sábado, 17 de março de 2012

A Megera Indomada - Capítulo 19 - O grande dia

 Foi uma loucura, admito. Tive que olhar vestido das damas de honra (Leia-se Scarlett, Bella e Anita), a decoração da igreja, o meu vestido, as lembrancinhas, os convites... E o Bill foi atrás da maioria das coisas da festa, além da lista dos convidados. Eu estava parecendo uma maratonista, porque não parei de correr um minuto. Vivia de um lado para o outro, sempre com o telefone na orelha, procurando saber de alguma coisa que estava faltando e, estava prestes a ter um colapso nervoso.

Dois dias antes, a Scarlett e a Bella me seqüestraram e me levaram para um spa, para eu tentar relaxar um pouco. Mas, quem disse que deu certo? Eu estava preocupada se tudo ia dar certo e, por isso, quase apanhei das duas.

O grande dia começou dando errado; Perdi a hora. Depois, quando eu fui para o salão, descobri que a moça que ia arrumar o meu cabelo, estava com uma virose das brabas e não ia poder trabalhar. Por sorte, tinha uma outra cabeleireira disponível e foi ela quem arrumou tudo. Daí, quando fui colocar o vestido, o zíper emperrou, não subia e nem descia, e, graças à mãe da Scarlett, conseguimos fechar o tal do zíper. Quando eu ia entrar na igreja, pisei numa grade, o salto da sandália, que era agulha, enfiou no espaço entre uma "tira" e outra e, justo na hora que todo mundo se virou para me olhar, eu fiquei lá, tentando soltar o danado do salto. Todos os convidados ficaram me olhando sem entender nada. Por fim, o salto quebrou e, como eu já tinha perdido a paciência, pedi um pouco de paciência e dei um jeito de quebrar o outro salto, senão, ia ficar a coisa mais linda eu entrando na igreja mancando... Por fim, quando eu me ajoelhei do lado do Bill, na frente do padre, este perguntou, se inclinando na minha direção:

– Está tudo bem, minha filha?

– Está. Só... Fiquei agarrada ali, mas, já foi resolvido.

O Bill não conseguiu evitar o riso. A celebração foi normal, ainda bem, e, logo que acabou, fomos para a festa. Durante a valsa, o Bill me perguntou:

– O que foi que aconteceu naquela hora, lá na igreja?

– O salto agarrou numa grade, quando eu finalmente consegui soltar, ele quebrou. Daí, pedi para o povo esperar um minuto, porque eu ia quebrar o outro salto. Ia ser a coisa mais linda do mundo... Uma noiva manca por causa do salto alto...

Ele riu.

A festa foi ótima, todo mundo da nossa escola estava lá, inclusive alguns professores e, só sei que, quando me sentei do lado da Scarlett e do Georg, perguntei, indicando a barriga da Scarlett, que já estava bem grande:

– E aí? Como esse meninão está?

– Na folga, né? - Ela respondeu. - Mas, está bem. Daqui a um tempinho, você vai ter mais um afilhado para ajudar a cuidar...

– Pois é... - Eu respondi, imaginando várias coisas.

Mais ou menos duas horas se passaram até que eu avisei que ia jogar o buquê. E, assim como aconteceu no casamento da Scarlett e do Georg, juntou um monte de solteiras, todas loucas para se casarem, perto de mim. O Bill me ajudou a subir numa cadeira, já que eu não ia conseguir jogar o buquê da minha altura normal, e segurou-a, para o caso de uma possível queda. Quando eu joguei o buquê, ouvi todo mundo rindo e, quando me virei, a surpresa: O Tom tinha pegado o buquê de novo. E, de novo, ele estava passando quando o buquê caiu na mão dele. Eu só ouvia ele reclamando:

– Isso é perseguição comigo!

A Bella, lógico, não perdeu a oportunidade de fazer piada com ele. Quando eu tive chance, falei com o Tom:

– Você toma cuidado com a Bella, que o próximo é você...

– É... Eu sei... Aquele safado do Gustav aproveitou que você e o Bill não se decidiam e casou com a Anita. Agora, só falta eu mesmo... - Ele reclamou.

– Falando nisso... Quando ele volta do Canadá? - Perguntei.

– Mês que vem. - O Tom respondeu. - E eu estou com a sensação que vai ter mais criança para a gente apadrinhar...

– Ah, pois é... Se continuar do jeito que está... Daqui a pouco nós todos estaremos em falência...

Ele riu e a Bella arrastou ele para dançar. Enquanto eu observava o Tom e a Bella, senti alguém me enlaçando pela cintura e, depois de beijar o meu ombro (Meu vestido era tomara-que-caia), me perguntou:

– Você acreditou na história do Tom?

– De que ele pegou o buquê por um acaso? Não... Um raio não cai três vezes no mesmo lugar... - Respondi, me lembrando que nos casamentos do Georg, do Gustav e agora no meu, ele pegou os buquês e todos foram do mesmo jeito.

– Pois é... Também acho que não. - Ele respondeu. - Vamos dançar?

– Tá. - Respondi, colocando o meu copo vazio sobre a bandeja de um dos garçons. Ele me levou para a pista de dança e, quando ele pôs as mãos na minha cintura, encostei a minha cabeça no peito dele. Por mim, aquele momento não ia terminar nunca. Mas teve que terminar, já que tínhamos uma lua-de-mel pela frente.

Quando eu entrei no carro, depois da festa, o Bill me perguntou:

– Você está feliz?

– Você nem imagina o quanto...

Ele me deu um beijo no rosto e comentou:

– Quando voltarmos... Vamos ser só nós três... Eu, você e a Cacau, que já vai ter destruído o apartamento...

– Hã... Na realidade... Eu tenho uma coisa para te contar. - Eu respondi, me endireitando no banco.

– Que coisa?

– Não vai dar para ser só nós três...

– Como assim? Que história é essa, Kate?

– Infelizmente, eu não vou poder ser só sua e da Cacau...

– Kate... Fala logo!

– Vocês dois vão ter de me dividir com mais... Duas pessoinhas. - Eu respondi, pondo minha mão sobre a minha barriga. O Bill olhou para mim, incrédulo.

– Não... - Ele disse, naquele tom descrente.

– Por que você acha que eu quis um vestido lilás, bem clarinho, e não branco?

– Espera aí... Você... Está me dizendo que...

– Estou grávida. De gêmeos.

Ele me encheu de beijos. Era evidente que ele estava feliz. E continuou feliz, mesmo tendo que dormir no sofá, já que eu estava enorme e, quando queria sair da cama, para ir no banheiro ou até mesmo sair de casa, ele tinha que me rolar para fora da cama. O parto foi um sofrimento, admito. Mas, quando vi as nossas filhas... Não agüentei e comecei a chorar, para variar um pouco. Escolhemos só um padrinho e uma madrinha, o Tom e a Bella. para a mais nova, e o Georg e a Scarlett para mais velha. Tinha dez minutos de diferença entre as duas. A mais velha ia se chamar Sofia e a mais nova, se chamaria Diana.

O tempo foi passando e, a cada dia que passava, as duas se pareciam mais e mais com o Bill. Porém, o gênio era igual ao meu. Tudo bem que a Sofia era mais nervosinha e a Diana era mais calma, mas, ainda sim, as duas eram geniosas. Eu desconfiava que, quando as duas crescessem, iam dar um trabalho daqueles...
Mas, mesmo assim, eu e o Bill estávamos loucos pelas nossas menininhas e estávamos felizes. Tínhamos umas brigas de vez em quando, mas, como tínhamos um trato de nunca dormíamos sem dar um beijo de boa noite, as brigas não duravam muito tempo.

A Bianca se casou com o Joseph, depois que eles terminaram a faculdade e decidiram viajar pelo mundo antes de terem filhos. Já o Georg e a Scarlett tiveram um menino, que recebeu o nome de Johann. O Gustav e a Anita também tiveram uma menina, chamada Clara, e um menino, chamado Klaus. E o Tom... Vive se esquivando do casamento com a Bella. O tempo inteiro terminam e reatam o namoro. E, como não podia deixar de ser... A Cacau também achou um namoradinho e teve uma ninhada de cinco cachorrinhos, dois machinhos e três fêmeas. Como a Sophia e a Diana ficaram doidas com os cachorrinhos, ficamos com duas fêmeas.

E, como eu sempre acreditei em contos de fadas, apesar de ser feminista convicta, estava alegre de ter o meu próprio final feliz, ter encontrado meu príncipe encantado e ter sido "domada" por ele.

FIM.

