terça-feira, 20 de março de 2012

Insanity - Capítulo 10

Bill...



Quando finalmente abandonei minha sanidade, junto com os minutos torturantes que se passou desde que meu irmão entrou pela porta, caminhei rapidamente até Kate, deixando que minhas mãos escorregassem violentamente até seu pescoço.

Empurrei-a até a parede, ouvindo um barulho próximo devido ao choque repentino de suas costas na mesma. Eu tinha certeza que a havia machucado, mas ainda assim não conseguia parar e muito menos largá-la.

Bill... – Eu a ouvi implorar.

Estava a machucando e sabia disso. Sabia também que apesar de ver seus olhos vermelhos cobertos por lágrimas, estava gostando de vê-la sofrer.

– Está doendo? – Perguntei insanamente sabendo que sim.

Levei minha outra mão ao seu rosto, segurando enquanto a sufocava, ela estava chorando.

– Você já amou tanto alguém a ponto de mal conseguir respirar? – Perguntei, cravando ainda mais minha unha em seu pescoço, tanto que quase podia ver seu sangue próximo. - Consegue sentir agora o que eu sinto enquanto vejo você com meu irmão?


– Por favor... - Ela suplicou com a voz falha.

– Dói, mas é tão bom. - Eu sussurrei próximo ao seu ouvido, cheirando sua pele como um maníaco a quem eu mesmo desconhecia.


Bill! - Ele gritou, segurando minhas mãos; parecia ter saído do transe em que se encontrava.

Eu a joguei no chão e só quando a olhei pude notar que ela havia caído com a cabeça sobre a mesinha de canto na sala. Kate havia desmaiado, pelo menos era isso que eu achava.

Kate? - Tom gritou correndo até ela e virando seu corpo para cima. Sua cabeça e pescoço sangravam e eu havia feito isso com minhas próprias mãos.


– Sai de perto dela! - Gritei, mas fui ignorando, visto que Tom sentou-se ao lado dela, colocando sua cabeça entre as pernas dele.


– Ela está morrendo, Bill! - Disse desesperado.


– E o que importa? - Eu gritei. - Ela vai me deixar! Você vai me deixar!


– Não... - Tom fechou os olhos tentando recuperar o fôlego - Ela...


– Ela disse que o ama... Eu ouvi. - O interrompi gritando, jogando qualquer coisa que havia achado em minha frente.


– Disse que gosta de mim, disse que me ama, mas é de uma forma completamente diferente. - Ele sugeriu em tom choroso.


Só então eu parei para vê-lo segurá-la no chão, Tom estava em meu lugar, eu devia estar cuidando dela e não tê-la machucado.
Que espécie de pessoa eu havia me tornado... Isso é o amor ou pura fraqueza diante dele?


Eu não saberia dizer no momento, quando tudo o que eu queria era abraçá-la e curar suas feridas enquanto repetiria o quanto a amava e confiava nela.

– Por que fez isso, Tom? - Perguntei me aproximando deles - Qual era a sua pretensão quando resolveu dizer isso a ela? - Se ela o aceitasse iria fugir e me deixar aqui como um idiota? - Gritei mais com ele, puxando-a para perto de mim, enquanto deitava ao seu lado.


– Não... Não era essa a minha intenção... Eu nunca quis magoar você, nunca quis ver Kate sofrer deste jeito... - Tom acariciou-lhe a face aproximando-se dela.


– Mas foi o que fez... - Eu sussurrei.


– A culpa é minha, Bill, só minha, e agora lembrando tudo que aconteceu nestes últimos dois dias, eu tenho certeza de que era tudo uma invenção criada por mim.


– Ela foi ao seu quarto, foi atrás de você... - Eu o olhei, culpando-o mais uma vez.


Tom e eu estávamos deitados no chão e apenas o corpo de Kate nos separava, talvez se ela não estivesse ali, naquele momento, estivéssemos rolando no chão, tentando matar um ao outro como sempre fazíamos quando queríamos resolver nossos problemas tolos.

– A culpa é minha! – Ele falou novamente. - Na próxima vez que quiser fazer isso é melhor que faça em mim, Bill...


Quando ele acabou, eu estava rígido de raiva, tentando imaginar se ele já a havia tocado e onde tinha o feito, mas o pouco de sanidade que me restava me mandava sinais de que eu ainda devia confiar nela e, possivelmente, nas palavras dele.


Mas, ainda assim, não conseguia achar palavras pra descrever meus sentimentos naquele momento. Era com certeza uma mistura de raiva, amor e tristeza... E, apesar das lagrimas, olhei seu rosto e sorri, sentindo-me um idiota, culpado por ter feito tudo aquilo e, possivelmente, por estar perdendo Kate.

Tom havia fechado os olhos com a cabeça encostada ao ombro dela, não pude ver, mas acreditei que estivesse chorando.


No silencio eu pensei na coragem que ele havia mostrado ao contar, não só hoje, como em todos os dias em que permaneceu sofrendo apenas para si mesmo.


E então eu também chorei, sentindo-me culpado, como de fato era, por ela estar assim entre nós.


Fiquei observando-a durante um tempo, dando-me conta do quanto a amava. Segurei sua mão junto ao meu coração, sentindo a frieza de seus dedos e, naquele momento, eu tive a certeza de que a havia perdido.

Até ela apertar a minha mão...






Poucas horas depois tudo que conseguia ver em minha frente eram rostos desconhecidos, alguns tentando salvá-la e outros apenas tentando entender o que havia acontecido.


O que eu poderia dizer? Sinceramente eu apenas me mantive em silêncio e Tom fez o mesmo.


Gostaria de saber o que pensavam enquanto tentavam fazer com que Kate voltasse à vida. Será que perceberam que eu estava perdendo tudo o que importava para mim? Ou estava eu, mais uma vez, sendo completamente egoísta, mesmo sabendo que a culpa de toda dor que ela estava sentindo era apenas minha... Eu não saberia responder, porque naquele momento meu mundo estava correndo rápido demais.


Kate logo foi levada para o quarto e novamente foi atendida por uma equipe de enfermeiros e médicos que, assim que me viram no quarto, pediram que eu me retirasse.


Comecei a chorar, com a certeza de que ela estava morrendo e em algum canto pude notar que Tom também chorava sozinho. Essa era a primeira vez em anos que eu podia simplesmente ver isso sem que ele escondesse ou apenas omitisse... Não sei, mas por algum motivo desta vez eu sabia que as lagrimas tão cedo não cessariam.


Longas horas se passaram desde que ali chegamos e tudo que eu podia fazer era olhar para uma janela cinza a minha frente. E isso era totalmente estranho, principalmente quando meu irmão estava ali ao meu lado o tempo todo, como se segurasse a minha mão, como se me apoiasse de qualquer forma e mesmo sabendo que ele estava ali por ela, era assim que eu gostaria de sentir e pensar.

– Quer tomar alguma coisa? – Ele perguntou, levantando-se da cadeira ao meu lado.


– Não, mas obrigado por perguntar.


– Vou pegar um café e já volto. – Avisou saindo.


– Senhor Kaulitz? – Levantei meu rosto e encarei a médica que há pouco havia entrado no quarto de Kate.


– Sim. Como... Como ela está?


– Sua esposa está dormindo agora... – Falou ela calmamente. – Ela ficará bem.


– Obrigado! – Foi tudo que eu consegui dizer depois de respirar profundamente.


– Sei que o senhor é uma pessoa publica e não gostaria de incomodá-lo com isso, mas são normas do hospital.


– O que? Do que está falando?


– Sua esposa chegou muito machucada. - Ela começou a falar naquele tom totalmente estranho que só os médicos carregam – E, obviamente, o senhor sabe que ela mesma não conseguiria fazê-los sozinha. – Finalizou, esperando uma resposta supostamente convincente vinda de minha parte... Mas infelizmente não havia nenhuma.


E enquanto ela falava as memórias voltaram como uma avalanche, todas elas. Notei o quão estúpido eu fui e o quanto ainda estava sendo, mantendo toda mentira por medo. Enquanto Kate sentia toda dor sozinha, sabia que havia cometido um erro em me manter em silêncio, mas fiz isso simplesmente porque era impossível esquecer o assunto, mesmo tentando me concentrar na conversa.

– Estou bem... Como já havia dito foi apenas um acidente, Bill não estava em casa quando aconteceu.


Olhamos para a cama assustados e lá estava Kate acordada, tentando me defender e, de alguma forma, tentando fazer com que a mulher acreditasse em suas palavras, mesmo que isso fosse totalmente inútil devido aos vários hematomas por seu corpo.



– Bem, senhora Kaulitz o hospital irá inve... – A mulher continuava a insistir.


– Não será preciso. – Kate falou com total segurança. – Obrigada!



Por um longo momento nenhum de nós se moveu, até que a médica contrariadamente decidiu deixar o quarto e então eu pude finalmente olhá-la nos olhos.



– Oi – Eu disse enquanto me aproximava de sua cama.


– Fico feliz que esteja aqui. – Ela sorriu, erguendo sua mão para alcançar a minha.


– O que eu posso dizer ou fazer pra você, porque, sinceramente, acho que me desculpar nunca será o bastante. – Perguntei ridiculamente, pois sabia que nada apagaria a dor que causei a ela.


– Você está aqui, isso é o bastante pra mim. – Murmurou.


– Como pode não ter medo... Nojo ou raiva de mim depois de ontem?


– Eu não tenho medo porque você é tudo que eu tenho... – Ela sorriu brevemente.


– Eu quase matei você... – Falei indignado, sentindo raiva de mim mesmo ao me lembrar de tudo.


– Estou bem... - Sua expressão adquiriu compaixão espontânea – Não quero que se culpe por algo que não aconteceu.



