domingo, 20 de maio de 2012

Bonequinha De Luxo 2 - Capítulo 4 - Espanha

 Narrado por Maia

Uma vez que tivemos a confirmação da gravidez da Roxy, ela decidiu esperar um pouco para contar para o Georg. E, antes de irmos para a França, chegamos a um consenso e achamos melhor ir para Madrid. Depois iríamos para Valência e Barcelona. Daí, iríamos para a Itália.

Na primeira noite, logo depois de chegarmos ao país, aproveitamos que era aniversário da Jade e fomos jantar fora. Nós quatro estávamos arrumadas à caráter e, como ninguém nos olhava feio... Aproveitamos. O restaurante era em uma casa, parecida com uma daquelas casas do final do século XIX. A diferença é que os donos só não acabaram com a cozinha e o banheiro. Fizeram um outro. Já o restante das paredes foram derrubadas e várias mesas foram colocadas no espaço livre. E no quintal, tinha um palco e naquela noite, um artista local estava tocando uma música tradicional. Logo depois do jantar, a Jade arrastou o Gustav até o quintal e, como do lugar que nós estávamos era possível ver os dois dançando, ficamos observando a Jade tentando ensinar o Gustav a dançar. O mais fofo dos dois era que o Gustav tinha passado a noite inteira olhando para ela. A Jade estava usando camiseta de alça branca, saia vermelha toda rodada, uma rosa no cabelo, atrás da orelha, e usava uma sandália branca rasteira. A maquiagem dela era natural, porém, ressaltou os olhos verdes dela. O Georg e o Tom gritavam para ele, provocando:

– Rebola mais, Gustav!

– Agarra mais a Jade!

O Gustav acabava ficando mais sem-graça do que já estava e o Georg e o Tom apanhavam da Roxy e da Charlie, respectivamente. A Charlie, então, teve uma idéia. Ela se levantou da mesa e disse, me puxando:

– Vem comigo.

Terminei de tomar o último gole do meu suco de manga e, depois de colocar o copo sobre a mesa, dei a volta na mesa e a Roxy perguntou:

– E eu?

– Você é casada e seu marido está aí do seu lado. - A Charlie respondeu. A Roxy fez língua e nós duas fomos para perto da Jade e do Gustav. A Charlie segurou minha mão e, de graça, começamos a dançar, batendo os nossos quadris. Fiz a Charlie rodopiar e, como ela era levemente mais alta que eu, então, o rodopio começou com dificuldade. De repente, a Jade me viu dançando e me pediu:

– Mostra o poder do rebolado brasileiro para o Gustav, pelo amor de Deus! Parece que ele está empalado!

– Credo, Jade! - Reclamei. Mas, mesmo assim, foi divertido tentar ensinar o Gustav a dançar. De repente, ele comentou comigo:

– Olha a cara do Tom por causa da Charlie...

Olhei para a nossa mesa, depois de rodopiar e eu quase tive uma crise de riso. O Tom estava babando, quase que literalmente. Eu, então, dei um cutucão na Charlie e disse a ela:

– Dança com o Tom. E traz o Bill também, por favor.

Ela olhou na direção dele e, quando a música acabou, ela foi buscar os dois.

Narrado por Charlie

Quando a Maia me indicou o Tom e eu olhei para a cara dele, tive que me segurar para não rir e tentá-lo. Ainda bem que a Maia, num dia de brincadeira, me ensinou alguns movimentos da dança do ventre, já que a tia dela era professora e ela fazia aula. Entre uma música e outra, fui até a mesa e falei com o Bill:

– A Maia está te requisitando para uma dança...

Ele se levantou e eu disse, puxando o Tom:

– Vem dançar comigo também...

– Tem certeza? Eu não sei dançar muito bem...

– Eu também não... - Respondi. - Anda... Vem comigo...

Por fim, consegui convencê-lo bem a tempo da próxima música começar. Sabe-se lá como, nossa dança foi comportada, apesar dos pesares. E, logo, a Roxy e o Georg não agüentaram ficar só nos olhando dançar e vieram para perto de nós também. E confesso que, o que estava me deixando mais feliz, era que o Tom finalmente parecia estar cedendo...

Narrado por Tom

Desde a hora que vi a Charlie, no saguão do hotel mesmo, percebi que ela não seria como as outras meninas, que duravam, no máximo, uma noite comigo. Tudo bem que, vira e mexe, a gente não agüentava e acabava se beijando. E eu, como sempre me empolgava, acabava estragando tudo e ainda tomava uma descompostura dela. Apesar do que, naquela noite, eu acho que, como ela parecia bem... Solta, eu podia me empolgar o quanto eu quisesse que não ia ter descompostura. A Charlie estava simplesmente irresistível. Os cabelos estavam presos em uma trança toda bagunçada, ela usava um vestido tomara-que-caia (Que não ia demorar a cair) branco, cheio de rendas e, quando ela rodopiava, a saia levantava um pouco. E, para prender a trança, ela tinha usado uma fita vermelha e fez um laço. Em uma hora que ela rodopiou e parou a poucos milímetros de mim, parecia que não tinha mais ninguém ali além de nós dois. Ficamos nos olhando por alguns instantes e, de repente, a boca da Charlie pareceu ainda mais irresistível e deliciosa do que de costume. Eu comecei a me inclinar na direção dela, só que, ela percebeu o que eu estava querendo fazer e, colocando o indicador sobre os meus lábios, disse, dando um sorriso maroto:

– Ah-ah... Comporte-se, Tom...

Tirei minha mão da cintura dela e, pegando esta mão cujo indicador estava na minha boca, falei, bem perto do ouvido dela:

– Vai ser difícil... Ainda mais que você está irresistível...

