domingo, 20 de maio de 2012

Bonequinha De Luxo 2 - Capítulo 6 - A notícia

 Narrado por Charlie

Eu estava em choque. Tudo bem que eu sabia que o Tom era o tipo de garoto que não se envolvia com alguma garota e, como ele sempre fez questão de alardear, era o cara de "uma noite só". E agora, de repente, eu descubro que fui a responsável por fazer ele mudar do vinho para a água de uma hora para a outra. E eu não fiz confusão com essa história da água e do vinho. Só que o Tom, antes, era intenso como o vinho. Agora, está mais... Leve como a água. OK. Comparação terrível. Esquece. Mas, fato é que, desde que a gente ficou pela última vez, duas semanas antes do casamento da Roxy e do Georg, eu percebi que ele estava diferente. Fiquei sabendo, pela Maia, que soube pelo Bill, que ele não estava mais "ciscando" por aí. E fiquei realmente surpresa ao descobrir que eu tinha sido a última garota que ele tinha beijado. Na época, eu tinha ficado cismada com isso, mas achei que era só uma tentativa de me fazer ciúmes e nada mais. Porém, veio o casamento e eu percebi que ele não desviou o olhar de cima de mim um segundo sequer. Era como se... Uma formiguinha encontrasse um pudim de chocolate deliciosamente irresistível, com aquela calda escorrendo a partir do topo. E eu percebi, também, que com essa viagem, acabamos ficando próximos de novo. Eu sabia que era porque ele estava na abstinência e, como eu era a única que estava "disponível" para ele, achava que fosse por isso que ele não desgrudava de mim por um minuto sequer.

– Eu... Não sei o que... Falar. - Respondi, ainda atordoada. Fiquei com medo porque, com certeza, ele ia dizer algo do tipo "Não precisa dizer nada. Só fazer."

– Me desculpa. - Ele disse, balançando a cabeça negativamente. - Eu não deveria ter dito nada...

– Tom... - Eu falei, quando ele jogou uma nota para pagar as bebidas, e se levantou. Peguei minha bolsa e saí atrás dele. Consegui alcançá-lo e, quando peguei o braço dele, o Tom se desvencilhou e, sem me olhar, pediu:

– Charlie, me deixa.

– Tom... Olha para mim! - Exigi. Algumas pessoas que passavam, olhavam para nós, curiosas. - Me escuta, por favor!

– Eu não deveria ter dito aquilo... Me desculpe, mas, nós sabíamos que nunca iríamos dar certo... - Ele disse, me encarando. Aquelas palavras me machucaram de tal maneira que eu não sabia como não tinha caído no choro. Ele recomeçou a andar e, de novo, o peguei pelo braço. Quando se virou e estava pronto para dizer alguma coisa, eu o beijei. No início, ele ficou estático, por causa da surpresa, porém, não demorou e cedeu.

Narrado por Roxy

Decidi contar para o Georg sobre a minha gravidez naquela noite, durante o jantar. Eu aproveitei que ele estava tomando banho para escrever um bilhete e deixar sobre a roupa que ele tinha separado e que estava sobre a cama. Depois que deixei o bilhete, fui até o quarto que as meninas estavam dividindo e, me arrumei lá. Assim que eu estava pronta, perguntei para as meninas:

– Como eu estou?

– Sinceramente? Acho que, se o Georg ficar bravo com você por causa da demora para dar a notícia, essa raiva dele vai acabar em dois tempos, assim que te ver. - A Jade respondeu.

– Você é a futura mamãe mais linda do universo! - A Maia respondeu. Olhei para a Charlie, que estava sentada na beirada da janela, olhando para a rua. Fui até ela e perguntei, a abraçando meio de lado:

– O que foi, Char?

– Nada. - Ela respondeu, dando um sorriso fraco.

– Char, quem nada é peixe. - A Jade respondeu, se sentando de frente para ela. - Faz favor de contar o que está acontecendo.

– Somos suas amigas. Pode contar com a gente para o que precisar. - A Maia respondeu. - Ainda mais que vamos ser cunhadas...

– Como assim? - A Charlie perguntou, surpresa. - O Bill te propôs casamento?

– Não. Eu falei no futuro. Mas... Ao que tudo indica, esse futuro não está tão distante assim. - A Maia disse. - Mas, o importante agora, é por que você está tão tristonha desde que chegou. Nem desceu para almoçar com a gente hoje. Aliás, nem você e nem o Tom. Vocês brigaram?

