domingo, 20 de maio de 2012

Bonequinha De Luxo 2 - Capítulo 1 - O roteiro da viagem

 Narrado por Bill

Quase um ano se passou desde que o Georg e a Roxy se casaram. Era estranho estarmos todos juntos e os dois não estarem no grupo. E como as meninas nos convenceram a tirarmos um ano inteiro de férias, e ainda nos fizeram uma proposta bem... Indecente, como a própria Maia falou, de viajarmos por vários lugares diferentes. Na última vez que falamos com o Georg e a Roxy, os dois exigiram que começássemos a planejar o roteiro dessa viagem. Então, num domingo extremamente entediante, estávamos na beirada da piscina da casa que eu e o Tom morávamos discutindo sobre os lugares que iríamos visitar. Ao contrário do que eu achava, a Maia não queria visitar a França. Nem Paris, nem Nice e muito menos Cannes. Com um pouco de persuasão, ela concordou em visitarmos Mônaco. Então, nosso roteiro agora era, nessa ordem: Bruxelas, Mônaco, Barcelona, Valência, Madrid, Málaga, Coimbra, Lisboa, Cairo, Alexandria, Santorini, Atenas e Nova Delhi.

– Ouvi dizer que tem elefantes andando no meio das ruas de Nova Delhi. - A Charlie disse, deitada na beiradinha mesmo da piscina. Eu sabia que o Tom estava se segurando para não jogá-la na água. A Maia estava sentada do lado dela e a luz do sol no final de tarde fazia os cabelos dela ficarem avermelhados.

– Por mais que seja sagrado, quero passar longe do Ganges. - A Maia respondeu.

– Por quê? - Perguntei.

– É lá que eles jogam os mortos. Eu lembro de um negócio que mandaram para minha mãe sobre o Ganges e... Nada contra os indianos, mas... Não entro naquele rio nem que a vaca tussa! - A Maia respondeu.

– A vaca é sagrada lá. - A Charlie disse. Ela estava longe de parecer a Charlie que eu conheci naquele dia, lá na gravadora. Mesmo quando estava de folga, a Charlie se vestia que nem a Maia, ou seja, camiseta, calças de couro ou wet leggings e sempre estava usando ou ankle boots ou all star. A Charlie que estava ali, deitada na beirada da piscina, estava usando uma bata branca, no estilo hippie, short jeans bem curto (Essa foi a primeira coisa que o Tom reparou) e sandália rasteira. Se antes a Charlie se preocupava em deixar os cabelos quase platinados, lisos, com a franja impecável e sem nenhum fio fora do lugar, agora ela não estava nem aí. Os cabelos estavam cor-de-mel, ondulados e as pontas terminavam em cachos. E, para complementar o visual, ela usava óculos redondos, com enormes lentes castanhas, tipo aqueles dos anos 70 .

– Grande coisa... - O Tom resmungou do meu lado.

– Para eles é. - A Charlie respondeu, virando o rosto na nossa direção.

– Não era melhor endeusar uma pessoa e não um bicho? - O Tom perguntou.

– Eles têm o Deus... Como é o nome? - A Charlie perguntou para a Maia.

– Aquele com cabeça de elefante?

– É.

– Ganesha.

– Como era a lenda? - A Charlie quis saber.

– Dizem que a Parvati, que era a mãe do Ganesha, pediu para ele não deixar que ninguém entrasse na casa enquanto ela tomava banho. Só que o pai dele, Shiva, voltou e, como ele não sabia da existência do filho, teimou com o menino, os dois lutaram e Shiva decapitou o menino. E, quando Parvati descobriu tudo, mandou que Shiva trouxesse o filho deles de volta à vida. Porém, o golpe que ele deu contra o menino foi forte demais e a cabeça saiu voando. Eles passaram um bom tempo procurando e, como não encontraram, Shiva pediu a Brama uma solução. E o Deus sugeriu que a cabeça do Ganesha fosse substituída pela cabeça do primeiro ser vivo que aparecesse, com a cabeça apontada para o norte. E, como um elefante moribundo foi o primeiro a ser encontrado... Shiva pôde ressuscitar o filho. - Maia respondeu.

– Mas eles mataram o elefante? - O Tom perguntou.

– Não. Esperaram o elefante morrer. - A Maia respondeu.

– E como é que você sabe de tudo isso? - A Charlie peguntou.

– Minha mãe tem uma amiga indiana. - A Maia esclareceu. - A cultura hindu é muito interessante...

– Concordo... Afinal, o que seria de nós, pobres mortais, sem o mais sábio dos livros? - O Tom perguntou, dando uma de filósofo. Eu sabia que vinha merda por aí.

– Que livro? - A Charlie perguntou.

– Charlotte... - O Tom disse, em tom de aviso. - Qual é o livro sagrado indiano que é perfeito para os casais?

– Tom... Será o Benedito que você não pensa em outra coisa a não ser sexo? - Charlie reclamou.

– Com um pecado delicioso como você como namorada, você quer que eu pense no quê? - O Tom disse, se levantando da cadeira do meu lado.

