quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Touched By An Angel - Capítulo 20 - Nós e um PÔR DO SOL!


O Sol trouxe-me
A lua capturou-me
O vento enfrentou-me
A chuva alcançou-me
A estrada levou-me
As estrelas esmagaram-me

O amor nos salvou
Agora e de novo...

Time & Again  - A-HA


x.x


Bill estava sentado no banquinho, ele parou de tocar e colocou o violão no chão. Fui até ele e dei um beijo em sua boca.



-Comprei um negócio para você. Sua mãe disse que você adora. Abra a boca e prove!





Quando a colher tocou sua boca, ele baixou a cabeça e a cena a seguir me pegou de surpresa.



Bill bateu a mão  na colher com  força fazendo-a voar longe, bater na parede e cair no chão.





- Não faça isso! Eu sei comer sozinho. Não sou um inválido!  – Ele gritou. - Pare com essa mania idiota de dar tudo na minha boca.



Ele levantou e apoiou na mesa de costas para mim.



- Bill? Por que você fez isso? Eu só faço isso em forma de carinho, eu faria isso também se não fosse deficiente visual! Não faço... -  Minha voz ficou embargada pois minhas lágrimas já insistiam em rolar. – Nunca quis te ofender!



Bill ainda de costas baixou a cabeça pois percebeu pelo timbre da minha voz que eu chorava. Então, virei as costas e saí da sala.


Fui para o banheiro e entrei em uma cabine e chorei. Quando me acalmei, sequei minhas lágrimas, passei um pó no rosto e quando estava saindo Ellen e Patrícia entraram no banheiro conversando animadas, quando me viram com o rosto inchado calaram-se e vieram em minha direção.



- Janny,minha querida, o que aconteceu? Você está bem? – Patrícia colocou sua mão em meus ombros. Preciso falar o que aconteceu? Desabei a chorar. Ellen fechou a porta do banheiro e Patrícia me sentou na cadeira que havia lá e ajoelhou na minha frente e disse:



- Estamos aqui para ajudar, se quiser se abrir, vamos tentar ajudar.


Peguei o papel que Ellen me oferecia e sequei minhas lágrimas, olhei para elas e comecei a falar.



- É o Bill! – Eu disse.



- Ain menina, ele te deu o fora também... Nossa já perdemos as contas de quantas garotas pegamos chorando por ele, não é Pathy? Ele é assim não se apega a ninguém. - Depois o que ouvi de Ellen lógico que minhas lágrimas voltaram com mais força.



- Ellen... Por favor, fique quieta, deixe ela falar, depois você  expõe o seu ponto de vista sobre Bill, porque eu acho que não foi bem isso. Acho que Bill abriu a sua concha, mas está com medo de sair dela ou de deixar alguém entrar. - Olhei para Patrícia e ela sorriu confirmando que já tinha desconfiado de nós dois.



- Nós estamos juntos! Namorando... mas eu não o entendo... Por mais que eu tente, não dá.


- Bom, eu desconfiava que ele gostava de você, não pensei que você o correspondia. - Patrícia disse acariciando minhas mãos. – Não por ele ser deficiente, mas porque pensei que você curtisse o Gustav.



- Acho que nossa briga foi exatamente por isso, acho que ele pensa o mesmo. – Eu disse fazendo uma careta.


- Nunca vi nada entre vocês dois. Só percebi que ele gostava de você porque ele que providenciou aquela surpresa no seu aniversário, ele que comprou o buquê e o bolo para você, e pediu a mim e a Ellen que disséssemos que fomos nós que arrumamos tudo aos outros funcionários do hospital.



Eu sorri, eu tinha certeza que ele tinha alguma coisa a ver com tudo aquilo. Ficamos no banheiro ainda uns dez minutos, conversei com as duas mães e pedi discrição no meu caso por causa das regras do hospital e por Gustav.

Elas me tranquilizaram e então dei outra arrumada na cara inchada, agora bem menos e fui para o meu setor, na saída ainda tentei vê-lo mas ele já tinha ido embora, fui para o estacionamento e logo depois para a faculdade.


Meu coração doía demais, olhei trezentas vezes para o celular mas não era justo, sempre eu que ia atrás, sempre eu que procurava, sempre eu!  Dessa vez, mesmo querendo correr ao encontro dele, decidi que não ia fazer isso.


Como não tive a última aula na faculdade, cheguei em casa mais cedo; minha mãe estava na sala de TV vendo novela, beijei-a e  quando estava indo para o meu quarto ela disse me fazendo parar no primeiro degrau.



