sábado, 4 de fevereiro de 2012

Sparks Fly - Capítulo 9 - You don't know me, Tom.

(Contado pela Savannah)

Diferente do dia, que estava ensolarado e muito quente, a noite ventava um pouco e estava um tanto fria. Eu, particularmente prefiro assim. Dias ou noites frias, e sem chuva. Acabei de sair de um banho relaxante, e fui diretamente ao closet para escolher uma roupa. Como eu já havia jantado, não tinha mais nada que eu pudesse fazer fora daquele quarto, então coloquei logo o meu pijama. Nos pés, as meias completavam. Penteei o cabelo, e o prendi num coque bagunçado.

Apaguei a luz do quarto, deixando apenas o abajur ligado. Me sentei na cama, e peguei um livro que estava ali na mesinha de cabeceira. Fiquei lendo, enquanto o sono não chegava. Em pouco tempo, notei que começara a chover. E como eu não resisto em ficar apenas escutando, deixei o livro ali em cima da cama, me levantei e me aproximei da porta de vidro. A chuva estava forte. E não demorou muito para que começasse a trovejar. Der repente as luzes se apagaram. Voltei para a cama, e abracei um daqueles travesseiros.

(Flashback)

Eu tinha apenas sete anos, e naquela noite a chuva também caia forte, me deixando assustada. Com medo de sair do quarto, ou de ficar ali deitada na cama, resolvi me enfiar debaixo da mesma. Mas antes, carreguei um urso que eu tinha desde que nasci, Lilo. E ficamos nós dois ali debaixo, esperando que alguém fosse entrar pela porta para nos salvar dos tenebrosos trovões.

– Savannah, onde está, querida? – pergunta meu pai, abrindo a porta do quarto.
– Aqui. – quase sussurrei.
– Savannah?! – ele chamou outra vez.
– Estou aqui. – falei um pouco mais alto.

Então ele se abaixou, e me encontrou. Nos meus olhos, o medo estava estampado. O Lilo quase perdia a cabeça, de tanto eu o apertar.

– O que faz ai?
– Me escondendo. – meu pai riu.
– Será que tem espaço pra mim?
– Um-hum. – ele entrou debaixo da cama, e ficou ao meu lado.
– Quando isso vai parar?
– Não vai demorar muito.
– A casa parece que vai cair.
– Fica tranqüila. Nada acontecerá a você ou ao Lilo. – sua voz me confortava. – Estarei ao seu lado sempre.

Para me acalmar um pouco mais, ele começou a contar histórias. Eu estava com tanto medo, que aquilo me fez adormecer, e nem percebi quando a chuva parou.

(/Flashback)

–--
(Contado pelo Tom)
Abri um pouco a cortina da sala, e fiquei olhando para fora.

– Essa chuva parece não querer parar mais. – disse.
– Por acaso vai sair pra algum lugar? – pergunta Bella.
– Não. – respondi, e me virei para ela. – Só não gosto muito quando chove.
– Ao invés de ficar ai pensando em quando a chuva parará, poderíamos fazer algum jogo. – sugere Georg.
– Por exemplo...? – diz Bill.
– O que acham de jogarmos baralho? – diz Gustav.
– Se eu conseguisse enxergar no escuro... – diz Georg.
– Parece coisa de gente velha. – disse, e me sentei no sofá, ao lado da Bella.
– Eu jogo baralho. – diz ela.
– Isso justifica todas essas rugas. – Bill brinca.
– Idiota! – ela lhe joga uma almofada.
– O que não podemos é ficar parados, um olhando pra cara do outro, com as luzes apagadas. – disse Gustav.
– Poderíamos contar histórias de terror. – sugeri. – Aposto que uma certa pessoa pediria pra dormir bem agarradinha comigo. – olhei pra Bella.
– Eu não me agarraria a você, nem que o mundo estivesse acabando. – os meninos riram.
– Então o que iremos fazer? – pergunta Georg.
– To começando a ficar com sono. – disse Bill. – Acho que vou dormir. – ele se levantou, e subiu as escadas.
– Boa noite pra você também, Bill. – disse Bella.

Após o Bill ter ido dormir, o silêncio tomou conta da sala. Estava tudo escuro, por causa da falta de luz, a única claridade que tinha, vinha de fora da casa, e mesmo assim não adiantava muita coisa.

– Bom, acho que também vou dormir. – disse Georg.
– É, eu também vou picar a mula. – diz Gustav.
– Seu nojento! Isso tudo é falta de mulher? – diz Bella.

E dava pra segurar o riso? Óbvio que não.

– Só não irei te responder, porque estou com muito sono.

Todo mundo foi dormir, e apenas a Bella e eu ficamos ali na sala. Coloquei uma almofada em cima das pernas dela, e apoiei minha cabeça na mesma.

– Como está o namoro com a Megan?
– Não sei. – fiz uma pausa. – Às vezes estamos mal, e às vezes estamos piores ainda.
– Há quanto tempo que vocês se conhecem mesmo?
– Um ano e meio. Mas estamos juntos há um.
– Namoro sério?
– Olha bem pra minha cara – olhei pra ela. -, e vê se eu quero algo sério?
– Um ano é muito tempo! Tá na hora de casar, hein?
– Isso ai, continua rogando praga. – ela ri.
– Você é apaixonado por ela?
– Acho que não.
– Como assim “acho que não”? Ou se está apaixonado, ou não!
– Sinceramente... – me sentei. – Não.
– E não tem medo disso acontecer?
– A Megan não é a garota certa pra mim. O que tenho com ela, é apenas diversão.
– Uma diversão que durou um ano.
– É que ainda não encontrei outra, pra poder trocar. – me deitei novamente.
– Nossa! Como você é insensível.
– Só estou falando a verdade.

