quinta-feira, 7 de junho de 2012

The Neighbour - Capítulo 10

 Luiza
Tinha acabado de sair do banho e ainda estava enrolada na toalha quando ouvi um barulho. Virei-me para olhar e de repente, o próprio Bill apareceu e juro que, até mesmo que o fizesse realmente sem querer... Sabia como quase matar uma fã. A situação da criatura era a seguinte: Estava com uma calça daquelas da Adidas (Uma que as laterais são entupidas de botões, além das listras brancas ali do lado) e baixa o bastante para quase ver totalmente sua tatuagem de estrela. Fiquei com uma cara de tacho daquelas e babando no menino, que estava sem camisa.

- Bill, o que...? - Comecei a dizer quando, de repente, veio andando até onde eu estava. Sem dizer mais nada, me pôs contra a parede e me beijou de um jeito tão... Faminto que tinha certeza que, se bobeasse, ele me morderia e arrancaria pedaço. Do jeito que estava me beijando, conseguindo explorar cada milímetro da minha boca e sugando, tanto meu lábio de cima quanto o debaixo sempre que tinha a chance. sem falar que podia claramente sentir o quanto estava excitado com o beijo, graças ao fato de estar com o corpo colado ao meu. Sua respiração ficou mais pesada e até estremeci quando se chocou contra minha pele, assim que o Bill passou a beijar meu pescoço. Sentia os pelos do meu corpo se eriçando quando seus dedos começaram a deslizar para cima, passando pela lateral do meu seio esquerdo, chegando no meu colo, base do pescoço, ombro e deslizando por todo meu braço esquerdo até chegar na minha mão, erguendo-a e parando de beijar o ponto crítico entre meu pescoço e a orelha e mordeu o lóbulo, me causando um espasmo involuntário. Sem dizer nada, puxou a ponta da toalha, que caiu aos nossos pés. Assim como tinha acontecido quando fomos à casa da diretora, não senti nem um pouco de vergonha dele. Quer dizer, não sabia exatamente o porquê de aquilo acontecer, já que o natural era me sentir encabulada a ponto de interromper o beijo, empurrá-lo e tentar me cobrir. Levantou uma das minhas pernas e as enrosquei em torno do seu quadril. Arranhei sua nuca e, de propósito, acompanhei a extensão da sua coluna, causando um arrepio nele também e, pelo fato de ainda estar com os meus quadris colados aos seus, percebi que aquela provocação aumentou a sua ereção. No exato instante em que o senti morder o lóbulo da minha orelha ao mesmo tempo em que sua outra mão finalmente tinha alcançado o meu seio, o apertando de leve, me fazendo gemer. Quando menos esperei, sentia sua mão deslizar pelas minhas pernas, que já estavam bambas. Nem sei como estava conseguindo me manter firme e forte. Do nada, sua mão começou a acariciar a parte interna da minha coxa direita e logo, alcançou minha virilha e quase imediatamente, dois dos seus dedos me tocando e fui incapaz de conter um gemido alto que, ao que parecia, serviu como uma espécie de incentivo para que os seus dedos se movimentassem mais rápido. Quando não consegui aguentar por mais tempo, ouvi um som bastante irritante e, depois de alguns segundos, percebi que era a campainha e que toda aquela agarração com o Bill foi um sonho. Xinguei a criatura abençoada e iluminada que atrapalhou meu sonho até a milionésima geração. Assim que abri a porta, me disse, com aquele sorriso que me dava nos nervos:

- Pelo visto está querendo me matar porque atrapalhei alguma coisa... O Bill está aí?

- Não, ele está na casa dele, como sempre.

- Mas te atrapalhei mesmo assim... Até imagino o que era, para você ficar tão mal humorada desse jeito... - Disse, fazendo outra cara que eu detestava.

- Não respondo nada. Vou te deixar com o privilégio da dúvida. - Respondi, sabendo dos riscos que corria ao dizer aquilo. Ainda mais para ele.

- Tem certeza? Luiza, Luiza... Se eu fosse você, tomaria cuidado. - Avisou, fazendo mais uma das suas caras safadas.

- Ai, me deixa! Vai dizer que você não... “Presta homenagens” à Jessica Alba? - Perguntei. Mais uma vez, sua expressão foi de malícia. - E a abstinência tá brava, hein? Vendo maldade em tudo, que coisa!

- Eu tô vendo malícia? Você confessa que estava se masturbando e...

- Ei! Peraí. Não falei que estava me masturbando coisa nenhuma. Aliás, não falei a verdade.

Me olhou de uma maneira estranha, que era um misto de curiosidade, diversão e mais uma outra coisa que não consegui identificar de primeira.

- O que eu te disse sobre dormir? - Perguntei. Fez uma cara pensativa e respondeu:

- Que, para você, dormir é a melhor coisa do mundo.

Concordei.

- Normalmente, quando interrompem meu sono, fico brava.

- Pelo visto, o sono estava ótimo... Acordou coradinha...

Revirei os olhos e ele riu.

- Anda, peste. Vem que eu sei que você deve estar faminto, como sempre. - Disse. Me seguiu até a cozinha e, assim que começamos a comer, perguntou:

- Mas, falando sério... O que aconteceu, de verdade?

- Estava dormindo e não me masturbando. Você que distorceu as coisas. Te falei aquilo do privilégio da dúvida só para te provocar.

- Não fala esse tipo de coisa...

- Por que não?

- Como você diz... Imaginação fértil é foda.

Foi minha vez de rir escandalosamente.

- Seu pervertido! - Falei, batendo na sua coxa. - Não acredito que você...

- É. Depois daquela vez que você foi lá em casa e te vi de biquíni, nem a Jessica Alba tem mais vez.

- Eu mereço... - Resmunguei, rindo.

- Ué! Acha mesmo que eu não ia aproveitar que tenho uma amiga que é uma brasileira exótica?

- Brasileira exótica?

- Me diz uma coisa. Quantas brasileiras branquelas de cabelo escuro você conhece?

- No Rio Grande do Sul deve ser moleza achar uma. Em São Paulo também.

- Beleza. Mas lembra que me disse que a maioria da população de lá é de morena clara a negra? Daí, você simplesmente... Aparece. Ou melhor, pipoca na minha vida.

Dei um sorriso sem mostrar os dentes.

- É, mas eu sou a namorada do... - Comecei a dizer, mas me interrompi ao perceber o que estava dizendo.

- Que? - Perguntou, surpreso.

- Nada. - Respondi, cutucando uma maçã com a ponta da colher.

- Luiza, fala. Senão eu brigo com você, nunca mais olho na sua cara e ainda te faço perder o emprego com a gente.

Arregalei os olhos e, depois de respirar fundo, confessei:

- É um professor novo lá da escola. Quer dizer, ele já estava trabalhando lá há algum tempo. Foi fazer mestrado em Oxford, voltou e a gente começou a sair. Sumi por causa dele. - Respondi. Sei que era terrível mentir para ele daquela maneira, mas não tinha jeito. Ainda mais que tinha combinado com o Bill que não falaríamos nada para ninguém por enquanto. Tratei de lembrar de todos os sinais que não denunciariam que não estava falando a verdade.

- E o meu irmão?

- Cansei de ficar esperando por ele, que só faz judiar de mim. - Falei. E era verdade. Era torturante quando a gente tinha que se controlar durante os beijos.

- E quando vou conhecer esse cara?

- Deixa a gente ficar mais firme que você conhece. - Respondi, piscando para ele, que concordou.

- Mas como está entre vocês?

- Bem. Quer dizer, ele é um cara muito legal. E está me fazendo tão... Bem.

- E como é o nome dele?

Ai... E agora?

- Alex. - Falei, vendo um dos meus livros que estava perto. Tinha um personagem chamado Alexander, apesar de o apelido dele ser Alec. Mas tudo bem.

- Demorou demais para responder...

- É por que o povo costuma chama-lo mais de Alec. Daí, fiquei na dúvida sobre qual apelido diria. Mas tanto faz. - Respondi, dando de ombros. Me olhava desconfiado e, por fim, decidiu mudar de assunto, para meu alívio, que eu fiz questão de não deixar transparecer.

Ficamos a tarde inteira ali, conversando, principalmente sobre o trabalho e, por fim, quando abri a porta para ele ir embora, tentei não deixar nenhuma fração minúscula do ciúme que sentia. Me resignei a revirar os olhos e suspirar pesado, vendo o Tom rir e dizer:

- Engraçado é que mesmo namorando o “Alec”, você ainda se incomoda.

- Claro. Se quiser ficar de putaria, que fique no quarto dele. Não no meio do corredor. - Sibilei, fazendo-o rir. Assim que se despediu de mim e entrou no elevador, o Bill parou de beijar a loira que estava dependurada em seu pescoço e a dispensou. Quando o elevador desceu pela segunda vez, já estava vindo todo cheio de graça para cima de mim. Pus uma mão no seu peito, o impedindo de se aproximar e falei:

- Câmeras.

Bufou e, num movimento rápido, me pegou nos braços, fazendo com que desse um grito dos mais escandalosos e, depois de fechar (Ou melhor dizendo, bater) a porta com um dos pés, foi andando até meu quarto, comigo esperneando e quase nos derrubando. Assim que me pôs sobre a cama, de maneira delicada, reclamei:

- A mão na bunda dela era totalmente dispensável, Kaulitz!

Rindo, tentou me beijar e virei o rosto. Perguntou:

- Está com ciúmes, Belotti?

Revirei os olhos e, naquele reflexo digno de Vivi, inverti as posições, o deixando por baixo de mim.

- Em primeiro: Me chama de Belotti mais uma vez para ver se não descobre o meu lado mais cruel. Em segundo: Sim, estou morta de ciúmes por te ver enfiando a língua na garganta daquela loira aguada. Sem falar no apertão na bunda dela. Algum problema? E fica se achando demais por isso para ver se não largo mão de você rapidinho!

Ergueu a cabeça até deixar a boca próxima do meu ouvido e disse, com aquela voz do início de Hurricanes and Suns (Quando ele canta o “Love”):

- Belotti.

Por impulso, bati no seu ombro, o xingando de todos os nomes que me vieram à mente, vendo-o se divertir com o meu piti.

- Ri mesmo enquanto pode, sua peste.

- Tô achando que você não é de nada... - Franziu o nariz. -Até agora estou esperando para descobrir seu “lado mais cruel”.

- Não vou fazer nada agora, porque você está sabendo. Na hora que te pegar desprevenido...

Como esperado, sua expressão foi a mais maliciosa possível.

- Quer dizer que você está com ciúmes de mim, é isso? - Quis saber. Arqueei a sobrancelha, conseguindo um ar de superioridade insuportável e falei:

- Sim, estou. Se quiser continuar comigo, é bom que não fique de graça, ouviu bem?

Concordou, rindo.

De repente, fez uma cara estranha e, logo em seguida, mudou para outra, ainda pior.

- Estou até com medo de perguntar o que se passou por essa sua cabeça agora, apesar de... Não ser muito difícil de adivinhar.

- Então me diz o que passou pela minha cabeça, vai?

- Considerando que eu ainda não domino a telepatia... Tudo o que posso dizer é que foi algo bem... Pervertido, a julgar pela sua cara.

Sorrindo, concordou.

- Eu sabia! E fico embasbacada que ainda tem a cara de pau de admitir isso. Não tem vergonha, Bill?

Ainda sorrindo do jeito mais safado possível, negou.

- É, desconfiei. - Resmunguei, fazendo-o rir. Passou os braços pela minha cintura, fez com que me aconchegasse no seu peito e confessou:

- Tinha pensado que você deve ser do tipo que é mandona na cama. Os caras devem sofrer...

Arregalei os olhos e, me apoiando num dos cotovelos, o olhei, estarrecida.

- Falei alguma besteira? - Perguntou, preocupado.

- Ok, como posso te contar isso... - Falei, mordendo o lábio, pensativa.

- Você é virgem? - Perguntou.

- Bom, na realidade... Ia falar que nunca teve nenhum cara, mas várias meninas. - Brinquei, vendo-o empalidecer.

- Sério? - Perguntou, me fazendo rir.

- Não. Quer dizer, eu respeito as meninas que gostam de outras meninas e tal, mas... Sempre gostei de meninos.

- Ah tá. Me assustou agora.

Ri e ele apertou minha cintura.

- Mas aposto que você toparia se tivesse mais uma menina com a gente, estou errado?

- É, eu sei o que você está pensando... Pode ir tirando seu cavalinho da chuva, ouviu bem? Além de tudo, sou meio... Egoísta. Não quero saber de nenhuma outra garota com você a não ser eu.

- Possessiva...

- E eu não tenho motivo, né? Estou comprometida com um cara ultra gostoso - Riu e continuei: - que provavelmente deve ser assediado por umas... Poucas dezenas de groupies e piriguetes todo santo dia. Sem falar que viu que, quando um aquariano se apaixona, é para valer. E porque realmente vale a pena.

- Devo-me sentir honrado por isso?

- Ainda mais que o que eu sinto por você não é mais uma admiração de fã... É algo muito além disso.

