sábado, 4 de fevereiro de 2012

Sparks Fly - Capítulo 10 - Is war?

 (Contado pelo Bill)
 
Abri os olhos, após sentir algo em minha cintura. Era um dos braços da Beth, que não havia ido pra casa novamente. Afastei o mesmo com cuidado, para não acordá-la, e fui pro banheiro. Fiz toda minha higiene matinal, e desci pro café da manhã. Ao chegar à sala, notei que o Tom estava ali, esticado no sofá, e dormindo. Uma idéia surgiu em minha mente, então subi correndo, e fui até o quarto do Georg. Bati na porta, e aguardei que ele viesse abrir.

– O que foi? – pergunta ele, com aquela cara de sono.
– O Tom tá dormindo lá na sala. – disse.
– E daí?

Antes que eu pudesse responder, uma voz feminina chamou pelo Georg.

– Ô Georg, volta logo pra cama.
– Quem está ai com você? – perguntei, curioso.
– Não interessa. – ele fechou um pouco mais a porta, só pra eu não ver quem era a garota. Ficou apenas com a cabeça pro lado de fora, e um pedaço do corpo.
– Bem, o Tom está lá embaixo, e isso significa que é hora da diversão!
– Me dá um minuto, que já estou indo.

Enquanto o Georg não vinha, fui bater no quarto do Gustav, afinal, ele também precisava participar da tal diversão.

– Vem logo, antes que ele acorde! – disse.
– Posso me vestir primeiro? – ele abre mais a porta. – Não quer que eu vá apenas de cueca, não é?
– Então vista-se logo!

xxx
Nós três ficamos em pé atrás do sofá, tentando encontrar a melhor solução pra acordar o Tom, da pior maneira possivel.

– Já sei! – sussurrou Gustav. – Vou pegar o chantilly.
– Boa idéia! – diz Georg. – Assim poderemos sujá-lo, não é?
– Não. – responde Gustav. – Vou pegar pra eu poder comer.

Enquanto tentávamos pensar em algo legal, o Gustav só pensava em comer. Ele foi correndo até a cozinha, e volta em seguida, com o chantilly em mãos. E continuamos ali parados, até que a Savannah se aproximou, e começamos a conversar baixinho.

– O que estão fazendo? – pergunta, Savannah.
– Você quis dizer “o que não estamos fazendo”, não é? – diz Georg.
– Estamos pensando numa maneira de acordar o Tom. – disse.
– Porque não chamam por ele? – diz ela.
– Essa seria a coisa mais sem graça. – diz Gustav.
– Ah, então vocês querem aprontar primeiro, e depois acordá-lo?
– Exatamente! – disse.

Ela dá um meio sorriso.

– Está pensando em algo? – perguntei.
– Vou buscar maquiagem, e já volto. – diz ela, subindo as escadas.

Eu já tinha alguma noção do que ela pretendia fazer, e estava ansioso pra ver a reação do Tom. A Savannah aparece com algumas maquiagens na mão, e se ajoelha em frente ao Tom. Logo começa a fazer algumas artes no rosto dele, cuidadosamente, para não acordá-lo antes da hora.

–--
(Contado pela Savannah)
O que eu estava fazendo era errado, mas seria bem divertido.

– Cara, o Tom vai pirar, quando vir isso. – diz Gustav.
– Já tô até imaginando a reação dele. – diz Bill.
– E vocês não se atreverão a contar que fui eu, ok? – disse.
– Ok. – responderam em uníssono.

A vontade de rir, estava quase nos matando, mas se fizéssemos isso, ele com certeza acordaria e descobriria no ato. Ficamos segurando o riso, com muito esforço. Após terminar, me levantei.

– Coitadinho. – disse. – Vocês são maus, hein?
– Não vem não. – diz Georg. – Você quem pintou a cara dele.
– O Tom está irreconhecível. – diz Gustav. – Ele vai querer matar quem fez isso.
– É melhor se preparar pra correr muito. – diz Bill a mim. – Agora vamos tomar o café, porque se ele nos pegar aqui, vai desconfiar.

Fomos pra cozinha, e iniciamos nosso café. Não demorou muito pro Tom aparecer ali, com a cara toda pintada. O Gustav, que tomava suco, se engasgou, e foi preciso dar alguns tapas nas costas dele. Georg não queria nem olhar pra ele, pra não rir. Continuei tomando meu suco normalmente, como se nada estivesse acontecendo. E o Bill se controlava pra não iniciar a risada.

– Bom dia. – diz Tom, que se senta ao lado do Bill.
– E ai? – responde Bill, respirando fundo pra não rir.
– Vocês estão estranhos, hein?
– Porque acha isso? – perguntei.
– Sei lá. Parecem estar escondendo algo.
– Bobagem sua. – diz Gustav.
– É melhor tomar logo seu café. – diz Georg.

A empregada aparece, e ao vê-lo, não consegue disfarçar e cai na gargalhada.

– Tá ficando doida? – diz Tom.
– O que é isso, menino? – diz ela, e nós começamos a rir.
– Isso o quê? – pergunta ele.
– Por acaso tá querendo virar travesti?
– O quê?

Há essa altura, eu tentava encontrar o fôlego. O Tom se levanta furioso, e vai até a sala. Instantes depois, ouvimos:

– Que porra é essa?! – ele grita. – Eu vou matar quem fez isso!
– Savannah, eu acho melhor você correr. – diz Georg.
– É nisso que dá, ajudar vocês. – me levantei.

O Tom aparece com a cara toda borrada, e as mãos sujas. Provavelmente deve ter tentado tirar a maquiagem.

– Vamos lá, podem ir falando quem fez isso! – diz ele.
– Eu não quero ser dedo duro, mas foi a Savannah. – diz Gustav.
– Seu traidor! – disse.
– Você fez isso? – pergunta Tom, apontando pro próprio rosto.
– Não. – respondi. – Quero dizer...
– Foi você sim! – diz Georg e Bill, em uníssono.
– Calem a boca, seus traidores! – gritei. – A culpa não foi minha. – comecei a rir. – Os meninos queriam aprontar com você, e...
– E ai você resolveu ajudá-los! – diz ele.
– Ah, até que não ficou tão feio assim. – tentei melhorar as coisas. – Está até parecendo com...

Se eu continuasse, as coisas piorariam ainda mais pra mim. O que eu fiz? Dei a volta na mesa, e sai correndo. Óbviamente o Tom veio atrás. Os meninos que não queriam perder nenhum detalhe do que aconteceria, também vieram atrás. Nós dois corríamos pela casa, enquanto eu tentava me desculpar.

– Me desculpa. – dizia. – Não fiz por querer.
– A minha carreira acaba, se algum paparazzo tirar uma foto! – diz ele.

Essa nossa corrida só acabou, quando fiquei cansada e o Tom me alcançou. Ele me pegou no colo, e caminhou até a área da piscina.

– O que vai fazer? – perguntei.
– Logo irá descobrir. – respondeu.
– Você não vai me jogar na piscina, não é? – ele parou na beira da piscina.
– Promete que não vai mais fazer isso?
– Prometo qualquer coisa, só pra não me jogar na água.
– Foi mal.
– Não, por favor.

E adiantou alguma coisa? Quando ele foi me jogar, se desequilibrou, e acabou caindo junto. Os meninos, que estavam do lado de fora da confusão, só ficaram rindo da situação.

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(Contado pelo Tom)

Não acredito que a Savannah teve coragem de compactuar com essa armação dos meninos. Logo ela, que eu achava que iria me “defender”. Mas isso vai ter volta. Ninguém me faz virar um travesti, e fica por isso mesmo!

– Como você é sem graça! – diz Savannah. – Não sabe nem entrar no clima da brincadeira!
– Isso vai ter volta, viu? – sai da piscina.
– Ok, ficarei esperando!

Entrei em casa, e esbarrei na Bella, que descia pra tomar o café da manhã. Ela não se segurou, e começou a rir também. Fui direto pro banheiro, pra tentar tirar tudo aquilo. Lavei o rosto, e nada.

– Mais que droga é essa?! – me perguntei, enquanto usava uma esponja. – Só podem ter passado cola nessa desgraça! – a raiva estava me consumindo.

Fiquei um tempão limpando meu rosto, e ainda acho que não saiu toda a maquiagem. E enquanto eu estava em frente ao espelho, ouço alguém bater na porta do mesmo.

– Veio aqui pra continuar rindo de mim? – perguntei, enquanto olhava pelo reflexo.
– Não. – responde Bill. – Só vim pra dizer, que a Savannah não foi a responsável por isso. Eu que tive a idéia da maquiagem.
– Você? – me virei.
– Sim. E também não foi ela quem te pintou. Foi tudo culpa minha.
– E porque colocaram a culpa nela?
– Porque queríamos saber qual seria sua reação.

Continuaríamos a nossa conversa, se a Savannah não tivesse aparecido ali.

– Eu... Trouxe demaquilante. – diz ela, mostrando um recipiente branco e de tampa preta. Em seguida, o Bill se retira.
– Pra quê serve isso? – perguntei a ela.
– Tirar a maquiagem. – responde.
– E como se usa?
– Vou te ensinar, caso precise novamente. – faz uma pausa. – Onde tem algodão?
– No potinho azul.

Ela abre o potinho, e pega uma bolinha de algodão. Em seguida, despeja aquele liquido branco e de consistência meio... Estranha e duvidosa. Savannah se aproxima um pouco mais, para poder passar em meu rosto.

– Esperai! – disse, e me afastei um pouco.
– O que foi?
– Tem certeza que isso ai é pra tirar maquiagem?
– Absoluta. Por quê?
– Sei lá. Isso parece tão... Nojento.
– Tá imaginando besteira, não é?
– Um-hum
– Deixa de ser bobo. – ela ri. – Isso não é o que está pensando. – se aproxima novamente.
– Como vou saber? – me afastei de novo. – Vai que é outra armação sua?

Ela respira fundo.

– Não é armação. – diz ela. – E se não confiar em mim, vai ficar com essa maquiagem por um bom tempo.

Sua mão era tão leve, que eu quase não sentia nada. Também não demorou muito até ela terminar.

– Prontinho. – disse ela. – Agora lave o rosto.

Fiz o que ela pediu, e me olhei no espelho.

– Não vai agradecer?
– Você pintou minha cara todinha, então foi justo que viesse aqui para limpar.
– Como você é mal agradecido, hein? Da próxima vez, vou deixar tudo como estiver. – caminha em direção à porta.
– Ei! – lhe chamei, e ela se virou. – Obrigado.
– Por Nara. – respondeu, sorrindo.

Aquela carinha de anjo não iria me enganar. Mesmo o Bill dizendo que não foi ela, a minha vingança ainda será feita. Savannah que me aguarde! 

Postado por: Grasiele

Sparks Fly - Capítulo 9 - You don't know me, Tom.

(Contado pela Savannah)

Diferente do dia, que estava ensolarado e muito quente, a noite ventava um pouco e estava um tanto fria. Eu, particularmente prefiro assim. Dias ou noites frias, e sem chuva. Acabei de sair de um banho relaxante, e fui diretamente ao closet para escolher uma roupa. Como eu já havia jantado, não tinha mais nada que eu pudesse fazer fora daquele quarto, então coloquei logo o meu pijama. Nos pés, as meias completavam. Penteei o cabelo, e o prendi num coque bagunçado.

