quinta-feira, 7 de junho de 2012

The Neighbour - Capítulo 4

 Luiza
- Foi... Bizarro. A gente ia se beijar quando as espreguiçadeiras tombaram e caímos no chão. Típico. - Resmunguei, na semana seguinte, quando o Tom tinha ido lá para a casa.

- Mas não rolou nada, nem um selinho?

Neguei com a cabeça e ele ficou desapontado.

- Tom... É impressão minha ou você está bancando o cupido para cima de nós dois? - Perguntei, o olhando.

- Eu? Cupido? Liebe, desculpa, mas acho que ficaria mais sexy sem aquele fraldão.

Ri da maneira mais escandalosa.

- O que acontece é o seguinte: Torço para que seja feliz. Só isso.

Olhei para ele, desconfiada.

- Sinceramente, o que você está aprontando?

- Não estou aprontando nada!

- Tá, e eu sou loira natural! - Reclamei, fazendo-o me olhar estranho e entendi. - Uns poucos fios de cabelo não dizem nada!¹

Segurou o riso e esticou a mão na direção do meu cabelo e tirou alguma coisa.

- Aí... Ah, não. É pelo da Vivi. - Disse, me fazendo rir. Foi só falar na danada, que apareceu, ronronando, andando rebolando e cheia de manha. Pulou no colo do Tom e, como sempre, ele não resistiu. Coçou atrás das orelhinhas de morcego da minha gata, que fechou os olhos.

- Ai, meu Deus... - Resmunguei. Ele riu e, de repente, achei uma coisa. Estendi para ele, que me olhou curioso.

- O que é isso?

- Minha pulseira da área VIP do show que vocês fizeram em São Paulo em novembro de 2010.

Me olhou, incrédulo, e perguntou:

- Sério?

Concordei.

- Está toda amassada porque, além de eu estar usando outra de olhos gregos quase por cima, ainda não consegui tirá-la até chegar em Belo Horizonte. Passei a noite inteira com ela no meu pulso, então...

- Como você diz... Caraca!

Ri porque o “caraca” foi com o sotaque carregado.

- Por que guardou? - Perguntou, mais por curiosidade que qualquer outra coisa.

- Porque foi especial. Além de ter sido a primeira vez que saí de Belo Horizonte para ir até São Paulo só por causa de uma banda, ainda foi a primeira vez que fui para lá. Sem contar que foi minha primeira viagem de avião.

- Como assim “Primeira vez que saí de Belo Horizonte para ir até São Paulo só por causa de uma banda”?

- Vamos lá. Bandas e cantores grandes, tipo... U2, Madonna, Rolling Stones e até alguns menores, como Scissor Sisters e Cobra Starship sempre fazem a ponte Rio-São Paulo um pouco raramente, indo para Curitiba e Porto Alegre. Belo Horizonte nunca estava na reta. Daí, muitas vezes, tinham shows de bandas que eu gostava e até mesmo iria, mas nunca animava a gastar bem mais que o esperado. Quando saiu a notícia que vocês iriam... Confesso que por muito pouco, não quis ir. - Arregalou os olhos, surpreso. - Minha mãe sempre ficava jogando na minha cara que estava fazendo um tremendo sacrifício, comprando ingresso e tal... Já estava de saco cheio e prestes a falar: “Tá. Chega. Não vamos mais.”

- Ainda bem que você foi, então.

Dei um meio sorriso. Ele ficou me olhando e disse:

- Queria falar com você.

- Diga.

- Estava pensando em uma coisa. O Bill viu a gente... Se beijando.

- É, eu desconfiei. - Disse.

- Pois é. Pensei que a gente podia fingir que está namorando para fazer ciúmes nele.

- Não vai funcionar. - Respondi. - Esqueceu que vocês vivem falando que sempre sabem o que o outro está pensando?

- É, mas a gente podia dar um jeito de ele não desconfiar. Sei lá, parecer real mesmo.

- Você está querendo é abusar de mim, seu sem-vergonha! - Falei, dando um tapa no seu ombro e o fazendo rir. Ele deu um sorriso safado.

- Não. Estava pensando aqui com meus... - Olhou para a própria roupa, me imitando e me fazendo rir baixo. - As listras da minha blusa que, se o Bill saiu daqui parecendo um buscapé, como você mesma costuma dizer - Arqueei a sobrancelha, rindo. - é porque algum efeito teve nele.