- E o que é, exatamente? - Perguntou, me olhando. Por incrível que pareça, não me senti intimidada por causa do seu olhar fixo na minha direção. Pelo contrário, foi moleza explicar:

- Para início de conversa, uma admiração por quem você é de verdade, esquecendo totalmente o que você faz, me apaixonei por esse... Bill que atende a porta de moletom, com barba por fazer, - Deu o sorriso que eu tanto amava. - que sente dor, chora... Por esses e outros motivos parecidos que consegui deixar de te ver como ídolo e passei a ver como homem, o ser humano incrível que você é porque consegui ver que você é um ser humano como outro qualquer. Apesar de ser reconhecido por onde quer que vá.

Mais sorrisos fofos vieram.

- Para mim também foi bom ter te conhecido.

- Foi?

- Sim. Quer dizer, eu nunca tinha encontrado uma fã que não desse chilique assim que me viu.

- Foi o susto.

- É, eu me lembro. Sua cara quando viu quem eu era foi ótima.

- Uai, e não podia ter sido outra. Quer dizer, eu jamais imaginaria que você ia ao supermercado. Mesmo com aquele seu vídeo de indo a um americano. É meio... Surreal.

- É, as coisas mudaram bastante de uns tempos para cá.

- Notei.

Depois de alguns minutos de silêncio em que o observei brincar com minha mão, como sempre, quis saber:

- O que foi?

- O Tom já sabe sobre a gente. - Respondi. - Me odiei por ter mentido para ele, mas mesmo assim, não acreditou muito na história que contei.

- Que história?

- Que eu estava namorando um professor lá da escola que tinha acabado de voltar de um mestrado.

- Criativo...

- Pior é que vi um daqueles meus livros sobre a bancada e falei que o nome dele era Alexander, mas os apelidos eram Alex e Alec. Me atrapalhei toda, ai que raiva!

Riu e bati de leve no seu peito, indignada.

- Sabe o que me deu vontade de fazer agora? - Perguntou, encarando o teto.

- O que?

Em um movimento tão rápido que me assustou, ficou por cima de mim, prendendo meus pulsos acima da cabeça.

- O que foi isso? - Perguntei, ainda surpresa. Sua resposta foi a cara que fez. Evidentemente, ia aprontar.

- Te disse... Me deu vontade.

Em seguida, roubou um beijo surpreendentemente calmo ao mesmo tempo em que fazia um carinho delicioso na minha cintura por baixo da camiseta.

Porém, conforme esperado, não demorou muito para que nos empolgássemos e ele acabasse... Se aproveitando da situação. Assim que senti uma das suas mãos descendo pela lateral do meu quadril e chegando até minha bunda, a apertando de um jeito ainda mais empolgado do que quando estava com a loira, segurei seu pulso, fazendo com que voltasse a pegar na minha cintura. E ele, quando teve chance, aproveitou que estava beijando meu pescoço e disse:

- Desculpa. Não consigo me controlar quando estou com você...

E ele era o único, não é mesmo?

Postado por: Grasiele

The Neighbour - Capítulo 9

 Bill
De uma coisa eu tinha certeza: Jamais, em todo aquele tempo (Que eram quase cinco meses - Eu sei que não parecia. Também sentia que o tempo tinha passado rápido demais), tinha sonhado que, em uma noite chuvosa, estaria abrigado na casa da diretora do jardim de infância onde a Luiza trabalhava. Nunca poderia imaginar que a veria sem roupa nenhuma duas vezes em menos de três horas. Mas a única coisa que tinha imaginado é que realmente passaríamos a noite juntos. Quer dizer, até o Tom ligar para os dois celulares e estragar totalmente o clima. Por sorte, naquela hora, deu uma estiada e pudemos ir embora.

Em uma tarde que a Iza conseguiu dar um perdido no meu irmão, estávamos sentados sobre o sofá da sala, vendo um filme qualquer na televisão. Estava sentado no sofá de um jeito que a Iza ficou aconchegada entre as minhas pernas, com as costas sobre meu peito. Eu acariciava sua cintura com a minha mão esquerda, vez ou outra, deslizando minha mão por baixo da sua camiseta. E ela brincava com meus dedos de maneira distraída. Depois de dar um bocejo daqueles, perguntou:

- Está mesmo gostando desse filme tanto assim?

Me estiquei um pouco para pegar o controle sobre a mesa atrás de mim e desliguei a TV. Em seguida, fiz com que se virasse de frente para mim. E aproveitando a oportunidade que tive, a beijei. A cada segundo que se passava, sentia o autocontrole indo embora e a vontade de tê-la só para mim foi aumentando. Sem interromper o beijo, abri os olhos por poucos segundos, procurando pela parede mais perto. Depois que finalmente a encontramos, colei o meu corpo ao dela e, depois de fazê-la enroscar as pernas ao redor da minha cintura, acariciei sua cintura por baixo da blusa. De repente, ela gemeu baixo e, quando comecei a beijar seu pescoço, veio outro gemido, só que um pouco mais alto. Parei com o que estava fazendo e perguntei:

- O que foi?

- Falta de oxigênio.

Aproveitei a oportunidade para, como sempre, observá-la.

- Juro que eu queria saber por que você tanto me olha...

- Você fica... Mais linda nessas horas.

- Fico? Por quê?

- Simplesmente porque fica.

Não resisti e voltei a beijá-la, com tanta vontade quanto antes. Só quando a senti me puxando para mais perto é que tive consciência de uma coisa: A minha excitação. Tentei interromper o beijo e, quando a senti abandonando a minha boca para ir em direção ao pescoço, falei:

- Iza... Melhor não. Se eu continuar, vou ter que ir até o final.

Me olhou e, começando a brincar com as correntes que eu costumava a usar no pescoço, não disse nada.

- Ficou chateada? - Perguntei.

- Não. Estou só pensando, como sempre.

- E no que você está pensando?

- Que eu simplesmente perco o juízo quando você me beija. Por isso que eu... Não consigo parar.

- Verdade?

Concordou, em silêncio.

- Você faz o mesmo comigo. - Confessei, fazendo com que me olhasse, surpresa. - Estou falando sério...

- Não duvido.

Pus uma mecha do seu cabelo atrás da orelha e a observei.

- Quem diria, hein?

- Confessa, vai... Adorou o esporro que te dei no supermercado. - Me provocou, dando um meio sorriso.

- É, não vou negar que foi justamente isso que te diferenciou das outras meninas. Mas adorar... Não. - Arqueou a sobrancelha e continuei: - Quem, em sã consciência, vai adorar tomar esporro, hein, Iza?

Mordeu o lábio inferior, sorrindo. Passei os braços em volta da sua cintura e ficamos assim, vez ou outra, nos beijando.

Quando começou a escurecer, estava no seu quarto, esperando que saísse do banheiro e eu quis saber:

- Iza, posso te fazer uma pergunta?

- Que pergunta?

­
– Hipoteticamente falando... Se eu te pedisse em namoro aqui e agora, qual seria sua resposta?

- Já que é uma hipótese... Não ia aceitar.
- Por que não?

- Porque eu estou fazendo xixi.
Ri baixo e, assim que saiu, depois de mais alguns instantes, quis saber:

- Mas... Por que essa curiosidade hipotética?

- Ah, nada não. - Disse. Me olhou, desconfiada. - Vem cá. - Pedi, batendo no colchão, exatamente ao meu lado. Fazendo bico, veio se arrastando, toda manhosa. Mas se sentou. Peguei sua mão e entrelacei nossos dedos. Perguntei, observando o quanto sua mão parecia pequena em comparação com a minha¹:

- Mas realmente não aceitaria se eu te pedisse em namoro?

- Aceitaria. Mas eu ia precisar de um tempo para me acostumar com a ideia. Além de ser meio... Surreal demais, ainda tem vários fatores. Diferente da Elise e da Hannah, não vai ser moleza ficar me esquivando de paparazzi e fãs obsessivas.

- Se você não quiser, ninguém precisa ficar sabendo que você é minha namorada.

- Não vou mentir. Você sabe muito bem que tem mais... Visibilidade que o Georg ou o Gustav. Mesmo que a gente disfarce, você não diga quem eu sou e façamos de tudo para que não descubram, vão dar um jeito de aproveitar a menor brecha que conseguirem assim que nos descuidarmos. Se a gente realmente fosse namorar, aceitaria numa boa. Só que... Te pediria um tempo para ir me acostumando à ideia, afinal de contas... Depois que descobrirem quem eu sou, vai ser dificílimo colocar meu pé para fora de casa.

- Eu te entendo. Para mim tudo bem, já que você aceita.

Me olhou de um jeito estranho e questionou:

- E o que houve com as hipóteses e os “Hipoteticamente falando”?

Ri e, a provocando, falei:

- Agora sou eu quem te pergunta: “O que houve com o ‘Aquarianos são sabichões’”?

- Fica desdenhando, fica... E só para você saber... Mesmo se tivesse ido diretamente ao ponto, a resposta seria a mesma. Mas gostei dessa sua... Sondagem.

- Então... Aceita mesmo ser minha namorada?

Sorrindo, concordou. A puxei pela cintura para mais perto de mim e a beijei, em meio às risadas dela, por causa da minha empolgação.

Passado mais algum tempo, ela estava deitada na cama, com a cabeça sobre seu travesseiro e eu estava apoiando meus braços sobre sua barriga. E sobre eles, meu queixo.

- As joaninhas da sua nuca têm algum significado?

- Ô virginiano observador! - Brincou, me fazendo rir. - Têm sim. Cada uma delas representa alguém especial para mim.

- Quem são?

- Quatro são dos meus pais e dos meus avós maternos. Três são de amigas realmente especiais para mim. E até a Vivi é representada por uma.

Parei para pensar um pouco e perguntei:

- Faltam mais quatro.

Se apoiou nos cotovelos e, me olhando, respondeu:

- Pois é. Representam uma banda aí, vinda da Alemanha. O vocalista tem uma bunda...

Ri do jeito que ela falou (Ainda mais que fez uma cara engraçada, estreitando os olhos).

- Está falando sério?

- Por que quando eu falo sério, ninguém acredita? Que coisa!

- Calma, liebe.

- Eu tô calma. E falando seríssimo. Você não tem ideia do quanto eu te devo.

- O que eu fiz?

- Para início de conversa... Por sua causa, viajei de avião pela primeira vez na vida. Sem falar que alguns dos prêmios do EMA que vocês ganharam, tiveram minha participação inédita, sendo que não costumo participar de votações. E o que mais? - Coçou o queixo, se fazendo de pensativa. - Ah é! Por sua causa, arrumei uma das minhas melhores amigas. E principalmente: Comecei a gostar do meu corpo por sua causa.

- E por que está me culpando?

- Não estou culpando, mas agradecendo, principalmente pelas últimas coisas. Lembra daquele dia que a gente quase se beijou na casa do Tom? Quando as espreguiçadeiras tombaram?

Rindo fraco, balancei a cabeça positivamente.

- Falou comigo que também tinha sofrido bullying na escola.

Concordou.

- Como eu era a única que já tinha... Não digo seios propriamente ditos, mas... Protótipos - Me fez rir, tanto do jeito que falou, quanto da cara que fez. - me sentia feia.

- Você está brincando!

- Não. Estou falando sério. Mas enfim, se eu já me sentia horrorosa por causa dos protótipos de seios e... Outras mudanças tensas, imagina as contribuições dos infelizes dos meus colegas me chamando de “bocão” o tempo inteiro? Isso tudo acabou com minha autoestima! No entanto, quando te ouvi falando coisas tipo... Que prefere garotas branquinhas, de cabelos escuros, que, contrariando o Tom, prefere bunda grande à seios maiores... Comecei a me achar mais bonita.

- Jura?

Concordou.

- Por isso que eu acho que no meu caso específico, o fanatismo foi bom. Nunca vi como algo negativo. Quem via de fora, pensava que eu estava obcecada com você, ainda mais que supostamente, não queria saber de namorados e tal...

- E por que não?

- Porque via que os meninos lá de BH não estavam valendo tanto a pena. E os que valiam... Já tinham dona. O problema é que os mineiros sempre foram muito... Como te dizer de forma educada? - Pensou. - Filhos da puta.

Arregalei os olhos ao ouvi-la dizendo um palavrão. Em todo aquele tempo que nos conhecíamos, ela nunca tinha dito algo do gênero. Nem mesmo com o Tom.

- Quê? É verdade! Se fosse para arrumar um namorado brasileiro, preferia que fosse... Carioca. Pelo que minha mãe me falou, diferentemente dos mineiros, sabem como tratar uma mulher.

- Luiza... - Comecei a dizer, em tom de aviso.

- Eu falei “Se”. Mas como eu já tenho namorado... Só tenho olhos para ele. Os outros caras do mundo simplesmente evaporaram.

- Não vai adiantar...

- Ah, não? Veremos...

A olhei, curioso. De repente, deu um tranco com o corpo e me derrubou sobre a cama. Segurou meus pulsos acima da minha cabeça e prendeu minhas pernas com as dela. Aproximou seu rosto do meu e avisou:

- Você mal perde por esperar, Kaulitz...