Apaguei a luz do quarto, deixando apenas o abajur ligado. Me sentei na cama, e peguei um livro que estava ali na mesinha de cabeceira. Fiquei lendo, enquanto o sono não chegava. Em pouco tempo, notei que começara a chover. E como eu não resisto em ficar apenas escutando, deixei o livro ali em cima da cama, me levantei e me aproximei da porta de vidro. A chuva estava forte. E não demorou muito para que começasse a trovejar. Der repente as luzes se apagaram. Voltei para a cama, e abracei um daqueles travesseiros.

(Flashback)

Eu tinha apenas sete anos, e naquela noite a chuva também caia forte, me deixando assustada. Com medo de sair do quarto, ou de ficar ali deitada na cama, resolvi me enfiar debaixo da mesma. Mas antes, carreguei um urso que eu tinha desde que nasci, Lilo. E ficamos nós dois ali debaixo, esperando que alguém fosse entrar pela porta para nos salvar dos tenebrosos trovões.

– Savannah, onde está, querida? – pergunta meu pai, abrindo a porta do quarto.
– Aqui. – quase sussurrei.
– Savannah?! – ele chamou outra vez.
– Estou aqui. – falei um pouco mais alto.

Então ele se abaixou, e me encontrou. Nos meus olhos, o medo estava estampado. O Lilo quase perdia a cabeça, de tanto eu o apertar.

– O que faz ai?
– Me escondendo. – meu pai riu.
– Será que tem espaço pra mim?
– Um-hum. – ele entrou debaixo da cama, e ficou ao meu lado.
– Quando isso vai parar?
– Não vai demorar muito.
– A casa parece que vai cair.
– Fica tranqüila. Nada acontecerá a você ou ao Lilo. – sua voz me confortava. – Estarei ao seu lado sempre.

Para me acalmar um pouco mais, ele começou a contar histórias. Eu estava com tanto medo, que aquilo me fez adormecer, e nem percebi quando a chuva parou.

(/Flashback)

–--
(Contado pelo Tom)
Abri um pouco a cortina da sala, e fiquei olhando para fora.

– Essa chuva parece não querer parar mais. – disse.
– Por acaso vai sair pra algum lugar? – pergunta Bella.
– Não. – respondi, e me virei para ela. – Só não gosto muito quando chove.
– Ao invés de ficar ai pensando em quando a chuva parará, poderíamos fazer algum jogo. – sugere Georg.
– Por exemplo...? – diz Bill.
– O que acham de jogarmos baralho? – diz Gustav.
– Se eu conseguisse enxergar no escuro... – diz Georg.
– Parece coisa de gente velha. – disse, e me sentei no sofá, ao lado da Bella.
– Eu jogo baralho. – diz ela.
– Isso justifica todas essas rugas. – Bill brinca.
– Idiota! – ela lhe joga uma almofada.
– O que não podemos é ficar parados, um olhando pra cara do outro, com as luzes apagadas. – disse Gustav.
– Poderíamos contar histórias de terror. – sugeri. – Aposto que uma certa pessoa pediria pra dormir bem agarradinha comigo. – olhei pra Bella.
– Eu não me agarraria a você, nem que o mundo estivesse acabando. – os meninos riram.
– Então o que iremos fazer? – pergunta Georg.
– To começando a ficar com sono. – disse Bill. – Acho que vou dormir. – ele se levantou, e subiu as escadas.
– Boa noite pra você também, Bill. – disse Bella.

Após o Bill ter ido dormir, o silêncio tomou conta da sala. Estava tudo escuro, por causa da falta de luz, a única claridade que tinha, vinha de fora da casa, e mesmo assim não adiantava muita coisa.

– Bom, acho que também vou dormir. – disse Georg.
– É, eu também vou picar a mula. – diz Gustav.
– Seu nojento! Isso tudo é falta de mulher? – diz Bella.

E dava pra segurar o riso? Óbvio que não.

– Só não irei te responder, porque estou com muito sono.

Todo mundo foi dormir, e apenas a Bella e eu ficamos ali na sala. Coloquei uma almofada em cima das pernas dela, e apoiei minha cabeça na mesma.

– Como está o namoro com a Megan?
– Não sei. – fiz uma pausa. – Às vezes estamos mal, e às vezes estamos piores ainda.
– Há quanto tempo que vocês se conhecem mesmo?
– Um ano e meio. Mas estamos juntos há um.
– Namoro sério?
– Olha bem pra minha cara – olhei pra ela. -, e vê se eu quero algo sério?
– Um ano é muito tempo! Tá na hora de casar, hein?
– Isso ai, continua rogando praga. – ela ri.
– Você é apaixonado por ela?
– Acho que não.
– Como assim “acho que não”? Ou se está apaixonado, ou não!
– Sinceramente... – me sentei. – Não.
– E não tem medo disso acontecer?
– A Megan não é a garota certa pra mim. O que tenho com ela, é apenas diversão.
– Uma diversão que durou um ano.
– É que ainda não encontrei outra, pra poder trocar. – me deitei novamente.
– Nossa! Como você é insensível.
– Só estou falando a verdade.

Por alguns instantes ficamos em silêncio. E logo ela começou a fazer cafuné em mim. Cheguei a me arrepiar.

– Aquela garota, a Savannah, ela é bem bonita.
– Sabe que eu nem percebi?
– Um-hum. Sei.
– É sério.
– Vai dizer que você já não olhou pra bunda dela?
– Por mais incrível que pareça, não.
– Ah, fala sério, Tom?! Essa é a primeira coisa que você faz!
– Porque ninguém nunca acredita nas coisas que eu falo. – me sentei novamente.
– Que coisas?
– Quando eu disse que iria casar...
– O quê? – me interrompeu. – Você ia casar? Com quem?
– Com a Savannah.
– Conta essa história direito.

Contei toda a história, e a Bella rachou de tanto rir. Ela com certeza não acreditava que eu teria coragem de me casar com alguém. Conversa vai, e conversa vem... Passamos tanto tempo ali na sala, falando bobagens, que a luz acabou voltando. Olhei pro relógio, e já era 23h45.

– É, eu acho que também vou dormir. – diz Bella, se levantando. – Você não vem?
– Vou ficar mais um pouquinho. – respondi.
– Tudo bem. – ela me deu um beijo no rosto. – Boa noite.
– Pra você também. – ela já começara a subir a escada. - E sonhe comigo.
– Você quis dizer “tenha um pesadelo comigo”, não é? – subiu rindo.

Não sou muito de ficar sozinho, principalmente ali na sala. Mas acho que a insônia me pegou! Os minutos iam passando, e nada do sono aparecer. Aquilo estava começando a me deixar irritado.

Me levantei, e fui até a cozinha pra procurar algo pra comer. Abri os armários, a geladeira, e não encontrei nada que pudesse me chamar atenção. Peguei um copo de tamanho médio, e uma jarra de água gelada. Me sentei à mesa, e fiquei ali, parecendo um bêbado, até que apareceu uma pessoa.

– Pensei que estivesse dormindo. – disse Savannah, se sentando numa cadeira em frente.
– Pela primeira vez, tive insônia. – respondi. – E você, o que faz acordada há essa hora?
– Senti um pouco de sede. – ela se levantou. – Onde ficam os copos? – apontei, e ela foi buscar. Novamente se sentou, e preencheu o copo com a água.
– Como foi o passeio com a Beth?
– Legal. E dá pra acreditar que eu conheci a Paris Hilton? – ela riu.
– Não fica andando com a Paris, que ela te levará pro mau caminho.
– Vou seguir seu conselho.
– Como hoje não deu pra gente ir procurar o médico pro seu pai, poderíamos ir amanhã.
– Tem certeza? Porque não quero te incomodar. Posso tentar fazer isso sozinha.
– Não será incômodo algum. E você se perdeu nessa casa, imagine pela cidade? – nós rimos.
– Você não tem nada mesmo pra fazer amanhã?
– Relaxa, Savannah. Meu dia está completamente livre.

Ficamos em silêncio.

– Bem, acho que... Acho que vou dormir. – disse ela, se levantando, e levando o copo até a pia.

Savannah começou a lavar o copo.

– Ei! – me levantei, e fui até ela. – Porque está lavando o copo?
– Porque minha mão não vai cair.
– Deixe isso ai. Lavar a louça é coisa pra empregada fazer. – ela terminou de lavar, e se virou pra mim.
– Qual o problema de vocês, hein?
– Como assim? – coloquei o copo em cima da pia.
– Hoje de manhã, quando fui arrumar a cama, a moça me reclamou e disse que aquilo era coisa pra camareira fazer. Agora você fica ai dizendo que não posso lavar um copo. O que tem demais nisso? – fez uma pausa. – Por acaso a mão vai cair, ou alguém vai morrer se fizer isso pelo menos uma vez?
– As pessoas estão sendo pagas pra esse trabalho. E você não deveria se preocupar.
– Como não? Estou vivendo de favor na casa de uma banda famosa, fiz compras com uma das patricinhas mais ricas, e cada minuto que passa me pergunto como é que irei retribuir? – eu ri.
– Não estou fazendo essas coisas por você, com intenções em pedir algo em troca.
– Então me responda uma coisa. Porque um cara famoso como você, ajudaria uma estranha, como eu?

Fiquei calado. Acho que nem eu mesmo tinha uma resposta concreta.

– Não sei. – respondi.
– Não tem medo que eu seja uma maluca, interesseira?
– Maluca, com certeza você é. – ela riu. – Mas duvido muito que seja interesseira.
– Você não me conhece, Tom. – ela caminha em direção à porta. – Como pode ter tanta certeza?

A Savannah provavelmente voltou pro seu quarto, enquanto fiquei com suas últimas palavras em minha mente. Já percebeu que a palavra “certeza” sempre nos trás dúvidas? Ao mesmo tempo em que pensava que ela não poderia ter coragem de fazer nada pra me prejudicar, imaginava a possibilidade dela ser realmente uma interesseira. 

Postado por: Grasiele

Sparks Fly - Capítulo 8 - Childhood friends.

As pequenas coisas que você me faz
estão me dominando. eu quero te mostrar
tudo dentro de mim
como um coração nervoso que está batendo loucamente
meus pés estão presos aqui contra a calçada
eu quero me libertar. eu quero chegar
mais perto dos seus olhos. chamar sua atenção
antes que você passe por mim

(Contado pela Savannah)

Sabe quando você está dormindo e sonhando com algo bom, e não quer ser acordada naquele exato momento? Era assim que eu estava me sentindo. Mas meu sonho foi interrompido, quando alguém entrou no quarto, e abriu as enormes cortinas. Abri os olhos, e a luz do Sol veio diretamente de encontro ao meu olhar, fazendo com que os mesmos se fechassem novamente. Numa nova tentativa, fiz meus olhos se abrirem, ignorando o Sol, que parecia estar me encarando e me chamando para um logo dia. Me sentei na cama, e olhei em volta. Uma moça vestida de uniforme limpava os vidros da porta.

– Olá. – disse, e ela se virou.
– Bom dia, senhorita. – respondeu. – Desculpe por tê-la acordado.
– Tudo bem.

A moça foi muito educada comigo. Me levantei, e comecei a arrumar a cama, já que eu fazia isso em minha casa.

– O que está fazendo? – pergunta a moça, em seguida, se aproxima rapidamente. – Se os patrões a verem fazendo isso, brigarão comigo!
– Só estou arrumando a cama. – parei o que estava fazendo.
– Este é o trabalho da camareira.
– Meus braços não irão cair, só por deixar a cama arrumada.
– Por favor, senhorita.

