domingo, 20 de maio de 2012

Bonequinha De Luxo 2 - Capítulo 3 - A kombi quebrada e uma Roxy enjoada

Narrado por Maia

Eram oito da manhã quando eu acordei. Fui no banheiro e, quando saí de lá, o Bill me chamou, levantando a cabeça um pouco para me olhar, enquanto eu procurava por uma camiseta dentro de uma das minhas malas. Olhei para ele e perguntei:

– Eu te acordei?

– É... De modo indireto...

– Ah... A fungada. - Respondi. Sempre que eu acordava, dava uma fungada. Desde que nasci que fazia isso.

– Exatamente. - Ele respondeu, se espreguiçando. - O que você está fazendo?

– Procurando aquela minha camiseta do Bowie... - Respondi. - Eu queria ir bater perna por Amstedam hoje... Vem comigo?

– Ai, Maia... - Ele respondeu, franzindo o nariz um pouco e dando um sorriso sem graça.

– Nem vem, Bill... Viemos para a Holanda à toa, então? Saímos de Hamburgo para você ficar enfiado debaixo dos lençóis o dia inteiro? Faz favor de levantar, se arrumar que a gente vai sair e andar sem rumo. - Falei. Ele não se mexeu um minuto e, como eu ainda não tinha encontrado a camiseta que eu estava procurando, levantei do chão e fui até a cama. Me debrucei sobre ele e, só para fazê-lo sair da cama, comecei a fazer cócegas e dar uns cutucões de leve. Porém, ele conseguiu me pegar de jeito e, quando percebi, ele já estava me beijando e eu estava deitada sobre a cama. Em um momento que paramos de nos beijar, pedi, tentando ao máximo, fazer a cara do gato de botas do Shrek:

– Anda, fofinho... Vem comigo, por favor... A menos que você queira deixar sua namorada livre, leve e solta por aí... E para completar, correndo o risco de ser agarrada por algum holandês lindo...

Foi tudo o que ele precisava para se levantar e ir se arrumar. Logo, estávamos andando por uma rua, cheia de lojas de roupas. Quando passamos em frente a uma loja que vendia coisas tipo... Brincos, anéis, pulseiras, correntes, entre outras coisas, ele entrou, de curiosidade mesmo, e ficou olhando algumas coisas. Como eu era louca com brincos, fiquei olhando uma parte da loja que tinha vários deles. Eu estava olhando um par que me chamou bastante a atenção: Era um brinco de cobre envelhecido, cheio de pedrinhas em formato de gotas, cada uma delas unida à outra. E as pedras eram diferentes das outras, porque à primeira vista, pareciam pretas. Mas, conforme o movimento, aparecia um reflexo vermelho, muito lindo. Quando vi o preço, tive um ataque consumista e comprei os brincos. Assim que eu percebi que o Bill estava do lado de fora da loja, paguei a mulher, que me entregou os brincos em uma caixinha e, depois que saí de lá, perguntei para o Bill:

– Ficou sem paciência?

– É... - Ele respondeu. - Quer ir aonde, agora?

– A vendedora me disse que tem uma cafeteria ali na esquina, que vende um doce que é uma perdição. Quer ir lá?

– OK. - Ele respondeu.

Nos sentamos a uma mesinha mais no fundo da cafeteria, em um canto mais reservado do lugar e, além de pedir um frappuccino
 para cada um e uma fatia de torta. Enquanto eu comia um pedaço da torta, percebi que o Bill estava me olhando. Perguntei:

– O que foi? Me sujei?

– Não. - Ele respondeu. - Estou só te admirando, mesmo...

Engoli o pedaço da torta e me inclinei na direção dele. Nos beijamos de um jeito diferente, aproveitando aquele momento.

Os dois dias seguintes foram dedicados à passear pela cidade. E, quando recomeçamos a viagem, o Tom estava sentado no banco de trás, a Charlie no banco que estava à frente dele, eu dirigindo a kombi e o Bill do meu lado. E, logo atrás da nossa kombi, vinham Georg, Roxy, Jade e Gustav. De repente, a kombi que nós estávamos começou a engasgar e, de repente, parou de andar. A sorte é que faltavam poucos metros até uma oficina mecânica. Então, logo que paramos de nos mover, o Tom perguntou:

– O que foi?

