quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Touched By An Angel - Capítulo 18 - Phantomrider



Anjo, não chore
eu encontrarei você
do outro lado...

Phantomnrider  – Tokio Hotel



x.x



POV Bill


Demorei mais tempo no banho. Não sei exatamente quanto tempo fiquei, mas sentia meus dedos enrugados nas pontas, estava completamente absorto em pensamentos, tentando lembrar quando me senti tão vivo como quando estava com Janice no quarto. O cheiro da pele dela, só de me lembrar do cheiro e da maciez da sua pele eu fico entorpecido, entro em transe.

Mergulhei a mão dentro da banheira, encostei a cabeça na beirada e me deixei levar pelas lembranças daquele momento maravilhoso. Cheguei a sentir o cheiro do hidratante de pêssego no corpo dela, e a forma como ela massageava minhas costas com suas delicadas mãos, engoli a saliva que encharcava minha boca, e pronto. Minha vontade era de ligar pra ela e pedir para que ela voltasse...com um pote de pêssego, pois estava faminto, não só do pêssego, mais faminto por ela.





- Bill, filho! Tudo bem? – Fui desperto por minha mãe com uma voz traquila, mas preocupada.

- Eu já estou saindo mãe, só um minuto. – respondi tateando para fora da banheira, pegando a toalha e me segurando na barra de proteção; respirei profundamente, irritado pela interrupção. Não me sequei apenas me enrolei na toalha. -  Pronto, pode entrar.

- Bill querido, você sabe há quantos minutos você está aqui?


- Não mãe, mas eu sei que você vai me lembrar, como faz todas as vezes que demoro no banho. – brinquei tentando tirar a seriedade da voz dela. Poderia jurar que ela estava com as mãos na cintura e me olhando com cara de brava. E podia jurar que ela tirou a cara de brava assim que terminei minha frase. – Eu não estou tentando me suicidar mãe, só estou aprendendo a nadar. – Sorri, ouvindo a risada baixa dela.

- Você está com uma carinha de cansado.

- Eu estou cansado mãe, nadar nessa banheira não é fácil, quero uma piscina no meu quarto de aniversário. -  Ouvi novamente sua risada.

- Você está muito animado hoje, mas é melhor que você descanse, interfone quando você terminar, trago seu jantar aqui no quarto se você quiser.

- Obrigado mãe, mas estou sem fome.  Eu só quero dormir agora, eu como amanhã.

- Certo querido. Pise nesse pano senão você vai escorregar. Durma bem meu amor. -  Jogou o pano sobre meus pés e me deu um leve beijo na bochecha.





Não estava calor, mas também não sentia frio. Coloquei apenas uma calça de moletom preta e me enfiei dentro dos edredons. Juntei o maior número de travesseiros em minha volta encostei a cabeça no travesseiro maior, deitado de cabeça pra cima.

Voltei a pensar naquele momento, tentei imaginar Janice, como seria seus olhos? Nunca perguntei a cor deles, seu cabelo eu sabia que ela loiro, pois uma vez brinquei com ela durante a reabilitação perguntando se ela estava com dificuldade de achar a música porque era loira. A resposta dela me confirmou a dúvida. Sorri ao lembrar dessa cena e me peguei imaginando como seria o sorriso dela? Deus, como eu queria ter apenas 1 minuto de visão para olhá-la, para confirmar que ela é tão linda por fora como é por dentro.
Senti aquele calafrio, o medo de pensar que talvez estava indo longe demais, e que estava alimentando algo que não era certo. Respirei fundo e senti minha mente esvaindo, meu corpo relaxando, estava pegando no sono. Senti um cheiro conhecido em dos travesseiros.



- O melhor perfume do mundo...  – Sussurrei ao sentir o cheiro de Janice em um dos travesseiros, o peguei e cheirei profundamente, e sem saber se foi o efeito do perfume, apaguei.


Meu corpo estava leve, e eu podia sentir um vento gelando meu corpo. Pensei que tivesse me revirado durante a noite e o edredom estava no chão. Mas lembrei que a janela não estava aberta, ou pelo menos, minha mãe nunca deixava a janela aberta à noite; foi quando me levantei num impulso e senti algo estranho abaixo dos pés.