De repente ela abriu um sorriso largo e cheio de prazer enquanto curvava-se, tentando sentar-se. Movi meus braços para ajudá-la, mas assim que a toquei seus braços me envolveram em um abraço e eu freneticamente pedia que aquele momento não terminasse nunca.



– Me desculpe... Sei que isso não basta, mas me desculpe. – Eu pedia enquanto repousava minha cabeça em seu colo.


– Você não precisa se desculpar... Não há razão para estar arrependido. – Ela disse passando a mão por meus cabelos.


– Do que está falando? – A encarei encolhendo meus ombros relutantemente.


– Acho que sei o que estava pensando naquele momento... E sei que se fosse eu no seu lugar teria feito exatamente o mesmo. - Ao observá-la dizer aquilo senti uma súbita secura na garganta.


– É claro que não!


– Na verdade não - Ela deu um sorriso irônico. - Mas eu entendo... Por que eu sei que não era você.


– Está me perdoando? É isso? Depois de tudo?


– Deite aqui comigo. – Ela disse como se não estivesse me ouvido.


Inclinou-se para o lado da cama, dando passagem para que me aconchegasse ao seu lado e assim o fiz, tentando deixá-la o mais confortável possível, apesar de saber que ela não se importaria com isso.

Apoiei minha cabeça em seu peito, sentindo seus batimentos cansados e sua respiração falha e, de repente, a noite passada começava a voltar em minha mente...

– Me diga o que fazer, Kate... Eu não sei o que aconteceu e como viemos parar aqui... Eu simplesmente acordei e descobri que meu irmão estava apaixonado pela minha mulher... E eu nunca me imaginei vivendo esta situação... Não sei o que fazer, eu estou apavorado.


– Calma. – Pediu ela.


– Só quero ficar aqui... Com você e de alguma forma ajudar meu irmão. – Eu disse relutante.


– Eu sei. - Ela olhou para mim e respirou fundo algumas vezes.


–Vocês dois são tudo que importa pra mim e mesmo que eu pense no que seja certo a fazer, eu não sei... Não consigo descobrir.


– Eu amo você... E você sabe. – Ela balbuciou.


– Eu sei. – Apesar de tudo senti meu coração saltar.


– Mas não posso permitir que se afaste de Tom. - Ela levantou os olhos e encarou os meus.


– Eu não quero isso. – A alertei assustado apenas em pensar nesta possibilidade.


– Eu sei que não. - Ela se calou cansada demais para continuar naquele momento.

Seu sorriso era estranhamente triste e, por instantes, nenhum de nós disse nada.


Até que ela ressaltou a última frase...

– Mas você precisa me ajudar... – Ela pareceu estar cansada, mas após longos segundos tentando recuperar seu fôlego continuou... – Precisa me ajudar a te esquecer...

Postado por: Grasiele

Insanity - Capítulo 9

Tom...

E foi o que eu fiz, eram três horas da madrugada e lá estava eu, dirigindo por um caminho já gravado em minha mente.
Sabia que estariam dormindo, mas precisava de um tempo com minhas coisas, em meu quarto... Ver meus cachorros e talvez fazer uma surpresa para eles no café da manha... Definitivamente eu queria mudar e talvez fosse por eles a melhor forma de começar.

Levei minhas chaves à porta fazendo o mínimo de barulho possível, não queria acordá-los, mas assim que entrei encontrei Kate deitada sobre o sofá, estava acordada olhando alguma coisa na televisão como sempre para não incomodar Bill com a claridade da mesma.

– Posso entrar? – Pergunta ridícula pensei para mim mesmo.

– Claro. – Ela sorriu bobamente enquanto se levantava e caminhava para perto de mim.

– Bill?

– Está dormindo... Mas eu posso acordá-lo se você quiser. – Ela murmurou

– Não... Estou com saudades, mas é melhor não. - Alertei

– O que aconteceu? - Sua voz gentil afastou meus pensamentos.

– Por quê? - Quando questionei e viu minha expressão, Kate tocou meu rosto.

– Está triste. - Confessou.

– Estou bem... - Senti seu toque me perguntando por que eu me importava tanto - Só precisava ver vocês, ficar perto de vocês um pouco. - Ela afastou-se enquanto tudo que eu fazia era encará-la.

– Senti sua falta.- Disse apenas

– Eu também senti a sua. - Respondi a abraçando, sentindo seu perfume tomar conta de mim. Ela aperta minha mão e então me afasto dela temendo que a tivesse deixado desconfortável.

– Você voltou? - Perguntou e eu pude ver esperança em seus olhos.

– Vou passar a noite aqui – Disse tentando explicar, mas não consegui falar mais.

– Bill vai fica r feliz ao vê-lo amanha. – Ela ri de uma forma que há muito tempo eu não via. – Boa noite Tom. – Curvou-se beijando meu rosto para logo depois se virar em direção ao quarto.

– Antes de ir... – Segurei sua mão - Posso te fazer um ultimo pedido? - Eu quase me calei, consciente do que poderia vir se continuasse, mas ainda sim segui adiante – Sonha comigo? - Ela respirou profundamente enquanto olhava para nossas próprias mãos – Assim podemos nos encontrar no meio da noite e acabar um pouco com essa saudade que tanto machuca aqui – Levei sua mão até meu peito seguro de que sentiria meus batimentos apressados tanto quanto eu sentia.

– Tom... - Ela tentou falar, mas não deixei que continuasse, ou o momento passaria e escaparia mais uma vez minha chance de deixar meus sentimentos claros para ela, mesmo que isso a assustasse no principio.

– Você não tem idéia do quanto esses dois últimos dias têm significado pra mim - Comecei.- Ter você mais próxima, poder sentir um pouco mais do que sempre senti quando estamos pertos...Poder te tocar - Eu hesitei, sabendo que se parasse agora, nunca mais seria capaz de dizer a verdade.

– Eu amo você - Sussurrei.
Em todas as vezes que me imaginei confessando isso a ela tudo que eu pensava era no quão difícil seria dizer essas palavras, mas não foram...

Eu nunca tive certeza de nada em minha vida e por mais que eu esperasse um dia ouvir kate dizendo essas palavras para mim, o que mais importou no momento foi saber que o amor era meu para dar a ela e não ao contrario e isso era tudo que eu tinha no momento um sentimento sem restrições ou expectativas.

– Eu sei e eu também amo você Tom.

Sorrindo... Apenas sorrindo tristemente ela respondeu e eu imediatamente tive certeza de ela não sentia o mesmo... Que suas últimas palavras não carregavam o mesmo significado que as minhas.
– Não precisava dizer... Eu só... Não foi por isso que eu disse. - Fechei meus olhos, lamentando ter dito que a amava. - Me desculpe, mas - Eu hesitei por um momento - Você não tem idéia de quantas vezes eu simplesmente quis dizer isso a você.

Enquanto tentava não chorar, não me permitindo ser um fraco perto dela, Kate aproximou-se de mim, me envolvendo em um abraço que desde sempre desejei.

– Tudo vai ficar bem Tom... - Disse enquanto eu tentava gravar em minha memória aquele momento com ela.
– Como?

–Eu não sei. – Ela respondeu calmamente.

Ela então se afastou de mim, mas suas mãos continuaram em meu rosto... E eu me peguei pensando por um momento no quanto a amava e me dei conta que ter dito a ela foi a melhor coisa a se fazer.

Segurei sua mão e a olhei por um momento, levantei minha cabeça obrigando-me a encará-la e então eu novamente reprimi minha vontade de beija - lá, mesmo sendo totalmente difícil pensar em outra coisa neste momento...

E antes que eu pudesse ter a chance de decidir o que fazer, vi Bill entrar na sala rapidamente em direção a Kate... Segurando-a no pescoço e a encostando à parede fria do corredor, ele está matando-a e ainda assim eu não conseguia me mover para impedir.

Postado por: Grasiele

Insanity - Capítulo 8

Bill...

O que significava amar verdadeiramente outra pessoa?

Por um tempo eu realmente pensei que soubesse. E isso significava que eu me importava mais com ela do que comigo mesmo, tanto que chegava a cogitar passar o resto de minha vida ao lado dela, era isso que eu desejava, mas talvez para ela isso não fosse o bastante...

Segui seu olhar por várias vezes, tentando achar a raiz da questão, o momento exato em que a deixei se perder, mas tudo que eu conseguia enxergar eram seus olhos castanhos perdidos. Sorri para ela recebendo o mesmo de volta... E, naquele momento, eu me dei conta de que não importava o que estivesse acontecendo em nossas vidas, eu poderia me imaginar para sempre deitado ao lado dela, abraçando-a... Ou apenas perdido na imensidão obscura de seus olhos...
– Posso te fazer um pedido? - Pedi prendendo meu olhar ao dela o máximo que pude.

– Claro. – Respondeu sonolenta.

– Sonha comigo?

– Eu sempre sonho. – Sorriu beijando-me para logo encolher-se em meus braços, deixando-me preso àquele momento seguro em que nos encontrávamos.
Tom...


Faltava pouco tempo para a festa e minha animação de anteriormente parecia ter ido embora junto com Kate quando ela pronunciou tais palavras. Não foi fácil para eu aceitar a simples verdade de que o que ela mais temia era perder Bill, enquanto tudo o que eu sentia era que uma parte de mim doía só com o pensamento de estar tão perto e ainda sim tão intocável.

Gustav finalmente aparecera com mais uma caixa de bebidas na mão, olhando-me assim que entrou na casa.

– Já está bebendo a essa hora? – Disse ele.

– Dane-se. – Retorqui olhando para o lago.

– O que tem lá, hein? – Perguntou curioso olhando também, talvez tentando encontrar o que prendia minha visão.

– Água. - Forcei-me a manter os olhos no lago tentando de alguma forma ignorá-lo, pois sabia exatamente onde esta conversa chegaria.