Caminhei em direção ao banheiro, e fechei a porta. Prendi o cabelo, e fiz minha higiene bucal. Estava pronta pra tirar minha camisola, quando notei a banheira toda preparada. Comecei a rir, pois não estava acostumada com toda aquela regalia. Abaixei as alças da camisola, que escorregou pelo meu corpo até chegar ao chão. Em seguida tirei o sutiã e a calcinha. Coloquei a pontinha do pé dentro da água, que estava quentinha. Entrei, e fiquei de molho por alguns minutos.

A água estava tão relaxante, que se duvidasse, eu acabaria dormindo. Aos poucos, a mesma foi começando a ficar fria. Já era hora de sair. Coloquei um roupão branco, e retornei ao quarto. A cama estava impecável, sem nenhum amassado pra contar história. Olhei em direção ao sofá, e notei que havia algumas peças de roupa.

– Não acredito que até minhas roupas foram escolhidas.

Me aproximei, e não é que eram minhas roupas? Tranquei a porta do quarto, só pra ter certeza de que ninguém entraria. Me troquei, e me coloquei em frente à penteadeira. Penteei o cabelo, e o deixei meio solto. Após estar toda arrumada, sai do quarto.

Desci as escadas, e não encontrei ninguém ali na sala. Nem pensar que irei me perder de novo. Mas o quê que eu faço? Com certeza ficar ali parada não iria resolver muita coisa. Dei o primeiro passo para a direita, e avisei um enorme cachorro.

– Olá, cachorrinho. – disse, morrendo de medo.

Ele começou a se aproximar, com a língua para fora e balançando o rabo. Quando ele chegou perto, percebi que não faria nada comigo, e que estava apenas querendo me conhecer. Me ajoelhei, e acariciei seus pêlos.

– Você sabe onde está o Tom, não sabe?

Realmente estou começando a ficar doida. Até com cachorro estou falando!

– Me leva até ele? Não quero me perder novamente.

O cachorro começou a andar em direção ao mesmo lugar de onde tinha vindo. Eu o segui. E não é que deu certo? O bicho me levou até a sala de jantar, onde todos estavam reunidos, tomando o café da manhã.

– Bom dia. – disse.
– Bom dia. – responderam em uníssono.

O único lugar livre da mesa era ao lado da Beth. Sorte ou azar? Só sei que a empregada veio até mim, e colocou uma toalhinha branca em cima das minhas pernas.

– Suco ou café? – pergunta a empregada.
– Suco, por favor. – respondi.
– E ai, como passou a noite? – pergunta Tom.
– Dormi como um bebê. – disse.
– A cama é confortável? – pergunta Bill.
– Demais. Até pensei que estivesse flutuando. – eles riram.

E aquelas risadas me fizeram ficar sem graça. Estava me sentindo um peixinho fora d’água.

– O que fará hoje? – pergunta Beth.
– O Tom e eu procuraremos um médico...

Tom começou a fazer sinais, para eu não falar nada sobre o assunto.

– Um médico... – pensei um pouco. - Dermatologista.
– Isso não é problema. – diz ela. – Posso te levar ao meu, mesmo sabendo que você não precisa de um. Poderíamos aproveitar e fazer algumas comprinhas.
– Pode ser. – disse. – E você, Bella, não virá conosco?
– Sei que você não se sentirá ofendida, mas o negócio é que – ela olha pra Beth. -, eu não saio com esse tipo de gente.
– Você não conseguirá estragar o meu dia. – diz Beth.
– Que pena, porque era exatamente isso que eu estava pensando.
– Meninas, por favor. – diz Tom.
– O que você tem contra a Beth, hein? – pergunta Bill à Bella.
– Nada. – responde. – Só acho que você deveria arranjar uma namorada que não usasse a cabeça apenas para ficar colada no pescoço! – Bella se levanta. – Você merece uma garota muito melhor do que isso. – se retira, em seguida.

O clima havia ficado meio tenso, mas logo o Gustav começou a puxar assunto pra descontrair. Terminamos de tomar o café, e a Beth desapareceu com o Bill. Georg e Gustav foram pra sala, e começaram a jogar vídeo game. Eu quis ficar um pouco sozinha, e fui até a área da piscina. E desta vez não errei o caminho, por causa do cachorro. To até parecendo uma cega.

Me sentei à beira da piscina, com os pés dentro da água, e o cachorro se deitou ao meu lado. Continuei a passar minhas mãos por seus pêlos. O canto dos passarinhos ali nas árvores, eram incríveis.

– Pelo visto você e o Scotty já se conhecem. – diz Tom, se aproximando, com as mãos nos bolsos.
– Sempre tive medo de cachorros, mas ele é... É bem fofinho.
– É, o Scotty é bem tranqüilo. – fez uma pausa. – Agora que já é dia, não quer conhecer a propriedade?
– Claro.

Começamos a caminhar, e pude ver a paisagem do local. As belas e enormes árvores que decoraram o caminho, traziam uma certa privacidade. Algumas folhas caídas, deixava o chão incrivelmente lindo. Ali parecia haver muito mais passarinhos, pois o canto estava mais alto. Scotty corria na frente, e às vezes parava, para nos esperar. Tom continuava com suas mãos nos bolsos, e um sorriso nos lábios.

– Como conseguem ficar numa casa tão grande? – perguntei. – Acho que eu não duraria dois ou três dias.
– No inicio foi um pouco difícil, mas já me acostumei. Talvez pelo fato de os meninos morarem aqui também, ou por sempre estarmos dando festas.
– Do jeito que sou medrosa, acabaria imaginando que tem alguém me observando. – ele riu.
– Você é tão medrosa assim?
– Nem queria saber o quanto.
– Posso te dar um conselho?
– Sim.
– Não se iluda com a boa aparência da Beth. Ela pode mesmo estar gostando de você, ou estar fazendo isso, simplesmente para agradar o Bill.
– Poxa, ela é tão má assim?
– Não é o caso dela ser má. É que ela só pensa em si mesma.
– Pode deixar, que não irei me iludir. – fiz uma minúscula pausa. – Mas mudando de assunto... Sabe onde posso comprar um skate?
– Skate? – pergunta, incrédulo. – Você anda de skate?
– Um-hum.
– Não, você não tem cara de quem faz isso.
– Porque não?
– É um esporte meio radical, e você parece ser tão... Delicada.
– Ei! Garotas podem ser delicadas e gostar de esportes radicais!
– Eu duvido que você saiba andar mesmo.
– Está me desafiando?
– Não era pra ser um desafio, mas já que tocou no assunto...

Alguns minutos depois, e já estávamos de volta a casa. Entramos pela sala, rindo.

– Ai, pessoal! – diz Tom. – Dá pra acreditar que a Savannah anda de skate?
– Tá brincando? – diz Gustav.
– Diz ela, que é verdade. – Tom se sentou num dos sofás.
– Mas é verdade! – disse.
– O que é verdade? – pergunta Beth, enquanto descia as escadas.
– Nada não. – diz Georg.
– Está pronta para o nosso passeio?
– S-Sim. – respondi.

Ela se despediu do Bill com um selinho, segurou em minha mão, e me levou até a garagem. Entramos num carro, que parecia surreal, de tão bonito e luxuoso. Ela deu partida, e em pouco tempo, já estávamos rodando pelas ruas de LA.

Passamos em várias lojas de grife, e a primeira delas foi a D&G. A Beth comprou inúmeras coisas pra ela, e outras pra mim. A segunda, foi a Vitória Secrets. Era inacreditável como ela gastava dinheiro à toa. Com certeza é viciada em compras. Entramos em lojas que eu só ouvia falar na televisão, e que pessoas como eu, não se atreveriam em passar perto.

Saiamos de uma dessas lojas, quando a Beth parou para conversar uma amiga. Fiquei de boca aberta ao ver que sua amiga era a Paris. Sim, a Hilton. As duas se cumprimentaram com um leve abraço, e beijinhos no rosto.

– Pari, está é a minha mais nova amiga, Savannah. – diz Beth.
– Olá. – diz Paris.
– Oi. – respondi.
– Estão fazendo compras, e nem me convidam?
– Achei que estivesse com sua agenda cheia. – Beth justificou. – Mas o dia ainda não terminou. O que acha de irmos comprar mais alguns mimos?

Dá pra acreditar que eu estava fazendo compras com a Paris Hilton?! Quando que eu iria imaginar que isso fosse acontecer um dia? Por onde passávamos, alguns fotógrafos surgiam der repente, e registravam aquele momento. Entre elas duas, eu estava começando a me sentir como uma estrelinha apagada.

Não posso dizer que aquela tarde não foi divertida, porque estaria sendo hipócrita demais. E apesar de estar com duas típicas patricinhas, fui muito bem tratada e mimada, como nunca antes. Beth e eu, chegamos em casa, por volta das 18h40, cheias de sacolas nas mãos. 

Postado por: Grasiele

Sparks Fly - Capítulo 7 - Laughing like junkies.

(Contado pela Savannah)

Após o Tom ter me deixado no quarto, permaneci parada no meio do mesmo, observando cada detalhe. Era incrível ver como a decoração ornava com as cores das paredes. O lugar era tão aconchegante, que dava vontade apenas de cair na cama, e dormir por um longo tempo. Aproveitei que estava sozinha, e saltei em cima da cama. Como era confortável, e grande! Acho que caberiam umas três ou quatro pessoas. Deveria ser praticamente o dobro do tamanho da minha. A colcha macia poderia ser comparada a uma pétala de flor, e o travesseiro deveria ser de plumas de ganso.

Fiquei ali deitada, fitando o teto, e pensando em como a minha vida “mudou” em poucos dias. Me levantei, pra começar a arrumar minhas roupas no closet. Fiquei até meio constrangida, pois o closet era enorme, e as minhas coisas eram poucas, ou seja, sobrou um super espaço. Enquanto terminava de tirar as últimas coisas da mala, peguei a foto do meu pai, e a coloquei em cima da mesinha de cabeceira. Naquele momento, me lembrei que não havia ligado pra ele, desde que cheguei aqui. Provavelmente deve estar morrendo de preocupação, sem saber se estou bem ou não.

Larguei tudo ali, e sai a procura do Tom. Passei pela sala, e o Georg conversava com alguém pelo celular. Pelo jeito, parecia estar falando com a namorada. Não quis incomodá-lo, e caminhei em direção a algum lugar. Mais que droga, essa casa tinha que ser tão grande assim? Tive a leve sensação de estar perdida. Quanto mais eu abria portas, mais ia me perdendo. Uma dessas portas me levou até a piscina.

Tom estava sentado numa espreguiçadeira, e tocava violão. Seus pensamentos pareciam estar longe, muito longe. E como era bonito o jeito que ele tocava. Acabei fechando os olhos, e ficando quietinha só ouvindo a melodia. Aquele som me fazia viajar para lugares encantadores, que eram desconhecidos por mim. Der repente a música parou. Abri os olhos, e o Tom olhava pra mim. Quis cavar um buraco pra me esconder. Minha voz desapareceu por alguns instantes.

– Você... Toca muito bem. – disse.
– Valeu. – respondeu, sorrindo. – Está ai parada, com os olhos fechados há muito tempo?
– Não muito. – me aproximei. – E só pra você saber, eu não estava com os olhos fechados só porque a melodia da música era boa.
– Sei. – ele riu. Me sentei ao seu lado. – O que está achando da casa?
– É muito confortável. Só acho que ainda não me acostumei.
– Tenha calma, que a qualquer momento se acostumará. – ele colocou o violão em pé, ao lado da espreguiçadeira.
– Se eu te contar uma coisa, promete que não vai rir?
– Prometo.
– Eu... Me perdi, enquanto tentava te encontrar.

