quinta-feira, 7 de junho de 2012

The Neighbour - Capítulo 5

 Bill
Eu andava de um lado para o outro, pisando forte. Não podia estar mais irritado e inclusive, quase voando no pescoço do meu irmão.

- Ela não tem experiência nenhuma! - Quase gritei.

- Por isso mesmo acho que será bom para ela. - O Jost respondeu, calmamente.

- Ah, sim. Vai ser perfeito para que ela seja nossa Groupie. - Falei, ainda sem baixar o volume da minha voz.

- Bill, não vou voltar atrás na minha decisão. Ninguém vetou a contratação e você é o único que é contra. E por pura implicância.

- Implicância? Jost, ela é uma vagabunda! - Gritei. - Aquela ali, de santa, só tem a cara. E o sobrenome.

- Bill, goste ou não, ela vai trabalhar com você e o resto da banda. E nada de ficar com implicância ou até mesmo fazer com que seja despedida. Consegui excelentes referências dela e portanto, não tem porque ela não trabalhar com a gente.

Bufei, impaciente. É, a Luiza tinha conseguido. Foi contratada para trabalhar com a gente durante uma turnê inteira. Sorte é que seria daqui a uns dois anos, mas ainda assim...

É, agora ela era presença constante entre nós, por causa do Tom. Os dois faziam questão de ficar na frente de todo mundo e isso era extremamente irritante, verdade seja dita. Quer dizer, era realmente ficar mostrando para todo mundo?

O pior de tudo era que, em uma tarde de domingo, estava em casa, morrendo de tédio e zapeando pelos canais de televisão, me ocorreu uma coisa. Fui até o quarto e busquei o laptop. Acessei um site da Luiza que ouvi a Sofia comentar a respeito. Fiquei impressionado com a quantidade de posts sobre as características de aquarianos que tinha ali. Sem falar nas fotos e gifs de gatos e o mais surpreendente: Diria que uns 90% dos posts eram sobre nós. Havia fotos, gifs, algumas montagens... Porém, me deparei com um específico onde havia uma montagem com fotos da minha bunda e um boneco comendo. No primeiro quadro, o boneco dizia “Bem, ainda não tem bunda.” No segundo, o boneco ainda comia e dizia: “Não. Ainda não. Mas já gosto.” No terceiro, era uma foto do desfile da Dsquared e o boneco cuspia algo. E na última foto, da apresentação da MUZTV, o bonequinho aparentemente havia morrido.

Continuei olhando e percebi uma coisa: Ela gostava de mim. Quer dizer, gostava dos outros também, mas eu era o preferido. Os posts que diziam “Reblog se você ama Bill Kaulitz” me fizeram ter certeza disso.

De repente, me deparei com uns posts que me interessaram e muito. Fui na página de origem e escolhi o signo dela. Vi todas as informações e tinha certeza de que aquilo tudo me seria muito útil...

Aquele sonho que tive na casa do Tom não foi o único que tive com ela. Todos os dias, sonhava com ela e o mais inocente que fazíamos era um amasso daqueles. Para piorar minha situação, o Tom sempre cismava de fazer algum programa, chamava todo mundo e ficava agarrando a Luiza.

E a minha relação com ela ficava cada vez pior. Quer dizer, desde o dia que fomos à boate que estava estranha comigo. Só me dava “bom dia”, “boa tarde” e “boa noite” quase murmurando quando me encontrava. Quando as frases eram maiores, eram farpas. Ela sempre tinha uma resposta na ponta da língua.

Muitas vezes, fazia certas coisas só para irritá-la. Como dar uma festa no meu apartamento, com música eletrônica ligada naquela altura durante a noite. Obviamente, teve alguém (Que surpreendentemente não foi ela) que chamou a polícia. Na manhã seguinte, descobri o porquê de ela ter ficado quieta: Foi para a casa do Tom.

Em resumo: Estava complicado conseguir manter a paz entre nós dois.

Assim que o CD foi lançado, as fãs ficaram em polvorosa porque eu estava solteiro de novo. À essas alturas, já tinham descoberto sobre a Luiza e, conforme o esperado, as fãs do Tom estavam furiosas com ela, que sempre era gentil com todas, apesar de terem algumas mais agressivas.

Uns dias depois, estávamos nos preparando para entrar no ar em um programa de entrevistas quando fiquei sozinho com ela. Não podendo perder a oportunidade, a provoquei:

- Boa jogada essa sua, de fingir ser a boazinha para dobrar as fãs do Tom...