Por alguns instantes ficamos em silêncio. E logo ela começou a fazer cafuné em mim. Cheguei a me arrepiar.

– Aquela garota, a Savannah, ela é bem bonita.
– Sabe que eu nem percebi?
– Um-hum. Sei.
– É sério.
– Vai dizer que você já não olhou pra bunda dela?
– Por mais incrível que pareça, não.
– Ah, fala sério, Tom?! Essa é a primeira coisa que você faz!
– Porque ninguém nunca acredita nas coisas que eu falo. – me sentei novamente.
– Que coisas?
– Quando eu disse que iria casar...
– O quê? – me interrompeu. – Você ia casar? Com quem?
– Com a Savannah.
– Conta essa história direito.

Contei toda a história, e a Bella rachou de tanto rir. Ela com certeza não acreditava que eu teria coragem de me casar com alguém. Conversa vai, e conversa vem... Passamos tanto tempo ali na sala, falando bobagens, que a luz acabou voltando. Olhei pro relógio, e já era 23h45.

– É, eu acho que também vou dormir. – diz Bella, se levantando. – Você não vem?
– Vou ficar mais um pouquinho. – respondi.
– Tudo bem. – ela me deu um beijo no rosto. – Boa noite.
– Pra você também. – ela já começara a subir a escada. - E sonhe comigo.
– Você quis dizer “tenha um pesadelo comigo”, não é? – subiu rindo.

Não sou muito de ficar sozinho, principalmente ali na sala. Mas acho que a insônia me pegou! Os minutos iam passando, e nada do sono aparecer. Aquilo estava começando a me deixar irritado.

Me levantei, e fui até a cozinha pra procurar algo pra comer. Abri os armários, a geladeira, e não encontrei nada que pudesse me chamar atenção. Peguei um copo de tamanho médio, e uma jarra de água gelada. Me sentei à mesa, e fiquei ali, parecendo um bêbado, até que apareceu uma pessoa.

– Pensei que estivesse dormindo. – disse Savannah, se sentando numa cadeira em frente.
– Pela primeira vez, tive insônia. – respondi. – E você, o que faz acordada há essa hora?
– Senti um pouco de sede. – ela se levantou. – Onde ficam os copos? – apontei, e ela foi buscar. Novamente se sentou, e preencheu o copo com a água.
– Como foi o passeio com a Beth?
– Legal. E dá pra acreditar que eu conheci a Paris Hilton? – ela riu.
– Não fica andando com a Paris, que ela te levará pro mau caminho.
– Vou seguir seu conselho.
– Como hoje não deu pra gente ir procurar o médico pro seu pai, poderíamos ir amanhã.
– Tem certeza? Porque não quero te incomodar. Posso tentar fazer isso sozinha.
– Não será incômodo algum. E você se perdeu nessa casa, imagine pela cidade? – nós rimos.
– Você não tem nada mesmo pra fazer amanhã?
– Relaxa, Savannah. Meu dia está completamente livre.

Ficamos em silêncio.

– Bem, acho que... Acho que vou dormir. – disse ela, se levantando, e levando o copo até a pia.

Savannah começou a lavar o copo.

– Ei! – me levantei, e fui até ela. – Porque está lavando o copo?
– Porque minha mão não vai cair.
– Deixe isso ai. Lavar a louça é coisa pra empregada fazer. – ela terminou de lavar, e se virou pra mim.
– Qual o problema de vocês, hein?
– Como assim? – coloquei o copo em cima da pia.
– Hoje de manhã, quando fui arrumar a cama, a moça me reclamou e disse que aquilo era coisa pra camareira fazer. Agora você fica ai dizendo que não posso lavar um copo. O que tem demais nisso? – fez uma pausa. – Por acaso a mão vai cair, ou alguém vai morrer se fizer isso pelo menos uma vez?
– As pessoas estão sendo pagas pra esse trabalho. E você não deveria se preocupar.
– Como não? Estou vivendo de favor na casa de uma banda famosa, fiz compras com uma das patricinhas mais ricas, e cada minuto que passa me pergunto como é que irei retribuir? – eu ri.
– Não estou fazendo essas coisas por você, com intenções em pedir algo em troca.
– Então me responda uma coisa. Porque um cara famoso como você, ajudaria uma estranha, como eu?

Fiquei calado. Acho que nem eu mesmo tinha uma resposta concreta.

– Não sei. – respondi.
– Não tem medo que eu seja uma maluca, interesseira?
– Maluca, com certeza você é. – ela riu. – Mas duvido muito que seja interesseira.
– Você não me conhece, Tom. – ela caminha em direção à porta. – Como pode ter tanta certeza?

A Savannah provavelmente voltou pro seu quarto, enquanto fiquei com suas últimas palavras em minha mente. Já percebeu que a palavra “certeza” sempre nos trás dúvidas? Ao mesmo tempo em que pensava que ela não poderia ter coragem de fazer nada pra me prejudicar, imaginava a possibilidade dela ser realmente uma interesseira. 

Postado por: Grasiele

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