quinta-feira, 7 de junho de 2012

The Neighbour - Capítulo 9

 Bill
De uma coisa eu tinha certeza: Jamais, em todo aquele tempo (Que eram quase cinco meses - Eu sei que não parecia. Também sentia que o tempo tinha passado rápido demais), tinha sonhado que, em uma noite chuvosa, estaria abrigado na casa da diretora do jardim de infância onde a Luiza trabalhava. Nunca poderia imaginar que a veria sem roupa nenhuma duas vezes em menos de três horas. Mas a única coisa que tinha imaginado é que realmente passaríamos a noite juntos. Quer dizer, até o Tom ligar para os dois celulares e estragar totalmente o clima. Por sorte, naquela hora, deu uma estiada e pudemos ir embora.

Em uma tarde que a Iza conseguiu dar um perdido no meu irmão, estávamos sentados sobre o sofá da sala, vendo um filme qualquer na televisão. Estava sentado no sofá de um jeito que a Iza ficou aconchegada entre as minhas pernas, com as costas sobre meu peito. Eu acariciava sua cintura com a minha mão esquerda, vez ou outra, deslizando minha mão por baixo da sua camiseta. E ela brincava com meus dedos de maneira distraída. Depois de dar um bocejo daqueles, perguntou:

- Está mesmo gostando desse filme tanto assim?

Me estiquei um pouco para pegar o controle sobre a mesa atrás de mim e desliguei a TV. Em seguida, fiz com que se virasse de frente para mim. E aproveitando a oportunidade que tive, a beijei. A cada segundo que se passava, sentia o autocontrole indo embora e a vontade de tê-la só para mim foi aumentando. Sem interromper o beijo, abri os olhos por poucos segundos, procurando pela parede mais perto. Depois que finalmente a encontramos, colei o meu corpo ao dela e, depois de fazê-la enroscar as pernas ao redor da minha cintura, acariciei sua cintura por baixo da blusa. De repente, ela gemeu baixo e, quando comecei a beijar seu pescoço, veio outro gemido, só que um pouco mais alto. Parei com o que estava fazendo e perguntei:

- O que foi?

- Falta de oxigênio.

Aproveitei a oportunidade para, como sempre, observá-la.

- Juro que eu queria saber por que você tanto me olha...

- Você fica... Mais linda nessas horas.

- Fico? Por quê?

- Simplesmente porque fica.

Não resisti e voltei a beijá-la, com tanta vontade quanto antes. Só quando a senti me puxando para mais perto é que tive consciência de uma coisa: A minha excitação. Tentei interromper o beijo e, quando a senti abandonando a minha boca para ir em direção ao pescoço, falei:

- Iza... Melhor não. Se eu continuar, vou ter que ir até o final.

Me olhou e, começando a brincar com as correntes que eu costumava a usar no pescoço, não disse nada.

- Ficou chateada? - Perguntei.

- Não. Estou só pensando, como sempre.

- E no que você está pensando?

- Que eu simplesmente perco o juízo quando você me beija. Por isso que eu... Não consigo parar.

- Verdade?

Concordou, em silêncio.

- Você faz o mesmo comigo. - Confessei, fazendo com que me olhasse, surpresa. - Estou falando sério...

- Não duvido.

Pus uma mecha do seu cabelo atrás da orelha e a observei.

- Quem diria, hein?

- Confessa, vai... Adorou o esporro que te dei no supermercado. - Me provocou, dando um meio sorriso.

- É, não vou negar que foi justamente isso que te diferenciou das outras meninas. Mas adorar... Não. - Arqueou a sobrancelha e continuei: - Quem, em sã consciência, vai adorar tomar esporro, hein, Iza?

Mordeu o lábio inferior, sorrindo. Passei os braços em volta da sua cintura e ficamos assim, vez ou outra, nos beijando.

