Só que eu tinha um
pequeno problema, acho que estou... Grávida. Enjôos constantes, ciclo menstrual
atrasadíssimo, cansaço além do normal, e um desejo incontrolável de comer doce
o tempo inteiro. Eu nunca havia me sentido assim antes, e esses são sintomas
muito característicos. Preciso de ajuda, preciso contar isso pra alguém, e eu
sabia muito bem quem.
– Qual a
emergência, Nati?- Perguntou
Ash, sentada no sofá, de frente para mim, que estava na poltrona.
– Ash, ainda não
tenho certeza...!- Hesitei,
ela colocou a mão sobre minha perna, me incentivando. – Eu acho... Que
estou grávida!-Soltei, e ela ficou parada.
De repente ela
abriu o maior sorriso.
– Own... Você está
grávida do Gust! Vai ser tão lindo quando ele souber...-Eu dei um pulo.
– Não! Eu não sei
se ESTOU grávida, tudo INDICA que estou. O Gustav não pode saber ainda.
– Oras, faça um
teste!- Ela
disse como se fosse óbvio, e era.
– Eu comprei um
teste, mas fiquei com medo de fazer! –Ash me abraçou de lado.
– Eu estou aqui
agora, e vamos fazer esse teste de uma vez por todas.
Fomos até o
banheiro, e alguns minutos depois eu saí, com o resultado em mãos, e é claro
que era o que eu já sabia.
– Positivo!- Disse um
pouco abismada.
– Ah!- Ash gritou e
me abraçou. –Eu vou ser titia, vou ser titia. - Ela ficou
repetindo isso, até que e fiquei parada, e ela percebeu.
– Tem alguma coisa
errada?- Ash
perguntou, vendo meu desânimo repentino.
– Eu sei que posso
confiar em você Ash!- Comecei. –
E isso que eu vou te contar, tem que ficar entre nós!- Decretei.
– Tudo bem, pode
falar!- Disse
séria.
– Eu o encontrei
Tom!- Ela
me olhava atenciosamente.
Eu lhe contei tudo
que havia acontecido, desde o dia que ele me encontrou em meu carro.
– Então você quer
dizer que está apaixonada pelo Tom, mas também pelo Gustav, e não sabe ao certo
que é o pai do seu filho?- Ela parecia calma, assimilando tudo. Eu
assenti.
– Puta que pariu
Natalie Benson! Você se meteu numa baita de uma merda!-Disse
consideravelmente tranqüila.
– Eu sei!- Coloquei as
mãos sobre o rosto.
– Você precisa ir
ao médico, pra saber de tudo direitinho! - Ela olhou no relógio –
Podemos ir agora, fazer uma consulta. Seu convênio é ótimo!
Arrumei-me e fomos
para o hospital, estacionamos o carro e fomos em direção ao prédio. Outro carro
veio em nossa direção. Eu me joguei, puxando Ashley junto comigo; o carro subiu
à calçada e bateu em uma placa. Um homem saiu de dentro, e quando me viu no
chão, sacou uma arma e atirou. Eu me levantei rápido, arrastando Ashley, para
trás de um carro. O homem parou de atirar, e foi embora, visto que muitas
pessoas passavam pelo local.
Mas eu me recordava
dele, esforçando muito minha memória, ele era um “funcionário”, de um dos
negociantes de Tom. E pelo visto, o negócio não deu certo, e ele estava ali
para descontar em mim.
Acordei de minhas
lembranças, quando vi sangue, sangue em...
Em Ashley, ela
tinha sido baleada. Gritei por socorro, e logo alguns enfermeiros vieram com
uma maca (Sorte nossa que estávamos no hospital).
Eles a levaram para
a sala de cirurgia, e eu fiquei na sala de espera. Mas, acho que eu me esforcei
demais com toda essa loucura, e comecei a me sentir mal, me senti tonta, e logo
eu estava no chão, e tudo que eu consegui ver foram alguns enfermeiros correndo
em minha direção.
Acordei
provavelmente, algumas horas depois deitada em uma cama, tomando soro. Uma
médica estava ao lado da minha cama, lendo alguma coisa que parecia minha ficha
médica.
