quinta-feira, 7 de junho de 2012

The Neighbour - Capítulo 3

 Bill
Saí do apartamento da Luiza meio transtornado. Fui até o hospital sozinho. Foi mais por precaução e ver se não tinha algo de errado. Assim que fui liberado, fui para a casa do Georg, que perguntou, assim que me viu:

- O que foi?

- Preciso conversar com alguém. E a última pessoa com quem quero fazer isso agora é o Tom.

- O que aconteceu?

- Peguei ele beijando a minha vizinha. Se eu, acidentalmente, não tivesse esbarrado numa banqueta que estava no meio do caminho, sabe-se lá o que teria acontecido. Imaginava que ela fosse... Diferente, sabe?

- Diferente como?

- Sei lá, que valesse a pena. Deveria ter desconfiado no instante em que ficou se jogando para cima do Tom, assim que o conheceu.

- Eu ainda não a conheço. Não sei como ela é com ele e como é com você. Prefiro tirar conclusões depois que nos encontrarmos.

- Você vai concordar comigo. É um lobo em pele de cordeiro. Aposto que está enganando o Tom.

- Bill, espera aí. O Tom me falou que você está a julgando mesmo sem conhecê-la bem.

- Eu? Julgando? Ah, Georg, vai se fuder! A menina me dá um esporro daqueles em pleno supermercado e quer que eu fique cheio de sorrisos para cima dela? Não sou falso, você sabe disso.

- Sei. E sei que você está doido para dar um pé na Sofia para partir para o ataque para cima da Luiza. Está dando perfeitamente para ver.

Mandei o dedo do meio para ele e retruquei:

- Pelo menos ela não podia ser uma baranga? Era mais fácil de repeli-la.

Riu e tive que acompanha-lo.

- Como ela é? - Perguntou.

- Deve ter em torno de um metro e sessenta e poucos, magra, cabelo escuro, batendo na cintura, meio liso, meio ondulado, olhos castanhos, pele branca...

- Tá explicado porque você gostou dela. - Disse, sorrindo.

- Ela tem a boca carnuda, além de tudo. - Falei, me lembrando. - O Tom vive dizendo que eu deveria tentar, pelo menos, ser amigo dela.

Continuou conversando comigo e, por fim, quando falei que estava indo, pediu:

- Vai com calma quando encontrar os dois. Lembre-se que seu irmão e ela são solteiros e você namora a Sofia.

Me ocorreu uma coisa e perguntei:

- Como... Você sabe que ela é solteira?

- Tenho minhas fontes. - Respondeu, sorrindo sem mostrar os dentes.

- Tom. - Concluí. Deu de ombros e logo depois, fui para a casa do meu irmão. Ele estava lá e, assim que abriu a porta, se surpreendeu de me ver ali. Perguntou:

- E a sua cabeça?

- Ainda está doendo um pouco, mas já fui no hospital. Disseram que não foi nada sério.

- Ainda bem. Entra. - Disse, me deixando passar. Assim que me larguei sobre o sofá, quis saber: - Por que saiu correndo do apartamento da Iza daquele jeito?

- Não quis atrapalhar vocês dois. - Respondi.

- Não atrapalhou. Quer dizer, logo depois ela me expulsou.

Olhei para ele, surpreso. Concordou e explicou:

- Me mandou ir atrás de você. Tentei te ligar a tarde inteira, só que você desligou o celular. Então, há cinco minutos, o Georg me avisou que você estava vindo.

- Eu... Precisava conversar com alguém. Sabia que você estaria com a Luiza ainda e por isso fui até lá.

Acabei dormindo ali, sem muita insistência do Tom e nenhum pingo de vontade de voltar para a casa.

No meio da noite, ouvi um barulho e ainda estava um pouco sonolento quando percebi que não estava sozinho. Havia mais alguém comigo naquela cama. E era uma mulher. Sem roupa nenhuma. Podia ver a curva perfeita da sua cintura e, tentado, a toquei, fazendo com que ela se mexesse. Por causa da iluminação fraca, não consegui ver direito quem era. Assim que estiquei meu braço na direção do abajur, me impediu, segurando meu pulso. Percebi que estava em cima de mim, relativamente sentada sobre o meu colo e com uma perna de cada lado do meu corpo. Começou a me beijar lentamente e notei que não conhecia aquela boca. Era carnuda e macia.

Consegui inverter as posições, deixando-a por baixo de mim e me ocupei em beijar e acariciar cada mínimo pedaço do corpo dela. Já não aguentava mais a minha excitação e a necessidade dela ficava cada vez pior.

