quinta-feira, 7 de junho de 2012

The Neighbour - Capítulo 6

 Luiza

Vamos aos fatos:

–> Eu ainda não conseguia entender como não estava tonta, só de andar compulsivamente de um lado para o outro naquela sala minúscula do meu apartamento.

–> Estava quase surtando.

–> Vivi só fazia me olhar como se eu estivesse numa partida de tênis, confortavelmente aninhada no colo do Tom, que coçava suas orelhas.

–> Falando na peste, também estava me olhando com um meio sorriso nos lábios não ajudava em nada.

- Dá para parar, criatura? - Quase gritei. - Estou aqui, surtando e você me olha desse jeito, como se eu fosse a Jessica Alba de biquíni!

Riu e fez uma cara ainda mais de safado. Num ímpeto, agarrei a primeira almofada que estava ao meu alcance e atirei na sua direção, fazendo minha gata pular do seu colo e ir correndo para o meu quarto.

- O que eu não consegui entender até agora foi o motivo desse seu surto. Dá para me explicar melhor, liebe? - Pediu. Minha voz, ao responder, foi tão esganiçada que deu até vergonha:

- O Bill me pôs contra a parede e perguntou se eu gostava dele.

- E...?

- Falei a verdade. - Quase resmunguei, afundando o rosto nas minhas mãos. - Eu sou... Burra demais!

- Não é. - Disse, vindo se sentar do meu lado e acariciando meus cabelos. Como sempre, senti um arrepio e bati na sua mão. - Isso vai ser um problema. Vai ver que o Bill vai fazer isso o tempo inteiro.

Suspirei e reclamei:

- Culpa dessa porcaria do meu signo! Aquariano não reage muito bem à pressão. Ai que raiva!

- Iza, calma. - Pediu. A última coisa que ia conseguir fazer era justamente me acalmar.

- Eu não vou conseguir.

- Olha para mim, liebe. - Obedeci. - Conheço o Bill. Sei muito bem que ele não vai te sacanear porque você contou tudo.

- Tô me sentindo ridícula. - Confessei. - Ele disse que viu meu tumblr.

- Sério?

Concordei, sem dizer nada.

- Aí! Liebe, você realmente está fazendo tempestade em copo d’água. Vai por mim que o resultado dessa história toda vai te surpreender.

- Me fala como, então!

- E estragar a surpresa? Capaz! - Me imitou, fazendo com que eu risse. Ainda mais que fez voz fina.

- Chato. - Resmunguei, ainda rindo. E ele me acompanhava.

- Só te digo que vai gostar e muito.

- Ah tá. E quais são as chances de isso acontecer mesmo? - Perguntei.

- Para início de conversa, são as mesmas que você tinha de morar ao lado do Bill. Olha só o que aconteceu.

Revirei os olhos e quis saber:

- Algum contra-argumento?

- Sim. - Respondi. - Se serão rosas, florirão, como diria minha avó. Mas se não florirem... Não diga que não te avisei!

- Quem era o pessimista e a otimista mesmo, só para eu saber?

- Como é que eu te aguento mesmo?

- Você, mesmo dizendo que morre de amores pelo Bill, me ama. Por isso que me “aguenta”. Anda, Belotti. Se conforma. Não vai conseguir mais viver longe de mim.

Arqueei a sobrancelha e ri debochada.

- Aí que você se engana, Kaulitz. Posso muito bem viver longe de você. Tenho a Vivi. - Respondi, indicando a minha gata, que nos observava com aquele par de olhos dourados. Deu uma piscada lenta para mim, fechando os dois olhinhos e retribuí, como sempre.

- Eu... Roubo a Vivi. Pronto. - Me ameaçou. Olhei para ele, de sobrancelha arqueada e tudo.

- Ouse. Olha que eu afano... - Comecei a dizer. - Seu... Irmão. Pronto.

Riu e disse:

- Me parece uma troca justa. Ainda mais que nós dois sabemos que tanto a Vivi quanto o Bill estarão em excelentes mãos...

- Não vai conseguir me dobrar, Kaulitz, desiste.