– Olá senhorita,
Benson!- Disse
educadamente.
– Oi! - Respondi um
pouco sem jeito.
– A senhorita
desmaiou, e foi trazida para cá, onde nós fizemos alguns exames. Creio que já
sabe sobre sua... Gravidez!- Disse um pouco apreensiva, para
não me assustar, caso eu não soubesse.
– Sei sim!- Sorri, e
inconscientemente coloquei a mão sobre a minha barriga. Ela sorriu aliviada.
– A senhorita
desmaiou, por causa do esforço que fez para ajudar sua amiga!
– Como ela está?- Perguntei um
pouco sobressaltada.
– Ela está bem. Ela
já saiu da cirurgia, e agora está se recuperando. –Respondeu com
calma.
– Onde o tiro
atingiu?
– O braço dela.
Nada com o que se preocupar. – Suspirei aliviada. –
Agora descanse, para não prejudicar o bebê.
– Está tudo bem com
ele, não é?- Perguntei
receosa.
– Sim!- Sorriu
docemente. – Vocês agüentaram firme. - Ela passou a mão sob
minha cabeça e saiu do quarto.
Eu devia que isso
ia acontecer, mais cedo ou mais tarde. Era essa a vida de qualquer pessoa que
estivesse com o Tom. Agora eu tinha uma nova ‘vida’ crescendo dentro de mim.
Meu bebê é a minha prioridade agora, muito mais do que qualquer dilema amoroso
que eu esteja envolvida.
Minha melhor amiga
havia levado um tiro, por causa de uma coisa que nem ao menos faz idéia, e como
meu bebê ficaria no meio disso tudo?
Eu precisava saber
qual dos dois era mesmo o pai, por mais que eu tivesse certeza que gritava
dentro de minha cabeça.
Levantei da cama,
ainda um pouco tonta, mas com a coragem necessária para olhar minha ficha
médica.
2 semanas e meia.
Como eu
desconfiava. Foram exatamente 2 semanas e meia, desde o reencontro com Tom, na
minha Land Rover, que não só me rendera uma pequena cicatriz na testa, como
também um bebê.
O que eu faria
agora? Não poderia simplesmente contar para o Tom que eu esperava um filho
dele, por que o que eu diria a Gustav? E o mais importante, nem eu, nem Tom,
poderíamos protegê-lo completamente, visto que o ‘ramo’ de trabalho dele lhe
trouxera muito inimigos. Mas, por outro lado, se eu dissesse a Gustav que o
filho era dele não saberia que tipo de ira de Tom nós enfrentaríamos.
Afastar-me poderia ser uma opção? Eu não quero, não quero deixá-los. Mas eu
tenho, por meu bebê, pelo bem estar dele.
2 semanas depois...
– 1 mês! Daqui a
pouco, você não esconderá mais a sua barriga!-Advertia Ashley, enquanto
eu a ajudava a fazer as malas - poucas coisas - para que ela, finalmente, fosse
embora do hospital.
– Ainda não dá pra
ver nada!- Suspirei
revirando os olhos.
– Como? Acha que
nem o Gustav e nem o Tom estão reparando no rápido crescimento dos seus peitos?- Ela sorriu
maliciosamente, imaginando a expressão que algum dos dois fazia quando olhava
meus seios.
– Engraçadinha!- Rimos.
– Você tem que
decidir o que fazer logo. E saiba que eu estar com você no que decidir!- Ela me
abraçou de lado, e finalmente saímos do quarto.
– Eu já decidi!- Disse
convicta, enquanto íamos em direção ao meu carro, minha querida Land Rover.
– Tem certeza que é
isso mesmo?
– Sim!- Respondi, e
coloquei a mão sobre minha barriga.
Entramos no carro e
eu a deixei em casa, logo seguindo para a minha.
Tom P.O.V. ON
Eu a segui desde
que saiu do hospital com a amiga, que infelizmente foi baleada num atentado
contra a MINHA Natalie. Ela ficou assustada, e um pouco distante de mim depois.
Se eu pegar o desgraçado que fez isso, eu nem sei o que eu faria, mas seria
doloroso, MUITO doloroso.
