domingo, 20 de maio de 2012

Bonequinha De Luxo 2 - Capítulo 5 - Paris? Cidade do amor? Conta outra!

 Narrado por Maia

Entre mortos e feridos, salvaram-se todos, ainda que todo mundo escapou do incêndio com vida. Os mortos, aí no caso, são os pertences dos hóspedes e não os próprios. Por sorte, antes de sairmos das suítes, lembramos de pegar o principal: Nossos documentos, senão, aí que não conseguiríamos nem ir a outro lugar e muito menos voltar para a  Alemanha. O restante das outras coisas, como roupas, acabaram se perdendo e, na manhã seguinte, os espanhóis e as pessoas que visitavam Madrid tiveram a chance única de ver os integrantes de duas bandas de rock andando de pijama pela cidade. Foi engraçado, porque tinham algumas pessoas que viravam a cabeça, outras, enquanto nos olhavam, coçavam a cabeça. E tiveram aquelas que ou reprovavam as nossas roupas ou ainda, que simplesmente não entendiam nada do que estava acontecendo ali. Por fim, conseguimos achar uma loja, tipo aquelas lojas de departamento e pudemos trocar os pijamas por roupas decentes. E, de quebra, ainda conseguimos a indicação de um lugar que poderíamos arranjar malas novas. Enquanto os meninos se arrumavam, nós, as meninas, fomos até o McDonald's e compramos nosso almoço. Aproveitamos e passamos na farmácia, para comprar escova e pasta de dentes, shampoo, entre outras coisas. Quando nos encontramos com eles, a primeira coisa que eles viram foi o almoço. E antes mesmo que pudessem começar a reclamar, entreguei um daqueles sacos de papel para o Bill, outro para o Tom e respondi:

– O sanduíche de peixe para os dois frescurentos que moram no meu coração...

O Tom, assim que eu entreguei o saco de papel, abriu-o e deu uma espiada. Ele perguntou:

– Pegou aqueles sachês de ketchup para as batatas?

– Estão aí dentro. - Respondi, pegando a caixinha com o meu hambúrger, que era de peixe também. Tínhamos nos encontrado em um parque e agora, todo mundo estava sentado na grama, comendo. Depois que terminamos de comer os sanduíches, fomos para as kombis e recomeçamos a viagem. Desta vez, quem assumiu o volante foi o Tom e a Charlie foi no banco da frente, do lado dele. Estávamos quase chegando à Itália quando eu dei uma cutucada de leve no Bill e olhei para a frente. Ele olhou para o irmão e a Charlie, que estava com a cabeça encostada no ombro do Tom e sussurrou no meu ouvido:

– Aposto com você que, assim que chegarmos a Santorini, eles vão ceder...

– Eu acho que não. Acho que eles vão ceder sim, mas, em Roma. - Respondi.

– Olha o cochicho aí atrás! - O Tom disse, nos olhando pelo reflexo do espelho retrovisor.

– Ah, Tom... Concentra na direção e deixa a gente quieto aqui atrás, tá? - O Bill reclamou.

Mesmo que fosse imperceptível, percebemos que a Charlie fez alguma coisa para ele ficar quieto. Descobri, pouco tempo depois, que ela pegou na mão dele, que estava sobre o banco.

Assim que o Tom parou a kombi em frente à uma casa que funcionava como hospedaria, em Roma, ele saiu do carro e, se espreguiçando, disse:

– Finalmente vou poder andar um pouco! Já estava todo duro de ficar enfiado nessa kombi...

A Charlie me deu uma olhada, sem que os meninos percebessem e eu não consegui não rir, percebendo o duplo sentido do que o Tom disse. Os dois me olharam, sem entender e eu disse:

– A Charlie me contou uma piada agora...

– Que piada? - O Tom quis saber.

– Ah... - Ela disse, sem graça.

– No Brasil a gente costuma implicar com as loiras de um jeito nada agradável e, num dia que a Charlie estava chata, perguntei por que a loira toma banho com o chuveiro desligado.

O Tom me olhou, curioso e me perguntou o porquê. Eu respondi:

– Porque... Na embalagem do shampoo, diz que é para cabelos secos.