Foi em vão aquele pedido, porque ele riu.

– Você prometeu que não iria rir! – disse.
– Desculpa. – ele tentava se controlar.
– Pára. – lhe dei um leve tapa no braço. E até eu estava começando a querer rir.
– Foi mal. – seu riso foi parando aos poucos. – É que você... Você é muito engraçada.
– O que há de engraçado em dizer que fiquei perdida?
– É, tem razão. Não tem graça.
– Mas... Vou considera isso como um elogio.

Ficamos calados por alguns segundos, e nos olhávamos. Que vergonha.

– Você toca alguma coisa? – pergunta ele.
– Não. Mas admiro quem sabe tocar.
– Ah, obrigado.
– Convencido.
– Se quiser, qualquer hora posso te ensinar a tocar violão.
– Acho que não levo muito jeito pra isso.
– Não custa nada tentar. – ele me encarava, com um meio sorriso nos lábios. – E... Estava me procurando pra quê mesmo?
– Bem, que queria... Pedir um pequeno favor. – fiquei sem graça. – Sei que você já está fazendo muito por mim, mas é que... Eu realmente preciso te pedir.
– Pode pedir.

–--
(Contado pelo Tom)
– Eu poderia... Usar o telefone?

Não acreditei que ela havia mesmo feito aquela pergunta. Me levantei.

– Deixa eu te explicar uma coisa – segurei em sua mão, e a fiz levantar. -, a partir de hoje você também é moradora desta casa. – começamos a caminhar em direção a entrada. -, então não precisa ficar pedindo pra usar o telefone ou qualquer outro tipo de coisa.
– Mas esta não é a minha casa, e seria falta de educação mexer nas coisas dos outros sem permissão. – parei e fiquei de frente pra ela.
– Não tem que pedir permissão pra nada. – a olhava nos olhos.
– Mas...
– Se é de permissão que você precisa – a interrompi. -, já tem a minha e a de todos. – ela sorri.
– Obrigada.

Entramos em casa, e ela vinha me seguindo por onde eu passava. Em pouquíssimo tempo, chegamos à sala. Apontei para o telefone, e lhe disse que poderia ficar a vontade, enquanto isso eu iria pedir que a empregada preparasse algum lanche. Ela se sentou no sofá, e pegou o telefone sem fio.

– E ai gatinha? – dei um beijo no pescoço da empregada.
– Me respeita, garoto! – ela se virou, pronta pra me dar um tapa no rosto. – Eu tenho idade pra ser sua mãe! – comecei a rir.

Caminhei em direção à mesa, e me sentei.

– Pode preparar dois sanduíches, e suco de laranja bem fresquinho? – perguntei.
– Opa! – diz Georg. – Também quero!
– Então pode preparar bastante, porque o Bill e eu também queremos. – diz Gustav.

Os meninos se sentam à mesa comigo.

– Cadê a Savannah? – pergunta Georg.
– Usando o telefone. – respondi. – E acredita que ela pediu permissão pra fazer isso?
– Tá falando sério? – diz Gustav.
– Vocês precisavam ver a timidez que ela ficou.
– E por acaso sabe pra quem ela está lidando? – pergunta Bill.
– Não sou tão mal educado ao ponto de fazer esse tipo de pergunta a ela.
– É mesmo. – diz Gustav. – Até porque, ela pode estar ligando pro namorado.
– Ou esposo. – completou Georg.
– Não sejam idiotas! – disse. – Se ela tivesse um esposo, estaria usando aliança. E a única aliança que ela tem no dedo, é do casamento com o Bill.

Nossa conversa ia fluindo, até que a empregada colocou alguns pratos em cima da mesa, com os sanduíches. Em seguida veio o suco. Me levantei, e coloquei dois daqueles pratos numa bandeja, juntamente com dois copos de suco, e caminhei em direção à sala.

– Prometo que não demorarei a encontrar um médico pro senhor. – Savannah chorava ao telefone. – Eu também te amo muito, pai. Estou morrendo de saudades.

Me aproximei, coloquei a bandeja em cima da mesinha de centro, e me sentei em outro sofá. A me ver, ela enxugou o rosto, e não demorou muito para que se despedisse do pai.

– Era o seu pai? – perguntei.
– Um-hum. – respondeu.
– Olha... Amanhã tenho o dia livre, podemos sair à procura do médico.
– Isso seria... Muito bom. – sorriu.
– Mas mudando de assunto... Tá com fome?
– Um pouco.
– Preparei sanduíches, e suco de laranja.
– Você preparou? – perguntou, desconfiada.
– Por quê? Não posso ter dotes culinários?
– Claro que pode. Mas havia dito que pediria a empregada.
– Tá legal, foi ela quem preparou. – nós dois rimos.

Depois me sentei ao seu lado, e lanchamos. Liguei a televisão, e passava uma série de comédia. Nós riamos como duas criancinhas idiotas, de coisas que nem eram tão engraçadas assim. A risada dela me fazia rir. Savannah ria tanto, que por vezes descia lágrimas de seus olhos. Curiosos, os meninos apareceram ali na sala, e se juntaram a nós. Agora sim o manicômio estava formado, e ao invés de crianças, agora parecíamos drogados.

– Aonde vai? – perguntei ao Georg.
– Ao banheiro. – respondeu. – Se eu continuar rindo desse jeito, vou acabar fazendo xixi nas calças. – ele subiu as escadas correndo.

Olhei para a Savannah, que estava com suas duas mãos na barriga, e lutava contra seu próprio riso.

– Minha barriga já está doendo. – disse ela. – Por favor, parem de rir.

O Gustav parecia estar tendo um ataque de asma, de tanto rir. O Bill também correu pro banheiro, antes que fizesse xixi ali na sala. A campainha tocou, e a empregada foi atender. Era uma amiga.

– Do quê estão rindo? – pergunta ela, chegando a sala.
– Sei lá. – respondi.
– Ah, me contem! – ela insistiu. – Também quero rir.
– Estamos rindo de nós mesmos. – disse Gustav.
– Parecem drogados. – diz ela. – Oh, meu Deus! Vocês se drogaram?!

Respirei fundo, e consegui parar de rir. Aos poucos a Savannah também parou, em seguida o Gustav.

– Não, nós não estamos drogados. – disse. – E pra falar a verdade, nem sei como chegamos a esse ponto.
– Sei. – diz ela. – E quem é ela? – olhou pra Savannah.
– O nome dela é Savannah. – respondi. – Uma amiga, que veio passar algum tempo aqui.
– Amiga? – ela não acreditou.
– Exatamente. Somos apenas amigos, não é, Savannah?
– Sim, claro! – diz ela. – E você é...?
– Isabella. – estendeu sua mão. – Mas pode me chamar apenas de Bella.

Elas se cumprimentaram, e em alguns minutos já conversavam. Depois o Georg e o Bill retornaram a sala, e ficamos os seis ali falando “bobagens”. Faz algum tempo que não conversávamos ou riamos assim. Acho que algumas coisas estão começando a mudar. 

Postado por: Grasiele

Sparks Fly - Capítulo 6 - This will still give a crap.

(Contado pela Savannah)

Até agora estou sendo persistente em não ir morar com o irmão do Tom. O que meu pai pensaria sobre isso? Seria bem capaz que ele tivesse um ataque cardíaco, e morresse por minha causa.

Após sairmos da capela, Nicolle e eu voltamos direto pra pensão, onde nos trancamos dentro do meu quarto, e começamos a falar sobre minha possivel mudança para a casa dos Kaulitz – o que eu não queria fazer.

– Porque não me avisou sobre ter que morar lá? – perguntei, enquanto tirava o vestido, dentro do banheiro.
– Fiquei tão feliz por ter encontrado um noivo pra você, que acabei me esquecendo. – respondeu.
– Isso não é coisa que se esqueça!
– Eu sei. Mas esqueci.
– Não posso ir morar com ele. – sai do banheiro, vestida com um short jeans e uma blusa branca de malha.
– Porque não?
– Ele também tem namorada. – me sentei ao seu lado, na cama. - O que falaríamos pra ela?
– Essa parte, você deixa pro Bill. – me levantei.
– Acabei de me casar com um estranho, e ainda tenho que ir morar na casa dele?

A dona da pensão bateu na porta, e avisou que havia dois rapazes lá na recepção esperando por mim. A Nicolle também não se agüentou de curiosidade, e foi atrás de mim. Fiquei um pouco surpresa ao ver Tom e o irmão, parados próximos ao balcão.

– O que fazem aqui? – perguntei.
– Viemos conhecer o lugar onde você está hospedada. – responde Tom, olhando em volta. – E preciso ser sincero em dizer que este não é um bom lugar.
– Eu sei. – disse. – Mas vieram apenas pra isso?
– Não. – diz o irmão. – Na verdade... Viemos te buscar.

Me senti num filme sobre alienígenas. E não queria acreditar que eles estavam ali simplesmente para me levarem pra outro lugar.

– Não entendi. – me fiz de boba.
– Pra ser mais direto, você morará conosco a partir de hoje! – disse Tom.
– O quê? – olhei pra Nicolle, que sorria.
– Isso não é um pedido, é uma ordem! – diz Tom, se aproximando. – E nem adianta dizer que não, porque quando colocamos uma coisa em mente, é muito difícil de tirar.
– N-Não... – gaguejei.
– Vá até seu quarto, e traga as suas coisas. – diz o irmão. – O carro já está esperando, e viemos com o propósito de somente sair daqui, se você for junto.

Um sonho maluco! Só poderia ser isso. Estou sonhando, e alguém precisa me beliscar o mais rápido possivel. Como não tive escolha, subi até o quarto, e arrumei as minhas coisas. Retornei à recepção um pouco sem graça por toda aquela situação que eu estava causando aos meninos. Eles já fizeram muito em ter me ajudado com o casamento, e agora farão mais isso por mim. Estou com um pouco de vergonha.

–--
(Contado pelo Tom)
A timidez estava estampada no rosto da Savannah, e achei aquilo fofo. Quando perguntávamos, ela respondia, mas ao invés disso, ficava calada. E foi assim, durante boa parte do percurso. Todas as ruas pelas quais passamos, ela observava atentamente, pela janela do carro. Bill se sentou no banco do carona, só para não deixá-la ainda mais sem graça.

– Está gostando aqui de Los Angeles? – perguntei.
– Sim. – respondeu sorrindo. – Aqui é lindo.
– É a sua primeira vez? – pergunta Bill.
– Um-hum.

Às vezes eu tinha a leve impressão, de que a Savannah tinha mais vergonha de falar com o Bill do que comigo. Meu celular começou a tocar, e como eu dirigia, pedi ao Bill que atendesse. Ele conversou por pouco tempo...

– Quem era?
– Georg e Gustav. – responde ele. – Queriam saber se iríamos demorar muito a chegar em casa.
– Aqueles meninos também moram com vocês? – pergunta ela.
– Sim. – diz Bill. – Nós temos uma banda. Provavelmente já deve ter ouvido falar em Tokio Hotel?
– Ah... S-Sim. Já ouvi falar algumas vezes, mas... Não tive a oportunidade de escutar as músicas.

Pelo modo como demorou um pouco a responder, e como gaguejou, eu sabia que ela havia falando aquilo somente para agradar o Bill. Disfarcei o riso, pra não dar muito na cara que eu tinha percebido.

– Agora que irá morar com a gente, terá várias oportunidades de escutar o nosso som. – disse.
– Espero que sim.