- Efeito que você diz é tipo... Ciúmes?

- Eu acho, te digo sinceramente.

Olhei para ele, desconfiada.

- Sabe o que eu acho que seria ainda pior para ele? Se ao invés de dizermos que estamos namorando, fôssemos “amigos com benefícios”. No caso, seria como o Justin Timberlake e a Mila Kunis naquele filme.

- Com sexo no meio? - Perguntou, fazendo cara de tarado.

- Aí que está. Ele não precisa saber que a gente não está realmente... Transando.

- Tem sempre que acabar com a minha alegria, né, Luiza?

Ri da cara dele, que me pegou de jeito. Sabendo que eu sofria por ser sensível à cócegas, veio com tudo para cima de mim. A posição em que estávamos não podia ser menos pior. Sem falar que eu beirava a histeria e tentava dar joelhadas (não muito fortes) na sua bunda. No meio da confusão, percebi uma coisa e comecei a estapeá-lo, conseguindo soltar minhas mãos das suas e reclamava:

- Seu pervertido tarado ninfomaníaco safado cachorro duma figa de meia tigela!

Me olhou de um jeito, querendo rir e se controlando.

- A culpa é minha?

- Claro que é! Quem é que inventou de ficar de luta comigo, hein? - O provoquei, fazendo com que desse aquele sorriso safado. - Além do mais... Eu sei que lutas desse tipo excitam os caras. Vai negar?

- Não. E quando a menina é... Gostosa que nem você...

Tive que rir.

- Sinceramente, se eu quisesse... Casava com você só para te ouvir me chamando de gostosa mais vezes, ajudando a quase explodir meu ego e elevar minha autoestima. Mas... Sendo franca, nunca sonhei em me casar com alguém. Muito menos entrar numa igreja, toda vestida de branco.

- Nem com o meu irmão? - Neguei com a cabeça. - Por que eu ainda me surpreendo?

Ri e falei:

- Era de se esperar, uai! Ainda mais que falei que nunca sonhei em casar. Seja com o Bill, com você ou qualquer outro cara. No máximo, vou juntar os trapos.

Foi a vez de ele rir e, por fim, foi ao banheiro por um instante. Quando saiu, perguntou, fazendo manha:

- Liebe... Vamos sair à noite? Vamos naquela boate que te falei outro dia... Anda, vai ser divertido.

Revirei os olhos e tive que concordar, mas com duas condições: Que ele viesse me buscar e de táxi, já que sabia que iria beber e não queria correr nenhum risco.

Lá pelas dez da noite, o interfone tocou e, sabendo quem era, avisei que estava descendo. Assim que tranquei a porta, dei o azar de encontrar com o Bill, que me olhou de cima a baixo, quase sussurrando um “boa noite”, apertando o botão para chamar o elevador. Assim que entramos, tive que me olhar no espelho, vendo os olhares furtivos que o Bill me lançava. Só achava engraçado porque nem tinha escolhido um vestido muito curto, com decote gigante, mostrando quase... O que não pega sol, normalmente. Era um simples, tomara-que-caia preto, rendado com uma faixa em torno da cintura, formando um laço. A única coisa mais ousada na minha produção, além do salto enorme e agulha, era a carteira, que era do tipo “chego-um-ano-antes-da-Luiza” por causa da cor. Mas quem disse que eu estava me importando com isso? Tudo bem que a minha nuca estava descoberta por causa do meu cabelo preso em um rabo-de-cavalo alto, inspirado no que a Nina Dobrev usou em um evento.

- Joaninhas. - O ouvi dizer. Olhei para ele através do reflexo do espelho e respondi:

- Pois é. Ouvi dizer que vocês daqui da Alemanha acreditam que elas, assim como borboletas, trazem sorte, estou certa?

- Está. - Respondeu, dando um sorriso malicioso. - É sua única tatuagem?

- Faz diferença?

- Pode fazer...

O elevador parou no térreo e, antes de as portas se abrirem, aproximei minha boca do seu ouvido e, quase sussurrei:

- Tem mais cinco além dessa. Todas em lugares estratégicos.