Provavelmente, por causa da posição dela (Podia ver que estava empinando a bunda de propósito) e daquela expectativa por causa do seu aviso, não teve como não ficar excitado. E ela percebeu, tanto que deu um sorriso malicioso.

- Se eu nem comecei e você já está... Assim - Moveu seu quadril contra o meu, quase me fazendo gemer. E seu sorriso se alargou ainda mais. -... Imagina quando eu terminar?

- Terminar? - Perguntei, com voz rouca e falhando ridiculamente. Voltou a aproximar seu rosto do meu e mordeu o meu lábio inferior, o sugando em seguida. Com a mão livre, subiu um pouco a minha camiseta e ficou desenhando alguns círculos em volta do meu umbigo com a ponta da minha unha. Passados alguns instantes, soltou minhas mãos, que imediatamente, foram para sua cintura. Quando comecei a beijar seu pescoço, entrelacei meus dedos nos seus cabelos, os puxando de leve e fazendo com que tombasse a cabeça um pouco para trás, me permitindo beijar cada mínimo pedacinho da sua pele. Pude ver que tinha se arrepiado no exato instante em que mordi o lóbulo da sua orelha. Sem falar que até deixou um suspiro baixo escapar por entre seus lábios. Aproveitando um único segundo de distração dela, inverti as posições, deixando-a por baixo de mim, sem nos separar. Pôs uma das mãos sobre minha nuca e a outra foi para o meu peito. Acariciava sua cintura por baixo da blusa e a apertava conforme a intensidade do beijo, que variava. Do nada, me lembrei de uma coisa que tinha visto em um dos tumblrs e decidi testar a teoria: Desci uma das minhas mãos da sua cintura, deslizando só a ponta dos dedos pela lateral dos seu quadril, apertando a coxa de leve e, fazendo que ia enroscar sua perna no meu quadril, consegui pegar no seu tornozelo esquerdo, percebendo que sua respiração falhava. Aproveitando do fato que não beijava sua boca, perguntou, com um fio de voz rouca e baixa:

- O que... Você está fazendo... Bill?

- Testando uma teoria.

E, terminando de dizer isso, apertei de leve o seu tornozelo, percebendo que a teoria era verdade. Depois de ofegar, indagou, quase num sussurro:

- Está me dando o troco?

- Como assim? - Perguntei, em resposta, mordendo seu lábio inferior.

- Espera um pouco. - Pediu. Tentei me reaproximar, mas me impediu. A olhei, sem entender e até um pouco indignado.

- Explique-se.

- Ok. Num dia, de curiosidade, descobri que uma... Um dos pontos fracos do virginiano é o umbigo. Por isso, sempre que tenho chance, te provoco. E como os tornozelos são um desses pontos nos aquarianos... Pensei que talvez, estivesse me dando o troco.

- Para falar a verdade, nem tinha pensado nisso. Mas já que falou...

Já tinha conseguido pegar no seu tornozelo de novo quando ela esticou a perna tão de repente que me fez soltá-la.

- Ah, é assim? - Perguntei, fingindo indignação.

- É. E vai fazer o quê, hein?

Nessa hora, minha expressão deve ter sido a pior possível, já que ela fez uma cara...

- Não... - Disse, em tom de aviso, pondo a mão sobre meu peito de novo.

- Sim. - Respondi, me inclinando na sua direção.

- É sério... Não, por favor. - Praticamente implorou.

- Me dá um bom motivo para parar.

Engoliu em seco e empalideceu, de uma maneira realmente preocupante.

- O que foi? Iza, está tudo bem?

- Minha pressão tá caindo.

- Ai meu Deus! - Exclamei, levantando da cama e indo procurar meu celular. - Eu vou chamar uma ambulância e...

- Bill, escuta. Perto do interruptor da cozinha tem um pote. Pega o pote e traz aqui, por favor.

Fiz o que pediu e, no segundo seguinte, já estava de volta ao quarto, abrindo o pote e desembrulhando uma das balas que tinha ali dentro. Entreguei para ela, que a colocou na boca e ficou em silêncio por alguns instantes. Aos poucos, ficou um pouco mais corada, mas ainda sim, estava pálida. Perguntei, assim que estava melhor:

- O que houve?

- Tenho hipoglicemia. As quedas bruscas de pressão são muito raras, apesar de virem com tudo quando acontecem. E o mais bizarro é que sempre vêm quando termino de comer alguma coisa salgada².

A olhei, estranhando aquilo.

- Se quiser, posso te acompanhar até um médico.

- Não precisa. É sério. - Falou, tentando me tranquilizar com o olhar. Porém, não funcionou. Fiquei ali com ela, depois de muita insistência minha. Enquanto a observava dormir, não conseguia fazer com que a minha ficha caísse. Finalmente tinha conseguido o que tanto queria, que era ela. Porém, sabia que ainda iam ter muitas coisas que precisaríamos enfrentar e, de um jeito muito estranho, tinha certeza que podia contar com a Iza, não importando o que acontecesse.

Postado por: Grasiele

The Neighbour - Capítulo 8

 Bill

And if you want love
(E se você quiser amor)
We'll make it
(Nós faremos)
Swimming a deep sea
(Nadando em um mar profundo)
Of blankets
(De cobertores)
Take all your big plans
(Pegue todos seus grandes planos)
And break 'em
(E os quebre)
This is bound to be a while
(Isso está destinado a demorar um pouco)

Your body Is a wonderland
(Seu corpo é o país das maravilhas)
Your body is a wonder (I'll use my hands)
(Seu corpo é uma maravilha (Eu usarei minhas mãos))
Your body Is a wonderland
(Seu corpo é o país das maravilhas)

Já deveria ser a trigésima vez que ouvia aquela música. Já tinham se passado quinze dias desde que eu beijei a Iza pela primeira vez. E havíamos decidido começar a executar nosso plano assim que ela começasse a trabalhar com a gente. E ouvia essa praga por causa dela. Um dia em que fui à sua casa, aproveitando um raro momento que o Tom não estava lá, estava ouvindo e acabei ficando com a música na cabeça. Recentemente, tinha começado a ter certos... Pensamentos quando ouvia a maldita. Quer dizer, qualquer pessoa que der uma olhada na letra vai me dar razão. Ainda mais que a Luiza tinha mania de desfilar na minha frente usando apenas uma camiseta de alças e short minúsculo.

Estava me arrumando para sairmos juntos quando, de repente, recebi uma mensagem. Peguei o celular e vi:

John Mayer tem outras músicas além de “Your body is a wonderland”. De tanto que você ouviu na última hora, já consegui decorar a letra... Minha sugestão é que escute “Back to you”, “Only heart”, “Edge of desire”...
Sorri e pus a última para tocar. Quando estava pronto, saí de casa, desligando o som e fui até o outro lado do corredor. Depois de uns três minutos, abriu a porta. Só estava faltando calçar as sandálias. Sua gata, como sempre, ficou se esfregando na minha perna e, quando a peguei no colo, a Iza disse:

- Vai ficar coberto de pelos dela. Ainda mais que está com roupa preta.

Suspirando, pus a gata sobre o sofá e, a seguindo até o quarto, perguntei:

- Tem fita crepe?

- Primeira gaveta da esquerda. - Avisou, me mostrando a cômoda. - Qual das duas?

Olhei para as sandálias que me mostrava e perguntei:

- É realmente necessário que você vá de salto?

- É. Além de sapatilha não combinar muito com esse tipo de vestido– Indicou o próprio corpo. - tem uma diferença humilde de quase trinta centímetros entre nós, não se esqueça disso.

- A da mão esquerda. - Respondi, suspirando um pouco impaciente.

- Que foi, criatura? Já estou praticamente pronta, só faltando calçar as sandálias mesmo! - Disse, se sentando em uma poltrona. Até aí, tudo bem, certo? Errado. Sem querer, ela fazia certas coisas, de maneira inconsciente, mas que não passavam despercebidas por mim. Ainda mais que eu era um cara. Se esquecendo desse último detalhe, se inclinou para a frente, para fechar a sandália. E, como estava um pouco de lado, o vestido que usava tinha um certo decote, mesmo que comportado, e ela não usava sutiã...

- Eu... Vou ao banheiro e já vamos. - Avisei, me levantando tão subitamente que até senti um pouco de tontura. E como aquele maldito do Murphy inventou aquela igualmente maldita lei...

- Tem certeza? Se quiser, a gente sai outro dia, não tem problema. - Disse.

- Tenho. - Respondi, antes de fechar a porta. Apoiei minhas mãos na pia, respirando fundo para continuar mantendo meu autocontrole. Quando saí dali, depois de rapidamente passar uma água no rosto, vi que estava colocando um pouco de comida para a gata e, assim que me viu, perguntou:

- Quer mesmo...

- Quero. - Respondi. Deu de ombros e, depois de dar um beijo rápido no topo da cabeça da gata, veio andando até a porta. Não pude deixar de acompanhar o movimento sinuoso dos seus quadris enquanto caminhava e, assim que passou por mim, virada de costas, não contive meus instintos e baixei meu olhar um pouco. Apesar de a saia do vestido ser mais ampla que a outra, ainda sim, conseguia piorar e muito a minha situação.

Assim que chegamos à área VIP da boate, segui na direção oposta à dela, que foi se sentar ao bar. Várias meninas chegavam em mim, assim como alguns caras faziam com a Iza. E tanto eu quanto ela fazíamos a mesma coisa: Dispensávamos todo mundo. Porém, enquanto eu dava um jeito de fazer com que uma menina loira e insistente desistisse, vi que um cara começou a cercar a Iza, que me procurou com o olhar. Assim que me achou, parecia pedir ajuda para se livrar do cara. Dei um fora na menina e, enquanto ia até o bar, aproveitei que um garçom passou com uma bandeja cheia de bebidas. Peguei duas taças e me aproximei da Iza. Entreguei uma das taças para ela, que a pôs sobre o balcão, e se virou para mim. Perguntei, passando o braço em torno da sua cintura:

- Algum problema, liebe?

- Me desculpe, não sabia que estava acompanhada. - O cara disse, se afastando, finalmente. Assim que estava longe, a Iza me disse:

- Vielen danke! Estava quase dando um perdido nele e indo até um segurança...

- Bitte¹. Quer ir? - Perguntei. - Já estou ficando de saco cheio dessas meninas daqui.

Riu e propôs:

- Aceito, mas com duas condições: Que a gente termine essas bebidas aqui e que me deixe te levar ao meu lugar preferido aqui em Hamburgo.

Concordei. Ficamos ali pelo tempo que precisamos para terminarmos as bebidas. Em seguida, fui seguindo as instruções dela, até chegarmos à uma casa antiga, com visual gótico e até mesmo assombrado. Assim que ela saiu do carro, a segui. Passamos por uma porta arqueada, que dava num jardim. Perguntei:

- Invadindo casas? Realmente não esperava por essa...

- Não estou invadindo casa nenhuma. Ainda mais que tenho permissão para vir aqui. - Respondeu, dando um meio sorriso. - A casa é da diretora da escola, que precisou viajar e me dispus a cuidar enquanto ela está fora.
Vi que se abaixou um instante e, de repente, tudo ali ficou iluminado. Era realmente um jardim incrivelmente lindo. Tinha uma fonte antiga bem no centro, com musas dançando em torno da parte por onde saía a água.

Se sentou num daqueles bancos iguais aos de praça e fiz o mesmo, ficando ao seu lado. Estremeceu um pouco e tirei a minha jaqueta, colocando sobre seus ombros, ignorando totalmente seus protestos. Passei meu braço em volta da sua cintura e, com a mão livre, brinquei com seus dedos.

- Parecia que estava adivinhando que ia ficar obcecado com minha mão. - Disse.

- E eu não tenho motivo, não é?

Sorriu fraco e olhou para nossas mãos.

Ficamos ali em silêncio, só aproveitando a companhia do outro. Percebi que adorava ficar daquele jeito com ela.

Porém, quando menos esperamos, houve um clarão no céu e, pouco depois, o som de trovões. E quase instantaneamente, chuva. Torrencial. Em menos de cinco minutos, estávamos encharcados, abrigados na varanda da casa da diretora da escola. Do nada, ela deu um riso meio irônico e perguntei:

- O que foi?

Mordendo o lábio, disse, me olhando:

- No dia que comprei o Scream... Caiu uma chuva igualzinha à essa. Eram quatro horas da tarde e o céu ficou tão escuro que os postes se acenderam. Lembro de que, no dia seguinte, os jornais diziam que tinha anoitecido em BH e tal. Foi tão... Intensa que fiquei encharcada, mesmo que estivesse com guarda-chuva. Se tivesse saído de casa com sombrinha, o estrago seria ainda maior.

- Sério?

Concordou.

- E coincidentemente, no dia que comprei o Humanoid, também estava chovendo.

- Ah, para!

Rindo, insistiu que estava falando sério.