- Ah vou. Duvida?

Estufei o peito, empinei o nariz e respondi:

- Duvido. Mas até me dizer o que está planejando.

- Não vai conseguir arrancar a minha confissão de como é meu plano mirabolante e nada maléfico. - Disse.

- Está dando uma de cupido mesmo. Sua peste! - Falei, batendo no seu ombro e fazendo-o rir.

- Sou inocente até que se prove o contrário.

- Você? Inocente? Ah, vá!

Fez aquela cara típica de safado dele e disse:

- Mas sendo honesto... Gosto muito de você. E amo meu irmão. É algum... Crime querer que vocês fiquem juntos? Só... Economizem no mel, sim?

Ri fraco e, o olhando, respondi:

- Você gosta muito de mim e eu te adoro, seu sem-vergonha.

Me abraçou pela cintura e, depois de dar um beijo na minha bochecha, disse:

- Te adoro, viu, baixinha?

Arqueei a sobrancelha e falei:

- Baixinha só quando eu estou descalça. Se eu calçar um dos meus saltos... Veremos quem é a baixinha aqui.

Riu e continuou ali comigo até o final da tarde, quando o Georg ligou.

Tom
- OK. Então o plano é o seguinte: A gente tem que dar um empurrãozinho para o Bill e a Iza logo. - Falei, olhando para o Georg, o Gustav e o Andreas. - Já tá mais que óbvio que um gosta do outro. E meu irmão ainda fez o favor de pressionar a coitada da Iza.

- Como assim? - O Andreas questionou.

- Ele fez a burrada de contar que viu um site dela e ficou insistindo, querendo descobrir se ela realmente gostava dele. Como a Iza não consegue lidar muito bem com pressão, acabou contando tudo. A culpa não foi dela. - Expliquei.

- Nesse caso, tenho uma ideia para a gente juntar os dois. - O Gustav disse. Olhei para ele, que começou a explicar. Realmente, era uma ótima ideia e demos um jeito de não ter nenhuma falha, por menor que fosse. Decidimos que executaríamos o plano na melhor oportunidade de todas: Uma festa que eu e o Bill fomos convidados. E como poderíamos levar uma acompanhante...

Bill

No final de semana, eu e o Tom fomos para a casa da minha mãe. Obviamente, ela fez um interrogatório a respeito da Luiza. O Tom se limitou a dizer:

- Foi para Roma. Quem sabe da próxima vez ela não vem com a gente?

E logo depois, sumiu, deixando o trabalho de responder às perguntas para mim.

- E então? Como ela é? - Minha mãe quis enquanto eu a ajudava a fazer o almoço.

- Ela?

- Sua vizinha...

- Por incrível que pareça... É brasileira.

- Como assim, “Por incrível que pareça”?

- Me responde sinceramente. Como você imagina as brasileiras?

- Pelo que já vi de fotos, são morenas ou negras. Ela não é assim?

- Só nos olhos castanhos e cabelos escuros. Ela é branca, do tipo que dá para ver as veias nos braços e até nos joelhos.

Minha mãe me olhou desconfiada e perguntou:

- E como você sabe que dá para ver as veias nos joelhos dela?

Quase engasguei e ela riu.

- Ela usa minissaia, short... Daí é impossível não reparar, ainda mais que ela fica perto de mim o bastante.

- Sabe o que eu acho?

A olhei.

- Que ela gosta de você e está tentando chamar sua atenção, ainda que você a trate mal.

- Eu já sabia. Quer dizer, por um lado, queria poder ser... Normal com ela, não ficar provocando o tempo inteiro, sem falar que era melhor do que ficar roubando beijos o tempo inteiro.

De repente, percebi o que tinha dito. Quando olhei para a minha mãe, estava rindo.

- Quer dizer então que já andaram se beijando?

- Quase. Na primeira vez, estávamos sentados naquelas espreguiçadeiras de frente para a piscina da casa do Tom. Elas tombaram justo na hora “H”. E a segunda foi há alguns dias atrás. O celular dela que atrapalhou.

