quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Wenn Nichts Mehr Geht 2 - Capítulo 20 - Qualquer coisa para que você seja feliz...

Ficamos por alguns minutos olhando um ao outro, apenas sorrindo. Esqueci  do tempo, do mundo.... de tudo! A única coisa em que podia pensar era no quanto eu estava feliz naquele momento. Porém  ao voltar novamente para a realidade, me recordei o verdadeiro motivo pelo qual eu estava ali, ajudar Bill à voltar para casa, voltar à sua vida normal.

– Bill, veste logo a roupa antes que alguém entre!
– E quem entraria aqui à essa hora da madrugada?
– Sei lá... mas põe logo a roupa!
– Você quer mesmo que eu me vista? Seus olhos não demonstram isso... – diz Bill deitando-se sobre o meu corpo para que em seguida me desse uma leve mordida no lábio inferior.
– Pára Bill! Agora é sério, precisamos conversar...
– Não podemos conversar enquanto eu mato minhas saudades? – diz ele sorrindo enquanto beija meu pescoço.
– Não, não podemos! Esse assunto é sério! – disse com voz firme, o afastando sutilmente.
– Ok. Vamos conversar...

Bill então desce da cama e pegando suas roupas espalhadas pelo chão, começa a vestir-se.

– Você já pensou em como vai sair daqui?
– Não sei... ninguém aqui de dentro pode ou quer me ajudar. Tem que ser alguém de fora... Eu conversei com uma estagiária, e contei pra ela tudo o que aconteceu... acho que ela ficou tocada...
– Na verdade.... a Vanessa não sabe de nada. Naquele dia, eu é que estava no corpo dela... – confessei um pouco sem graça.
– Você?! Ta explicado os olhos dela serem iguais aos seus, e por  ter me tratado como se nunca tivesse falado comigo no dia em que eu fui falar com ela de novo...
– Pois é.... você vai ter que falar de novo com a Vanessa...
– E porque não me falou que era você... Sei lá dava uma pista...
– Não era para eu ter feito aquilo, eu fui punida por isso... Fiquei três dias sem ver a Gerthe, depois fui saber que a coitadinha não conseguiu dormir...
– Gerthe...Como ela está?
– Com muitas saudades suas...Sabe com ela dorme? Cheirando uma camiseta sua!
– Ai que fofa! Sinto tanta falta da minha...

Bill então por um breve momento parece ter ficado sem saber o que dizer. Senta-se novamente na cama com os braços sobre os joelhos, cabisbaixo, com o olhar fixado no chão, fala o que eu já esperava.

– Por que você não me contou que a Gerthe não era a minha filha? Por que me enganou por tanto tempo?
– Bill eu queria te contar! Juro que por várias vezes eu tentei, mas me faltou coragem!
Naquele dia, eu iria te contar justamente isso!
– Você ficou comigo já sabendo que o filho não era meu,ou você descobriu depois?
– Bill... Isso não faz diferença alguma! Eu te amo Bill! E enquanto estava viva também te amei!
– Eu quero saber... Você já sabia?

Depois de uma longa pausa, enfim digo:

– Sim, eu já sabia...
– Então o Tom estava certo... você estava me usando...
– Não! Eu gostava de você!
– Gostar é diferente de amar... Eu sempre te amei...
– Bill, pensa comigo... Eu iria ser mãe solteira! Você sabe como isso é difícil? Meus pais me matariam! E nunca que o Tom me apoiaria, nunca... Ai você aparece na minha vida, muda tudo! Me conquista sempre mais e mais... E quer ter um filho comigo! Eu achei que isso seria o melhor para a Gerthe... me desculpe...
– Eu já perdoei você. Eu só não entendo o porquê de você não ter me contado desde o início que o filho era do Tom.
– Você assumiria? Você ainda iria querer namorar comigo?
– Talvez sim....
– Bill você diz isso agora... mas se tivesse realmente acontecido a sua reação poderia ter sido bem diferente! Falar agora é fácil...
Depois que tudo passou eu penso que realmente poderia  ter te contado desde o começo...mas quando se está vivendo uma situação dessas, cada minuto que passa faz com que você se sinta ainda mais angustiada. Não dá pra pensar tão rápido assim... e a atitude que pensamos ser a melhor acaba não sendo...
– Às vezes eu acho que o Tom me pôs aqui com a desculpa de ficar com a Gerthe. Ele agora não desgruda dela, não é verdade?Pode falar...
– Bem, na verdade ele continua na mesma...acho que nem liga pra ela.
– Como não? Quando ele estava morando comigo já queria pegar ela no colo e tudo....
– Acho que agora ele está mais ocupado com outras coisas....
– Mulheres...
– Não, não... com a banda!
– O que aconteceu?
– Eu não posso ficar te contando as coisas que acontecem.... mas só te digo uma coisa, você tem que sair daqui logo! O mais rápido possível!
– Sair daqui.... sair daqui.... Como, me diz?!
– Com a ajuda da Vanessa, acho ela é a que mais pode te ajudar...
– Ela parece ser uma pessoa bem legal mesmo... Um pouco medrosa... mas legal.
– E bonita também...
– Não reparei.
– Ah, pára Bill! Me engana que eu gosto... pensa que eu não vi o beijo de vocês?!
– Beijo? Mas que beijo?
– Como que beijo?! O de quanto você ajudou ela a barbear o doidinho lá... Ela virou e de repente “puf” seus lábios se tocaram...
– Nossa que beijão.... por pouco nossas línguas não se tocaram, né? – diz Bill com ironia.
– Ainda bem que você admite...
– Ta com ciúmes, é?