– Muito engraçado, aposto que está pensando em Kate. – Me olhou preocupado. - Droga Tom, o que está acontecendo com você? Sei que não deve ser fácil, mas se não se esforçar nunca vai esquecê-la.

– Não quero falar sobre isso.

– Porque sabe que é verdade... Ou não estaria aqui se escondendo. – Gritou ele.

– Não estou. – retruquei no mesmo tom.

Gustav balançou a cabeça e saiu de perto de mim. Eu não o impedi, não disse mais nada, mas quanto mais ele se afastava, mais eu me apercebia do quanto ele estava certo. Eu era louco por Kate e nem o detalhe de ela ser casada com meu irmão afastava os pensamentos absurdos que tinha em relação a ela... E faria qualquer coisa para estar com ela se ela quisesse.


Mais tarde, quando a casa já estava cheia de pessoas que eu não fingia conhecer, me dei conta de que meu mundo havia mudado totalmente depois do casamento e me senti como se tivesse a obrigação de ficar acomodado de certa forma, ou apenas para me certificar de que o que eu sentia era realmente autêntico e não só o pensamento de alguém que acabara de ver o único irmão se casar e estava com ciúmes ou algo assim.

Notei que algumas meninas dançavam perto de mim, talvez até perto demais. Antigamente eu saberia exatamente como agir, mas agora tudo que eu conseguia fazer era lançar a elas um olhar curioso, praticamente implorando para que se afastassem e, enquanto isso, Georg me olhava de longe, não acreditando no que via. Talvez se ele pudesse ler meus pensamentos ele estaria rindo e me acusando de ter virado gay, mas a verdade era que eu não me importava com nada disso, eu apenas não estava a fim de ser o velho Tom... Não hoje e talvez nunca mais.

– Oi Andy. - Me aproximei vendo-o se virar e me encarar.

– Tom! Há quanto tempo?! – Ele comentou.

– Que papo é esse?... Eu vi você ontem. – O lembrei.

– É, acho que já estou um pouco bêbado. – Confessou enquanto enchia novamente seu copo.

– Está bebendo o quê? – Observei o mesmo fitar o copo antes de me responder.

– Absinto.

– Não beba demais, ontem eu passei mal por culpa do diabo verde.

– Bebeu quanto? – Perguntou preocupado.

– Toda a garrafa. – Confessei.

– Você é um idiota, absinto pode te deixar em coma... Ou até pior. – Falou pronunciando as palavras indistintamente.

– Sério? Agora já é tarde. – Sorri pegando o copo de sua mão e bebendo tudo em apenas um gole.

– Jordin chegou. – Gustav apareceu do nada me avisando.

– Hora de eu me divertir um pouco. – E sem pensar em mais nada, apenas caminhei em direção a ela.

– É, vai lá. – Escutei Andy pronunciar enquanto eu me afastava.

– Olha só, ela já está um pouco bêbada, então é só subir e... – Gustav tentou falar e então eu parei, encarando-o.

– Você quer mesmo ensinar o mestre aqui? – Questionei empurrando-o logo depois.

E então eu vi Jordin, uma das muitas garotas de meu passado, encostada a guarda da escada...

– Tom... Eu estava te procurando. – Ela disse tentando me beijar, mas eu desviei meu rosto até seu ouvido.

– Acabou de me encontrar. – Sussurrei e consegui perceber que se arrepiou.

– O que acha de subir? – pediu mordendo os lábios.

Não respondi apenas a puxei escada a cima, procurando o primeiro quarto que aparecesse em minha frente.

Abri a porta e a empurrei para dentro do mesmo me perguntando se devia ser educado com uma garota do tipo de Jordin e a resposta foi procurada de diferentes formas em minha mente... Não, eu não deveria.

– Por que quer fazer isso? – Perguntei enquanto beijava seu colo e notava suas mãos escorregarem para o fecho de minha calça.

– Tom Kaulitz, fazendo essa pergunta em uma hora tão crucial? – Ela apenas riu e seguiu o que estava fazendo.

– Sim, eu! Por que, não posso? – Parei um momento para encará-la.

– Pode, claro.

– Então diz, porque se prestou a vir até aqui para transar comigo mesmo sabendo que eu não a olharei mais? – Perguntei e ela não pareceu se incomodar em nenhum momento.

– Porque eu sei que é só isso, você é só isso... Eu sei que não posso esperar mais nada de você.

Ouvi-la falar assim me levou à velha pessoa que eu costumava ser, e eu mal podia suportar pensar que estava voltando a ser aquele cara.

– E mesmo assim você quer? – perguntei presunçoso.

– Você não entende que não importa pra mim? Eu estarei com você uma vez, mas a lembrança ficará comigo sempre. – Ver seu rosto enquanto se rebaixava tanto me fez perceber que essa era a primeira vez que eu sentia pena de uma garota.

– Gosta de mim?

– Eu gosto do que você me pode dar no momento... – Mentiu desviando o olhar. - E a única coisa que você me pode dar é sexo... Porque você é só sexo. – Sim, ela tinha razão. Talvez eu fosse apenas isso, mas desejava que estivesse errada.

– Está enganada. – Disse sacudindo a cabeça.

– Estou? O que faz neste quarto comigo, então? – Ela riu não acreditando.

– Eu não faço a mínima idéia. – Confessei saindo de cima dela.

– Vou deixá-lo... – levantou-se passando por mim. - Não se preocupe, vou falar a todos que você foi incrível!

– Não me importo... Fale o que quiser. – Foi tudo o que consegui dizer.

– Não quero falar nada. – Disse antes de bater a porta e só então notei que ela havia ido embora.

Um tempo depois, quando a festa de Georg estava inacreditavelmente mais lotada do que antes, eu me lembrei de casa e do que estaria fazendo se estivesse lá... Por um momento eu não pensei em Kate, mas na saudade que sentia de ver meu irmão...
Embora só estivesse longe há dois dias, era estranho tanto pra mim quanto eu tinha certeza que era pra ele.

Caminhei até ao armário e peguei minhas chaves, eu precisava vê-lo, conversar com ele, dizer a ele o quanto estava sendo difícil todo este momento, precisava confessar o que eu tinha a certeza que ele já sabia... Precisa falar sobre Kate...

Postado por: Grasiele

Insanity - Capítulo 7

Tom...

– Tom? – Ela falou e abri meus olhos vagarosamente para encará-la - Bill... Ele está me esperando. - Completou se afastando.

Aquele momento ficaria impresso em minha alma pra sempre, eu sabia que não haveria nada que conseguisse apagá-lo, nem o amor e respeito por meu irmão, nem esta insanidade que tanto me afasta do que um dia fui.

Eu estava completamente doente e havia perdido minha sanidade quando imaginei que o que sentia por ela pudesse ser recíproco.

– Kate? - Olhou-me enquanto caminhava até à porta, seu olhar parecia perdido, o que pra mim era totalmente desesperador - Algum dia você já teve medo de perder o que julgava ser importante? – Completei ofegante.

– Todos os dias - Respondeu em tom choroso.

– O que você tem medo de perder? – Ainda que minha esperança fosse débil, perguntei curioso.

– Seu irmão. – Disse ela antes de sair batendo a porta, indo embora totalmente diferente de como chegou.



Bill...


Sair com Andy era um tipo de desculpa para não ir até Tom. Embora eu estivesse louco para vê-lo, meu orgulho era maior que minha saudade. Ele é que havia ido embora e não eu, e ainda foi com uma explicação medíocre ofendendo minha inteligência, como se eu não soubesse o que se passava com ele, como se eu não conseguisse mais ler seus pensamentos... E embora soubesse que ele estava sofrendo, eu não poderia interferir neste momento só dele.

Cheguei em casa com esperanças de que ela pudesse estar lá, mas como sempre encontrei a mesma vazia. Com certeza Gordon havia passado por lá e pego nossos cachorros para levá-los ao veterinário, já que este era o serviço do Tom.

Caminhei por toda a casa sentindo o silêncio tomar conta da mesma. Sem Tom e Kate, sem o som de seu sorriso ou as brincadeiras deles assim que se encontravam naquele lugar, nada mais existia.

Ouvi o barulho da porta se abrindo e a observei entrar calmante com seu olhar vago, como se procurasse alguma coisa perdida há tempos, algo que ela jamais recuperaria...

– Onde estava? – Perguntei e ela assustou-se com minha presença.

– Eu fui até à casa de Rachel e Gustav. – Falava pausadamente – E depois eu fui ver o Tom. – Completou.

– Ver Tom? – Perguntei intrigado.

– Sim. – Ela confirmou.

– Por quê? – Inevitavelmente alterei meu tom de voz, a assustando novamente.

– Porque eu estava com saudades.

Disse apenas me olhando e me calando ao mesmo tempo, Kate falava a verdade, e embora eu esperasse ouvir a mesma, não fazia idéia que machucaria tanto.

– Eu perdi alguma coisa? – Indaguei.

– Do que está falando? – Perguntou aproximando-se de mim.

– Eu não fui ver ele, mas você foi. Não acha estranho? – Segurei um de seus braços, forçando-a a me olhar.

– Não. – Tocou meu rosto com suas pequenas mãos tentando acalmar-me, ela sabia que assim conseguiria como sempre conseguiu.

– Vou para o banho. – Tentei me afastar em vão, sentindo sua mão puxar a minha.

– Olha pra mim. – Suplicou.

– Estou cansado. – Reclamei fechando meus olhos, eu estava mesmo cansado de tudo... Até mesmo dela.

– Quer que eu vá com você? – Pediu completamente vulnerável e entregue, como se não tivesse mais vontade própria, tristemente distante da mulher com quem me casei... Longe de tudo que um dia foi, afastando-se da criança que era, do sorriso sempre aberto e receptivo que mantinha até algum tempo atrás.

