quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Não Confie Em Mim! - Capítulo 4


Acordei no outro dia ás 14 h da tarde, com a campanhia tocando insistentemente. Levantei demoradamente, porque meu corpo estava todo dolorido, e com muito esforço cheguei à porta. Quando abri, Gustav entrou, sem nem dizer nada, e sem olhar pra mim, então disparou...
– O que foi que aconteceu que eu te liguei, bipei, vim aqui na sua casa, e não consegui te en...?- A pergunta ficou no ar, quando ele me encarou, ficou paralisado.
– O que é?- Perguntei segundos depois de ele ficar estático à minha pergunta.
– Sua cabeça, seu rosto!- Ele disse perdido. Passei a mão no rosto, e soltei um gritinho de dor. – Foi o Tom, não foi?
– Tom? Não... Isso... Isso foi ontem na boate... Eu bebi demais... E me envolvi numa briga, e a garota tinha uma garrafa na mão, e sabia bater bem! -Disse a primeira desculpa que me veio à cabeça. Mas Gustav pareceu acreditar. Ele me levou até o sofá pra que eu pudesse me sentar, e eu agradeci profundamente, por que eu não me recordava do meu corpo doer tanto ontem à noite.
–Eu vou pegar um analgésico pra você!- Ele me deu um selinho, e foi até a cozinha buscar o remédio.
Gustav voltou não muito tempo depois, com o analgésico, e um copo com água. Eu tomei e ele ficou me observando enquanto isso, com um olhar confuso.
– Você não é de brigar. Por que fez isso?- Perguntou preocupado.
– Eu estava nervosa, e bebi demais. Não foi uma combinação muito boa!-Respondi fazendo uma careta.
– Tenho medo do que você possa ter feito com essa garota! - Ele riu, e eu acompanhei, sem humor. Na verdade, ele teria era muita raiva se soubesse que essa “garota”, era o Tom, e que eu tinha feito coisas impróprias para menores.
Ficamos em silêncio durante alguns segundos, que para mim, pareceu uma eternidade, sob o olhar minucioso dele.
– Eu fiquei muito preocupado. Pensei que o Tom tivesse te encontrado, e...-Ele não continuou, fechando os olhos com força. Coloquei a mão em seu rosto.
– Desculpa, eu esqueci o celular e o bipe aqui em casa. Devia saber que você ficaria preocupado comigo, visto as circunstâncias! - Ele abriu os olhos, e eu pude ver o leve arroxeado em baixo dos mesmos. Ele não havia dormido, por minha causa.
– Eu fiquei com medo de você ter ficado com raiva de mim, por causa dos seguranças. E quando você disse que era para que eu procurasse outra parceira, eu...- Coloquei um dedo sobre seus lábios.
– Esquece tudo que eu disse. Eu fui a maior ingrata com você. Enquanto você ficou preocupado com meu bem estar, eu gritei com você como uma criança mimada. E mesmo depois disso, você veio aqui pra me ajudar!
– Isso é por que, eu te amo muito, Natalie. Eu não sou nada sem você!- Ele me deu um beijo doce e calmo.
Ótimo, como eu poderia escolher? Tom é aventureiro e sedutor; uma tentação pra qualquer mulher. Gustav é carinhoso e preocupado; o tipo de pessoa que você quer ficar grudada o tempo inteiro. E AMBOS me faziam enlouquecer, com um simples olhar.
Seria simples se eu conseguisse achar um defeito REALMENTE relevante em um dos dois, por que eu poderia decidir de uma vez por todas, sem me arrepender depois. Os dois tinham defeitos, evidentemente, mas aos meus olhos não eram muito importantes.
E a cada dia ficava mais difícil dizer qual dos dois eu gostava mais.
Gustav me buscava todos os dias, para irmos juntos ao trabalho, ou somente para passarmos algum tempo juntos.
Flashback ON
Gustav parou o carro em frente à praia tão conhecida nossa. Saímos do carro e ele logo me alcançou, segurando minha mão e entrelaçando nossos dedos. Andamos calmamente pela praia, descalços, mas não por muito tempo. Logo nos sentamos em uma das pedras, ouvindo as ondas quebrarem na mesma, trazendo um ar frio e aconchegante. Ele sentou ao meu lado e passou um braço por meus ombros, e eu deitei a cabeça em seu peito, observando o horizonte.