E pisquei, saindo do elevador, vendo sua expressão. Enrolando a ponta do meu cabelo nos dedos, saí rebolando e, justo naquela hora, o Tom apareceu e, olhando de mim para o Bill, sorrindo. Segurou o riso quando me viu fazendo palhaçada e rebolando enquanto andava. Deu um beijo estalado na minha bochecha, fazendo questão de babar um pouco, conseguindo um tapa estalado no seu ombro e perguntou, aproximando a boca do meu ouvido:

- Hoje está mais para anjo ou demônio, hein?

- Continua babando na minha bochecha que juro que vai descobrir o meu lado diabinho.

Quase imediatamente me arrependi de ter dito aquilo ao ver a cara que fez.

- Vamos?- O Bill perguntou, se materializando do meu lado.

Quando chegamos, olhei o lugar e a música eletrônica e alta já tocava pelo lugar enorme e tinham várias pessoas dançando. Fui guiada por eles até a pista VIP e achei ótimo que não ia ter de correr o risco de algum bêbado tentar alguma gracinha comigo. E a última coisa que eu ia querer era atrair atenção. Já não gostava de muita antes de conhecê-los. E depois então...

O Tom me apresentou para alguns amigos dele que estavam ali, inclusive o Jost e o Andreas, que me olhou de cima a baixo e deu um sorriso torto, trocando um olhar cúmplice com o Tom. Na mesma hora, pensei que ali tinha coisa...

Cerca de uma hora e meia depois, estava ouvindo o Andreas contando um caso hilário envolvendo o Tom quando vi algo que não imaginava: O Bill ficando com uma menina. Respirei fundo e voltei a dar atenção ao Andreas, rindo assim que ele começou a gesticular de maneira exagerada, brincando.

- E aí? Uns passarinhos me disseram que você e o Tom estão ficando...

- Passarinhos esses que são umas maritacas mesmo, hein? - Brinquei, fazendo-o rir. - Mas... Sei lá. Oficialmente, eu sou amiga do Tom e vice-versa. - Antes que pudesse me controlar, meu olhar foi novamente atraído para o Bill, que continuava beijando a menina. Com a adição da mão dele apertando em cheio a bunda dela. - Falando nisso... Viu o Tom por aí?

Ergueu o olhar, segurando o riso e falei:

- Não vai funcionar tentar me dar um susto, Tom. - Me virei para trás e o vi, rindo.

- Vem dançar.

- Quê? Tom, espera! - Mas já era tarde. Tinha me puxado para um canto bem específico dali e, logo, uma música começou a tocar. A reconheci e não contive um sorriso. O Tom me puxou para mais perto e perguntou, com a boca perto do meu ouvido:

- Conhece essa música?

Concordei.

- Tenho ela no meu computador. Escuto muito raramente por causa de uma birra que tenho da banda.

- Por quê?

- Longa história que te conto qualquer dia desses.

Antes que pudesse me dar conta... Lá estava cantando a bendita, ao mesmo tempo em que o Tom me ajudava a dançar de maneira sexy (O problema de ser palhaça é isso: Na hora em que mais precisa, cadê a seriedade?):

We used to go together.
(Nós costumávamos andar juntos)
Looking after each other.
(Cuidando um do outro)
I thought that you were better,
(Eu achei que você era melhor)
Look at you.
(Olhe para você)
Look at you
(Olhe para você)
Look at you
(Olhe para você)
Look at you
(Olhe para você)

You used to be so layed back.
(Você costumava ser tão descontraído)
You always kept it so cool, (cool cool cool)
(Você sempre se manteve tão legal (legal, legal, legal))
I loved you cos of all that, that's the truth.
(Eu te amei por causa de tudo isso, essa é a verdade)
That's the truth
(essa é a verdade)
That's the truth
(essa é a verdade)
That's the truth
(essa é a verdade)

- Tem certeza que não gosta da música? - O Tom perguntou, com a boca perto demais da minha orelha, me causando um arrepio daqueles.

- Pois é, né? Esse é o problema desse tipo de música. - Respondi, fazendo-o rir.

- Põe a mão na minha nuca. - Pediu. - E morde o lábio.