Eu estava perdendo Kate, perdendo-a para ela mesma e o vazio em que se encontrava.

– Não... – Afastei suas mãos das minhas e com pesar neguei seu pedido.

Caminhei até à porta do corredor e a ouvi sussurrar...
– Eu poderia ter mentido.

– Eu preferia que o tivesse feito. – Retruquei sem olhá-la.

– O que quer que eu diga? – Perguntou – Estou aqui, Bill. – Finalizou.

– Você nunca está aqui. – Rebati saindo em direção ao banheiro, fechando a porta do mesmo, me permitindo chorar sem que ela pudesse ver.


Deixei que a banheira enchesse e fui até ao nosso quarto pegar meu roupão. Notei que ela não estava mais lá, obviamente já teria corrido até Tom. Ultimamente era com ele que ela parecia se importar mais... Esquecendo-se dela, e claro de mim.

Voltei ao banheiro encontrando-a parada na porta do Box, observando-me entrar com seus olhos amedrontados, despindo-se para entrar comigo... Ignorando completamente minha primeira negação.

– Não faz isso. – Pedi observando cada peça cair ao chão.

– Por favor. – Me olhou – Me deixe ficar com você. – Suplicou em tom choroso.
– Não.

– Eu sou sua, Bill. – Suspirou sentido a última peça cair, deixando-a nua em minha frente. – Só sua. – Garantiu.

Eu não conseguiria ficar longe, não desta forma... Kate me tinha em suas mãos, mesmo estando em um mundo paralelo ao meu.

– Chegue perto de mim. – Pediu me olhando.

– Pra quê?

– Porque preciso de você perto de mim... Sempre. – Continuou.

– Mesmo? – Caminhei até ela, cruzando meus braços à espera de uma reação.

Não respondeu, apenas olhou-me uma última vez antes de desamarrar o laço de meu roupão, deixando-me igualmente nu à sua frente... Procurou me beijar, mas neguei, abrindo-lhe o apetite. Sabia perfeitamente que gosto de comandar.

Encostei-a na parede segurando seus cabelos com força, ouvindo-a sussurrar próximo ao meu ouvido.

Puxei-a para dentro da banheira, vendo-a gatinhar para perto de mim... Beijando meu pescoço quente com seus lábios frios, encarando-me antes de literalmente comer meus lábios de uma maneira que me deixava louco... Apoderando-se de mim como só ela sabia que podia.
Acompanhei seu olhar enquanto víamos nossos corpos se encaixarem perfeitamente, nos permitindo fugir para um mundo surreal onde nossos movimentos eram sincronizados, levados ao limite a cada toque de nossos corpos.

Não havia como negar, fazê-lo com ela, daquele jeito eternamente perfeito que ela tinha, era uma sensação de outro mundo... Algo que eu poderia guardar para mim, só minha como de fato era.

Aninhou-se ao meu lado, tentando retomar o ritmo dos batimentos cardíacos, olhando-me nos olhos.

– Meu Deus, ela está me enlouquecendo. – pensei para mim mesmo antes de beijar-lhe o topo da cabeça e abraçá-la, pedindo freneticamente para que ela se mantivesse minha, para que ela voltasse a ser a minha Kate...

Postado por: Grasiele

Insanity - Capítulo 6

Tom...


Outro dia nascera, meu primeiro dia longe de casa, embora Georg fizesse o possível para que eu me sentisse praticamente na mesma. Não era como se eu pudesse acordar e ver meu irmão com seu sorriso bobo logo cedo, ou Scotty correndo atrás de Kasimir pela sala, ou tão pouco ver Kate servindo nosso café como em todos os dias depois do casamento.

Com minha insanidade eu havia perdido minha família inteira, e nem sequer queria imaginar o surto dos meus pais quando soubessem que eu já não morava mais naquele apartamento.

Levantei-me da cama assim que o sol invadiu o quarto, e naquela casa não haveria como lutar contra ele... Fiz minha higiene pessoal e caminhei até a cozinha, avistando Gustav sentado em uma das cadeiras. Mexendo em seu notebook, como sempre concentrado de mais para me ver chegar.

– Está morando aqui também e eu não sabia? – Perguntei vendo-o baixar os óculos me olhando por debaixo dos mesmos.

– É claro que não! Eu, ao contrário de você, não gosto de incomodar os outros. - Disse ainda concentrado em seu notebook.

– Quem disse que eu estou incomodando? Georg é apaixonado por mim, na verdade, ele até me ligou e implorou para que eu viesse ficar um tempo aqui com ele. – Gargalhei sentando-me ao seu lado na mesa.

– E eu estou acreditando. – Ele olhou-me sério. Definitivamente, Gustav não tinha senso de humor, pelo menos não de manhã.

– Que lista é essa aí? - Perguntei virando a tela para mim.

– Acha mesmo... - Ele retrucou virando novamente a tela para ele - Que dariam uma festa sem que eu soubesse, ou melhor, sem que eu liberasse a lista? – Riu cinicamente.

– Rachel não deixaria você vir mesmo. – Falei caminhando até a pia.

– E desde quando ela manda... - Ele bufou. – Tá, eu sei que ela não deixaria, mas eu viria escondido... Quem iria contar a ela? – Riu e então me olhou.

– Ninguém. – Debochei.

– Você não está em condições de entregar ninguém. - Continuava com seu sorriso cínico enquanto falava - Ou esqueceu Kate?

– Como você sabe? – Perguntei virando-me para ele.

– Eu contei. - Georg confessou entrando na cozinha.

– Porque você contou? – Gritei com ele.

– Porque eu não sei guardar segredos... Você sabe bem disso, ou não saberia que eu era apaixonado pela sua namorada na adolescência. – Riu sentando-se ao lado de Gustav.

– Devia ter contado ao Andy. - Retruquei e eles riram.

– Claro que devia, e essa hora você e Bill estariam rolando na lama. – Disse Georg.

– Eu jamais brigaria com ele por ela, Kate é dele e pronto. – Afirmei.

– Que seja, você não vai falar com a Rachel e eu fico quieto. Ok, eu nunca falaria com ninguém sobre isso, mas é para o caso de você avisá-la... Mas então, a lista está pronta, só as melhores, alguns caras que conhecemos e são confiáveis, sem Sophie... - Olhou para Georg que bufou. - E para tirar o Tom deste poço sem fim... Jordin. - Riu me olhando.

– Jordin para mim?

– Não recuse, aproveite. - Georg me apontou o dedo.

– Sim, agora eu preciso ir. - Gustav levantou-se saindo - Vejam se arrumam tudo direitinho, ok? Gosto de tudo organizado. - Gritou já do lado de fora.

– É hora de festa, vamos dar um jeito aqui e depois ligar ao David e falar que estamos terrivelmente doentes. - Ge respirou fundo parecendo mesmo doente. – E, por fim, acabar convidando ele para a festa. - Riu.

– É, só assim para sermos desculpados.

– Mãos à obra. - Disse ele atirando-me uma garrafa de wiskey nas mãos.

Mãos à obra, essa era a verdade. Agora eu já estava praticamente em minha antiga vida, álcool, cigarros e, mais tarde, mulheres, mas o engraçado era que eu não me lembrava do momento exato em que meu mundo antigo me fez falta. Depois do casamento, embora não fosse o meu, acabei me acomodando também, permitindo-me sair apenas algumas vezes, em poucas ocasiões em que não pude recusar... E, ainda que fosse estranho para todos, nunca mais ouve ninguém em meu quarto, talvez por respeito, talvez por medo, ou por achar que ninguém além dela merecia estar lá. Isso é loucura eu sei.

Quando já estava tudo praticamente pronto, ouvi um barulho vindo de um carro. Georg só poderia estar brincando, quando tudo já estava no lugar ele resolveu voltar para casa. No mínimo conseguira convencer Sophie a vir, caso contrario só apareceria na hora da própria festa.

Cheguei ao jardim e vi que o carro não era o dele e sim o de Bill. Ele fez o que eu pensava que faria, veio atrás de mim para tentar me obrigar a voltar para casa, bem típico dele...
Notei que não estava dentro do carro, no mínimo já estava por aí olhando a casa, curioso como é...

– Oi. – Ouvir sua voz me pareceu tão estranho e surreal que eu jurava estar preso a ela...

Virei-me e encontrei seu olhar triste sobre o meu. Kate estava ali, em minha frente, como todos os dias e como eu sempre quis que estivesse... Parada e completamente vulnerável a qualquer movimento que eu fizesse, como uma louça que se quebra ao mínimo toque, e com seus olhos, que embora secos, ainda mostrassem o vermelho das lágrimas da noite anterior, lágrimas que foram derramadas supostamente por mim.

– Se eu pudesse, eu te abraçava. – Eu disse, enquanto olhava para minha própria roupa rindo. Não estava abraçável, digamos assim, devido às arrumações que fizera durante o dia.

– Vem cá. – Ela me chamou calmamente abrindo os braços, esperando por um gesto meu. Fui timidamente abraçá-la e afastei-me logo a seguir, vendo surgir um sorriso engraçado da parte dela. - Eu esperei por você o dia todo.

– Georg está precisando de ajuda aqui e você sabe como ele é, não gosta de gastar, então eu estou o ajudando... - Ri enquanto ela olhava com curiosidade para minhas roupas. - Bom... Tentando ajudar. - Finalizei rindo também.

– Festa? - Indagou olhando para a casa.

– Ah não... Não. – Menti. - Ele quer reconquistar a Sophie, então vai fazer um jantar romântico para ela, essas coisas.