Não era a madeira lisa do carpete do meu quarto, era algo áspero e morno. Procurei meu chinelo com o pé e não o encontrando, voltei para me deitar na cama, tateei, mas não consegui achar. Meu coração acelerou e chamei pela minha mãe, não obtendo resposta. Meu coração acelerava cada vez mais, o silêncio me enlouquecia e me deixava com medo.

- Isso tem que ser um sonho. – Sussurrei sentindo uma gota de suor descendo em minha testa; sequei e com medo de  esbarrar em algo ou cair, parei sentindo aquele chão desconhecido esquentando meu corpo através dos pés. Parei novamente, tentando recuperar o fôlego e manter  a calma, apertei minhas mãos  e imaginei Janice enquanto inspirava.

- Bill? -  Sua voz doce me chamou e o frio da espinha voltou, mas não como medo, agora como alívio.

- Jen? –Perguntei

- Abre os olhos Bill. -  Sua voz estava tão doce, tão aconchegante e calma que o medo foi se esvaindo enquanto voltava a caminhar, seguindo o som de sua voz. - Abre os olhos meu amor.


Parei novamente, sem entender o porquê de ela pedir para eu abrir os olhos; voltei a sentir uma pontada de medo, e apertando meus olhos os abri devagar, sentindo um ardor. Uma luz forte atravessou minha visão e fechei os olhos rapidamente, piscando diversas vezes até que os abri novamente, aos poucos ficando paralisado.

Um conjunto de cores que nunca vi, presos a postes, mudando de cor em uma longa avenida deserta. Prédios. Nunca pensei que fossem tão altos, e pequenas luzes de cores muito bonitas. Cores! Olhei para um dos enormes postes preto e um deles tinha três círculos que mudavam de cor a cada minuto. Quando um estava de uma cor, o outro logo a frente ficava na cor inversa. Eu estava extasiado, paralisado com tamanha beleza.

 Olhei para o chão e pisei com mais força ao sentir o asfalto debaixo dos pés. Gostava daquela cor escura, mas gostava muito mais dos faróis de trânsito. Aquilo era mágico, sorri ao ver a coreografia de cores perfeita e percebi que no meio de tudo aquilo, de toda aquela beleza, não estava Janice, e novamente o frio na espinha.

- Jen? Você ta aí? – Meu coração acelerou, eu estava enxergando, e se Janice estivesse ali...

- Estou aqui. -  Ouvi sua voz divertida e desviei meu olhar dos faróis, ainda entorpecido por toda aquela informação. Desci meus olhos e havia uma moto parada logo a frente, e uma mulher encostada sobre a moto. Cabelos loiros e longos, os braços encostados no banco da moto eu forcei os olhos para enxergar melhor, minha vista parecia embaçada e os cocei, de longe pude ver algo brilhando em seus olhos. São claros, imaginei sem conseguir soltar as palavras.

Caminhei devagar, com medo me aproximando daquela que prendia o olhar nos meus de uma forma que me fazia sentir como se estivesse flutuando. Um sorriso largo ameaçou brotar, e ela mordeu os lábios ao olhar para minha boca. Não tinha certeza do que estava vendo e minhas pernas tremiam, abri a boca, mas as palavras não saíam. "Droga, será que fiquei mudo agora que consigo ver?" Pensei sem conseguir ouvir o som da minha própria voz martelar na mente “Janice?”.

-  Jen? – Perguntei com a voz tão baixa que jurava que ela não havia escutado. Então sua resposta veio em um sorriso largo e branco, que fez com que meu corpo se incinerasse, um formigamento subiu da ponta dos meus dedos dos pés até os dedos das mãos e o tremor se tornou em uma quase convulsão, tremia como se estivesse com frio, mas me sentia quente. Era ela, meu Deus, linda não é exatamente a palavra que eu gostaria de usar.

Na verdade, nenhuma palavra se encaixava no que eu estava querendo dizer quando vi aquele sorriso. Instantaneamente meus passos se alargaram e caminhei rapidamente até ela, vendo suas mãos se esticando a caminho do meu rosto.

Segurei suas mãos com força, tentando manter meu equilíbrio e a impedi de fechar os olhos para me beijar.

Segurei seu rosto com minhas duas mãos, tentava observar o rosto, mas seus olhos me atraíam como imãs, estava preso neles e só consegui desgrudar meus olhos quando senti sua respiração quente próxima a meu rosto. Observei seu nariz perfeitamente desenhado, a maçã do seu rosto coradas e seus lábios, úmidos, me pedindo para um beijo eterno.