Arqueou a sobrancelha e perguntou:

- “Fingir ser a boazinha”? Kaulitz, não é questão de dobrar as fãs ou não. É questão de educação e gênio. E no meu caso específico, é questão de o santo bater ou não, que nem aconteceu com você.

Foi minha vez de arquear as sobrancelhas.

- Ah, quer dizer então, que “seu santo” não bateu com o meu?

- É. E raramente erro quando isso acontece. - Respondeu. - E se prepara porque daqui a pouco te chamam.

- Atitude madura a sua. Julgar os outros e dar a desculpa dos santos se batendo...

Parou no meio do caminho para a porta.

- Você não vai conseguir estragar meu bom humor, desiste.

- E quem disse que esse é meu interesse? Para mim, não faria a mínima diferença se você estivesse aqui ou não.

- Não é o que está parecendo, Kaulitz.

Por mais que eu detestasse o tom de desprezo na sua voz quando me chamava pelo sobrenome, ainda sim, adorava ouvi-lo saindo da sua boca.

- Tá se achando mesmo, hein?

Revirou os olhos, suspirando.

- Não. É óbvio. Toda santa vez que você me vê com o Tom, fecha a cara, fica fazendo comentários surpreendentes para você... E a julgar pelas suas atitudes nessas horas, garanto que pode-se tirar uma conclusão dentro de duas hipóteses: Ou você está com inveja ou está com ciúmes. E não é porque estou “roubando” seu irmão, como me acusou uma vez.

- Eu? Com inveja ou ciúmes de você? Faça me rir, Belotti! - Disse, a provocando. Sabia o quanto detestava quando a chamavam pelo sobrenome. Travou a mandíbula e isso me fez sorrir satisfeito.

- Bom, já que você não tem inveja e nem ciúmes... Então para de ficar me secando toda santa vez que a gente sai e uso vestido. Ou minissaia.

- Eu sou homem! Quer que eu não fique olhando para suas pernas?

Percebi que ia dizer alguma coisa e, justo naquela hora, o Tom entrou. Quis saber:

- Querem um alto-falante para continuarem a discussão e todo mundo ouvir?

A Luiza revirou os olhos e saiu dali, batendo pé. Mimada.

- Você também não sossega, né? - O Tom perguntou, me censurando. Ótimo! Tudo o que eu mais precisava naquela hora.

- Essa garota me enlouquece! Só o fato de ela existir já me tira do sério.

- Olha bem o que você está falando, Bill. - Me falou, com expressão séria. Respirei fundo e tentei me acalmar.

Durante toda a entrevista, a vi nos bastidores, nos olhando fixamente. Ria de alguns comentários do Tom, rolando os olhos e balançando a cabeça negativamente. Quando eu falava, percebia que ela prestava mais atenção ainda e em mais de uma vez, notava que um dos cantos da sua boca se curvava para cima, fazendo com que a covinha solitária da sua bochecha direita aparecesse.

Quando viemos embora, ofereci carona para ela, que arqueou a sobrancelha, surpresa.

- E... A troco de quê está me oferecendo uma carona?

- Somos vizinhos. Melhor ir comigo do que gastar dinheiro com táxi. - Justifiquei.

- E desde quando se preocupa no que gasto meu dinheiro?

- Quer a carona ou não? - Perguntei, já perdendo um pouco da paciência. Ela suspirou e aceitou.

Enquanto estávamos parados no sinal, liguei o rádio e tocava uma música qualquer. Pelo canto do olho, vi que tamborilava os dedos sobre a coxa, no ritmo. Aproveitei para observá-la. Foi quando meu olhar recaiu sobre sua mão. Mesmo com algumas linhas finíssimas e brancas, não deixava de ser linda. Tomado por um impulso, estiquei a minha e a peguei, sentindo-a enrijecer.

Ergueu o olhar até encontrar o meu e comecei a acariciar sua mão, fazendo círculos com o meu polegar. Baixou o olhar e, justo quando abriu a boca para falar alguma coisa, o motorista de trás buzinou, fazendo com que eu percebesse que o sinal havia aberto. Hesitando, soltei sua mão e voltei a dirigir o carro. Nenhuma única palavra foi pronunciada por nós durante todo o trajeto de volta para a casa. Nem mesmo dentro do elevador. E assim, continuamos até que cada um entrasse no próprio apartamento.

