sábado, 17 de março de 2012

A Megera Indomada - Capítulo 16 - Surpresas e mais surpresas...

Todo mundo estava se divertindo na festa da Scarlett. Até ela se arriscou na pista de dança. O problema é que, por causa do tamanho dela (Parecia que ela estava grávida de gêmeas e que não tinha só a Eliza ali dentro), todo mundo tinha que ficar mais afastado. Eu estava dançando com o Bill e, quando olhei para a Scarlett, que estava sentada em uma das mesinhas, com o Georg do lado dela, ela estava fazendo uma careta. O Georg, que estava conversando com um dos primos da Scarlett, nem viu que ela não estava bem. Dei um cutucão no Bill e ele me perguntou:

– O que foi?

Eu indiquei a Scarlett e ele me puxou até a mesa da Scarlett. O Georg só foi perceber que tinha alguma coisa de errado com ela quando nos viu chegando perto dele.

– Scar... Está tudo bem? - Eu perguntei, me abaixando na altura dela.

– Não... Eu estou sentindo umas pontadas. É como se fossem cólicas...
– Desde quando você está sentindo essas pontadas? - O Bill perguntou, ficando na mesma altura que eu.

– Desde que saímos de casa. - Ela respondeu, me olhando. - Começou bem fraquinha mesmo e, como estava dando em longos intervalos, nem preocupei. Agora é que elas estão ficando mais fortes e o intervalo entre uma e outra, diminuiu.

– Será que... - O Georg começou a dizer, aflito.

– Já chegou a hora? - Perguntei. - Provavelmente... Nunca tive filhos, então, não sei dizer...

De repente, a Scarlet gemeu e se debruçou um pouco sobre a mesa. Eu respondi, já entrando em pânico:

– É... Acho que já chegou a hora mesmo...

Logo, a Scarlett, o Georg, os pais dele, eu, o Bill, o Tom, a Bella, o Gustav e a Anita, estávamos reunidos no hospital. A Scarlett estava se preparando em uma sala, o Georg estava com ela, e o restante do povo estava na sala de espera. Nós já tínhamos ligado para os pais da Scarlett e eles estavam a caminho. O Tom, que não parava quieto um minuto, quebrou o silêncio e perguntou:

– Será que ela vai nascer com cara amassada?

Eu não agüentei a pergunta e caí na risada.

– Óbvio que vai... Quer dizer, se for de parto normal... - A Bella respondeu, impaciente.

– Não precisa ser grossa, ô garota! - Ele respondeu, no mesmo tom grosso dela.

– Será possível que nem aqui vocês sossegam o facho? - O Bill reclamou com os dois. - Custa vocês dois darem um tempo nas brigas pelo menos agora?

Os dois ficaram quietos e de cabeça baixa. De repente, os pais da Scarlett entraram na sala de espera e, quando a mãe dela me viu, veio andando, desesperada na minha direção e ela me perguntou:

– Onde está a Scarlett?

– Lá dentro. O Georg está com ela... - Eu respondi, depois que ela me soltou do abraço. Nem bem terminei de dizer isso e uma enfermeira veio brigando e empurrando o Georg. O Tom perguntou para ele:

– O que houve?

– Ele não agüentou de tanto nervosismo... A Scarlett até ficou nervosa por causa dele... Daí, o médico achou melhor que ele saísse da sala de parto. - A enfermeira explicou.

– Eu... Posso ir lá? - Perguntei para a enfermeira. Eu sabia que a mãe da Scarlett não ia agüentar, que nem o Georg. A enfermeira me olhou e, quando eu entrei na sala de parto, a Scarlett me perguntou:

– Cadê o Georg?

– Está na sala de espera, com todo mundo... - Eu respondi. - Seus pais estão aqui também...

– Sério? - Ela me perguntou. Eu concordei com a cabeça e a obstetra entrou na sala e perguntou para a Scarlett:

– O que aconteceu com o seu namorado?

– Estava à beira de um ataque de nervos... - Ela respondeu.

– E você? É a irmã dela? - A médica perguntou.

– Não. Sou uma das madrinhas. - Respondi.

– Ah, bom... Scarlett, ainda vai demorar um tempinho até a Eliza chegar... Então... Vocês duas precisam ter paciência... - A médica disse.

E  a Eliza realmente demorou um tempinho para chegar. Porém, quando era para chegar... Dei a minha mão para a Scarlett e perguntei:

– Lembra?

Ela sorriu e sabia que, se estivesse doendo demais, era para apertar a minha mão. A gente sempre fazia isso quando tinha que fazer alguma coisa dolorida. Foi assim quando as duas furaram o umbigo, fizeram as tatuagens... A obstetra pediu que a Scarlett fizesse força. Ao mesmo tempo que ela tentava fazer a filha nascer, ela apertava a minha mão. A Scarlett até gritou, só para tentar sentir menos dor. Quando eu finalmente ouvi o choro da Eliza, a Scarlett perguntou:

– Nasceu?