Quando começou a escurecer, estava no seu quarto, esperando que saísse do banheiro e eu quis saber:

- Iza, posso te fazer uma pergunta?

- Que pergunta?

­
– Hipoteticamente falando... Se eu te pedisse em namoro aqui e agora, qual seria sua resposta?

- Já que é uma hipótese... Não ia aceitar.
- Por que não?

- Porque eu estou fazendo xixi.
Ri baixo e, assim que saiu, depois de mais alguns instantes, quis saber:

- Mas... Por que essa curiosidade hipotética?

- Ah, nada não. - Disse. Me olhou, desconfiada. - Vem cá. - Pedi, batendo no colchão, exatamente ao meu lado. Fazendo bico, veio se arrastando, toda manhosa. Mas se sentou. Peguei sua mão e entrelacei nossos dedos. Perguntei, observando o quanto sua mão parecia pequena em comparação com a minha¹:

- Mas realmente não aceitaria se eu te pedisse em namoro?

- Aceitaria. Mas eu ia precisar de um tempo para me acostumar com a ideia. Além de ser meio... Surreal demais, ainda tem vários fatores. Diferente da Elise e da Hannah, não vai ser moleza ficar me esquivando de paparazzi e fãs obsessivas.

- Se você não quiser, ninguém precisa ficar sabendo que você é minha namorada.

- Não vou mentir. Você sabe muito bem que tem mais... Visibilidade que o Georg ou o Gustav. Mesmo que a gente disfarce, você não diga quem eu sou e façamos de tudo para que não descubram, vão dar um jeito de aproveitar a menor brecha que conseguirem assim que nos descuidarmos. Se a gente realmente fosse namorar, aceitaria numa boa. Só que... Te pediria um tempo para ir me acostumando à ideia, afinal de contas... Depois que descobrirem quem eu sou, vai ser dificílimo colocar meu pé para fora de casa.

- Eu te entendo. Para mim tudo bem, já que você aceita.

Me olhou de um jeito estranho e questionou:

- E o que houve com as hipóteses e os “Hipoteticamente falando”?

Ri e, a provocando, falei:

- Agora sou eu quem te pergunta: “O que houve com o ‘Aquarianos são sabichões’”?

- Fica desdenhando, fica... E só para você saber... Mesmo se tivesse ido diretamente ao ponto, a resposta seria a mesma. Mas gostei dessa sua... Sondagem.

- Então... Aceita mesmo ser minha namorada?

Sorrindo, concordou. A puxei pela cintura para mais perto de mim e a beijei, em meio às risadas dela, por causa da minha empolgação.

Passado mais algum tempo, ela estava deitada na cama, com a cabeça sobre seu travesseiro e eu estava apoiando meus braços sobre sua barriga. E sobre eles, meu queixo.

- As joaninhas da sua nuca têm algum significado?

- Ô virginiano observador! - Brincou, me fazendo rir. - Têm sim. Cada uma delas representa alguém especial para mim.

- Quem são?

- Quatro são dos meus pais e dos meus avós maternos. Três são de amigas realmente especiais para mim. E até a Vivi é representada por uma.

Parei para pensar um pouco e perguntei:

- Faltam mais quatro.

Se apoiou nos cotovelos e, me olhando, respondeu:

- Pois é. Representam uma banda aí, vinda da Alemanha. O vocalista tem uma bunda...

Ri do jeito que ela falou (Ainda mais que fez uma cara engraçada, estreitando os olhos).

- Está falando sério?

- Por que quando eu falo sério, ninguém acredita? Que coisa!

- Calma, liebe.

- Eu tô calma. E falando seríssimo. Você não tem ideia do quanto eu te devo.

- O que eu fiz?

- Para início de conversa... Por sua causa, viajei de avião pela primeira vez na vida. Sem falar que alguns dos prêmios do EMA que vocês ganharam, tiveram minha participação inédita, sendo que não costumo participar de votações. E o que mais? - Coçou o queixo, se fazendo de pensativa. - Ah é! Por sua causa, arrumei uma das minhas melhores amigas. E principalmente: Comecei a gostar do meu corpo por sua causa.