- Seu pai ligou de Florianópolis, te deixou um beijo.



- Ok! –Eu respondi rapidamente baixando minha cabeça e subindo mais dois degraus.



- Tudo bem,filha? – Ela perguntou.



- Não! – Falei sem me virar para minha mãe.



- Quer deitar no meu colo e contar o que houve? – Ela questionou.



Corri para o colo dela já aos prantos e contei o que tinha acontecido no hospital, a forma que Bill tinha agido comigo.



- Filha, você pode imaginar como é difícil para ele tudo isso? – Minha mãe disse limpando minhas lágrimas. - Gustav sadio ao seu lado... E ainda mais forçando a  barra para te namorar, porque ele não dá uma brecha a você. E como amigo de Bill, ele deve comentar que gosta de você.



- Mãe, mas não dei motivo... Tudo bem, eu beijei Gustav...


- Então espera aí, você deu um GRANDE motivo! O ciúme juntou com a insegurança e ele não conseguiu segurar. – Minha mãe disse.


- Mas, ele não precisa se sentir inseguro, eu o adoro e jamais faria algo para magoá-lo!


- Eu sei Janice, confio na criação que eu te dei. Mas, filha, não estou passando a mão na cabeça dele, quero que entenda que não achei certo o que ele fez com você, porém, eu não o culpo por ser inseguro. Pára para pensar um segundo, se coloca no lugar dele: Você  deficiente visual e ele perto de uma mulher linda e sadia... E que ele já tivesse beijado. Você se sentiria segura?



- Eu não sou deficiente e morro de ciúmes dele. Quase matei umas garotas essa semana por serem abusadas  com ele. – Eu respondi brava lembrando do acontecido, e lembrei que agi da mesma forma com ele. Fui mal-criada e agressiva do mesmo jeito que ele foi comigo, ou seja, estávamos quites.


- Pois é! Você quer que ele compreenda algo que você mesma não compreendeu... Fica difícil!



Eu me calei, fiquei ali deitada no colo da minha mãe assistindo televisão. Estava quase dormindo, assustei-me com o interfone tocando, minha mãe foi até a cozinha, atendeu e gritou da cozinha:



- Janice pega a pizza para mim, por favor!



- Tá bom! - Eu respondi.



Levantei-me, fui até a porta da sala, abri e desci as escadas para esperar o motoboy com a pizza. Quando eu vi o carro se aproximar, meu coração acelerou e minhas pernas amoleceram. Meus olhos já ficaram marejados e meus lábios começaram a tremer, olhei para cima para tentar fazer o choro ir embora... E foi!



 Ele desceu do carro e disse algo para o motorista. O vidro foi aberto e pude ver Simone no volante; ela acenou para mim e eu para ela. Logo após, fechou o vidro e foi embora. Bill ficou parado no mesmo lugar segurando um lindo e perfumado buquê de rosas colombianas. Estávamos parados ainda no mesmo lugar. Calados!



- Será que estou sozinho aqui fora? Vou morrer congelado. – Ele brincou, sabendo que eu estava ali, na sua frente. - Não gostou das flores?



- Elas são lindas! – Respondi tentando não sorrir.



- Não tanto como você. – Ele disse com um sorriso mega, híper, master, extra charmoso nos lábios. Ele viu que eu estava imóvel ainda e completou:



- Podemos conversar?



 - Sim, pegue no meu braço, vamos conversar na piscina. - Eu disse tocando em seu braço.



Ele pegou no meu braço, demos a volta na casa  e  sentamos cada um em uma espreguiçadeira na beira da piscina. Olhei para ele e o vi suspirar e começar a falar:



- Eu queria pedir desculpas por hoje. Eu fui um completo idiota. Eu ouvi você com Gustav, sorrindo,  feliz...  e acho que acabei me descontrolando.



- Sim, eu estava feliz e daí? – Pensei na conversa com minha mãe – Bill, eu sei que você deve ser inseguro por causa de Gustav, mas ele é um amigo muito querido, como Georg, como Phillip e nada mais. O amo como amigo! Nada mais que isso. Eu me interessei por ele sim, ficamos porém, quando você entrou no meu coração... Bill, não coube mais ninguém dentro dele. Você o preencheu por completo. Você entrou e fechou a porta, não existe mais ninguém com você aqui dentro. Não existe dúvidas dentro no meu peito, o meu coração é seu  e de mais ninguém.