– Não sei... - Respondi. - Não é falta de gasolina, porque o tanque ainda está cheio...

Saímos da kombi (Só a Charlie que não se mexeu um milímetro sequer) e tentamos descobrir o que tinha dado errado. O Georg, a Roxy e o Gustav pararam a poucos metros de nós e, assim que nos viram, o Georg perguntou:

– Acabou a gasolina?

– Não. O tanque ainda está cheio... - Respondi. - Ela estragou, só pode ter sido isso...

A Charlie meteu a cabeça para fora e perguntou:

– Conseguiram descobrir o que aconteceu?

– Não. - O Bill respondeu. Eu percebi que só tínhamos uma alternativa.

– Charlie! - Chamei.

Ela já tinha se endireitado e eu tive que bater na lataria da kombi para fazê-la olhar para mim.

– Sai daí e vem ajudar a empurrar. - Eu mandei.

– Capaz! - Ela respondeu, recolocando o fone de ouvido na orelha.

– Tudo bem. Você escolhe. Ou ajuda a gente a empurrar a kombi até a oficina ou então fica aqui, debaixo desse sol, só com a roupa do corpo. - Eu respondi. Os meninos e a Roxy se entreolharam; Normalmente eu era muito calma. Mas, os chiliques da Charlie desde que chegamos a Amsterdam estavam me estressando.

Mesmo contrariada, ela saiu da kombi e nos ajudou a empurrá-la até a oficina. Até a Jade ajudou. O mecânico, que era magricela, baixinho e tinha um narigão, além de orelhas de abano, olhou o motor e, quando ele pediu para que eu ligasse a ignição, vi o Tom fixando as orelhas do homem. Como eu ia passar por ele, dei um cutucão e dei uma olhada feia, para fazê-lo desviar o olhar. Quando o homem terminou de olhar, ele disse, limpando as mãos num pedaço de estopa:

– Olha... Aconteceu o seguinte: A bateria está fraca. Só que, como eu não tenho uma nova aqui para pronta-entrega, então, o jeito seria encomendar.

– E demora quanto tempo? - Eu quis saber.

– Um mês, mais ou menos. - O mecânico respondeu. - Todas as oficinas da região só recebem as baterias nesse prazo, no mínimo.

– Mas... Não tem outro jeito? - O Bill perguntou.

– Olha... Até tem. - O mecânico respondeu. - As pessoas costumam chamar de "sebo nas canelas".

– Por que tem esse nome? - A Charlie quis saber.

– Vocês empurram a kombi para ela pegar no tranco e, se quiserem continuar a viagem... Tem que correr muito para poder alcançá-la.

Acabamos ficando com o jeito "sebo nas canelas". Eu fui a primeira a dirigir enquanto os outros três, ajudados pelo Gustav e o Georg empurravam a kombi. Logo, eu conseguia ver os gêmeos e a Charlie correndo para conseguirem embarcar na kombi. O Bill foi o primeiro a conseguir entrar. Depois a Charlie e, logo em seguida, o Tom entrou. Quando fecharam a porta, a Charlie começou a rir. Os meninos viraram o rosto para poder olhá-la e, como ela estava sentada na direção do espelho retrovisor, olhei para o espelho. O Tom perguntou:

– O que foi que te deu, Charlie?

– É incrível que esse tipo de coisa só acontece quando eu estou no meio da história... - Ela respondeu.

– Como assim? - O Tom perguntou.

– Lembra daquele show que a gente fez, um tempo depois do final da turnê, que a caixa de som que estava do meu lado começou a soltar faíscas? - Ela me perguntou.

– Lembro... Você ficou histérica, porque estava com medo de acontecer um incêndio e, no final, não aconteceu nada. - Respondi.

– Sério? - O Tom perguntou, olhando para ela, surpreso.