Dedilhei o contorno deles, sentindo a saliva molhar minha garganta que estava seca e voltei para o par de olhos que exercia reações inexplicáveis em meu corpo.

- Q-que cor é essa? -  Perguntei com dificuldade, enquanto passava meus dedos delicadamente sobre suas bochechas.

- Ahn? -  Me perguntou ainda com o sorriso enlouquecedor nos lábios.

- A cor dos seus olhos, que cor é essa?

- Azul. -  Respondeu mordendo o lábio inferior.

A partir de hoje é a minha cor favorita. – Sorri, vendo o sorriso dela se alargar, eu não acreditava que estava vendo, e não conseguia entender como alguém poderia ser tão perfeita. Meus olhos saíram dos seus com certa dificuldade para que eu pudesse observar a parte que minha boca gritava para sentir. Umedeci meus lábios e com as costas das minhas mãos desci por sua bochecha, encaixando minha mão direita em seu fino pescoço, ouvindo um leve gemido dela ao receber meu toque, seus olhos se fecharam e pedi para que ela os mantivessem  abertos.

Novamente os ímãs azuis prenderam meus olhos enquanto encostava sobre seu corpo o pressionando sobre a moto, sentindo meu corpo latejar ao sentir o corpo dela no meu. Sentia seu hálito doce muito próximo ao meu, encostei a ponta de meu nariz no dela, “nariz perfeito” pensei enquanto senti levemente seus lábios gelados encostarem nos meus. Ela ameaçou fechar os olhos, mas se lembrando do que havia pedido os abriu novamente, buscando o meu assim que os abriu.

Minha língua imediatamente invadiu sua boca, transformando nossos lábios gelados em duas cordas flamejantes. O toque de sua língua na minha me ascendeu de imediato, apertei sua cintura contra meu quadril, ouvindo seu gemido abafado.  A sensação de poder olhar dentro de seus olhos enquanto a beijava e ver a reação deles ao sentir o toque de minha língua me deixava mais excitado.

Consegui desgrudar, com muita dificuldade os meus lábios dos dela, não consegui manter meus olhos abertos ao sentir o cheiro floral do seu cabelo enchendo meus pulmões quando me abraçou tão aconchegante.



- Eu posso voltar a ficar cego agora. -  me afastei, voltando a abrir os olhos e me perdendo naquele azul intenso e brilhante de seus olhos. – Pois eu já vi TUDO o que queria ver. – Senti as maçãs do meu rosto queimar quando uma lágrima desceu de seus olhos perfeitos e sequei a com o polegar, pressionando seu rosto com minhas mãos, colei meus lábios aos dela levemente, descendo minha mão por seu braço e segurando firme em sua mão.

-  Precisamos estrear essa belezinha. – Sorri a puxando para moto. Subi sem dificuldade, distraído, observando o couro do banco, o cromado do guidão, fui desperto por um abraço apertado e um beijo quente no pescoço. – Quer ir pra onde?

- Pra qualquer lugar. -  A voz de Jen estava tão calma, tão limpa e feliz. – Um lugar longe, onde ninguém vai nos achar, um lugar deserto.

-  Deserto? – levantei a sobrancelha, olhando para trás. -  Aperta mais. – Pedi, sentindo suas mãos apertarem mais minha cintura e dei partida, seguindo pela avenida iluminada.

Naquele momento não pensava nas cores das luzes, nos prédios e toda a novidade que aquilo me trazia. Sentir Janice segurando em mim, sendo guiada por mim, me prendia por completo e seguimos até o deserto, onde poderíamos ficar sozinhos.


x.x


Na segunda-feira de manhã cheguei ao hospital , estacionei o meu carro e desci , entrei dentro do hospital procurando Bill.



Eu o avistei no jardim, ele estava tão lindo, como sempre, de óculos escuros. Eu o observei ali sentado e sorri ao vê-lo sorrir também.



- Está atrasada mocinha! – Ele disse pressentindo a minha presença;





Fui até ele, o abracei e dei um beijo rápido em sua boca.



- Assim não vale...Como sabia que era eu? -Eu disse sorrindo



- Esse “tec tec”  do seu salto alto inconfundível.



- Ahhhh , vou vir de tênis agora. – Eu brinquei



- Não adianta Janice, quando você está por perto eu sempre te percebo! Se não é pelo salto é pelo perfume . Desista eu sempre te sinto.