Levantei-me, ajoelhei-me na frente de sua espreguiçadeira e coloquei minhas mãos em suas pernas e disse com uma voz segura e decidida.



- Bill, coloque uma coisa definitivamente em sua cabeça. Se eu quisesse Gustav ou outro garoto, eu já estaria com ele. Mas, não quero. Eu quero você!



- Eu sou um defici...



- Eu sei ! – Eu segurei suas mãos com força e as apertei. - Eu sei muito bem o que você é. E não preciso de você e nem  ninguém para me lembrar disso a todo segundo. EU, Janice,  estou ciente do que você é e tô cagando e andando para a sua deficiência. E juro que é a última vez que digo isso para você. Eu não me importo para a sua deficiência. Eu quero que ela se exploda de verde e amarelo. Eu quero estar do seu lado, eu estou sendo clara? Você tem alguma dúvida sobre os meus sentimentos depois de tudo isso que eu te disse? – peguei fôlego e continuei. - Não sei se tudo isso vai durar um mês,  dois anos ou a eternidade. Qualquer relacionamento entre duas pessoas, deficientes ou não, esse fator não podemos saber ao certo. O futuro não nos pertence.



- Eu sei! - Ele limitou-se  a falar, mantinha a cabeça baixa e ainda com as mãos entre as minhas.



- Bill... Meu anjo... A única coisa que sabemos é que estamos apaixonados e não conseguimos mais ficar longe um do outro... Não podemos!


Ele me abraçou com força, como se eu fosse fugir dele, eu o abracei forte também para mostrar que eu não ia sair dali sem ele, o abracei forte para afastar todas as dúvidas existente em sua mente. O abracei forte para provar que ele era o único homem que eu amava realmente.


Ele enfiou os dedos finos e gélidos entre meus cabelos  e me afastou de seu corpo, tocando meu nariz com o dele, ele me beijou com vontade, deitando na espreguiçadeira levando-me  para cima dele. O beijo dele me envolveu de uma maneira enlouquecedora acendendo todos os meus instintos.

Eu ficava sem chão, sem ar  eu ficava anestesiada quando ele me beijava daquele jeito sensual e ao mesmo tempo terno. Eu perdia totalmente os sentidos quando ele me tomava em seus  braços e se esfregava inteiro em mim.



- Desculpe-me por hoje, Jen! – Ele disse muito sincero e arrependido.





O olhei, beijei seu  lábio rapidamente  sem responder nada... palavras...


Pra que palavras num momento em que nossos corpos gritavam histericamente, um com o outro?


Ficamos ali na beira da piscina, nos beijando até pegarmos no sono profundo, abraçados e espremidos na espreguiçadeira. Acordamos com os primeiros raios de sol nascendo.



- O sol já está nascendo! – Eu disse baixo ainda em seus braços.



- Sim, eu estou sentindo. Quente e acolhedor. – Bill respondeu se espreguiçando.



-Muito lindo! – eu disse deitando em seu peito.



- Só não é mais lindo do que você. -Ele disse beijando minha testa.



- Não. Não é mais lindo do que você. - Eu sorri chegando mais perto dele. Ele sorriu, me deu um selinho e disse sentando-se:



- Melhor eu me levantar antes que fiquemos nesse, é você... não é você... é você, até amanhã de manhã. E outra, melhor ir embora antes que seu pai chegue de Florianópolis e me veja dormindo com a filha dele.



- Ele vai te agradecer por apenas dormir com a filha dele. – Eu disse deitando em seu ombro já sentada ao seu lado e séria perguntei. - Estamos craques nisso, né?


- Nisso o que? Como assim? – Ele deitou sua cabeça e a encostou na minha.



- Em passarmos a noite inteira juntos e apenas...assim... só dormir!



Bill desencostou a cabeça da minha e sorriu divertido.



- Bill, isso não te deixa...assim...meio... frustrado? – Eu perguntei sorrindo timidamente.



- Muito... Até por que, o meu desejo por você chega ser quase incontrolável e quase beirando a loucura. Ainda mais que os deficientes visuais desenvolvem o olfato muito mais do que as outras pessoas e o seu cheiro é algo assim: Afrodisíaco. – Ele respondeu sorrindo e levando a cabeça até o meu pescoço e inspirando o meu perfume.- Jen, quando sinto o seu perfume eu sinto vontade de te morder inteira. De lamber sua pele e de te beijar até você gritar e me pedir para parar.



Eu fechei os olhos e me imaginei, deitada nua sendo mordida, lambida e beijada por ele.



- Nossa...