Ele riu e, de repente, o Bill o chamou, pedindo ajuda. A Charlie se aproximou de mim e disse:

– Obrigada.

– De nada. - Respondi. De repente, ela me deu um tapa e eu perguntei: - Ai! Por que você me bateu?

– Pela piada de loira e por me chamar de chata. - Ela respondeu, me dando um olhar ameaçador. Mesmo com o braço doendo, tive que rir da irritação dela.

Quando a dona da hospedaria ia pegar as chaves dos quartos, perguntou:

– As meninas vão ficar em dois quartos e os rapazes em outros dois?

– Na realidade... - O Bill começou a dizer, meio sem jeito. - Estávamos pensando em deixar um casal em cada quarto.

– Espera aí... Um casal é... Um menino e uma menina? - A dona perguntou.

– É. - O Bill respondeu. A cara dele foi de "É óbvio, né?", já que só o Gustav não estava agarrado com a Jade.

– Não me levem a mal, mas tem crianças nessa pensão. E eu acho que jovens como vocês... No auge da... Juventude, não deveriam ficar no mesmo quarto... - A dona respondeu. O Georg foi para perto da senhora e disse:

– Está vendo aquela moça ruiva ali? Ela é minha esposa.

Ele pôs a mão sobre o balcão e, assim que a senhora viu a aliança prateada no dedo dele, concordou que ele e a Roxy ficassem juntos. Porém, só eles poderiam ficar com um quarto para os dois. De resto... Ela arrumou dois quartos e arranjou um colchão extra para cada quarto. Depois de colocar o colchão no quarto dos meninos, que era de frente para o nosso, ouvimos ela dizer para os gêmeos e o Gustav:

– Vocês três tratem de se comportar e não irem atrás das meninas no outro quarto. Se eu ouvir que tem alguém fora da cama, no meio da noite, vou me encarregar pessoalmente de mostrar o caminho de volta para quem me desobedecer. E ainda vai ter de ouvir uma descompostura!

– E se precisarmos ir ao banheiro ou tomar um copo de água? - Ouvi o Tom perguntando.

– Bom... Todos os quartos são tipo suíte, com banheiro e, antes de dormir, eu entrego uma moringa para cada hóspede. - A dona da hospedaria respondeu.

A senhora já tinha nos explicado como eram os horários das refeições. No nosso penúltimo dia em Roma, desci as escadas para ir tomar café da manhã e, quando me sentei ao lado do Bill, percebi que estavam faltando duas pessoas...

Narrado por Charlie

Deviam ser umas seis da manhã quando eu acordei, sem que a Jade ou a Maia percebessem e me arrumei. O céu estava começando a esclarecer e, tentando não fazer barulho, saí da hospedaria, onde o Tom estava me esperando, encostado em uma vespa vermelha e antiga. Perguntei para ele:

– Não é... Ousado demais, se aventurar a dirigir uma vespa antiga?

– Está com medo por que é uma vespa, por que é antiga ou por que eu estou dirigindo?

– Os três. - Respondi, sinceramente.

– Charlie... Você confia em mim ou não?

– Confio. Esse é o problema, não é?

Ele me esticou um capacete e, enquanto eu montava na vespa, ele também colocou um capacete e, assim que deu a partida na ignição, me pediu para colocar as mãos ao redor da cintura dele e, como eu estava com medo, acabei apertando o Tom um pouco. Por fim, ele acabou me levando para um lugar que ficava atrás do Coliseu e era tão antigo quanto um dos pontos turísticos mais famosos da capital italiana. Era conhecido como "Foro Romano" (Ou em livre tradução "fórum romano") e era uma das coisas mais... Fantásticas que eu já tinha visto. Quando entramos no Templo de Vesta, meu queixo já tinha caído há muito tempo e eu estava fascinada com absolutamente cada coisa que conseguia enxergar. De repente, o Tom deu um gemido atrás de mim e, quando me virei, ele estava segurando uma espécie de guia e disse:

– As Vestais eram virgens e, quem fosse se meter a engraçadinho com uma delas, era espancado até a morte e a coitada da sacerdotisa era enterrada viva...