Postado por: Grasiele | Fonte: x

A Megera Indomada - Capítulo 18 - A proposta

 Tinha exatamente um ano e meio desde que me mudei para Berlim com o Bill. Vira e mexe, alguém vinha nos visitar: Podia ser o Georg, a Scarlett e a Eliza, o meu pai e a Bianca, o Gustav e a Anita e até mesmo o Tom. Inclusive, na última vez que o Tom veio para Berlim, percebi que ele estava diferente. Não foi muito difícl para eu conseguir descobrir o que estava acontecendo: Ele estava gostando da Bella e, assim como aconteceu com o Bill, ele estava passando por aquele perrengue para ficar com a minha amiga, que, assim como eu, só dava passa-fora nele. Como eu queria que os dois ficassem juntos, ainda mais que eu sabia que a Bella também era a fim dele, decidi bancar o cupido e ajudar os dois. Ou melhor, ajudar o Tom a conquistar a Bella. Quando ela veio para Berlim, armei um jeito de ela ir jantar com o Tom. Como eu sabia que, se eu falasse a verdade, a Bella não iria, então, arranjei uma desculpa e pedi que ela fosse à um restaurante, que eu iria me encontrar com ela assim que fosse possível. Na manhã seguinte, quando o Tom me ligou, perguntei como tinha ido e ele me respondeu:

– Funcionou em termos.

De novo, fui ajudar os dois. Demorou um mês e meio para que a Bella finalmente cedesse e começasse a namorar com o Tom. Custou, mas, pelo menos os dois estavam felizes juntos.

Em uma manhã que eu estava fazendo uma lista das coisas que eu tinha que comprar no supermercado, o telefone tocou e, quando vi que era a Scarlett, atendi:

– Bom dia!

– Você está sentada? - Ela perguntou.

– Estou... Por quê? - Perguntei, começando a escrever a palavra "macarrão".

– Eu... Tenho uma coisa para te contar... - Ela respondeu. Eu já estava com a intuição que ela ia fazer isso. Estava terminando de escrever o segundo "a" e ia fazer o til quando ela me disse: - Eu estou grávida.

O til saiu um risco na diagonal, por causa do susto.

– Espera aí... Eu entendi direito? A Eliza vai ganhar um irmãozinho ou irmãzinha?

– É. - Ela respondeu. Pelo tom, estava radiante. - Ainda não contei para o Georg; Hoje nós vamos sair para jantar e... Eu estou planejando contar para ele.

– Ai meu Deus! Só... Espera ele não estar comendo ou bebendo nada, senão ele engasga...

Ela riu e, na mesma hora, ouvi o Bill abrindo a porta do quarto. Eu falei:

– Olha, eu tenho que desligar. O Bill acordou agora e, com certeza, está morto de fome... Depois eu te ligo e a gente conversa melhor. Mas, parabéns, viu?

– Obrigada - Ela respondeu. Nos despedimos uma da outra e, quando o Bill encostou no batente da porta da cozinha, ficou me olhando e perguntou:

– Quem era?

– A Scarlett. - Respondi. - Queria saber como a gente estava.

Eu sei que não devia mentir, mas, se eu contasse que ela estava grávida, ele ia contar para o Georg e estragar a surpresa.

– Ah... E por que você deu os parabéns para ela?

– Você não acha que está curioso demais?

– Já que perguntou... Não. Anda, me responde...

– Foi o primeiro dia de aula da Eliza outro dia e eu estava dando os parabéns porque ela não fez aquele drama todo que as mães fazem nesses dias...

– Ah... Entendi. - Ele disse, ainda desconfiado.

– Quer alguma coisa do supermercado?

– Que eu me lembre... Não. - Ele respondeu.

– Bom, eu vou fazer algumas compras e, se você se lembrar de alguma coisa, me liga e fala o que você quer, tá?

– Tá bom. - Ele respondeu. Coloquei a lista na bolsa e, antes de sair, dei um beijo rápido nele.

Quando eu estava passando pela sessão de frios, o meu celular tocou e, quando vi que era o Bill, atendi e ele me pediu para comprar um pote de sorvete. Assim que cheguei em casa, ele me ajudou a arrumar as coisas. Enquanto eu guardava as coisas na geladeira, ele me perguntou:

– Kate... Posso te perguntar uma coisa? É de curiosidade mesmo...

– Pode... - Respondi, guardando o saco com as cenouras dentro da gaveta de legumes.

– Você tem vontade de ter filhos? - Ele me perguntou. Olhei para trás e, vendo que ele estava brincando com um copo, respondi:

– Tenho. Mas, não antes de casar. Você viu como a Scarlett e o Georg ficaram por causa da Eliza...

– É... Mas, eu estava perguntando só de curiosidade mesmo... - Ele respondeu, se endireitando, já que estava debruçado sobre o balcão.

– Sei... Enfim, eu acho melhor a gente esperar um pouco para pensar em filhos.

– E em casamento? - Ele arriscou.

Eu resolvi testá-lo:

– Por quê? É curiosidade sua também?

– É. - Ele respondeu. - Se eu te pedisse para se casar comigo... O que você diria?

– Bom... Já que isso é uma suposição... Eu aceitaria.

– E se não fosse?

– E não é? - Perguntei, surpresa.

– Não.

– Você... Realmente está me pedindo para eu me casar com você?

– Eu sei que não é a hora mais apropriada, mas... Quer se casar comigo?

Ele estava estendendo uma caixinha preta de veludo, aberta, na minha direção. Dentro dela, tinha um anel de prata, cheio de pedrinhas de brilhantes e uma pedra oval de água marinha no centro. O anel era fininho, mas, era lindo. Ele me olhava e eu estava sem fala, em estado de choque.

– Eu... Nem sei o que dizer...

– Simples. Só um "sim" ou "não" já basta. Se você achar que está cedo demais, tudo bem. Posso esperar.

Eu dei a volta no balcão e dando um abraço nele, respondi, sussurrando no ouvido dele:

– "Eu aceito" serve?

Ele me soltou do abraço e, sem soltar a minha mão esquerda, ele pegou o anel e colocou-o no meu dedo anelar. Eu disse:

– Bill... Isso não é uma aliança... Tinha que ser na mão direita...

– Eu sei. Mas, para você ir se acostumando... Usa nesta mão.

Eu sorri e ele beijou a minha mão que estava segurando. A primeira a saber da novidade foi a Bianca. Como meu pai não estava em casa, ela mesma ia contar. Logo em seguida, ligamos para a Scarlett  e o Tom, ao mesmo tempo. Todo mundo ficou eufórico e, a Scarlett quase me deixou surda, pelo tanto que ela gritou.

Agora que a parte escabrosa do casamento, que é a organização, ia começar...

Postado por: Grasiele

A Megera Indomada - Capítulo 17 - O casamento, mudanças e Cacau

 Uma semana antes de eu me mudar com o Bill para Berlim, eu, a Bella e mais umas amigas da Scarlett decidimos seqüestrá-la e fazer uma despedida de solteira para ela, uma vez que a data do casamento dela com o Georg finalmente foi decidida. Foi divertidíssimo ver a cara da Scarlett quando viu o stripper vestido de policial. A farra durou a noite inteira e, na manhã seguinte, foi o dia da noiva. Só que, como eu e a Bella seríamos as madrinhas de casamento, junto com o Bill e o Tom, então nós três passamos o dia nos arrumando. A Bella até chegou a comentar:

– Quando eu me casar... Exijo um stripper, só que vestido de bombeiro, e um dia que nem esse...

– Bombeiro, Bella? - Perguntei.

– Ué... Quem é que apaga o fogo? - Ela perguntou, em resposta. A Scarlett me deu uma olhada e eu tive certeza dos pensamentos dela. Mas, para não arranjar confusão, fiquei quieta.

Quando vimos a Scarlett já pronta, ela perguntou:

– E aí? Como eu estou?

– Está linda. - Eu respondi. - Ai, Scar... Estou tão feliz por você!

Nós duas estávamos nos abraçando, e, para variar, o choro já apareceu. Ela falou, secando as lágrimas com um lencinho, bem delicadamente:

– Ai... Não posso chorar... Não quero que o Georg pense que está se casando com um panda...

– Você está perfeita, Scar... - A Bella respondeu.

Quando já estávamos chegado na igreja e a Scarlett entrou, parecia que todo mundo resolveu pegar o nosso embalo e eu consegui ver várias pessoas chorando. Durante a festa, depois da celebração, a Scarlett subiu no palco onde a banda estava tocando e chamou as solteiras, porque ia jogar o buquê. O Bill me incentivou a ir lá e, eu fui, mas, só para fazer hora mesmo. Era óbvio que, com minha sorte, eu não ia pegar nada. Quando a Scarlett viu que já tinha um bom número de "desesperadas" perto do palco, ela virou-se de costas, todo mundo contou até três e, quando vimos ela jogando os braços para trás, as solteiras levantaram os braços, mas, quando vimos que ela ainda não tinha jogado o buquê, tiveram algumas reclamações. Ela virou de costas de novo e, desta vez, ela jogou o buquê. A surpresa ficou por conta de quem pegou: O Tom. Todo mundo olhou para ele, que não estava entendendo nada, com o buquê em uma das mãos, e uma taça de champanhe na outra, e, quando as solteiras começaram a rir, ele foi na brincadeira também. Quando o Bill viu quem tinha pegado o buquê, começou a provocar o Tom, que respondeu, num tom de brincadeira:

– Não adianta... Você vai continuar querendo o buquê. Eu não vou te dar... Não mandei não passar ali perto na hora que a Scarlett jogou...