– Por que não foi me ver? –Virou-se caminhando pelo jardim e eu a acompanhei.
Que resposta dar, essa era a única pergunta que passeava em minha mente, dizer a verdade era completamente inadequado e fora de questão naquele momento.

– Eu...Bom. – Não conseguia balbuciar nada.

– Eu sou uma boba, eu sei. - Disse em tom choroso. - Você saiu ontem de casa e já estou reclamando, mas eu senti sua falta... - Riu dando de ombros e voltando a caminhar. - Nós sentimos a sua falta. - Finalizou olhando para o lago.

– Como ele está? - Perguntei tentando quebrar aquele clima estranho que tinha se imposto sobre nós.

– Você sabe como ele é, ri mesmo não querendo. Eu diria que ele está chorando, mas não quer deixar transparecer isso. - Falou tentando sorrir.

– Eu sei, pretendia falar com ele hoje, mas acho que não vou ao estúdio.

– Ele disse a mesma coisa. - Rimos – Mas, de qualquer forma, ele saiu com o Andy. Espero que volte um pouquinho melhor para casa.

Balancei a cabeça positivamente olhando para ela, me perdendo em seus traços perfeitos enquanto o silêncio tomava conta de nós outra vez.

– Quer entrar? – Perguntei e ela me olhou rindo, parecia animada com meu convite.

– Não... Eu já estou indo. – Olhou para o carro.

– É só um minuto... Vem? – Insisti pegando em sua mão - Quero mostrar a você a incrível casa de vidro do Georg.

– Tá bom. – Aceitou, olhando novamente para mim.

Deixei que entrasse em minha frente, queria vê-la perdendo-se nos detalhes da casa e assim foi, Kate parecia encantada com cada detalhe ali, da lareira à visão indescritível que tínhamos para o lago... Olhando para ele como se estivesse hipnotizada, ela disse...

– É linda.

– Sim. – Concordei mesmo que para mim a visão não fosse da casa e menos ainda do lago, ainda assim era linda.

– Difícil não se apaixonar... Eu o entendo. – Continuou.

– Muito difícil. - Respirei fundo novamente, concordando com ela, que se virou encontrando meus olhos presos nela, e não em uma visão qualquer.

– Tem alguma bebida nesta casa que não seja com álcool? – Bateu com seu pé em uma das caixas de wiskey que estavam espalhadas pela casa.

– Sim, café... Quer? – Falei indo até o armário pegar duas canecas.

– Sim, obrigada.

Sentou-se, colocando suas mãos sobre a bancada enquanto eu servia nossos cafés.

– Está ruim? – Perguntei sentando-me em sua frente, vendo-a fazer uma careta.

– Imagina. – Riu.
– Na verdade, eu sei que está ótimo. - Debochei.

– Hum, você é muito convencido, isso sim. – Riu socando meu braço.

– Só um pouquinho. – Continuei rindo parando para olhá-la.

Um clima engraçado para um momento triste, digamos que seria assim que eu descreveria se pudesse.

Nossas mãos sobre a bancada procuraram praticamente sozinhas uma pela outra, tocando-se como desconhecidos que de certa forma eram. Olhei em seus olhos encontrando os mesmo marejados, assim como acreditava que os meus estivessem também.

– Posso... Posso te contar um segredo? - Olhou-me - Ontem... Quer dizer, hoje de madrugada, eu fui até ao seu quarto... Eu não sei, talvez achasse que você pudesse estar lá e que tudo isso não tivesse passado de um pesadelo... – Suspirou voltando a olhar nossas mãos, apertando-as ainda mais.

– Posso te contar o meu? – Pedi suspirando igualmente ou até mais do que ela - Quando eu acordei hoje de manhã, eu... Lembrei de você... E de todas as manhãs que tomávamos café juntos... - Respirei fundo tentando não deixar minha voz embargada. – Acho que vou passar por isso todos os dias... - Ri enquanto a olhava tocar minhas mãos.

– O quê? – Perguntou timidamente, deixando uma lágrima escorrer por seu rosto.

– Ficar vendo você em todo canto... – Respirei fundo tentando não encará-la

– Imagina... – Disse levando sua mão até meu rosto, obrigando-me a olhá-la - Pior sou eu que não posso vir correndo te encontrar... - Respirou fechando seus olhos - Sabe... Toda vez que eu ficar com saudades. – Finalizou.

– Vem cá... Vem? – Puxei-a para mim, abraçando-a finalmente como ela merecia, como eu merecia, sentindo-a respirar pesadamente em meus braços, enquanto eu apenas tentava esconder que chorava... Apoiando meu rosto em seu casaco, tentando limpar as lágrimas que teimaram em cair, fui afastando meu rosto de vagar até encontrar o seu perigosamente perto, respirando profundamente, sentindo o seu cheiro tão próximo ao meu, enquanto umedecia seus lábios em um prelúdio para um beijo que jamais poderia acontecer, mas que ainda assim era desejável, e extremamente necessário.

Postado por: Grasiele

Insanity - Capítulo 5

Tom...
Virei para olhá-la. Até aquele momento eu tinha feito de tudo para evitar vê-la antes de sair, não queria uma despedida, na verdade, eu queria me certificar que a minha busca por esquecê-la começasse ali mesmo, com minha saída daquele apartamento, mas olhar para ela ali, tão indefesa, encostada na parede, esperando que eu pelo menos fosse dar tchau a ela, me transformou no cara mais egoísta do mundo. Eu não podia culpá-la por querer apenas isso quando, em minha cabeça, algo tão sujo se passava. Kate não tinha culpa sobre meus pensamentos fracos apenas por senti-la perto de mim, mas eu sabia o quão perigoso era esse contato, e eu não estava afim de pôr mais isso em risco.

– Estou saindo, tá bom? – Murmurei sem olhá-la, segurando-me na porta, enquanto ela continuava estática, apenas me observando.

– Eu... - respirou fundo levando sua mão até aos olhos, secando uma lágrima que teimava em cair. - Posso te pedir uma coisa?

Ela caminhava lentamente até mim, como se pedisse permissão para chegar perto, enquanto eu continuava imóvel, apenas ouvindo. Não havia som que eu conseguisse emitir e, se houvesse eu não o faria, ou me entregaria ali mesmo, com minha voz completamente embargada pelo momento.

– Promete que vem me ver... Sempre que puder? Promete isso pra mim, Tom? –
Pediu ela em tom choroso, acabando com meu coração.

– Cuida do Bill pra mim. - Foi tudo o que eu consegui falar, antes de fechar a porta diante dela, deixando-a para trás com todas as coisas que não disse, com todas as coisas que não fiz e que nunca poderia sequer pensar em fazer.

Chutei a mala para dentro do elevador como se quisesse depositar nela toda raiva sentida por mim naquele momento, me permitindo chorar sozinho enquanto olhava a porta se fechar em minha frente.

E então, após algumas horas, eu já estava enfrente à casa de Georg, fitando meu novo endereço, sem que o próprio dono o soubesse...

Georg apareceu na porta, me olhando com curiosidade. Só quando puxei minha mala para fora do carro ele pôde enxergar a mesma.

– Posso ficar aqui? – Pedi o olhando.

– Eu já esperava que viesse. – levantou a sobrancelha rindo.

– Isso é um sim? - Indaguei.

– É, isso é um sim, mas você sabe, minha casa, minhas regras... – Avisou enquanto me apontava com o dedo.

– Ok, eu aceito desde que possa ficar com o quarto maior.

– Ah claro, acho que a casinha do cachorro é enorme, você vai se virar bem lá. - Brincou ele, mudando seu semblante repentinamente. - Mas falando sério agora, como Bill reagiu quando disse que viria pra cá?

Respirei fundo, retirando minha guitarra do carro e voltando a olhá-lo...

– Bom você sabe como ele é, ouve um momento breve de discussão, mas o ponto alto foi ele bater a porta do quarto, ou seja, ele está furioso.

Entreguei a guitarra a ele enquanto pegava minha mala e caminhávamos até ao interior da casa.

– Eu também ficaria, e agradeço por meu irmão não querer roubar minha mulher.

– Mas você não tem um irmão, e muito menos uma mulher. – Eu gargalhei o olhando e ele acertou um tapa no topo de minha cabeça. – Mas eu tenho que avisar você. - Parei e ele me olhou - Eu inventei uma mentira, disse a ele que viria pra cá com você porque queria dar umas festas, inaugurar a casa, sabe coisas assim... - Finalizei.

– Festa é? – ele coçou o queixo e olhou para a casa - Até eu acharia uma desculpa melhor, mas pensando bem, não é tão má idéia assim... Se Sophie ficar sabendo ela vai achar que eu toquei a vida para frente e a esqueci, isso é bom porque ela vai acabar correndo atrás de mim novamente. – Sorriu animado.

– Desculpa, mas ela não está nem aí pra você. - Confessei sem querer - Ontem mesmo ela...

– Cala a boca ou vai ter que achar outro lugar pra ficar... – Ele gritou andando em minha frente.
– Ok, mas... – Continuei.

– Cala a boca. – Gritou novamente.

Eu estava certo quanto à minha decisão, ficar afastado por um tempo me ajudaria não só a esquecer, como também me levaria a minha antiga vida.

Bill...


Quando finalmente o ouvi bater a porta e me dei conta de que todo aquele pesadelo era verdade, lembrei que havia deixado Kate sozinha.

Cheguei à sala e a vi deitada no sofá, olhando qualquer coisa na televisão... Estava longe... Tão igual a esses últimos dias, mesmo comigo ela sempre estava fora como se não fizesse mais parte desta casa, como se já não fizesse parte de mim.

– Kate.

Olhou-me depois de longos segundos, e ainda assim parecia não estar ali.

– Eu pensei que quisesse ficar sozinho - Sussurrou sonolenta.

– E eu quero. – Afirmei me aproximando.

– Tá bom.