Uns dias depois, voltamos ao nosso normal de brigas, com a diferença que agora, tanto ela quanto eu, nos insinuávamos um para o outro. E uma coisa que eu percebia que acontecia com certa frequência suspeita era que, não só o Tom, o Georg e o Gustav, mas o Jost e o resto da equipe sempre me deixava sozinho com ela. Nesse meio tempo, até tentei colocar o Gustav e o Georg contra a parede, já que o Tom não me dizia absolutamente nada. E, conforme esperado, não pronunciaram uma única palavra.

Entretanto, nada foi mais surpreendente quanto um dia que ouvi o Tom conversando com o Georg. Tá certo que ouvir conversa alheia não é exatamente uma coisa boa, mas como ouvi meu nome ali no meio...

- E aí? - Ouvi o hobbit perguntar. - Já decidiu o que vai fazer?

- Vou ter de forçar a barra com a Luiza, já que ela tá dura na queda... - Meu irmão respondeu. Saí dali antes que ouvisse mais atrocidades, sentindo um asco do Tom. Quer dizer, tudo bem que eu não tenho nada a ver com o que ele faz ou deixa de fazer com a Luiza. E tudo bem que eu gosto muito pouco dela. Mas nem por isso, quer dizer que o Tom pode obriga-la a fazer qualquer coisa contra a própria vontade.

Assim que cheguei do estúdio, nem fui para o meu apartamento; Simplesmente saí andando na direção oposta e quase queimei a campainha de tanto que a toquei. Quando ela finalmente a abriu, estranhou minha afobação.

- Sabia que eu espero que tenha um excelente motivo para quase ter queimado minha campainha? Sem falar que, se baixar a pomba-gira na Vivi, a conta do veterinário é sua.

- Beleza. Mas acha que, se não fosse realmente sério, eu teria me dado ao trabalho de vir aqui?

- Sinceramente respondendo. Acho. Você cismou comigo e tá pior que carrapicho, credo!

- Dá para me escutar?

Arqueou a sobrancelha, cruzando os braços. Tive um sobressalto quando senti a sua gata se esfregando na minha perna enquanto ronronava.

- Acabei de ouvir o Tom falando com o Georg que ia forçar a barra com você, que estava dura na queda.

Me olhou, estranhando aquilo.

- Só... Me explica por que você estava ouvindo atrás da porta?

- Eu não estava! O que aconteceu foi que passei pela porta, ouvi meu nome sendo pronunciado. Daí, acidentalmente ouvi meu irmão falando isso de você. Tive que me controlar para não entrar naquela sala e dar um soco nele.

Suas sobrancelhas se ergueram, em evidente surpresa, e disse:

- Vem comigo.

A segui até a cozinha e, assim que pediu que me sentasse num dos bancos, percebi um cheiro delicioso. Era a mistura de vários outros, mas dava claramente para sentir o de canela.

- O que você está fazendo aí?

- Ah, nada demais. Só um pouco de chocolate quente, aproveitando que está frio. Quer um pouco?

Concordei. Assim que estava pronto, pôs uma xícara na minha frente e a observei. Depois de tomar um gole, me perguntou:

- O que foi?

- Nada. Só... Estava te olhando. Sabia que você realmente não parece brasileira?

- É essa pele desbotada que eu tenho. - Respondeu, sorrindo torto. - Mas tenho um aspecto bem... Característico.

- Qual?

De repente, pareceu se dar conta de ter dito alguma coisa que não deveria e suas bochechas começaram a ficar rosadas de um jeito incrivelmente gracioso.

- Tudo bem. Não vou te obrigar a me dizer.

Me olhou de uma maneira estranha e foi a minha vez de perguntar:

- O que foi?

- Eis a prova de que você e o Tom são realmente diferentes. E acredite, eu acho isso muito bom.

- Mesmo?

Concordou, tomando mais um gole da sua xícara.

- Detesto quando o povo cisma que, por vocês serem gêmeos idênticos, obrigatoriamente têm que ser iguais em tudo, sendo que são duas pessoas distintas. Apesar de, sempre que eu estou com um de vocês, me lembro do outro, às vezes por causa de um gesto simples.

- E isso também é bom?

Me olhou, enigmática.

- Por um lado sim, já que eu sei o quanto vocês são unidos e acho que você tem muita sorte de ter o Tom como irmão. Me surpreendeu bastante desde que o conheci.

- São poucos que conseguem conhece-lo de verdade. Ao que parece, você foi uma das premiadas.

