domingo, 20 de maio de 2012

Bonequinha De Luxo 2 - Capítulo 10 - Você se rende?

 Narrado por Tom

De algum modo muito estranho, a Charlie conseguia me desarmar. Sério. Ela estava ali, deitada debaixo de mim, imobilizada, com os cabelos dourados espalhados sobre a colcha da cama, me encarando de um jeito sério e, por mais que eu quisesse, não conseguia não olhar para os olhos dela. Desde a primeira vez que nos vimos, que eu era obcecado com os olhos cinza-esverdeados da Charlie. E, quando ela apareceu, com os cabelos dourados e ao estilo natural, sem alisar nem nada, senti que meu auto-controle, que já não era grandes coisas, ia acabar a qualquer minuto.

E, quando ela me pediu para soltá-la, do jeito mais... Irresistível de todos, não tive como continuar segurando os pulsos dela. A Charlie sorriu e disse, se mexendo debaixo de mim:

– Seria pedir muito para você me deixar eu ir me arrumar e ir dormir? Estou cansada...

– Claro. - Respondi. Eu saí de cima dela e, quando ela se trancou no banheiro, suspirei, pesadamente, apoiando a cabeça nas minhas mãos. Pensei comigo mesmo, em voz alta: - Tom... O que é que você está fazendo?

Vendo que seria melhor se eu fosse dormir, tirei o meu casaco, a camiseta e a minha calça, ficando só de boxers mesmo, e deitei na cama, esperando pelo momento que a Charlie sairia do banheiro e viesse se deitar do meu lado. Não demorou muito para que isso acontecesse. Eu estava deitado de costas para o lado que ela ia dormir e, quando senti o colchão pesando desse lado, pouco tempo depois, tentei continuar fingindo que já tinha pegado no sono, mantendo minha respiração o mais calma possível. Demorou um pouco até que ela parasse de se mexer e encontrar uma posição melhor para dormir. E, quando eu estava quase dormindo, senti o corpo dela se encostando no meu e, logo em seguida, o braço dela envolvendo minha cintura. Por mais que eu quisesse ter a Charlie para mim, eu continuei nessa mesma posição. A gota d'água para que eu tivesse insônia naquela noite foi sentir os lábios dela vindo de encontro com o meu pescoço e, logo em seguida, ela sussurrando na minha orelha:

– Boa noite e sonha comigo...

Narrado por Charlie

Na manhã seguinte, percebi a claridade invadindo o quarto, ainda que estivesse com os olhos fechados. Tentei abrir os olhos e, com o esforço, fiz uma careta. Ouvi uma risada baixa do meu lado e, quando abri os olhos, a primeira coisa que entrou em foco no meu campo de visão, foi um par de olhos castanhos. Os olhos que eu mais amava no mundo.

– O que foi?

– Nada... Estava só rindo da cara que você fez antes de abrir os olhos... - Ele respondeu. Estávamos bem perto um do outro. De repente, me dei conta de que não tinha dormido sobre ele, como sempre.

– Ah... - Respondi. - É a claridade...

Ele sorriu e parecia que ele tinha tirado aquela manhã para me provocar.

– Está com fome? - Ele perguntou, mordendo o lábio.

– Um pouco. - Perguntei, estranhando a atitude dele. Normalmente, era um resmungo que eu entendia sendo como "Bom dia" e ele era muito quieto, tanto que raramente respondia quando alguém perguntava alguma coisa, até mesmo o Bill. Isso sem mencionar que ele estava com cara de feliz e os olhos estavam brilhando. De repente, percebi uma coisa. Ele me ouviu, antes de dormir.

– Você já arrumou suas coisas? - Ele quis saber. De repente, percebi o porquê daquela pergunta: Iríamos para a Índia logo depois do café da manhã.

– Comecei. - Respondi. - Mas, como eu não usei muita coisa, então, vai ser rápido. Que... Horas são?

– Quase nove. - Ele respondeu. Olhei para ele, surpresa. Ele não conseguiu segurar a pergunta, ao ver minha expressão: - O que foi?

– Você está de folga, são quase nove horas da manhã e você já está de pé...

– E...? Daqui a pouco a gente vai sair, não é?

– É. - Respondi. Me espreguicei e ele, que estava deitado de lado, se virou e ficou de barriga para cima, me dando a oportunidade de admirar aquela delícia do  abdômen dele. E, como se já não fosse castigo o bastante, o lençol estava tão baixo a ponto de mostrar quase tudo. E, como deu para perceber... Não tinha uma única peça de roupa cobrindo qualquer parte daquele corpo. Senti um calor repentino ao perceber esse último detalhe. E, como sempre faço, fiquei observando o corpo dele tempo o bastante para ser flagrada pelo Tom e, desviar a atenção de onde meu olhar tinha se fixado (Exatamente um dedo abaixo da beirada do lençol), graças à risada dele. E, como sempre... Me embolei toda na hora de tentar me explicar:

– Eu... Estava só... Não estava olhando para o...

A cara dele era de "Aham... Acredito... Tanto quanto no fato que eu ainda sou virgem, sabia?". Não agüentando mais a minha falta de graça, afastei o lençol que estava sobre mim e, me sentando na cama, enquanto prendia o meu cabelo (Que sempre amanhecia como uma juba, maior até a que o Bill usava em 2007/2008) em um coque, eu falei:

– Eu... Vou tomar um banho e me arrumar...

Durante o curto caminho da cama até o banheiro, senti o olhar dele nas minhas costas. Bom... Sendo Tom Kaulitz, é óbvio que não era nas costas, mas, na minha bunda. Fiquei tão... Distraída que até esqueci de trancar a porta do banheiro.

Narrado por Tom

Era impressão minha ou não teve o costumeiro barulho da chave trancando a porta do banheiro? Resolvi esperar até ouvir o barulho do chuveiro, seguido da voz da Charlie cantando alguma música, para ir me certificar que não estava sonhando...

Esperei uns dez minutos (Eu até hoje não conseguia entender porque a Charlie demorava tanto para se enfiar debaixo do chuveiro) e me levantei da cama, sem me preocupar em pegar o lençol e enrolá-lo na minha cintura ou ainda, pegar a minha boxer, que estava jogada perto da cama. Fui até o banheiro, tentando não fazer barulho algum e, assim que peguei na maçaneta, a girei. Quando percebi que a porta estava aberta, meu coração deu um salto. Demorei uns cinco segundos para perceber a Charlie, atrás do vidro embaçado do box, mexendo nos cabelos, que caíam em cascata sobre as suas costas. Eu sentia meu auto-controle ir embora a cada vez que ela mexia nos cabelos. Tanto que, quando percebi, já tinha aberto a porta do box e, enquanto sentia as gotas de água quente caindo sobre a minha pele, envolvi a Charlie pela cintura, logo em seguida, beijando-a. A Charlie, óbvio, se assustou e, quando teve consciência do que eu estava fazendo, tentou me afastar, mas não conseguiu.

Narrado por Charlie

De repente, senti um vento vindo na direção das minhas costas e, quando me virei, o Tom estava ali, parado, a poucos milímetros de mim. Não tive tempo de falar nada; Quando percebi, o grito que subia pela minha garganta tinha se perdido assim que nos beijamos. Ele me prensou contra a parede e, quando percebi, já estava com minhas pernas enroscadas na cintura dele, que estava com uma das mãos sobre minha cintura e a outra, na minha bunda, me segurando para que eu não caísse. A atenção dele só se desviou da minha boca para começar um caminho pelo meu pescoço e, a cada vez, descendo mais e mais. Quando me dei conta, estava totalmente rendida à ele. E, por causa das carícias intensas que ele fazia, percorrendo cada milímetro do meu corpo, eu estava quase morrendo de calor. Aproveitei um minuto de distração dele para baixar a temperatura do chuveiro, senão ninguém ia agüentar sair vivo daquele chuveiro. Como sempre, para me provocar, ele mordeu o meu lábio inferior e, como não tinha nenhum tecido impedindo o contato direto, como das outras vezes, ele pôs a mão sobre um dos meus seios e o apertou, bem de leve. Quando eu desci uma das mãos (Meu medo de cair era tanto que me agarrei ao pescoço dele com os dois braços) e, comecei a acariciar o peito dele, de um jeito bem lento e provocante. Sentir os músculos dele se contraindo sob a palma da minha mão me atiçou ainda mais. Ele parou de me morder por uns instantes e, quando percebeu onde a minha mão estava indo, me perguntou, com um sorriso pervertido:

– Você se rende?

Minha resposta foi descer a mão mais ainda, encontrar o membro rígido e pulsante dele e estimulá-lo, arrancando gemidos roucos do Tom. Por um instante, ele vacilou e eu quase caí, mas, por sorte, ele me pegou a tempo e, começou a me tocar também. Acabei gemendo o nome dele e, quando o fiz, senti que ele estremeceu um pouco. Quando eu não estava mais agüentando, aproximei meu rosto da orelha dele e sussurrei, com a voz rouca:

– Quero você...

Ele me beijou e as investidas começaram, mais lentas e foram aumentando aos poucos. Porém, em uma dessas investidas, segurei um gemido e ele diminuiu o ritmo, mas não parou. Quando ele chegou ao clímax, poucos segundos antes de mim, apertou a minha cintura e, logo em seguida, me beijou. Ainda me segurando, e interrompendo o beijo por alguns segundos, ele me perguntou:

– Eu... Não te machuquei, não é?

– Não. - Respondi, sorrindo. De repente, ouvimos uma batida na porta. Rapidamente, nos separamos, ele me colocou no chão de um jeito delicado, e, logo depois de sair do box, o vi enrolando uma toalha ao redor da cintura. Como ele tinha deixado a porta do banheiro aberta, consegui ouvi-lo conversando com o gerente do hotel:

– Algum problema? - O Tom perguntou.

– Na realidade, senhor... Tivemos reclamações de outros hóspedes a respeito do barulho que o senhor e a sua...

– Namorada. - Ele falou. Meu coração deu um salto exatamente quando ouvi isso.

–... O senhor e a sua namorada estavam fazendo... - O gerente disse. Eu pude perceber que ele estava desconcertado.

– Ah... - O Tom falou. Com certeza, ele estava fazendo aquela cara de santo do pau oco dele. - Eu sinto muito... Nos empolgamos, eu sei... Posso te garantir que, da próxima vez que acontecer... Tentaremos não ser tão barulhentos.

O gerente ficou em silêncio e, quando ele se virou, eu já tinha me enrolado em uma toalha e estava encostada no batente da porta, olhando para a cara dele de menino travesso. Ele me perguntou:

– O que foi?

– Eu não sei como é que eu ainda me surpreendo com a falta de vergonha nessa sua cara...

– O que eu falei demais?

– Os egípcios, em grande parte, são muçulmanos. E acredito que, o fato de nós termos... Transado sem sermos casados, não é bem-visto por eles... Acho que eles consideram pecado.

– Ih... Se for assim... Já deveria ter ido para o inferno há um bom tempo... - Ele respondeu, mordendo o lábio dele de um jeito provocante...

– Tom... Temos que arrumar nossas coisas, lembra? Daqui a pouco, o povo está indo embora e nós ficamos para trás...

– Sabia que eu não me importo nem um pouco, se eu for ficar com você?

– Eu também não. Mas, conhecendo o Bill e a Maia... Daqui a pouco eles vão estar aqui, batendo na porta e mandando a gente se apressar. - Respondi. Ele não teve alternativa senão se vestir e arrumar as coisas dele. E eu, aproveitando que já tinha separado minha roupa, antes de dormir, tive tempo de ficar admirando-o por alguns instantes. Foi então que eu finalmente percebi que eu estava totalmente dependente dele...

Postado por: Grasiele

Bonequinha De Luxo 2 - Capítulo 9 - I Hate Myself For Loving You!

 Narrado por Tom

OK. Esse narigudo está pedindo para apanhar. Como é que ele tem a cara-de-pau de pegar na mão da Charlie? Pode uma coisa dessas, dentro do islamismo? De repente, a Maia me desviou dos meus pensamentos:

– Tom, se você realmente gosta da Charlie e quer ficar com ela... Vai lá e conversa com ela. Ah! E muda sua postura com ela, porque senão, aí que ela não sai mais daqui do Egito.

– Maia... Não fala besteira, tá? - Perguntei. Eu estava realmente com raiva. A minha vontade era de deixar o nariz daquele egípcio ainda mais torto.

– Tudo bem. Só que, se você perder a Charlie, que é a única menina que realmente te conquistou e que gosta mesmo de você, partir para outra...  Não diz que eu não avisei.

Eu realmente devia ser um idiota, como o Bill sempre me falou. Não consegui olhar para outro lugar naquele salão que não fosse onde a Charlie e aquele narigudo estavam. E o pior é que, todas as vezes que o olhar dela encontrava o meu, a Charlie passava a mão na franja, jogando-os para trás e dava um sorriso, olhando para mim. Quando o safado inclinou na direção dela e pôs a mão na bochecha dela, só consegui ficar quieto porque o Georg e o Gustav me seguraram. Senão, tinha ido lá e arrastado a Charlie pelos cabelos de volta para nossa mesa. Ela também era outra. Toda assanhada para cima do narigudo.