Até os pelinhos da minha “chereola”  se arrepiaram nesse momento. Mais uma vez eu beijei seus lábios discretamente. Tínhamos combinado de não dizer nada para ninguém no hospital, até para evitar comentários e eu não queria magoar Gustav, eu ia com calma , avisá-lo que eu estava fechada para balanço. Ficamos mais uns dez minutos conversando então eu olhei no relógio e disse para ele:




- Bill, vou para a reabilitação com a Sabrina e com a Ellen e depois venha até o salão comer um pedaço de bolo, eu encomendei, Dulce trará as 11horas e ...



- Janny?



Ouvi uma voz infantil me chamar me virei e deparei com Sabrininha com um buque de flores na mão e Ingrid com um bolo lindo nas mãos.


Olhei de longe e vi Ellen e Patrícia já aos prantos, como essas duas mães eram choronas. Nunca vi duas mães tão choronas e babonas como essas duas. Deus foi muito justo com Ingrid e Sabrininha, por mandar elas para lares tão maravilhosos e aconchegantes.

Eu sorri para elas e respirei fundo para não chorar também .



Peguei o buque de flores das mãos de Sabrina, abri o cartão e o li . Estava apenas escrito:



"Janny, Valeu por tudo... Seus pacientes!"



Eram poucas as palavras, mas veio cada paciente que já tinha passado pelas minhas sessões em minha mente falando aquela frase, pessoas que chegaram ali , SEM FALA  e quando iam embora, diziam um "Obrigado" tão cheio de vontade, que aquela simples palavra no meu vocabulário passou a ter outro significado. Obrigado para mim, na boca dos meus pacientes tinha virado ESPERANÇA.



Olhei para o cartão e olhei para Bill, ele sorria, sabia da surpresa com certeza e sabia que eu estava em lágrimas. Ele me conhecia muito bem!



Então, fui até Ingrid e a abracei com carinho. Dei um beijo em sua bochecha carinhosamente, depois fui até Sabrininha, a abracei forte e beijei sua testa deixando uma marca de batom, que depois a limpei com o polegar.

Olhei para Patricia e para Ellen e mandei um beijo no ar, as duas continuavam, ainda, aos prantos.



- Bom, vou guardar o bolo na cozinha e depois da nossa sessão, vamos todos para a cozinha e cantamos parabéns , ok? –Eu disse ainda tentando conter as lágrimas que já caiam.


As duas pequenas bateram palmas e sorriram me deixando mais feliz. O que me fez sorrir também. Peguei o bolo das mãos de Sabrina e fui levar até a cozinha e passei por Bill e disse:



- Obrigada, meu anjo!



E segui para a cozinha, guardando o bolo; quando estava saindo encontrei Gustav, que veio me abraçar e desejar feliz aniversário, eu o abracei e rapidamente inventei uma desculpa, sem magoá-lo. Ele era um ótimo rapaz e eu tinha que me livrar dele sem ser grossa. Ele merecia todo o meu respeito.



- Obrigada, Gustav! – eu disse quando ele me deu uma caixa pequena e eu peguei sem graça.

Eu a abri e tinha uma pulseira linda com um pequeno coração de swarovski. Fiquei sem graça e ele me ajudou a colocar em meu braço.

– É linda! Gustav eu queria te dizer que ... eu gosto muito de você. Mas, não sei se é do jeito que você gostaria que eu gostasse. Eu sei que eu dei falsas esperanças e que...Olha, eu adoro você . Mas como amigo!



- Você tem outra pessoa? – Gustav perguntou com um olhar triste.



- Acho que sim! - Gustav me olhou e completei. - Desculpe ,Gus, você é um amor de pessoa, se quiser devolvo a pulseira.



-Não! Não precisa. É um presente, não uma troca!  Independente dos seus sentimentos por mim você é uma grande pessoa. Amo você!



Nos olhamos e sorrimos.



- Obrigada! – eu disse passando por ele, dando um beijo  e indo para minha sessão de reabilitação.






Meu horário tinha terminado, minhas obrigações estavam cumpridas, então peguei todos os meus materiais e fui para a recepção devolvê-los para Lena. Quando eu estava saindo da sala, ouvi alguém me chamar.



- JEN!