– Chato. - O Bill retrucou. A festa foi ótima e, quando eu e o Bill decidimos ir embora, ele esperou que eu saísse do carro. Só que eu não me mexi. Ele perguntou:

– Kate... Tem alguma coisa errada?

– Na realidade, tem... - Eu respondi. - Andei pensando muito esses dias e...

– Sobre o quê? - Ele perguntou, me interrompendo.

– Nós. - Eu respondi.

– E...? Você não quer mais ir para Berlim comigo?

– Não é isso. Eu quero ir para Berlim com você. Muito.

– Mas...

– Mas o problema é que... Vamos ser só nós dois lá?

– Você... Não está grávida, está?

– Não. Ainda não. Mas... Eu queria te pedir uma coisa. É na cara-de-pau mesmo...

– Pode pedir...

– Um cachorrinho? - Perguntei, fazendo uma carinha bem fofa para convencê-lo.

– Que raça?

– Não sei... Pensei num salsichinha...

– Macho ou fêmea?

– Como você quiser...

– Preto ou marrom?

– Tanto faz. - Respondi.

– Filhote?

– Claro. E pára com esse interrogatório! Que coisa irritante!

Ele riu e disse:

– Posso escolher então, por minha conta e risco?

– Pode.

– Tudo bem...  Vai pensando em alguns nomes. Tanto de machos quanto de fêmeas.

– Tá bom. - Eu disse. Me inclinei na direção dele e o beijei. Nos empolgamos tanto que, sem querer, fui sentar no colo dele e apertei a buzina, sem querer. Roxa de vergonha, saí do carro rapidinho, depois de me despedir dele, e entrei em casa.

Quando o dia da mudança para Berlim finalmente chegou, a Bianca parecia que era minha irmã siamesa; Não desgrudou de mim um minuto sequer. Eu sabia que ela ia sentir minha falta, assim como eu ia sentir a falta dela. Quando terminei de arrumar as minhas coisas, meu pai avisou que o Bill já tinha chegado. Logo que eu desci as escadas, carregando uma mala e a Bianca atrás de mim, carregando outra, vi o meu pai pedindo para o Bill cuidar de mim. A resposta foi:

– Não se preocupe.

De repente, ele me viu no pé da escada e me ajudou com a minha mala. Enquanto isso, me despedi da Bianca. Ela caiu no choro e, como não podia deixar de ser, eu também abri o berreiro. Ela me disse, já com o rosto inchado de tanto chorar:

– Chegando em Berlim, você me liga, contando tudo.

– Claro. - Respondi, ainda a abraçando. - E quando já estivermos estabilizados, quero que você vá nos visitar...

– Pode deixar. - Ela respondeu. Me abraçou mais forte e disse: - K.T. ... Não esquece que eu te amo e você é a melhor irmã do mundo, tá?

– Não vou esquecer. E você também é a melhor irmã do mundo... - Eu disse, abraçando a Bianca bem forte, também.

A pior parte foi me despedir do meu pai. Nunca pensei que pudesse chorar tanto... Ele realmente ia fazer muita falta para mim. Ele, assim como a Bianca, me pediu para ligar assim que chegasse à Berlim, e ainda, disse que, se precisássemos, que era para ligar para ele. Eu o abracei forte, que nem fiz com a Bianca e, quando já estava tudo pronto, ele me disse:

– Boa sorte, minha filha.

– Obrigada, pai. - Respondi. Dei um beijo no rosto dele e entrei no carro. Pelo espelho retrovisor fiquei observando-o acenar para mim. Tentei não pensar muito na falta que ele ia fazer, mas, a princípio, parecia inevitável. Quando chegamos em Berlim, vi que iríamos morar num bairro de classe-média alta e o apartamento era uma cobertura. Enquanto eu arrumava algumas coisas, o Bill disse que ia sair rápido e, quando eu menos esperasse, ele estaria de volta. No instante que eu terminei de arrumar a primeira de duas malas, ouvi ele me chamando e, quando cheguei na sala de estar, ele estava segurando alguma coisa, enquanto trancava a porta. Percebi que era o cachorrinho e perguntei:

– Posso ver?

Ele se virou e me mostrou um filhote de Dachshund, miudinho mesmo, ainda sonolento. O pêlo desse filhote era exatamente da cor daquelas barras de chocolate ao leite. Eu perguntei:

– E aí? É... Macho ou fêmea?

– Eu sei que vou sofrer com as duas de TPM, mas... Quando vi... Tive que pegar essa fêmea...

A cachorrinha era a coisa mais fofa do mundo. O Bill me perguntou, vendo que eu estava babando pela cachorrinha:

– Que nome vamos colocar nela?

– Pode ser... Cacau?

– Pode. - Ele respondeu, passando a mão na cabecinha dela.

Uns dias depois, percebemos que a Cacau estava com o gênio parecido com o meu, apesar de viver colada no Bill. Por sorte, ela não tinha ciúmes de mim, já que eu também mimava a danadinha. Era bom chegar em casa (Eu estava trabalhando numa loja de roupas em um shopping) e ver aquela coisinha marrom fazendo festa para nós... Ela ficava naquela felicidade, toda assanhada e, vira e mexe, latia. Só os vizinhos que não gostavam muito, já que ela era barulhenta. Além desse pequeno detalhe dos latidos, tivemos uma dificuldade enorme para educá-la. A danada era teimosa mesmo. Se, por exemplo, ela fazia xixi num lugar errado, íamos lá, dizíamos que não era para ela ir fazer xixi lá, mas, sobre o jornal, e ela simplesmente ignorava. Por fim, o Bill descobriu um jeito de fazer a Cacau ir fazer xixi no jornal. Depois disso, nunca mais tivemos que sair atrás dela, chamando atenção por ter usado um cantinho como banheiro.

O único problema com a Cacau era que, assim como o Marley, do livro "Marley e eu", eram as tempestades. Se dava um trovão, mesmo que fraquinho, lá ia a Cacau se enfiar debaixo da nossa cama. Tirar ela de lá debaixo era um custo. O jeito era esperar a danada sair por vontade própria.

No entanto, tirando esse problema do xixi e da tempestade, era uma cachorrinha fora do comum, já que não fazia tanta bagunça assim. Era bem tranqüila. Só latia um pouco demais, mas, nada demais. Num dia que eu estava fazendo o almoço, vi a Cacau brincando com o Bill e fiquei pensando em como seria quando eu tivesse um filho. Será que ela teria ciúmes? Eu esperava que não... 

Postado por: Grasiele

A Megera Indomada - Capítulo 16 - Surpresas e mais surpresas...

Todo mundo estava se divertindo na festa da Scarlett. Até ela se arriscou na pista de dança. O problema é que, por causa do tamanho dela (Parecia que ela estava grávida de gêmeas e que não tinha só a Eliza ali dentro), todo mundo tinha que ficar mais afastado. Eu estava dançando com o Bill e, quando olhei para a Scarlett, que estava sentada em uma das mesinhas, com o Georg do lado dela, ela estava fazendo uma careta. O Georg, que estava conversando com um dos primos da Scarlett, nem viu que ela não estava bem. Dei um cutucão no Bill e ele me perguntou:

– O que foi?

Eu indiquei a Scarlett e ele me puxou até a mesa da Scarlett. O Georg só foi perceber que tinha alguma coisa de errado com ela quando nos viu chegando perto dele.

– Scar... Está tudo bem? - Eu perguntei, me abaixando na altura dela.

– Não... Eu estou sentindo umas pontadas. É como se fossem cólicas...
– Desde quando você está sentindo essas pontadas? - O Bill perguntou, ficando na mesma altura que eu.

– Desde que saímos de casa. - Ela respondeu, me olhando. - Começou bem fraquinha mesmo e, como estava dando em longos intervalos, nem preocupei. Agora é que elas estão ficando mais fortes e o intervalo entre uma e outra, diminuiu.

– Será que... - O Georg começou a dizer, aflito.

– Já chegou a hora? - Perguntei. - Provavelmente... Nunca tive filhos, então, não sei dizer...

De repente, a Scarlet gemeu e se debruçou um pouco sobre a mesa. Eu respondi, já entrando em pânico:

– É... Acho que já chegou a hora mesmo...

Logo, a Scarlett, o Georg, os pais dele, eu, o Bill, o Tom, a Bella, o Gustav e a Anita, estávamos reunidos no hospital. A Scarlett estava se preparando em uma sala, o Georg estava com ela, e o restante do povo estava na sala de espera. Nós já tínhamos ligado para os pais da Scarlett e eles estavam a caminho. O Tom, que não parava quieto um minuto, quebrou o silêncio e perguntou:

– Será que ela vai nascer com cara amassada?

Eu não agüentei a pergunta e caí na risada.

– Óbvio que vai... Quer dizer, se for de parto normal... - A Bella respondeu, impaciente.

– Não precisa ser grossa, ô garota! - Ele respondeu, no mesmo tom grosso dela.

– Será possível que nem aqui vocês sossegam o facho? - O Bill reclamou com os dois. - Custa vocês dois darem um tempo nas brigas pelo menos agora?