– Quer ficar sozinha comigo? – Segurei sua mão levando-a ao meu rosto, fechando meus olhos, a fim de apenas senti-la.

– É claro. – Ela confirmou movendo a cabeça.

Sentei-me ao seu lado, procurando suas mãos e levando-as ao encontro do meu rosto, secando as lágrimas que ainda restavam nele. Então fiz o mesmo percurso em sua face, enquanto a via fechar os olhos e aproximar-se de mim.
Agarrei-a para mim e a apertei, fazendo-a rir quando mordi seu pescoço. Sentia tudo menos vontade de rir naquele momento, necessitando chegar com pressa à minha maior perdição em seu corpo... Seus lábios.

Sem precisar pedir, senti sentar-se sobre meu colo, entrelaçando suas pernas em minha cintura, deixando assim que pudesse ver o desejo crescer em seus olhos, procurando meus lábios tal como os meus procuravam os dela... Sentindo tudo como se fosse à primeira vez, seus lábios suaves abraçavam os meus, beijavam, lambiam.

Peguei-a novamente deixando-a escorregar lentamente sobre o sofá, puxando-a para cima de mim. Não queria me afastar dela nem um minuto que fosse. Tornei a beijar sua boca, mordendo a mesma, ela apenas sorriu sussurrando que me desejava ali e já.

– Posso? – Perguntei me afastando um momento apenas para tirar nossas roupas.

– Claro. – Beije-a outra vez – Faça o que quiser. – Respondeu ela.

Logo as peças estavam novamente no chão, tão igual ao que fizemos cedo nesse dia, porem tão diferente... Olhou para mim e riu enquanto se deitava de novo, deixando o caminho livre para que eu pudesse percorrer seu corpo com pequenos beijos, sentindo-a se arrepiar a cada um.

Encontrei seus olhos pedindo para que continuasse e assim o fiz, olhando-a pela última vez antes de penetrar não só o seu corpo como também sua alma, sentindo nossos corações frente a frente em um mesmo ritmo agradável e, claro, meu eterno fetiche... Seu pescoço. Ela sabia bem qual era, deixando a passagem livre para o mesmo, enquanto sussurrava coisas em meu ouvido que me faziam ganhar alma para continuar...
Em um momento nossos olhares se encontram, via seu rosto e a cada avanço meu seus olhos fechavam e abriam em um desespero extasiante, foi então que me suplicou para que não parasse.

Os olhares, os apertões, os gemidos foram o culminar perfeito de todos os desejos daquela noite... A respiração começando a falhar, perdendo forças, dando passagem, como sempre, ao ponto alto, deixando que pudéssemos nos satisfazer finalmente...

Postado por: Grasiele

Insanity - Capítulo 4

Tom...
Meus olhos continuavam paralisados, presos em uma cena nunca vista, não desta forma, não em minha casa, e não com meu irmão e a mulher que eu tanto desejava, mas principalmente comigo os espiando por um espaço entre a porta...

Sentia-me totalmente idiota, um adolescente descobrindo seus pais em pleno ato durante a madrugada, e mesmo assim me sentindo culpado, não conseguindo me mover.

Olhos vidrados, coração acelerado, mãos suando, se eu pudesse me descrever algum dia seria exatamente assim que o faria... Como um completo estranho amedrontado por ser pego no local errado.

O espaço entreaberto era pequeno, mas era suficientemente bom para que pudesse ver tudo, ouvir... Praticamente sentir cada sussurro como se fosse meu, como se fosse para mim.

Os dois sentados à beira da cama, seu corpo encaixado ao dele, o suor em suas faces, meu irmão perdido em tamanha beleza e excitação, a forma como seu corpo se movia enquanto ele a tocava.

Em completo delírio, era assim que me encontrava, querendo ir, mas perdido em um cenário completamente excitante... Levei minhas mãos à cabeça, tentando cobrir meus olhos e retomar minha sanidade para assim poder sair dali calmamente sem ser visto.

Caminhei até a sala tentando esquecer, tentando pensar em um jeito de sair, um jeito que não me levasse à verdade, não que eu não quisesse contar, eu realmente queria mesmo sabendo que nada mudaria, a verdade não me traria Kate, a verdade traria tristeza para ambos os lados, e, pensando nisso, eu preferia ficar com esse sentimento apenas para mim.

Encontrei por acaso uma garrafa de absinto que Bill e eu havíamos ganhado em uma viagem a Londres, não conseguia lembrar dos motivos que levou ela a estar fechada até agora, mas para mim aquele era o momento perfeito para acabar com isso, não seria desperdício ou egoísmo, eu estava precisando daquilo mais do que ele.

Cheguei ao meu quarto e tranquei a porta, só assim estaria livre para chorar sem ter que dar satisfações e aguentar o estranhamento de Bill perante aos fatos, caso me visse com olhos inchados e completamente bêbado.

Abri a garrafa procurando por uma taça, sem muita sorte olhei novamente para a mesma e levei à boca, que se dane, eu não dividiria com ninguém mesmo, dividir... Essa palavra passeava demais em minha memória durante esses sete meses, embora não fosse minha vontade.

Senti o líquido descer por minha garganta queimando a mesma e lembrei-me do que o homem que havia me vendido havia descrito sobre ela, “Você pode ter alucinações se bebê-la inteira.”. Alucinações? Mais do que as que já tenho? Impossível.

Continuei bebendo até sentir sua última gota verde chegar à minha boca, e devo dizer aquela foi à última cor que eu vi em minha frente antes de sentir meu corpo desabando sobre o chão.

Acordei horas mais tarde com Bill gritando do lado de fora do meu quarto, olhei para o lado, procurado meu relógio, mas a única coisa que encontrei foi à garrafa vazia, que me fez lembrar o porquê de sentir minha cabeça estourando agora...
Levantei de vagar chegando até a porta... Bill entrou rápido, me olhando.

– O que foi? – perguntei sem olhá-lo.

– Você bebeu toda a garrafa? – Perguntou incrédulo.

– Ah, desculpa não ter deixado pra você. – Debochei.

– Você está bêbado. – Gritou ele, jogando a garrafa longe.

– Você acha? – Blasfemei.

– Estávamos preocupados com você... Kate veio chamá-lo para jantar, mas não respondeu... – Ele tornou a olhar para mim com seu semblante sério.

– Eu estava longe, se é que me entende. – Gargalhei e ele revirou os olhos.

– Vá tomar um banho, não quero que Kate veja você assim. – Respondeu rude.

– Não se preocupe, Kate não vai mais ver isso... Eu vou embora. – Virei-me a fim de não encará-lo, com medo de encontrar seus olhos.

– O que disse? – Perguntou falando alto.

– Eu vou embora! Dar um tempo... Entenda como quiser... - Murmurei tentando acabar com aquele olhar devastador sobre mim.

– Como assim dar um tempo, aqui é sua casa. – Sussurrou.

– Eu sei, mas eu preciso me divertir um pouco... - Disse enquanto levava a mão à cabeça, que parecia querer explodir... Olhei para Bill que parecia perdido ou à beira de um ataque – Ok, não comece a gritar... – Pedi tentando acalmá-lo - Georg comprou uma casa nova e quer dar umas festas, você sabe, ele quer esquecer a Sophie, e me chamou para ficar lá uns dias... – Finalizei.

– Uns dias? Quantos dias? – Ele perguntou meio inseguro.

– Eu não faço idéia... - Tentei ser o mais convincente que pude.

Mas infelizmente ele não estava muito disposto a acreditar no que eu falava naquele momento. E devo confessar que ver meu irmão baixar a cabeça e sair de meu quarto calado não era a cena que eu esperava, mas foi o que ocorreu. Tentei argumentar, mas ele não me deu ouvidos, e a mim bastou ouvir o som da porta de seu quarto batendo como se quisesse se isolar do mundo. Não podia culpá-lo, talvez esse também fosse meu desejo.

Levantei-me a fim de tomar um banho, pegar algumas coisas de que eu precisaria e ir embora, não queria ver Bill hoje, eu não aguentaria vê-lo, não aguentaria dizer não a ele outra vez... Amanhã, quando estivéssemos no estúdio, com certeza ele já estaria melhor e eu também.

Saí do banho um tempo depois, joguei as primeiras peças de roupas que achei em minha frente dentro de uma mochila, juntamente de outros itens críticos que precisaria em minha estadia na casa estranha de vidro de Georg. Finalmente dei uma última olhada em meu quarto, procurando por algo que pudesse estar sendo esquecido.
Com tudo pronto caminhei até a sala chamando por Scotty. Não podia deixá-lo, mas o mesmo, assim que me viu carregar uma mala até a porta, se recusou a descer do sofá e apenas me fitou com seus olhinhos úmidos, como se soubesse de tudo que se passava em minha vida, como se estivesse sobe o efeito da atmosfera frágil que se instalou naquele apartamento.

Fui até ao sofá buscá-lo. Assim que cheguei perto ele respirou fundo, jogando todo seu peso no sofá. Ele sempre fizera isso quando se mostrava teimoso por algum motivo, mas sempre com Bill e apenas agora comigo.

– Você não quer ir, não é mesmo? – Falei o alisando.

Scotty levantou-se e rapidamente mudou de sofá, deitando de costas para mim, que o olhava estático.

– Tudo bem, eu não o culpo. Também não me sinto feliz por estar indo... Mas eu volto pra buscar você. – Falei virando para a porta.

– Tom? - Ela chamou.