Estava pronta para responder ao Bill que sim, que eu estava morrendo de ciúmes, que quando vi os dois tão perto um do outro senti uma raiva enorme, algo que não sabia como explicar. Mas então lembrei das palavras de Yuri me dizendo que eu já deveria saber que Bill nunca mais seria meu, e que um dia ele conheceria uma outra garota, teria um outro relacionamento... Algo que por mais que eu quisesse não poderia e nem deveria evitar.

– Não, não é ciúmes. Pra falar a verdade eu até gosto dela... Não é uma má pessoa, você deveria conversar com ela, a verdadeira.
– No próximo dia de estágio eu converso com ela...
– Conversa mesmo,acho que vocês tem muito em comum... Ela é bonita, inteligente, carinhosa.,educ..
– Você está ganhando quanto pra fazer essa propaganda da Vanessa? – interrompe Bill.
– Nada, é só a minha opinião... Acho que vocês combinam...
– Você não pode estar falando sério... Uma hora você diz que me ama e em outra me empurra pra outra garota! Que droga de amor é esse?
– Eu não estou te empurrando pra ninguém...
– Então você deve estar apaixonada por ela... pra elogiar tanto...
– Você não entende, né?! Justamente por te amar tanto que estou fazendo isso. Por mais que me doa, eu quero dizer que não ficarei chateada com você, ou me sentindo traída se namorar outra garota... eu aceito...
–Aceita? Acho melhor você perguntar a si mesma se me ama de verdade... se é que um dia já me amou...
– Por que você duvida tanto dos meus sentimentos? O que você quer que eu faça?! Me mate por você?! Creio que isso já não seja mais possível...
– Eu só queria que você demonstrasse que me ama de verdade... e não me atirasse para outra garota...
– E você quer fazer o que? Ficar chorando a vida inteira por mim?!  Ficar lamentando por um amor impossível? – disse chorando magoada pelos dizeres de Bill.
– Se você me amasse de verdade estaria disposta a fazer isso....
– Bill eu estou morta! Morta! Você tem uma vida toda pela frente... Não faça com que eu me sinta culpada pelos seus dias infelizes...
– Você está terminando comigo?
– Bill, foi “até que a morte nos separe”. E ela nos separou...
– Mas nós não nos casamos na igreja! Isso não tem nada a ver....
– Eu só quero que você seja feliz... comigo ou não. – disse enquanto saia pela porta.

Postado Por: Grasiele

Wenn Nichts Mehr Geht 2 - Capítulo 19 - Love and Death - Parte 2

Bill ao me ver muda imediatamente a expressão de seu rosto. Agora ele estava assustado,tão assustado como eu jamais havia visto antes. Seus olhos castanhos estavam arregalados, e com a boca entre aberta Bill se afasta de mim, andando pausadamente de costas, e de frente para mim. Sem pronunciar sequer uma palavra, ele apenas me olha, parecendo que a qualquer momento desmaiaria.
Ele então encosta suas costas contra a parede, como que se buscando apoio. E perplexo me observa.
Eu molhando minha mão com o restante da água que havia sobrado no copo, lentamente me aproximo dele, e passo meus dedos trêmulos e molhados sobre o pequeno corte que Bill possuía no canto de sua boca.