Os dois ficaram quietos e de cabeça baixa. De repente, os pais da Scarlett entraram na sala de espera e, quando a mãe dela me viu, veio andando, desesperada na minha direção e ela me perguntou:

– Onde está a Scarlett?

– Lá dentro. O Georg está com ela... - Eu respondi, depois que ela me soltou do abraço. Nem bem terminei de dizer isso e uma enfermeira veio brigando e empurrando o Georg. O Tom perguntou para ele:

– O que houve?

– Ele não agüentou de tanto nervosismo... A Scarlett até ficou nervosa por causa dele... Daí, o médico achou melhor que ele saísse da sala de parto. - A enfermeira explicou.

– Eu... Posso ir lá? - Perguntei para a enfermeira. Eu sabia que a mãe da Scarlett não ia agüentar, que nem o Georg. A enfermeira me olhou e, quando eu entrei na sala de parto, a Scarlett me perguntou:

– Cadê o Georg?

– Está na sala de espera, com todo mundo... - Eu respondi. - Seus pais estão aqui também...

– Sério? - Ela me perguntou. Eu concordei com a cabeça e a obstetra entrou na sala e perguntou para a Scarlett:

– O que aconteceu com o seu namorado?

– Estava à beira de um ataque de nervos... - Ela respondeu.

– E você? É a irmã dela? - A médica perguntou.

– Não. Sou uma das madrinhas. - Respondi.

– Ah, bom... Scarlett, ainda vai demorar um tempinho até a Eliza chegar... Então... Vocês duas precisam ter paciência... - A médica disse.

E  a Eliza realmente demorou um tempinho para chegar. Porém, quando era para chegar... Dei a minha mão para a Scarlett e perguntei:

– Lembra?

Ela sorriu e sabia que, se estivesse doendo demais, era para apertar a minha mão. A gente sempre fazia isso quando tinha que fazer alguma coisa dolorida. Foi assim quando as duas furaram o umbigo, fizeram as tatuagens... A obstetra pediu que a Scarlett fizesse força. Ao mesmo tempo que ela tentava fazer a filha nascer, ela apertava a minha mão. A Scarlett até gritou, só para tentar sentir menos dor. Quando eu finalmente ouvi o choro da Eliza, a Scarlett perguntou:

– Nasceu?

– Nasceu... - Eu respondi, chorando, óbvio. Eu consegui ver, mais ou menos, como a Eliza era e, a nova mamãe, me perguntou, ansiosa:

– E aí? Como ela é?

– Cabeluda. - Respondi. - Tem um belo moicano e parece com o Sonic.

Ela riu e, quando a médica trouxe a Eliza para a Scarlett, eu falei com a minha amiga:

– Vou lá avisar o povo que ela nasceu...

– Tá. - A Scarlett respondeu. Quando eu saí da sala de parto, todo mundo, que estava sentado nas cadeiras, até mesmo o Georg, se levantou ao mesmo tempo, numa perfeita sincronia. O Georg me perguntou:

– E aí?

– É a coisa mais linda do mundo.. - Eu respondi, recomeçando a chorar. Eu fui até ele e o abracei.

Uma semana depois, a Eliza tinha engordado e ainda continuava com o moicano firme e forte. Ah! E para a alegria geral da nação... A Eliza tinha os olhos verdes. O quartinho que a Scarlett e o Georg arrumaram para ela, estava abarrotado de bichinhos de pelúcia, tinha uma prateleira enorme, cheia de caixinha de música, isso sem mencionar nas bonecas, tanto de porcelana quanto de pano. E isso sem mencionar que os padrinhos estavam naquela briga para ver quem ia pegar a Eliza no colo. A mãe da Scarlett disse, quando viu o Bill e o Tom brigando entre si para ver quem ia segurar a Eliza:

– Se vocês continuarem desse jeito, a Eliza vai crescer mimada... Já basta os pais super-corujas, os avós maternos e paternos babando em cima dela e ainda tem os padrinhos prestes a começar uma guerra para ver quem vai segurá-la...

Os dois sossegaram quando a mãe da Scarlett falou isso. Em uma tarde que eu e a Bella tínhamos ido visitar a nossa amiga, a filhota dela e o Georg, a Bella perguntou:

– E aí? A Eliza chora de noite?

– De vez em quando. Na maioria das vezes, sou eu quem vai ver o que aconteceu... Por mais que eu dê uns bons cutucões, o Georg nem se mexe...

Eu e a Bella rimos e a Scarlett disse:

– Mas, durante o dia, é ele quem cuida dela. Vocês têm que ver a corujice dele para cima da Eliza...

– Ele troca a fralda dela? - Eu perguntei, tentando imaginar a cena.

– Troca. No início, ele não gostava muito, mas, agora já acostumou... - A Scarlett respondeu. Era visível que ela estava feliz. O olhar dela tinha um brilho...

– Mas e aí? Vocês adiaram o casamento... Mas, ele ainda vai acontecer? - A Bella respondeu.

– Vai. Estamos só esperando a Eliza crescer mais um pouco para a gente casar... Isso sem mencionar que eu tenho que emagrecer um pouco... - A Scarlett reclamou.

Quando a Bella foi embora, eu ainda fiquei por mais um tempinho. A Scarlett estava preparando a água do banho da Eliza e eu fiquei vigiando a minha afilhada. Quando a Scarlett entrou no quarto, perguntou:

– Babando muito pela afilhada?

– É... Não tem jeito, né? - Perguntei, em tom de brincadeira. - Sabia que, quando ela nasceu, ela era mais parecida com você?

– Por quê? Agora ela está parecida com o Georg?

– É... Dizem que as meninas se parecem mais com os pais e os meninos são mais parecidos com as mães...

– Ah... Para mim, tanto faz se ela ficar parecida comigo ou com o Georg...

Eu sorri. Quando ela pegou a Eliza no colo, me perguntou:

– Agora... Só falta você me arrumar um afilhado, não é?

– O quê? Não senhora... Se eu te arrumar um afilhado, vai ser daqui a alguns anos. Quero fazer faculdade, ainda...

– É... Você está certa. - Ela disse, depois de pensar um pouco. - Mas eu faço questão de ser madrinha dele ou dela, tá?

– Claro! - Respondi. Quando eu vi o carinho que a Scarlett tinha com a Eliza, fiquei me imaginando como seria quando eu tivesse os meus filhos. Seria estranho, admito... Mas, primeiro, eu tinha um monte de coisas para fazer... Inclusive, me mudar para Berlim. Meu celular começou a tocar, me despertando desse transe e, quando vi que era o Bill, eu disse à Scarlett que teria de ir embora. Ela terminou de dar banho na Eliza e me acompanhou até a porta. Sabendo que iríamos nos separar por um tempo, a Scarlett me deu um abraço apertado e eu senti que aquele era um abraço de despedida. De repente, me deu um aperto no peito e, por um instante, considerei não me mudar para Berlim, com o Bill.

Postado por: Grasiele

A Megera Indomada - Capítulo 15 - Proposta

 Narrada por Kate 

No instante que eu vi o Bill parado do outro lado da minha porta, com aquele sorriso fofo que sempre me deixava prestes a ter um ataque cardíaco e cair ali, durinha, na frente dele, e, para piorar, com uma única rosa vermelha, a única reação que eu tive foi dar um tapa na cara dele, que não entendeu. Eu reclamei:

– Seu safado! Como é que você some desse jeito e não me dá notícia nenhuma?

– Eu sei que eu errei em não ter te contado nada, mas, você vai entender que eu não podia ter te contado nada, senão... Não ia dar certo.

– O que não ia dar certo?

– Vem comigo que você vai ver...

Eu apaguei as luzes e tranquei a porta, ao sair. Em seguida, fui com ele até um carro que estava parado na frente de uma casa que ficava mais à frente, quase na esquina. Nem bem entrei no carro e fui vendada. Quis saber onde estávamos indo, mas, ele não me contou. Nem mesmo apanhando de mim. No meio de um dos tapas, ele se afastou e, instintivamente, comecei a tatear o banco até achar ele. Senti que estava tocando em uma determinada parte do corpo dele, que falou, afastando e segurando minha mão:

– Calma... Eu sei que você está com saudades de mim, mas, antes de darmos um fim nela, temos algumas coisas para fazer...

– Convencido. - Resmunguei, cruzando os braços no peito. Quando o carro parou, ele me ajudou a sair e, continuou me guiando. Percebi que estávamos dentro de um elevador e, de novo ele me guiou. Só me soltou por um instante e, como eu não sabia onde estava, tive um pouquinho de medo e, de novo, comecei a tatear, procurando por ele. Consegui achar e, quando percebi onde a minha mão estava, não resisti e apertei. Senti ele se esquivando e, logo em seguida, ele disse:

– Hoje você está impossível, hein?  

– Você não tem idéia...

Ouvi o barulho de uma porta sendo destrancada e, logo em seguida, o Bill me pegou pela mão e me puxou. Sem tirar a mão da minha cintura, ele fechou a porta (Deu para perceber, já que ouvi o barulho) e continuou me guiando. Eu perguntei:

– Até quando você vai ficar nesse suspense todo?

