terça-feira, 4 de outubro de 2011

Touched By An Angel - Capítulo 11 - Eu imagino...

Perdido e inseguro

Você me achou, você me achou


FRAY – You found me


...



Tom...Des-desculpa eu ia ligar para uma amiga e sem querer  apertei o seu número aqui na agenda do celular...Desculpa!


-Tudo bem, eu já fiz tanto isso. Não tem problema! –Tom disse sorrindo do outro lado da linha. – Você esta bem?


-Sim! Estou ótima! Depois em outra hora eu te ligo e conversamos mais,ok?



Nos despedimos e joguei meu celular no banco do passageiro e permaneci parada dentro do carro, sem saber o que fazer da minha vida. Por que quando a gente esta apaixonada fazendo as maiores cagadas, pagamos os maiores micos...Droga!

Estava ainda perdida em meus pensamentos, aquilo era bom demais para ser verdade. Bill voltaria a enxergar, ele pararia com as suas neuras e grilos.


-Janice!


Assustei- me  com Gustav batendo no vidro do meu carro. Abaixei o vidro e sorri com a cara de feliz, afinal eu estava feliz demais!



- Tudo bem? Quer conversar? Quer ir almoçar?



Eram muitas perguntas para um único ser humano...



Olhei para Gustav e na verdade meu estômago roncava e pedia um belo salmão com mostarda e um suco bem gelado de graviola.



-Tá! Sobe ! –Abri a porta do passageiro e ele entrou. Fomos conversando até o restaurante onde Bill me levou no outro dia.



- Oi! Eu quero um salmão no molho de mostarda e um suco de graviola.



Gustav me olhou e disse rapidamente:


-O mesmo!


A conversa durante o almoço com Gustav foi agradável. Não divertida como as que eu tinha com Bill. As conversas que eu tinha com Bill eram sempre regadas  a muita risada. Eu parecia uma idiota quando estava perto dele. Minha barriga doía de tanto que eu ria de suas piadas,sempre inteligentes.


Olhando para Gustav falando em sua frente percebeu que não conseguiu prestar atenção em uma única palavra que ele dizia. Seu único pensamento era em BILL.


Almoçamos e quando estavamos  indo embora, Daniel me abordou e sorrindo disse:


- Mande lembranças para Bill.


-Mando sim,Daniel pode deixar. –Eu disse sorrindo


Saimos do restaurante e seguimos para o hospital. Estacionei meu carro na frente do hospital e Gustav desceu,mas antes agradeci:


-Obrigada,Gustav pelo almoço.


-Imagina. Podemos repitir amanhã? –Ele perguntou


-Hum...Não venho para o hospital.Tenho uns documentos para providenciar para a nova vaga. Agora sou uma garota empregada,esqueceu?


-Tudo bem! Fica para outro dia. - Gustav se aproximou e deu um beijo bem no canto da boca da minha boca e desceu do carro. O beijo seria na boca, se eu não tivesse virado meu rosto.


Estava virando o carro quando meu celular tocou e quando olhei para o visor eu quase morri do coração.



Bill Delicinha chamando...



Então, atendi o celular com a voz mais normal do mundo...Pelo menos tentei!


-Alô?


-Janice? Oi é o Bill!


-Oie,Bill! O que foi? Esta com alguma dúvida sobre a música? –Eu perguntei torcendo para que ele falasse: ”Venha aqui na minha casa que eu quero te beijar inteirinha”.


-Quero me desculpar por hoje! Fui tão estúpido e...Desculpa! –Ele disse baixo.


-É, você foi grosso mesmo,mas tudo bem! Você devia ter algum motivo!


-Não! Nenhum motivo é suficiente para eu te tratar dessa forma. Você sempre foi tão legal. Eu que estou chato e um pouco sem paciência.


-Mas, você esta bem agora? Esta melhor? –Eu perguntei


-Não!


-Eu posso ajudar? - fechei meus olhos e pedi.   - Deixa eu te ajudar,Bill!


-Onde você esta? –Ele perguntou.


-Estou perto da sua casa! –Mentira mais deslavada de todas  - eu vim fazer um trabalho da faculdade e é aqui perto do seu condomínio.


-Passa aqui em casa e conversamos...e..eu me desculpo pessoalmente.


Um sorriso gigante surgiu em meus lábios.


-Não sei! Você tem certeza?


-Vem...Estou te esperando! –Ele disse antes de desligar.


Minha vontade era de gritar e sair correndo pela rua feito uma louca. Na casa dele era tudo o que eu mais queria. Não me julgue errada,por favor! Ok..Ok...Pode julgar! Pois as minhas intenções eram as piores!


Dei a partida e cheguei na casa dele em minutos. O porteiro me anunciou e me indicou a casa. Um puta casa! Entrei e fui recebida por uma moça com um vestido azul e um sorriso doce.


-Oi, Dona Janice? –Ela perguntou.


-Por favor, Não precisa o DONA.


Ela sorriu e disse:


-Vou te levar até o Bill!


Ela entrou na casa e a seguiu. A casa era branca com detalhes azuis. Uma decoração moderna e tudo era muito grande e muito limpo. Ela parou em frente a uma porta grande, bateu e abriu.


-Bill? A Janice esta aqui! – Ela me anunciou.


-Obrigado,Camila. Você pode encostar a porta quando sair e depois traga um suco de graviola para nós.


-Tudo bem, com licença!


Camila saiu e encostou a porta. Eu fui até a porta e bem devagar sem ele perceber, a fechei.