Virei para olhá-la. Até aquele momento eu tinha feito de tudo para evitar vê-la antes de sair, não queria uma despedida, na verdade, eu queria me certificar que a minha busca por esquecê-la começasse ali mesmo, com minha saída daquele apartamento, mas olhar para ela ali, tão indefesa, encostada na parede, esperando que eu pelo menos fosse dar tchau a ela, me transformou no cara mais egoísta do mundo. Eu não podia culpá-la por querer apenas isso quando, em minha cabeça, algo tão sujo se passava. Kate não tinha culpa sobre meus pensamentos fracos apenas por senti-la perto de mim, mas eu sabia o quão perigoso era esse contato, e eu não estava a fim de pôr mais isso em risco.

Postado por: Grasiele

Insanity - Capítulo 3

Tom...
Mais um dia havia se passado, mais um dia sem poder conversar com meu irmão sobre o que estava sentindo, e esse seria outro dia como todos os outros. Claro, infelizmente eu não poderia fazer nada para mudá-lo.

Liguei para o Georg e marcamos de nos encontrarmos em sua nova casa, um lugar diferente como ele próprio descreveu, um lugar para esquecer e se sentir livre de qualquer ameaça possível, em nosso caso essa ameaça tinha o nome de paparazzi.

Demorei um pouco a conseguir encontrar o lugar certo, mas quando avistei aquela estranha casa velha de vidro eu comecei a crer que Georg havia achado o lugar perfeito para se esconder, mesmo que esse parecesse realmente estranho à primeira vista.

–Pensei que estivesse perdido – Ele caminhou até mim, sorrindo.

–Também pensei - Brinquei.

–E então? O que achou? – Viramo-nos os dois olhando atentamente para a casa.

–Ela é... – Não sabia o que dizer.

–Estranha? – Ele interrompeu.

–Eu diria que é meio fria – O olhei novamente e Georg sorria, ele estava realmente encantado com aquele monte de vidro e eu não fazia ideia do motivo.

Saímos em direção à casa, e tenho que dizer que a vista do interior me fazia mudar completamente de ideia.

O lago ao fundo completamente congelado refletia o inverno forte, mesmo assim conseguia ser incrível, mas o que tornava aquele lugar perfeito era o som, simplesmente não havia som, apenas o silêncio, aquele tipo de silêncio que te permite ouvir a própria respiração e que também te permite sonhar e voar para qualquer lugar que você queira, mas que para mim só havia um caminho... E esse caminho levava-me até Kate.

–Tom? – Olhei para o lado e Georg estava rindo, possivelmente de mim.

–Onde você estava? Parecia longe. – Ele parou por um instante de rir e então me olhou.

–Você vai achar que eu estou louco. - Respirei fundo enquanto procurava um cigarro em meu bolso.

–Quer me contar? – Ele foi receoso.

– Eu preciso contar a alguém – Falei respirando fundo.

Ele balançou a cabeça, fazendo sinal para que fossemos até o lago. Caminhamos em silêncio até nos sentarmos à beira do mesmo.

– O que está acontecendo? Por que eu acharia que está louco? – Ele começou, quebrando o silêncio.

–Porque eu estou .– Completei depois de um minuto calado. – Eu estou... Gostando de uma pessoa. – Finalizei e ele riu me olhando.

–Isso é bom. Na verdade, isso é muito bom, não acho que seja uma loucura como você fala... - Georg falava animado, enquanto meu semblante continuava o mesmo.

–Você não entende – Dei alguns passos em direção ao lago e sem olhar para Georg completei em um tom praticamente inaudível consumido pelo choro. – Estou apaixonado por Kate.

O silêncio tomou conta do ambiente em que estávamos. Eu permaneci ali sentindo aquela lágrima quente escorrer por meu rosto gélido pelo frio que fazia, mas mesmo com o medo tomando conta de meu corpo, eu julgava ter feito certo ao desabafar com ele.

–Kate? Qual Kate? – Ele pareceu receoso em falar, mas em fim completou – Kate do Bill?

Ao ouvir seu nome acompanhado de meu irmão, como se fosse um só, meu corpo desabou e eu já não escondia que chorava, eu precisava disso e tinha certeza que Georg entenderia.

–Tom isso é... Bom, eu nem sei o que dizer – Disse confuso.

–Não é preciso, Georg, ouvir isso já é o bastante. - Falei tentando parecer mais calmo enquanto limpava meu rosto.

– O que pretende fazer? – Ele me olhava curioso.

– Não há o que fazer a não ser esquecer essa insanidade, mas é tão difícil. – Eu respirava fundo enquanto tentava achar as palavras pra descrever tudo o que eu sentia por Kate enquanto ele ouvia tudo calado, como se estivesse esperando o momento certo para ajudar ou simplesmente confortar, mas esse momento não existia.

–Eu tento esquecer, eu tento levar minha vida como sempre foi, eu saio e tento me divertir, mas quando volto ela está lá e sempre tão preocupada se eu estou bem e por que demorei tanto, e não é como se fosse uma cobrança e sim porque ela se importa comigo. – Desabafei.

–Eu não sei... Quer dizer, tudo que está me falando... Não está confundindo amor com proteção? – Tentou me alertar

–Eu gostaria que assim fosse Georg, mas não é isso... Ontem estávamos sozinhos e ela me pediu para tocar sua música favorita, assim eu fiz. Então eu a convidei para dançar. – Por um instante fiquei receoso em contar.

–E o que há de mal em uma dança. Tom? – Perguntou confuso.

– Não há nada de mal em uma dança, mas eu não a chamei por ser gentil. – Afirmei sem querer.

– Eu não entendo... – Ele ficou ao meu lado e então virei meu rosto em sua direção, encontrando confusão em seu semblante.

–Eu estava... Droga... Estava excitado só de tê-la por perto e tudo o que eu queria era senti-la, seu corpo, seu cheiro, seu gosto. –Respirei fundo levando as mãos à cabeça.

–O que você fez, Tom? – Ele alterou-se assustado.

–Apenas dancei – Disse por fim e ele respirou fundo. - Eu jamais faria algo que pudesse magoar Bill, você sabe. – Conclui.

–Ainda bem... Por um momento eu pensei que vocês dois tivessem... – Gesticulou com as mãos.

–Não! – Afirmei - Não a Kate, ela jamais faria isso com ele... E eu sei disso, mas você jamais conseguiria entender. Ela... Me deixa louco, confuso, ela me deixa exatamente no estado em que você está me vendo agora... Indefeso. – Soltei minha respiração com pesar.

–Eu sinto muito que esteja acontecendo isso com você, mas eu te digo Tom, você tem que sair de casa, tem que deixá-los, e não é uma escolha, você sabe. - Ele me alertou com razão.

–Eu já havia pensado nisso, mas o que falar ao Bill? – perguntei com medo de sua resposta.

– A verdade. – Ele concluiu.

Era o certo, era digno que eu fizesse o que Georg pedira, mas como? Como dizer ao meu irmão que eu desejava sua esposa, como dizer a ele que eu por várias vezes me toquei pensando em Kate. Isso me fazia lembrar de nossas conversar em que sempre confirmávamos que desistiríamos de uma garota caso o outro a quisesse, mas na realidade as coisas não funcionavam assim.

Parti da casa de Georg decidido a procurar um lugar para ficar, mas não decidido sobre contar a verdade. Cheguei em casa no início da tarde, abrindo a porta e jogando as chaves em cima do sofá, estranhando as várias peças de roupa atiradas pelo caminho que levava ao quarto de Bill e Kate.

Passou-me pela cabeça o que poderia estar acontecendo, e a mesma me dizia para ir para meu quarto e me trancar ignorando a cena, mas meu corpo me movia até à porta do quarto deles, e assim eu pude me perder na cena em minha frente, a mesma que eu tanto fantasiei... Mas nesta eu estava presente... Não havia Bill, não havia mentira, não havia pecado... Éramos apenas eu e Kate e o resto... Era apenas o resto.

Postado por: Grasiele

Insanity - Capítulo 2

Tom...


Fui até à sala onde estava o piano e logo encontrei as partituras da nova música em cima do mesmo. Comecei a tocar, tentando decorá-las para o próximo dia, mas logo outra música tomou conta de meus pensamentos. Não uma música qualquer... Mas o som vindo de suas palavras...
Virei-me, a encarando, e lá estava ela com seu sorriso terrivelmente encantador.

–Você estava aqui o tempo todo? - Ela perguntou sorrindo.

Acenei positivamente pra ela, tentando não deixar o momento tenso e fazer com que ela se fosse, mas foi exatamente ao contrario. Kate caminhou até mim, pedindo espaço pra se sentar ao meu lado, e eu deixei que assim fosse.

–Música nova?

–Sim! -Respondi sem olhá-la

–Se incomodaria de... - Ela parou de falar e eu quase decifrei seu rosto envergonhado.

The Ludlows? – Eu completei e ela sorriu... Eu sabia que era errado, mas naquele momento tudo que eu mais queria era poder beijá-la.

– É minha música favorita e eu adoro quando você toca... - Eu sabia que ela gostava, por isso eu tocava, mesmo odiando aquela música. Justamente por que ela me fazia pensar em Kate e isso me matava.

E, então, sem responder, eu comecei a tocar... Aquele som que eu mais ouvi durante esses sete meses e que eu já havia decorado. Essa não era a primeira nem seria a última vez que ela me pedia pra tocar, mas eu não nunca havia feito com tanto gosto quanto neste momento.

Eu a vi fechar os olhos enquanto eu tocava e, por um instante, pude sentir ela encostar sua cabeça em meu ombro. Talvez tenha sido sonho... Ou meus pensamentos foram longe demais. Por mais cruel que isso fosse, eu sabia que voltaria à realidade em segundos, mas naquele momento ela era minha e, mesmo que inocentemente, eu iria aproveitá-lo.

–Quer dançar? – Perguntei relutante.

–Dançar? – Ela me olhou surpresa.

–Sim. – Eu a olhei.