- Acho melhor a gente entrar um pouco e esperar dar uma estiada. - Disse. - É até bom porque a gente se seca.

Hesitei, mas ela acabou me convencendo. Me mostrou onde era o banheiro mais próximo. Depois de tomar um banho rápido, fui procurar minhas roupas e só achei a boxer, já seca. A chamei e não tive resposta. Fui até o segundo andar e, quando a encontrei, estava saindo do banho. Assim que me viu, tomou aquele susto e deixou a toalha em que estava enrolada, cair. Não consegui não olhar para seu corpo e ela também não pareceu se intimidar. Ela era ainda mais linda do que imaginava; Deixei meu olhar percorrer desde seus seios, passando pela cintura curvilínea até chegar nos seus quadris, observando cada mínimo detalhe.

- Me... Desculpe. - Falei, me virando de costas. - Ia te perguntar onde...

- Ai meu Deus. - Disse, parecendo despertar do transe. - Eu que tenho que te pedir desculpa. Deveria ter trancado a porta.

- Luiza, eu... - Falei, começando a me virar. Por sorte, ela já tinha se enrolado na toalha de novo.

- Não tem que se desculpar. Te disse que a culpa foi minha. - Respondeu. - E não precisa ficar de costas. Já viu tudo mesmo...

- Bom... Tudo mesmo, não.

- Ai, meu Deus... - Resmungou, me fazendo rir. Mas não a obedeci; Continuei de costas. Quando terminou de se vestir, aí sim a olhei diretamente e vi que estava usando um roupão branco.

- Ainda está pelada? - Perguntei.

- Não. Mas estou com calcinha e sutiã aqui debaixo. Quer comer alguma coisa?

- Tem certeza que a gente pode?

- Claro! A Frau Schneider disse que podia... Como ela não sabe quanto tempo vai demorar, então, não tem problema. Segundo era até melhor, porque aí não deixava as coisas se perderem...

Acabamos fazendo um pouco de macarrão. Quando terminamos, estava perdido nos meus pensamentos quando a ouvi me chamar. A olhei e perguntou:

- Estava bom lá em Plutão?
Sorri e respondi:

- Estava pensando... Você não ficou com vergonha de mim...

- Foi o choque! - Disse, fazendo uma cara engraçada. - Mas, por incrível que pareça, sempre tive essa sensação de... Desinibição na sua frente. Não pergunte o porquê porque nem eu sei explicar isso direito.

- Sério?

Concordou com a cabeça. De repente, houve um clarão maior ainda e a luz acabou. A Luiza gemeu baixo.

- Está com medo? - Perguntei.

- Não. Só que meu celular está longe. E tem uma lanterna que podia ser uma mão na roda!

Ri baixo. Quando conseguimos colocar os pratos dentro da pia, saímos da cozinha e ela sumiu, assim que terminamos de acender alguns lampiões e até uma lâmpada de Argand. A chamei e estava sentada no sofá. Fui até ela, me sentando ao seu lado e, sem dizer nada, a beijei. Daquela vez, não me contive e devo ter sido mais ansioso do que das outras vezes, tanto que, em poucos segundos já estávamos ofegantes. Fiz com que ela se deitasse sobre o sofá, ficando por baixo de mim. Consegui fazer com que abrisse a boca um pouco mais e aprofundei o beijo. Quando deixei seus lábios para dar atenção ao pescoço, percebendo-a se arrepiar quando me aproximei da sua orelha esquerda. E a Iza, correspondendo à tudo, se dividia entre entrelaçar seus dedos nos meus cabelos e puxá-los com a força exata (Não chegava a ser forte, mas também não era fraco.) e deslizar as mãos por baixo da minha camiseta e arranhando minha pele, hora das costas, hora a da minha barriga, fazendo com que minha excitação aumentasse sempre que sentia a ponta das suas unhas arranhando em volta do meu umbigo e, vez ou outra, descendo em linha reta e só parando quando chegava à beirada do elástico da minha boxer. Quando menos esperou, segurei seu pulso, o acariciando com o polegar, vendo-a enrijecer debaixo de mim. Perguntei, me endireitando um pouco para tentar observá-la:

Percebi que mordeu o lábio inferior e respondeu:

- É que... Você está só... Piorando minha situação. Não acho que vou conseguir me controlar se continuar...

- Então... - Falei, segurando seu pulso e o beijando, olhando fixamente para ela, vendo-a vacilar por alguns instantes. - Não se controle.

Me olhou fixamente e fiz o mesmo, observando cada mínimo detalhe: Suas bochechas rosadas, os olhos brilhantes, a boca ainda mais irresistivelmente vermelha e inchada mesmo, tamanho foi meu entusiasmo de beijá-la. Sem falar que, por minha culpa, o roupão estava aberto, mostrando quase totalmente o conjunto de calcinha e sutiã de renda preta, que cobria outro tecido cor-de-rosa claro, e com enfeites de laço. Fiquei me perguntando onde tinha conseguido aquelas peças. Mas mais importante que isso era minha impaciência em tirá-las. Desatei o nó do roupão e o abri, sentindo seu olhar fixo em mim o tempo inteiro. Me inclinei na sua direção, voltando a beijar seu pescoço, porém, descendo cada vez mais, passando pelo colo, curva dos seios e barriga. Quando vi o piercing² do seu umbigo com enfeite de estrela, feito como se tivessem montado várias camadas (A final era rosa. Em seguida, vinha uma branca, lilás, outra branca e, no topo, uma azul clara). Perguntou, ainda me olhando:

- O que foi?

- Você é linda.

Corou e, levantando a cabeça, me beijou.

Passados alguns minutos, já não conseguia mais me controlar e, quando vi, já estava abrindo o seu sutiã. O roupão que usava já estava jogado em um canto qualquer. Finalmente percebendo o que fazia, tentei me afastar, mas a Iza me impediu. A avisei:

- Já fomos longe demais. Se eu continuar, não vou conseguir parar.

- Ainda não fomos totalmente longe demais. E eu não estou pedindo para parar. Além do mais, quero você. Como jamais quis alguém tanto assim.

A olhei fixamente e tomei minha decisão, mesmo indo contra meus princípios.

Postado por: Grasiele

The Neighbour - Capítulo 7

 Bill
Assim que chegamos à festa, conforme havia planejado, cheguei com o Tom e a Luiza veio com a Natalie, que, logo de cara, achou que era minha namorada. Quer dizer, sabia que tinha terminado com a Sofia e sabe-se lá como, descobriu sobre a Luiza. Apesar de ter uma vaga ideia de quem foi o linguarudo, ainda sim, prefiro não revelar a identidade, por mais que esteja óbvio.

Assim que passamos pelos fotógrafos, conseguimos entrar e não demorei muito para achar as duas. Só a reconheci porque a Natalie falava com ela, que estava virada de costas para mim. Os cabelos estavam trançados de um jeito um pouco displicente, mostrando as joaninhas tatuadas na sua nuca. Ainda ia perguntar se tinha algum significado. Usava um vestido roxo, que lembrava uma daquelas túnicas gregas. A saia era plissada e, mesmo sendo acima do joelho, era comportada. A Natalie me viu, deu um sorriso enorme (Que foi retribuído por mim) e, quando a Luiza se virou, meu queixo caiu, fazendo com que um dos cantos da sua boca se curvasse para cima. A Natalie disse alguma coisa e se afastou. Foi a minha deixa. Um garçom passou por mim e peguei duas taças. Fui até a Luiza e entreguei uma para ela, que agradeceu e, quando viu que eu estava inclinando minha taça na minha direção, perguntou:

- Brinde à quê, exatamente?

- Pode ser à nossa trégua. O que me diz? Vamos começar a trabalhar juntos e acho que ficar brigando feito cão e gata o tempo inteiro vai ser ruim.

Deu um sorriso torto ao me ouvir a chamando de gata.

- Quer saber? Não custa nada tentar. À trégua infinita. - Bateu sua taça de leve na minha. Sorri e cada um tomou um gole.

Depois de algum tempo, via o Tom lançando olhares furtivos para nós a cada segundo e dando aquele sorriso malicioso típico dele. A Luiza também via e sorria fraco.

O resto da festa foi bom. Quer dizer, tinha a necessidade de tocar a Luiza, nem que fosse simplesmente pegar brevemente no seu braço enquanto estávamos conversando. Por sorte, consegui me controlar. Assim que saímos da festa, um pouco altos por causa da bebida, falando as coisas mais absurdas que nos fazia quase chorar de tanto rir, ela disse:

- Quem no mundo ia imaginar que eu estaria dividindo um táxi com você?

- Como assim? - Perguntei, sem entender.

- Desculpa, mas nem na época que você... - Parou de dizer, deu uma olhada na direção do motorista e, se aproximando de mim, continuou: - ainda era um ilustre desconhecido que ninguém conhecia, eu acho que pegava táxi. Tem cara de quem andava a pé boa parte do tempo.

- E por que você acha isso?

- Sei lá. Só um pensamento total e absurdamente aleatório que me apareceu agora, por causa desse maldito cachorro sarnento dos infernos de meia tigela chamado álcool. - Riu da própria piada.

- Realmente. É bem aleatório. - Falei. Assim que chegamos ao nosso prédio, ficamos o tempo todo em silêncio até que chegamos ao nosso andar. Estava com a chave em mãos, pronto para destrancar a porta quando ouvi sua voz fraca me chamando. Me virei e por um único segundo, me arrependi de ter feito isso: Estava descalça, com aquela cara de pidona idêntica a do gato de botas do Shrek e o pior: Mordendo o lábio inferior e dando um meio sorriso.
- O que foi?

- Fica aqui comigo um pouco?

Um pedido desses e naquela situação... Era crueldade.

Tranquei minha porta e atravessei o corredor, vendo-a sorrir de um jeito tímido.

Assim que entrei no apartamento dela, como sempre, me ofereceu alguma coisa para comer ou beber. E como eu não estava no meu juízo perfeito...

- Na realidade, não quero comer e nem beber nada. O que eu quero é bem mais... Interessante que isso. - Falei, dando um meio sorriso e jogando charme para cima dela.

- E o que é?

- Você. - Respondi. Vacilou por um instante e confessei: - Desde aquele dia do mercado que não consigo te tirar da minha cabeça. E só piorou depois que terminei com a Sofia. Sei lá, estava vendo que o caminho estava livre e queria me arriscar, mas estava com medo.

- Medo de quê?

- Ser rejeitado por você.

Me olhou, surpresa.

- Não seria. - Confessou.

- Tem certeza? Pelo que eu vi quando você agarrou o Tom, na manhã seguinte àquela ida à boate...

- Foi para te fazer ciúmes. - Despejou, me deixando de queixo caído. - Queria que você me notasse e... Sei lá, às vezes por um golpe de sorte do destino, você simplesmente parasse de brigar comigo. Eu vi o jeito que você fica com os outros e a sua postura comigo. Queria que me tratasse melhor. Só isso. Eu sei que foi uma tremenda infantilidade da minha parte, reconheço isso e te peço desculpas por ter agido daquela maneira. Sou mais do tipo que age e depois que percebe que as consequências foram as piores possíveis, se arrepende amargamente de não ter pensado na hora certa.

Se era possível, meu queixo caiu ainda mais.

- Fala alguma coisa, pelo amor de Deus! - Disse; Sua voz estava uma oitava acima do normal e num volume meio... Impróprio para aquela hora.

A olhei e, num movimento rápido, dei poucos passos até ficar de frente e muito perto dela. Passei um dos meus braços pela sua cintura e eliminei a distância mínima entre nós. Percebi que, à medida que ia me aproximando meu rosto do seu, ficava um pouco mais alta. Ergui uma das mãos e toquei seu rosto, vendo-a fechar os olhos por causa do gesto. Abriu um pouco a boca e, encostando a minha brevemente, falei:

- Estou apaixonado por você, Iza.

Ia abrir os olhos quando a beijei. De início, foi calmo. Me aproveitando do fato que sua boca era carnuda, vez ou outra a mordia de leve. Não demorei a sentir uma das suas mãos indo para a minha nuca enquanto a outra estava apoiada sobre meu ombro.

Não conseguindo me contentar depois de alguns minutos, comecei a dar indícios do que queria e, para minha sorte, ela atendeu prontamente, abrindo a boca um pouco mais, dando a chance para que o beijo ficasse mais... Intenso. Apertava sua cintura de leve enquanto a sentia arranhar minha nuca de leve. A puxei para mais perto, deixando nossos corpos completamente colados e, quando dei por mim, uma das suas mãos estava sobre o passador de cinto da minha calça. Sentindo que não ia conseguir me controlar se continuássemos, diminuí a velocidade do beijo, o finalizando com alguns selinhos demorados e mordidas leves no seu lábio inferior. Eu mal sabia que parar seria pior ainda; uma vez que, quando abri os olhos, ela também o fez e vi que estava ainda mais linda, com os olhos brilhando, bochechas coradas e a boca ainda mais carnuda e vermelha.

- Fica aqui hoje... - Pediu.

- Isso tudo é vontade de me ter por perto? - Brinquei, vendo-a rir fraco.