Obedeci, sentindo que estavam olhando. Também... Naquele esfrega-esfrega todo...
Justamente na hora do refrão, senti o efeito dos dois drinks que tinha tomado. E aproveitei a oportunidade, que o Bill me encarava, finalmente percebendo que eu estava dançando. Cantei, olhando para ele:

And now you wanna pretend that you a superstar,
(E agora você quer fingir que você é uma super estrela)
And now you wanna us to end, what's taking you this far.
(E agora você quer que nós acabemos com o que te trouxe até aqui)
Don't tell me that your done as far as we go,
(Não me diga que você está farto contanto que continuemos)
You need to have a sit down with your ego.
(Você precisa se sentar só com o seu ego)
When everyone's gone and you're by yourself,
(Quando todo mundo se foi e você está sozinho)
You know that you gonna come to me for help.
(Você sabe que virá atrás de mim para pedir ajuda)
Don't tell me that it's time for going solo,
(Não me diga que é hora de seguir sozinho)
You need to knock some sense into your ego
(Você precisa por algum sentido nesse seu ego)
(Ego 4x)

A menina que beijava o Bill, tentava à duras penas chamar a atenção dele. E me sentindo incrivelmente bem (Sem falar que tinha uma sensação ótima de que estava sexy, com boa parte da ala masculina naquela área VIP me fixando, alguns de queixo caído, como o Georg.), continuei dançando e cantando a música.

Assim que começou outra, fui até o bar, arrastando o Tom a tiracolo comigo. Perguntei, tomando o primeiro gole do meu primeiro drink:

- Está olhando ainda?

- E com cara de poucos amigos. - Disse, tentando se manter sério. Mordi o lábio, conseguindo fazer com que ele me olhasse e, colocando minha taça sobre o balcão do bar, falei: - Beleza, Chega de álcool. Daqui a pouco te agarro, daí a gente vai acabar fazendo algo que eu preferia que acontecesse em outras circunstâncias, sem uma única gota de álcool no sangue e na hora certa.

Pisquei e ele riu.

Procurei tomar água e comer algo doce, para equilibrar minha glicose e não me deixar ainda pior.

Quando o sol estava quase nascendo, lá pelas tantas da manhã, o Tom estava no mesmo nível de sobriedade que eu, apesar de os comentários tarados ficarem ainda piores, dormiu no meu apartamento. Porém, para evitar certos... Imprevistos, digamos assim, cada um dormiu num quarto.

Na tarde seguinte, logo depois do almoço, quando o Tom foi embora, assim que abri a porta, desejei não tê-lo feito: O Bill estava agarrado com uma piriguete loira, quase a comendo (OK. Eu sei que isso não foi educado mas é o mais adequado à situação) ali no meio do corredor. O Tom pigarreou, interrompendo os dois e foi minha deixa para puxá-lo por aquela lateral do capuz para mais perto e só deixei o coitado respirar fundo para agarrá-lo. Sabia que o Bill não deveria estar com a melhor das expressões, mas do jeito que eu estava, só uma única coisa passava na minha cabeça: “Foda-se”.

Parecendo uma piriguete de quinta, puxei o Tom para mais perto e, do jeito que a situação estava, acabamos aproveitando um pouco mais que o limite: Além do beijo ser aquele mais intenso possível, extremamente sensual e com direito à mordidinhas no meu lábio inferior, ainda de quebra, senti a mão dele escorregando da minha cintura para a minha bunda e a apertando com vontade. Incapaz de me controlar, deixei um gemido escapulir por entre meus lábios e arranhei sua nuca. Foi quando começou a beijar meu pescoço e a situação ficava cada vez mais crítica; No exato instante em que senti a barba dele arranhando meu pescoço, veio aquele arrepio com direito à estremecida tensa percorrendo toda a extensão da minha espinha. Só me dei conta do que estava acontecendo quando senti uma certa... Parte da anatomia dele me cutucando e percebi que o Bill tinha entrado e a piriguete ido embora. Parei de beijá-lo, dando alguns selinhos mais demorados e o afastando gentilmente. Ainda meio ofegante e com a boca inchada, me olhou daquele jeito mais tarado possível e perguntou:

- O que te deu?

- Ataque de taradice. - Respondi, rindo e fazendo com que ele me acompanhasse, apesar da expressão lasciva.

- O que te deu de verdade?

- Só fazer ciúmes no seu irmão. E funcionou... - Sorri, marota. O Tom também sorriu, porém, percebi que tinha mais uma coisa ali. Ia dar um jeito de descobrir aquilo...

Postado por: Grasiele

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