Finalmente, a Roxy começou a reclamar de sono (Eu tenho que agradecê-la por finalmente ter encomendado meu afilhado) e as outras duas que estavam conosco à mesa, fizeram coro. O jeito foi ceder à choradeira e voltarmos para o hotel. A Maia quem foi buscar a Charlie e, quando esta viu que estávamos indo embora, me olhou por alguns segundos e, logo em seguida, desviou o olhar para o narigudo. De repente, me peguei pensando no que esse narigudo infeliz tinha que eu não tinha. Será que a Charlie tinha uma tara por narizes grandes e aquilinos? Ou será que ela estava jogando charme para o cara porque ele era filho de um cara milionário? Ele a acompanhou e, quando ela parou perto de mim, ouvi o narigudo dizer:

– Mas, na próxima vez que eu for à Inglaterra, vou ver o show da The Sour Ladies, está bem?

– Tudo bem. Ah! E faço questão que você esteja na área V.I.P., viu? - Ela respondeu.

– Como quiser. Vai ser uma honra te ouvir cantando.

Sou só eu ou alguém mais sentiu vontade de vomitar depois dessa?

– Não sei se você vai gostar muito do tipo de música que nós fazemos...

– Eu duvido que sua música seja ruim. - Ele falou. E esse narigudo realmente estava pedindo para apanhar. Que história é essa de cantar a Charlie desse jeito, na minha frente?

– Bom... Você vai ter que ouvir para me dar um veredicto.

Quer um veredicto? OK. Vou te dar um. Narigudo, te condeno à morte por apedrejamento, que nem vocês fazem aqui na Arábia.

– Bom... Acho melhor você ir. Seus amigos já estão te esperando. - O narigudo falou.

– Ah... Bom, obrigada pela companhia agradável. Me diverti muito. - Ela respondeu, me olhando.

– Eu também. Até o nosso encontro, Charlotte. - Ele falou, pegando a mão dela e dando um beijo, que nem o Leonardo di Caprio faz com aquela ruiva no Titanic, quando eles vão jantar. Por muito pouco, ele não apanhou de verdade. Eu sei que a noite inteira fiquei só ameaçando, mas, se a Charlie não tivesse saído de perto dele, eu juro que dava um jeitinho naquele narigão dele. Durante todo o caminho de volta para o hotel, não falei uma palavra; Estava esperando até chegarmos no quarto. Ela tinha soltado os cabelos assim que eu me virei, depois de fechar a porta e, óbvio que fiquei louco ao ver aquela cascata dourada caindo sobre as costas dela. Isso sem falar que o perfume deles veio direto na minha direção.

– Se divertiu com seu amiguinho do nariz avantajado? - Perguntei, incapaz de me conter.

– Desculpe? - Ela perguntou, rindo da minha pergunta.

– Nada... Só que parecia que você estava se divertindo muito com o Ali Babá... Afinal de contas, o que o pai dele tem? Uma empresa de tapetes voadores? - Eu respondi, rindo da minha própria piada.

– Ai, meu Deus... Você está com ciúmes! - Ela respondeu, rindo da minha cara.

– Quem te disse que eu estou com ciúmes? - Perguntei, tentando ignorar o fato de que ela estava certa.

– E não está? A noite inteira você não parou de olhar para mim e para o Amen com cara de maracujá azedo! E quando ele beijou minha mão, na hora que estávamos saindo da casa dele, eu vi como você ficou. É óbvio que você está com ciúmes.

– Ah, tá... Você fica toda oferecida para o cara e eu que estou com ciúmes? Quer dar para ele, problema é seu. - Respondi, bravo. Nem percebi quando ela veio até mim e começou a me bater. A Charlie estava tão furiosa que, onde quer que a mão dela pegasse, estava ótimo. Como eu estava sentado na beirada da cama, agarrá-la e imobilizá-la, prendendo as pernas dela com as minhas e segurando os pulsos com as minhas mãos, foi fácil. Ela se debatia sob mim e gritava:

– Eu te odeio! Me solta!

– Odeia mesmo? - Perguntei, inclinando o meu rosto na direção do dela. Como sempre, ela vacilou. A Charlie, por mais brava que estivesse, sempre que eu me aproximasse dela desse jeito, já começava a dar indícios que ia ceder. Mas, por mais que eu tentasse, ela logo recuperava o juízo e tratava de cortar "o mal pela raiz", como ela sempre dizia.

– Odeio. - Ela respondeu, com a voz falhando um pouco.

– Engraçado... Se você realmente me odeia... Por que, ao invés de ficar admirando aquela coisa absurda que seu amigo tem no lugar do nariz, ficou olhando para mim?

– Você ficou me fixando. O olhar pesa, sabia?

– Podia não ter olhado...

– Tom... Me deixa ir, por favor? Eu prometo que não vou te bater. - Ela pediu. De algum modo, percebi que ela estava sendo sincera. Porém, a tentação era grande demais, ainda mais considerando a posição que nós dois estávamos...

Narrado por Charlie

Eu realmente sou idiota. Finalmente tinha conseguido meu intento, que era deixar o Tom preto de ciúmes (Nem era roxo mais), só que eu estraguei tudo. Fiquei olhando para ele a noite inteira e, para completar, ainda inventei de tentar espancá-lo enquanto ele estava sentado na cama. Óbvio que eu estava pedindo para que ele me imobilizasse daquele jeito.

– Tom... Me deixa ir, por favor? Eu prometo que não vou te bater - Pedi. Por mais que a minha vontade de espancar aquele garoto estivesse me dominando, eu estava realmente disposta a não encostar nele naquela noite. Não depois do chilique que ele estava dando. Ele afrouxou as mãos que seguravam meus pulsos e começou a se endireitar, porém, quando eu menos esperei, ele me beijou. E foi o beijo mais... Torturante da minha vida. Eu sei. Você vai pensar algo do tipo "E existe beijo torturante?". Claro que existe! Era torturante porque era o Tom. E, como esse garoto é o ser mais pervertido que eu já conheci na vida, óbvio que ele não ia me beijar de um jeito inocente. E, como desgraça pouca é bobagem, tive a brilhante idéia de provocá-lo, brincando com o piercing dele. Óbvio que ele gostou e, como nós estávamos colados um no outro, consegui sentir a "alegria" dele por eu estar fazendo aquilo. Não tinha jeito mesmo... Eu era uma besta por estar caindo na lábia dessa peste chamada Tom Kaulitz. Mais uma para a coleção dele...

Postado por: Grasiele

Bonequinha De Luxo 2 - Capítulo 8 - Sheiks, odaliscas e eunucos

 Narrado por Charlie

Desde o primeiro instante, quando decidimos ir para o Egito, eu sabia que não era boa idéia. Por causa da perigosa combinação Tom Kaulitz + Odaliscas + Harém. Tanto que, assim que chegamos em Alexandria, percebi a animação do Tom e perguntei:

– Eu preciso te lembrar que, se você for se engraçar para o lado de alguma garota, ou o pai dela vai te obrigar a casar com ela ou você vai ficar sem o principal?

Eu olhei mesmo para o... dele, que sorriu e falou:

– Sabe o que eu acho? Que você está a ponto de mandar essa sua... Promessa de abstinência para o espaço... Daqui a pouco vai estar me implorando para...

– Você não ouse completar essa frase! - Respondi. - Senão eu mesma dou um jeito de você trabalhar de eunuco!

– Charlotte... - Ele falou, passando a língua naquele maldito piercing e me dando a mais tarada das olhadas. - Eu sei que você está falando isso só para me provocar... Eu sei exatamente o que você está querendo fazer...

– Tom, se enxerga, tá? - Retruquei. - Além do mais... Não sou que nem as outras garotas que você está acostumado a "pegar", ok?

Peguei minha mala e me levantei do sofá. Já tínhamos chegado ao hotel e, como se já não bastasse ver o Georg e a Roxy naquele mel todo, o Bill não desgrudando da Maia um minuto sequer e a Jade e o Gustav andando de mãos dadas para cima e para baixo, eu ainda tinha que agüentar as provocações do Tom. Tínhamos conseguido uma trégua em Roma, mas, assim que chegamos na França, lá foi ele, todo pimpão para cima das francesas, se exibindo. Óbvio que eu não agüentei, fechei a cara e, acabei discutindo com ele, que teve a cara de pau de tentar me beijar. Porém, tudo o que ele conseguiu foi uma joelhada... Lá. Eu estava fula com ele há quase um mês e, como eu estava descobrindo que, quanto mais eu dava desprezo, mais o Tom corria atrás de mim, então, se ele bobeasse, eu realmente transformaria ele num eunuco. E ai dele se reclamasse. Eu realmente não estava agüentando mais aquela "galinhagem" dele.

Como eu não estava agüentando passar mais nenhum minuto sequer do lado dele, saí do hotel e fui bater perna com a Jade e o Gustav. Eles nem se importaram em me ter como vela e eu também não estava nem aí. A Jade me perguntou, enquanto estávamos olhando umas jóias expostas em uma banquinha num mercado aberto:

– Pelo visto o Tom aprontou de novo, não é?

– Jade, não me fala nele! Sou capaz de comprar uma daquelas espadas curvas dos árabes e...

Ela riu e, de repente, fomos interrompidas por um homem, barrigudo, com um espesso bigode branco, com as pontas cuidadosamente viradas em curva, pele bem morena e um belo par de olhos verdes. Ele nos disse:

– Desculpe... Mas, não pude deixar de observá-las... Vocês são daqui?

– Não. - A Jade respondeu. - Somos inglesas. Estamos viajando pelo Egito.

– Ah... Vocês são irmãs? - O homem perguntou. Fiquei com medo e a Jade, como sempre, teve uma excelente tirada:

– Somos primas, na realidade.

– Ah, sim... Bom, meu Jafari Sethos e eu gostaria de convidá-las para ir à festa que eu vou dar na minha casa, hoje à noite. Se vocês estiverem viajando com mais amigos, podem levá-los. - O homem respondeu, sorrindo de um modo gentil. - Se quiserem, posso mandar o meu motorista buscá-los. É só me dizer o nome do hotel que estão hospedados e, por volta de oito horas ele estará à espera de vocês.

A Jade respondeu e o homem assentiu, dizendo alguma coisa. Repetimos o que ele disse e logo em seguida, o homem sumiu no meio da multidão. O Gustav perguntou, nos assustando:

– Quem era?

– Ai, Gustav! Sabia que as pessoas podem morrer de ataque cardíaco, se tomarem um susto? - A Jade reclamou.

– Desculpa...

– É um tal de Jafari Sethos. - Respondi. - Chamou todo mundo para ir à uma festa na casa dele.

– Todo mundo quem, exatamente?

– Todos nós. Tipo, eu, você, a Charlie, o Tom, o Bill, a Maia, o Georg e a Roxy. - A Jade respondeu. Por volta de oito da noite ele vai mandar o motorista dele nos buscar no hotel.

– Vocês duas são doidas? Nem conhecem o cara e já vão aceitando o convite dele para ir à uma festa na casa dele? Vai que ele tem alguma ligação com o Bin Laden? - O Gustav perguntou. Dava para ver que era brincadeira.

– Simples. - A Jade respondeu. Quando chegamos ao hotel, ela foi até a bancada da recepção e perguntou: - Com licença, mas... Pode me informar uma coisa a respeito de uma pessoa?

– Que pessoa? - A recepcionista perguntou.

– Jafari Sethos? - A Jade arriscou.

– Ah, sim... Ele é o dono dessa rede de hotéis. É uma excelente pessoa e gosta de dar festas em sua casa, para receber alguns hóspedes dos hotéis, escolhidos a dedo. -  A recepcionista respondeu.

A Jade agradeceu e, enquanto estávamos no elevador, indo para os nossos quartos, recebemos uma olhada de "Eu não falei que o cara não era perigoso?". Nos separamos, assim que saímos do elevador e, quando eu abri a porta, perguntei, tentando me recuperar do susto:

– Custa você, pelo menos, enrolar uma toalha na cintura quando for sair do banho?

– Charlie, deixa de frescura! - Ele me falou. Senti que ele estava se aproximando e eu me virei de frente para ele, tentando não olhar para baixo, por mais que meus olhos fossem atraídos para o... O amigo dele, que nem um imã. Ele parou de andar, assim que eu coloquei minha mão sobre o peito dele. Lógico que o corpo dele reagiu e agora eu tive que fazer um esforço sobrehumano para manter meu olhar no rosto dele.

– Você fica longe de mim! Pelo menos até... Colocar uma roupa.

Preciso mesmo dizer que ele fez aquela coisa irritante com o piercing e a cara de tarado?

