sábado, 4 de fevereiro de 2012

Sparks Fly - Capítulo 5 - Guess Who? - Part II

(Contado pela Savannah)
– Esperai! – grita ele. – Tá pensando que capela é bordel?

Ninguém lhe dá ouvidos, pelo menos a garota não se importou com o que ele disse. A confusão foi ficando cada vez maior. Só sei que o Tom segurou no braço da tal garota, e a arrastou para fora do local. Os amigos dele o acompanharam, pra tentar amenizar as coisas, um pouco mais. Fiquei sem reação, e me sentei ali no chão.

– Fique calma, porque ainda dá tempo de casar. – diz Nicolle, se sentando ao meu lado.
– Ele tem namorada! – olhei pra ela.
– Olha, se não for com ele, a gente consegue outro noivo.
– O quê? – perguntei, incrédula. – As coisas não são tão simples assim.

Os minutos iam se passando, e nada do Tom aparecer. Devo ter ficado sentada ali por mais ou menos meia hora. A discussão entre ele e a namorada estava tão feia, que dava pra ouvir claramente o que cada um falava. Comecei a me sentir culpada por tudo aquilo. Abracei meus joelhos, e permaneci assim.

– Só quero lembrá-las – o padre se aproximou. -, que o meu pagamento é por hora, tá?
– O noivo está lá fora, discutindo com a namorada, e você vem falar sobre pagamento? – me levantei. – Tem vergonha na cara não?!
– Calma, Savannah! – disse Nicolle, também se levantando, e segurando em meu braço.
– Que calma? – quase gritei, e me desvencilhei.
– Não quero saber se o casamento aconteceu ou não. Só sei que quero o meu dinheiro! – o padre insistiu.
– Cale a boca! – Nicolle gritou. – Você nem é padre!
– Não? – perguntei.
– Não exatamente. – responde ela. – Mas enfim, ficar aqui discutindo não irá resolver nada!
– Eu não vim até aqui, pra deixar que tudo terminasse desse jeito.

Caminhei em direção a saída da capela, certa de que conversaria com o Tom, e convenceria a namorada dele. Sei que não tenho direito de exigir nada, mas também não posso deixar que as coisas terminem dessa maneira.

– Desculpa interromper – disse. -, mas o padre tá perguntando se ainda haverá casamento. – fui educada.
– E ainda tem a cara de pau de perguntar? – diz a namorada. – É óbvio que não haverá casamento algum! – ela estava com raiva.
– Dá licença, mas eu to falando com o Tom, e não com você. – respondi.

Os meninos começaram a rir.

– Quem você pensa que é, pra falar assim comigo? – pergunta ela.
– E quem VOCÊ pensa que é, pra falar assim? – lhe encarei.
– Me segura! – disse ela. – Me segura, que eu vou dar na cara dessa garota!

Sério, a minha vontade foi de começar a rir também. O que ela tem de comissão de frente, tem de ignorância. Acho que esse negócio de casamento subiu pra minha cabeça. Discutia com a namorada dele, como se eu estivesse certa. Como se ela fosse a intrusa naquele lugar. Como se o Tom pertencesse a mim. Se os meninos não tivessem segurado-a, ela com certeza teria voado em cima de mim pra me agredir.

–--
(Contado pelo Bill)
Eu sabia que essa história de casamento não daria certo. Sabia que o Tom estava escondendo alguma coisa. E sim, fui eu quem ligou para a Megan. Poxa, não acho justo a coitada se dedicar tanto ao meu irmão, e ele simplesmente resolver que irá se casar com uma estranha, por algum motivo ainda mais estranho e desconhecido. Além do mais, ele foi muito errado em não ter comunicado-a. Mesmo porque, apesar de a Megan ser barraqueira, ela ainda era sua namorada e tinha todo o direito de saber da verdade.

Eu estava dentro do carro, só vendo a confusão que rolava ali na frente da capela. As pessoas passavam, e ficavam olhando. Até o motorista do carro, começou a rir.