Nossa conversa estava boa, e aos poucos Savannah parecia ir se acostumando com o Bill. Depois de passarmos pouco mais de cinco minutos dentro do carro, finalmente chegamos à rua da nossa casa. Parei ao lado do interfone e em frente ao imenso portão de grades brancas.

– Olá Dylan! – disse.
– Boa noite, senhor Kaulitz. – respondeu.
– Pode abrir o portão pra mim?
– É pra já!

O portão foi aberto, e ao mesmo tempo, uma das janelas traseiras do carro. A Savannah colocou a cabeça pro lado de fora, e ficou observando o lugar.

– De dia dá pra observar melhor. – disse Bill.

Estacionei o carro com cuidado, e desci do carro. O Bill fez o mesmo logo em seguida. Quis ser cavalheiro, e abri a porta para que a Savannah pudesse sair. Ela permaneceu parada, extasiada. Parecia não conseguir dizer uma palavra se quer.

– Perdeu a fala? – Bill brinca.
– E como não perder? – finalmente ela diz algo. – É aqui que vocês moram?
– Sim. – respondemos em uníssono.
– Seja bem-vinda. – disse.
– Quantos dias ou semanas, se leva pra conhecer essa casa? – Bill e eu, rimos.

Começamos a caminhar em direção a entrada da casa, e ela veio nos acompanhando. Entramos, e ela continuou calada. Logo os meninos apareceram, meio que fazendo a festa.

– Finalmente chegaram, hein? – disse Georg.
– É que demos algumas voltas pela cidade. – disse Bill.
– Você veio pra ficar, não é?
– Claro! – respondi, antes que a Savannah pudesse dizer alguma coisa.
– Seja bem-vinda! – disse Gustav.

Tudo parecia estar perfeitamente bem, até a Beth aparecer no topo da escada.

– Como vocês demoraram, viu? – diz ela, em seguida desce.
– Droga, o que eu digo? – Bill sussurra.
– Sei lá. – respondo da mesma maneira.

Ela se aproximou, abraçou o Bill, e depois lhe deu um selinho. Olhei pra Savannah, e sua face estava levemente avermelhada.

–--
(Contado pela Savannah)

Então aquela é a Beth, namorada do... Como é mesmo o nome dele? Bem, isso não vem ao caso. Só sei que ela é bem bonita, elegante, e parece ser uma garota legal.

– Quem é ela? – pergunta Beth.
– Essa é... – o namorado dela tentou dizer.

O olhar do namorado foi diretamente ao Georg, que olhou pro Gustav, que conseqüentemente olhou pro Tom. Ninguém sabia o que responder. E como eles já haviam me ajudado o bastante, resolvi tomar a frente e falar algo.

– Sou prima do Tom.
– Até que enfim alguém respondeu alguma coisa. – ela se aproximou sorrindo, e deu um beijinho em cada lado do meu rosto. – Sou Beth.
– Savannah.
– Um nome diferente, e muito bonito.
– Obrigada.

Os meninos continuavam calados, só olhando nós duas falarmos.

– Porque não me contou que sua prima chegaria? – pergunta ela, ao namorado.
– Quis fazer uma surpresa. – responde ele.
– Sabe que odeio surpresas, não é? Mas isso não importa. – ela sorri. – O importante é saber que não serei mais a única garota desta casa.
– Isso ainda vai dar em merda. – sussurra Georg.
– Cale a boca. – sussurra Gustav.
– Pelo visto – Beth segura minhas mãos. -, seremos boas e grandes amigas.
– Tomara. – disse.
– Depois vocês conversam direito, porque agora irei mostrar o quarto pra prima. – diz Tom.

Subimos as escadas, e caminhamos por um corredor não muito longo. Paramos em frente a uma porta, e o Tom abriu a mesma. Fiquei encantada com a beleza do cômodo. Móveis rústicos e muito bem conservados. Era um quarto espaçoso e bem arejado. Havia uma porta de vidro, que levava a varanda. A vista era incrivelmente linda, para a piscina.

– Este quarto está bom pra você? – pergunta ele.
– Tá ótimo. – respondi, sorrindo educadamente.
– Espero que fique confortável.
– Impossível não ficar. É tudo muito bonito.

Ficamos calados por alguns segundos.

– De onde... De onde tirou a idéia de dizer que somos primos?
– Não sei. – disse.
– Foi muito bom.
– Ainda bem, porque precisávamos de uma boa desculpa pra namorada do... Como é o nome dele?
– Bill.
– Isso! - ele riu.
– Vou... Lhe deixar sozinha, para que possa se acomodar direito.

Ele já estava saindo do quarto, quando segurei em sua mão e o fiz virar-se para mim.

– Obrigada por tudo que está fazendo por mim. – lhe dei um abraço.

Postado por: Grasiele

Sparks Fly - Capítulo 5 - Guess Who? - Part II

(Contado pela Savannah)
– Esperai! – grita ele. – Tá pensando que capela é bordel?

Ninguém lhe dá ouvidos, pelo menos a garota não se importou com o que ele disse. A confusão foi ficando cada vez maior. Só sei que o Tom segurou no braço da tal garota, e a arrastou para fora do local. Os amigos dele o acompanharam, pra tentar amenizar as coisas, um pouco mais. Fiquei sem reação, e me sentei ali no chão.

– Fique calma, porque ainda dá tempo de casar. – diz Nicolle, se sentando ao meu lado.
– Ele tem namorada! – olhei pra ela.
– Olha, se não for com ele, a gente consegue outro noivo.
– O quê? – perguntei, incrédula. – As coisas não são tão simples assim.

Os minutos iam se passando, e nada do Tom aparecer. Devo ter ficado sentada ali por mais ou menos meia hora. A discussão entre ele e a namorada estava tão feia, que dava pra ouvir claramente o que cada um falava. Comecei a me sentir culpada por tudo aquilo. Abracei meus joelhos, e permaneci assim.

– Só quero lembrá-las – o padre se aproximou. -, que o meu pagamento é por hora, tá?
– O noivo está lá fora, discutindo com a namorada, e você vem falar sobre pagamento? – me levantei. – Tem vergonha na cara não?!
– Calma, Savannah! – disse Nicolle, também se levantando, e segurando em meu braço.
– Que calma? – quase gritei, e me desvencilhei.
– Não quero saber se o casamento aconteceu ou não. Só sei que quero o meu dinheiro! – o padre insistiu.
– Cale a boca! – Nicolle gritou. – Você nem é padre!
– Não? – perguntei.
– Não exatamente. – responde ela. – Mas enfim, ficar aqui discutindo não irá resolver nada!
– Eu não vim até aqui, pra deixar que tudo terminasse desse jeito.

Caminhei em direção a saída da capela, certa de que conversaria com o Tom, e convenceria a namorada dele. Sei que não tenho direito de exigir nada, mas também não posso deixar que as coisas terminem dessa maneira.

– Desculpa interromper – disse. -, mas o padre tá perguntando se ainda haverá casamento. – fui educada.
– E ainda tem a cara de pau de perguntar? – diz a namorada. – É óbvio que não haverá casamento algum! – ela estava com raiva.
– Dá licença, mas eu to falando com o Tom, e não com você. – respondi.

Os meninos começaram a rir.

– Quem você pensa que é, pra falar assim comigo? – pergunta ela.
– E quem VOCÊ pensa que é, pra falar assim? – lhe encarei.
– Me segura! – disse ela. – Me segura, que eu vou dar na cara dessa garota!

Sério, a minha vontade foi de começar a rir também. O que ela tem de comissão de frente, tem de ignorância. Acho que esse negócio de casamento subiu pra minha cabeça. Discutia com a namorada dele, como se eu estivesse certa. Como se ela fosse a intrusa naquele lugar. Como se o Tom pertencesse a mim. Se os meninos não tivessem segurado-a, ela com certeza teria voado em cima de mim pra me agredir.

–--
(Contado pelo Bill)
Eu sabia que essa história de casamento não daria certo. Sabia que o Tom estava escondendo alguma coisa. E sim, fui eu quem ligou para a Megan. Poxa, não acho justo a coitada se dedicar tanto ao meu irmão, e ele simplesmente resolver que irá se casar com uma estranha, por algum motivo ainda mais estranho e desconhecido. Além do mais, ele foi muito errado em não ter comunicado-a. Mesmo porque, apesar de a Megan ser barraqueira, ela ainda era sua namorada e tinha todo o direito de saber da verdade.

Eu estava dentro do carro, só vendo a confusão que rolava ali na frente da capela. As pessoas passavam, e ficavam olhando. Até o motorista do carro, começou a rir.

– Tá vendo só, o que o Tom conseguiu arrumar? – disse.
– Ele iria mesmo se casar?
– Se eu não tivesse ligado pra Megan, há essa hora ele já teria feito a burrice.
– E porque ele resolveu se casar com uma desconhecida, ao invés da namorada?
– Não sei. – continuei olhando através do vidro escuro. – Ele não quis me contar.
– Será que ela tá subornando ele? – olhei pro motorista.
– O Tom é inteligente, e não se deixaria ser subornado. Há algum motivo maior, por trás disso.

Se aquela confusão continuasse, era bem capaz de aparecer algum fotografo, e registrar todo o momento. Na manhã seguinte, estaríamos estampados na capa de alguma revista ou jornal. Também tive algumas parcelas pra que isso acontecesse, então precisaria dar um jeito de parar com aquilo.

Abri a porta do carro, e sai. Olhei em volta - só pra ter certeza de que não havia ninguém suspeito o bastante pra nos fotografar -, ajeitei meu casaco, e caminhei em direção ao pessoal. Georg e Gustav seguravam Megan, que tentava a qualquer custo, voar na tal noiva. Tom ficou no meio, tentando acalmar a namorada. Enquanto isso, a outra garota ficava quieta, somente as ofensas que a Megan lhe fazia.

– Já chega! – gritei.

–--
(Contado pela Savannah)
Todos ficaram calados. Eu estava de costas, e não sabia quem havia dado aquele grito. Sinceramente, achei que fosse algum policial, ou que o padre tivesse “virado” homem e soltado aquele grito. A curiosidade bateu, resolvi me virar, e vi... Alguém que poderia ser chamado de “cópia perfeita”. Pronto! Agora tô vendo tudo em dobro. Tô ficando doida! Minhas vistas começaram a ficar escuras, e depois disso, não me lembro de mais nada.

xxx
Despertei com a Nicolle dando tapinhas em meu rosto. Meus olhos se abriram levemente, e novamente se fecharam. Senti meu rosto ser tocado por algo, que parecia ser um pano molhado, e isso me fez abrir rapidamente os olhos. Eu estava deitada num sofá aconchegante em algum lugar ali dentro da capela. Me sentei, e notei que somente o Tom e a Nicolle estavam comigo.

– Você está bem? – pergunta Tom, se sentando ao meu lado e pegando uma das minhas mãos.
– Sim. – respondi.
– O que foi que houve?
– Você desmaiou ao ver o irmão gêmeo do Tom. – diz Nicolle.
– Irmão gêmeo?
– O nome dele é Bill. – diz Tom.
– Cadê sua namorada?
– Deve estar sendo acalmada pelos meninos. – responde ele.
– E ai, esse casamento sai ou não sai? – pergunta o padre.

Eu sabia, ou melhor, tinha certeza que o casamento não sairia. Se eu quisesse encontrar uma maneira de ficar em LA, teria que ser de outra forma.

– Não. – respondi um pouco cabisbaixa. – Obrigada por ter se oferecido. – disse ao Tom. – Você foi... Muito legal, mesmo não me conhecendo direito.
– Não foi nada. – ele deu um meio sorriso, sem graça. – Desculpa por não ter te ajudado, tá?