– Eu estou te avisando... - Respondi, sentindo a voz falhando e andando para trás até bater contra a parede. Vendo que eu estava cedendo, ele pôs a mão na minha cintura e estava com o rosto dele tão perto do meu que eu conseguia sentir a respiração quente dele vindo ao meu encontro. Me obrigando a ficar com o olhar fixo naqueles olhos castanhos que eu inexplicavelmente amava, ele me perguntou:

– Tem certeza que eu não significo nada para você, que nem me falou naquele dia, em Mônaco?

O meu coração gritava, com todas as letras: Não! Você é tudo para mim!. Mas minha cabeça, em contrapartida, dizia: Sim. Você é um safado que não presta e só sabe me fazer sofrer. Porém, antes que eu pudesse tentar me controlar, já estava fazendo aquele estrago:

– Me deixa em paz. - Minha voz era firme.

Ele tirou a mão da minha cintura e se afastou, indo até uma das malas dele e pegando uma roupa qualquer.

Quem falou com ele da festa foi o Bill. Achei que, por causa daquele meu ultimato, ele não quisesse ir, mas, para minha surpresa, não se opôs. Às oito horas em ponto, ele estava pegando algumas coisas, como celular e a carteira, e, eu saí do banheiro, depois de colocar o meu vestido, que era comportado. Quando abri a porta, percebi o olhar dele acompanhando meus movimentos, porém, não retribuí o olhar dele. Ainda que estivesse muito difícil resistir à tentação. Assim que terminei de pegar minhas coisas, olhando para baixo, falei:

– Eu estou pronta, se quiser ir...

Por um instante, achei que ele fosse tentar alguma coisa, mas, como eu não ergui minha cabeça, ele mudou de idéia e foi até a porta.

Quando chegamos à casa do Sr. Sethos, ele nos recebeu como se fôssemos nobres. O salão onde jantamos era uma coisa absurda de tão grande. Tinham mesas baixas, tipo as de restaurante japonês. Tinham alguns músicos e, quando eu estava comendo um pouco de tâmaras, o Sr. Sethos se aproximou de mim e eu percebi que tinha um rapaz lindo do lado dele. Parecia-se com ele, só que, obviamente, mais novo. Os cabelos eram negros e ele não tinha bigode, ainda bem. O Sr. Sethos me falou:

– Senhorita Watson, gostaria de apresentar o meu filho, Amen.

– Como vai? - Ele perguntou, apertando minha mão e sorrindo. Vi o sorriso mais branco e perfeito da minha vida.

– Bem, e você? - Perguntei, em resposta. Eu podia sentir o Tom me fuzilando com o olhar por eu estar falando com o filho do Sr. Sethos.

– Me desculpe se eu posso parecer... Ousado demais, mas... Quer se sentar comigo à mesa dos meus pais?

– Claro. - Respondi, olhando para o Tom. Foi irresistível não sorrir, quando eu ia com o Amen até a outra mesa. Parecia que o Tom tinha engolido o mais azedo dos limões. Eu me diverti ao ver a cara fechada dele.

Narrado por Tom

A Charlie estava conseguindo me tirar do sério e isso era um fato consumado. Eu juro que, se eu não voei no pescoço daquele idiota, foi porque ele é filho do anfitrião e não pega nada bem socar a cara do filho do dono da casa. Quando a Maia desgrudou do Bill um pouco, meu irmão ainda teve a coragem de me encher o saco:

– Se eu fosse você... Parava de correr atrás da Charlie.

– Bill... Fica quieto senão quiser que eu te dê um soco aqui e agora. E foda-se sobre o que os donos da festa vão pensar. - Respondi, azedo.

Eu estava com ciúmes, sim. E quem não estaria, se o folgado de um egípcio aparecesse do nada e levasse a garota que você está pegando para a mesa dos pais dele? Minha vontade era jogar ele dentro de um sarcófago e praticar aquele castigo lá daquele filme, "A múmia". Mesmo que o castigo não existisse, ia dar um jeito de jogar o infeliz no meio de um monte de besouros carnívoros. E se não existissem os besouros... Arrumava um monte daquelas formigas vermelhas que devoram o sujeito aos poucos... Só por essa folga, esse motorista narigudo de tapete voador merecia sofrer bem aos poucos... E a Charlie ia ter de se ver comigo também. Toda assanhada para o lado do narigudo... Deixa ela... O que é da Charlie está separado...

Postado por: Grasiele

Bonequinha De Luxo 2 - Capítulo 7 - Psiquê e Eros (Ou será Bill e Maia?)

 Narrado por Maia

Chegamos à Atenas e o hotel que ficamos hospedados era simplesmente a coisa mais... Maravilhosa que eu já tinha visto na vida. Porém... Nada comparado ao hotel de Santorini. Tudo bem, passamos os três dias, já tradicionais, na capital grega e, logo depois, fomos para Santorini. E tenho que admitir que, por mais que eu gostasse dos meus amigos, amei saber que naquele hotel, só estariam eu e o Bill. Aliás, não só no hotel, mas, na cidade. Os outros iam ficar em Atenas por mais alguns dias e iriam para a França. E, como ir da Grécia ao Egito em uma balsa era simplesmente inconcebível (De Roma para Atenas foi realmente difícil), então, iríamos de avião até Alexandria.

Assim que ele destrancou a porta do nosso quarto, meu queixo caiu. Era um quarto todo branco, e as únicas coisas coloridas naquele quarto ali eram a colcha da cama, que era enorme e, só de olhar para ela, dava para saber que era fofa. A colcha era verde pastel, bem como as fronhas do travesseiro e as cortinas. Tinham vários vasinhos de flores espalhados pelo quarto, além de várias outras coisas combinando com a cama. O Bill me abraçou por trás e, como eu estava distraída, tomei um susto. Ele perguntou, beijando minha bochecha:

– E aí? Você gostou?

– É... Maravilhoso! - Respondi, me virando de frente para ele. Ele sorriu antes de me beijar. Desde Roma que ele andava muito mais carinhoso do que de costume. E tenho que admitir que aquela foi a única noite que eu dormi bem desde que começamos a viagem. Tudo bem, as camas que eu experimentei nos outros lugares eram boas também, mas... Não sei explicar por que esta era melhor. Acho que é porque só estávamos nós dois ali e não íamos precisar nos preocupar em explorar os principais pontos turísticos da cidade em dois dias.

Acordei com o quarto todo iluminado e, logo depois de espreguiçar, coloquei minha mão sobre o lado que o Bill estava dormindo só que ele não estava ali. Abri os olhos e vi que as cortinas ondulavam de leve, com a brisa. Senti o cheiro de maresia invadindo meus pulmões e, percebendo que o Bill estava ali na varanda (Ele me falou que tinha uma varanda no nosso quarto. Só.), me levantei da cama e fui até ele. Me apoiei sobre o encosto da cadeira dele e, aproveitando que ele estava distraído, beijei o pescoço e mordi o lóbulo da orelha dele, de leve. Minha intenção de provocá-lo funcionou, tanto que ele estremeceu e falou, sem desviar o olhar do que ele estava fazendo:

– Maia... Não brinca com o fogo logo de manhã...

– O que você está fazendo? - Perguntei, dando beijinhos na bochecha dele e passando meus braços ao redor do pescoço dele.

– Algumas anotações. - Ele respondeu. Peguei uma das folhas e vi várias palavras, algumas rabiscadas. Pelo visto, ele estava tentando compor uma música, mas, não estava dando tão certo assim. De repente, deu um vento leve, porém, foi suficiente para que as folhas saíssem voando. Eu ajudei o Bill a pegá-las e, de repente, me deparei com uma letra que chamou minha atenção. Li o que ele tinha escrito, rapidamente e, na mesma hora, percebi que ele tinha escrito aquela música para mim. Olhei para ele e perguntei, mostrando a folha para ele:

– É... Para mim?

Ele tomou a folha e disse, envergonhado, e sem olhar para mim:

– É. Mas, não está boa.

– Eu achei que ficou ótima... - Respondi.

– Ah... Ainda tem coisas para melhorar... - Ele falou. - Agora... Vamos tomar o café da manhã e depois quero ir até a praia com você...

Um tempo depois, eu estava usando meu belo biquíni, no melhor estilo PinUp, vermelho, de bolinhas brancas e com babados na beirada do decote e nas laterais da calcinha, e tomando coragem de pular na água. Eu estava de pé, sobre uma ponte e o Bill já tinha pulado na água. Ele me falou:

– Maia... Se você não pular agora, eu vou aí e te busco!

– A água está gelada!

– Não está...

– Eu estou vendo daqui que você está arrepiado! - Respondi. Era verdade. Dava para ver os pêlos eriçados dos braços dele. Além de, é claro, outros sinais que o denunciavam.

– Maia, deixa de enrolação e vem aqui! - Ele mandou. Esse era um dos piores defeitos dele. Era mandão. Muitas vezes, eu acabava brigando com ele por tentar mandar em mim.

Me sentei na beirada da ponte de madeira e coloquei meus pés na direção da água. Quando vi que ele estava vindo na minha direção, coloquei as pernas para cima. Teria sido perfeito se ele não fosse rápido o bastante, além do braço comprido, e agarrado meu tornozelo. Ele falou, me olhando:

– Eu te ajudo. Vem.

Pus a outra perna na direção da que ele segurava e fui me movendo até a beirada da ponte. Quando eu finalmente saí de lá, ele me segurou e, quando senti a temperatura da água, que realmente não estava tão fria assim, relaxei um pouco. Nadamos e, num minuto que eu me distraí, ele me puxou para debaixo da água. Óbvio que nos beijamos e... Sinceramente? Foi uma delícia, não nego.

No final da tarde, eu estava distraída, ouvindo música de olhos fechados e, portanto, não ouvi o Bill aparecendo na varanda. Só fui perceber quando ele pôs a mão sobre o meu joelho. Eu estava sentada em uma cadeira e estava com os pés sobre outra, logo à frente. Assim que senti o toque dele sobre a minha pele, abri os olhos, parei a música e, depois de tirar os fones de ouvido, perguntei:

– O que foi?

– Posso te fazer companhia?

– Claro. - Respondi, tirando os pés de cima da cadeira. Eu nem atinei que, quando fui fazer isso, o meu vestido subiu um pouco, exatamente na mesma hora que ele estava se sentando na cadeira. Só que ele me fez colocar as pernas para cima, mesmo com ele ali. Vendo que eu estava perdida nos meus pensamentos, me perguntou:

– No que está pensando?

– No quanto eu estou feliz com tudo que está acontecendo na minha vida. Quer dizer... A carreira e a banda com as meninas, o meu trabalho dos sonhos...

–... Além de estar conhecendo vários lugares do mundo...

–... E isso tudo com a pessoa que eu mais amo na minha vida. - Respondi. Ele, que estava com a mão sobre meu joelho, passou a acariciar minha coxa, depois desse comentário. E, obviamente, meu corpo reagiu.

– Eu também te amo, Maia. Muito. - Ele falou. Eu me inclinei na direção dele e o beijei. Pouco tempo depois, eu estava com minhas pernas ao redor da cintura dele, sentados sobre a cama, a camiseta dele, como sempre, jogada em um canto qualquer do quarto, e a mão dele passeando livremente sob o meu vestido, enquanto ele beijava meu pescoço, e, passava as unhas da outra mão, bem de leve, sobre minhas costas, me causando as mais variadas sensações, além de aumentar meu desejo de ser dele. Aproveitando uma distração dele, "escorreguei" minha mão até um pouco abaixo da fivela do cinto dele. E, quando ele sentiu minha mão ali, gemeu baixo.

Não demorou para o meu vestido se juntar à camiseta e à calça dele. Estávamos deitados, desta vez quem estava por cima era eu e, quando eu sentia as carícias leves, lentas e torturantes dele, quase morria. Não demorou muito para ele achar o fecho do sutiã, que era do mesmo jeito que o vestido. Uma vez livre das únicas três peças de roupas que estavam atrapalhando, ele intensificou, tanto os beijos quanto as carícias e, quando eu não estava mais agüentando, ele pareceu ler meus pensamentos e, logo, éramos um só. Mesmo depois de atingirmos o ápice, continuamos abraçados. Ele ficou me olhando e me perguntou:

– Posso fazer uma coisa?

– Pode. - Respondi, mesmo sem entender. Ele pôs a cabeça do lado esquerdo do meu peito e, assim como eu sempre fazia com ele, mesmo que não acontecesse nada, o Bill ficou ouvindo as batidas do meu coração.

– Você tem razão... Isso é muito bom...

Passei minha mão sobre o cabelo dele, que acariciou minha cintura. Não sei por quanto tempo ficamos ali, naquela posição. Só sei que acordei e o sol da manhã já estava invadindo o quarto e, só para quebrar o clima romântico, meu estômago deu um senhor ronco. Tanto que o Bill até acordou e me convenceu a irmos comer alguma coisa. Eu estava feliz, estava em um lugar paradisíaco e maravilhoso, não tinha que me preocupar com algumas coisas, pelo menos por hora, eu estava com o meu namorado, que, por um acaso, era a pessoa que eu mais amava e que me amava também... Em resumo: Tudo estava perfeito. Só me preocupava que pudesse acontecer alguma coisa que pudesse estragar essa felicidade... 