– Já vai acabar... Só um instante...

Ouvi ele abrindo outra porta e ele me puxou de novo, só que, desta vez, senti um vento gelado vindo contra mim. De repente, ele me abraçou por trás e, com a boca a poucos milímetros de distância da minha orelha, perguntou:

– Você está pronta?

– Pronta para quê, criatura divina? - Perguntei, começando a ficar irritada.

– Só me responde se "sim" ou "não".

– Sim. - Respondi. Ele tirou as mãos da minha cintura e senti ele desfazendo o nó do lenço que ele tinha feito como venda e, depois de piscar várias vezes, para me acostumar com a claridade, a única coisa que eu consegui falar foi:

– Puta merda!

– Eu esperava algo mais... Educado e emocionado... - Ele respondeu, atrás de mim.

– Desculpa. - Respondi. - É... Lindo.

Ele tinha arrumado uma mesa na varanda do hotel mais luxuoso daqui. Quando terminamos o jantar (Que era macarrão com um molho bem... Sofisticado), a sobremesa (Uma mousse de frutas vermelhas com calda quente de chocolate) foi trazida. Eu tinha acabado de comer a terceira colherada da mousse quando ele me disse:

– Eu... Preciso conversar sério com você.

Me deu um medo quando ouvi o Bill falando isso...

– Pode falar...

– No final do ano, a escola acaba, como você sabe.

– Sei. - Respondi.

– E... Durante esse mês que eu estive longe de você, passei uns dias em Berlim e acabei tendo uma proposta de um tio meu que é dono de uma produtora musical, para trabalhar com ele. Eu conversei com a minha mãe e ela me apoiou na decisão de sair daqui e ir morar lá, com meu tio. Mas, eu não iria morar na casa dele. Ia ter meu próprio apartamento...

Eu baixei a cabeça. Eu sabia que, uma hora, a gente ia ter de se separar, mais cedo ou mais tarde.

– E o Tom? - Perguntei. - Vocês dois parecem sombras um do outro...

Ele sorriu e respondeu:

– Eu vou primeiro e, no mês seguinte, ele vem.

– Ah... - Respondi. - Fico... Feliz por você. Eu... Te desejo boa sorte nesse trabalho com seu tio e nessa... Mudança para Berlim... Eu não nego que vou sentir sua falta...

– Não vai. - Ele me interrompeu.

– Como assim, não vou? Bill, eu te amo. Vai ser difícil o nosso namoro durar com essa distância...

– Kate... Você não me deixou terminar...

– E o que mais você tem para me dizer? - Eu disse, quase gritando e já sentindo as lágrimas  escorrendo pelo meu rosto.

– Você não vai sentir a minha falta porque eu quero que você vá comigo.

Eu estava em choque.

– Espera aí... Você quer que... Eu me mude para Berlim e vá morar com você?

– É. - Ele respondeu, pegando na minha mão. - Eu sei que não devia, mas, tomei a liberdade de conversar com seu pai e, depois de explicar que seria bom para nós dois, ele concordou.

– É sério?

– É. - Ele respondeu. - Tanto que ele até deu a benção...

– Nossa... - Respondi. - Essa... É uma notícia... Chocante.

Ele riu e me perguntou:

– Mas... E aí? Você aceita se mudar para Berlim comigo?

– Eu... Aceito. - Respondi. Ele se inclinou na minha direção e aquele momento só ia ser realmente perfeito se ele não tivesse esbarrado na taça de vinho que estava na frente dele e fizesse aquela bagunça.

Por incrível que pareça, não aconteceu nada naquela noite. Foi muito melhor termos dormido abraçados, um com o outro, sentindo o calor e o cheiro da pele do outro e, vez ou outra, nos beijando.

Na manhã seguinte, quando eram cerca de oito da manhã, meu celular começou a tocar alto e, como eu tinha deixado o aparelho sobre o criado-mudo do lado do Bill, estiquei o braço sobre o peito dele, mas, ainda sim, estava longe. O jeito, então, foi subir em cima do Bill e tentar pegar o aparelho. Quando sentiu que eu estava me esfregando nele, o Bill deu uma gemida baixa e falou, pouco antes de eu atender o telefone:

– Logo de manhã fica me tentando dessa maneira?

– Pervertido! - Eu disse, batendo no peito dele. Atendi o telefone e, quando ouvi a voz do Georg, perguntei: - Georg? Caiu da cama?

O Bill se sentou do meu lado e o Georg respondeu:

– Se você estivesse dormindo do lado da Scarlett, também ia madrugar... Desculpa estar te ligando à essa hora, mas, como ela me falou que você já está acordada nesse horário...

– Ah, sim...

– Eu queria saber se a gente pode começar aquilo que eu te pedi hoje...

– Claro. - Respondi. - O... Bill está aqui comigo... Tem problema se ele for junto?

– É... Eu imaginei que vocês estivessem juntos... Mas, ele pode vir sim. É até bom que ele pode ajudar...

– OK... Quando a gente pode se encontrar, então?

– Olha, vamos fazer o seguinte: Minha mãe vai acompanhar a Scarlett até o médico daqui a uns... Quinze minutos. Depois, elas vão comprar algumas roupinhas para a Eliza. Duas horas é mais que o bastante para a gente começar a planejar algumas coisas, não é?

– Acho que sim... Bom, então... Até daqui a quinze minutos?

– Até. - Ele respondeu. Depois que eu desliguei o telefone, o Bill me perguntou:

– Tem... Alguma coisa que eu preciso saber?

– Tem. E vai se arrumando porque a gente vai até a casa do Georg. Eu te explico tudo no caminho.

Quando chegamos lá, a Scarlett tinha acabado de sair e ajudamos o Georg a bolar um jeito de ele propor casamento à minha amiga. Pouco antes de ela chegar, decidimos que, como o aniversário dela estava chegando, iríamos dar uma festa para ela e, a surpresa seria o Georg pedindo a mão dela em casamento. Eu fiquei com um pouquinho de inveja da Scarlett, porque o Georg estava se esforçando ao máximo para que tudo saísse perfeito e o Bill estava se dedicando a ajudar os amigos. Eu percebi que ele estava animado. Mas, como ele só me falou uma única vez, no início do namoro, que não queria se casar tão cedo, nunca mais toquei no assunto. Mas, de uns tempos para cá, eu sonhava comigo mesma entrando na igreja, toda de branco e me casando com o Bill. Mas, pelo visto, ia ter de esperar um bom tempo.

A Scarlett já estava desconfiada que ia ganhar uma festa-surpresa. Porém, para despistar o principal, a gente teve que rebolar e dar bandeira sobre a festa. O Tom, o Gustav, a Bella e a Anita, namorada do Gustav, estavam nos ajudando a organizar tudo e, para parecer mais convincente, o Tom sempre dava bandeira, de propósito. E o nosso plano funcionou direitinho, tanto que a Scarlett já tinha sacado que a gente ia fazer a festa para ela, mas, nem sonhava que o Georg tinha um plano especial para ela.

No dia da festa da Scarlett, eu, a Bella e a Anita fomos para a casa dela, ajudá-la a se arrumar, já que ela estava com a maior dificuldade, por causa do barrigão de nove meses (Sim... Os três meses que faltavam já tinham se passado num minuto e a Eliza estava quase dando o ar da graça), e, quando chegamos ao salão onde a festa tinha sido organizada, a Scarlett caiu no choro. Ela já era uma manteiguinha derretida, e, por causa das alterações de humor, graças à gravidez, a Scarlett andava ainda mais chorona. Mas, mesmo assim, ela gostou da "surpresa". Só que, o que nós nem imaginávamos é que todo mundo teria uma surpresa também. E eu não estava falando da proposta de casamento do Georg...

Postado por: Grasiele

A Megera Indomada - Capítulo 14 - A tampa da panela

 Narrado por Gustav

Meu tio era dono de uma escola de música. E, como eu sabia tocar bateria e meu tio me ofereceu um emprego como professor de bateria, não pude recusar. A minha primeira aluna de terça-feira era uma menina de doze anos chamada Susana e ela parecia um anjinho: Os olhos eram azuis, os cabelos eram loiros e lisos e a pele da Susana era branca que nem porcelana. Só que, apesar de ter esse ar angelical, ela não era delicada; Além da bateria, ela fazia aula de judô e era dona de um gênio tão forte quanto o da Kate. Normalmente, a mãe da Susana que trazia a menina até a escola e esperava a aula terminar, também. Só que, num dia que eu fui buscar a Susana na recepção da escola, percebi que ela estava danada com alguma coisa. Só disse à ela:

– Vamos?

Ela pegou a mochila, impaciente, e eu percebi que a mãe dela não estava ali. Eu cheguei na sala e a Susana já tinha jogado a mochila num canto e estava com as baquetas na mão. Perguntei, depois que os exercícios teminaram:

– Posso te pedir uma coisa?

O olhar que ela me deu chegou a me assustar mesmo. Parecia que ela voar no meu pescoço a qualquer minuto.

