sábado, 17 de março de 2012

A Megera Indomada - Capítulo 15 - Proposta

 Narrada por Kate 

No instante que eu vi o Bill parado do outro lado da minha porta, com aquele sorriso fofo que sempre me deixava prestes a ter um ataque cardíaco e cair ali, durinha, na frente dele, e, para piorar, com uma única rosa vermelha, a única reação que eu tive foi dar um tapa na cara dele, que não entendeu. Eu reclamei:

– Seu safado! Como é que você some desse jeito e não me dá notícia nenhuma?

– Eu sei que eu errei em não ter te contado nada, mas, você vai entender que eu não podia ter te contado nada, senão... Não ia dar certo.

– O que não ia dar certo?

– Vem comigo que você vai ver...

Eu apaguei as luzes e tranquei a porta, ao sair. Em seguida, fui com ele até um carro que estava parado na frente de uma casa que ficava mais à frente, quase na esquina. Nem bem entrei no carro e fui vendada. Quis saber onde estávamos indo, mas, ele não me contou. Nem mesmo apanhando de mim. No meio de um dos tapas, ele se afastou e, instintivamente, comecei a tatear o banco até achar ele. Senti que estava tocando em uma determinada parte do corpo dele, que falou, afastando e segurando minha mão:

– Calma... Eu sei que você está com saudades de mim, mas, antes de darmos um fim nela, temos algumas coisas para fazer...

– Convencido. - Resmunguei, cruzando os braços no peito. Quando o carro parou, ele me ajudou a sair e, continuou me guiando. Percebi que estávamos dentro de um elevador e, de novo ele me guiou. Só me soltou por um instante e, como eu não sabia onde estava, tive um pouquinho de medo e, de novo, comecei a tatear, procurando por ele. Consegui achar e, quando percebi onde a minha mão estava, não resisti e apertei. Senti ele se esquivando e, logo em seguida, ele disse:

– Hoje você está impossível, hein?  

– Você não tem idéia...

Ouvi o barulho de uma porta sendo destrancada e, logo em seguida, o Bill me pegou pela mão e me puxou. Sem tirar a mão da minha cintura, ele fechou a porta (Deu para perceber, já que ouvi o barulho) e continuou me guiando. Eu perguntei:

– Até quando você vai ficar nesse suspense todo?

– Já vai acabar... Só um instante...

Ouvi ele abrindo outra porta e ele me puxou de novo, só que, desta vez, senti um vento gelado vindo contra mim. De repente, ele me abraçou por trás e, com a boca a poucos milímetros de distância da minha orelha, perguntou:

– Você está pronta?

– Pronta para quê, criatura divina? - Perguntei, começando a ficar irritada.

– Só me responde se "sim" ou "não".

– Sim. - Respondi. Ele tirou as mãos da minha cintura e senti ele desfazendo o nó do lenço que ele tinha feito como venda e, depois de piscar várias vezes, para me acostumar com a claridade, a única coisa que eu consegui falar foi:

– Puta merda!

– Eu esperava algo mais... Educado e emocionado... - Ele respondeu, atrás de mim.

– Desculpa. - Respondi. - É... Lindo.

Ele tinha arrumado uma mesa na varanda do hotel mais luxuoso daqui. Quando terminamos o jantar (Que era macarrão com um molho bem... Sofisticado), a sobremesa (Uma mousse de frutas vermelhas com calda quente de chocolate) foi trazida. Eu tinha acabado de comer a terceira colherada da mousse quando ele me disse:

– Eu... Preciso conversar sério com você.

Me deu um medo quando ouvi o Bill falando isso...

– Pode falar...

– No final do ano, a escola acaba, como você sabe.

– Sei. - Respondi.

– E... Durante esse mês que eu estive longe de você, passei uns dias em Berlim e acabei tendo uma proposta de um tio meu que é dono de uma produtora musical, para trabalhar com ele. Eu conversei com a minha mãe e ela me apoiou na decisão de sair daqui e ir morar lá, com meu tio. Mas, eu não iria morar na casa dele. Ia ter meu próprio apartamento...

Eu baixei a cabeça. Eu sabia que, uma hora, a gente ia ter de se separar, mais cedo ou mais tarde.

– E o Tom? - Perguntei. - Vocês dois parecem sombras um do outro...

Ele sorriu e respondeu:

– Eu vou primeiro e, no mês seguinte, ele vem.

– Ah... - Respondi. - Fico... Feliz por você. Eu... Te desejo boa sorte nesse trabalho com seu tio e nessa... Mudança para Berlim... Eu não nego que vou sentir sua falta...

– Não vai. - Ele me interrompeu.

– Como assim, não vou? Bill, eu te amo. Vai ser difícil o nosso namoro durar com essa distância...

– Kate... Você não me deixou terminar...

– E o que mais você tem para me dizer? - Eu disse, quase gritando e já sentindo as lágrimas  escorrendo pelo meu rosto.

– Você não vai sentir a minha falta porque eu quero que você vá comigo.

Eu estava em choque.