-O que foi?  - Ele perguntou.



- Você falando dessa forma, me imaginei a seu mercê e me deu uma puta vontade de...



- A casinha de boneca do playground fica longe daqui? Podemos colocar na portinha rosa uma placa: “Não atrapalhe, Barbie ocupadíssima montando um super lego”. -Nós dois sorrimos e ainda sorrindo eu disse. -Tenho certeza que Tom apareceria e nos interromperia.



- Eu não duvido, do jeito que é um E.F.! – Ele disse.



- O que seria um E.F? – Eu perguntei.



Bill colocou os lábios no meu ouvido e sussurrou. Eu não aguentei a explicação e dei uma gargalhada alta e o abracei forte. Deus como ele era divertido. Como eu me sentia leve e feliz ao seu lado. Então eu parei de rir, fiquei séria novamente e finalizei:





- Quero muito fazer amor com você...Muito...Demais! - Ele parou de rir e respondeu-me:



- A nossa hora vai chegar, Jen! E acredite, será mais lindo, intenso e muito mais quente que esse nascer do sol.



Ele me beijou rapidamente nos lábios, levantou-se e depois ele me apressou pois íamos perder as sessões. Fomos até a sala onde ele sentou no sofá para me esperar, quando estava no meio da escada, virei-me e perguntei:



- Como sabia que meu pai estava em Florianópolis e que vai chegar hoje de manhã?



- Eu liguei pra você ontem a noite, você estava na faculdade, sua mãe atendeu, ficamos conversando e ela me disse.



Sorri, subi para me aprontar às pressas. Desci e quando passamos pela varanda para irmos para o hospital, minha mãe estava arrumando as flores na varanda.



- Tchau, Jackeline – Bill se despediu.


- Tchau, Bill!





Fui até minha mãe, abracei-a, a beijei  e disse por fim:



- Obrigada, mãe. Eu te amo demais!


- Eu também, minha filha!



Desci as escadas e abri a porta para Bill entrar. Fomos para casa dele esperei–o tomar banho e fomos juntos para o hospital.










- Vi o carro da Janice saindo daqui de casa. Bill dormiu aqui?



- Dormiu!



Jackeline respondeu sem dar muita importância ao marido.



- Dormiu? – Hélio perguntou ainda segurando a mala na mão.



- Apenas dormiu!



- E como você sabe que apenas dormiram? –Ele insistiu na pergunta.



- Por que eu vi, dormiram na piscina.



- Bom...se acontecer alguma coisa, a culpada é você!



Jackeline sorriu , virou para Hélio e disse:



- Não se preocupe porque a minha filha está muito bem instruída e graças à DEUS, está se envolvendo com um rapaz de boa índole e muito responsável. Eu confio neles e sei que se um dia tiverem relação, Bill e ela  tomarão todas as precauções necessárias, porque são ajuizados. Não vão fazer como nós que na primeira vez que tivemos a nossa relação já nos tornamos pais.



Jackeline olhou para o marido com desdém  e entrou para casa.







**





Parei o meu carro no estacionamento para evitar os comentários.



- Bom, já que não podemos lá dentro... -  Puxei Bill e o beijei.


Entramos separados, ele na frente e eu atrás.


 Na hora do almoço, saí da minha reabilitação e vi Ellie e Bill no jardim conversando. Fui até os dois e dei um beijo em Ellie, discretamente acariciei a mão de Bill. Estávamos conversando antes do almoço. Quando ouvimos Gustav chamar por Bill, dei um passo me afastando de dele.



 - Bill! – Gustav abraçou o amigo com carinho, depois dando um beijo em Ellie e depois em mim.



- Oi,Gus. – Bill também sorriu para o amigo.





- Bill, a Samara mandou te chamar urgente na sala dela. Os médicos que irão te operar estão em São Paulo para uma conferência e vieram até o hospital para te ver. Seu pai está vindo para cá para participar da reunião.





Eu congelei por inteira, travei minha respiração e olhei para Eleonora que me olhou assustada e preocupada ao mesmo tempo.


x.x


Próximo Capítulo.


-E ai?O que eles disseram,Bill? Quais são as novidades?  -Eu disse não segurando minha aflição. 
  
-Jen , eu ia te dizer sobre a minha opera... 
  
-EU já sabia sobre a sua operação,Bill! O que eles disseram?Quando você opera? –Eu disse o interrompendo.

-Precisamos sair daqui...Agora! –ele disse deixando-me mais nervosa e angustiada.

Postado Por: Grasiele

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