Parei pois ninguém me chamava desse jeito, a única pessoa que me chamou desse jeito, foi Bill no meu sonho essa noite. Eu me virei rapidamente e o olhei.



- Jen, espera quer...



- Do que você me chamou? -Eu perguntei ainda confusa.



- JEN?  – Bill sorriu sem entender



Eu fiquei parada na frente dele e o Déjà vu do sonho daquela noite veio na minha mente. NITIDAMENTE...






Depois que cheguei da casa de Bill, subi para o meu quarto, fui tomar um banho, liguei a banheira, entrei e lá fiquei por dez minutos, saí, coloquei um roupão com o corpo ainda molhado, e fui para o meu quarto e liguei o micro system  e deixei em uma estação  qualquer, fui até o closet  e peguei minha camisola, não era noite ainda, mas queria ficar o restante do dia deitada sem pensar em nada...Quer dizer pensar apenas em Bill. Ouvi a voz do meu  pai  da minha mãe no lado de fora da casa e o barulho do carro, com certeza eles iam almoçar em algum lugar, afinal minha mãe não fazia almoço nos fins de semanas, quer dizer minha mãe não fazia almoço nenhum dia, quase!

 Meu pai me ignorava por completo e eu, infelizmente, fazia o mesmo, não por que eu era rebelde, mas por que não queria discutir o assunto Bill com ele. Pra mim não tinha mais nada a ser discutido. Eu o amava e nada faria eu me distanciar dele. Meu lugar era em um só lugar, ao lado de Bill.

Deitei na cama e ao som da música que tocava no micro system  eu adormeci.




O barulho da buzina me acordou, eu me sentei em minha cama e olhei assustada ao meu redor; eu estava ainda na minha cama, mas não estava mais no meu quarto e nem na minha casa.

Pisquei várias vezes  e coloquei os meus pés no chão e senti a areia quente e muito seca, olhei para o chão e voltei a colocar meus pés em cima da cama com medo, assustada e sem entender o que estava fazendo naquele lugar.



- Que lugar é esse? – Perguntei para mim mesma.



Olhei para todos os lados e o que eu apenas via: areia, montanhas rochosas, dunas deserto, Sim...Eu estava no DESERTO. Aquilo era infinitamente lindo. Mesmo não tendo nada ao meu redor, aquilo era lindo!



Então, mais uma vez eu coloquei os meus pés para fora da cama, toquei o chão com eles  e me levantei, o sol batia em meu rosto e quase não conseguia enxergar muito longe, o sol me cegava.


O barulho da buzina me despertou novamente dos meus pensamentos e me virei para ver de onde ela vinha.  Longe, muito longe eu avistei , uma moto . Eu coloquei minha mão como visor para poder enxergar  melhor, a moto se aproximava e deixava uma nuvem de poeira por onde passava ,  o barulho do seu motor era estrondoso, me deixava surda  e quando mais se aproximava era impossível , não tapar os ouvidos, os fechei como os meus olhos também por causa da poeira, a moto  parou na minha frente , o motoqueiro desligou e não desceu dela,  eu destampei meus ouvidos e abri meus olhos e o olhei , ele estava parado em minha frente, então ele colocou suas mãos no capacete e o tirou devagar.



- Não pode ser ... Meu DEUS – Eu exclamei surpresa colocando as minhas mãos na boca e sorrindo de felicidade.  Meus olhos arregalaram se e eu não conseguia me mexer. – Como isso é possível?  Bill...Bill... você está enxergando!



Ele me olhou profundamente dentro dos meus olhos e sorriu mostrando seus dentes bem feitos:



- Você é do jeito que eu sempre imaginei... Perfeita!



Eu sorri para ele, não me  me contive e corri até ele e me joguei em seus braços. Abraçando-o!  Ele também me abraçou forte, beijando meus cabelos, ele enfiou os dedos dentro dos meus cabelos e puxando um pouco, me afastou de seu peito me encarando ainda sorrindo!





- Suba! – Ele disse



Eu subi em sua garupa e o abracei pela cintura, ele jogou seu capacete na areia, ligou a moto, acelerou e saímos em alta velocidade levantando uma nuvem gigante de areia por onde passávamos. Eu o agarrei mais forte na sua cintura, com medo, nunca tinha andado de moto, na verdade eu tinha pavor delas, Bill acho que sentiu minha insegurança, então ainda dirigindo jogou a cabeça  para trás , deitando em meu ombro e gritou sorrindo:

- Não precisa ter medo, Jen! Você está comigo!