Eu queria passar um
tempo a mais com ela, por que ultimamente, o Schäfer a aluga mais que tudo, e
eu odeio ver os dois juntinhos a semana inteira.
Para que ninguém
desconfie, eu a ultrapassei, e fiquei 2 quarteirões depois a esperando, e sei
que ela me reconheceria. Alguns minutos depois, o carro dela se aproximava, e
meu coração começou a bater forte, como nunca antes, é isso que a saudade faz
com a gente.
BOOOOMMMM!!!!!!!!
Vidros
estilhaçados, o carro em chamas, e a lataria contorcida.
– Não! - Eu gritei, e
sai correndo do carro em direção ao que sobrou da lataria.
Cai de joelhos no
chão, um pouco distante das chamas, chorando.
Ela, Natalie...
estava...Morta. Não, isso não podia estar acontecendo, não é possível. Eu não
POSSO perder a razão da minha vida, a razão de eu estar sustentando toda a
minha fuga da prisão, a razão de eu ter me tornado uma PESSOA melhor. Meu
coração só gritava por ELA. Eu tinha sido capaz de perdoá-la por ter me traído,
uma coisa da qual eu não era capaz.
E agora não existia
mais nada, nenhuma razão para continuar com tudo.
Eu não me importei
quando os policiais chegaram, e com eles, Gustav. Ele olhou pra mim surpreso,
mas não durou muito, por que logo ele estava como eu: De Joelhos, encarando o
carro destruído.
Os policiais não
perderam tempo, e assim que me reconheceram me prenderam, novamente.
E dessa vez eu não
pretendia fugir!
Tom P.O.V. OFF.
Gustav P.O.V. ON
Eu estava confuso.
Primeiro o Tom estava ali também; Segundo o carro da Natalie estava destruído,
e pelo que me informaram era ela que estava dentro.
Será que ele tinha
feito aquilo? Eu não consegui mover um músculo sequer, para fazer um acerto de contas.
Eu não tinha noção do que acontecia ao meu redor, eu só conseguia pensar em...
Natalie. Minha melhor amiga, melhor parceira, melhor companheira, melhor
namorada, e se ela tivesse aceitado, melhor esposa. Agora tudo estava
destruído, tudo estava acabado, sem sentido. Não tinha força para nada, nem pra
responder a Georg que me chamava parecendo preocupado.
Que se dane tudo,
eu não quero continuar, EU NÃO VOU CONTINUAR.
Gustav P.O.V. OFF
Noticiário ON
Hoje um atentado
chocante, tirou a vida de uma das mais prestigiadas agentes da polícia de Nova
York, Natalie Benson. Por algum motivo, o procurado golpista e traficante, Tom
Kaulitz, estava no local, e PEDIU para ser preso. E como a própria detetive Benson
ajudou a desmascará-lo e prendê-lo da primeira vez, ele é o principal suspeito
de ser o mandante do atentado que tirou a vida da mesma.
O parceiro dela, o
detetive Gustav Schäfer, não quis gravar entrevistas e logo após o corpo dela
ser levado, ele pediu exoneração da polícia.
De volta aos
estúdios com...
Noticiário OFF
Eu observava tudo
de longe, do alto de um prédio, onde era seguro.
Pronto... estava
feito. Eu sai definitivamente da vida dos dois.
Uma lagrima caiu de
meus olhos, e eu sabia que era só começo. Mas tudo era pelo MEU bebê, minha
razão de viver agora. Eu não conseguia me importar com nada ao meu redor, meus
sentimentos estavam alheios a qualquer ação minha. Sim, eu poderia, e iria me
arrepender mais tarde, mas agora, nada mais tinha importância. Eu tinha certeza
que teria tudo que eu precisasse. Meu filho ou filha, minha melhor amiga,
Ashley; principalmente agora que sigo os passos de Tom. Talvez o ramo de
trabalho dele não seja tão ruim assim, ainda mais que eu não trato com nenhum
de meus ‘sócios’ diretamente. Prefiro ficar na sombra e não correr tantos
riscos. Acho que eu posso ficar boa nisso, tanto quanto Tom.
Só não se esqueça
da próxima vez...
Não Confie em Mim!
FIM