–--
(Contado pelo Bill)
A Megan estava um pouco mais calma, e fora levada pro carro, para evitar mais confusões. Fique encarregado de ir chamar o Tom, para que pudéssemos ir pra casa. E no instante em que eu iria entrar na sala em que ele estava, parei, e ouvi o que conversavam.

– Não tem que se desculpar. Eu que deveria ter procurado um noivo que não estivesse comprometido.
– Você não irá desistir de se casar, ok? – ele fez uma pausa. – E se for preciso, te ajudarei a encontrar alguém. É muito bonito isso que está fazendo, tentando ajudar seu pai.

O que ele quis dizer com “tentando ajudar seu pai”? Então quer dizer que esse casamento na verdade era um favor? Adentrei o local, e os dois estavam se abraçando.

– Tom, poderíamos conversar um minuto? – o chamei.

Ele se levantou, e veio até mim. No corredor, comecei a lhe fazer algumas perguntas.

– Que tipo de ajuda ela... Ela faria pro pai? – perguntei.
– Estava escutando nossa conversa? – ele cruza os braços.
– Foi sem querer. Mas me responda.
– O pai dela tem um tumor no cérebro, e precisa de um médico bom o suficiente para fazer uma cirurgia de risco. – ele descruza os braços.
– E o quê o casamento tem haver com isso?
– Pra encontrar esse médico, ela tem que ficar mais tempo aqui em Los Angeles. Só que ela tem apenas duas semanas, e o casamento seria perfeito para ela conseguir o visto de permanência.
– Então esse era o real motivo de você querer se casar?
– Sim. Eu só... Só queria ajudá-la.
– Desde quando você tem esse coração bonzinho?
– Desde que a vida de uma pessoa está em risco. – respondeu seriamente. – Mas você fez o favor de estragar tudo.
– Não coloque a culpa em cima de mim.
– A culpa foi sua! – aumentei um pouquinho a voz. – Se não tivesse ligado pra Megan, há essa hora eu poderia estar casado com a Savannah, e as coisas seriam bem mais fáceis.

Aquelas palavras me fizeram ficar com um enorme peso na consciência. Fiquei calado por alguns instantes.

– O que eu poderia fazer, pra ajudá-la? – perguntei. – Quero reparar esse erro.
– Estaria disposto a fazer qualquer coisa?
– Depende do que “qualquer coisa” significar.

–--
(Contado pelo Tom)
Se ele havia se oferecido para ajudá-la, quem sou eu pra dizer que não poderia? O puxei pela mão, e entramos na sala onde a Savannah e a Nicolle estavam.

– Ainda está ai? – diz Nicolle. – Pensei que já tivessem ido embora.
– Só sairemos daqui, quando esse casamento acontecer. – disse.
– Que casamento? – pergunta Savannah. – A sua namorada por acaso te liberou?
– Não. – respondi. – Mas quem irá se casar com você é o Bill. – disse, sorrindo.
– O quê? – os dois perguntaram em uníssono.
– Ficou doido? – diz Bill.
– Você disse que estava disposto a ajudá-la.
– Mas isso não significava que eu iria me casar com ela!
– Agora já era, maninho. Não dá pra voltar atrás.
– Tom, você perdeu completamente a noção. – diz Savannah.
– Que nada. – disse. – Você precisa de um noivo, e o Bill precisa ajudar alguém.
– Eu estou...
– Muito feliz por estar ajudando-a. – o interrompi.
– Tá legal. – diz Bill. – Só aceito me casar com algumas condições.
– Quais? – perguntei.
– A Beth não pode, em hipótese alguma, ficar sabendo desse casamento, muito menos o pai dela.
– Quem é Beth? – pergunta Savannah.
– Minha namorada.
– Ah não. Isso não vai dar certo. Já chega de confusões com namoradas malucas. – diz ela.
– Relaxa, que vai dar certo sim. – diz Nicolle.
– A segunda condição é: amanhã, sairemos à procura do melhor médico pra fazer a cirurgia do seu pai.

Os olhos da Savannah brilharam ao ouvir o Bill falando aquilo. E um sorriso brotou em seus lábios.

–--
(Contado pela Savannah)
E novamente estávamos ali no altar, com o falso padre celebrando um casamento ainda mais falso. Eu tentava me conter, mas a felicidade de saber que meu pai poderia ser curado em poucos dias ou meses, não me deixava tirar aquele sorriso dos lábios.

– E se alguém que tenha algo contra...
– Por favor – o interrompi. -, da última vez que disse isso, apareceu uma namorada aqui. Então não repita mais. Pode dar azar. – todos riram.
– Tudo bem. – disse o padre. – E eu vos declaro, marido e mulher. – ele olhou pro Bill. – Pode beijar a noiva.
– Ah não, eu sou... Muito conservadora e a minha religião não me permite dar beijos em público. – fui irônica.

Enquanto assinávamos os papéis necessários...

– Estou tão feliz, que agora conseguirá seu visto de permanência. – Nicolle me abraçava.
– Esperai. – disse o padre. – Se casou apenas para ganhar o visto de permanência?
– Sim. – respondi.
– Então você também sabe que deverá morar na casa do noivo, não é?
– Morar onde? – perguntei.
– Se a justiça descobrir que estão casados, mas não moram juntos, esse visto não sairá nunca. Todo o esforço será em vão.

Porque as coisas nunca são simples? Porque tem que aparecer um padre suspeito, e dizer esse tipo de coisa? Porque a Nicolle não me avisou?

Postado por: Grasiele

Sparks Fly - Capítulo 4 - Guess Who? - Part I

Nós não podemos recuar
Há muito em jogo
Isso é sério
Não vá embora
Não podemos fingir que não está acontecendo
(Contado pela Savannah)
O despertador começou a tocar, avisando que aquele seria o dia, em que minha vida, possivelmente mudaria. Muito antes do mesmo tocar, eu já estava acordada. A Ansiedade quase não me permitia ter algumas horas de sono. Na verdade, eu estava preocupada. E se ele desistir? E se ele não aparecer? Essas e várias outras perguntas me atormentaram.

Me sentei na cama, e a primeira coisa que meus olhos enxergaram, foi a foto do meu pai, que estava encostada no abajur, na mesinha de cabeceira. Peguei a mesma, e aos poucos meus olhos começaram a ficar embaçados, por conta das lágrimas.

– Como eu queria que o senhor estivesse aqui, pai. – algumas lágrimas molharam meu rosto. – Mas eu prometo que tudo dará certo.

Naquele mesmo instante, prometi a mim mesma que só sairia daquela capela, quando estivesse casada com alguém. No inicio achei maluquice essa idéia de casamento, mas se for pra ajudar meu pai, faço “qualquer coisa”. Me levantei da cama, rezando pra que tudo desse realmente certo. Fui pro banheiro, e quase desisti de tomar o banho, por causa da água fria. Aos poucos fui me acostumando, e aquilo até aliviou um pouco a minha tensão.

Após sair do banho, tive um enorme problema em encontrar uma roupa adequada à ocasião. Não vim preparada pra casar, o que vestirei? Por sorte, a Nicolle bate à minha porta, e traz consigo um vestido e um par de sapatos. Fiquei aliviada. O vestido era longo, e simples. Mas era um simples bonito.

– Imaginei que não tivesse algo adequado pra vestir, então dei um jeito de lhe arrumar este daí. – diz ela, entrando e entregando-me a roupa.
– Como conseguiu? – fechei a porta.
– Bem, este vestido era pra ter sido usado no dia do meu casamento, mas acabei engordando, semanas antes, e... O zíper não fechou. – ela se senta na cama.
– Que pena.
– Eu sei. – cruza as pernas. – Mas aposto que ele ficará lindo em você.
– Obrigada.

Novamente entrei no banheiro, e me troquei. Voltei ao quarto, e assim que ela me viu, seus olhos se encheram de lágrimas. Comecei a rir.

– Você está linda. – veio me abraçar.

Até parece que esse casamento é de verdade!

– Tô com um frio na barriga. – disse, assim que nos desvencilhamos.
– Vai dar tudo certo.
– Se o Tom não aparecer...
– Ele vai aparecer! – me interrompeu.

Ajeitamos os últimos detalhes, como: perfume, maquiagem, e mínimos acessórios. Depois saímos do quarto. Chegamos à sala, e a dona da pensão levou um susto a me ver vestida daquele jeito.

– Vai se casar e nem convida os amigos. – diz ela.

Que amigos? Por acaso tá falando de você?

– Ela não irá se casar. – responde Nicolle.- Esse vestido é só pra um ensaio fotográfico.

Nos despedimos. E caminhamos até a rua, onde entramos no carro da Nicolle, e fomos diretamente pra capelinha.


–--
(Contado pelo Tom)
Mesmo sabendo que esse casamento não é de verdade, eu estava um pouco nervoso. Como as coisas aconteceram rapidamente, acabei me esquecendo de ligar pra Megan, e lhe contar o que eu estaria prestes a fazer.

Me coloquei em frente ao espelho, pra conferir se a roupa estava boa, ou se havia algo fora do lugar. E sinceramente, aquilo não me agradava muito. Não combina comigo! Sei lá, parece que estou diante de outra pessoa. Abaixei um pouco a cabeça, pra abotoar alguns botões, e quando a ergo novamente, me assusto com o Bill, que estava atrás de mim, com uma expressão séria e as mãos nos bolsos da calça.

– O que foi? – perguntei. – Tô muito gato, não acha?
– Vai mesmo levar essa história de casamento adiante? – pergunta ele.
– Claro. – respondi, e abotoei o último botão. – Tô apaixonado.

Não consegui segurar o riso.

– Tem algo por trás disso, não tem?
– O que poderia ter? – me virei pra ele.
– Talvez pudesse me contar.
– Foi mal, mas não posso lhe contar agora. – caminhei até o closet, para pegar um sapato.
– Desde quando temos segredos? – ele veio atrás.
– Não é questão de termos segredos ou não. Só não posso dizer nada, porque fiz uma promessa. – escolhi um sapato, em seguida me aproximei da gaveta de meias.
– O que está prestes a fazer, é loucura! – Bill estava encostado na porta.
– Não. – voltamos ao quarto. – O nome disso é solidariedade.
– Como assim? – me sentei na cama, e fui calçando a meia, em seguida o sapato.
– Esquece. – me levantei, e fui ao banheiro para passar o perfume. – É melhor irmos logo, porque só a noiva pode chegar atrasada.

Saímos do quarto, e na sala, nos encontramos com o Georg e Gustav. Fomos até a garagem, e entramos num mesmo carro – pra não chamar atenção dos paparazzi -, e seguimos para a capela.

xxx
O carro pára, e como tem os vidros escuros, quem está do lado de fora, não consegue nos enxergar. A Savannah e a Nicolle estavam paradas em frente à capela.

– É aquela que está usando vestido de noiva? – pergunta Gustav.
– Claro que é! – responde Georg. – Se ela está usando vestido de noiva, é porque vai casar!
– Ela é bonita. – diz Gustav.
– Concordo. – disse. – E você, Bill. Não vai falar nada?
– Tudo que eu tinha pra dizer, já foi dito. – respondeu.
– Você não vai entrar? – pergunta Georg.
– Sinto muito, Tom. Mas não posso concordar com essa maluquice. – diz Bill.
– Um dia irá me apoiar. – respondi.