– Eu estou percebendo que você está estressada, então, queria te pedir para tentar se imaginar tocando num show de rock mesmo. Imagina que não tem ninguém que você conhece, seja da sua família, da escola, do judô...

Ela fechou os olhos e eu incentivei:

– Imagina que você está num estádio cheio de pessoas gritando por você e que o sucesso ou fracasso desse show só depende de você.

Ela relaxou um pouco e eu pedi para ela começar a tocar. Quando a aula terminou, foi difícil arrancar a baixinha de trás da bateria, porque ela estava empolgada de verdade. Ela me pediu, sem graça:

– Me desculpa. Briguei com a minha mãe ontem e ela obrigou a minha irmã a me trazer aqui...

– Tudo bem. - Eu respondi. - Bom, vamos lá, então?

Ela pôs a mochila sobre os ombros e saiu da sala comigo. Quando chegamos na recepção, vi uma versão mais velha da Susana. Eu estava vendo qual era o meu próximo aluno e, de repente, ouvi a voz da irmã da Susana:

– Então é esse o seu professor?

– É. - A mais nova respondeu. Elas passaram por mim e a Susana pegou no meu braço e acenou, enquanto dizia um "tchau". Enquanto eu esperava pelo próximo aluno, já que ele estava atrasado, o Georg apareceu. Perguntei para ele, quando vi o estranho ar de felicidade dele:

– O que foi?

– Posso falar com você? É muito importante...

– Claro. - Eu respondi. Fomos até a minha sala e, quando eu me sentei em uma das cadeiras, eu perguntei:

– O que você queria me falar?

– É que... Aconteceu uma coisa...

– É com a Scarlett?

– É. - O Georg respondeu, dando um sorriso.

– Georg, fala logo de uma vez! Não estou agüentando mais esse suspense todo...

– Lembra que a Scarlett estava passando mal esses dias?

– Lembro. Conseguiram descobrir o que era?

– Conseguimos.

– E...? Georg, você está pedindo para que eu te dê um soco!

– A Scarlett está grávida. - O Georg respondeu. Demorou um pouco para eu entender:

– Espera aí... A Scarlett está grávida?

– Sim.

– De quanto tempo?

– Um mês e meio. - Ele respondeu. - Eu... Não consigo acreditar que... Eu vou ter uma filha ou um filho...

– É realmente difícil de acreditar... Mas... Os seus pais e os pais dela já sabem?

– Os meus pais já sabem. E agora ela está na casa dos pais dela, contando tudo.

– E... O que vocês vão fazer?

– Óbvio que essa criança vai nascer. E eu quero me casar com ela, ter nossa própria casa...

– Se eu te ouvisse falando desse jeito há... Oito meses atrás, eu não ia acreditar.

– Pois é... - O Georg respondeu, dando um sorrisinho de lado. - Gustav... Posso te fazer um convite?

– Que convite?

– Para ser padrinho do meu filho. Ou filha... Ainda não dá para saber... Eu falei com a Scarlett e ela concorda.

– Quer mesmo que eu seja padrinho dessa criança? Eu não sou tão... Bom exemplo assim...

– Quero. E se você é mau exemplo... O Tom é o quê, hein?

– É... Olhando por esse ângulo... - Eu disse, rindo. - Bom, já que você me convidou, eu aceito sim.

Umas semanas depois, era a irmã da Susana que estava a trazendo para a escola e, todas as vezes, eu percebia que ela estava me olhando. Quando meu tio organizou um festival com os alunos, a irmã da Susana, que se chamava Anita, resolveu se arriscar e veio falar comigo. Enquanto a gente conversava, ela deu várias indiretas bem diretas e, pouco depois da Susana se apresentar, eu não estava agüentando mais e acabei ficando com ela.

Quando a irmã do Georg voltou da Austrália, eu levei a Anita na festa e, antes de ela sair do carro, pedi para ela esperar um minuto. Ela me encarou e eu disse:

– Eu queria falar com você.

– Sobre...? - Ela me perguntou, curiosa.

– Nós dois.

– OK... Estou escutando.

– Nós dois estamos ficando já tem um bom tempo e... Eu estive pensando muito esses últimos dias. Acho que... Já está na hora de... Transformar essas ficadas em namoro... O que você acha?

– Espera aí... - Ela pediu, tentando entender que aquilo realmente estava acontecendo. - Você está... Me pedindo em namoro?

– Eu sei que não é a hora e nem o lugar, mas... Estou. - Respondi. - E aí? Anita, você quer ser minha namorada?

Ela abriu um sorriso enorme e aceitou o meu pedido para, logo em seguida, me beijar.

Agora, do nosso grupo, só faltava mesmo o Tom se acertar com a Bella... E eu sabia que, pelo andar da carruagem, isso não ia demorar muito tempo para acontecer...

Postado por: Grasiele

A Megera Indomada - Capítulo 13 - Afastamento

Na manhã seguinte, quando eu acordei, o Bill já não estava mais do meu lado. Ele tinha deixado um bilhete:

"Kate...

Tive que ir embora antes que o seu pai chegasse. Eu te ligo depois.

Te amo,

Bill"

Eu fiquei imaginando porque ele não queria encontrar com o meu pai. Os dois se davam muito bem e meu pai já tinha até dado permissão para ele me namorar... A Bianca, lógico, adorou e tratou logo de arrumar um namorado para ela também. Era um garoto loiro, da idade dela, muito tímido. Mas, a Bianca estava apaixonada por ele e, mesmo sendo tão tímido, vira e mexe, eu via ele admirando a minha irmã. Isso sem falar no jeito que ele tratava a Bianca: Sempre abria as portas para ela sair ou entrar, podia ser ou do carro ou até mesmo da sala de aula, sempre carregava as coisas dela e tratava minha irmã como se ela fosse feita de uma porcelana bem fininha que só de encostar, quebra. Quando a Bianca me contou como foi que eles se conheceram, fiz que nem a Scarlett: Fiz um barulho parecido com "Own" e fiquei feliz por ela. A Bianca sabia que o Joseph, o namorado dela, era um dos melhores alunos e, como ela não estava indo bem em matemática, foi até ele, combinou de terem aulas particulares e, quando viram... Os dois estavam namorando.

Se a Bianca estava feliz por um lado, eu, pelo outro, estava triste. Um mês tinha se passado e o Bill raramente dava notícia. Me ligava uma vez ou outra, mais para saber como eu estava mesmo. Todas as vezes que ele me ligava, eu perguntava onde ele estava. Só que ele sempre dava um jeito de mudar o rumo da conversa.

Numa tarde que eu estava conversando com a Scarlett, que já estava enorme e era difícil conseguir ficar com a cabeça sobre o colo dela, por causa da barriga, no meu quarto, a Scarlett disse, enquanto passava a mão no meu cabelo:

– Olha, eu não sei o que aconteceu entre você e o Bill e por que você está assim, mas, só queria te falar que você sabe que eu vou estar aqui, do seu lado, para quando você precisar de um ombro amigo... Só o colo que está meio difícil, por causa da Eliza...

Eu ri, mas, logo em seguida, me sentei de frente para ela e disse:

– Sabe uma coisa que eu não consigo entender? O que foi que eu fiz de tão errado para ele se afastar de mim desse jeito... Ele não deve mais gostar de mim...

– Kate... Não fala besteira. O Bill te ama. Eu sei porque, sempre que ele liga para o Georg, ele sempre conversa um pouco comigo e fala que é louco por você. Ele só está um pouco ocupado e, quando der, ele volta para ficar com você pelo resto da eternidade... Eu sei o que estou te falando.

– Volta? Scarlett... Ele está na Alemanha?

– Não. - Ela respondeu, depois de hesitar um pouco.

– Ai, não acredito! - Reclamei. - Safado! Como é que ele sai do país e não me dá uma satisfação, por menor que ela seja?

– Kate... Calma! - Ela pediu. - Ele não te disse nada porque... Não pode. Pelo menos não por agora...

– Scarlett, você sabe de alguma coisa. - Eu afirmei. - Pode falar.

– Não. Ele me fez jurar que, por mais tentador que fosse, não ia contar nada para você. Só pediu para te avisar que, quando você menos esperar, ele aparece.

Dei um muxoxo impaciente e a Scarlett disse, tentando me distrair:

– Eu sei que não é hora, mas... Eu estou empolgada com a Eliza e queria te perguntar uma coisa...

– Que coisa? - Perguntei, num tom mais doce; Era a conta de falar da minha futura afilhada que eu mudava de humor na mesma hora.

– Eu queria sua opinião... Que cor você acha que deveríamos pintar o quartinho da Eliza? Eu acho que rosa é batido demais...

– Que cor você estava pensando?

– Ah... Ou amarelo ou lilás...

– O que o Georg disse a respeito dessas suas idéias?

– Ele também acha que rosa é comum demais. Nós andamos conversando com uma amiga da mãe dele, que é decoradora e ela deu algumas sugestões. Eu estava até combinando de ir com os padrinhos e madrinha da Eliza até uma loja que tem em Hamburgo e escolher algumas coisas, como a tinta e, se alguém demonstrar interesse, papel de parede também. Você me ajuda?