–Eu adoraria dançar com você, Tom. – Respondeu sorrindo

Ela não havia quebrado esse momento, e, se ela não o fez, não seria eu a atrapalhar. Não poderia haver culpa, era apenas uma dança. O que havia de mal em uma dança? Sinceramente, eu espero que nada. Saímos de perto do piano e eu caminhei até o som, colocando novamente James Hornerpara tocar, só que agora o próprio e não meu mero solo ao piano.

Caminhei até ao centro da sala e a olhei como se precisasse de uma permissão sua para unir nossas mãos... O que não demorou muito... Por fim nossas mãos se tocaram e eu bobamente olhei para elas por um tempo até que a voz de Billie ecoou pela casa me tirando do mundo que eu próprio criei. O mundo perfeito onde aquele sorriso que agora enchia meus olhos da visão mais privilegiada do mundo era todo meu e, por mais que isso fosse egoísta, neste mundo Kate era só minha.

–Você está sério. – Ela me despertou.

–Culpa do James. – Brinquei e ela então encostou seu rosto em meu ombro. Eu me curvei novamente, fechando meus olhos.
Não... Não havia nada de mal em uma dança, mas sim no que eu estava fazendo, não só com meu irmão, ou Kate, mas também comigo, e eu estava ciente de que a partir deste momento tudo se tornaria mais difícil.

–Tom? – Ela me olhou com os olhos marejados.

–Sim – Falei me afastando para que a pudesse olhar.

–Eu preciso conversar com você – Ela olhou para meus lábios e eu instintivamente os humedeci.

O clima ficou estranho, ela já não me olhava mais, suas mãos agora envoltas nas minhas suavam e sua respiração era descompassada. Kate estava nervosa e eu não fazia ideia se era culpa minha ou não. E tão cedo eu não iria descobrir. Enquanto a segurava, Bill nos olhava estranhamente perto da porta...

–Oi? –Ele falou sem graça e quase pude sentir o ciúme em sua voz.

Ela rapidamente saiu do meu lado e foi até ele, o abraçando.

–Oi amor? - Ouvir aquilo era terrível.

James Horner, de novo? –Ele fez cara de nojo e ela sorriu.

–É... De novo. - Esse fui eu tentando não ser ignorado.

–Vamos almoçar? Eu comprei nosso almoço. - Bill perguntou quebrando por fim o clima tenso no ar.

–Ainda bem, pensei que a Kate fosse cozinhar. – Falei recebendo um tapa dela como resposta.

Sorrimos e logo fomos caminhando até à sala, aquele com certeza era um momento familiar do qual eu gostava. Kate sempre deixou claro que me queria por perto o tempo todo, e que não existia ela e Bill... Existíamos nós três e assim seriamos uma família... Pelo menos até eu formar a minha...

Postado por: Grasiele

Insanity - Capítulo 1

Tom...


Prometi a mim mesmo que não pensaria mais nela, mas a cada dia isso havia se tornando uma tarefa impossível, até mesmo pra mim, que nunca acreditei que isso pudesse acontecer... Sempre fui aquele tipo de pessoa que dificilmente muda de opinião quanto ao amor e relacionamentos, aquele tipo que endossa um compromisso profundo, mas ela acabou mexendo comigo de uma forma que eu desconhecia... E talvez isso não fosse tão estranho se ela não fosse minha cunhada.

Tudo começou com o casamento de Bill e Kate... Lá estava eu, cumprindo meu papel de melhor amigo e irmão dele. Acho que nunca vi meu irmão tão feliz quanto naquele dia e, consequentemente, eu também nunca estive tão feliz por vê-lo assim... Ele finalmente havia encontrado o que tanto procurava, e todos falavam do quão sortudo ele era por achar alguém como Kate.

Nossos pais estavam felizes, nossa família sempre tão encantada com ela, e isso era perfeito pra ele, que sempre mereceu o melhor. Isso era perfeito pra mim também, que até esse dia havia sido o irmão que ele mereceu... Até esse dia eu fui o melhor irmão que eu pude ser, fui aquele que ele merecia, aquele que esteve sempre ao seu lado, aquele que jamais o trairia, mas em um breve momento tudo isso mudou. Um momento sentido apenas por mim quando ficamos completamente sozinhos e então ela me olhou. Naquele momento tudo que eu senti foi um repentino tipo de urgência passar por meu corpo, tão poderoso quanto um veneno.
Um veneno que acabou me trazendo um tipo de fascinação... A mesma que até agora se encontra em mim.

Os meses foram passando e, com eles, esse estranho sentimento que foi crescendo aos poucos, agora já se fazia notar, apenas por mim, e, mesmo assim, eu não conseguia mais ser o mesmo quando estávamos perto um do outro. E a ideia de continuarmos morando no mesmo apartamento que eu e Bill dividíamos em Hamburgo já não era mais tão brilhante assim.

Tudo nela era estranhamente encantador. Não havia um momento sequer em que eu não quisesse tocá-la ou quisesse beijá-la ou até mesmo tê-la para mim, sussurrando meu nome enquanto nossos corpos se encarregavam do resto. Eu havia me tornado um estranho em minha própria casa, e também para meu próprio irmão...

Sete meses haviam já se passado e, a cada dia, me distanciar dela era um tipo de tortura. Tentava passar os dias inteiros no estúdio, só voltando à noite para casa porque sabia que ela já estaria dormindo e que me pouparia de seu beijo de boa noite. Cada momento que eu pudesse deixar passar seria melhor pra mim. Isso já havia se tornado loucura e talvez eu estivesse me sentindo meio doente. Afinal, o que eu podia esperar de tudo isso? O que mais ela poderia me dar além de sua amizade? Eles eram tão felizes juntos, e passar um tempo perto deles era como respirar amor, o mesmo tipo de amor em que eu tanto recusei acreditar um dia. E que agora era me negado da pior forma possível.

Levantei-me naquele dia e fui até à sala, ainda de pijama. Eu sabia que ninguém estava em casa, Bill estaria no estúdio, ouvindo pela milésima vez o quanto sua voz estava ou não boa para o CD, e Kate deveria estar junto com ele... Claro.

Eu ainda tinha um tempo livre até que eles chegassem e eu tivesse que tentar ignorá-la e fingir que estava tudo bem, mantendo nosso relacionamento de sempre. Eu tinha que fazer isso por Bill, de quem eu sentia muita falta, e eu tinha que fazer isso por ela porque, acima de tudo, eu a respeitava.
Mas eu acreditava sinceramente que de tudo o que estava acontecendo, não poder contar a ele era a pior parte. Claro que ele sabia que havia algo errado comigo, mas ele não fazia ideia, eu não era tão transparente assim, até mesmo com ele, que era meu irmão gêmeo. Bem, pelo menos eu tentava não ser.

Fui até à cozinha e abri a geladeira pegando algo para beber quando ouvi o barulho da porta sendo aberta, pelo som dos sapatos eu diria que era Kate, mas, tendo o irmão que tenho, era também bem possível ser ele de saltos...

– Tom? - Ouvi ela me chamar.

Tentei ignorar e fingir que não ouvi, não seria boa ideia ficar sozinho com ela em casa, eu jamais tentaria algo, mas não era bom sentir sua presença quando tocá-la era impossível...

Saí da cozinha tentando não passar pela sala e, por fim, cheguei ao meu quarto. Ela não entraria lá e, de certa forma, eu estava me protegendo e a ela também. Logo então ouvi a porta bater novamente, ótimo, ela havia saído e lá estava eu sozinho, como sempre. Acho que estou ficando meio melancólico.

Mas o som da minha melancolia foi interrompido pelo barulho ensurdecedor da voz do meu irmão no telefone.

– Sim Bill? - Perguntei sem vontade alguma.

– Você ainda tá dormindo? Porque não veio pra cá? Você tem que passar o som no piano, esqueceu isso? -Ele gritava no meu ouvido.

– Não! Eu não esqueci... Só estou um pouco cansado e não vou ao estúdio hoje, mas eu prometo que vou ficar treinando em casa e amanhã vai estar tudo bem. - Bill tinha o dom de me deixar nervoso.

– Tudo bem! É melhor que esteja muito bem amanhã ou acho outro cara pra tocar esse piano. - Gritou rindo.

– Se puder encontrar um melhor do que eu...

– Agora sim estou falando com meu irmão, achei que seu ego estava dormindo, mas vejo que não... – Debochou.

– Eu estava falando sério! Agora me deixa e vai cantar!

Desliguei sem esperar sua resposta, que claramente viria acompanhada de outra e outra. Nosso pior defeito era de não saber calar a boca, mas hoje eu não estava a fim de falar...

Fui até à sala onde estava o piano e logo encontrei as partituras da nova música em cima do mesmo. Comecei a tocar, tentando decorá-las para o próximo dia, mas logo outra música tomou conta de meus pensamentos. Não uma música qualquer... Mas o som vindo de suas palavras...
Virei-me, a encarando, e lá estava ela com seu sorriso terrivelmente encantador.


– Você estava aqui o tempo todo? - Ela perguntou sorrindo.

Postado por: Grasiele

Insanity

Insanity
Sinopse: Prometi a mim mesmo que não pensaria mais nela, mas a cada dia isso havia se tornando uma tarefa impossível, até mesmo pra mim, que nunca acreditei que isso pudesse acontecer... Sempre fui aquele tipo de pessoa que dificilmente muda de opinião quanto ao amor e relacionamentos, aquele tipo que endossa um compromisso profundo, mas ela acabou mexendo comigo de uma forma que eu desconhecia... E talvez isso não fosse tão estranho se ela não fosse minha cunhada.

Classificação: +18
Categorias: Tokio Hotel
Gêneros: Drama, Romance
Avisos: Álcool, Heterossexualidade, Sexo, Violência
Capítulos: 20
Autora: Missy_Oliver

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