Postado por: Grasiele

Bonequinha De Luxo 2 - Capítulo 6 - A notícia

 Narrado por Charlie

Eu estava em choque. Tudo bem que eu sabia que o Tom era o tipo de garoto que não se envolvia com alguma garota e, como ele sempre fez questão de alardear, era o cara de "uma noite só". E agora, de repente, eu descubro que fui a responsável por fazer ele mudar do vinho para a água de uma hora para a outra. E eu não fiz confusão com essa história da água e do vinho. Só que o Tom, antes, era intenso como o vinho. Agora, está mais... Leve como a água. OK. Comparação terrível. Esquece. Mas, fato é que, desde que a gente ficou pela última vez, duas semanas antes do casamento da Roxy e do Georg, eu percebi que ele estava diferente. Fiquei sabendo, pela Maia, que soube pelo Bill, que ele não estava mais "ciscando" por aí. E fiquei realmente surpresa ao descobrir que eu tinha sido a última garota que ele tinha beijado. Na época, eu tinha ficado cismada com isso, mas achei que era só uma tentativa de me fazer ciúmes e nada mais. Porém, veio o casamento e eu percebi que ele não desviou o olhar de cima de mim um segundo sequer. Era como se... Uma formiguinha encontrasse um pudim de chocolate deliciosamente irresistível, com aquela calda escorrendo a partir do topo. E eu percebi, também, que com essa viagem, acabamos ficando próximos de novo. Eu sabia que era porque ele estava na abstinência e, como eu era a única que estava "disponível" para ele, achava que fosse por isso que ele não desgrudava de mim por um minuto sequer.

– Eu... Não sei o que... Falar. - Respondi, ainda atordoada. Fiquei com medo porque, com certeza, ele ia dizer algo do tipo "Não precisa dizer nada. Só fazer."

– Me desculpa. - Ele disse, balançando a cabeça negativamente. - Eu não deveria ter dito nada...

– Tom... - Eu falei, quando ele jogou uma nota para pagar as bebidas, e se levantou. Peguei minha bolsa e saí atrás dele. Consegui alcançá-lo e, quando peguei o braço dele, o Tom se desvencilhou e, sem me olhar, pediu:

– Charlie, me deixa.

– Tom... Olha para mim! - Exigi. Algumas pessoas que passavam, olhavam para nós, curiosas. - Me escuta, por favor!

– Eu não deveria ter dito aquilo... Me desculpe, mas, nós sabíamos que nunca iríamos dar certo... - Ele disse, me encarando. Aquelas palavras me machucaram de tal maneira que eu não sabia como não tinha caído no choro. Ele recomeçou a andar e, de novo, o peguei pelo braço. Quando se virou e estava pronto para dizer alguma coisa, eu o beijei. No início, ele ficou estático, por causa da surpresa, porém, não demorou e cedeu.

Narrado por Roxy

Decidi contar para o Georg sobre a minha gravidez naquela noite, durante o jantar. Eu aproveitei que ele estava tomando banho para escrever um bilhete e deixar sobre a roupa que ele tinha separado e que estava sobre a cama. Depois que deixei o bilhete, fui até o quarto que as meninas estavam dividindo e, me arrumei lá. Assim que eu estava pronta, perguntei para as meninas:

– Como eu estou?

– Sinceramente? Acho que, se o Georg ficar bravo com você por causa da demora para dar a notícia, essa raiva dele vai acabar em dois tempos, assim que te ver. - A Jade respondeu.

– Você é a futura mamãe mais linda do universo! - A Maia respondeu. Olhei para a Charlie, que estava sentada na beirada da janela, olhando para a rua. Fui até ela e perguntei, a abraçando meio de lado:

– O que foi, Char?

– Nada. - Ela respondeu, dando um sorriso fraco.

– Char, quem nada é peixe. - A Jade respondeu, se sentando de frente para ela. - Faz favor de contar o que está acontecendo.

– Somos suas amigas. Pode contar com a gente para o que precisar. - A Maia respondeu. - Ainda mais que vamos ser cunhadas...

– Como assim? - A Charlie perguntou, surpresa. - O Bill te propôs casamento?

– Não. Eu falei no futuro. Mas... Ao que tudo indica, esse futuro não está tão distante assim. - A Maia disse. - Mas, o importante agora, é por que você está tão tristonha desde que chegou. Nem desceu para almoçar com a gente hoje. Aliás, nem você e nem o Tom. Vocês brigaram?

– Pode-se dizer que sim. - Ela respondeu.

– O que houve? - A Maia perguntou.

A Charlie ia responder quando nós ouvimos três batidas na porta. Era a dona da pensão, certamente avisando de que o Georg já tinha descido. As meninas me expulsaram do quarto, praticamente, e me desejaram boa sorte.

Ele estava enrolando o macarrão nos dentes do garfo e fazia alguns comentários sobre o lugar. De repente, ele me perguntou:

–... Mas, o que está me deixando curioso de verdade é por que você quis vir aqui. E só nós dois.

– Eu... Tenho uma coisa para te contar. - Eu disse, mexendo com o garfo no prato à minha frente.

– Que coisa? - Ele perguntou enfiando o garfo na boca.

– Eu... Não sei bem como te contar... - Respondi, sentindo minha mão tremendo.

– Me contar o quê? Roxy... Você está me deixando preocupado!

– Lembra do que o Tom disse, quando estávamos na Irlanda, planejando a viagem?

– Não. O Tom fala tanta coisa que nem dá para lembrar direito...

– Sobre o afilhado dele. - Respondi. - Que ele queria que fosse... Encomendado enquanto estivéssemos fora de casa?

– Ah... Agora que você falou... Me lembrei.

De repente, ele percebeu e entendeu tudo.

– Roxy... Eu... Não entendi errado, entendi? Você... Está esperando um filho meu, não é?

Eu comecei a chorar. Essa é uma das grandes desvantagens da gravidez: As mudanças drásticas de humor e, como conseqüência, a alta sensibilidade. Ele ficou tão empolgado que quase virou a mesa. Não sabia direito o que fazer: Se me abraçava, se beijava, se ria, se chorava, se gritava, se contava para todo mundo...

– Tem quanto tempo? - Ele perguntou, depois de me beijar.

– Dois meses. Descobri tem pouco tempo. Eu estava esperando a primeira oportunidade para te contar, só que... Nunca estamos sozinhos...

– Roxy, você não tem idéia do quanto eu estou feliz...

Eu sorri e o abracei. Quando voltamos para a hospedaria, os meninos ainda estavam acordados e, quando o Tom viu a cara do Georg, comentou:

– Pelo visto, alguém viu uns... Vinte mil passarinhos verdes...

– Seu afilhado está a caminho. - O Georg respondeu.

– O quê? - O Tom e o Bill perguntaram, juntos.

– Sério? - O Gustav perguntou.

– É. - Eu respondi. - Tem dois meses.

O Gustav e o Bill vieram nos abraçar enquanto o Tom tentava entender a notícia que tínhamos acabado de dar.

– Espera aí... Vocês realmente vão ter um filho? - O Tom perguntou.

– Tom... Quer que eu desenhe? - A Charlie perguntou, descendo as escadas e se juntando à nós, bem como a Maia e a Jade.

– Será que vai ter cara de joelho? - O Tom perguntou. E a Charlie deu um tapa nele e o xingou pelo comentário. E, por muito pouco, o Georg também não ajudou a Charlie a bater no Tom.

– Com cara de joelho ou não, a única coisa que eu posso garantir é que ela vai ser muito mimada por mim! - O Bill disse, todo empolgado. - Mesmo se o Tom for o padrinho.

– Com quanto tempo dá para saber o sexo? - O Tom perguntou.

– Acho que com uns quatro meses. - Respondi.

– Georg... Pode deixar que, se for menina, vou te ajudar a manter os meninos longe dela. - O Tom disse.

– E se for menino, você me faz o favor de não desencaminhar o coitado, viu? - A Charlie implicou.

– Do jeito que vocês falam, até parece que eu sou uma peste! - Ele reclamou.

– E não é? - A Charlie perguntou. - Quem é que sempre fica se vangloriando por ser o maior pegador da banda?

O Tom ficou calado e, sentindo o sono chegando, falei com o Georg para irmos para o quarto. Na primeira oportunidade que tivemos, saímos de lá sem ninguém perceber e uma das últimas coisas que me lembro, antes de dormir, foi o Georg me dizendo que me amava e que estava feliz por eu estar grávida...

Postado por: Grasiele

Bonequinha De Luxo 2 - Capítulo 5 - Paris? Cidade do amor? Conta outra!

 Narrado por Maia

Entre mortos e feridos, salvaram-se todos, ainda que todo mundo escapou do incêndio com vida. Os mortos, aí no caso, são os pertences dos hóspedes e não os próprios. Por sorte, antes de sairmos das suítes, lembramos de pegar o principal: Nossos documentos, senão, aí que não conseguiríamos nem ir a outro lugar e muito menos voltar para a  Alemanha. O restante das outras coisas, como roupas, acabaram se perdendo e, na manhã seguinte, os espanhóis e as pessoas que visitavam Madrid tiveram a chance única de ver os integrantes de duas bandas de rock andando de pijama pela cidade. Foi engraçado, porque tinham algumas pessoas que viravam a cabeça, outras, enquanto nos olhavam, coçavam a cabeça. E tiveram aquelas que ou reprovavam as nossas roupas ou ainda, que simplesmente não entendiam nada do que estava acontecendo ali. Por fim, conseguimos achar uma loja, tipo aquelas lojas de departamento e pudemos trocar os pijamas por roupas decentes. E, de quebra, ainda conseguimos a indicação de um lugar que poderíamos arranjar malas novas. Enquanto os meninos se arrumavam, nós, as meninas, fomos até o McDonald's e compramos nosso almoço. Aproveitamos e passamos na farmácia, para comprar escova e pasta de dentes, shampoo, entre outras coisas. Quando nos encontramos com eles, a primeira coisa que eles viram foi o almoço. E antes mesmo que pudessem começar a reclamar, entreguei um daqueles sacos de papel para o Bill, outro para o Tom e respondi:

– O sanduíche de peixe para os dois frescurentos que moram no meu coração...

O Tom, assim que eu entreguei o saco de papel, abriu-o e deu uma espiada. Ele perguntou:

– Pegou aqueles sachês de ketchup para as batatas?

– Estão aí dentro. - Respondi, pegando a caixinha com o meu hambúrger, que era de peixe também. Tínhamos nos encontrado em um parque e agora, todo mundo estava sentado na grama, comendo. Depois que terminamos de comer os sanduíches, fomos para as kombis e recomeçamos a viagem. Desta vez, quem assumiu o volante foi o Tom e a Charlie foi no banco da frente, do lado dele. Estávamos quase chegando à Itália quando eu dei uma cutucada de leve no Bill e olhei para a frente. Ele olhou para o irmão e a Charlie, que estava com a cabeça encostada no ombro do Tom e sussurrou no meu ouvido:

– Aposto com você que, assim que chegarmos a Santorini, eles vão ceder...

– Eu acho que não. Acho que eles vão ceder sim, mas, em Roma. - Respondi.

– Olha o cochicho aí atrás! - O Tom disse, nos olhando pelo reflexo do espelho retrovisor.

– Ah, Tom... Concentra na direção e deixa a gente quieto aqui atrás, tá? - O Bill reclamou.

Mesmo que fosse imperceptível, percebemos que a Charlie fez alguma coisa para ele ficar quieto. Descobri, pouco tempo depois, que ela pegou na mão dele, que estava sobre o banco.

Assim que o Tom parou a kombi em frente à uma casa que funcionava como hospedaria, em Roma, ele saiu do carro e, se espreguiçando, disse:

– Finalmente vou poder andar um pouco! Já estava todo duro de ficar enfiado nessa kombi...

A Charlie me deu uma olhada, sem que os meninos percebessem e eu não consegui não rir, percebendo o duplo sentido do que o Tom disse. Os dois me olharam, sem entender e eu disse:

– A Charlie me contou uma piada agora...

– Que piada? - O Tom quis saber.

– Ah... - Ela disse, sem graça.

– No Brasil a gente costuma implicar com as loiras de um jeito nada agradável e, num dia que a Charlie estava chata, perguntei por que a loira toma banho com o chuveiro desligado.

O Tom me olhou, curioso e me perguntou o porquê. Eu respondi:

– Porque... Na embalagem do shampoo, diz que é para cabelos secos.

Ele riu e, de repente, o Bill o chamou, pedindo ajuda. A Charlie se aproximou de mim e disse:

– Obrigada.