Era verdade, quando eu estava ao seu lado, todos os meus medos, duvidas ou qualquer coisa ruim, parecia subir, desaparecer toda vez que ele sorria. Então, eu o beijei carinhosamente seu rosto e como prova da minha segurança, eu devagar me soltei de sua cintura, soltei todo o ar dentro de mim  e abri os meus braços, o vento batia nas pontas de meus dedos fazendo-me cócegas. Joguei minha cabeça para trás e fechei meus olhos. Meus cabelos desalinhados e esvoaçados  pelo vento forte que batia neles.

Então, Bill foi desacelerando devagar e parou a moto, desceu da e pegou-me pela cintura para me ajudar descer. Pegou minha mão e me puxou correndo...

- Venha, quero te mostrar algo! – Ele gritou ainda me puxando pela mão. Correndo de mãos dadas até o topo de uma enorme montanha.

Nos aproximamos e ele disse olhando para baixo:



- Olhe Jen!



 Meu fôlego trapaceou-me, fugindo todo de dentro do meu corpo quando olhei para baixo daquele imenso abismo. Estávamos na beirada de um gigantesco precipício.  Onde não havia um fim, apenas nuvens. O abismo era lindo, tínhamos a impressão que mais um pouco tocaríamos o céu...mas ao mesmo tempo era de dar medo.



- Isso é lindo!! – Bill disse me abraçando por trás, eu deitei minha cabeça em seu ombro.



- Lindo! Mas, me causa calafrios...Isso parece nem ter fim...que medo!



Bill beijou meu pescoço e sussurrou no meu ouvido.



- Não seja tão medrosa, Jen!



- Eu não sou medrosa..



-Ah não..Ok!  –Bill disse tirando sarro da minha cara.



- Não sou! Você quer ver? – Me soltei dos braços dele e fui para a beirada do precipício. – Duvida?  - Eu disse me afastando da beira quando vi que tinha chegado perto demais. Ele entrou na brincadeira e disse:



– Sim... eu duvido!



- Duvida de mim? – Então, andei em passos largos até a beirada do precipício. Virei-me e o olhei mais uma vez  séria, olhei para frente novamente. Olhando para o pôr-do-sol, vermelho e intenso, dei um passo  não encontrei o solo abaixo dos meus pés,  sem pensar duas vezes ... me atirei do abismo!



Senti uma mão me puxar para o topo do abismo novamente e acordei assustada com minha mãe puxando meu braço.



- Janice, o que esta acontecendo? Você teve um pesadelo?

- Não!! Não foi um pesadelo! – Virei-me para minha mãe – Foi um lindo sonho! O mais perfeito de todos.





Eu me levantei da cama ainda zonza e atrapalhada, aquele sonho foi tão real e tão presente em minha vida que tive  certeza que nossas almas estiveram juntas naquela noite. Fui para o banheiro e fiz minha higiene, me vesti e fui para o hospital, sem ver e nem falar com ninguém.






- Jen? Jen? –Bill me chamou de novo, me fazendo despertar das minhas lembranças.

- Bill. Por que você está me chamando dessa forma? -Eu perguntei

- Por que hoje eu tive um sonho com você e nele eu.

- Você me chamava de Jen e nele você enxergava! – Eu disse apressada, o atropelando.

Bill abriu a boca para falar algo e deduzi que tinha acertado o seu sonho.

- Bill ...hoje eu tive o mesmo sonho...Você me chamava de Jen e...

Parei de falar minha voz não saia mais. Eu estava em prantos.

- E seus olhos são azuis e agora é a minha cor favorita!   –Ele disse sorrindo também muito emocionado.





Não falei mais nada apenas corri para ele e nos abraçamos, chorando e certos que nosso único e mais desejado pedido,  DEUS tinha o realizado...pelo menos em SONHO!


x.x


Próximo capítulo:



Quando ele estava abrindo a porta para sair, eu enfiei a mão em seu bolso, peguei o telefone da talzinha  e rasguei com raiva.

-Eu ia fazer isso, já? – ele disse sorrindo.

-Tarde demais. Eu já fiz! E que esse seja o último, Bill Kaulitz  -  Eu finalizei séria.

Postado Por: Grasiele

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