- Também.

Sorri e a segui até seu quarto.

Antes de o sono nos vencer por completo, ficamos em silêncio, virados um de frente para o outro. Eu brincava com suas mãos, distraído, e ela me fixava. Aos poucos, via que seus olhos, que já eram pequenos, iam ficando ainda menores conforme o sono ia tomando conta dela.

- Dorme. Não vou a lugar nenhum. - Falei.

- Promete?

Assenti e ela atendeu ao meu pedido.

Na manhã seguinte, acordei com a cabeça estourando. Sentia que estava com o braço envolto numa cintura fina e me perguntei, por um instante, quem seria aquela garota que estava comigo. O mais estranho é que estávamos usando roupa. Quer dizer, desde que terminei o namoro com a Sofia, andava dormindo casualmente com garotas que eu encontrava nas festas ou quando saía. E sempre tinha um sentimento estranho. Parecia culpa, mas eu não conseguia entender o porquê, já que estava solteiro. E o sentimento só fazia aumentar quando a Luiza me via chegando ou alguma menina saindo do meu apartamento na manhã seguinte.

Por um instinto muito estranho, puxei a garota para mais perto de mim e senti um cheiro muito bom. Era doce, mas não muito. Respirei fundo e percebi que começou a se mexer. Abri os olhos e vi um coque mal feito e solto (Só havia enrolado os cabelos como se fosse um coque), castanho-escuro e liso. Em seguida, vi as tatuagens de joaninha e não contive um sorriso.

- Guten morgen, liebe. - Falei, com a boca próxima ao seu ouvido e vendo sua pele arrepiando. Sem falar que ela estremeceu levemente.

- ‘Morgen. - Disse, em meio a um bocejo enquanto espreguiçava. Em seguida, resmungou em português: - Ai que ótimo!

- O que foi?

- Dormi de vestido. - Respondeu, me olhando e sorrindo fraco. - Agora parece que estava na boca da vaca. - Resmungou, batendo na própria coxa, tentando desamassá-lo e me fazendo rir.

- Não imaginei que se importasse... - Comentei, displicente.

- Me importo porque é incômodo, venhamos e convenhamos. Espera aí que eu vou trocar de roupa e já volto. - Disse, se levantando e indo até a cômoda. Pegou uma camiseta e algo que me pareceu um short. Em seguida, foi até o banheiro e perguntou, de lá de dentro: - Me ajuda a fazer o café da manhã?

- Claro. - Respondi. - Mas se quisesse, eu mesmo poderia fazer tudo.

- Até parece que eu ia te deixar fazer tudo sozinho! – Respondeu. Ouvi o barulho da chave e em seguida, saiu.

- Não tem medo que eu te agarre? - Perguntei, ao ver o tamanho dos seus shorts.

- Eu não vou usar burca, me desculpa. - Brincou, me fazendo rir.

Alguns minutos depois, estávamos na cozinha, fazendo o nosso café da manhã e eu me divertia com algumas palhaçadas dela. Ouvia uma música e mexia a cabeça discretamente, no ritmo da música. Parecendo se esquecer que eu estava ali, a ouvi cantando e tinha que dizer que, ainda que fosse de um jeito tímido, gostei da sua voz:

It was the night before,
(Foi na noite anterior)
When all through the world,
(Quando tudo através do mundo)
No words, no dreams
(Sem palavras, sem sonhos)
Then one day,
(E então, em um dia)
A writer by a fire
(Um escritor perto de uma lareira*)
Imagined all of Gaia
(Imaginou toda a Gaia)
Took a journey into a childless heart
(Foi para uma jornada em um coração sem infância)

Na hora em que vinha o refrão, era quando exagerava nas caras e bocas. Assim que tive uma brecha, perguntei:

- Se você realmente não gosta dessa cantora, então por que está cantando a música?

- Primeiro: Desde que ela entrou no lugar da Tarja, tiveram pouquíssimas músicas que eu gostei. Essa é uma delas. Mas ainda sim, não consigo gostar dela, nem como cantora. Sei lá, a acho muito... Pop para uma banda de metal. Ainda mais quando essa banda é o Nightwish.

Nessas horas é que eu ainda me assusto com minhas surpresas. Quer dizer, era de se esperar que ela, patricinha de primeira, que usa roupas cheias de babados, cor-de-rosa, rendadas, vira e mexe, aparece com salto alto (E enfeitados com laço), detestasse esse tipo de música, como a Sofia. Mas daí, ela simplesmente vira e fala que gosta de Scorpions, Within Temptation, Epica, Tarja Turunen... É inusitado, para dizer o mínimo. Na maioria das vezes, vi os metaleiros usarem roupas escuras, coturno, braceletes com tachas (Parecido com as coisas que eu uso de vez em quando) e o único indício que a Luiza mostrava era o cabelo comprido, que chegava à cintura. E talvez a maquiagem carregada em algumas vezes que saímos em grupo. Afora isso... Nem em sonho imaginava o tipo de música que ela ouvia.

- Que raiva que tive dessa criatura bancando a Branca de Neve. Devia tomar antipatia de maçã só pela cara de “tia-velha-safada-comendo-maçã-com-cara-de-tarada”. - Resmungou. [n/a: Aconselho a ver o link. Nem tentando imaginar chega perto da realidade.]

Dessa vez foi impossível não rir alto.

- E você gosta de maçã? - Perguntei.

- Daria uma excelente Branca de Neve, xuxu. - Disse, brincando. - Mas falando sério... Gosto. E não associo a fruta à ela, que é a princesa que eu mais odeio. É sonsa demais!

- E associa a quê, então?

- Se importa se eu te disser numa hora em que não estiver quase pelada?

- Eva?

Concordou, ruborizando.

- Bom saber disso... - A provoquei.

- Sossega, tá? - Perguntou, me fazendo rir.

Quando tudo estava pronto, ela quis saber:

- Vem cá... Sou só eu que estou achando que o Tom e o resto do povo tão dando uma de cupidos para cima de nós?

- Não. Até tentei descobrir se tinha alguma coisa com o Georg e o Gustav, mas, não consegui.

- E então? Contamos para o Tom o que aconteceu ou não?

- Acho que melhor que contar... É mostrar. - Disse, vendo-a fazer uma expressão que era entre a diversão e a curiosidade. Pelo visto, ela aceitaria. E meu irmão mal perderia por esperar...

Postado por: Grasiele

The Neighbour - Capítulo 6

 Luiza

Vamos aos fatos:

–> Eu ainda não conseguia entender como não estava tonta, só de andar compulsivamente de um lado para o outro naquela sala minúscula do meu apartamento.

–> Estava quase surtando.

–> Vivi só fazia me olhar como se eu estivesse numa partida de tênis, confortavelmente aninhada no colo do Tom, que coçava suas orelhas.

–> Falando na peste, também estava me olhando com um meio sorriso nos lábios não ajudava em nada.

- Dá para parar, criatura? - Quase gritei. - Estou aqui, surtando e você me olha desse jeito, como se eu fosse a Jessica Alba de biquíni!

Riu e fez uma cara ainda mais de safado. Num ímpeto, agarrei a primeira almofada que estava ao meu alcance e atirei na sua direção, fazendo minha gata pular do seu colo e ir correndo para o meu quarto.

- O que eu não consegui entender até agora foi o motivo desse seu surto. Dá para me explicar melhor, liebe? - Pediu. Minha voz, ao responder, foi tão esganiçada que deu até vergonha:

- O Bill me pôs contra a parede e perguntou se eu gostava dele.

- E...?

- Falei a verdade. - Quase resmunguei, afundando o rosto nas minhas mãos. - Eu sou... Burra demais!

- Não é. - Disse, vindo se sentar do meu lado e acariciando meus cabelos. Como sempre, senti um arrepio e bati na sua mão. - Isso vai ser um problema. Vai ver que o Bill vai fazer isso o tempo inteiro.

Suspirei e reclamei:

- Culpa dessa porcaria do meu signo! Aquariano não reage muito bem à pressão. Ai que raiva!

- Iza, calma. - Pediu. A última coisa que ia conseguir fazer era justamente me acalmar.

- Eu não vou conseguir.

- Olha para mim, liebe. - Obedeci. - Conheço o Bill. Sei muito bem que ele não vai te sacanear porque você contou tudo.

- Tô me sentindo ridícula. - Confessei. - Ele disse que viu meu tumblr.

- Sério?

Concordei, sem dizer nada.

- Aí! Liebe, você realmente está fazendo tempestade em copo d’água. Vai por mim que o resultado dessa história toda vai te surpreender.

- Me fala como, então!

- E estragar a surpresa? Capaz! - Me imitou, fazendo com que eu risse. Ainda mais que fez voz fina.

- Chato. - Resmunguei, ainda rindo. E ele me acompanhava.

- Só te digo que vai gostar e muito.

- Ah tá. E quais são as chances de isso acontecer mesmo? - Perguntei.

- Para início de conversa, são as mesmas que você tinha de morar ao lado do Bill. Olha só o que aconteceu.

Revirei os olhos e quis saber:

- Algum contra-argumento?

- Sim. - Respondi. - Se serão rosas, florirão, como diria minha avó. Mas se não florirem... Não diga que não te avisei!

- Quem era o pessimista e a otimista mesmo, só para eu saber?

- Como é que eu te aguento mesmo?

- Você, mesmo dizendo que morre de amores pelo Bill, me ama. Por isso que me “aguenta”. Anda, Belotti. Se conforma. Não vai conseguir mais viver longe de mim.

Arqueei a sobrancelha e ri debochada.

- Aí que você se engana, Kaulitz. Posso muito bem viver longe de você. Tenho a Vivi. - Respondi, indicando a minha gata, que nos observava com aquele par de olhos dourados. Deu uma piscada lenta para mim, fechando os dois olhinhos e retribuí, como sempre.

- Eu... Roubo a Vivi. Pronto. - Me ameaçou. Olhei para ele, de sobrancelha arqueada e tudo.

- Ouse. Olha que eu afano... - Comecei a dizer. - Seu... Irmão. Pronto.

Riu e disse:

- Me parece uma troca justa. Ainda mais que nós dois sabemos que tanto a Vivi quanto o Bill estarão em excelentes mãos...

- Não vai conseguir me dobrar, Kaulitz, desiste.

- Ah vou. Duvida?

Estufei o peito, empinei o nariz e respondi:

- Duvido. Mas até me dizer o que está planejando.

- Não vai conseguir arrancar a minha confissão de como é meu plano mirabolante e nada maléfico. - Disse.

- Está dando uma de cupido mesmo. Sua peste! - Falei, batendo no seu ombro e fazendo-o rir.

- Sou inocente até que se prove o contrário.

- Você? Inocente? Ah, vá!

Fez aquela cara típica de safado dele e disse:

- Mas sendo honesto... Gosto muito de você. E amo meu irmão. É algum... Crime querer que vocês fiquem juntos? Só... Economizem no mel, sim?

Ri fraco e, o olhando, respondi:

- Você gosta muito de mim e eu te adoro, seu sem-vergonha.

Me abraçou pela cintura e, depois de dar um beijo na minha bochecha, disse:

- Te adoro, viu, baixinha?

Arqueei a sobrancelha e falei:

- Baixinha só quando eu estou descalça. Se eu calçar um dos meus saltos... Veremos quem é a baixinha aqui.

Riu e continuou ali comigo até o final da tarde, quando o Georg ligou.

Tom
- OK. Então o plano é o seguinte: A gente tem que dar um empurrãozinho para o Bill e a Iza logo. - Falei, olhando para o Georg, o Gustav e o Andreas. - Já tá mais que óbvio que um gosta do outro. E meu irmão ainda fez o favor de pressionar a coitada da Iza.

- Como assim? - O Andreas questionou.

- Ele fez a burrada de contar que viu um site dela e ficou insistindo, querendo descobrir se ela realmente gostava dele. Como a Iza não consegue lidar muito bem com pressão, acabou contando tudo. A culpa não foi dela. - Expliquei.

- Nesse caso, tenho uma ideia para a gente juntar os dois. - O Gustav disse. Olhei para ele, que começou a explicar. Realmente, era uma ótima ideia e demos um jeito de não ter nenhuma falha, por menor que fosse. Decidimos que executaríamos o plano na melhor oportunidade de todas: Uma festa que eu e o Bill fomos convidados. E como poderíamos levar uma acompanhante...

Bill

No final de semana, eu e o Tom fomos para a casa da minha mãe. Obviamente, ela fez um interrogatório a respeito da Luiza. O Tom se limitou a dizer:

- Foi para Roma. Quem sabe da próxima vez ela não vem com a gente?

E logo depois, sumiu, deixando o trabalho de responder às perguntas para mim.

- E então? Como ela é? - Minha mãe quis enquanto eu a ajudava a fazer o almoço.

- Ela?

- Sua vizinha...

- Por incrível que pareça... É brasileira.

- Como assim, “Por incrível que pareça”?

- Me responde sinceramente. Como você imagina as brasileiras?

- Pelo que já vi de fotos, são morenas ou negras. Ela não é assim?