– De nada. - Respondi. De repente, ela me deu um tapa e eu perguntei: - Ai! Por que você me bateu?

– Pela piada de loira e por me chamar de chata. - Ela respondeu, me dando um olhar ameaçador. Mesmo com o braço doendo, tive que rir da irritação dela.

Quando a dona da hospedaria ia pegar as chaves dos quartos, perguntou:

– As meninas vão ficar em dois quartos e os rapazes em outros dois?

– Na realidade... - O Bill começou a dizer, meio sem jeito. - Estávamos pensando em deixar um casal em cada quarto.

– Espera aí... Um casal é... Um menino e uma menina? - A dona perguntou.

– É. - O Bill respondeu. A cara dele foi de "É óbvio, né?", já que só o Gustav não estava agarrado com a Jade.

– Não me levem a mal, mas tem crianças nessa pensão. E eu acho que jovens como vocês... No auge da... Juventude, não deveriam ficar no mesmo quarto... - A dona respondeu. O Georg foi para perto da senhora e disse:

– Está vendo aquela moça ruiva ali? Ela é minha esposa.

Ele pôs a mão sobre o balcão e, assim que a senhora viu a aliança prateada no dedo dele, concordou que ele e a Roxy ficassem juntos. Porém, só eles poderiam ficar com um quarto para os dois. De resto... Ela arrumou dois quartos e arranjou um colchão extra para cada quarto. Depois de colocar o colchão no quarto dos meninos, que era de frente para o nosso, ouvimos ela dizer para os gêmeos e o Gustav:

– Vocês três tratem de se comportar e não irem atrás das meninas no outro quarto. Se eu ouvir que tem alguém fora da cama, no meio da noite, vou me encarregar pessoalmente de mostrar o caminho de volta para quem me desobedecer. E ainda vai ter de ouvir uma descompostura!

– E se precisarmos ir ao banheiro ou tomar um copo de água? - Ouvi o Tom perguntando.

– Bom... Todos os quartos são tipo suíte, com banheiro e, antes de dormir, eu entrego uma moringa para cada hóspede. - A dona da hospedaria respondeu.

A senhora já tinha nos explicado como eram os horários das refeições. No nosso penúltimo dia em Roma, desci as escadas para ir tomar café da manhã e, quando me sentei ao lado do Bill, percebi que estavam faltando duas pessoas...

Narrado por Charlie

Deviam ser umas seis da manhã quando eu acordei, sem que a Jade ou a Maia percebessem e me arrumei. O céu estava começando a esclarecer e, tentando não fazer barulho, saí da hospedaria, onde o Tom estava me esperando, encostado em uma vespa vermelha e antiga. Perguntei para ele:

– Não é... Ousado demais, se aventurar a dirigir uma vespa antiga?

– Está com medo por que é uma vespa, por que é antiga ou por que eu estou dirigindo?

– Os três. - Respondi, sinceramente.

– Charlie... Você confia em mim ou não?

– Confio. Esse é o problema, não é?

Ele me esticou um capacete e, enquanto eu montava na vespa, ele também colocou um capacete e, assim que deu a partida na ignição, me pediu para colocar as mãos ao redor da cintura dele e, como eu estava com medo, acabei apertando o Tom um pouco. Por fim, ele acabou me levando para um lugar que ficava atrás do Coliseu e era tão antigo quanto um dos pontos turísticos mais famosos da capital italiana. Era conhecido como "Foro Romano" (Ou em livre tradução "fórum romano") e era uma das coisas mais... Fantásticas que eu já tinha visto. Quando entramos no Templo de Vesta, meu queixo já tinha caído há muito tempo e eu estava fascinada com absolutamente cada coisa que conseguia enxergar. De repente, o Tom deu um gemido atrás de mim e, quando me virei, ele estava segurando uma espécie de guia e disse:

– As Vestais eram virgens e, quem fosse se meter a engraçadinho com uma delas, era espancado até a morte e a coitada da sacerdotisa era enterrada viva...

– Ou seja... Se você vivesse naquele tempo... Estava perdido. - Comentei, sorrindo.

– Ah... E você acha que eu ia correr o risco de apanhar até morrer? Tudo bem que posso até me meter em uma briga, mas assim é demais...

Andamos por mais um tempo e, quando saímos de lá, fomos até uma confeitaria e a garçonete nos perguntou, em italiano:

– O que vão querer?

– Desculpe, mas, não falamos italiano... - Eu disse, em inglês mesmo.

– Ah... Desculpem. Perguntei o que vão querer...

– Eu quero água com gás, pode ser? - Perguntei para a moça. O Tom pediu uma Coca-cola para ele e, enquanto esperávamos a garçonete, percebi que o Tom estava me fixando. A garçonete trouxe a água e o refrigerante e, quando ele me viu tomando um gole da água, reclamou:

– Não sei que graça você vê em água com gás... O gosto é horrível!

– A mesma graça que você vê na Coca-cola. - Respondi, calmamente. - Aliás... Sabia que tem cocaína na fórmula?

– Mentira sua... - Ele respondeu, dando um sorriso maroto.

– Se é mentira, então como você justifica o "Coca" do nome do refrigerante? A "cola" é do extrato da noz que eles usam na bebida.

– Falta de criatividade? - Ele arriscou. Eu dei um estalo com a língua e, de repente, ele me disse: - Sabia que você fica ainda mais linda fazendo beicinho?

– O quê? - Perguntei, olhando para ele.

– Sempre que discorda de alguma coisa que eu digo ou faço, você faz beicinho.

– Olha o que você vai reparar em mim! - Falei, rindo e não conseguindo acreditar naquela conversa.

– Bom... Essa é uma das várias coisas que eu reparei em você. E tenho que admitir que é uma das que eu mais gosto.

– Ah é? - Perguntei, apoiando meus cotovelos sobre a mesa e, conseqüentemente, me aproximando dele. Resolvi provocá-lo um pouco: - E o que mais você reparou em mim e gosta?

– Quer mesmo que eu diga?

– Se estou pedindo, é porque quero.

Ele suspirou.

Narrado por Tom

A Charlie estava conseguindo me deixar louco. De verdade. Já não bastava ficar naquela tentação toda para cima de mim, me forçando a manter o controle e agora ela queria saber o que eu reparava e gostava nela.

– Gosto do jeito que seu cabelo fica quando a luz do sol bate diretamente sobre ele, gosto de te ver com os olhos brilhando sempre que acaba um show e escuta o barulho que as pessoas fazem, e mesmo que seja irritante às vezes, gosto de quando você fica escrevendo alguma coisa e enrola nos dedos, uma mecha do seu cabelo, do jeito que você ri quando faz palhaçada com as meninas... Dá para ver que você realmente está se divertindo.

– Só isso? - Ela me perguntou. Os óculos de sol dela estavam sobre a mesa, do lado do copo de água, e eu tinha um par de olhos cinza-esverdeados me encarando fixamente.

– Não. Gosto, principalmente de, quando você deita do meu lado, e seu sono começa inquieto, mas, depois acaba calmo e, quando eu acordo, você está esparramada sobre mim. - Respondi. Era verdade. Sempre que a Charlie deitava na cama, ficava mexendo por uma hora, quase, e depois, parecia que eu estava sozinho. Daí, quando acordava de manhã, normalmente, ela estava ou dormindo de "conchinha" comigo ou então, estava com o braço sobre o meu peito e a perna dela... Ficava um pouco abaixo da minha cintura. Eu não me incomodava tanto assim, mas, depois de um tempo, ela começava a pesar e eu acabava dando um jeito de fazê-la me soltar e saía da cama. Ela não sabia disso até agora.

Ela corou levemente e eu continuei:

– E uma das coisas que você tem feito muito ultimamente e que eu tenho que admitir que estou gostando mesmo, é me abraçar. Ainda que seja só um abraço.

Ela ficou em silêncio por alguns instantes. Peguei a mão dela e, olhando fundo nos olhos dela, admiti, finalmente:

– Charlotte... Eu estou apaixonado por você...

Postado por: Grasiele

Bonequinha De Luxo 2 - Capítulo 4 - Espanha

 Narrado por Maia

Uma vez que tivemos a confirmação da gravidez da Roxy, ela decidiu esperar um pouco para contar para o Georg. E, antes de irmos para a França, chegamos a um consenso e achamos melhor ir para Madrid. Depois iríamos para Valência e Barcelona. Daí, iríamos para a Itália.

Na primeira noite, logo depois de chegarmos ao país, aproveitamos que era aniversário da Jade e fomos jantar fora. Nós quatro estávamos arrumadas à caráter e, como ninguém nos olhava feio... Aproveitamos. O restaurante era em uma casa, parecida com uma daquelas casas do final do século XIX. A diferença é que os donos só não acabaram com a cozinha e o banheiro. Fizeram um outro. Já o restante das paredes foram derrubadas e várias mesas foram colocadas no espaço livre. E no quintal, tinha um palco e naquela noite, um artista local estava tocando uma música tradicional. Logo depois do jantar, a Jade arrastou o Gustav até o quintal e, como do lugar que nós estávamos era possível ver os dois dançando, ficamos observando a Jade tentando ensinar o Gustav a dançar. O mais fofo dos dois era que o Gustav tinha passado a noite inteira olhando para ela. A Jade estava usando camiseta de alça branca, saia vermelha toda rodada, uma rosa no cabelo, atrás da orelha, e usava uma sandália branca rasteira. A maquiagem dela era natural, porém, ressaltou os olhos verdes dela. O Georg e o Tom gritavam para ele, provocando:

– Rebola mais, Gustav!

– Agarra mais a Jade!

O Gustav acabava ficando mais sem-graça do que já estava e o Georg e o Tom apanhavam da Roxy e da Charlie, respectivamente. A Charlie, então, teve uma idéia. Ela se levantou da mesa e disse, me puxando:

– Vem comigo.

Terminei de tomar o último gole do meu suco de manga e, depois de colocar o copo sobre a mesa, dei a volta na mesa e a Roxy perguntou:

– E eu?

– Você é casada e seu marido está aí do seu lado. - A Charlie respondeu. A Roxy fez língua e nós duas fomos para perto da Jade e do Gustav. A Charlie segurou minha mão e, de graça, começamos a dançar, batendo os nossos quadris. Fiz a Charlie rodopiar e, como ela era levemente mais alta que eu, então, o rodopio começou com dificuldade. De repente, a Jade me viu dançando e me pediu:

– Mostra o poder do rebolado brasileiro para o Gustav, pelo amor de Deus! Parece que ele está empalado!

– Credo, Jade! - Reclamei. Mas, mesmo assim, foi divertido tentar ensinar o Gustav a dançar. De repente, ele comentou comigo:

– Olha a cara do Tom por causa da Charlie...

Olhei para a nossa mesa, depois de rodopiar e eu quase tive uma crise de riso. O Tom estava babando, quase que literalmente. Eu, então, dei um cutucão na Charlie e disse a ela:

– Dança com o Tom. E traz o Bill também, por favor.

Ela olhou na direção dele e, quando a música acabou, ela foi buscar os dois.

Narrado por Charlie

Quando a Maia me indicou o Tom e eu olhei para a cara dele, tive que me segurar para não rir e tentá-lo. Ainda bem que a Maia, num dia de brincadeira, me ensinou alguns movimentos da dança do ventre, já que a tia dela era professora e ela fazia aula. Entre uma música e outra, fui até a mesa e falei com o Bill:

– A Maia está te requisitando para uma dança...

Ele se levantou e eu disse, puxando o Tom:

– Vem dançar comigo também...

– Tem certeza? Eu não sei dançar muito bem...

– Eu também não... - Respondi. - Anda... Vem comigo...

Por fim, consegui convencê-lo bem a tempo da próxima música começar. Sabe-se lá como, nossa dança foi comportada, apesar dos pesares. E, logo, a Roxy e o Georg não agüentaram ficar só nos olhando dançar e vieram para perto de nós também. E confesso que, o que estava me deixando mais feliz, era que o Tom finalmente parecia estar cedendo...

Narrado por Tom

Desde a hora que vi a Charlie, no saguão do hotel mesmo, percebi que ela não seria como as outras meninas, que duravam, no máximo, uma noite comigo. Tudo bem que, vira e mexe, a gente não agüentava e acabava se beijando. E eu, como sempre me empolgava, acabava estragando tudo e ainda tomava uma descompostura dela. Apesar do que, naquela noite, eu acho que, como ela parecia bem... Solta, eu podia me empolgar o quanto eu quisesse que não ia ter descompostura. A Charlie estava simplesmente irresistível. Os cabelos estavam presos em uma trança toda bagunçada, ela usava um vestido tomara-que-caia (Que não ia demorar a cair) branco, cheio de rendas e, quando ela rodopiava, a saia levantava um pouco. E, para prender a trança, ela tinha usado uma fita vermelha e fez um laço. Em uma hora que ela rodopiou e parou a poucos milímetros de mim, parecia que não tinha mais ninguém ali além de nós dois. Ficamos nos olhando por alguns instantes e, de repente, a boca da Charlie pareceu ainda mais irresistível e deliciosa do que de costume. Eu comecei a me inclinar na direção dela, só que, ela percebeu o que eu estava querendo fazer e, colocando o indicador sobre os meus lábios, disse, dando um sorriso maroto:

– Ah-ah... Comporte-se, Tom...