- E por que está me culpando?

- Não estou culpando, mas agradecendo, principalmente pelas últimas coisas. Lembra daquele dia que a gente quase se beijou na casa do Tom? Quando as espreguiçadeiras tombaram?

Rindo fraco, balancei a cabeça positivamente.

- Falou comigo que também tinha sofrido bullying na escola.

Concordou.

- Como eu era a única que já tinha... Não digo seios propriamente ditos, mas... Protótipos - Me fez rir, tanto do jeito que falou, quanto da cara que fez. - me sentia feia.

- Você está brincando!

- Não. Estou falando sério. Mas enfim, se eu já me sentia horrorosa por causa dos protótipos de seios e... Outras mudanças tensas, imagina as contribuições dos infelizes dos meus colegas me chamando de “bocão” o tempo inteiro? Isso tudo acabou com minha autoestima! No entanto, quando te ouvi falando coisas tipo... Que prefere garotas branquinhas, de cabelos escuros, que, contrariando o Tom, prefere bunda grande à seios maiores... Comecei a me achar mais bonita.

- Jura?

Concordou.

- Por isso que eu acho que no meu caso específico, o fanatismo foi bom. Nunca vi como algo negativo. Quem via de fora, pensava que eu estava obcecada com você, ainda mais que supostamente, não queria saber de namorados e tal...

- E por que não?

- Porque via que os meninos lá de BH não estavam valendo tanto a pena. E os que valiam... Já tinham dona. O problema é que os mineiros sempre foram muito... Como te dizer de forma educada? - Pensou. - Filhos da puta.

Arregalei os olhos ao ouvi-la dizendo um palavrão. Em todo aquele tempo que nos conhecíamos, ela nunca tinha dito algo do gênero. Nem mesmo com o Tom.

- Quê? É verdade! Se fosse para arrumar um namorado brasileiro, preferia que fosse... Carioca. Pelo que minha mãe me falou, diferentemente dos mineiros, sabem como tratar uma mulher.

- Luiza... - Comecei a dizer, em tom de aviso.

- Eu falei “Se”. Mas como eu já tenho namorado... Só tenho olhos para ele. Os outros caras do mundo simplesmente evaporaram.

- Não vai adiantar...

- Ah, não? Veremos...

A olhei, curioso. De repente, deu um tranco com o corpo e me derrubou sobre a cama. Segurou meus pulsos acima da minha cabeça e prendeu minhas pernas com as dela. Aproximou seu rosto do meu e avisou:

- Você mal perde por esperar, Kaulitz...

Provavelmente, por causa da posição dela (Podia ver que estava empinando a bunda de propósito) e daquela expectativa por causa do seu aviso, não teve como não ficar excitado. E ela percebeu, tanto que deu um sorriso malicioso.

- Se eu nem comecei e você já está... Assim - Moveu seu quadril contra o meu, quase me fazendo gemer. E seu sorriso se alargou ainda mais. -... Imagina quando eu terminar?