– Está doendo muito? – perguntei tentando controlar o meu choro.

Depois de alguns poucos minutos em silêncio, Bill com a voz trêmula me responde;

– Nã... não...
– Fica calmo, não foi nada sério...
– Camila, é você? – diz ele com olhos marejados.
– Sim Bill, eu sei que é estranho, diferente e assustador... mas você precisa ficar calmo e me ouvir..

Bill, tremendo, aproxima sua mão de meu rosto e suavemente o acaricia.

– Você é real... – diz ele já em lágrimas.
– Bom, mais ou menos....
– Camila você não sabe o quanto eu esperei , o quanto eu sonhei pelo momento em que eu iria te encontrar de novo. Você não sabe o quanto eu sofri, e ainda sofro pela sua ausência... você não sabe.. – diz ele desesperado.
– Sim, eu sei Bill. Eu tenho visto as coisas que você tem passado, é por isso que eu estou aqui. Pra te ajudar!

Bill me olhando carinhosamente, entrelaça suas mãos com as minhas, as segurando firmemente. Docilmente sorri, ao mesmo tempo que chora.

– Mas agora você voltou pra mim... Agora eu poderei ser feliz novamente.
– Bill você não entendeu o porque de eu estar aqui...
– Eu não quero entender... só quero olhar pra você. Ainda continua linda, como sempre..
– Bill eu preciso esclarecer algumas coisas...
– Eu sei, eu sei.... nós teremos muito tempo pra isso! Agora nada pode me afastar de você!
– Bill... eu sou um espírito. Você está me vendo assim... mas é uma longa história... Há coisas que eu não posso te contar.....
– E nem eu quero saber... Você não sentiu saudades de mim?
– Como você pode me perguntar isso? Há cada dia que passa o meu sofrimento aumenta ainda mais. Eu ver você indo ao meu túmulo,  sem poder fazer nada, sem poder te abraçar, secar as suas lágrimas. Eu tenho tentado te ajudar das formas que posso mas não estava sendo o suficiente.
– Você estava ao meu lado?
– Claro, sempre! Eu vi o que aconteceu naquele dia no banheiro, eu sei que você não tentou se matar.
– Sabe? Se você acredita em mim eu já me sinto melhor...
– Eu avisei o Tom...
– Nem me fale dele, é um traíra!
– Não sinta raiva, ele realmente acha que aqui é o melhor pra você! Ele foi enganado!
– Chega de falar dos outros... vamos falar de nós dois..
– Bill...
– Talvez eu vá para o inferno pelos pensamentos que estou tendo.... Mas já não posso agüentar, espero por isso há muito tempo.

Bill se aproxima ainda mais de mim, e com as mãos sobre o meu pescoço e face me dá um beijo suave de delicado. As lágrimas deslizavam por nossos rostos enquanto nossos lábios docemente se tocavam.

– Eu vou para o inferno? – perguntou Bill afastando ligeiramente seu rosto do meu.
– Bom, eu não sou um anjo... sou um espírito. Acho que um beijo não trará problema...
– “Um beijo”? Você acha que eu vou conseguir ficar só com um beijo?
– Você quer outro? – perguntei com ar de desentendida.
– Se é para ir pro inferno, eu terei que ir por um bom motivo...

Ele com um sorriso malicioso e um olhar penetrante, beija meu pescoço dando-lhe leves mordidas e chupões. Envolvo meus braços em seu pescoço e em seguida solto seus cabelos.
Enquanto Bill me segura pela cintura, eu enxugo suas lágrimas e admiro a sua beleza. Bill ainda continuava lindo. Lindo como ele sempre fora.

Ele segurando em minha mão me conduz até a sua cama.

– Bill eu acho melhor não fazermos isso.
– O quê? Como assim?
– Não vai ser igual das outras vezes. Você vai ficar decepcionado... é melhor não... – disse me afastando.
– Deixa eu tirar minhas próprias conclusões, ok? – disse ele me puxando novamente de encontro ao seu corpo.
– É melhor não... não vamos procurar mais problemas...
– E desde quando você é um problema pra mim?
– Sempre fui...mas agora ainda mais!
– Você continua a mesma... vendo problema em tudo!
– Não é isso...
– Psss.. fica  quietinha, fica...