– Ou seja... Se você vivesse naquele tempo... Estava perdido. - Comentei, sorrindo.

– Ah... E você acha que eu ia correr o risco de apanhar até morrer? Tudo bem que posso até me meter em uma briga, mas assim é demais...

Andamos por mais um tempo e, quando saímos de lá, fomos até uma confeitaria e a garçonete nos perguntou, em italiano:

– O que vão querer?

– Desculpe, mas, não falamos italiano... - Eu disse, em inglês mesmo.

– Ah... Desculpem. Perguntei o que vão querer...

– Eu quero água com gás, pode ser? - Perguntei para a moça. O Tom pediu uma Coca-cola para ele e, enquanto esperávamos a garçonete, percebi que o Tom estava me fixando. A garçonete trouxe a água e o refrigerante e, quando ele me viu tomando um gole da água, reclamou:

– Não sei que graça você vê em água com gás... O gosto é horrível!

– A mesma graça que você vê na Coca-cola. - Respondi, calmamente. - Aliás... Sabia que tem cocaína na fórmula?

– Mentira sua... - Ele respondeu, dando um sorriso maroto.

– Se é mentira, então como você justifica o "Coca" do nome do refrigerante? A "cola" é do extrato da noz que eles usam na bebida.

– Falta de criatividade? - Ele arriscou. Eu dei um estalo com a língua e, de repente, ele me disse: - Sabia que você fica ainda mais linda fazendo beicinho?

– O quê? - Perguntei, olhando para ele.

– Sempre que discorda de alguma coisa que eu digo ou faço, você faz beicinho.

– Olha o que você vai reparar em mim! - Falei, rindo e não conseguindo acreditar naquela conversa.

– Bom... Essa é uma das várias coisas que eu reparei em você. E tenho que admitir que é uma das que eu mais gosto.

– Ah é? - Perguntei, apoiando meus cotovelos sobre a mesa e, conseqüentemente, me aproximando dele. Resolvi provocá-lo um pouco: - E o que mais você reparou em mim e gosta?

– Quer mesmo que eu diga?

– Se estou pedindo, é porque quero.

Ele suspirou.

Narrado por Tom

A Charlie estava conseguindo me deixar louco. De verdade. Já não bastava ficar naquela tentação toda para cima de mim, me forçando a manter o controle e agora ela queria saber o que eu reparava e gostava nela.

– Gosto do jeito que seu cabelo fica quando a luz do sol bate diretamente sobre ele, gosto de te ver com os olhos brilhando sempre que acaba um show e escuta o barulho que as pessoas fazem, e mesmo que seja irritante às vezes, gosto de quando você fica escrevendo alguma coisa e enrola nos dedos, uma mecha do seu cabelo, do jeito que você ri quando faz palhaçada com as meninas... Dá para ver que você realmente está se divertindo.

– Só isso? - Ela me perguntou. Os óculos de sol dela estavam sobre a mesa, do lado do copo de água, e eu tinha um par de olhos cinza-esverdeados me encarando fixamente.

– Não. Gosto, principalmente de, quando você deita do meu lado, e seu sono começa inquieto, mas, depois acaba calmo e, quando eu acordo, você está esparramada sobre mim. - Respondi. Era verdade. Sempre que a Charlie deitava na cama, ficava mexendo por uma hora, quase, e depois, parecia que eu estava sozinho. Daí, quando acordava de manhã, normalmente, ela estava ou dormindo de "conchinha" comigo ou então, estava com o braço sobre o meu peito e a perna dela... Ficava um pouco abaixo da minha cintura. Eu não me incomodava tanto assim, mas, depois de um tempo, ela começava a pesar e eu acabava dando um jeito de fazê-la me soltar e saía da cama. Ela não sabia disso até agora.

Ela corou levemente e eu continuei:

– E uma das coisas que você tem feito muito ultimamente e que eu tenho que admitir que estou gostando mesmo, é me abraçar. Ainda que seja só um abraço.

Ela ficou em silêncio por alguns instantes. Peguei a mão dela e, olhando fundo nos olhos dela, admiti, finalmente:

– Charlotte... Eu estou apaixonado por você...

Postado por: Grasiele

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