Acordei no outro
dia ás 14 h da tarde, com a campanhia tocando insistentemente. Levantei
demoradamente, porque meu corpo estava todo dolorido, e com muito esforço
cheguei à porta. Quando abri, Gustav entrou, sem nem dizer nada, e sem olhar
pra mim, então disparou...
– O que foi que
aconteceu que eu te liguei, bipei, vim aqui na sua casa, e não consegui te
en...?- A
pergunta ficou no ar, quando ele me encarou, ficou paralisado.
– O que é?- Perguntei
segundos depois de ele ficar estático à minha pergunta.
– Sua cabeça, seu
rosto!- Ele
disse perdido. Passei a mão no rosto, e soltei um gritinho de dor. –
Foi o Tom, não foi?
– Tom? Não...
Isso... Isso foi ontem na boate... Eu bebi demais... E me envolvi numa briga, e
a garota tinha uma garrafa na mão, e sabia bater bem! -Disse a primeira
desculpa que me veio à cabeça. Mas Gustav pareceu acreditar. Ele me levou até o
sofá pra que eu pudesse me sentar, e eu agradeci profundamente, por que eu não
me recordava do meu corpo doer tanto ontem à noite.
–Eu vou pegar um
analgésico pra você!- Ele
me deu um selinho, e foi até a cozinha buscar o remédio.
Gustav voltou não
muito tempo depois, com o analgésico, e um copo com água. Eu tomei e ele ficou
me observando enquanto isso, com um olhar confuso.
– Você não é de
brigar. Por que fez isso?- Perguntou preocupado.
– Eu estava
nervosa, e bebi demais. Não foi uma combinação muito boa!-Respondi fazendo
uma careta.
– Tenho medo do que
você possa ter feito com essa garota! - Ele riu, e eu acompanhei, sem
humor. Na verdade, ele teria era muita raiva se soubesse que essa “garota”, era
o Tom, e que eu tinha feito coisas impróprias para menores.
Ficamos em silêncio
durante alguns segundos, que para mim, pareceu uma eternidade, sob o olhar
minucioso dele.
– Eu fiquei muito
preocupado. Pensei que o Tom tivesse te encontrado, e...-Ele não continuou,
fechando os olhos com força. Coloquei a mão em seu rosto.
– Desculpa, eu
esqueci o celular e o bipe aqui em casa. Devia saber que você ficaria
preocupado comigo, visto as circunstâncias! - Ele abriu os olhos, e eu pude ver
o leve arroxeado em baixo dos mesmos. Ele não havia dormido, por minha causa.
– Eu fiquei com
medo de você ter ficado com raiva de mim, por causa dos seguranças. E quando
você disse que era para que eu procurasse outra parceira, eu...- Coloquei um
dedo sobre seus lábios.
– Esquece tudo que
eu disse. Eu fui a maior ingrata com você. Enquanto você ficou preocupado com
meu bem estar, eu gritei com você como uma criança mimada. E mesmo depois
disso, você veio aqui pra me ajudar!
– Isso é por que,
eu te amo muito, Natalie. Eu não sou nada sem você!- Ele me deu um
beijo doce e calmo.
Ótimo, como eu
poderia escolher? Tom é aventureiro e sedutor; uma tentação pra qualquer
mulher. Gustav é carinhoso e preocupado; o tipo de pessoa que você quer ficar
grudada o tempo inteiro. E AMBOS me faziam enlouquecer, com um simples olhar.
Seria simples se eu
conseguisse achar um defeito REALMENTE relevante em um dos dois, por que eu
poderia decidir de uma vez por todas, sem me arrepender depois. Os dois tinham
defeitos, evidentemente, mas aos meus olhos não eram muito importantes.
E a cada dia ficava
mais difícil dizer qual dos dois eu gostava mais.
Gustav me buscava
todos os dias, para irmos juntos ao trabalho, ou somente para passarmos algum
tempo juntos.
Flashback ON
Gustav parou o
carro em frente à praia tão conhecida nossa. Saímos do carro e ele logo me
alcançou, segurando minha mão e entrelaçando nossos dedos. Andamos calmamente
pela praia, descalços, mas não por muito tempo. Logo nos sentamos em uma das
pedras, ouvindo as ondas quebrarem na mesma, trazendo um ar frio e aconchegante.
Ele sentou ao meu lado e passou um braço por meus ombros, e eu deitei a cabeça
em seu peito, observando o horizonte.