– Nasceu... - Eu respondi, chorando, óbvio. Eu consegui ver, mais ou menos, como a Eliza era e, a nova mamãe, me perguntou, ansiosa:

– E aí? Como ela é?

– Cabeluda. - Respondi. - Tem um belo moicano e parece com o Sonic.

Ela riu e, quando a médica trouxe a Eliza para a Scarlett, eu falei com a minha amiga:

– Vou lá avisar o povo que ela nasceu...

– Tá. - A Scarlett respondeu. Quando eu saí da sala de parto, todo mundo, que estava sentado nas cadeiras, até mesmo o Georg, se levantou ao mesmo tempo, numa perfeita sincronia. O Georg me perguntou:

– E aí?

– É a coisa mais linda do mundo.. - Eu respondi, recomeçando a chorar. Eu fui até ele e o abracei.

Uma semana depois, a Eliza tinha engordado e ainda continuava com o moicano firme e forte. Ah! E para a alegria geral da nação... A Eliza tinha os olhos verdes. O quartinho que a Scarlett e o Georg arrumaram para ela, estava abarrotado de bichinhos de pelúcia, tinha uma prateleira enorme, cheia de caixinha de música, isso sem mencionar nas bonecas, tanto de porcelana quanto de pano. E isso sem mencionar que os padrinhos estavam naquela briga para ver quem ia pegar a Eliza no colo. A mãe da Scarlett disse, quando viu o Bill e o Tom brigando entre si para ver quem ia segurar a Eliza:

– Se vocês continuarem desse jeito, a Eliza vai crescer mimada... Já basta os pais super-corujas, os avós maternos e paternos babando em cima dela e ainda tem os padrinhos prestes a começar uma guerra para ver quem vai segurá-la...

Os dois sossegaram quando a mãe da Scarlett falou isso. Em uma tarde que eu e a Bella tínhamos ido visitar a nossa amiga, a filhota dela e o Georg, a Bella perguntou:

– E aí? A Eliza chora de noite?

– De vez em quando. Na maioria das vezes, sou eu quem vai ver o que aconteceu... Por mais que eu dê uns bons cutucões, o Georg nem se mexe...

Eu e a Bella rimos e a Scarlett disse:

– Mas, durante o dia, é ele quem cuida dela. Vocês têm que ver a corujice dele para cima da Eliza...

– Ele troca a fralda dela? - Eu perguntei, tentando imaginar a cena.

– Troca. No início, ele não gostava muito, mas, agora já acostumou... - A Scarlett respondeu. Era visível que ela estava feliz. O olhar dela tinha um brilho...

– Mas e aí? Vocês adiaram o casamento... Mas, ele ainda vai acontecer? - A Bella respondeu.

– Vai. Estamos só esperando a Eliza crescer mais um pouco para a gente casar... Isso sem mencionar que eu tenho que emagrecer um pouco... - A Scarlett reclamou.

Quando a Bella foi embora, eu ainda fiquei por mais um tempinho. A Scarlett estava preparando a água do banho da Eliza e eu fiquei vigiando a minha afilhada. Quando a Scarlett entrou no quarto, perguntou:

– Babando muito pela afilhada?

– É... Não tem jeito, né? - Perguntei, em tom de brincadeira. - Sabia que, quando ela nasceu, ela era mais parecida com você?

– Por quê? Agora ela está parecida com o Georg?

– É... Dizem que as meninas se parecem mais com os pais e os meninos são mais parecidos com as mães...

– Ah... Para mim, tanto faz se ela ficar parecida comigo ou com o Georg...

Eu sorri. Quando ela pegou a Eliza no colo, me perguntou:

– Agora... Só falta você me arrumar um afilhado, não é?

– O quê? Não senhora... Se eu te arrumar um afilhado, vai ser daqui a alguns anos. Quero fazer faculdade, ainda...

– É... Você está certa. - Ela disse, depois de pensar um pouco. - Mas eu faço questão de ser madrinha dele ou dela, tá?

– Claro! - Respondi. Quando eu vi o carinho que a Scarlett tinha com a Eliza, fiquei me imaginando como seria quando eu tivesse os meus filhos. Seria estranho, admito... Mas, primeiro, eu tinha um monte de coisas para fazer... Inclusive, me mudar para Berlim. Meu celular começou a tocar, me despertando desse transe e, quando vi que era o Bill, eu disse à Scarlett que teria de ir embora. Ela terminou de dar banho na Eliza e me acompanhou até a porta. Sabendo que iríamos nos separar por um tempo, a Scarlett me deu um abraço apertado e eu senti que aquele era um abraço de despedida. De repente, me deu um aperto no peito e, por um instante, considerei não me mudar para Berlim, com o Bill.

Postado por: Grasiele

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