- Só nos olhos castanhos e cabelos escuros. Ela é branca, do tipo que dá para ver as veias nos braços e até nos joelhos.

Minha mãe me olhou desconfiada e perguntou:

- E como você sabe que dá para ver as veias nos joelhos dela?

Quase engasguei e ela riu.

- Ela usa minissaia, short... Daí é impossível não reparar, ainda mais que ela fica perto de mim o bastante.

- Sabe o que eu acho?

A olhei.

- Que ela gosta de você e está tentando chamar sua atenção, ainda que você a trate mal.

- Eu já sabia. Quer dizer, por um lado, queria poder ser... Normal com ela, não ficar provocando o tempo inteiro, sem falar que era melhor do que ficar roubando beijos o tempo inteiro.

De repente, percebi o que tinha dito. Quando olhei para a minha mãe, estava rindo.

- Quer dizer então que já andaram se beijando?

- Quase. Na primeira vez, estávamos sentados naquelas espreguiçadeiras de frente para a piscina da casa do Tom. Elas tombaram justo na hora “H”. E a segunda foi há alguns dias atrás. O celular dela que atrapalhou.

Deu um sorrisinho misterioso e perguntei:

- O que foi?

- Nada. Só estou achando graça nessa história de vocês dois. Brigam até dizer chega na maior parte do tempo e quando aparece a oportunidade... Vocês não conseguem se beijar.

- Estou começando a achar que ela não é a garota certa. - Falei, desanimado.

- Quem te disse? Nunca te vi com essa carinha. Nem mesmo com a Sofia.

- A gente já começou com o pé esquerdo. O que te garante que ela é realmente quem eu estava esperando?

- O fato de ela ser diferente das outras. É sua fã, mas não gritou. Pelo contrário, te passou um carão em pleno supermercado. Vive te dando umas cutucadas que eu sei. Sem falar que ela quase brigou com o Tom porque ele tinha discutido com você e não queria fazer as pazes.

A olhei, surpreso.

- Como assim?

- Lembra de uma vez, logo depois que vocês se conheceram, que brigou com o Tom?

Concordei. O motivo era que eu via que o Tom estava atrapalhando meu namoro com a Sofia.

- Pois é. Eu sei que, quando ela descobriu que vocês dois tinham brigado, foi falar com ele, exigindo que voltassem às boas. Seu irmão não queria, no início. Mas, como ele me disse que não tem discussão com ela...

- Eu que sei... - Resmunguei, fazendo minha mãe rir fraco. - Sério... Se visse aquela garota discutindo com alguém, ia se surpreender. Ela sempre tem um argumento na ponta da língua, é incrível! Sem falar que adora implicar comigo por qualquer motivo, até meus piercings.

- O que ela fala?

- Me enche o saco por causa do piercing do septo, principalmente, e fala que vou parecer uma peneira ambulante de tanto furo...

Minha mãe riu e quis saber:

- Quer dizer que ela também não concorda com esse monte de piercings?

- É.

- Gostei mais ainda dela.

A olhei, surpreso.

- Mãe! Tinha que ficar do meu lado, não do dela!

- Sinto muito, Bill, mas estou concordando mais com as atitudes dela do que com as suas.

Revirei os olhos e decidi que o melhor a se fazer era ficar quieto.

O final de semana foi bom. Quer dizer, mesmo que eu tivesse a sensação de que tinha alguma coisa faltando, ainda sim, consegui me distrair e descansar um pouco.

Na segunda-feira, já de volta à Hamburgo, estava chegando em casa quando vi a Luiza com a gata nos braços, destrancando a porta. Rapidamente, deixei minhas coisas em casa e perguntei para ela, que tentava segurar a gata, que esperneava, e abrir a porta:

- Quer ajuda?

Concordou, me entregando a gata. Imediatamente, se acalmou. Perguntei, quando a pegou nos braços de novo:

- Posso falar com você um instante?

Me deixou entrar e, assim que se sentou no sofá de frente para mim, quis saber:

- E então? O que queria me dizer?

- A gente tem uma festa para ir na semana que vem e descobri que o Tom mexeu uns pauzinhos e te colocou como minha acompanhante.

- Ele fez o quê? - Perguntou, quase gritando e brava.

- É. Fiquei sabendo disso ontem.

- Que festa é essa?

- Sabe o Dean e o Dan da DSquared?

Assentiu.

- Vão abrir uma loja e, para isso, darão uma festa.

- Vai ter imprensa, né? - Perguntou. Além da sua expressão de preocupada incrivelmente fofa, ainda mordia o canto do lábio inferior (Não pergunte como conseguia fazer isso.).

- Vai. E com certeza vão inventar que estamos juntos. Porém, a gente não precisa entrar um do lado do outro.

- Como assim? Se sou sua acompanhante, como é que vamos entrar separados?

- Fácil. Natalie. Peço esse favor para ela e entro com o Tom.

- É abuso.

- Claro que não! Não custa nada pedir isso para ela, ainda mais que somos amigos. E então? O que me diz?

Suspirou, aceitando minha proposta. Nessa hora, tive uma ideia e só esperava que ela não ficasse brava comigo...

Postado por: Grasiele

The Neighbour - Capítulo 5

 Bill
Eu andava de um lado para o outro, pisando forte. Não podia estar mais irritado e inclusive, quase voando no pescoço do meu irmão.

- Ela não tem experiência nenhuma! - Quase gritei.

- Por isso mesmo acho que será bom para ela. - O Jost respondeu, calmamente.

- Ah, sim. Vai ser perfeito para que ela seja nossa Groupie. - Falei, ainda sem baixar o volume da minha voz.

- Bill, não vou voltar atrás na minha decisão. Ninguém vetou a contratação e você é o único que é contra. E por pura implicância.

- Implicância? Jost, ela é uma vagabunda! - Gritei. - Aquela ali, de santa, só tem a cara. E o sobrenome.

- Bill, goste ou não, ela vai trabalhar com você e o resto da banda. E nada de ficar com implicância ou até mesmo fazer com que seja despedida. Consegui excelentes referências dela e portanto, não tem porque ela não trabalhar com a gente.

Bufei, impaciente. É, a Luiza tinha conseguido. Foi contratada para trabalhar com a gente durante uma turnê inteira. Sorte é que seria daqui a uns dois anos, mas ainda assim...

É, agora ela era presença constante entre nós, por causa do Tom. Os dois faziam questão de ficar na frente de todo mundo e isso era extremamente irritante, verdade seja dita. Quer dizer, era realmente ficar mostrando para todo mundo?

O pior de tudo era que, em uma tarde de domingo, estava em casa, morrendo de tédio e zapeando pelos canais de televisão, me ocorreu uma coisa. Fui até o quarto e busquei o laptop. Acessei um site da Luiza que ouvi a Sofia comentar a respeito. Fiquei impressionado com a quantidade de posts sobre as características de aquarianos que tinha ali. Sem falar nas fotos e gifs de gatos e o mais surpreendente: Diria que uns 90% dos posts eram sobre nós. Havia fotos, gifs, algumas montagens... Porém, me deparei com um específico onde havia uma montagem com fotos da minha bunda e um boneco comendo. No primeiro quadro, o boneco dizia “Bem, ainda não tem bunda.” No segundo, o boneco ainda comia e dizia: “Não. Ainda não. Mas já gosto.” No terceiro, era uma foto do desfile da Dsquared e o boneco cuspia algo. E na última foto, da apresentação da MUZTV, o bonequinho aparentemente havia morrido.

Continuei olhando e percebi uma coisa: Ela gostava de mim. Quer dizer, gostava dos outros também, mas eu era o preferido. Os posts que diziam “Reblog se você ama Bill Kaulitz” me fizeram ter certeza disso.

De repente, me deparei com uns posts que me interessaram e muito. Fui na página de origem e escolhi o signo dela. Vi todas as informações e tinha certeza de que aquilo tudo me seria muito útil...

Aquele sonho que tive na casa do Tom não foi o único que tive com ela. Todos os dias, sonhava com ela e o mais inocente que fazíamos era um amasso daqueles. Para piorar minha situação, o Tom sempre cismava de fazer algum programa, chamava todo mundo e ficava agarrando a Luiza.

E a minha relação com ela ficava cada vez pior. Quer dizer, desde o dia que fomos à boate que estava estranha comigo. Só me dava “bom dia”, “boa tarde” e “boa noite” quase murmurando quando me encontrava. Quando as frases eram maiores, eram farpas. Ela sempre tinha uma resposta na ponta da língua.

Muitas vezes, fazia certas coisas só para irritá-la. Como dar uma festa no meu apartamento, com música eletrônica ligada naquela altura durante a noite. Obviamente, teve alguém (Que surpreendentemente não foi ela) que chamou a polícia. Na manhã seguinte, descobri o porquê de ela ter ficado quieta: Foi para a casa do Tom.

Em resumo: Estava complicado conseguir manter a paz entre nós dois.

Assim que o CD foi lançado, as fãs ficaram em polvorosa porque eu estava solteiro de novo. À essas alturas, já tinham descoberto sobre a Luiza e, conforme o esperado, as fãs do Tom estavam furiosas com ela, que sempre era gentil com todas, apesar de terem algumas mais agressivas.

Uns dias depois, estávamos nos preparando para entrar no ar em um programa de entrevistas quando fiquei sozinho com ela. Não podendo perder a oportunidade, a provoquei:

- Boa jogada essa sua, de fingir ser a boazinha para dobrar as fãs do Tom...

Arqueou a sobrancelha e perguntou:

- “Fingir ser a boazinha”? Kaulitz, não é questão de dobrar as fãs ou não. É questão de educação e gênio. E no meu caso específico, é questão de o santo bater ou não, que nem aconteceu com você.

Foi minha vez de arquear as sobrancelhas.

- Ah, quer dizer então, que “seu santo” não bateu com o meu?

- É. E raramente erro quando isso acontece. - Respondeu. - E se prepara porque daqui a pouco te chamam.

- Atitude madura a sua. Julgar os outros e dar a desculpa dos santos se batendo...

Parou no meio do caminho para a porta.

- Você não vai conseguir estragar meu bom humor, desiste.

- E quem disse que esse é meu interesse? Para mim, não faria a mínima diferença se você estivesse aqui ou não.

- Não é o que está parecendo, Kaulitz.

Por mais que eu detestasse o tom de desprezo na sua voz quando me chamava pelo sobrenome, ainda sim, adorava ouvi-lo saindo da sua boca.

- Tá se achando mesmo, hein?

Revirou os olhos, suspirando.

- Não. É óbvio. Toda santa vez que você me vê com o Tom, fecha a cara, fica fazendo comentários surpreendentes para você... E a julgar pelas suas atitudes nessas horas, garanto que pode-se tirar uma conclusão dentro de duas hipóteses: Ou você está com inveja ou está com ciúmes. E não é porque estou “roubando” seu irmão, como me acusou uma vez.

- Eu? Com inveja ou ciúmes de você? Faça me rir, Belotti! - Disse, a provocando. Sabia o quanto detestava quando a chamavam pelo sobrenome. Travou a mandíbula e isso me fez sorrir satisfeito.

- Bom, já que você não tem inveja e nem ciúmes... Então para de ficar me secando toda santa vez que a gente sai e uso vestido. Ou minissaia.

- Eu sou homem! Quer que eu não fique olhando para suas pernas?

Percebi que ia dizer alguma coisa e, justo naquela hora, o Tom entrou. Quis saber:

- Querem um alto-falante para continuarem a discussão e todo mundo ouvir?

A Luiza revirou os olhos e saiu dali, batendo pé. Mimada.

- Você também não sossega, né? - O Tom perguntou, me censurando. Ótimo! Tudo o que eu mais precisava naquela hora.

- Essa garota me enlouquece! Só o fato de ela existir já me tira do sério.

- Olha bem o que você está falando, Bill. - Me falou, com expressão séria. Respirei fundo e tentei me acalmar.

Durante toda a entrevista, a vi nos bastidores, nos olhando fixamente. Ria de alguns comentários do Tom, rolando os olhos e balançando a cabeça negativamente. Quando eu falava, percebia que ela prestava mais atenção ainda e em mais de uma vez, notava que um dos cantos da sua boca se curvava para cima, fazendo com que a covinha solitária da sua bochecha direita aparecesse.

Quando viemos embora, ofereci carona para ela, que arqueou a sobrancelha, surpresa.

- E... A troco de quê está me oferecendo uma carona?

- Somos vizinhos. Melhor ir comigo do que gastar dinheiro com táxi. - Justifiquei.

- E desde quando se preocupa no que gasto meu dinheiro?

- Quer a carona ou não? - Perguntei, já perdendo um pouco da paciência. Ela suspirou e aceitou.

Enquanto estávamos parados no sinal, liguei o rádio e tocava uma música qualquer. Pelo canto do olho, vi que tamborilava os dedos sobre a coxa, no ritmo. Aproveitei para observá-la. Foi quando meu olhar recaiu sobre sua mão. Mesmo com algumas linhas finíssimas e brancas, não deixava de ser linda. Tomado por um impulso, estiquei a minha e a peguei, sentindo-a enrijecer.