Quando finalmente consegui o que queria, a sentia tremer sob o meu corpo à medida que eu aumentava a velocidade e intensidade com que me movia dentro dela. Sua pele alva brilhava com o suor que cobria cada milímetro dela. O seu cheiro me inebriava e quase me enlouquecia. Quando finalmente atingiu o clímax e gemeu meu nome, não foi a voz da Sofia que eu ouvi, mas a da Luiza. Meu susto foi tão grande que só me dei conta de que era um sonho quando abri os olhos e vi que estava no meu quarto na casa do Tom. Passei as mãos no rosto e suspirei, pensando que tinha começado a perder o juízo por sonhar com a minha vizinha ao invés da minha namorada. Foi então que baixei o olhar até o meu colo e percebi uma coisa: Estava excitado. Pensei em como a Sofia nunca conseguira isso nesses dois anos de namoro. Quer dizer, óbvio que já tinha me excitado durante um amasso, mas sentia como se estivesse no automático, sem sentir que estava totalmente envolvido. E naquele instante, percebi que parecia que o sonho tinha sido real , que a Luiza realmente estivera ali e até que ouvi sua voz gemendo meu nome.

Um tempo depois, quando o Tom me viu, encostado na bancada da cozinha e encarando o piso de mármore branco, perguntou:

- Tomou banho?

Olhei para ele, pensando se contava ou não.

- Sonhou com a Luiza. - Disse. E estava afirmando, o que era o pior de tudo.

- É, mas vocês estão juntos. - Respondi. - E ainda não resolvi as coisas com a Sofia.

Me olhou de uma maneira indecifrável, por incrível que pareça.

- O que foi?- Perguntei.

- Nada. Só estava pensando que eu não acho que você e a Sofia vão dar certo. Quer dizer, está desgastante para vocês dois e continuar vai ser teimosia. O povo já diz: Errar uma vez é humano. Persistir no erro é burrice.

Mordi o lábio, por não saber o que dizer.

Quando voltei para a casa, no final da tarde, encontrei a Luiza e, do nada, não consegui me controlar:

- Sabia que como enfermeira você é ótima... Groupie?

Arqueou a sobrancelha e perguntou:

- Isso tudo é por que me viu beijando o Tom? Engraçado, porque tinha que sentir ciúmes da Sofia que é... Ou era sua namorada. Não de mim, que não sou nada além de vizinha da porta da frente.

- Ah, mas está se achando mesmo, não é? Vê se eu vou ter ciúmes de você, garota!

- Se não tivesse... Não teria saído daqui de casa correndo. Aliás, nunca podia esperar que gostasse de voyeurismo, Kaulitz. Ainda mais com seu irmão envolvido na história...

Abri a boca para retrucar e, por fim, simplesmente disse:

- Só te digo uma coisa. Não pensa que eu vou deixar você usar meu irmão dessa maneira. Tente pensar em prejudica-lo para ver o que te acontece.

Com ar debochado, respondeu:

- Eu não dou a mínima para você. Aliás, quero que se foda e me deixa quieta no meu canto. Se mete comigo para ver se, quem não vai acabar mal nessa história toda, não vai ser você!

- Me ameaçando? - Perguntei, no mesmo tom que ela. - Sabia que essa não é a atitude mais sensata? Se eu quiser, posso conseguir uma daquelas liminares que vão te manter a certa distância de nós. Se tentar se aproximar, vai presa. Quem saber até deportada...

- Ah é? E vai alegar o quê? Que estou abusando sexualmente do Tom, com o próprio consentimento dele? Sem falar que não tem provas concretas e nem testemunhas contra mim. Portanto, não pode fazer nada. E estou só te dando um aviso. Nada além disso.

E, sem nem mais, nem menos, entrou no apartamento, fechando a porta na minha cara.

Cerca de uma semana depois, percebi que o Tom estava interferindo no meu namoro com a Sofia. A minha relação com ela foi ficando cada vez pior e, por fim, não consegui terminar tudo de maneira civilizada. Sabia que ia fazer alguma coisa para me prejudicar e à minha carreira e era apenas uma questão de tempo.

Assim que saiu de casa, ainda estava com a porta aberta quando a Luiza chegou da escola. Saiu do elevador, a Sofia entrou e fez questão de passar a roda da mala sobre o pé da minha vizinha, que franziu o nariz, mas segurou a língua. Quando o elevador estava quase no térreo, a ouvi resmungando algo em português e falei:

- Bem feito.