– Se lembra de quando nós entramos pra policia e viemos comemorar aqui nessa praia? – Gustav perguntou, com um leve toque de diversão na voz.
– Ah não, por favor, não me faça lembrar disso! – Resmunguei manhosa, escondendo o rosto em seu peito. Ele riu, sendo acompanhado por mim.
– Foi bem interessante ver você fazendo um Streep Tease, bêbada! – Dei-lhe um tapa de leve. – Foi a primeira vez que eu a vi bêbada daquele jeito!
– Não foi nada interessante, seu pervertido!
– Quer saber de uma coisa? – Assenti com a cabeça. – Eu queria te pedir em casamento naquele dia, mas você ficou tão feliz por ter entrado na policia que eu preferi não interromper sua comemoração. O problema é que depois você terminou comigo! – Ele deu uma risada sem humor, e eu fiquei paralisada diante de sua revelação. Nunca imaginei que ele queria me pedir em casamento. Levantei a cabeça devagar, olhando em seus olhos.
– Eu não sabia disso! – Gustav abaixou a cabeça, e voltou a encarar o horizonte, ainda sob meu olhar.
– Quando você disse que não daria certo namorar comigo, eu achei que tudo tinha terminado. Mas bastava você se sentir sozinha e sem nem se importar com o que os outros iam dizer, para que viesse de novo pra mim. – Ele sorriu. – Foi ai que eu soube você não estava comigo, por medo. Medo de ser forçada a me esquecer, ou de ter que me machucar às vezes, como quando você entrou na missão do Tom. – Gustav fixou seus olhar no meu, me deixando tonta com suas verdades.
Antes que eu pudesse me dar conta do que ele tinha feito, Gustav já estava em cima de mim, prendendo meus pulsos, encaixado entre minhas pernas. Sorriu docemente antes de me beijar. Mais um de seus beijos quentes e gentis, que me mostravam diretamente quais seus reais sentimentos.
Flashback OFF
Tom dava sempre um jeito de me surpreender, para podermos passar algum tempo juntos, como agora...
Ele, meio que me “seqüestrou” na saída do trabalho, e me levou para um passeio de Hiate, à noite.
– Você é louco!- Disse, enquanto ele me servia com um pouco de vinho.
– Eu disse que faria tudo por você!- Ele sorriu e eu abaixei a cabeça, um pouco envergonhada.
Eu senti o cheiro de algo, que eu não gostei.
– Que cheiro é esse?- Fiz uma careta de nojo, que Tom não viu.
– Macarronada, a sua comida predileta!- Assim que ele colocou o prato à minha frente, eu corri para um lado do Hiate, e coloquei tudo pra fora, ele correu até mim e segurou meus cabelos. Eu acabei, e fui correndo para o banheiro - que eu não sabia bem onde ficava-, e lavei a boca. Esses enjôos estavam ficando freqüentes, principalmente quando se tratava de Macarronada, minha comida preferida.
Tom estava à porta do banheiro, preocupado (percebeu que todos ficam assim, quando se trata de mim?). Ele segurou meu rosto com delicadeza.
– Você está bem?
– Estou, é que eu não me dou muito bem com o balanço do mar!- Menti, mais uma vez. Como eu vinha fazendo há algum tempo.
– Se você quiser podemos ir embora!- Sugeriu.
– Não! Hoje só foi um dia cansativo, preciso só descansar!- Eu pude ver sua expressão desapontada, aposto que ele tinha planos muito mais “animados”, mas ele compreendeu. Levou-me até a cama e me deitou, fazendo o mesmo, e me aninhando em seus braços, com a cabeça em seu peito.
– Desculpa, por estragar a noite!- Disse quase pegando no sono.
– O importante é que você está COMIGO, só COMIGO, e mais ninguém!- Ao dizer isso ele beijou o topo de minha cabeça. E meu coração apertou, por que eu sabia que esse ‘ninguém’, a quem ele se referia, era Gustav. E eu não gostava do fato de não tê-lo ali comigo também. Eu sei isso é loucura, mas meu coração é egoísta demais, e quer ter os dois, ao mesmo tempo.
Acordei no outro dia, mais disposta. Me despedi de Tom, e fui para casa. Eu não iria trabalhar hoje, pois é Domingo, e não tinha nenhum caso urgente que precisasse da minha atenção.

Postado por: Alessandra

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