Deu um sorrisinho misterioso e perguntei:

- O que foi?

- Nada. Só estou achando graça nessa história de vocês dois. Brigam até dizer chega na maior parte do tempo e quando aparece a oportunidade... Vocês não conseguem se beijar.

- Estou começando a achar que ela não é a garota certa. - Falei, desanimado.

- Quem te disse? Nunca te vi com essa carinha. Nem mesmo com a Sofia.

- A gente já começou com o pé esquerdo. O que te garante que ela é realmente quem eu estava esperando?

- O fato de ela ser diferente das outras. É sua fã, mas não gritou. Pelo contrário, te passou um carão em pleno supermercado. Vive te dando umas cutucadas que eu sei. Sem falar que ela quase brigou com o Tom porque ele tinha discutido com você e não queria fazer as pazes.

A olhei, surpreso.

- Como assim?

- Lembra de uma vez, logo depois que vocês se conheceram, que brigou com o Tom?

Concordei. O motivo era que eu via que o Tom estava atrapalhando meu namoro com a Sofia.

- Pois é. Eu sei que, quando ela descobriu que vocês dois tinham brigado, foi falar com ele, exigindo que voltassem às boas. Seu irmão não queria, no início. Mas, como ele me disse que não tem discussão com ela...

- Eu que sei... - Resmunguei, fazendo minha mãe rir fraco. - Sério... Se visse aquela garota discutindo com alguém, ia se surpreender. Ela sempre tem um argumento na ponta da língua, é incrível! Sem falar que adora implicar comigo por qualquer motivo, até meus piercings.

- O que ela fala?

- Me enche o saco por causa do piercing do septo, principalmente, e fala que vou parecer uma peneira ambulante de tanto furo...

Minha mãe riu e quis saber:

- Quer dizer que ela também não concorda com esse monte de piercings?

- É.

- Gostei mais ainda dela.

A olhei, surpreso.

- Mãe! Tinha que ficar do meu lado, não do dela!

- Sinto muito, Bill, mas estou concordando mais com as atitudes dela do que com as suas.

Revirei os olhos e decidi que o melhor a se fazer era ficar quieto.

O final de semana foi bom. Quer dizer, mesmo que eu tivesse a sensação de que tinha alguma coisa faltando, ainda sim, consegui me distrair e descansar um pouco.

Na segunda-feira, já de volta à Hamburgo, estava chegando em casa quando vi a Luiza com a gata nos braços, destrancando a porta. Rapidamente, deixei minhas coisas em casa e perguntei para ela, que tentava segurar a gata, que esperneava, e abrir a porta:

- Quer ajuda?

Concordou, me entregando a gata. Imediatamente, se acalmou. Perguntei, quando a pegou nos braços de novo:

- Posso falar com você um instante?

Me deixou entrar e, assim que se sentou no sofá de frente para mim, quis saber:

- E então? O que queria me dizer?

- A gente tem uma festa para ir na semana que vem e descobri que o Tom mexeu uns pauzinhos e te colocou como minha acompanhante.

- Ele fez o quê? - Perguntou, quase gritando e brava.

- É. Fiquei sabendo disso ontem.

- Que festa é essa?

- Sabe o Dean e o Dan da DSquared?

Assentiu.

- Vão abrir uma loja e, para isso, darão uma festa.

- Vai ter imprensa, né? - Perguntou. Além da sua expressão de preocupada incrivelmente fofa, ainda mordia o canto do lábio inferior (Não pergunte como conseguia fazer isso.).

- Vai. E com certeza vão inventar que estamos juntos. Porém, a gente não precisa entrar um do lado do outro.

- Como assim? Se sou sua acompanhante, como é que vamos entrar separados?

- Fácil. Natalie. Peço esse favor para ela e entro com o Tom.

- É abuso.

- Claro que não! Não custa nada pedir isso para ela, ainda mais que somos amigos. E então? O que me diz?

Suspirou, aceitando minha proposta. Nessa hora, tive uma ideia e só esperava que ela não ficasse brava comigo...

Postado por: Grasiele

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