–--
(Contado pela Savannah)
Fazia mais de cinco ou seis minutos que eu estava ali parada, e nem sinal do Tom. Comecei a pensar que ele não fosse aparecer. O meu nervosismo ia aumentando a cada segundo. A Nicolle e o padre – que não tinha cara de padre – tentavam me acalmar.

– Calma, querida, ele chegará. – disse o padre, com uma voz suspeita demais.

O padre deve ter repetido isso umas quatro vezes, e se repetisse mais uma, juro que lhe daria um soco na boca. Sei que é pecado ficar julgando as pessoas sem saber o que elas realmente são. Mas aquele pitbull com certeza era lassie.

Quando estava prestes a desistir, um carro preto pára em frente à capela. Mas ninguém saia de dentro dele. Pouco depois foi que as portas se abriram, e saem dois garotos. Eu não conhecia nenhum deles! Em seguida vi o Tom saindo. Ele se aproximou rapidamente.

– Desculpa pela demora, e... Você está muito bonita. – diz Tom.
– Obrigada. – respondi, um pouco tímida.
– Esses são meus amigos, Georg e Gustav.
– Olá. – os cumprimentei.
– Oi. – disseram em uníssono.
– Todos já estão aqui? – pergunta o padre.
– Sim. – disse.
– Então já podem ficar preparados para entrarem.

Tom entrou na igreja, e ficou em seu devido lugar. E acabei de crer que isso é mesmo loucura! O que estou fazendo? Tudo parece ser tão real, mas não passa de uma mentira! Nicolle também entrou, e se sentou num dos bancos lá na frente. Os dois garotos também entraram, e se sentaram ao lado dela. Uma música bonitinha começou a tocar, e fui entrando devagar. Quando estava me aproximando, acelerei o passo. Nem eu mesma estava acreditando naquilo.

O padre começou a falar, e nem prestei atenção, pois eram muitas coisas. Só estava torcendo para aquilo acabar o mais rápido possivel.

– Com licença. – sussurrei ao padre. – Será que poderia pular toda essa parte, e nos fazer a pergunta? – o Tom tentou disfarçar, mas começou a rir baixinho.
– Fica quietinha ai, que já estou chegando lá. – responde ele.

Mais que demora, hein? Isso tudo só pra depois chegar e dizer “você aceita se casar com...?” Ele não poderia simplesmente começar o casamento perguntando isso? E após uma “longa” espera, o padre nos pergunta, e respondemos em uníssono, sim. Quando chega a hora do “alguém que tenha algo contra, fale agora ou cale-se para sempre”, entra uma garota, e gritou:

– Eu tenho! – todos se viraram para trás.
– Megan?! – diz Tom, surpreso.
– Como você é cara de pau, hein Kaulitz? – ela parou, e colocou as mãos na cintura.
– O que está fazendo aqui?
– Eu quem pergunto!
– Quem é ela? – sussurrei ao Tom.
– Minha namorada. – responde ele.
– Namorada? – falei alto, e me afastei um pouco. – Porque não disse que tinha uma namorada?
– É, porque não disse? – diz a garota.
– Não achei que fosse necessário. – diz ele.
– Seu desgraçado, eu vou matar você. – a garota se aproxima com raiva.

E é nessa hora que o padre se revela!

– Esperai! – grita ele. – Tá pensando que capela é bordel?

Ninguém lhe dá ouvidos, pelo menos a garota não se importou com o que ele disse. A confusão foi ficando cada vez maior. Só sei que o Tom segurou no braço da tal garota, e a arrastou para fora do local. Os amigos dele o acompanharam, pra tentar amenizar as coisas, um pouco mais. Fiquei sem reação, e me sentei ali no chão.

Postado por: Grasiele

Sparks Fly - Capítulo 3 - Is it true?

(Contado pela Savannah)
– Savannah, este é o Tom Kaulitz. – disse Nicolle, e me levantei para cumprimentá-lo.
– Muito prazer. – disse, estendendo a mão.
– O prazer é todo meu. – responde ele, sorrindo.
– Bom, vou voltar pra pista de dança. – diz ela.

Nicolle se retirou, e me deixou ali com uma pessoa que eu não fazia idéia de quem poderia ser. Tive vontade de despachar o rapaz, mas a vergonha não me permitia. Fiquei completamente sem graça e até um pouco nervosa - talvez pelo fato de eu não saber me comportar muito bem na frente de garotos -, e toda vez que isso acontece, meu olho direito começa a piscar.

– Você... Tá com algum problema no olho? – pergunta ele.
– Não. – sim.

Que vergonha, meu Deus. Que vergonha! Ele com certeza deve estar pensando que sou maluca. Mas aquilo era involuntário, eu não conseguia controlar. E meu olho só parou de piscar, quando me sentei à mesa e bebi um coquetel.

– Savannah é um nome diferente, não? – diz ele.
– Um pouco. – respondi.
– Quem foi o “maluco” – ele riscou as aspas no ar. -, que lhe deu esse nome.
– O “maluco” – fiz o mesmo. –, é o meu pai. – nós rimos.
– Me diz uma coisa, você está à procura de um noivo?
– Aposto que foi a Nicolle quem te contou isso, não é?
– Sim. – ele deu um gole em seu coquetel. – Ela disse que você precisa do visto de permanência.
– Preciso mesmo. Mas não será me casando, que conseguirei. – também bebi um pouco.
– Vai por mim, casada, você conseguirá bem mais fácil e rápido.
– Acha mesmo?
– Um-hum.
– Quanto tempo leva pra conseguir esse visto?
– Bem, se você quiser conseguir da forma tradicional, demorará no mínimo uns dois anos.
– Isso tudo! – perguntei, incrédula.
– É. Mas se você conseguir se casar, acho que não leva nem duas semanas.
– A única pessoa que conheço aqui, é a Nicolle. E ninguém encontrar um noivo assim, da noite pro dia.
– Olha, sei que não nos conhecemos, mas se você aceitar posso te ajudar.
– E porque faria isso?
– Você parece ser uma pessoa legal.
– Sei. – fiz uma pausa. – Me... Me dá só um minutinho?
– Claro.

Me levantei, e iniciei uma busca pela Nicolle, que havia desaparecido no meio daquele pessoal. Pra facilitar um pouco mais, tive que subir numa mesa. E dá pra acreditar que algumas pessoas pensaram que eu iria fazer um strip-tease?

– Tira! Tira! Tira! – começaram a gritar.
– Tira o quê? – perguntei. – Tá doido? – desci da mesa.

Finalmente consegui encontrá-la dançando com algumas meninas. Hum, achei meio estranho, mas enfim. A puxei pelo braço, e fomos pro banheiro. E como todo banheiro feminino só rola fofoca, maquiagens e até outras coisas... Também não fiquei impressionada ao ver duas meninas fazendo besteirinhas. Na verdade, fiquei com nojo, já que aquilo ali não é local pra fazer esse tipo de coisa.

– Fale a verdade, você combinou com aquele garoto sobre o casamento, não é? – perguntei.
– Só comentei.
– Engraçado, porque ele veio com um papo estranho, e até se ofereceu pra casar comigo!
– Sério? – ela sorriu. – Você aceitou, não é?
– Ainda não. Mas você já olhou pra cara dele?
– O quê que tem?
– Ele tem cara de tarado! – ela começou a rir. – E não irei me casar com um tarado!
– Savannah, o Tom é uma boa pessoa.
– Será que não existe outra maneira d’eu conseguir esse maldito visto?
– Com certeza há, tipo... Você esperar alguns anos. Ah, me esqueci. Você só tem DUAS semanas. – me olhou nos olhos. – Deixa de bobagem, e case-se logo!
– Se eu me casar, e aquele garoto tentar alguma coisa...
– Ele não tentará nada! – me interrompeu.

–--
(Contado pelo Tom)
Cheguei em casa por volta das 9h15 da manhã. Tive que pegar um táxi, pois havia bebido, e não queria correr o risco de sofrer um acidente. Deixei meu carro no estacionamento privado da boate, e mais tarde outra pessoa iria buscá-lo pra mim.

Quando entrei, a casa parecia silenciosa. Chamei pelos meninos, e todos estavam na cozinha, tomando café.

– Quem é vivo sempre aparece. – diz Gustav.
– A noite deve ter sido muito boa, hein? – diz Georg.
– Foi ótima. – respondi. Em seguida me sentei numa das cadeiras.
– Que bom. – diz Bill. – E acho melhor você arranjar uma boa desculpa pra dar à Megan, porque ela saiu daqui faz dez minutos.
– Droga! – disse. – O que ela queria?
– Veio te ver. Ou já se esqueceu que está namorando com ela? – diz Georg.
– Não me esqueci. Só não precisava me lembrar.
– Mas nos conte como foi sua noite? – pergunta Gustav.
– Já disse que foi ótima. – coloquei um pouco de café na xícara. – Conheci uma garota, e vou me casar com ela.

Neste momento o silêncio tomou conta do local, e todos pararam o que estavam fazendo. Eles se entreolharam, e der repente soltaram gargalhadas.

– Ah, fala sério, Tom! – diz Bill.
– Eu to falando sério.
– Algum alienígena te abduziu, não foi? – pergunta Gustav. – Mas fica tranqüilo, porque estaremos sempre ao seu lado. – continuavam rindo.
– Também não se preocupe com sua memória, porque aos poucos ela voltará. – completou, Georg. Me levantei.
– Pessoal, eu to mesmo falando sério.

Novamente eles se calaram, e ficaram um pouco sérios. Mas aquilo durou pouco tempo, pois voltaram a dar gargalhadas.

– Porque não acreditam em mim? – perguntei.
– Porque o Tom Kaulitz que conhecemos, se acha novo o suficiente pra não se casar agora, pois ainda quer aproveitar muito o que a liberdade tem a lhe oferecer. – diz Bill. – É um milagre você ainda estar comprometido com a Megan. E mesmo assim, a coitada leva belos chifres quando você quer.
– Todo mundo, principalmente a Megan, sabe que esse lance não é sério. Só estamos juntos pra passar o tempo.
– Vocês se conhecem há um ano, e isso não é sério? – pergunta Bill.
– Não. – respondi tranquilamente.
– Viu só? – diz Georg. – Como quer que acreditemos que agora você está falando a verdade, se só conhece essa garota há uma noite?
– Tá legal, se não querem acreditar, por mim tudo bem. – peguei o copo com o suco. – O casamento acontecerá amanhã de manhã, às 9h30, naquela capelinha que fica na mesma rua da boate. Não se atrasem. – me retirei, e fui pro quarto.

–--
(Contado pelo Bill)
Após o Tom ter se retirado da cozinha, o silêncio novamente tomou conta do lugar. Com certeza era difícil de acreditar que ele iria se casar. Estamos falando de Tom Kaulitz, e não do Georg, Gustav ou até mesmo de mim. Alguma coisa deve ter acontecido, pra ele der repente resolver se casar. E pra começo de conversa, quem é essa garota?

Enquanto eu tento fugir do Marcos, pra não ter que me casar com a Beth, o Tom me aparece com essa noticia. Mas se ele tiver aprontando, não demorará muito tempo, até descobrirmos toda a verdade.

– Acha mesmo que o Tom irá se casar? – pergunta Georg.
– Não faço idéia. – respondi. – Mas ele pareceu bem certo do que estava falando.
– Só acreditarei, quando ele aparecer com uma aliança no dedo. – disse Gustav. – E nós iremos nesse casamento, não é?
– E você acha que eu perderia essa cena? – disse. – Quero ver quem é a maluca. – nós rimos.