Se virou para me olhar, surpresa e disse, mexendo os dedos como se estivesse fazendo um encantamento (Ou no caso, jogando praga):

- De hoje em diante, seus encontros com as garotas que não estejam realmente interessadas em quem você é de verdade, por trás de toda a fama e dinheiro, serão desastrosos. E saúde.

A olhei sem entender e, do nada, me deu uma vontade absurda de espirrar. Arregalei os olhos, olhando para ela, que também o fazia.

- Ih, sai para lá, ô bruxa! - Falei, deixando-a rir sozinha. Ela também entrou em casa. Imediatamente, liguei para o Tom e, depois de três toques, ele atendeu:

- Fala, Bill.

– A Luiza jogou praga em mim! E ainda me fez espirrar! Te falei que ela era o demônio de minissaia!

Ouvi sua risada do outro lado da linha e, por muito pouco, não desliguei o telefone, bufando.

Na sexta-feira seguinte, o Tom me chamou para ir até a casa dele e, de quebra, tive que dar carona para a minha vizinha. Não me disse uma única palavra por todo o caminho, ainda que eu a provocasse.

Assim que chegamos, o Tom convenientemente tinha feito um programa de casais e arrumou alguém para ficar com ele. Uma garota do tipo físico da Jessica Alba: Cabelos castanhos, pele bronzeada, busto grande o bastante para ficar chamativo sem ser vulgar dentro do decote da sua blusa...

- Oi, Di! - A Luiza disse, assim que a viu. As duas se abraçaram e fiquei com cara de tacho. Desde quando se conheciam?

Uma vez que todo mundo tinha pipoca o suficiente, sem falar em outras guloseimas, como balas de goma e até chocolate, e estávamos todos nos seus devidos lugares, tive a sensação de que aquilo era um complô para me fazer ficar com a Luiza.

O primeiro filme que vimos foi um daqueles melosos ao extremo. As meninas (Menos a Luiza) ficaram suspirando, fungando nas partes tristes e fazendo coisas que elas geralmente fazem. Minha vizinha, por outro lado, só piscava. E sabia que estava respirando porque seu peito subia e descia. Quer dizer, não fiquei observando o decote da blusa dela, apesar de a tentação ser grande. Simplesmente olhava pelo canto do olho e a via respirando.

Assim que o filme acabou, vimos um de terror e, para nossa enorme surpresa... A Luiza dormiu. Era um terror tipo Jogos Mortais e, assim que teve a primeira cena sanguinolenta, ela ficou quieta demais. Estranhei, fui olhá-la e vi que estava dormindo. Fiz sinal para o Tom, que a olhou e ficou rindo. O mais impressionante é que não acordou nem com os gritos das meninas.

Enquanto o Tom trocava o filme de terror por um outro, a Luiza acordou e óbvio que foi zuada por todos nós.

- Cara, você deve ser a primeira pessoa que eu conheço que dorme em filme de terror! - O Georg disse, rindo.

- Já não sou muito fã de sangue. Ainda me aparecem com um filme à altura de Jogos mortais no quesito nojeira... Vou fazer o quê, senão quero assistir? - Perguntou, comendo algumas das balas.

- Você não é normal... - O Georg disse. Tomou aquele tapa da Elise, que disse:

- Ainda tinha uma excelente desculpa para ver...

Entendi na mesma hora que estavam falando de mim. A Luiza franziu o nariz e a acompanhante do Tom, que se chamava Nadine, pediu para irem ao banheiro. Como era de se esperar... Elise e Karin foram. Mas não a Luiza.

- Ok. Mata uma curiosidade nossa. - O Tom pediu, colocando o filme no aparelho. - Por que mulher vai ao banheiro em bando?

Rindo, explicou:

- Fofocar, fazer xixi e retocar a maquiagem.

- E por que você não foi?- O Gustav perguntou.

- Não gosto de fofoca, por enquanto não preciso ir ao banheiro e estou só usando batom mesmo.

Todos nós a olhamos, curiosos.

- Por quê? Não gosta? - Perguntei. Me olhou, curiosa.

- Gosto. Mas nada muito... Produzido quando é algo casual, como uma sessão caseira de cinema.

- Você não é normal... - O Georg disse, rindo e negando com a cabeça.

- Melhor assim. Imagina se eu fosse? Ia ser insuportável. - Respondeu, sorrindo. - Liga não. É coisa do signo.

- Que signo? - O Gustav quis saber.

- O meu. Aquário. Tem a mania insuportável de querer ser diferente de todo mundo. - Disse.

- Melhor irem se acostumando com ela. - O Tom avisou. - A Iza é uma bruxa incubada.

