sábado, 17 de março de 2012

A Megera Indomada - Capítulo 17 - O casamento, mudanças e Cacau

 Uma semana antes de eu me mudar com o Bill para Berlim, eu, a Bella e mais umas amigas da Scarlett decidimos seqüestrá-la e fazer uma despedida de solteira para ela, uma vez que a data do casamento dela com o Georg finalmente foi decidida. Foi divertidíssimo ver a cara da Scarlett quando viu o stripper vestido de policial. A farra durou a noite inteira e, na manhã seguinte, foi o dia da noiva. Só que, como eu e a Bella seríamos as madrinhas de casamento, junto com o Bill e o Tom, então nós três passamos o dia nos arrumando. A Bella até chegou a comentar:

– Quando eu me casar... Exijo um stripper, só que vestido de bombeiro, e um dia que nem esse...

– Bombeiro, Bella? - Perguntei.

– Ué... Quem é que apaga o fogo? - Ela perguntou, em resposta. A Scarlett me deu uma olhada e eu tive certeza dos pensamentos dela. Mas, para não arranjar confusão, fiquei quieta.

Quando vimos a Scarlett já pronta, ela perguntou:

– E aí? Como eu estou?

– Está linda. - Eu respondi. - Ai, Scar... Estou tão feliz por você!

Nós duas estávamos nos abraçando, e, para variar, o choro já apareceu. Ela falou, secando as lágrimas com um lencinho, bem delicadamente:

– Ai... Não posso chorar... Não quero que o Georg pense que está se casando com um panda...

– Você está perfeita, Scar... - A Bella respondeu.

Quando já estávamos chegado na igreja e a Scarlett entrou, parecia que todo mundo resolveu pegar o nosso embalo e eu consegui ver várias pessoas chorando. Durante a festa, depois da celebração, a Scarlett subiu no palco onde a banda estava tocando e chamou as solteiras, porque ia jogar o buquê. O Bill me incentivou a ir lá e, eu fui, mas, só para fazer hora mesmo. Era óbvio que, com minha sorte, eu não ia pegar nada. Quando a Scarlett viu que já tinha um bom número de "desesperadas" perto do palco, ela virou-se de costas, todo mundo contou até três e, quando vimos ela jogando os braços para trás, as solteiras levantaram os braços, mas, quando vimos que ela ainda não tinha jogado o buquê, tiveram algumas reclamações. Ela virou de costas de novo e, desta vez, ela jogou o buquê. A surpresa ficou por conta de quem pegou: O Tom. Todo mundo olhou para ele, que não estava entendendo nada, com o buquê em uma das mãos, e uma taça de champanhe na outra, e, quando as solteiras começaram a rir, ele foi na brincadeira também. Quando o Bill viu quem tinha pegado o buquê, começou a provocar o Tom, que respondeu, num tom de brincadeira:

– Não adianta... Você vai continuar querendo o buquê. Eu não vou te dar... Não mandei não passar ali perto na hora que a Scarlett jogou...

– Chato. - O Bill retrucou. A festa foi ótima e, quando eu e o Bill decidimos ir embora, ele esperou que eu saísse do carro. Só que eu não me mexi. Ele perguntou:

– Kate... Tem alguma coisa errada?

– Na realidade, tem... - Eu respondi. - Andei pensando muito esses dias e...

– Sobre o quê? - Ele perguntou, me interrompendo.

– Nós. - Eu respondi.

– E...? Você não quer mais ir para Berlim comigo?

– Não é isso. Eu quero ir para Berlim com você. Muito.

– Mas...

– Mas o problema é que... Vamos ser só nós dois lá?

– Você... Não está grávida, está?

– Não. Ainda não. Mas... Eu queria te pedir uma coisa. É na cara-de-pau mesmo...

– Pode pedir...

– Um cachorrinho? - Perguntei, fazendo uma carinha bem fofa para convencê-lo.

– Que raça?

– Não sei... Pensei num salsichinha...

– Macho ou fêmea?

– Como você quiser...

– Preto ou marrom?

– Tanto faz. - Respondi.

– Filhote?

– Claro. E pára com esse interrogatório! Que coisa irritante!

Ele riu e disse:

– Posso escolher então, por minha conta e risco?

– Pode.

– Tudo bem...  Vai pensando em alguns nomes. Tanto de machos quanto de fêmeas.

– Tá bom. - Eu disse. Me inclinei na direção dele e o beijei. Nos empolgamos tanto que, sem querer, fui sentar no colo dele e apertei a buzina, sem querer. Roxa de vergonha, saí do carro rapidinho, depois de me despedir dele, e entrei em casa.