– Claro! - Respondi. - Me avisa quando estiver tudo certinho...

– Claro. Ai... Três meses estão demorando tanto... Quero tanto poder segurar a minha filhinha nos meus braços... Fico imaginando como ela é... Com quem vai parecer...

– Ela vai ser linda, com certeza. - Respondi. Conversamos a tarde inteira e só sossegamos quando o Georg veio buscá-la. Ele pediu que a Scarlett esperasse por ele no carro e quis conversar comigo por um instante. Ele perguntou:

– Eu queria te perguntar uma coisa... Mas, quero que você não conte nada à Scarlett.

Era a minha chance de dar o troco nela sobre aquela história do Bill...

– Claro. - Respondi.

– Você é a melhor amiga da Scarlett e, portanto, sabe tudo da vida dela e do que ela gosta e não gosta.

– Sei... Georg... O que você quer que eu faça?

– Que me ajude a fazer uma coisa. Eu percebi que a Scarlett está achando que eu não quero me casar com ela, mas, as coisas não são bem assim...

– Espera aí... Eu estou entendendo direito? Você está me pedindo para te ajudar a pedir a Scarlett em casamento?

– É. - Ele respondeu. - Antes mesmo de descobrir que a Eliza estava a caminho, eu estava pensando nisso. Sempre gostei da Scarlett, mas, nunca tive coragem de me aproximar dela, até a festa que a gente começou a ficar...

– Ah, sim... Bom, pode contar comigo. - Eu respondi. Ele me agradeceu e se despediu, indo para o carro dele, a seguir. A Bianca apareceu, logo depois que ele entrou no carro e me disse:

– O Bill está no telefone... Quer falar com você...

Eu entrei em casa e peguei o telefone sem fio que tinha numa mesinha do lado do sofá, na sala de estar. Ele me perguntou:

– Você estava ocupada?

– Não... A Scarlett estava aqui, mas o Georg acabou de vir buscá-la.

– Eles ainda estão aí?

– Não. - Respondi.

– Ah... - Ele disse. De repente, a Bianca passou que nem um foguete atrás de mim e, me dando um beijo no rosto, disse:

– Vou lá me encontrar com Joseph, ok? Qualquer coisa, me liga.

– Está bem. - Respondi, tampando o bocal do telefone. Quando a Bianca fechou a porta, o Bill me perguntou:

– Era a Bianca?
– Era. - Respondi. Eu estava fria com ele e tinha percebido isso. E sim. Eu estava com um pouco de raiva por ele ter sumido daquele jeito. - Ela estava avisando que estava saindo para se encontrar com o Joseph.

– Ah... E seu pai deixou ela sair sozinha? - Ele perguntou.

– Deixou. - Respondi.

– E... Ele está em casa?

– Está dando plantão lá no hospital...

– Ah... - Ele respondeu, num tom indiferente. - Você vai ficar em casa hoje?

– Vou. Descobri que você não está nem na Alemanha...

– Como...?

– Obriguei a Scarlett a me contar. - Respondi. - E se você quiser brigar com alguém, briga comigo.

– Eu não vou brigar com ninguém... Aliás... Você é quem está brigando comigo...

– E não tenho motivo? Você fica um mês inteiro sem dar notícias, me ligando uma vez ou outra e ainda quer que eu fique feliz? Eu estou com saudade de você...

– Eu sei. Eu também não estou suportando mais ficar longe de você...

– É? Pois não parece. - Respondi, irritada.

– Eu vou te compensar, então. Troca essa sua camiseta do Iron Maiden por um vestido e se arruma.

– Ah, tá... Você nem está na Alemanha... Como é que... Espera aí... Como é que você sabe que eu estou usando uma camiseta do Iron Maiden? - Eu perguntei, colocando a camiseta ao contrário e me levantando do sofá num pulo, e, fui até a janela, procurando por ele.

– É palpite... E por que você colocou a estampa com essa... Caveirinha vestida de faraó do lado de dentro?

Eu fui até a entrada, mas, não abri a porta. Perguntei:

– Onde você está?

– Só te respondo se você fizer o que eu pedi... Quando você estiver pronta, abre a cortina do seu quarto.

Eu desliguei o telefone e fui trocar de roupa, ainda que eu soubesse que ele não estava ali; Não tinha sinal dele em nenhum lugar da rua. Fui para o meu quarto, escolhi um vestido xadrez vermelho e preto, um casaco por cima, já que o tempo tinha começado a esfriar. Coloquei também, meia-calça preta e grossa e um sapato boneca vermelho de salto. Quando fui vestir, tive uma idéia e peguei uma caixa que a Bella tinha me dado logo que descobriu que eu e o Bill estávamos namorando e que estava esquecida no fundo do meu armário. Quando eu terminei de prender duas mechas de cabelo na parte de trás da minha cabeça, suspirei e fui até a janela. Abri as cortinas e fui passar um perfume que o Bill adorava e que tinha um cheiro de chocolate bem suave, mas, ao mesmo tempo, era poderoso. Só deu tempo de colocar o perfume no lugar para eu ouvir a campainha tocando. Achei estranho, mas, mesmo assim, fui até o primeiro andar e abri a porta. Eu podia jurar que meu coração falhou em uma batida...

Postado por: Grasiele

A Megera Indomada - Capítulo 12 - Brincando com o fogo

 Narrado pelo Bill

Assim que vi o que a Kate ia fazer, a minha vontade de ir atrás dela e fazer dela minha mais uma vez, começou a ficar mais forte, mais até do que nos últimos meses. Eu já não agüentava mais não poder ter a Kate só para mim... E, quando vi o vestido deslizando pelo corpo dela, fiquei doido. Fui andando atrás dela. Subi as escadas e, quando entrei no quarto dela, a Kate não estava lá. Pelo menos, só parecia que não estava. De repente, ela entrou no quarto e, quando percebi, ela estava me beijando de um jeito diferente do que eu estava acostumado; Ela mordia e sugava o meu lábio inferior e uma das mãos dela estava sobre a fivela do meu cinto... De repente, ela pegou a minha mão e a pôs sobre o seio nu dela. De repente, senti o cinto afrouxando e, logo em seguida, a Kate me tocou. Eu gemi baixo, não conseguindo me segurar... O toque da Kate conseguia me deixar louco...

Narrado pela Kate

Eu nunca achei que pudesse sentir algo tão... Forte quanto aquilo que eu sentia pelo Bill... Todas as vezes que eu estava perto dele, meu coração batia forte e descompassado. Se meu olhar encontrava com o dele, era o coração descompassado e borboletas no estômago. Se ele simplesmente pegava na minha mão, eu sentia a minha pressão caindo levemente. E, se ele me beijava que nem agora... Era a soma do coração descompassado com as borboletas no estômago, a leve queda de pressão, além das pernas bambas. E quando ele me tocava de um jeito mais... Intenso, era tudo isso e ainda mais minha respiração, quase morrendo.

Eu sabia que estava brincando com o fogo quando pus a mão dele sobre o meu seio (Eu não estava usando sutiã, por causa do vestido, que não tinha jeito mesmo, por causa do decote na frente) e, ao mesmo tempo, eu estava abrindo o cinto e a calça dele. Quando a camiseta, a calça e a cueca dele estavam jogadas num canto do meu quarto, eu percebi que estava só com a minha calcinha, deitada sob ele, na minha cama. Enquanto ele me acariciava em lugares bastante sensíveis, ao mesmo tempo, traçava um caminho com a língua, que começou com uma mordida de leve no lóbulo da orelha, que virou uma trilha de beijos até ele chegar na base do meu pescoço para, logo em seguida, se transformar nesse caminho com a língua. No instante que senti que ele sugava de bem leve o bico do meu seio, fui tomada por um espasmo e, quando percebi, eu já não estava mais usando a minha calcinha e o Bill estava me tocando de um jeito que estava me fazendo gemer e eu não estava conseguindo agüentar aquilo por mais tempo. O toque dele ficou mais intenso e, eu colei o meu corpo ao dele mais ainda. Quando eu o senti dentro de mim, o ritmo dele começou calmo. Mas, quando eu consegui acompanhar o ritmo dele, os nossos movimentos ficaram mais rápidos e ele tentava ir mais fundo. Quando finalmente chegamos ao auge, me sentia somo se estivesse nas nuvens. E, com isso, senti uma euforia estranha; Percebi que não podia mais ficar longe do Bill. Era estranho, porque eu nunca tinha sentido algo assim com ninguém. Queria passar o resto da minha vida do lado dele.

Depois de que tudo aconteceu, ele deitou atrás de mim e sussurrou na minha orelha, causando um arrepio tão poderoso que eu cheguei a tremer:

– Eu te amo.

Cheguei para trás, para poder ficar encostada nele e, ficamos naquela posição de "conchinha" durante um bom tempo. Eu dormi por um tempinho e, quando acordei de novo, eram três e meia. O Bill ainda estava me abraçando e, quando percebeu que eu estava acordada, passou a mão sobre a tatuagem que eu tinha sobre a cintura, que ele ainda não tinha conseguido ver direito. Ele perguntou:

– Agora eu entendi porque você sempre estava de vestido nos últimos dias...