Tirei minha mão da cintura dela e, pegando esta mão cujo indicador estava na minha boca, falei, bem perto do ouvido dela:

– Vai ser difícil... Ainda mais que você está irresistível...

E, para provocar a Charlie, ainda mordi o lóbulo da orelha dela, de leve. Surtiu efeito, já que senti ela tremendo. Porém, a Charlie era teimosa. Do tipo que não cede fácil. Logo, veio a resposta dela:

– Difícil não é impossível. Se você conseguiu se controlar até hoje... Por que não vai conseguir agora?

– Bom... Porque das outras vezes, você não estava tão... Linda que nem hoje...

– É? Então você trate de apagar esse seu fogo, está bem? Já sabe qual é a condição básica para que aconteça alguma coisa...

Suspirei e acabei concordando com a cabeça. Quando o Georg nos perguntou se queríamos ir embora, já que a Roxy estava cansada, a Charlie também quis ir e, logo, eu e a Charlie estávamos andando até o hotel, que era perto do restaurante, com o Georg e a Roxy andando à nossa frente. Quando finalmente chegamos ao hotel, esperamos até o elevador chegar, porém, haviam outras pessoas esperando com a gente e, quando todas elas entraram, o Georg perguntou ao ascensorista:

– Cabem mais quatro aí dentro?

– Não. Somente dois. - O rapaz perguntou.

– Ah... - O Georg nos olhou. Eu disse:

– Podem ir. Afinal, daqui a pouco o outro elevador está aqui...

O Georg acabou indo neste, depois da Roxy reclamar e eu fiquei ali, esperando o elevador com a Charlie. Ela estava perto de mim e, como mal estava se agüentando em pé, acabou encostando a cabeça no meu ombro. Eu a enlacei pela cintura, para evitar que ela caísse no chão. O elevador chegou e, quando eu vi que não tinha ascensorista, entramos e apertei o botão de número doze. Eu ainda estava segurando a Charlie, que me abraçou, colocando os braços ao redor da minha cintura. Assim que a Charlie se encostou em mim, meu corpo reagiu, obviamente. De repente, percebi que ela estava ligeiramente mais alta. Logo em seguida, senti que ela estava beijando meu pescoço. Perguntei para ela, com a voz rouca:

– Charlie... O que você está fazendo?

Ela parou de beijar meu pescoço e me olhou por alguns instantes. Em seguida, me perguntou:

– Tem certeza que você não sabe?

– O que aconteceu com aquela boa moça que eu conheci e... - Me interrompi. Por um minuto, eu quase fiz o que a Charlie queria. Se ela era durona, eu também consigo ser.

– E...? - Ela perguntou. Merda. Por que sempre tem que ser assim?

Fiquei quieto e ela me pressionou:

– Anda, Tom... Fala!

Por sorte, chegamos ao nosso andar e, quando nos separamos do abraço, ela disse:

– Eu sabia... Você não tem coragem de admitir que gosta de mim.

– Charlie, não é isso... - Respondi.

– É... Eu sei que não é. Você está só bancando o bom moço comigo só para conseguir me arrastar para a cama, como você sempre faz com as garotas...

– Não estou bancando o bom moço coisa nenhuma!

– Me prova então.

– O quê?

– Me prova que você não está me fazendo de idiota. Prova que você realmente gosta de mim.

– Por que você sempre tem que duvidar de mim? - Perguntei. Eu tinha hesitado antes de responder e ela percebeu.

– Porque eu vi como você é! - Ela gritava agora. Já era tarde e só nós dois estávamos ali, discutindo a plenos pulmões no corredor do hotel. Eu podia ver a hora que iam começar a reclamar...

– Então, se você já sabe como eu sou... Por que fica tentando me mudar?

Ela fechou a cara e respondeu:

– Porque eu gosto de você. Ou é idiota a ponto de não ter percebido isso? Eu sei que é egoísmo da minha parte, mas, é justamente por saber como você é que eu não quero que você me magoe!

Por fim ela entrou no quarto. Eu tinha decidido dormir no sofá que tinha em uma espécie de ante-sala e esperaria até o dia seguinte, para tentar conversar com ela. Porém, no meio da noite, ouvimos um barulho parecido com uma campainha e, logo em seguida, senti o cheiro de fumaça. Me levantei, com medo pela Charlie e, assim que vi que ela ainda estava dormindo, a chamei, sacudindo-a de leve. Quando ela finalmente acordou, perguntou:

– O que foi?

– Acho que o hotel está pegando fogo...

– O quê? - Ela perguntou, se levantando de um salto. Pegou um casaco e saímos da suíte, abandonando nossas coisas. Quinze minutos depois, chegamos à entrada do hotel e, assim que achamos os outros, percebemos que realmente tinha um incêndio nos últimos três andares do hotel e já tinham chamado os bombeiros. Assim que o fogo foi controlado, estávamos todos sentados na calçada de frente para o nosso hotel, a Roxy estava abraçada com o Georg, a Jade apoiava o rosto nas mãos, o Gustav, a Maia e o Bill observavam à tudo quietos, a Charlie estava com a cabeça baixa. E eu estava de cabeça baixa, apoiando os braços sobre os joelhos e a cabeça encostada nos meus braços. De repente, o gerente veio falar com a gente:

– Eu sinto muito, mas, não pudemos salvar muitas coisas das suítes que vocês estavam... Vou dar um jeito de reembolsá-los.

– Tudo bem. - O Bill respondeu. Resultado: Naquela noite, tivemos que nos apertar nas kombis. Como dentro delas tinham dois bancos, além dos da frente, a Maia e o Bill dormiram no banco do meio e eu e a Charlie dormimos no de trás. Enquanto ouvia a respiração calma da Charlie, do meu lado, fiquei pensando nas coisas que ela me disse, assim que chegamos ao hotel. Foi então, que percebi que aquilo que eu esperava que demorasse um bom tempo para acontecer, estava acontecendo: Eu tinha me apaixonado pela Charlie.

Postado por: Grasiele

Bonequinha De Luxo 2 - Capítulo 3 - A kombi quebrada e uma Roxy enjoada

Narrado por Maia

Eram oito da manhã quando eu acordei. Fui no banheiro e, quando saí de lá, o Bill me chamou, levantando a cabeça um pouco para me olhar, enquanto eu procurava por uma camiseta dentro de uma das minhas malas. Olhei para ele e perguntei:

– Eu te acordei?

– É... De modo indireto...

– Ah... A fungada. - Respondi. Sempre que eu acordava, dava uma fungada. Desde que nasci que fazia isso.

– Exatamente. - Ele respondeu, se espreguiçando. - O que você está fazendo?

– Procurando aquela minha camiseta do Bowie... - Respondi. - Eu queria ir bater perna por Amstedam hoje... Vem comigo?

– Ai, Maia... - Ele respondeu, franzindo o nariz um pouco e dando um sorriso sem graça.

– Nem vem, Bill... Viemos para a Holanda à toa, então? Saímos de Hamburgo para você ficar enfiado debaixo dos lençóis o dia inteiro? Faz favor de levantar, se arrumar que a gente vai sair e andar sem rumo. - Falei. Ele não se mexeu um minuto e, como eu ainda não tinha encontrado a camiseta que eu estava procurando, levantei do chão e fui até a cama. Me debrucei sobre ele e, só para fazê-lo sair da cama, comecei a fazer cócegas e dar uns cutucões de leve. Porém, ele conseguiu me pegar de jeito e, quando percebi, ele já estava me beijando e eu estava deitada sobre a cama. Em um momento que paramos de nos beijar, pedi, tentando ao máximo, fazer a cara do gato de botas do Shrek:

– Anda, fofinho... Vem comigo, por favor... A menos que você queira deixar sua namorada livre, leve e solta por aí... E para completar, correndo o risco de ser agarrada por algum holandês lindo...

Foi tudo o que ele precisava para se levantar e ir se arrumar. Logo, estávamos andando por uma rua, cheia de lojas de roupas. Quando passamos em frente a uma loja que vendia coisas tipo... Brincos, anéis, pulseiras, correntes, entre outras coisas, ele entrou, de curiosidade mesmo, e ficou olhando algumas coisas. Como eu era louca com brincos, fiquei olhando uma parte da loja que tinha vários deles. Eu estava olhando um par que me chamou bastante a atenção: Era um brinco de cobre envelhecido, cheio de pedrinhas em formato de gotas, cada uma delas unida à outra. E as pedras eram diferentes das outras, porque à primeira vista, pareciam pretas. Mas, conforme o movimento, aparecia um reflexo vermelho, muito lindo. Quando vi o preço, tive um ataque consumista e comprei os brincos. Assim que eu percebi que o Bill estava do lado de fora da loja, paguei a mulher, que me entregou os brincos em uma caixinha e, depois que saí de lá, perguntei para o Bill:

– Ficou sem paciência?

– É... - Ele respondeu. - Quer ir aonde, agora?

– A vendedora me disse que tem uma cafeteria ali na esquina, que vende um doce que é uma perdição. Quer ir lá?

– OK. - Ele respondeu.

Nos sentamos a uma mesinha mais no fundo da cafeteria, em um canto mais reservado do lugar e, além de pedir um frappuccino
 para cada um e uma fatia de torta. Enquanto eu comia um pedaço da torta, percebi que o Bill estava me olhando. Perguntei:

– O que foi? Me sujei?

– Não. - Ele respondeu. - Estou só te admirando, mesmo...

Engoli o pedaço da torta e me inclinei na direção dele. Nos beijamos de um jeito diferente, aproveitando aquele momento.

Os dois dias seguintes foram dedicados à passear pela cidade. E, quando recomeçamos a viagem, o Tom estava sentado no banco de trás, a Charlie no banco que estava à frente dele, eu dirigindo a kombi e o Bill do meu lado. E, logo atrás da nossa kombi, vinham Georg, Roxy, Jade e Gustav. De repente, a kombi que nós estávamos começou a engasgar e, de repente, parou de andar. A sorte é que faltavam poucos metros até uma oficina mecânica. Então, logo que paramos de nos mover, o Tom perguntou:

– O que foi?

– Não sei... - Respondi. - Não é falta de gasolina, porque o tanque ainda está cheio...

Saímos da kombi (Só a Charlie que não se mexeu um milímetro sequer) e tentamos descobrir o que tinha dado errado. O Georg, a Roxy e o Gustav pararam a poucos metros de nós e, assim que nos viram, o Georg perguntou:

– Acabou a gasolina?

– Não. O tanque ainda está cheio... - Respondi. - Ela estragou, só pode ter sido isso...

A Charlie meteu a cabeça para fora e perguntou:

– Conseguiram descobrir o que aconteceu?

– Não. - O Bill respondeu. Eu percebi que só tínhamos uma alternativa.

– Charlie! - Chamei.

Ela já tinha se endireitado e eu tive que bater na lataria da kombi para fazê-la olhar para mim.

– Sai daí e vem ajudar a empurrar. - Eu mandei.

– Capaz! - Ela respondeu, recolocando o fone de ouvido na orelha.

– Tudo bem. Você escolhe. Ou ajuda a gente a empurrar a kombi até a oficina ou então fica aqui, debaixo desse sol, só com a roupa do corpo. - Eu respondi. Os meninos e a Roxy se entreolharam; Normalmente eu era muito calma. Mas, os chiliques da Charlie desde que chegamos a Amsterdam estavam me estressando.

Mesmo contrariada, ela saiu da kombi e nos ajudou a empurrá-la até a oficina. Até a Jade ajudou. O mecânico, que era magricela, baixinho e tinha um narigão, além de orelhas de abano, olhou o motor e, quando ele pediu para que eu ligasse a ignição, vi o Tom fixando as orelhas do homem. Como eu ia passar por ele, dei um cutucão e dei uma olhada feia, para fazê-lo desviar o olhar. Quando o homem terminou de olhar, ele disse, limpando as mãos num pedaço de estopa:

– Olha... Aconteceu o seguinte: A bateria está fraca. Só que, como eu não tenho uma nova aqui para pronta-entrega, então, o jeito seria encomendar.

– E demora quanto tempo? - Eu quis saber.

– Um mês, mais ou menos. - O mecânico respondeu. - Todas as oficinas da região só recebem as baterias nesse prazo, no mínimo.

– Mas... Não tem outro jeito? - O Bill perguntou.

– Olha... Até tem. - O mecânico respondeu. - As pessoas costumam chamar de "sebo nas canelas".

– Por que tem esse nome? - A Charlie quis saber.