– Tá vendo só, o que o Tom conseguiu arrumar? – disse.
– Ele iria mesmo se casar?
– Se eu não tivesse ligado pra Megan, há essa hora ele já teria feito a burrice.
– E porque ele resolveu se casar com uma desconhecida, ao invés da namorada?
– Não sei. – continuei olhando através do vidro escuro. – Ele não quis me contar.
– Será que ela tá subornando ele? – olhei pro motorista.
– O Tom é inteligente, e não se deixaria ser subornado. Há algum motivo maior, por trás disso.

Se aquela confusão continuasse, era bem capaz de aparecer algum fotografo, e registrar todo o momento. Na manhã seguinte, estaríamos estampados na capa de alguma revista ou jornal. Também tive algumas parcelas pra que isso acontecesse, então precisaria dar um jeito de parar com aquilo.

Abri a porta do carro, e sai. Olhei em volta - só pra ter certeza de que não havia ninguém suspeito o bastante pra nos fotografar -, ajeitei meu casaco, e caminhei em direção ao pessoal. Georg e Gustav seguravam Megan, que tentava a qualquer custo, voar na tal noiva. Tom ficou no meio, tentando acalmar a namorada. Enquanto isso, a outra garota ficava quieta, somente as ofensas que a Megan lhe fazia.

– Já chega! – gritei.

–--
(Contado pela Savannah)
Todos ficaram calados. Eu estava de costas, e não sabia quem havia dado aquele grito. Sinceramente, achei que fosse algum policial, ou que o padre tivesse “virado” homem e soltado aquele grito. A curiosidade bateu, resolvi me virar, e vi... Alguém que poderia ser chamado de “cópia perfeita”. Pronto! Agora tô vendo tudo em dobro. Tô ficando doida! Minhas vistas começaram a ficar escuras, e depois disso, não me lembro de mais nada.

xxx
Despertei com a Nicolle dando tapinhas em meu rosto. Meus olhos se abriram levemente, e novamente se fecharam. Senti meu rosto ser tocado por algo, que parecia ser um pano molhado, e isso me fez abrir rapidamente os olhos. Eu estava deitada num sofá aconchegante em algum lugar ali dentro da capela. Me sentei, e notei que somente o Tom e a Nicolle estavam comigo.

– Você está bem? – pergunta Tom, se sentando ao meu lado e pegando uma das minhas mãos.
– Sim. – respondi.
– O que foi que houve?
– Você desmaiou ao ver o irmão gêmeo do Tom. – diz Nicolle.
– Irmão gêmeo?
– O nome dele é Bill. – diz Tom.
– Cadê sua namorada?
– Deve estar sendo acalmada pelos meninos. – responde ele.
– E ai, esse casamento sai ou não sai? – pergunta o padre.

Eu sabia, ou melhor, tinha certeza que o casamento não sairia. Se eu quisesse encontrar uma maneira de ficar em LA, teria que ser de outra forma.

– Não. – respondi um pouco cabisbaixa. – Obrigada por ter se oferecido. – disse ao Tom. – Você foi... Muito legal, mesmo não me conhecendo direito.
– Não foi nada. – ele deu um meio sorriso, sem graça. – Desculpa por não ter te ajudado, tá?

–--
(Contado pelo Bill)
A Megan estava um pouco mais calma, e fora levada pro carro, para evitar mais confusões. Fique encarregado de ir chamar o Tom, para que pudéssemos ir pra casa. E no instante em que eu iria entrar na sala em que ele estava, parei, e ouvi o que conversavam.

– Não tem que se desculpar. Eu que deveria ter procurado um noivo que não estivesse comprometido.
– Você não irá desistir de se casar, ok? – ele fez uma pausa. – E se for preciso, te ajudarei a encontrar alguém. É muito bonito isso que está fazendo, tentando ajudar seu pai.

O que ele quis dizer com “tentando ajudar seu pai”? Então quer dizer que esse casamento na verdade era um favor? Adentrei o local, e os dois estavam se abraçando.

– Tom, poderíamos conversar um minuto? – o chamei.

Ele se levantou, e veio até mim. No corredor, comecei a lhe fazer algumas perguntas.