A Charlie se levantou e ia tentar fugir do Tom, mas, ele a pegou pela cintura e, eu sabia que ele estava tentando a namorada, dando mordidas de leve na boca dela.

A Maia, de repente, deu um tapa em um dos dois, não consegui ver, e disse:

– Vocês dois querem se controlar, por favor? Ninguém merece pornô ao vivo!

– Ô Bill... Dá um trato na sua namorada, vai! Ela está numa carência... - O Tom me disse.

De repente, minha mãe veio nos avisar que tinha feito um lanche para nós. O Tom e a Charlie entraram primeiro e esperei até a Maia vir até mim. E, quando ela o fez, eu a peguei pela mão e disse:

– Quero falar com você depois...

– OK. - Ela respondeu.

Narrado por Maia

Depois do lanche que a Simone preparou para nós, eu e o Bill voltamos para a piscina, porém, ficamos sentados na beirada, os dois com os pés dentro da água. Ele me perguntou:

– Sabia que a cada dia que passa... Cada coisa nova que você me ensina... Me faz te amar cada vez mais?

– Que... Tipo de coisa?

– Ah... Sabe quando você encosta a cabeça no meu peito e escuta meu coração?

– Sei... Gosto de fazer isso porque me faz sentir mais próxima de você... Ouvir o som das batidas do coração da pessoa que eu amo é uma das melhores coisas do mundo para mim.

Ele sorriu e eu perguntei:

– Mais alguma coisa que eu faço que você queira saber o porquê?

– Tem sim... Por que você faz cara de brava quando dorme?

– Eu faço cara de brava?

– Faz. Fecha a cara mesmo. - Ele respondeu, me imitando.

– Nem sabia... Eu ronco, falando nisso?

– Não. Mas você é tão... Falante que, vira e mexe, acordo no meio da noite e você está lá, falando pelos cotovelos.

– Sério?

Ele confirmou com a cabeça e acrescentou:

– E você não fala só quando tem pesadelo. Você sonhou com a sua irmã, outro dia?

– Sonhei... Achei que estava em casa, mas, quando vi que você estava do meu lado e não estávamos no meu quarto... Mas... Como você sabe que eu sonhei com a Dafne?

– Você falou o nome dela um monte de vezes. Não entendi direito o que você falou enquanto dormia. Só sei que, pelo jeito que você estava falando, estava sonhando que brigava com a Dafne por causa de uma tal de "chapinha"... Que é isso?

– O que o Georg usa para manter o cabelo dele liso. E é estranho, porque nós duas temos os cabelos lisos...

– É... Eu sei. - Ele respondeu. De repente, eu tive impressão que ele estava se lembrando do dia que a minha toalha caiu, quando a gente nem tinha ficado ainda. Eu fiquei quieta por alguns instantes, observando a imagem deformada do meu pé, graças a água da piscina, pensando em várias coisas até que o Bill me perguntou:

– No que você está pensando?

– Em algumas coisas... Só que eu não sei se vou ter o apoio das meninas... Quer dizer, ainda não falei com ninguém e eu sei que eu estou sendo precipitada, mas...

– Apoio para fazer o quê?

– Mudar o estilo da banda...

– Que tipo de música você está pensando?

– Ah... Eu sei que você vai me apoiar, qualquer que seja minha decisão, mas... Eu sei que você vai me fazer pressão psicológica da pior espécie e, se duvidar, até chantagem só para que eu siga esse... Capricho meu. Eu nem sei se vamos dar certo realmente se nos arriscarmos dessa maneira, ainda mais que esse tipo de música não tem um público grande. A crítica pode achar que a música ficou uma merda e...

– Maia, calma! Respira! - Ele me pediu. Eu tinha falado tudo muito rápido e afobada. Ao ver o olhar que ele me dava, eu admiti:

– Lembra daquela garota que me mandou um CD daquela banda, Epica?

– Lembro. - Ele respondeu. - E eu adoro te ouvir cantarolando as músicas.

– Fala sério! - Eu disse, dando um empurrãozinho nele, bem de leve. - Eu sou uma taquara rachada. Não sou que nem a Charlie, que tem uma voz linda.

– Estou falando sério. E nem todas as vocalistas das bandas de metal devem ser cantoras líricas.

– Ah, mas, o som fica muito mais interessante quando elas são assim. Eu procurei outras músicas de outras bandas e sinceramente? Todas as bandas mais bem-sucedidas desse meio têm as vocalistas que não são que nem... Britney Spears. Todas elas atingem notas altíssimas.

– Eu acho que você deveria se arriscar. - Ele me incentivou. - Às vezes dá certo... Nunca se sabe...

– Ah... Não sei. E se não der certo?

– Quer uma sugestão? Lança um single com... Três faixas. Daí, se o público gostar, vocês lançam o disco.

– Acho que eu vou fazer isso... - Respondi. Durante a viagem, eu falaria com o povo e, se elas topassem, o processo de composição começaria.

Postado por: Grasiele

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