessoas me lembrando toda hora. Por que essa sociedade idiota e preconceituosa tudo o que é diferente faz questão de apontar e excluir em um quarto escuro apenas com água e pão duro!



- Ele é de boa família, tem boa índole,parece um ótimo rapaz mas ...



-É cego? Pai, você preferiria que ele fosse um drogado, marginal que tivesse matado meio mundo?


O olhei com reprovação e ele nada falou.


- Vocês são todos um bando de hipócritas! Você ajuda uma instituição financeiramente e na verdade tem asco dela. Porque todos ali dentro são vítimas da sociedade. São vítimas de pessoas ignorantes exalando preconceitos por todos os poros como você!


- Eu não quero você com ele. –Ouvi meu pai insistir com o rosto fechado.

 

-Você não manda no meu coração. Caramba, você pede para  eu crescer, criar responsabilidade e quando eu finalmente faço isso  você vem dizer-me que tenho que regredir ser podre como essa sociedade preconceituosa? Bando de gente reprimida! Você me criou para ser uma pessoa justa, sem me iludir com o dinheiro,todo esse discurso era falso?


Peguei meu casaco, olhei mais uma vez para o meu pai e saí do meu quarto. Desci as escadas e vi minha mãe na varanda.



- Onde você vai a essa hora da noite, Janice? - Ela chorava



-Você concorda com ele? Você concorda com esse absurdo que ele me disse? - Eu estava fora de mim. Gritava com a minha mãe.



-Não concordo!



- Mãe, se ele insistir em me afastar de Bill. Eu juro que desapareço e nunca mais vocês vão me ver.



- Janice? Minha filha! Você está alterada. - Olhei para minha mãe com ira no olhar e me retirei rapidamente. - Onde você vai? Filha, não vá!



Entrei no meu carro sem dar ouvidos a minha mãe e dei a  partida chorando muito e fui em direção ao único lugar que eu conseguiria me acalmar...


x.x


No próximo capítulo:

- Me ensine... tudo! – Falei isso baixo e apaguei a luz deixando apenas o abajur iluminar o seu rosto perfeito.

-Não entre nessa, Janice!

- Tarde demais, Bill!

O beijei e o encostei na cabeceira da sua cama, fazendo-o gemer de prazer quando me arrumei em seu colo roçando minha intimidade na dele.

Postado Por: Grasiele

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