sábado, 17 de março de 2012

A Megera Indomada - Capítulo 14 - A tampa da panela

 Narrado por Gustav

Meu tio era dono de uma escola de música. E, como eu sabia tocar bateria e meu tio me ofereceu um emprego como professor de bateria, não pude recusar. A minha primeira aluna de terça-feira era uma menina de doze anos chamada Susana e ela parecia um anjinho: Os olhos eram azuis, os cabelos eram loiros e lisos e a pele da Susana era branca que nem porcelana. Só que, apesar de ter esse ar angelical, ela não era delicada; Além da bateria, ela fazia aula de judô e era dona de um gênio tão forte quanto o da Kate. Normalmente, a mãe da Susana que trazia a menina até a escola e esperava a aula terminar, também. Só que, num dia que eu fui buscar a Susana na recepção da escola, percebi que ela estava danada com alguma coisa. Só disse à ela:

– Vamos?

Ela pegou a mochila, impaciente, e eu percebi que a mãe dela não estava ali. Eu cheguei na sala e a Susana já tinha jogado a mochila num canto e estava com as baquetas na mão. Perguntei, depois que os exercícios teminaram:

– Posso te pedir uma coisa?

O olhar que ela me deu chegou a me assustar mesmo. Parecia que ela voar no meu pescoço a qualquer minuto.

– Eu estou percebendo que você está estressada, então, queria te pedir para tentar se imaginar tocando num show de rock mesmo. Imagina que não tem ninguém que você conhece, seja da sua família, da escola, do judô...

Ela fechou os olhos e eu incentivei:

– Imagina que você está num estádio cheio de pessoas gritando por você e que o sucesso ou fracasso desse show só depende de você.

Ela relaxou um pouco e eu pedi para ela começar a tocar. Quando a aula terminou, foi difícil arrancar a baixinha de trás da bateria, porque ela estava empolgada de verdade. Ela me pediu, sem graça:

– Me desculpa. Briguei com a minha mãe ontem e ela obrigou a minha irmã a me trazer aqui...

– Tudo bem. - Eu respondi. - Bom, vamos lá, então?

Ela pôs a mochila sobre os ombros e saiu da sala comigo. Quando chegamos na recepção, vi uma versão mais velha da Susana. Eu estava vendo qual era o meu próximo aluno e, de repente, ouvi a voz da irmã da Susana:

– Então é esse o seu professor?

– É. - A mais nova respondeu. Elas passaram por mim e a Susana pegou no meu braço e acenou, enquanto dizia um "tchau". Enquanto eu esperava pelo próximo aluno, já que ele estava atrasado, o Georg apareceu. Perguntei para ele, quando vi o estranho ar de felicidade dele:

– O que foi?

– Posso falar com você? É muito importante...

– Claro. - Eu respondi. Fomos até a minha sala e, quando eu me sentei em uma das cadeiras, eu perguntei:

– O que você queria me falar?

– É que... Aconteceu uma coisa...

– É com a Scarlett?

– É. - O Georg respondeu, dando um sorriso.

– Georg, fala logo de uma vez! Não estou agüentando mais esse suspense todo...

– Lembra que a Scarlett estava passando mal esses dias?

– Lembro. Conseguiram descobrir o que era?

– Conseguimos.

– E...? Georg, você está pedindo para que eu te dê um soco!

– A Scarlett está grávida. - O Georg respondeu. Demorou um pouco para eu entender:

– Espera aí... A Scarlett está grávida?

– Sim.

– De quanto tempo?

– Um mês e meio. - Ele respondeu. - Eu... Não consigo acreditar que... Eu vou ter uma filha ou um filho...

– É realmente difícil de acreditar... Mas... Os seus pais e os pais dela já sabem?

– Os meus pais já sabem. E agora ela está na casa dos pais dela, contando tudo.

– E... O que vocês vão fazer?

– Óbvio que essa criança vai nascer. E eu quero me casar com ela, ter nossa própria casa...

– Se eu te ouvisse falando desse jeito há... Oito meses atrás, eu não ia acreditar.

– Pois é... - O Georg respondeu, dando um sorrisinho de lado. - Gustav... Posso te fazer um convite?

– Que convite?

– Para ser padrinho do meu filho. Ou filha... Ainda não dá para saber... Eu falei com a Scarlett e ela concorda.

– Quer mesmo que eu seja padrinho dessa criança? Eu não sou tão... Bom exemplo assim...

– Quero. E se você é mau exemplo... O Tom é o quê, hein?

– É... Olhando por esse ângulo... - Eu disse, rindo. - Bom, já que você me convidou, eu aceito sim.

Umas semanas depois, era a irmã da Susana que estava a trazendo para a escola e, todas as vezes, eu percebia que ela estava me olhando. Quando meu tio organizou um festival com os alunos, a irmã da Susana, que se chamava Anita, resolveu se arriscar e veio falar comigo. Enquanto a gente conversava, ela deu várias indiretas bem diretas e, pouco depois da Susana se apresentar, eu não estava agüentando mais e acabei ficando com ela.

Quando a irmã do Georg voltou da Austrália, eu levei a Anita na festa e, antes de ela sair do carro, pedi para ela esperar um minuto. Ela me encarou e eu disse:

– Eu queria falar com você.

– Sobre...? - Ela me perguntou, curiosa.

– Nós dois.

– OK... Estou escutando.

– Nós dois estamos ficando já tem um bom tempo e... Eu estive pensando muito esses últimos dias. Acho que... Já está na hora de... Transformar essas ficadas em namoro... O que você acha?

– Espera aí... - Ela pediu, tentando entender que aquilo realmente estava acontecendo. - Você está... Me pedindo em namoro?

– Eu sei que não é a hora e nem o lugar, mas... Estou. - Respondi. - E aí? Anita, você quer ser minha namorada?

Ela abriu um sorriso enorme e aceitou o meu pedido para, logo em seguida, me beijar.

Agora, do nosso grupo, só faltava mesmo o Tom se acertar com a Bella... E eu sabia que, pelo andar da carruagem, isso não ia demorar muito tempo para acontecer...

Postado por: Grasiele

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