E, para provocar a Charlie, ainda mordi o lóbulo da orelha dela, de leve. Surtiu efeito, já que senti ela tremendo. Porém, a Charlie era teimosa. Do tipo que não cede fácil. Logo, veio a resposta dela:

– Difícil não é impossível. Se você conseguiu se controlar até hoje... Por que não vai conseguir agora?

– Bom... Porque das outras vezes, você não estava tão... Linda que nem hoje...

– É? Então você trate de apagar esse seu fogo, está bem? Já sabe qual é a condição básica para que aconteça alguma coisa...

Suspirei e acabei concordando com a cabeça. Quando o Georg nos perguntou se queríamos ir embora, já que a Roxy estava cansada, a Charlie também quis ir e, logo, eu e a Charlie estávamos andando até o hotel, que era perto do restaurante, com o Georg e a Roxy andando à nossa frente. Quando finalmente chegamos ao hotel, esperamos até o elevador chegar, porém, haviam outras pessoas esperando com a gente e, quando todas elas entraram, o Georg perguntou ao ascensorista:

– Cabem mais quatro aí dentro?

– Não. Somente dois. - O rapaz perguntou.

– Ah... - O Georg nos olhou. Eu disse:

– Podem ir. Afinal, daqui a pouco o outro elevador está aqui...

O Georg acabou indo neste, depois da Roxy reclamar e eu fiquei ali, esperando o elevador com a Charlie. Ela estava perto de mim e, como mal estava se agüentando em pé, acabou encostando a cabeça no meu ombro. Eu a enlacei pela cintura, para evitar que ela caísse no chão. O elevador chegou e, quando eu vi que não tinha ascensorista, entramos e apertei o botão de número doze. Eu ainda estava segurando a Charlie, que me abraçou, colocando os braços ao redor da minha cintura. Assim que a Charlie se encostou em mim, meu corpo reagiu, obviamente. De repente, percebi que ela estava ligeiramente mais alta. Logo em seguida, senti que ela estava beijando meu pescoço. Perguntei para ela, com a voz rouca:

– Charlie... O que você está fazendo?

Ela parou de beijar meu pescoço e me olhou por alguns instantes. Em seguida, me perguntou:

– Tem certeza que você não sabe?

– O que aconteceu com aquela boa moça que eu conheci e... - Me interrompi. Por um minuto, eu quase fiz o que a Charlie queria. Se ela era durona, eu também consigo ser.

– E...? - Ela perguntou. Merda. Por que sempre tem que ser assim?

Fiquei quieto e ela me pressionou:

– Anda, Tom... Fala!

Por sorte, chegamos ao nosso andar e, quando nos separamos do abraço, ela disse:

– Eu sabia... Você não tem coragem de admitir que gosta de mim.

– Charlie, não é isso... - Respondi.

– É... Eu sei que não é. Você está só bancando o bom moço comigo só para conseguir me arrastar para a cama, como você sempre faz com as garotas...

– Não estou bancando o bom moço coisa nenhuma!

– Me prova então.

– O quê?

– Me prova que você não está me fazendo de idiota. Prova que você realmente gosta de mim.

– Por que você sempre tem que duvidar de mim? - Perguntei. Eu tinha hesitado antes de responder e ela percebeu.

– Porque eu vi como você é! - Ela gritava agora. Já era tarde e só nós dois estávamos ali, discutindo a plenos pulmões no corredor do hotel. Eu podia ver a hora que iam começar a reclamar...

– Então, se você já sabe como eu sou... Por que fica tentando me mudar?

Ela fechou a cara e respondeu:

– Porque eu gosto de você. Ou é idiota a ponto de não ter percebido isso? Eu sei que é egoísmo da minha parte, mas, é justamente por saber como você é que eu não quero que você me magoe!

Por fim ela entrou no quarto. Eu tinha decidido dormir no sofá que tinha em uma espécie de ante-sala e esperaria até o dia seguinte, para tentar conversar com ela. Porém, no meio da noite, ouvimos um barulho parecido com uma campainha e, logo em seguida, senti o cheiro de fumaça. Me levantei, com medo pela Charlie e, assim que vi que ela ainda estava dormindo, a chamei, sacudindo-a de leve. Quando ela finalmente acordou, perguntou:

– O que foi?

– Acho que o hotel está pegando fogo...

– O quê? - Ela perguntou, se levantando de um salto. Pegou um casaco e saímos da suíte, abandonando nossas coisas. Quinze minutos depois, chegamos à entrada do hotel e, assim que achamos os outros, percebemos que realmente tinha um incêndio nos últimos três andares do hotel e já tinham chamado os bombeiros. Assim que o fogo foi controlado, estávamos todos sentados na calçada de frente para o nosso hotel, a Roxy estava abraçada com o Georg, a Jade apoiava o rosto nas mãos, o Gustav, a Maia e o Bill observavam à tudo quietos, a Charlie estava com a cabeça baixa. E eu estava de cabeça baixa, apoiando os braços sobre os joelhos e a cabeça encostada nos meus braços. De repente, o gerente veio falar com a gente:

– Eu sinto muito, mas, não pudemos salvar muitas coisas das suítes que vocês estavam... Vou dar um jeito de reembolsá-los.

– Tudo bem. - O Bill respondeu. Resultado: Naquela noite, tivemos que nos apertar nas kombis. Como dentro delas tinham dois bancos, além dos da frente, a Maia e o Bill dormiram no banco do meio e eu e a Charlie dormimos no de trás. Enquanto ouvia a respiração calma da Charlie, do meu lado, fiquei pensando nas coisas que ela me disse, assim que chegamos ao hotel. Foi então, que percebi que aquilo que eu esperava que demorasse um bom tempo para acontecer, estava acontecendo: Eu tinha me apaixonado pela Charlie.

Postado por: Grasiele

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