Sorriu fraco e perguntei:

- Gosta de mim, não é?

Me olhou, arregalando os olhos e logo depois, tentando disfarçar.

- De onde tirou isso?

- Além do seu evidente nervosismo, ainda tem um site... Tumblr, não é? - Percebia que estava ficando mais tensa a cada palavra que eu pronunciava. - Lembro de ter te ouvido comentar a respeito. Daí, fiquei curioso e olhei. Estou percebendo que você é cabeça dura demais para admitir que gosta de mim. Mas, por sorte, eu não sou como você. Não levo a fama de frio. - Parei em outro sinal e aproveitei para olhá-la; Preferia não ter feito aquilo, já que a expressão dela não era nem um pouco amigável. - Por mais que eu tenha te irritado durante esse tempo todo que a gente se conhece... Ainda sim, eu não consigo deixar de gostar de você.

Me olhava, surpresa. Diria que quase em estado de choque, até. Ficou em silêncio e, logo depois, desviou o olhar do meu.

- Nega o que estou falando. - A desafiei. Funcionou. Mas só para fazer com que me fixasse de maneira nada... Fofa.

- Só... De curiosidade. O que você ganha com a minha confissão?

- Só vai saber se disser a verdade. - A olhei da mesma maneira intensa. Desviou sua atenção para a xícara e mexeu o chocolate. Em seguida, tirou a colher e a levou à boca, a lambendo de maneira distraída. - Não vai me responder?

Me olhou e, arqueando as sobrancelhas, disse:

- Hipoteticamente falando. Se eu gostasse de você mesmo. O que faria?

- Já te disse. Só vai saber se me falar.

Revirou os olhos, suspirando e sua sobrancelha se arqueou.

- Gosto. Mais até que o esperado. Satisfeito?

Sorrindo, me inclinei sobre o balcão e respondi:

- Você não tem ideia.

- Kaulitz, se fizer alguma coisa... - Começou a me ameaçar, mas a interrompi:

- Eu vou fazer. Mas não se preocupe porque não vou usar isso contra você.

Me olhou, curiosa e sem entender.

- E o que vai fazer?

- No tempo certo você vai descobrir. - Respondi, dando um sorriso torto. Me levantei e fui até a pia, deixando minha xícara vazia ali dentro. Em seguida, ia passar por ela quando perguntou:

- É sério que você vai fazer desse jeito? Esperava mais de você, Kaulitz. Sei lá, qualquer tipo de reação. Desde... Espalhar pelo mundo o quão eu sou ridiculamente apaixonada por você ou até mesmo... Sei lá. Outra coisa.

Parei atrás dela e, me aproveitando do fato de que estava com os cabelos presos num coque, comecei a beijar sua nuca e pescoço. Na mesma hora, percebi o quanto o cheiro da sua pele era bom. Infinitamente melhor que o da Sofia.

- Não são só os aquarianos que podem ser imprevisíveis, liebe. - Disse essa última palavra com a boca praticamente colada ao seu ouvido. Pude ver sua pele se arrepiando e não contive um sorriso. Mordi o lóbulo da sua orelha ao mesmo tempo em que colocava uma das minhas mãos sobre sua cintura. Percebi que estava controlando sua respiração e, como a cadeira em que estava sentada era uma daquelas giratórias, simplesmente segurei o encosto e fiz com que ficássemos de frente um para o outro. Deslizei meus dedos pela sua bochecha, mal tocando sua pele, vendo-a titubear e quase fechar os olhos. Sua respiração perdia a regularidade aos poucos e eu via seu peito subindo e descendo rapidamente. - Was hast du gemacht zu mir, Hexe¹?

- Dasselbe wie du hast². - Respondeu, aproximando o rosto do meu. Dei um meio sorriso e a vi fechar os olhos lentamente. Repeti o gesto, encurtando ainda mais a distância entre nós. Entretanto, quando íamos nos beijar, ouvi o começo de “Bohemian Rhapsody” do Queen. Nos afastamos e, enquanto ela ia atender ao celular que tocava (Daí vinha a música), fui para o meu apartamento. Assim que me larguei sobre o sofá, comecei a pensar em certas coisas. Definitivamente, era a hora de uma trégua. Ainda mais que ela não era a única apaixonada nessa história toda...

Legendas:

¹ O que você fez comigo, bruxinha?

² O mesmo que você.

Postado por: Grasiele

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