Quando o dia da mudança para Berlim finalmente chegou, a Bianca parecia que era minha irmã siamesa; Não desgrudou de mim um minuto sequer. Eu sabia que ela ia sentir minha falta, assim como eu ia sentir a falta dela. Quando terminei de arrumar as minhas coisas, meu pai avisou que o Bill já tinha chegado. Logo que eu desci as escadas, carregando uma mala e a Bianca atrás de mim, carregando outra, vi o meu pai pedindo para o Bill cuidar de mim. A resposta foi:

– Não se preocupe.

De repente, ele me viu no pé da escada e me ajudou com a minha mala. Enquanto isso, me despedi da Bianca. Ela caiu no choro e, como não podia deixar de ser, eu também abri o berreiro. Ela me disse, já com o rosto inchado de tanto chorar:

– Chegando em Berlim, você me liga, contando tudo.

– Claro. - Respondi, ainda a abraçando. - E quando já estivermos estabilizados, quero que você vá nos visitar...

– Pode deixar. - Ela respondeu. Me abraçou mais forte e disse: - K.T. ... Não esquece que eu te amo e você é a melhor irmã do mundo, tá?

– Não vou esquecer. E você também é a melhor irmã do mundo... - Eu disse, abraçando a Bianca bem forte, também.

A pior parte foi me despedir do meu pai. Nunca pensei que pudesse chorar tanto... Ele realmente ia fazer muita falta para mim. Ele, assim como a Bianca, me pediu para ligar assim que chegasse à Berlim, e ainda, disse que, se precisássemos, que era para ligar para ele. Eu o abracei forte, que nem fiz com a Bianca e, quando já estava tudo pronto, ele me disse:

– Boa sorte, minha filha.

– Obrigada, pai. - Respondi. Dei um beijo no rosto dele e entrei no carro. Pelo espelho retrovisor fiquei observando-o acenar para mim. Tentei não pensar muito na falta que ele ia fazer, mas, a princípio, parecia inevitável. Quando chegamos em Berlim, vi que iríamos morar num bairro de classe-média alta e o apartamento era uma cobertura. Enquanto eu arrumava algumas coisas, o Bill disse que ia sair rápido e, quando eu menos esperasse, ele estaria de volta. No instante que eu terminei de arrumar a primeira de duas malas, ouvi ele me chamando e, quando cheguei na sala de estar, ele estava segurando alguma coisa, enquanto trancava a porta. Percebi que era o cachorrinho e perguntei:

– Posso ver?

Ele se virou e me mostrou um filhote de Dachshund, miudinho mesmo, ainda sonolento. O pêlo desse filhote era exatamente da cor daquelas barras de chocolate ao leite. Eu perguntei:

– E aí? É... Macho ou fêmea?

– Eu sei que vou sofrer com as duas de TPM, mas... Quando vi... Tive que pegar essa fêmea...

A cachorrinha era a coisa mais fofa do mundo. O Bill me perguntou, vendo que eu estava babando pela cachorrinha:

– Que nome vamos colocar nela?

– Pode ser... Cacau?

– Pode. - Ele respondeu, passando a mão na cabecinha dela.

Uns dias depois, percebemos que a Cacau estava com o gênio parecido com o meu, apesar de viver colada no Bill. Por sorte, ela não tinha ciúmes de mim, já que eu também mimava a danadinha. Era bom chegar em casa (Eu estava trabalhando numa loja de roupas em um shopping) e ver aquela coisinha marrom fazendo festa para nós... Ela ficava naquela felicidade, toda assanhada e, vira e mexe, latia. Só os vizinhos que não gostavam muito, já que ela era barulhenta. Além desse pequeno detalhe dos latidos, tivemos uma dificuldade enorme para educá-la. A danada era teimosa mesmo. Se, por exemplo, ela fazia xixi num lugar errado, íamos lá, dizíamos que não era para ela ir fazer xixi lá, mas, sobre o jornal, e ela simplesmente ignorava. Por fim, o Bill descobriu um jeito de fazer a Cacau ir fazer xixi no jornal. Depois disso, nunca mais tivemos que sair atrás dela, chamando atenção por ter usado um cantinho como banheiro.

O único problema com a Cacau era que, assim como o Marley, do livro "Marley e eu", eram as tempestades. Se dava um trovão, mesmo que fraquinho, lá ia a Cacau se enfiar debaixo da nossa cama. Tirar ela de lá debaixo era um custo. O jeito era esperar a danada sair por vontade própria.

No entanto, tirando esse problema do xixi e da tempestade, era uma cachorrinha fora do comum, já que não fazia tanta bagunça assim. Era bem tranqüila. Só latia um pouco demais, mas, nada demais. Num dia que eu estava fazendo o almoço, vi a Cacau brincando com o Bill e fiquei pensando em como seria quando eu tivesse um filho. Será que ela teria ciúmes? Eu esperava que não... 

Postado por: Grasiele

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