– Vocês empurram a kombi para ela pegar no tranco e, se quiserem continuar a viagem... Tem que correr muito para poder alcançá-la.

Acabamos ficando com o jeito "sebo nas canelas". Eu fui a primeira a dirigir enquanto os outros três, ajudados pelo Gustav e o Georg empurravam a kombi. Logo, eu conseguia ver os gêmeos e a Charlie correndo para conseguirem embarcar na kombi. O Bill foi o primeiro a conseguir entrar. Depois a Charlie e, logo em seguida, o Tom entrou. Quando fecharam a porta, a Charlie começou a rir. Os meninos viraram o rosto para poder olhá-la e, como ela estava sentada na direção do espelho retrovisor, olhei para o espelho. O Tom perguntou:

– O que foi que te deu, Charlie?

– É incrível que esse tipo de coisa só acontece quando eu estou no meio da história... - Ela respondeu.

– Como assim? - O Tom perguntou.

– Lembra daquele show que a gente fez, um tempo depois do final da turnê, que a caixa de som que estava do meu lado começou a soltar faíscas? - Ela me perguntou.

– Lembro... Você ficou histérica, porque estava com medo de acontecer um incêndio e, no final, não aconteceu nada. - Respondi.

– Sério? - O Tom perguntou, olhando para ela, surpreso.

– Sério. Mas, teve vários casos escabrosos... - Ela respondeu. Quando finalmente chegamos à Bélgica, decidimos que a primeira coisa a fazer seria arrumar uma bateria nova para a kombi. Porém... Descobrimos na oficina que as baterias para a kombi estavam em falta. Ou seja... Quem escapou da correria para alcançar a kombi desta vez, foi o Tom. Como nós quatro estávamos de saco cheio de ficar correndo para conseguir entrar na kombi, decidimos que a primeira coisa que faríamos na manhã seguinte, seria ir atrás de uma bendita de uma bateria nova. Conseguimos achar uma boa e barata e, quando nós quatro nos encontramos com os outros quatro em um restaurante daqueles de beira de estrada, almoçamos e enquanto eu e a Jade esperávamos a Roxy e a Charlie saírem do banheiro do restaurante, a minha amiga comentou:

– Não sei se você reparou, mas... a Roxy está indo no banheiro a cada cinco minutos...

– Ela está passando mal? - Perguntei, desligada como sempre.

– Bom... Se ela vomitou eu não sei... Mas que parece que ela está com incontinência urinária... Sem sombra de dúvida que parece...

– Credo, Jade!

– Por quê? Vai dizer que não é estranho que a Roxy esteja indo no banheiro o tempo inteiro, sendo que, normalmente ela não vai fazer xixi com tanta freqüência assim, ela está enjoando fácil e sem contar que, de uns tempos para cá, o olfato dela está apuradíssimo. Se você esconder uma... Caixinha com balas de amora a uns cinqüenta quilômetros de onde ela está, a Roxy consegue sentir o cheiro das balas, mesmo assim!

– Espera aí... - Eu falei, de repente. Nós duas estávamos sentadas no banco da kombi que eu estava viajando com os gêmeos e a Charlie, com a porta aberta, enquanto os meninos conversavam, perto da outra kombi. Então, as chances de eles nos ouvirem eram nulas.
 
– Você quer dizer que... - Eu comecei a dizer, finalmente entendendo tudo. - A Roxy e o Georg...

– Vão ser pais? Tudo indica que sim. Lembra de quando fomos à farmácia em Amsterdam?

– Lembro.

– Ela até comprou um pacote de absorvente, mas até hoje está fechado.

– A Roxy comentou alguma coisa com você?

– Não. Mas ela sabe que eu estou desconfiada. Aliás... Não só eu, como o Georg também.

– E qual é a sua idéia para conseguir a confissão dela?

– Sutileza. Assim que chegarmos a Bruxelas, damos um jeito de ela fazer um daqueles testes de farmácia. E se ela não ficar satisfeita... A gente vai no hospital. Eu até sei como vamos fazer... E se ela não quiser... A gente pede para o Georg a carregar nos ombros, que nem um saco de batatas e problema resolvido.

– Se isso é sutileza para você, imagina o que é grosseria...

A Jade riu e de repente, as meninas saíram do restaurante. A Roxy veio falar com a gente e, como ela estava meio enjoada, perguntei:

– Está melhor?

– Um pouco. - Ela respondeu. - Não vejo a hora de chegarmos em Bruxelas... Não agüento mais esses enjôos...

No primeiro dia que passamos em Bruxelas, logo depois da nossa chegada à cidade, a Roxy aproveitou que só estavam as meninas para pedir que fôssemos à farmácia com ela. Depois de comprar o teste, fomos até o primeiro restaurante e pedimos ao dono se poderíamos usar o banheiro. E a Charlie ia esperar enquanto eu e a Jade estávamos com a Roxy. Uma vez que o teste foi feito, ficamos esperando pelo resultado. A Roxy estava ansiosa e, quando apareceu uma faixa azul, ela perguntou, num tom histérico:

– É azul! Qual é o significado da faixa azul?

– Roxy... Você se controla ou senão eu te dou um sossega leão. - Eu disse. A Jade estava lendo a bula e, de repente, ela fez uma expressão triste. A Roxy disse:

– Jade, fala logo! Eu estou ou não estou grávida?

– É com grande tristeza em meu coraçãozinho palpitante que eu anuncio que...

– Jade! - Eu e a Roxy protestamos.

–.... Anuncio que, quando entrarmos em turnê de novo... Teremos de arrumar uma nova baixista, pois Roxanne O'Connell Listing vai ter de cuidar do seu belo pimpolho ou pimpolha de olhos verdes...

Postado por: Grasiele

Bonequinha De Luxo 2 - Capítulo 2 - E começa a viagem...

Narrado por Bill

Até que conseguíssemos decidir qual seria o ponto de partida da nossa viagem, tivemos de enfrentar várias discussões, quatro brigas, além do stress, dores de cabeça, além de gritos histéricos vindos das meninas. Sério. A Charlie conseguiu me surpreender, porque a voz dela é muito parecida com a da Joan Jett, mesmo quando ela fala, e você acha que aquela garota loirinha, parecida com uma boneca, nunca vai conseguir gritar tão... Agudo a ponto de quase estourar vidros. Mas quase conseguiu deixar todo mundo que estivesse perto dela (O Tom sempre estava no meio, era incrível) surdo. Mas, mesmo assim, decidimos visitar primeiro Amsterdam, depois iríamos até Antuérpia, Bruxelas e daí, a França. Como eram quatro garotas geniosas que queriam visitar quatro cidades diferentes (Paris, Marselha, Nice e o principado de Mônaco), então, este seria o único momento que estaríamos separados. Porém, iríamos nos reencontrar em Roma. De lá, iríamos para Milão, depois Veneza e, em seguida, iríamos para Atenas e Santorini. E, saindo de Santorini... Iríamos para o Egito, depois a Índia. É... Só de ouvir dá para ficar exausto. Mas, bem ou mal, seria bom. Porém, quando descobrimos que a viagem pela Europa não seria feita de avião... Eu não fui o único a ficar desanimado.

Estava tudo pronto, a Maia e a Charlie tinham ido dormir lá em casa, para facilitar as coisas na hora de irmos viajar. A Maia e a Charlie dormiriam no quarto de hóspedes e minha mãe fez questão de avisar o Tom para que ele ficasse longe do quarto que elas estavam. E, no entanto, eu acreditava que, como a Maia estaria ali, ele não ia se meter a ir atrás da Charlie no meio da noite. Então, enquanto a Charlie estava no banheiro, terminando de tomar banho, eu aproveitei e fui atrás da Maia. Assim que ela me disse para entrar, me sentei na beirada da cama dela e perguntei:

– Animada?

– Bom... Viajar em uma kombi vai ser estranho...

– É... Mas... Veja pelo lado positivo... Pelo menos a gente não vai precisar cruzar o deserto do Saara nela...

– Engraçadinho...

Eu sorri e, vendo o desânimo dela, disse:

– Maia... Vai ser divertido... A kombi agüenta o tranco numa boa...

– É... Depende da kombi, né? Se for uma que é pura ferrugem, que atira e dispara a buzina...

– Pelo menos vão saber que a gente está passando.

– Você está tão metido a engraçadinho hoje!

– Eu estou tentando é melhorar seu humor... Até agora, só tive um sorrisinho sem-graça.

Ela sorriu de verdade e eu falei:

– Era disso que eu estava falando!

Ela murchou o sorriso um pouco e, de repente, ouvimos o barulho da Charlie saindo do banheiro. Eu disse:

– Amanhã a gente se vê, então?
– Claro. - Ela respondeu. Dei um selinho demorado nela e a Charlie nos interrompeu:

– Vocês sabem que, por mim, vocês dois poderiam ficar à vontade. Mas, como a gente vai acordar cedo amanhã e o Tom vai demorar, no mínimo duas horas até conseguirmos tirar ele da cama... Então, aconselho que você - Ela apontou para mim.- vá para o seu quarto e a senhorita - ela apontou para a Maia. - desligue a luz do abajur, ajeite-se, feche os olhinhos e durma bem.

– Charlie! Tem que ser tão chata assim? - A Maia protestou.

– Maia... Ela tem razão. É melhor irmos dormir senão amanhã ninguém acorda e os quatro de lá chegam primeiro à Amsterdam... - Eu respondi, me referindo à Roxy, Georg, Jade e Gustav. Dei outro selinho nela e um beijo na bochecha da Charlie, antes de sair do quarto delas e ir para o meu.

Apesar da ansiedade, consegui dormir muito bem, até. Acordei com meu celular tremendo sobre o meu criado mudo, avisando que teria de me levantar e me arrumar. Por mais que eu quisesse ficar mais cinco minutos deitado na minha cama, resisti à preguiça e fui até o banheiro. Quando saí, mais ou menos arrumado (Faltava trocar de roupa e escovar os dentes), passei pela porta do quarto das meninas e as camas já estavam feitas e as malas delas tinham sumido. Fui para o quarto do Tom, que ainda estava escuro e eu consegui identificar o meu irmão, dormindo todo torto e embolado com os lençóis. De repente, a Charlie apareceu e me perguntou, sussurrando:

– Ele já acordou?

– Nada... - Respondi.

– OK. Sua mãe pediu para avisar que o café está servido e a Maia já está lá embaixo. - Ela disse. - Pode deixar que em menos de cinco minutos o Tom vai estar lá embaixo.

Ela praticamente me expulsou. Eu admito que estava curioso para ver como é que ela ia acordar meu irmão...

Narrado por Charlie

Esperei até o Bill chegar ao primeiro andar e ouvir as vozes da Maia, da Simone e do Gordon conversando com ele, para entrar no quarto do Tom. Eu nem fechei a porta do quarto dele e fui até a cama, bem lentamente e tentando não fazer barulho. A pior parte até agora era encontrar um espacinho livre. Eu estava morrendo de medo de me sentar sobre a perna ou o braço dele. Assim que consegui achar o Tom ali no meio, quase sussurrando, chamei:

– Tom... Já está na hora de irmos... Anda, preguiçoso... Levanta!

Ele resmungou alguma coisa e eu falei:

– Eu vou fazer cócegas em você...

Desta vez, consegui entender o que ele disse:

– Prefiro que você se enfie aqui do meu lado... E sem roupa.

Desta vez, ele não escapou de levar um tapa daqueles. Sabe-se lá como, consegui achar a bunda dele no meio daquele monte de lençol e edredons emaranhados. E, para piorar, ele ainda respondeu:

– Bate mais que eu estou gostando!

– Tom, se você não se levantar agora, nesse exato instante, eu juro que eu abro as cortinas do seu quarto e não vai adiantar você se esconder sob essa... Confusão aí.

Nada. Continuou dormindo e eu perdi a paciência e, afastando as cortinas e puxando o bololô que estava envolvendo ele, finalmente consegui fazer com que ele se levantasse. Tomei um xingo daqueles, mas, valeu a pena. Quinze minutos depois, já tínhamos tomado o café da manhã, a Maia e eu levávamos algumas coisas que a Simone preparou e, enquanto isso, o Gordon ajudava os meninos a guardarem as malas dentro da kombi. A Simone dizia para a Maia:

– Eu não acho que seja uma boa idéia vocês viajarem pelo continente em uma kombi...

– Mãe... Não se preocupa. A gente vai estar sempre em contato e, se acontecer alguma coisa, ou as meninas ou o outro grupo avisa. - O Tom respondeu.

– Olha lá, vocês quatro, hein? - A Simone disse. - Boa viagem, então e juízo, ouviram, meninos?