– Que tipo de ajuda ela... Ela faria pro pai? – perguntei.
– Estava escutando nossa conversa? – ele cruza os braços.
– Foi sem querer. Mas me responda.
– O pai dela tem um tumor no cérebro, e precisa de um médico bom o suficiente para fazer uma cirurgia de risco. – ele descruza os braços.
– E o quê o casamento tem haver com isso?
– Pra encontrar esse médico, ela tem que ficar mais tempo aqui em Los Angeles. Só que ela tem apenas duas semanas, e o casamento seria perfeito para ela conseguir o visto de permanência.
– Então esse era o real motivo de você querer se casar?
– Sim. Eu só... Só queria ajudá-la.
– Desde quando você tem esse coração bonzinho?
– Desde que a vida de uma pessoa está em risco. – respondeu seriamente. – Mas você fez o favor de estragar tudo.
– Não coloque a culpa em cima de mim.
– A culpa foi sua! – aumentei um pouquinho a voz. – Se não tivesse ligado pra Megan, há essa hora eu poderia estar casado com a Savannah, e as coisas seriam bem mais fáceis.

Aquelas palavras me fizeram ficar com um enorme peso na consciência. Fiquei calado por alguns instantes.

– O que eu poderia fazer, pra ajudá-la? – perguntei. – Quero reparar esse erro.
– Estaria disposto a fazer qualquer coisa?
– Depende do que “qualquer coisa” significar.

–--
(Contado pelo Tom)
Se ele havia se oferecido para ajudá-la, quem sou eu pra dizer que não poderia? O puxei pela mão, e entramos na sala onde a Savannah e a Nicolle estavam.

– Ainda está ai? – diz Nicolle. – Pensei que já tivessem ido embora.
– Só sairemos daqui, quando esse casamento acontecer. – disse.
– Que casamento? – pergunta Savannah. – A sua namorada por acaso te liberou?
– Não. – respondi. – Mas quem irá se casar com você é o Bill. – disse, sorrindo.
– O quê? – os dois perguntaram em uníssono.
– Ficou doido? – diz Bill.
– Você disse que estava disposto a ajudá-la.
– Mas isso não significava que eu iria me casar com ela!
– Agora já era, maninho. Não dá pra voltar atrás.
– Tom, você perdeu completamente a noção. – diz Savannah.
– Que nada. – disse. – Você precisa de um noivo, e o Bill precisa ajudar alguém.
– Eu estou...
– Muito feliz por estar ajudando-a. – o interrompi.
– Tá legal. – diz Bill. – Só aceito me casar com algumas condições.
– Quais? – perguntei.
– A Beth não pode, em hipótese alguma, ficar sabendo desse casamento, muito menos o pai dela.
– Quem é Beth? – pergunta Savannah.
– Minha namorada.
– Ah não. Isso não vai dar certo. Já chega de confusões com namoradas malucas. – diz ela.
– Relaxa, que vai dar certo sim. – diz Nicolle.
– A segunda condição é: amanhã, sairemos à procura do melhor médico pra fazer a cirurgia do seu pai.

Os olhos da Savannah brilharam ao ouvir o Bill falando aquilo. E um sorriso brotou em seus lábios.

–--
(Contado pela Savannah)
E novamente estávamos ali no altar, com o falso padre celebrando um casamento ainda mais falso. Eu tentava me conter, mas a felicidade de saber que meu pai poderia ser curado em poucos dias ou meses, não me deixava tirar aquele sorriso dos lábios.

– E se alguém que tenha algo contra...
– Por favor – o interrompi. -, da última vez que disse isso, apareceu uma namorada aqui. Então não repita mais. Pode dar azar. – todos riram.
– Tudo bem. – disse o padre. – E eu vos declaro, marido e mulher. – ele olhou pro Bill. – Pode beijar a noiva.
– Ah não, eu sou... Muito conservadora e a minha religião não me permite dar beijos em público. – fui irônica.

Enquanto assinávamos os papéis necessários...

– Estou tão feliz, que agora conseguirá seu visto de permanência. – Nicolle me abraçava.
– Esperai. – disse o padre. – Se casou apenas para ganhar o visto de permanência?
– Sim. – respondi.
– Então você também sabe que deverá morar na casa do noivo, não é?
– Morar onde? – perguntei.
– Se a justiça descobrir que estão casados, mas não moram juntos, esse visto não sairá nunca. Todo o esforço será em vão.

Porque as coisas nunca são simples? Porque tem que aparecer um padre suspeito, e dizer esse tipo de coisa? Porque a Nicolle não me avisou?

Postado por: Grasiele

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