Depois de termos tomado o café, peguei a chave do carro, e fui até a casa da Beth. Devo ter demorado uns dez minutos pra chegar lá. Fui recebido pela empregada. Ao entrar na sala, me deparei com o pai dela, sentado no enorme sofá de couro branco, e tomando uísque. Ele sorriu a me ver, e me aproximei para cumprimentá-lo.

– Há quanto tempo não te vejo, Kaulitz. – diz Marcos.
– É que ando um pouco ocupado com alguns projetos da banda. – respondi, e me sentei ao seu lado.
– E quando esse casamento com a Beth sairá?

Fiquei sem saber o que responder, e comecei a tossir. Aquela era a única pergunta que eu não gostaria de ouvir naquela manhã. Por sorte, a Beth apareceu e veio dar leves tapas em minhas costas.

– July, traga um copo de água pro rapaz! – gritou Marcos à sua empregada.

Quando a água chegou, bebi o mais devagar possivel só pra ver se ele se esquecia daquela pergunta.

– Já passou? – pergunta ele.
– Acho que sim. – respondi.
– Que bom. – me encarou. - Mas ainda não me respondeu.
– Qual foi mesmo a pergunta?
– Quando se casará com a Beth?
– Bom... – comecei a gaguejar.
– Esse assunto de casamento não te agrada muito, não é?
– Só acho que ainda é um pouco cedo para falarmos sobre isso.
– Cedo? – ele colocou o copo em cima da mesinha de centro. – Vocês estão namorando há dois anos!

Juro que pensei que ele fosse sacar uma arma e me matar!

– Eu sei, mas...
– Papai, por favor, não vamos falar nisso agora. – disse Beth.

Me deu uma vontade imensa de soltar um suspiro de alivio, mas não dava pra fazer isso na frente do Marcos. É nessas horas que me pergunto “O Tom ficou doido? Como é que ele vai ter coragem de se casar?

Postado por: Grasiele

Sparks Fly - Capítulo 2 - It Needed Only a Little Push.

Cara, qual é
Você é um astro do rock
Venha colocar um pouco de amor na minha caixinha de amor
Quero dançar sem calças (olá)
Encontre-me nos fundos com uma garrafa de Jack e a jukebox
Pare com essa perseguição, garoto
Porque eu sei que você não quer saber do meu nome do meio
Eu quero tirar a roupa, mas você está chapado
(Contado pela Savannah)

Querem um conselho? Nunca, nunca façam a reserva de um hotel ou qualquer outro tipo de lugar, sem ter plena certeza de que é aquilo mesmo. Estou tentando me segurar mais algum tempo aqui na pensão, mas a cada minuto as coisas ficam terríveis. Não me importo tanto em tomar um banho de água fria, mas ter que conviver com baratas é o limite do meu limite! Um bicho nojento, que me dá arrepios só de pensar. Sem contar que este lugar não tem nada a oferecer, e aqui estou deitada na cama, olhando pro teto. E aquele silêncio estava me incomodando demais. Me sentei, e olhei pros quatro cantos. O quê que eu vim fazer aqui? É nessas horas que temos vontade de não ter saído de onde viemos.

Estava começando a pensar, que se eu passasse mais um minuto dentro do quarto, começaria a falar com as aranhas. Foi ai que a salvação bateu à minha porta.

– Tá fazendo o quê? – pergunta, Nicolle.
– Nada. – respondi.
– Tô indo me divertir um pouco numa boate aqui perto, você...
– Claro! – respondi antes que ela pudesse terminar.

Lhe pedi um minutinho, só pra eu poder trocar de roupa. Como a Nicolle é casada com um cara, que aparenta ter muito dinheiro, não fiquei espantada ao saber que tinha um carro luxuoso.

– Se tivermos sorte, encontraremos um noivo pra você. – disse ela, enquanto dirigia.
– Ah não. – disse um pouco sem graça. – Não sei se quero me casar. Sou muito nova. – ela ri.
– E como pretende ganhar o visto de permanência pra ajudar seu pai?
– Sei lá, darei outro jeito.

Cinco minutos depois chegamos à boate. Havia uma fila enorme pra entrar, mas a Nicolle quis ser um pouco mais esperta...

– Olha, ela é... A mais nova... Miss... Mundo! – disse Nicolle.
– Ah tá, e eu sou o Michael Jackson. – o segurança foi irônico.

Miss Mundo? Essa foi a pior mentira que já ouvi! Se me dissessem isso, não acreditaria de maneira alguma. Essa garota deveria aprender a mentir primeiro, pra depois sair falando.

– Poxa, ela largou vários compromissos só pra visitar essa boate, e você vai impedi-la de entrar? – ela ainda tentava convencer o segurança.
– Se eu não deixar vocês duas entrarem, ficarão aqui me infernizando, não é?
– Sem dúvida alguma.
– Tá legal, então entrem logo!

Inacreditável! Ela conseguiu mesmo? Será que essa desculpa também funciona em outros lugares, tipo shows? Qualquer dia desses farei o teste. Mas enfim, a boate estava super animada, e eu nunca tinha visto tanto homem bonito num só lugar. Aquilo era o paraíso. Dava vontade de ficar parada observando-os dançar.

(Contado pelo Bill)

Estava sentado numa das espreguiçadeiras à beira da piscina, com caderno e caneta em mãos, pronto pra compor mais uma música. A casa não estava tão silenciosa, pois os meninos se divertiam jogando vídeo game. Minha criatividade parecia não querer me ajudar, e quanto mais eu me esforçava pra escrever algo, nem que fosse uma única frase, minha atenção era tomada por um simples barulhinho. E naquele dia, o que me tirou a atenção, foi o por do Sol, que refletia seus últimos fachos de luzes na água da piscina. Aquela poderia ser a hora perfeita pra eu me inspirar em alguma coisa, se não tivesse sido interrompido mais uma vez.

– Está compondo novamente? – pergunta Beth, em seguida me dá um selinho, e se senta na espreguiçadeira ao lado.
– Estava tentando. – respondi.
– Atrapalhei?
– Não, imagina. – sorri. – Mas... O que faz aqui há essa hora? Amanhã você não vai ter que acordar cedo pra gravar? – fechei o caderno, e o coloquei sobre a mesinha ao lado.
– Não estava a fim de ficar sozinha em casa. – fez uma pausa. – O que acha de sairmos um pouquinho?
– Foi mal, mas não tô com ânimo. – me levantei, e comecei a caminhar em direção a entrada da casa. Beth me acompanhava.
– Poxa, Bill. – segurou meu braço e me fez virar. – A gente vive trabalhando, e quando temos um tempinho livre, você não quer sair comigo? – fez biquinho.
– Você também precisa descansar. – me desvencilhei. – Não vai querer aparecer no filme com cara de cansada, vai?
– Claro que não! – respondeu, sem hesitar. –Mas... Eu queria conversar com você.
– Já estamos conversando. – entrei em casa.
– Não estou falando desse tipo de conversa. – ela veio atrás. – Queria saber como foi o seu dia, o que tem feito, como estão as coisas...

Enquanto ela fazia uma “lista” do que queria saber sobre mim, eu abria a geladeira e pegava a jarra de suco. Depois fui até o armário, peguei dois copos e me sentei à mesa.

– O meu dia foi bastante corrido. – comecei a responder. – A única coisa que tenho feito, é me preparar para o começo das gravações do cd, e está tudo muito bem, obrigado. – coloquei o suco nos copos.
– Como você é sem graça. – ela se levanta, e sai.

Fiquei ali na cozinha só o tempo em que terminava de tomar o suco, depois passei pela sala, e os meninos continuavam jogando. Não encontrei a Beth, e ela provavelmente deveria estar no banheiro retocando mais uma vez a sua maquiagem.

– Cara, você tá roubando de novo?! – disse Georg.
– Eu não! – diz Tom. – Você que não sabe ganhar.
– Tá legal, sai daí, Tom, que é minha vez. – diz Gustav.

Subi as escadas, e fui direto pro quarto. Ao abrir a porta, vi a Beth sentada em minha cama, tocando o violão que minha mãe havia me dado de presente há alguns meses, antes de nos mudarmos para LA.

– O que está fazendo? – me aproximei rapidamente, e tomei o violão de suas mãos. – Já não disse que NINGUÉM mexe nesse violão, além de mim e do Tom?
– Desculpa. – ela pareceu um pouco assustada. – Pensei que...
– Não pensou nada! – quase gritei, em seguida coloquei o violão ao lado da cama. – Você não pode sair mexendo nas minhas coisas assim, sem permissão.
– Calma, Bill! – ela se levantou. – Não precisa ficar assim. – seus olhos estavam cheios de lágrimas. – Me... Me desculpa. Não fiz por querer.

Aposto que fez. Mas devo confessar que fui um tanto ignorante com ela.

– Tá tudo bem. – abaixei o tom de voz. – Só não toque nele mais.
– Um-hum.
– Vem cá. – abri os braços, e esperei que ela viesse me abraçar.

Nos abraçamos, e Beth novamente pediu desculpas. Lhe dei um beijo, pra ver se parava com toda aquela manha.

– Pode me levar pra casa?
– Tenho que terminar a letra de uma música, então... – caminhei até a mesinha de cabeceira, e peguei o celular. – É melhor chamar um táxi. – lhe entreguei o aparelho.
– Ok.

Depois que a Beth foi embora, retornei à beira da piscina pra fazer mais uma tentativa de compor alguma coisa. Mas este com certeza não é o meu dia.

– Ô Bill, estamos indo àquela boate. – diz Tom. – Tá a fim de ir?
– Vou ficar pra terminar de compor.
– Você quem sabe.

(Contado pela Nicolle)
Enquanto eu me acabava na pista de dança, a Savannah ficava sentada numa das mesas, tomando alguma coisa. Eu sabia que ela queria se casar pra conseguir o visto, só faltava um pequeno empurrãozinho pra tudo acontecer o mais rápido possivel. Quando fiquei um pouco cansada, me juntei a ela, e de longe avistei um conhecido entrar no local, com alguns amigos. Me levantei em seguida, e fui cumprimentá-lo.

– Tom?!
– Nicolle, há quanto tempo, hein? – nos abraçamos.

Pedi licença aos meninos, pois roubaria o Tom só um pouquinho. Tivemos que falar praticamente gritando, por causa do barulho.

– Acho que algum anjo lhe enviou até aqui. – disse.
– Por quê?
– Preciso da sua ajuda. – fiz uma pausa. – Uma amiga precisa se casar amanhã.
– Parabéns pra ela!
– O único problema é que ela ainda não tem um noivo. – ele sorriu.
– Isso é algum tipo de indireta?
– Por favor, faz isso por mim?
– Eu tenho namorada!
– E daí? Ela não precisa saber disso.
– Isso é praticamente impossível!
– É só por alguns dias. Só até ela conseguir o visto de permanência.

Ele demorou algum tempo pra responder.

– Só aceito com algumas condições.
– Quais?
– Se ela for bonita, gostosa, e querer alguma coisa comigo. – nós dois rimos.
– Garanto que ela é bem bonita e gostosa. Só não posso garantir que ela irá se interessar por algo a mais.
– Que tipo de casamento é esse, que não tem diversões?
– Vem comigo, irei te apresentá-la.

Fomos até a mesa onde a Savannah estava, e ao vê-la, a primeira reação do Tom foi abrir um sorriso enorme.

– Savannah, este é o Tom Kaulitz. – disse, e ela se levantou para cumprimentá-lo.
– Muito prazer. – diz ela, estendendo sua mão.

Postado por: Grasiele

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