Ela deu um beijo na bochecha de cada um e, nós embarcamos. Depois de um sorteio por ordem de idade, o Tom quem ia dirigindo a kombi primeiro. Depois seria o Bill, seguido da Maia e eu seria a última. Era estranho pensar que iríamos realmente fazer isso. Mas, ainda sim, fizemos. Fomos até a casa do Georg, onde eles também já estavam a postos e de lá, fomos em direção à Holanda. Quando chegamos ao hotel, todos estavam mortos de cansaço, a Roxy mal se agüentava de pé e enquanto esperávamos a Maia e o Bill nos registrarem, vi que o Tom tombou a cabeça para trás, na poltrona que ele estava sentado, e dormiu um pouco. Quando a Maia veio para perto da gente, ela disse, entregando uma chave para cada dupla. Eu perguntei:

– Não era para ser dois quartos de casais e quatro de solteiros?

– Era. Mas, os quartos de solteiros já estão todos ocupados. Só restaram os de casal... - Ela respondeu.

Eu perguntei para a Maia:

– Quando você diz de casal... A cama é separada, não é?

– Não. - Ela respondeu.

– Jade... Você fica comigo! - Respondi.

– Na boa... Prefiro dormir com você que dormir com o Gustav. - O Tom resmungou.

– Charlie... É só por hoje... - A Maia tentou me convencer. Com todo mundo ali, me encarando, o que mais eu podia dizer senão:

– OK. Eu vou dormir no mesmo quarto que o Tom. Mas, se você - Eu disse, olhando para ele e apontando um dedo em riste. - tentar alguma gracinha... Juro que amanhã de manhã você vai ter de fazer xixi sentado.

– Eu prometo que vou ser um bom menino. - Ele respondeu, com aquela cara de santo do pau oco dele.

Eu tinha acabado de trocar de roupa e estava saindo do banheiro (Capaz de eu trocar de roupa com o Tom me olhando...) e, de repente, percebi que ele tinha improvisado uma cama para ele, só que no chão. Eu perguntei:

– O que... Você pensa que está fazendo?

– Evitando tentações. - Ele respondeu, me olhando.

– E o que me garante que você não vai reclamar, no meio da noite, por dor nas costas, e me pedir para dormir na cama?

– Vai por mim... Já suportei dores piores que uma dor nas costas idiota. - Ele respondeu. Fiquei estática. Não sabia o que fazer. Ele se deitou no chão (Que era forrado por um carpete) e me pediu para apagar a luz. Eu estava sentada na cama, porém, só para obrigá-lo a vir para a cama, dei a volta e, quando ele percebeu que eu estava me deitando do lado dele, perguntou:

– O que você está fazendo?

– Só volto para a cama se você vier comigo.

– Percebeu que você está brincando com o fogo, não é?

– Eu te avisei que, se você tentar alguma gracinha, vai fazer xixi sentado. Então, se você preza pelo... Seu bem maior, é melhor se controlar. E eu não saio daqui.

Ele suspirou e eu pude ver, pela luz do letreiro do hotel que iluminava o quarto em intervalos, que ele tinha se levantado. De repente, ele me pegou no colo e me pôs em cima da cama. Não demorou e eu vi ele se deitando do meu lado. Tudo bem que eu não era que nem ele, que sempre ficava se vangloriando por ser o melhor e ter ganhado o que queria. Mas, neste caso... Eu tinha que comemorar a batalha ganha. Ainda que eu tivesse uma guerra inteira pela frente...

Postado por: Grasiele

Bonequinha De Luxo 2 - Capítulo 1 - O roteiro da viagem

 Narrado por Bill

Quase um ano se passou desde que o Georg e a Roxy se casaram. Era estranho estarmos todos juntos e os dois não estarem no grupo. E como as meninas nos convenceram a tirarmos um ano inteiro de férias, e ainda nos fizeram uma proposta bem... Indecente, como a própria Maia falou, de viajarmos por vários lugares diferentes. Na última vez que falamos com o Georg e a Roxy, os dois exigiram que começássemos a planejar o roteiro dessa viagem. Então, num domingo extremamente entediante, estávamos na beirada da piscina da casa que eu e o Tom morávamos discutindo sobre os lugares que iríamos visitar. Ao contrário do que eu achava, a Maia não queria visitar a França. Nem Paris, nem Nice e muito menos Cannes. Com um pouco de persuasão, ela concordou em visitarmos Mônaco. Então, nosso roteiro agora era, nessa ordem: Bruxelas, Mônaco, Barcelona, Valência, Madrid, Málaga, Coimbra, Lisboa, Cairo, Alexandria, Santorini, Atenas e Nova Delhi.

– Ouvi dizer que tem elefantes andando no meio das ruas de Nova Delhi. - A Charlie disse, deitada na beiradinha mesmo da piscina. Eu sabia que o Tom estava se segurando para não jogá-la na água. A Maia estava sentada do lado dela e a luz do sol no final de tarde fazia os cabelos dela ficarem avermelhados.

– Por mais que seja sagrado, quero passar longe do Ganges. - A Maia respondeu.

– Por quê? - Perguntei.

– É lá que eles jogam os mortos. Eu lembro de um negócio que mandaram para minha mãe sobre o Ganges e... Nada contra os indianos, mas... Não entro naquele rio nem que a vaca tussa! - A Maia respondeu.

– A vaca é sagrada lá. - A Charlie disse. Ela estava longe de parecer a Charlie que eu conheci naquele dia, lá na gravadora. Mesmo quando estava de folga, a Charlie se vestia que nem a Maia, ou seja, camiseta, calças de couro ou wet leggings e sempre estava usando ou ankle boots ou all star. A Charlie que estava ali, deitada na beirada da piscina, estava usando uma bata branca, no estilo hippie, short jeans bem curto (Essa foi a primeira coisa que o Tom reparou) e sandália rasteira. Se antes a Charlie se preocupava em deixar os cabelos quase platinados, lisos, com a franja impecável e sem nenhum fio fora do lugar, agora ela não estava nem aí. Os cabelos estavam cor-de-mel, ondulados e as pontas terminavam em cachos. E, para complementar o visual, ela usava óculos redondos, com enormes lentes castanhas, tipo aqueles dos anos 70 .

– Grande coisa... - O Tom resmungou do meu lado.

– Para eles é. - A Charlie respondeu, virando o rosto na nossa direção.

– Não era melhor endeusar uma pessoa e não um bicho? - O Tom perguntou.

– Eles têm o Deus... Como é o nome? - A Charlie perguntou para a Maia.

– Aquele com cabeça de elefante?

– É.

– Ganesha.

– Como era a lenda? - A Charlie quis saber.

– Dizem que a Parvati, que era a mãe do Ganesha, pediu para ele não deixar que ninguém entrasse na casa enquanto ela tomava banho. Só que o pai dele, Shiva, voltou e, como ele não sabia da existência do filho, teimou com o menino, os dois lutaram e Shiva decapitou o menino. E, quando Parvati descobriu tudo, mandou que Shiva trouxesse o filho deles de volta à vida. Porém, o golpe que ele deu contra o menino foi forte demais e a cabeça saiu voando. Eles passaram um bom tempo procurando e, como não encontraram, Shiva pediu a Brama uma solução. E o Deus sugeriu que a cabeça do Ganesha fosse substituída pela cabeça do primeiro ser vivo que aparecesse, com a cabeça apontada para o norte. E, como um elefante moribundo foi o primeiro a ser encontrado... Shiva pôde ressuscitar o filho. - Maia respondeu.

– Mas eles mataram o elefante? - O Tom perguntou.

– Não. Esperaram o elefante morrer. - A Maia respondeu.

– E como é que você sabe de tudo isso? - A Charlie peguntou.

– Minha mãe tem uma amiga indiana. - A Maia esclareceu. - A cultura hindu é muito interessante...

– Concordo... Afinal, o que seria de nós, pobres mortais, sem o mais sábio dos livros? - O Tom perguntou, dando uma de filósofo. Eu sabia que vinha merda por aí.

– Que livro? - A Charlie perguntou.

– Charlotte... - O Tom disse, em tom de aviso. - Qual é o livro sagrado indiano que é perfeito para os casais?

– Tom... Será o Benedito que você não pensa em outra coisa a não ser sexo? - Charlie reclamou.

– Com um pecado delicioso como você como namorada, você quer que eu pense no quê? - O Tom disse, se levantando da cadeira do meu lado.

A Charlie se levantou e ia tentar fugir do Tom, mas, ele a pegou pela cintura e, eu sabia que ele estava tentando a namorada, dando mordidas de leve na boca dela.

A Maia, de repente, deu um tapa em um dos dois, não consegui ver, e disse:

– Vocês dois querem se controlar, por favor? Ninguém merece pornô ao vivo!

– Ô Bill... Dá um trato na sua namorada, vai! Ela está numa carência... - O Tom me disse.

De repente, minha mãe veio nos avisar que tinha feito um lanche para nós. O Tom e a Charlie entraram primeiro e esperei até a Maia vir até mim. E, quando ela o fez, eu a peguei pela mão e disse:

– Quero falar com você depois...

– OK. - Ela respondeu.

Narrado por Maia

Depois do lanche que a Simone preparou para nós, eu e o Bill voltamos para a piscina, porém, ficamos sentados na beirada, os dois com os pés dentro da água. Ele me perguntou:

– Sabia que a cada dia que passa... Cada coisa nova que você me ensina... Me faz te amar cada vez mais?

– Que... Tipo de coisa?

– Ah... Sabe quando você encosta a cabeça no meu peito e escuta meu coração?

– Sei... Gosto de fazer isso porque me faz sentir mais próxima de você... Ouvir o som das batidas do coração da pessoa que eu amo é uma das melhores coisas do mundo para mim.

Ele sorriu e eu perguntei:

– Mais alguma coisa que eu faço que você queira saber o porquê?

– Tem sim... Por que você faz cara de brava quando dorme?

– Eu faço cara de brava?

– Faz. Fecha a cara mesmo. - Ele respondeu, me imitando.

– Nem sabia... Eu ronco, falando nisso?

– Não. Mas você é tão... Falante que, vira e mexe, acordo no meio da noite e você está lá, falando pelos cotovelos.

– Sério?

Ele confirmou com a cabeça e acrescentou:

– E você não fala só quando tem pesadelo. Você sonhou com a sua irmã, outro dia?

– Sonhei... Achei que estava em casa, mas, quando vi que você estava do meu lado e não estávamos no meu quarto... Mas... Como você sabe que eu sonhei com a Dafne?

– Você falou o nome dela um monte de vezes. Não entendi direito o que você falou enquanto dormia. Só sei que, pelo jeito que você estava falando, estava sonhando que brigava com a Dafne por causa de uma tal de "chapinha"... Que é isso?

– O que o Georg usa para manter o cabelo dele liso. E é estranho, porque nós duas temos os cabelos lisos...

– É... Eu sei. - Ele respondeu. De repente, eu tive impressão que ele estava se lembrando do dia que a minha toalha caiu, quando a gente nem tinha ficado ainda. Eu fiquei quieta por alguns instantes, observando a imagem deformada do meu pé, graças a água da piscina, pensando em várias coisas até que o Bill me perguntou:

– No que você está pensando?

– Em algumas coisas... Só que eu não sei se vou ter o apoio das meninas... Quer dizer, ainda não falei com ninguém e eu sei que eu estou sendo precipitada, mas...

– Apoio para fazer o quê?

– Mudar o estilo da banda...

– Que tipo de música você está pensando?

– Ah... Eu sei que você vai me apoiar, qualquer que seja minha decisão, mas... Eu sei que você vai me fazer pressão psicológica da pior espécie e, se duvidar, até chantagem só para que eu siga esse... Capricho meu. Eu nem sei se vamos dar certo realmente se nos arriscarmos dessa maneira, ainda mais que esse tipo de música não tem um público grande. A crítica pode achar que a música ficou uma merda e...

– Maia, calma! Respira! - Ele me pediu. Eu tinha falado tudo muito rápido e afobada. Ao ver o olhar que ele me dava, eu admiti:

– Lembra daquela garota que me mandou um CD daquela banda, Epica?

– Lembro. - Ele respondeu. - E eu adoro te ouvir cantarolando as músicas.

– Fala sério! - Eu disse, dando um empurrãozinho nele, bem de leve. - Eu sou uma taquara rachada. Não sou que nem a Charlie, que tem uma voz linda.

– Estou falando sério. E nem todas as vocalistas das bandas de metal devem ser cantoras líricas.

– Ah, mas, o som fica muito mais interessante quando elas são assim. Eu procurei outras músicas de outras bandas e sinceramente? Todas as bandas mais bem-sucedidas desse meio têm as vocalistas que não são que nem... Britney Spears. Todas elas atingem notas altíssimas.

– Eu acho que você deveria se arriscar. - Ele me incentivou. - Às vezes dá certo... Nunca se sabe...

– Ah... Não sei. E se não der certo?

– Quer uma sugestão? Lança um single com... Três faixas. Daí, se o público gostar, vocês lançam o disco.

– Acho que eu vou fazer isso... - Respondi. Durante a viagem, eu falaria com o povo e, se elas topassem, o processo de composição começaria.

Postado por: Grasiele

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