A própria arqueou a sobrancelha, querendo rir e disse:

- Agradeço a parte do bruxa e dispenso a parte do incubada.

Rimos e as meninas voltaram. O próximo filme era um que a Luiza não quis ver. Até saiu da sala, dando a desculpa esfarrapada de que ia ao banheiro. As meninas se ofereceram para ir com ela, que não aceitou de maneira educada. Esperei dar uns quinze minutos para ir atrás dela, usando a lata vazia de Coca-Cola como álibi. A encontrei na varanda, perto da piscina (Que era daquele tipo que parece que a água vai escorrer para fora da borda), sentada em uma das espreguiçadeiras e acariciando um dos cachorros do meu irmão. Fazia alguns sons engraçados e dizia algumas coisas como “Quem é o cachorro mais lindo do mundo?”. Me sentei ao seu lado e quis saber:

- Por que não quis ir ao banheiro naquela hora? Seja honesta.

Me olhou e respondeu:

- E o que saber disso vai mudar sua vida?

- Muita coisa. Pelo menos dá para saber se você fala mal de mim.

Riu e disse:

- Não falo, só para te tranquilizar. E eu gosto de ir sozinha ao banheiro. Sei lá, acho que deve ter alguma ligação com as meninas de uma turma de escola que eu tive. Foi a pior de todas.

- Por quê?

- Você não é a única vítima de bullying aqui, Bill. - Disse, me olhando. - Nessa época, as meninas eram tão... Vacas que todo mundo entrava no mesmo cubículo. E como eu era um ano mais velha, graças à única bomba que tomei, e já estava crescendo, tinha... Vergonha. Até mesmo medo de elas descobrirem e a turma ter mais um motivo de me encherem o saco.

- Sério?

Concordou.

- Idiotice, eu sei. Na época, não era. Enfim, depois descobri que todo mundo passa pelas mesmas coisas e há algum tempo, comecei a gostar mais do meu corpo.

- E pegavam no seu pé por...?

- O motivo não está meio... Óbvio? - Perguntou, dando um sorriso torto. A olhei e, de graça, fez bico, me fazendo rir. - Sério. O povo sempre me atazanou por causa da minha boca. E o principal apelido era tão original... - Sarcasmo sempre presente.

- Qual era?

- Bocão.

- E... Você não gosta da sua boca?

- Ah tá bom! Tem a Angelina Jolie, que é uma das minhas atrizes preferidas, que tem a boca maior que a minha. Tem a Scarlett Johansson. A Julia Roberts e mais uma pá de bocudas naturais. Acho ótimo ter uma boca assim. Quer dizer, imagina se eu tivesse que dar uma de Lindsay Lohan e fazer preenchimento? Ia ser... Tenso. Seria mais ou menos assim. - E fez com que a boca parecesse com um bico de pato, arrancando mais risadas minhas.

- Aposto que os caras lá da sua cidade ficavam doidos... - Falei sem pensar.

- Aqui¹, só porque eu falo que Belo Horizonte é um ovo de beija-flor, não significa que tenha uma miséria de homens por lá. O problema é que os belorizontinos não estavam valendo a pena tanto assim.

A olhei e não pude deixar de olhar cada mínimo detalhe do seu rosto, as pintas sobre as bochechas e a solitária sobre o lado, do lado direito, acompanhei o movimento das suas íris castanhas e até o leve movimento dos cantos da sua boca, se curvando para cima.

- O que foi? - Perguntou.

- Estava só... Te olhando. - Confessei, sentindo minhas bochechas esquentarem. Só o que me faltava! Me sentir como se fosse um adolescente de novo. Deu um sorriso tímido e, antes que pudesse fazer algo, me aproximei dela, só inclinando o corpo para a frente. - Nenhuma outra garota conseguiu fazer isso.

- Isso o quê?

- Agir feito um adolescente. Me deixar nervoso, sem saber o que fazer...

- Estamos empatados. - Respondeu, mantendo seu sorriso tímido. Por causa de uma atração estranha, nos aproximamos ainda mais um do outro e, justo quando estávamos quase nos beijando... As duas espreguiçadeiras tombaram e caímos. Quando menos esperei, ela começou a rir.

- A gente caiu e você está rindo?

Concordou.

- Melhor rir que chorar o leite derramado. - Deu uma piscada para mim. - Se ficar reclamando, aí que é pior.

Tive que concordar. De repente, a Luiza resmungou algo e se levantou, apressada. Quando olhei para trás, vi que o Tom estivera nos observando, com um sorrisinho satisfeito.

Postado por: Grasiele

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Arquivos do Blog