- Terminar? - Perguntei, com voz rouca e falhando ridiculamente. Voltou a aproximar seu rosto do meu e mordeu o meu lábio inferior, o sugando em seguida. Com a mão livre, subiu um pouco a minha camiseta e ficou desenhando alguns círculos em volta do meu umbigo com a ponta da minha unha. Passados alguns instantes, soltou minhas mãos, que imediatamente, foram para sua cintura. Quando comecei a beijar seu pescoço, entrelacei meus dedos nos seus cabelos, os puxando de leve e fazendo com que tombasse a cabeça um pouco para trás, me permitindo beijar cada mínimo pedacinho da sua pele. Pude ver que tinha se arrepiado no exato instante em que mordi o lóbulo da sua orelha. Sem falar que até deixou um suspiro baixo escapar por entre seus lábios. Aproveitando um único segundo de distração dela, inverti as posições, deixando-a por baixo de mim, sem nos separar. Pôs uma das mãos sobre minha nuca e a outra foi para o meu peito. Acariciava sua cintura por baixo da blusa e a apertava conforme a intensidade do beijo, que variava. Do nada, me lembrei de uma coisa que tinha visto em um dos tumblrs e decidi testar a teoria: Desci uma das minhas mãos da sua cintura, deslizando só a ponta dos dedos pela lateral dos seu quadril, apertando a coxa de leve e, fazendo que ia enroscar sua perna no meu quadril, consegui pegar no seu tornozelo esquerdo, percebendo que sua respiração falhava. Aproveitando do fato que não beijava sua boca, perguntou, com um fio de voz rouca e baixa:

- O que... Você está fazendo... Bill?

- Testando uma teoria.

E, terminando de dizer isso, apertei de leve o seu tornozelo, percebendo que a teoria era verdade. Depois de ofegar, indagou, quase num sussurro:

- Está me dando o troco?

- Como assim? - Perguntei, em resposta, mordendo seu lábio inferior.

- Espera um pouco. - Pediu. Tentei me reaproximar, mas me impediu. A olhei, sem entender e até um pouco indignado.

- Explique-se.

- Ok. Num dia, de curiosidade, descobri que uma... Um dos pontos fracos do virginiano é o umbigo. Por isso, sempre que tenho chance, te provoco. E como os tornozelos são um desses pontos nos aquarianos... Pensei que talvez, estivesse me dando o troco.

- Para falar a verdade, nem tinha pensado nisso. Mas já que falou...

Já tinha conseguido pegar no seu tornozelo de novo quando ela esticou a perna tão de repente que me fez soltá-la.

- Ah, é assim? - Perguntei, fingindo indignação.

- É. E vai fazer o quê, hein?

Nessa hora, minha expressão deve ter sido a pior possível, já que ela fez uma cara...

- Não... - Disse, em tom de aviso, pondo a mão sobre meu peito de novo.

- Sim. - Respondi, me inclinando na sua direção.

- É sério... Não, por favor. - Praticamente implorou.

- Me dá um bom motivo para parar.

Engoliu em seco e empalideceu, de uma maneira realmente preocupante.

- O que foi? Iza, está tudo bem?

- Minha pressão tá caindo.

- Ai meu Deus! - Exclamei, levantando da cama e indo procurar meu celular. - Eu vou chamar uma ambulância e...

- Bill, escuta. Perto do interruptor da cozinha tem um pote. Pega o pote e traz aqui, por favor.

Fiz o que pediu e, no segundo seguinte, já estava de volta ao quarto, abrindo o pote e desembrulhando uma das balas que tinha ali dentro. Entreguei para ela, que a colocou na boca e ficou em silêncio por alguns instantes. Aos poucos, ficou um pouco mais corada, mas ainda sim, estava pálida. Perguntei, assim que estava melhor:

- O que houve?

- Tenho hipoglicemia. As quedas bruscas de pressão são muito raras, apesar de virem com tudo quando acontecem. E o mais bizarro é que sempre vêm quando termino de comer alguma coisa salgada².

A olhei, estranhando aquilo.

- Se quiser, posso te acompanhar até um médico.

- Não precisa. É sério. - Falou, tentando me tranquilizar com o olhar. Porém, não funcionou. Fiquei ali com ela, depois de muita insistência minha. Enquanto a observava dormir, não conseguia fazer com que a minha ficha caísse. Finalmente tinha conseguido o que tanto queria, que era ela. Porém, sabia que ainda iam ter muitas coisas que precisaríamos enfrentar e, de um jeito muito estranho, tinha certeza que podia contar com a Iza, não importando o que acontecesse.

Postado por: Grasiele

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