– Sério. Mas, teve vários casos escabrosos... - Ela respondeu. Quando finalmente chegamos à Bélgica, decidimos que a primeira coisa a fazer seria arrumar uma bateria nova para a kombi. Porém... Descobrimos na oficina que as baterias para a kombi estavam em falta. Ou seja... Quem escapou da correria para alcançar a kombi desta vez, foi o Tom. Como nós quatro estávamos de saco cheio de ficar correndo para conseguir entrar na kombi, decidimos que a primeira coisa que faríamos na manhã seguinte, seria ir atrás de uma bendita de uma bateria nova. Conseguimos achar uma boa e barata e, quando nós quatro nos encontramos com os outros quatro em um restaurante daqueles de beira de estrada, almoçamos e enquanto eu e a Jade esperávamos a Roxy e a Charlie saírem do banheiro do restaurante, a minha amiga comentou:

– Não sei se você reparou, mas... a Roxy está indo no banheiro a cada cinco minutos...

– Ela está passando mal? - Perguntei, desligada como sempre.

– Bom... Se ela vomitou eu não sei... Mas que parece que ela está com incontinência urinária... Sem sombra de dúvida que parece...

– Credo, Jade!

– Por quê? Vai dizer que não é estranho que a Roxy esteja indo no banheiro o tempo inteiro, sendo que, normalmente ela não vai fazer xixi com tanta freqüência assim, ela está enjoando fácil e sem contar que, de uns tempos para cá, o olfato dela está apuradíssimo. Se você esconder uma... Caixinha com balas de amora a uns cinqüenta quilômetros de onde ela está, a Roxy consegue sentir o cheiro das balas, mesmo assim!

– Espera aí... - Eu falei, de repente. Nós duas estávamos sentadas no banco da kombi que eu estava viajando com os gêmeos e a Charlie, com a porta aberta, enquanto os meninos conversavam, perto da outra kombi. Então, as chances de eles nos ouvirem eram nulas.
 
– Você quer dizer que... - Eu comecei a dizer, finalmente entendendo tudo. - A Roxy e o Georg...

– Vão ser pais? Tudo indica que sim. Lembra de quando fomos à farmácia em Amsterdam?

– Lembro.

– Ela até comprou um pacote de absorvente, mas até hoje está fechado.

– A Roxy comentou alguma coisa com você?

– Não. Mas ela sabe que eu estou desconfiada. Aliás... Não só eu, como o Georg também.

– E qual é a sua idéia para conseguir a confissão dela?

– Sutileza. Assim que chegarmos a Bruxelas, damos um jeito de ela fazer um daqueles testes de farmácia. E se ela não ficar satisfeita... A gente vai no hospital. Eu até sei como vamos fazer... E se ela não quiser... A gente pede para o Georg a carregar nos ombros, que nem um saco de batatas e problema resolvido.

– Se isso é sutileza para você, imagina o que é grosseria...

A Jade riu e de repente, as meninas saíram do restaurante. A Roxy veio falar com a gente e, como ela estava meio enjoada, perguntei:

– Está melhor?

– Um pouco. - Ela respondeu. - Não vejo a hora de chegarmos em Bruxelas... Não agüento mais esses enjôos...

No primeiro dia que passamos em Bruxelas, logo depois da nossa chegada à cidade, a Roxy aproveitou que só estavam as meninas para pedir que fôssemos à farmácia com ela. Depois de comprar o teste, fomos até o primeiro restaurante e pedimos ao dono se poderíamos usar o banheiro. E a Charlie ia esperar enquanto eu e a Jade estávamos com a Roxy. Uma vez que o teste foi feito, ficamos esperando pelo resultado. A Roxy estava ansiosa e, quando apareceu uma faixa azul, ela perguntou, num tom histérico:

– É azul! Qual é o significado da faixa azul?

– Roxy... Você se controla ou senão eu te dou um sossega leão. - Eu disse. A Jade estava lendo a bula e, de repente, ela fez uma expressão triste. A Roxy disse:

– Jade, fala logo! Eu estou ou não estou grávida?

– É com grande tristeza em meu coraçãozinho palpitante que eu anuncio que...

– Jade! - Eu e a Roxy protestamos.

–.... Anuncio que, quando entrarmos em turnê de novo... Teremos de arrumar uma nova baixista, pois Roxanne O'Connell Listing vai ter de cuidar do seu belo pimpolho ou pimpolha de olhos verdes...

Postado por: Grasiele

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