– Se lembra de
quando nós entramos pra policia e viemos comemorar aqui nessa praia? – Gustav
perguntou, com um leve toque de diversão na voz.
– Ah não, por
favor, não me faça lembrar disso! – Resmunguei manhosa, escondendo
o rosto em seu peito. Ele riu, sendo acompanhado por mim.
– Foi bem interessante
ver você fazendo um Streep Tease, bêbada! – Dei-lhe um tapa de leve. –
Foi a primeira vez que eu a vi bêbada daquele jeito!
– Não foi nada
interessante, seu pervertido!
– Quer saber de uma
coisa? –
Assenti com a cabeça. – Eu queria te pedir em casamento naquele dia,
mas você ficou tão feliz por ter entrado na policia que eu preferi não
interromper sua comemoração. O problema é que depois você terminou comigo! –
Ele deu uma risada sem humor, e eu fiquei paralisada diante de sua revelação.
Nunca imaginei que ele queria me pedir em casamento. Levantei a cabeça devagar,
olhando em seus olhos.
– Eu não sabia
disso! –
Gustav abaixou a cabeça, e voltou a encarar o horizonte, ainda sob meu olhar.
– Quando você disse
que não daria certo namorar comigo, eu achei que tudo tinha terminado. Mas
bastava você se sentir sozinha e sem nem se importar com o que os outros iam
dizer, para que viesse de novo pra mim. – Ele sorriu. – Foi ai
que eu soube você não estava comigo, por medo. Medo de ser forçada a me
esquecer, ou de ter que me machucar às vezes, como quando você entrou na missão
do Tom. – Gustav fixou seus olhar no meu, me deixando tonta com suas
verdades.
Antes que eu
pudesse me dar conta do que ele tinha feito, Gustav já estava em cima de mim,
prendendo meus pulsos, encaixado entre minhas pernas. Sorriu docemente antes de
me beijar. Mais um de seus beijos quentes e gentis, que me mostravam
diretamente quais seus reais sentimentos.
Flashback OFF
Tom dava sempre um
jeito de me surpreender, para podermos passar algum tempo juntos, como agora...
Ele, meio que me
“seqüestrou” na saída do trabalho, e me levou para um passeio de Hiate, à
noite.
– Você é louco!- Disse,
enquanto ele me servia com um pouco de vinho.
– Eu disse que
faria tudo por você!- Ele
sorriu e eu abaixei a cabeça, um pouco envergonhada.
Eu senti o cheiro
de algo, que eu não gostei.
– Que cheiro é
esse?- Fiz
uma careta de nojo, que Tom não viu.
– Macarronada, a
sua comida predileta!- Assim que ele colocou o prato à minha frente,
eu corri para um lado do Hiate, e coloquei tudo pra fora, ele correu até mim e
segurou meus cabelos. Eu acabei, e fui correndo para o banheiro - que eu não
sabia bem onde ficava-, e lavei a boca. Esses enjôos estavam ficando
freqüentes, principalmente quando se tratava de Macarronada, minha comida
preferida.
Tom estava à porta
do banheiro, preocupado (percebeu que todos ficam assim, quando se trata de
mim?). Ele segurou meu rosto com delicadeza.
– Você está bem?
– Estou, é que eu
não me dou muito bem com o balanço do mar!- Menti, mais uma vez. Como eu
vinha fazendo há algum tempo.
– Se você quiser
podemos ir embora!- Sugeriu.
– Não! Hoje só foi
um dia cansativo, preciso só descansar!- Eu pude ver sua expressão desapontada,
aposto que ele tinha planos muito mais “animados”, mas ele compreendeu.
Levou-me até a cama e me deitou, fazendo o mesmo, e me aninhando em seus
braços, com a cabeça em seu peito.
– Desculpa, por
estragar a noite!- Disse
quase pegando no sono.
– O importante é
que você está COMIGO, só COMIGO, e mais ninguém!- Ao dizer isso
ele beijou o topo de minha cabeça. E meu coração apertou, por que eu sabia que
esse ‘ninguém’, a quem ele se referia, era Gustav. E eu não gostava do fato de
não tê-lo ali comigo também. Eu sei isso é loucura, mas meu coração é egoísta
demais, e quer ter os dois, ao mesmo tempo.
Acordei no outro
dia, mais disposta. Me despedi de Tom, e fui para casa. Eu não iria trabalhar
hoje, pois é Domingo, e não tinha nenhum caso urgente que precisasse da minha
atenção.
Nenhum comentário:
Postar um comentário