Ergueu o olhar até encontrar o meu e comecei a acariciar sua mão, fazendo círculos com o meu polegar. Baixou o olhar e, justo quando abriu a boca para falar alguma coisa, o motorista de trás buzinou, fazendo com que eu percebesse que o sinal havia aberto. Hesitando, soltei sua mão e voltei a dirigir o carro. Nenhuma única palavra foi pronunciada por nós durante todo o trajeto de volta para a casa. Nem mesmo dentro do elevador. E assim, continuamos até que cada um entrasse no próprio apartamento.

Uns dias depois, voltamos ao nosso normal de brigas, com a diferença que agora, tanto ela quanto eu, nos insinuávamos um para o outro. E uma coisa que eu percebia que acontecia com certa frequência suspeita era que, não só o Tom, o Georg e o Gustav, mas o Jost e o resto da equipe sempre me deixava sozinho com ela. Nesse meio tempo, até tentei colocar o Gustav e o Georg contra a parede, já que o Tom não me dizia absolutamente nada. E, conforme esperado, não pronunciaram uma única palavra.

Entretanto, nada foi mais surpreendente quanto um dia que ouvi o Tom conversando com o Georg. Tá certo que ouvir conversa alheia não é exatamente uma coisa boa, mas como ouvi meu nome ali no meio...

- E aí? - Ouvi o hobbit perguntar. - Já decidiu o que vai fazer?

- Vou ter de forçar a barra com a Luiza, já que ela tá dura na queda... - Meu irmão respondeu. Saí dali antes que ouvisse mais atrocidades, sentindo um asco do Tom. Quer dizer, tudo bem que eu não tenho nada a ver com o que ele faz ou deixa de fazer com a Luiza. E tudo bem que eu gosto muito pouco dela. Mas nem por isso, quer dizer que o Tom pode obriga-la a fazer qualquer coisa contra a própria vontade.

Assim que cheguei do estúdio, nem fui para o meu apartamento; Simplesmente saí andando na direção oposta e quase queimei a campainha de tanto que a toquei. Quando ela finalmente a abriu, estranhou minha afobação.

- Sabia que eu espero que tenha um excelente motivo para quase ter queimado minha campainha? Sem falar que, se baixar a pomba-gira na Vivi, a conta do veterinário é sua.

- Beleza. Mas acha que, se não fosse realmente sério, eu teria me dado ao trabalho de vir aqui?

- Sinceramente respondendo. Acho. Você cismou comigo e tá pior que carrapicho, credo!

- Dá para me escutar?

Arqueou a sobrancelha, cruzando os braços. Tive um sobressalto quando senti a sua gata se esfregando na minha perna enquanto ronronava.

- Acabei de ouvir o Tom falando com o Georg que ia forçar a barra com você, que estava dura na queda.

Me olhou, estranhando aquilo.

- Só... Me explica por que você estava ouvindo atrás da porta?

- Eu não estava! O que aconteceu foi que passei pela porta, ouvi meu nome sendo pronunciado. Daí, acidentalmente ouvi meu irmão falando isso de você. Tive que me controlar para não entrar naquela sala e dar um soco nele.

Suas sobrancelhas se ergueram, em evidente surpresa, e disse:

- Vem comigo.

A segui até a cozinha e, assim que pediu que me sentasse num dos bancos, percebi um cheiro delicioso. Era a mistura de vários outros, mas dava claramente para sentir o de canela.

- O que você está fazendo aí?

- Ah, nada demais. Só um pouco de chocolate quente, aproveitando que está frio. Quer um pouco?

Concordei. Assim que estava pronto, pôs uma xícara na minha frente e a observei. Depois de tomar um gole, me perguntou:

- O que foi?

- Nada. Só... Estava te olhando. Sabia que você realmente não parece brasileira?

- É essa pele desbotada que eu tenho. - Respondeu, sorrindo torto. - Mas tenho um aspecto bem... Característico.

- Qual?

De repente, pareceu se dar conta de ter dito alguma coisa que não deveria e suas bochechas começaram a ficar rosadas de um jeito incrivelmente gracioso.

- Tudo bem. Não vou te obrigar a me dizer.

Me olhou de uma maneira estranha e foi a minha vez de perguntar:

- O que foi?

- Eis a prova de que você e o Tom são realmente diferentes. E acredite, eu acho isso muito bom.

- Mesmo?

Concordou, tomando mais um gole da sua xícara.

- Detesto quando o povo cisma que, por vocês serem gêmeos idênticos, obrigatoriamente têm que ser iguais em tudo, sendo que são duas pessoas distintas. Apesar de, sempre que eu estou com um de vocês, me lembro do outro, às vezes por causa de um gesto simples.

- E isso também é bom?

Me olhou, enigmática.

- Por um lado sim, já que eu sei o quanto vocês são unidos e acho que você tem muita sorte de ter o Tom como irmão. Me surpreendeu bastante desde que o conheci.

- São poucos que conseguem conhece-lo de verdade. Ao que parece, você foi uma das premiadas.

Sorriu fraco e perguntei:

- Gosta de mim, não é?

Me olhou, arregalando os olhos e logo depois, tentando disfarçar.

- De onde tirou isso?

- Além do seu evidente nervosismo, ainda tem um site... Tumblr, não é? - Percebia que estava ficando mais tensa a cada palavra que eu pronunciava. - Lembro de ter te ouvido comentar a respeito. Daí, fiquei curioso e olhei. Estou percebendo que você é cabeça dura demais para admitir que gosta de mim. Mas, por sorte, eu não sou como você. Não levo a fama de frio. - Parei em outro sinal e aproveitei para olhá-la; Preferia não ter feito aquilo, já que a expressão dela não era nem um pouco amigável. - Por mais que eu tenha te irritado durante esse tempo todo que a gente se conhece... Ainda sim, eu não consigo deixar de gostar de você.

Me olhava, surpresa. Diria que quase em estado de choque, até. Ficou em silêncio e, logo depois, desviou o olhar do meu.

- Nega o que estou falando. - A desafiei. Funcionou. Mas só para fazer com que me fixasse de maneira nada... Fofa.

- Só... De curiosidade. O que você ganha com a minha confissão?

- Só vai saber se disser a verdade. - A olhei da mesma maneira intensa. Desviou sua atenção para a xícara e mexeu o chocolate. Em seguida, tirou a colher e a levou à boca, a lambendo de maneira distraída. - Não vai me responder?

Me olhou e, arqueando as sobrancelhas, disse:

- Hipoteticamente falando. Se eu gostasse de você mesmo. O que faria?

- Já te disse. Só vai saber se me falar.

Revirou os olhos, suspirando e sua sobrancelha se arqueou.

- Gosto. Mais até que o esperado. Satisfeito?

Sorrindo, me inclinei sobre o balcão e respondi:

- Você não tem ideia.

- Kaulitz, se fizer alguma coisa... - Começou a me ameaçar, mas a interrompi:

- Eu vou fazer. Mas não se preocupe porque não vou usar isso contra você.

Me olhou, curiosa e sem entender.

- E o que vai fazer?

- No tempo certo você vai descobrir. - Respondi, dando um sorriso torto. Me levantei e fui até a pia, deixando minha xícara vazia ali dentro. Em seguida, ia passar por ela quando perguntou:

- É sério que você vai fazer desse jeito? Esperava mais de você, Kaulitz. Sei lá, qualquer tipo de reação. Desde... Espalhar pelo mundo o quão eu sou ridiculamente apaixonada por você ou até mesmo... Sei lá. Outra coisa.

Parei atrás dela e, me aproveitando do fato de que estava com os cabelos presos num coque, comecei a beijar sua nuca e pescoço. Na mesma hora, percebi o quanto o cheiro da sua pele era bom. Infinitamente melhor que o da Sofia.

- Não são só os aquarianos que podem ser imprevisíveis, liebe. - Disse essa última palavra com a boca praticamente colada ao seu ouvido. Pude ver sua pele se arrepiando e não contive um sorriso. Mordi o lóbulo da sua orelha ao mesmo tempo em que colocava uma das minhas mãos sobre sua cintura. Percebi que estava controlando sua respiração e, como a cadeira em que estava sentada era uma daquelas giratórias, simplesmente segurei o encosto e fiz com que ficássemos de frente um para o outro. Deslizei meus dedos pela sua bochecha, mal tocando sua pele, vendo-a titubear e quase fechar os olhos. Sua respiração perdia a regularidade aos poucos e eu via seu peito subindo e descendo rapidamente. - Was hast du gemacht zu mir, Hexe¹?

- Dasselbe wie du hast². - Respondeu, aproximando o rosto do meu. Dei um meio sorriso e a vi fechar os olhos lentamente. Repeti o gesto, encurtando ainda mais a distância entre nós. Entretanto, quando íamos nos beijar, ouvi o começo de “Bohemian Rhapsody” do Queen. Nos afastamos e, enquanto ela ia atender ao celular que tocava (Daí vinha a música), fui para o meu apartamento. Assim que me larguei sobre o sofá, comecei a pensar em certas coisas. Definitivamente, era a hora de uma trégua. Ainda mais que ela não era a única apaixonada nessa história toda...

Legendas:

¹ O que você fez comigo, bruxinha?

² O mesmo que você.

Postado por: Grasiele

The Neighbour - Capítulo 4

 Luiza
- Foi... Bizarro. A gente ia se beijar quando as espreguiçadeiras tombaram e caímos no chão. Típico. - Resmunguei, na semana seguinte, quando o Tom tinha ido lá para a casa.

- Mas não rolou nada, nem um selinho?

Neguei com a cabeça e ele ficou desapontado.

- Tom... É impressão minha ou você está bancando o cupido para cima de nós dois? - Perguntei, o olhando.

- Eu? Cupido? Liebe, desculpa, mas acho que ficaria mais sexy sem aquele fraldão.

Ri da maneira mais escandalosa.

- O que acontece é o seguinte: Torço para que seja feliz. Só isso.

Olhei para ele, desconfiada.

- Sinceramente, o que você está aprontando?

- Não estou aprontando nada!

- Tá, e eu sou loira natural! - Reclamei, fazendo-o me olhar estranho e entendi. - Uns poucos fios de cabelo não dizem nada!¹

Segurou o riso e esticou a mão na direção do meu cabelo e tirou alguma coisa.

- Aí... Ah, não. É pelo da Vivi. - Disse, me fazendo rir. Foi só falar na danada, que apareceu, ronronando, andando rebolando e cheia de manha. Pulou no colo do Tom e, como sempre, ele não resistiu. Coçou atrás das orelhinhas de morcego da minha gata, que fechou os olhos.

- Ai, meu Deus... - Resmunguei. Ele riu e, de repente, achei uma coisa. Estendi para ele, que me olhou curioso.

- O que é isso?

- Minha pulseira da área VIP do show que vocês fizeram em São Paulo em novembro de 2010.

Me olhou, incrédulo, e perguntou:

- Sério?

Concordei.

- Está toda amassada porque, além de eu estar usando outra de olhos gregos quase por cima, ainda não consegui tirá-la até chegar em Belo Horizonte. Passei a noite inteira com ela no meu pulso, então...

- Como você diz... Caraca!

Ri porque o “caraca” foi com o sotaque carregado.

- Por que guardou? - Perguntou, mais por curiosidade que qualquer outra coisa.

- Porque foi especial. Além de ter sido a primeira vez que saí de Belo Horizonte para ir até São Paulo só por causa de uma banda, ainda foi a primeira vez que fui para lá. Sem contar que foi minha primeira viagem de avião.

- Como assim “Primeira vez que saí de Belo Horizonte para ir até São Paulo só por causa de uma banda”?

- Vamos lá. Bandas e cantores grandes, tipo... U2, Madonna, Rolling Stones e até alguns menores, como Scissor Sisters e Cobra Starship sempre fazem a ponte Rio-São Paulo um pouco raramente, indo para Curitiba e Porto Alegre. Belo Horizonte nunca estava na reta. Daí, muitas vezes, tinham shows de bandas que eu gostava e até mesmo iria, mas nunca animava a gastar bem mais que o esperado. Quando saiu a notícia que vocês iriam... Confesso que por muito pouco, não quis ir. - Arregalou os olhos, surpreso. - Minha mãe sempre ficava jogando na minha cara que estava fazendo um tremendo sacrifício, comprando ingresso e tal... Já estava de saco cheio e prestes a falar: “Tá. Chega. Não vamos mais.”

- Ainda bem que você foi, então.

Dei um meio sorriso. Ele ficou me olhando e disse:

- Queria falar com você.

- Diga.

- Estava pensando em uma coisa. O Bill viu a gente... Se beijando.

- É, eu desconfiei. - Disse.

- Pois é. Pensei que a gente podia fingir que está namorando para fazer ciúmes nele.

- Não vai funcionar. - Respondi. - Esqueceu que vocês vivem falando que sempre sabem o que o outro está pensando?