– Eu sabia que, se você visse essa tatuagem, ia ficar pior do que já estava... - Respondi. Eu senti que ele passava o dedo sobre a minha pele, acompanhando os traços de um desenho que tinha entre as flores de jasmim, que faziam parte da tatuagem e, imediatamente, meu corpo respondeu ao simples toque dele. O Bill percebeu e, vendo que eu estava toda mole de novo, perguntou:

– Quer que eu pare?

– Já está pronto para o segundo round? - Perguntei, me virando e mordendo o lábio. Ele ia responder quando o estômago dele fez barulho, indicando que ele tinha que comer alguma coisa. Logo em seguida, foi a vez do meu estômago avisar que eu também precisava comer alguma coisa. Me levantei da cama e consegui sentir ele me observando enquanto eu colocava uma camiseta larga que eu estava usando para dormir. Eu disse:

– Vamos ver se tem alguma coisa para comer...

Esperei ele vestir pelo menos a cueca e fomos para a cozinha. Descobri que meu pai tinha comprado macarrão e molho, então, foi isso mesmo o que a gente comeu. Quando eu estava lavando os pratos, o Bill me abraçou por trás, de repente, e começou a beijar minha nuca. Eu falei com ele, tentando manter minha voz controlada:

– Eu vou quebrar o prato se você continuar impaciente desse jeito...

Ele me soltou e esperou até que eu terminasse, para me levar para o quarto e o segundo round começar.

Dormi com a cabeça encostada no peito dele, ouvindo o coração dele batendo. Aquele era o melhor som do mundo...


Narrado por Bill

A Kate acabou dormindo com a cabeça sobre o meu peito. Enquanto ouvia a respiração dela, que foi se acalmando aos poucos, fiquei pensando em várias coisas. Eu me lembrei de quando o Georg me contou sobre os planos dele com relação à Scarlett e à Eliza. Eu sabia que ia ser difícil, mas, eu não conseguia pensar em outra alternativa senão aquela... Acabei deicidindo conversar com a Kate de manhã e abrir o jogo com ela. Eu sabia que ia ter a reprovação de todo mundo, mas... Eu não tinha alternativa. Ia conseguir o ódio do pai dela, mas, eu tinha que correr esse risco...

Postado por: Grasiele

A Megera Indomada - Capítulo 11 - Uma notícia de cair o queixo

Três meses tinham se passado. Eu, o Bill, a Scarlett, o Tom e a Bella estávamos de férias da escola. Eram as famosas férias de verão e, obviamente, estava um calor daqueles. Todo santo dia, quase, íamos à casa do Georg, abusar um pouco da hospitalidade e da piscina dele.

E foi durante a festa de aniversário da irmã do Georg, que tinha acabado de voltar de um intercâmbio da Austrália, que eu e a Bella tivemos uma bela surpresa. Nos tínhamos chegado mais cedo e levado os nossos biquínis. A Scarlett tinha ido com a gente e, quando a gente tinha começado a trocar de roupa, eu percebi que a Scarlett estava diferente. Estava envergonhada. Nós duas tínhamos visto que ela deu uma boa engordada, andava sonolenta e ia no banheiro a cada cinco minutos e isso sem mencionar que a gente não podia usar um perfume perto dela, senão a Scarlett ficava chiando até dizer chega. De repente, eu perguntei para ela:

– Scarlett... Tem alguma coisa errada?

– Não... Por que teria?

– Quer mesmo que a gente responda? - A Bella perguntou em resposta, num tom irritado. - Bom, para começar, você anda enjoada com tudo. E olha que quem tinha que ser assim era a Kate, por causa da gastrite dela. Segundo que, a gente não pode usar perfume perto de você, senão você começa a chiar. E o foda é que não é só a gente, mas, os meninos também. Além disso... Você engordou, está indo no banheiro a cada cinco minutos, está sonolenta e... Principalmente: Quando foi a última vez que você ficou menstruada mesmo?

– Ai, gente! Não é nada... - Ela respondeu.

– Se não é nada, então por que você começou a usar roupas mais largas? - A Bella perguntou, puxando o vestido da Scarlett, quando esta passou por ela. A Scarlett se desvencilhou e eu perguntei:

– Scarlett... Fala a verdade... Você... Está grávida?

Ela ficou de costas e baixou a cabeça.

– Eu saí de casa. Estou morando aqui com o Georg e os pais dele. Ele, os pais dele e os meus pais sabem que eu estou esperando um filho dele... - A Scarlett admitiu. - Eu não sei se a gente vai sair daqui e vamos morar num lugar só nosso...

– Ai, Scarlett... - Eu disse, abraçando a minha amiga.

– Eu devia ter me prevenido, mas, aconteceu... Eu tenho coragem e não vou fazer aborto e o Georg, se descobrisse que eu matei o nosso filho, nunca ia me perdoar. Ele só fica falando na "princesinha" dele...

– É uma menina, então? - A Bella perguntou, de braços cruzados. A Scarlett concordou com a cabeça e ela disse:

– Vai se chamar Eliza.

– Ai... A Eliza deve ser uma fofura... E vai nascer com os olhos claros, aposto... - Eu disse.

– Você está grávida há quanto tempo? - A Bella perguntou.

– Vou fazer cinco meses. - A barriga da Scarlett já estava bem saliente.

– Já dá para sentir ela se mexendo? - A Bella, de novo, perguntou, só que num tom mais tímido. A Scarlett estendeu a mão para a Bella, que pegou e sentiu a bebezinha se mexendo dentro da barriga da mãe. A Bella sorriu e, no mesmo instante, começou a chorar. E, como eu era uma manteiga derretida e a Scarlett era a mais chorona do grupo, nós três nos abraçamos e ficamos ali, sorrindo e chorando, que nem três bobocas. A Scarlett disse:

– Quero que as duas sejam madrinhas da Eliza. O Georg vai chamar o Gustav e os gêmeos para serem padrinhos.
– Eu aceito. - Respondi, prontamente.

– Eu também. - A Bella respondeu, sorrindo, enquanto enxugava uma lágrima. De repente, alguém bateu na porta e, logo em seguida, o Georg entrou, sozinho. Ele perguntou, ao nos ver chorando:

– O que aconteceu?

A Bella foi correndo até o Georg e deu um abraço apertado nele. Ela disse:

– A Scarlett acabou de nos contar... Parabéns pela Eliza...

– Obrigada. - Ele respondeu, dando um beijo na bochecha da Bella. A Scarlett disse, depois que eu cumprimentei o Georg pela novidade:

– Arranjamos as madrinhas para a Eliza...

Ele sorriu para nós duas.

Quando nós três estávamos no meio dos convidados da festa, fiquei sentada num canto, pensando na notícia da gravidez da Scarlett. O Bill sentou do meu lado e me perguntou:

– Kate... O que foi que aconteceu para você ficar triste desse jeito? Sabia que está me matando ver você com essa carinha?

– É que... Eu estou em choque. - Respondi, sinceramente. - A Scarlett vai ter uma filha com dezessete anos!

– Eu sei... É estranho...

– Nem me fale... Conheço a Scarlett desde que tínhamos cinco anos...

Ele me olhou, confuso. De repente, me expliquei:

– É que a Scarlett já morou em Roma. Inclusive, eu conheci a Bella através dela. É por isso que sou mais próxima da Scarlett que da Bella.

– Ah, sim... Mas... Posso te perguntar uma coisa?

– Pode.

– Você me disse que conhece a Scarlett há doze anos, não é?

– É.

– Eu sou curioso para saber uma coisa... Qual é a cor natural do cabelo dela? Sim, porque ela sempre está mudando a cor do cabelo... Um dia está com o cabelo preto... No outro, tá loira...

– O cabelo dela é da mesma cor que o cabelo do Georg. - Respondi, sorrindo.

– Sério?

Concordei com a cabeça e ele balançou a cabeça de um jeito negativo. Logo em seguida, descobri o porquê:

– Eu não consigo imaginar a Scarlett com o cabelo castanho...

Eu ri desse comentário dele, que me pegou pela cintura e me disse:

– Agora sim... Bem melhor...

E me beijou. O Tom apareceu exatamente quando as coisas estavam começando a esquentar e falou:

– Desculpem interromper, mas, eu queria só avisar que está todo mundo procurando por vocês dois... Já vão cantar os parabéns para a aniversariante...

Tivemos que sair dali. Depois da festa, o Bill me levou até em casa e, assim que eu destranquei a porta, perguntei para ele:

– Você não quer entrar um pouco?

– O seu pai e a Bianca não estão em casa?

– Meu pai vai dar plantão no hospital a noite inteira e a Bianca está viajando...

Puxei ele para dentro da minha casa e, depois de trancar a porta, fui na direção da escada e, desfazendo o laço do meu vestido frente-única, só para provocá-lo, perguntei:

– Vai ficar aí só me olhando?

Postado por: Grasiele

Arquivos do Blog