– Pode-se dizer que sim. - Ela respondeu.

– O que houve? - A Maia perguntou.

A Charlie ia responder quando nós ouvimos três batidas na porta. Era a dona da pensão, certamente avisando de que o Georg já tinha descido. As meninas me expulsaram do quarto, praticamente, e me desejaram boa sorte.

Ele estava enrolando o macarrão nos dentes do garfo e fazia alguns comentários sobre o lugar. De repente, ele me perguntou:

–... Mas, o que está me deixando curioso de verdade é por que você quis vir aqui. E só nós dois.

– Eu... Tenho uma coisa para te contar. - Eu disse, mexendo com o garfo no prato à minha frente.

– Que coisa? - Ele perguntou enfiando o garfo na boca.

– Eu... Não sei bem como te contar... - Respondi, sentindo minha mão tremendo.

– Me contar o quê? Roxy... Você está me deixando preocupado!

– Lembra do que o Tom disse, quando estávamos na Irlanda, planejando a viagem?

– Não. O Tom fala tanta coisa que nem dá para lembrar direito...

– Sobre o afilhado dele. - Respondi. - Que ele queria que fosse... Encomendado enquanto estivéssemos fora de casa?

– Ah... Agora que você falou... Me lembrei.

De repente, ele percebeu e entendeu tudo.

– Roxy... Eu... Não entendi errado, entendi? Você... Está esperando um filho meu, não é?

Eu comecei a chorar. Essa é uma das grandes desvantagens da gravidez: As mudanças drásticas de humor e, como conseqüência, a alta sensibilidade. Ele ficou tão empolgado que quase virou a mesa. Não sabia direito o que fazer: Se me abraçava, se beijava, se ria, se chorava, se gritava, se contava para todo mundo...

– Tem quanto tempo? - Ele perguntou, depois de me beijar.

– Dois meses. Descobri tem pouco tempo. Eu estava esperando a primeira oportunidade para te contar, só que... Nunca estamos sozinhos...

– Roxy, você não tem idéia do quanto eu estou feliz...

Eu sorri e o abracei. Quando voltamos para a hospedaria, os meninos ainda estavam acordados e, quando o Tom viu a cara do Georg, comentou:

– Pelo visto, alguém viu uns... Vinte mil passarinhos verdes...

– Seu afilhado está a caminho. - O Georg respondeu.

– O quê? - O Tom e o Bill perguntaram, juntos.

– Sério? - O Gustav perguntou.

– É. - Eu respondi. - Tem dois meses.

O Gustav e o Bill vieram nos abraçar enquanto o Tom tentava entender a notícia que tínhamos acabado de dar.

– Espera aí... Vocês realmente vão ter um filho? - O Tom perguntou.

– Tom... Quer que eu desenhe? - A Charlie perguntou, descendo as escadas e se juntando à nós, bem como a Maia e a Jade.

– Será que vai ter cara de joelho? - O Tom perguntou. E a Charlie deu um tapa nele e o xingou pelo comentário. E, por muito pouco, o Georg também não ajudou a Charlie a bater no Tom.

– Com cara de joelho ou não, a única coisa que eu posso garantir é que ela vai ser muito mimada por mim! - O Bill disse, todo empolgado. - Mesmo se o Tom for o padrinho.

– Com quanto tempo dá para saber o sexo? - O Tom perguntou.

– Acho que com uns quatro meses. - Respondi.

– Georg... Pode deixar que, se for menina, vou te ajudar a manter os meninos longe dela. - O Tom disse.

– E se for menino, você me faz o favor de não desencaminhar o coitado, viu? - A Charlie implicou.

– Do jeito que vocês falam, até parece que eu sou uma peste! - Ele reclamou.

– E não é? - A Charlie perguntou. - Quem é que sempre fica se vangloriando por ser o maior pegador da banda?

O Tom ficou calado e, sentindo o sono chegando, falei com o Georg para irmos para o quarto. Na primeira oportunidade que tivemos, saímos de lá sem ninguém perceber e uma das últimas coisas que me lembro, antes de dormir, foi o Georg me dizendo que me amava e que estava feliz por eu estar grávida...

Postado por: Grasiele

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