- É, mas a gente podia dar um jeito de ele não desconfiar. Sei lá, parecer real mesmo.

- Você está querendo é abusar de mim, seu sem-vergonha! - Falei, dando um tapa no seu ombro e o fazendo rir. Ele deu um sorriso safado.

- Não. Estava pensando aqui com meus... - Olhou para a própria roupa, me imitando e me fazendo rir baixo. - As listras da minha blusa que, se o Bill saiu daqui parecendo um buscapé, como você mesma costuma dizer - Arqueei a sobrancelha, rindo. - é porque algum efeito teve nele.

- Efeito que você diz é tipo... Ciúmes?

- Eu acho, te digo sinceramente.

Olhei para ele, desconfiada.

- Sabe o que eu acho que seria ainda pior para ele? Se ao invés de dizermos que estamos namorando, fôssemos “amigos com benefícios”. No caso, seria como o Justin Timberlake e a Mila Kunis naquele filme.

- Com sexo no meio? - Perguntou, fazendo cara de tarado.

- Aí que está. Ele não precisa saber que a gente não está realmente... Transando.

- Tem sempre que acabar com a minha alegria, né, Luiza?

Ri da cara dele, que me pegou de jeito. Sabendo que eu sofria por ser sensível à cócegas, veio com tudo para cima de mim. A posição em que estávamos não podia ser menos pior. Sem falar que eu beirava a histeria e tentava dar joelhadas (não muito fortes) na sua bunda. No meio da confusão, percebi uma coisa e comecei a estapeá-lo, conseguindo soltar minhas mãos das suas e reclamava:

- Seu pervertido tarado ninfomaníaco safado cachorro duma figa de meia tigela!

Me olhou de um jeito, querendo rir e se controlando.

- A culpa é minha?

- Claro que é! Quem é que inventou de ficar de luta comigo, hein? - O provoquei, fazendo com que desse aquele sorriso safado. - Além do mais... Eu sei que lutas desse tipo excitam os caras. Vai negar?

- Não. E quando a menina é... Gostosa que nem você...

Tive que rir.

- Sinceramente, se eu quisesse... Casava com você só para te ouvir me chamando de gostosa mais vezes, ajudando a quase explodir meu ego e elevar minha autoestima. Mas... Sendo franca, nunca sonhei em me casar com alguém. Muito menos entrar numa igreja, toda vestida de branco.

- Nem com o meu irmão? - Neguei com a cabeça. - Por que eu ainda me surpreendo?

Ri e falei:

- Era de se esperar, uai! Ainda mais que falei que nunca sonhei em casar. Seja com o Bill, com você ou qualquer outro cara. No máximo, vou juntar os trapos.

Foi a vez de ele rir e, por fim, foi ao banheiro por um instante. Quando saiu, perguntou, fazendo manha:

- Liebe... Vamos sair à noite? Vamos naquela boate que te falei outro dia... Anda, vai ser divertido.

Revirei os olhos e tive que concordar, mas com duas condições: Que ele viesse me buscar e de táxi, já que sabia que iria beber e não queria correr nenhum risco.

Lá pelas dez da noite, o interfone tocou e, sabendo quem era, avisei que estava descendo. Assim que tranquei a porta, dei o azar de encontrar com o Bill, que me olhou de cima a baixo, quase sussurrando um “boa noite”, apertando o botão para chamar o elevador. Assim que entramos, tive que me olhar no espelho, vendo os olhares furtivos que o Bill me lançava. Só achava engraçado porque nem tinha escolhido um vestido muito curto, com decote gigante, mostrando quase... O que não pega sol, normalmente. Era um simples, tomara-que-caia preto, rendado com uma faixa em torno da cintura, formando um laço. A única coisa mais ousada na minha produção, além do salto enorme e agulha, era a carteira, que era do tipo “chego-um-ano-antes-da-Luiza” por causa da cor. Mas quem disse que eu estava me importando com isso? Tudo bem que a minha nuca estava descoberta por causa do meu cabelo preso em um rabo-de-cavalo alto, inspirado no que a Nina Dobrev usou em um evento.

- Joaninhas. - O ouvi dizer. Olhei para ele através do reflexo do espelho e respondi:

- Pois é. Ouvi dizer que vocês daqui da Alemanha acreditam que elas, assim como borboletas, trazem sorte, estou certa?

- Está. - Respondeu, dando um sorriso malicioso. - É sua única tatuagem?

- Faz diferença?

- Pode fazer...

O elevador parou no térreo e, antes de as portas se abrirem, aproximei minha boca do seu ouvido e, quase sussurrei:

- Tem mais cinco além dessa. Todas em lugares estratégicos.

E pisquei, saindo do elevador, vendo sua expressão. Enrolando a ponta do meu cabelo nos dedos, saí rebolando e, justo naquela hora, o Tom apareceu e, olhando de mim para o Bill, sorrindo. Segurou o riso quando me viu fazendo palhaçada e rebolando enquanto andava. Deu um beijo estalado na minha bochecha, fazendo questão de babar um pouco, conseguindo um tapa estalado no seu ombro e perguntou, aproximando a boca do meu ouvido:

- Hoje está mais para anjo ou demônio, hein?

- Continua babando na minha bochecha que juro que vai descobrir o meu lado diabinho.

Quase imediatamente me arrependi de ter dito aquilo ao ver a cara que fez.

- Vamos?- O Bill perguntou, se materializando do meu lado.

Quando chegamos, olhei o lugar e a música eletrônica e alta já tocava pelo lugar enorme e tinham várias pessoas dançando. Fui guiada por eles até a pista VIP e achei ótimo que não ia ter de correr o risco de algum bêbado tentar alguma gracinha comigo. E a última coisa que eu ia querer era atrair atenção. Já não gostava de muita antes de conhecê-los. E depois então...

O Tom me apresentou para alguns amigos dele que estavam ali, inclusive o Jost e o Andreas, que me olhou de cima a baixo e deu um sorriso torto, trocando um olhar cúmplice com o Tom. Na mesma hora, pensei que ali tinha coisa...

Cerca de uma hora e meia depois, estava ouvindo o Andreas contando um caso hilário envolvendo o Tom quando vi algo que não imaginava: O Bill ficando com uma menina. Respirei fundo e voltei a dar atenção ao Andreas, rindo assim que ele começou a gesticular de maneira exagerada, brincando.

- E aí? Uns passarinhos me disseram que você e o Tom estão ficando...

- Passarinhos esses que são umas maritacas mesmo, hein? - Brinquei, fazendo-o rir. - Mas... Sei lá. Oficialmente, eu sou amiga do Tom e vice-versa. - Antes que pudesse me controlar, meu olhar foi novamente atraído para o Bill, que continuava beijando a menina. Com a adição da mão dele apertando em cheio a bunda dela. - Falando nisso... Viu o Tom por aí?

Ergueu o olhar, segurando o riso e falei:

- Não vai funcionar tentar me dar um susto, Tom. - Me virei para trás e o vi, rindo.

- Vem dançar.

- Quê? Tom, espera! - Mas já era tarde. Tinha me puxado para um canto bem específico dali e, logo, uma música começou a tocar. A reconheci e não contive um sorriso. O Tom me puxou para mais perto e perguntou, com a boca perto do meu ouvido:

- Conhece essa música?

Concordei.

- Tenho ela no meu computador. Escuto muito raramente por causa de uma birra que tenho da banda.

- Por quê?

- Longa história que te conto qualquer dia desses.

Antes que pudesse me dar conta... Lá estava cantando a bendita, ao mesmo tempo em que o Tom me ajudava a dançar de maneira sexy (O problema de ser palhaça é isso: Na hora em que mais precisa, cadê a seriedade?):

We used to go together.
(Nós costumávamos andar juntos)
Looking after each other.
(Cuidando um do outro)
I thought that you were better,
(Eu achei que você era melhor)
Look at you.
(Olhe para você)
Look at you
(Olhe para você)
Look at you
(Olhe para você)
Look at you
(Olhe para você)

You used to be so layed back.
(Você costumava ser tão descontraído)
You always kept it so cool, (cool cool cool)
(Você sempre se manteve tão legal (legal, legal, legal))
I loved you cos of all that, that's the truth.
(Eu te amei por causa de tudo isso, essa é a verdade)
That's the truth
(essa é a verdade)
That's the truth
(essa é a verdade)
That's the truth
(essa é a verdade)

- Tem certeza que não gosta da música? - O Tom perguntou, com a boca perto demais da minha orelha, me causando um arrepio daqueles.

- Pois é, né? Esse é o problema desse tipo de música. - Respondi, fazendo-o rir.

- Põe a mão na minha nuca. - Pediu. - E morde o lábio.

Obedeci, sentindo que estavam olhando. Também... Naquele esfrega-esfrega todo...
Justamente na hora do refrão, senti o efeito dos dois drinks que tinha tomado. E aproveitei a oportunidade, que o Bill me encarava, finalmente percebendo que eu estava dançando. Cantei, olhando para ele:

And now you wanna pretend that you a superstar,
(E agora você quer fingir que você é uma super estrela)
And now you wanna us to end, what's taking you this far.
(E agora você quer que nós acabemos com o que te trouxe até aqui)
Don't tell me that your done as far as we go,
(Não me diga que você está farto contanto que continuemos)
You need to have a sit down with your ego.
(Você precisa se sentar só com o seu ego)
When everyone's gone and you're by yourself,
(Quando todo mundo se foi e você está sozinho)
You know that you gonna come to me for help.
(Você sabe que virá atrás de mim para pedir ajuda)
Don't tell me that it's time for going solo,
(Não me diga que é hora de seguir sozinho)
You need to knock some sense into your ego
(Você precisa por algum sentido nesse seu ego)
(Ego 4x)

A menina que beijava o Bill, tentava à duras penas chamar a atenção dele. E me sentindo incrivelmente bem (Sem falar que tinha uma sensação ótima de que estava sexy, com boa parte da ala masculina naquela área VIP me fixando, alguns de queixo caído, como o Georg.), continuei dançando e cantando a música.

Assim que começou outra, fui até o bar, arrastando o Tom a tiracolo comigo. Perguntei, tomando o primeiro gole do meu primeiro drink:

- Está olhando ainda?

- E com cara de poucos amigos. - Disse, tentando se manter sério. Mordi o lábio, conseguindo fazer com que ele me olhasse e, colocando minha taça sobre o balcão do bar, falei: - Beleza, Chega de álcool. Daqui a pouco te agarro, daí a gente vai acabar fazendo algo que eu preferia que acontecesse em outras circunstâncias, sem uma única gota de álcool no sangue e na hora certa.

Pisquei e ele riu.

Procurei tomar água e comer algo doce, para equilibrar minha glicose e não me deixar ainda pior.

Quando o sol estava quase nascendo, lá pelas tantas da manhã, o Tom estava no mesmo nível de sobriedade que eu, apesar de os comentários tarados ficarem ainda piores, dormiu no meu apartamento. Porém, para evitar certos... Imprevistos, digamos assim, cada um dormiu num quarto.

Na tarde seguinte, logo depois do almoço, quando o Tom foi embora, assim que abri a porta, desejei não tê-lo feito: O Bill estava agarrado com uma piriguete loira, quase a comendo (OK. Eu sei que isso não foi educado mas é o mais adequado à situação) ali no meio do corredor. O Tom pigarreou, interrompendo os dois e foi minha deixa para puxá-lo por aquela lateral do capuz para mais perto e só deixei o coitado respirar fundo para agarrá-lo. Sabia que o Bill não deveria estar com a melhor das expressões, mas do jeito que eu estava, só uma única coisa passava na minha cabeça: “Foda-se”.

Parecendo uma piriguete de quinta, puxei o Tom para mais perto e, do jeito que a situação estava, acabamos aproveitando um pouco mais que o limite: Além do beijo ser aquele mais intenso possível, extremamente sensual e com direito à mordidinhas no meu lábio inferior, ainda de quebra, senti a mão dele escorregando da minha cintura para a minha bunda e a apertando com vontade. Incapaz de me controlar, deixei um gemido escapulir por entre meus lábios e arranhei sua nuca. Foi quando começou a beijar meu pescoço e a situação ficava cada vez mais crítica; No exato instante em que senti a barba dele arranhando meu pescoço, veio aquele arrepio com direito à estremecida tensa percorrendo toda a extensão da minha espinha. Só me dei conta do que estava acontecendo quando senti uma certa... Parte da anatomia dele me cutucando e percebi que o Bill tinha entrado e a piriguete ido embora. Parei de beijá-lo, dando alguns selinhos mais demorados e o afastando gentilmente. Ainda meio ofegante e com a boca inchada, me olhou daquele jeito mais tarado possível e perguntou:

- O que te deu?

- Ataque de taradice. - Respondi, rindo e fazendo com que ele me acompanhasse, apesar da expressão lasciva.

- O que te deu de verdade?

- Só fazer ciúmes no seu irmão. E funcionou... - Sorri, marota. O Tom também sorriu, porém, percebi que tinha mais uma coisa ali. Ia dar um jeito de descobrir aquilo...

Postado por: Grasiele

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