– Espera aí... Você quer que... Eu me mude para Berlim e vá morar com você?

– É. - Ele respondeu, pegando na minha mão. - Eu sei que não devia, mas, tomei a liberdade de conversar com seu pai e, depois de explicar que seria bom para nós dois, ele concordou.

– É sério?

– É. - Ele respondeu. - Tanto que ele até deu a benção...

– Nossa... - Respondi. - Essa... É uma notícia... Chocante.

Ele riu e me perguntou:

– Mas... E aí? Você aceita se mudar para Berlim comigo?

– Eu... Aceito. - Respondi. Ele se inclinou na minha direção e aquele momento só ia ser realmente perfeito se ele não tivesse esbarrado na taça de vinho que estava na frente dele e fizesse aquela bagunça.

Por incrível que pareça, não aconteceu nada naquela noite. Foi muito melhor termos dormido abraçados, um com o outro, sentindo o calor e o cheiro da pele do outro e, vez ou outra, nos beijando.

Na manhã seguinte, quando eram cerca de oito da manhã, meu celular começou a tocar alto e, como eu tinha deixado o aparelho sobre o criado-mudo do lado do Bill, estiquei o braço sobre o peito dele, mas, ainda sim, estava longe. O jeito, então, foi subir em cima do Bill e tentar pegar o aparelho. Quando sentiu que eu estava me esfregando nele, o Bill deu uma gemida baixa e falou, pouco antes de eu atender o telefone:

– Logo de manhã fica me tentando dessa maneira?

– Pervertido! - Eu disse, batendo no peito dele. Atendi o telefone e, quando ouvi a voz do Georg, perguntei: - Georg? Caiu da cama?

O Bill se sentou do meu lado e o Georg respondeu:

– Se você estivesse dormindo do lado da Scarlett, também ia madrugar... Desculpa estar te ligando à essa hora, mas, como ela me falou que você já está acordada nesse horário...

– Ah, sim...

– Eu queria saber se a gente pode começar aquilo que eu te pedi hoje...

– Claro. - Respondi. - O... Bill está aqui comigo... Tem problema se ele for junto?

– É... Eu imaginei que vocês estivessem juntos... Mas, ele pode vir sim. É até bom que ele pode ajudar...

– OK... Quando a gente pode se encontrar, então?

– Olha, vamos fazer o seguinte: Minha mãe vai acompanhar a Scarlett até o médico daqui a uns... Quinze minutos. Depois, elas vão comprar algumas roupinhas para a Eliza. Duas horas é mais que o bastante para a gente começar a planejar algumas coisas, não é?

– Acho que sim... Bom, então... Até daqui a quinze minutos?

– Até. - Ele respondeu. Depois que eu desliguei o telefone, o Bill me perguntou:

– Tem... Alguma coisa que eu preciso saber?

– Tem. E vai se arrumando porque a gente vai até a casa do Georg. Eu te explico tudo no caminho.

Quando chegamos lá, a Scarlett tinha acabado de sair e ajudamos o Georg a bolar um jeito de ele propor casamento à minha amiga. Pouco antes de ela chegar, decidimos que, como o aniversário dela estava chegando, iríamos dar uma festa para ela e, a surpresa seria o Georg pedindo a mão dela em casamento. Eu fiquei com um pouquinho de inveja da Scarlett, porque o Georg estava se esforçando ao máximo para que tudo saísse perfeito e o Bill estava se dedicando a ajudar os amigos. Eu percebi que ele estava animado. Mas, como ele só me falou uma única vez, no início do namoro, que não queria se casar tão cedo, nunca mais toquei no assunto. Mas, de uns tempos para cá, eu sonhava comigo mesma entrando na igreja, toda de branco e me casando com o Bill. Mas, pelo visto, ia ter de esperar um bom tempo.

A Scarlett já estava desconfiada que ia ganhar uma festa-surpresa. Porém, para despistar o principal, a gente teve que rebolar e dar bandeira sobre a festa. O Tom, o Gustav, a Bella e a Anita, namorada do Gustav, estavam nos ajudando a organizar tudo e, para parecer mais convincente, o Tom sempre dava bandeira, de propósito. E o nosso plano funcionou direitinho, tanto que a Scarlett já tinha sacado que a gente ia fazer a festa para ela, mas, nem sonhava que o Georg tinha um plano especial para ela.

No dia da festa da Scarlett, eu, a Bella e a Anita fomos para a casa dela, ajudá-la a se arrumar, já que ela estava com a maior dificuldade, por causa do barrigão de nove meses (Sim... Os três meses que faltavam já tinham se passado num minuto e a Eliza estava quase dando o ar da graça), e, quando chegamos ao salão onde a festa tinha sido organizada, a Scarlett caiu no choro. Ela já era uma manteiguinha derretida, e, por causa das alterações de humor, graças à gravidez, a Scarlett andava ainda mais chorona. Mas, mesmo assim, ela gostou da "surpresa". Só que, o que nós nem imaginávamos é que todo mundo teria uma surpresa também. E eu não estava falando da proposta de casamento do Georg...

Postado por: Grasiele

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