-Oie! – Alguém tinha que quebrar o gelo.


-Que bom que você veio. Estava com minha conciência pesada.


-Estava? Não esta mais? –Eu brinquei.


-Desculpa,Janice! –Ele disse sincero.


-Tudo bem! Você deve ter os seus motivos.


-Não! Mais uma vez eu digo. Nada é motivo. Não estou legal esses dias. Estou confuso,não consigo pensar direito. Minha cabeça dói de tanto que eu penso, que eu imagino...


Eu me aproximei e segurei suas mãos e perguntei:


-Imagina o que? O que você anda imaginando?  -Eu já estava descontrolada. Já precisava ser amarrada no pé da mesa.


Ele livrou-se das minhas mãos e tocou meu rosto com as pontas dos dedos. E foi tocando devagar, como se quisesse me ver, ali na sua frente.


-Eu queria muito saber como você é realmente. –Ele disse triste.


-Você não precisa me olhar para saber como eu sou realmente. Apenas me sinta. Isso já basta!


Bill então, colocou suas mãos em meu pescoço e trouxe meu rosto delicadamente para perto do dele. Fechei meus olhos e me deixei beijar.


O abracei pelo pescoço também e juntei meu corpo perto do dele. O beijo foi melhor do que o da festa da avó do Bill. Pois, dessa vez percebi  a entrega total dele. Sua língua quente se enroscando na minha de uma forma tão sensual e ao mesmo tempo tão meiga.


-Isso tudo me deixa tão agoniado. Eu queria muito olhar dentro dos seus olhos e dizer muitas coisas.Uma coisa tão simples do cotidiano e não posso...


Bill disse separando seus lábios dos meus. Aquela frase cortou o meu coração. Queria tanto tirar esse sentimento ruim de dentro dele. Se eu pudesse emprestar meus olhos, minha visão para ele por minutos...mas,não podia!

-Eu sei! Eu sinto muito...mas não deixe isso ser mais forte que alguns sentimentos dentro de você. Você pode dizer tudo o que você quiser para mim. Tem gente que olha dentro dos nossos olhos e não conseguem dizer a verdade, não conseguem captar a essência.


-Pode ser...  -Bill disse fazendo uma cara de dor, como se tudo aquilo doesse realmente dentro dele e ainda muito cabisbaixo finalizou   -eu estou confuso e com muito medo de todos esses sentimentos. São sentimentos que eu não sentia há muito tempo...Não sei como lidar com eles.


-Vá com calma! Deixa rolar naturalmente...Viva um dia após o outro!


Eu falei quase em um sussurro, me aproximando dele mais uma vez e o beijando novamente na boca. Sua boca  deixou a minha entre aberta e passou a beijar o meu pescoço, eu gemi em seu ouvido. Eu abri meus olhos e olhei para o grande sofá na sala. Por que era nele que eu ia empurrar ele...e...e ia estragar tudo de novo. Não! Vamos fazer tudo certo dessa vez, Dona Janice!


Terminamos o beijo e falei:


-Você não vem mesmo para o hospital essa semana?


-Não! Preciso me afastar um pouco. Não estou bem de verdade. – Ele sorriu.


-Se você precisa desse tempo...Que seja! E se precisar estou aqui.


-Obrigado! Eu sei que posso sempre contar com você. –Ele disse ainda com os braços em minha cintura.


-Bom, preciso ir embora porque tenho duas provas hoje e ainda não estudei para nenhuma.


Dei um leve selinho em seus lábios e com delicadeza peguei seu rosto em minhas mãos e disse:


-Não se cobre, não pense tanto, não ache precipitadamente...Deixe as coisas seguirem o percurso normal, não desvie o caminho por medo...muito menos por sua deficiência. Que aliás eu odeio essa palavra DEFICIÊNCIA. Acho vocês ESPECIAIS, sem deficiência nenhuma. Acho esse nome tão infeliz!


Bill baixou a cabeça e a ergui com minhas mãos ainda em seu rosto.


-E mantenha essa cabeça sempre erguida, você não é inferior a ninguém. Ninguém pode mais que você. Eu fui clara ou vou ter que te dar um “crock” nessa sua cabeça oca?


Bill sorriu. Fazendo –me sorrir também. A porta foi aberta e Camila entrou com os sucos de graviola. Afastei-me dele, bebi um pouco de suco e sai da sala.


Peguei meu carro, fui direto para a faculdade. Cheguei cedo, porém estudei e fiz minhas duas provas e sem falar com ninguém fui para casa. Abri minha sacada acendi um cigarro e depois deitei na cama dormindo.



...



Na mesma noite, Gordon,Simone e Bill chegaram para jantar no restaurante. Daniel veio ao encontro com o sorriso gentil de sempre. Ofereceu a melhor mesa e o melhor vinho para o casal.


-Bill, mandei lembranças hoje para você?-Daniel disse aproximando-se de Bill.


-Pra mim? –Bill perguntou sem entender.


-Sim, aquela sua amiga loirinha veio almoçar aqui hoje com um rapaz loirinho e gordinho.


-Ah,é? Janice almoçou aqui com Gustav?  -Bill perguntou tentando disfarçar a raiva.   –Legal!


Simone olhou para Bill e depois para Gordon. Visivelmente enciumado Bill mal tocou em sua comida. Simone tentou puxar conversa, em vão! Depois do jantar, em casa ele foi para o seu quarto sem falar com ninguém.

Postado por: Alessandra

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