Bill delicadamente abaixava as alças de meu vestido branco de tecido fino, quase transparente, enquanto beijava meus ombros dando-lhe leves chupões. Suas mãos percorriam todo o meu corpo, indo do meu pescoço parando por alguns segundos em minha cintura e em seguida explorando minhas coxas por debaixo do vestido.
Ao mesmo tempo em que nossas línguas dançavam em um ritmo quente, ele retirava por completo meu vestido, em seguida me guia até a cama de solteiro fazendo com que eu me deitasse.
Ele senta-se sobre mim, com suas pernas envolta de meu corpo, e apressadamente tira sua camisa. Eu passo minhas mãos sobre seu abdome e peitoral, Bill apenas me olha mordendo seus lábios e brincando com seu piercing.
Bill deitasse sobre meu corpo acariciando meu rosto, inclino levemente minha cabeça para o lado e beijo sua mão.

– Amor, tranca a porta... – peço.
– Não dá, não tem tranca!
– Vai ser estranho alguém entrar aqui e ver você transando sozinho....
– Sozinho?
– Só você e a Gerthe podem me ver...Se pegarem você assim, pode piorar as coisas..
– Você tem razão! Espera...

Bill então apressadamente se levanta e empurra o criado mudo, de modo com que esse ficasse atrás da porta, impedindo assim que ela fosse aberta.
Depois de feito isso, ele volta para a cama e antes de deitar-se retira suas calças e em seguida suas boxers.

– Bill você não está com medo?
– Medo? Medo de que?
– Bill eu estou mor...
– Você é a minha Camila... Só isso que me interessa.
– Você tem certeza? Eu entendo se você não quiser...
– Camila você ainda me ama?
– Por que a pergunta?
– Parece que você está fazendo de tudo para não fazer amor comigo... – diz ele me olhando seriamente.
– Nunca mais duvide do meu amor por você...mas isso não é tão normal como você está querendo fazer parecer...
– E quem disse que eu gosto de coisas normais?
– Sim, mas....
– Psss feche os olhos... e apenas me sinta. Sinta como cada pedacinho do meu corpo clama pelo seu.

Bill então leva uma de minhas mãos até seu pênis, que latejava  de tamanho tesão.

– Sente? Você ainda acha que eu estou com medo? – diz ele, sorrindo de um modo provocante.

Nos beijávamos ardentemente enquanto Bill acariciava meus seios. Eu enroscava minhas pernas em volta de seu corpo o trazendo para mais perto de mim, embora já fosse impossível uma maior proximidade do que aquela. Estávamos colados um ao outro, sentia o coração de Bill bater acelerado, do mesmo jeito que eu estaria caso meu coração ainda batesse.
O calor vindo do corpo dele já era o suficiente para aquecer a nós dois. Minha pele fria começa a se aquecer devido ao contato feroz de nossos corpos. Bill deslizava sobre mim, passando sua língua em torno de meus seios, ventre, parando por alguns segundos sobre meu umbigo, fazendo –me cócegas.
Ele então faz o caminho inverso,voltando a  beijar meus seios, ele os sugava ferozmente e por vezes brincava com os meus mamilos fazendo sua língua serpentear por eles.
Eu apenas me contorcia na cama sem relutar às caricias desesperadas que Bill fazia.
Nossos corpos se moviam em um intenso frenesi, gemidos de prazer saem de nossas bocas juntamente com palavras de amor.
Bill já com a face avermelhada, acomoda ainda mais seu corpo com o meu, afastando ainda mais minhas pernas uma da outra. Enquanto mordicava meus lábios e queixo, penetrava-me com um de seus dedos. Sua mão firme e forte, tocava minha região íntima fazendo com que cada vez mais eu sentisse necessidade de tê-lo novamente
Naquele momento nada mais importava, Bill pertencia a mim e eu pertencia à ele. Por completo, sem qualquer restrição ou pudor. Sem qualquer medo ou arrependimento. Apenas deixávamos nosso desejo e emoção nos guiar.
A respiração ofegante de Bill em meu ouvido faz com que eu me sinta ainda mais desejada, e esquecendo dos mundos diferentes em que agora nos encontrávamos. Já não pensava no quão errado e confuso aquilo poderia ser, mas sim deixo-me ser vorazmente penetrada pelo membro erétil de Bill.
Seus olhos transbordavam luxuria e volúpia que eram transmitidos através de seus movimentos.

– Você está sentindo isso? – geme Bill ao meu ouvido.
– Sinto...quero te sentir ainda mais.

Bill segurando em minhas coxas,me penetrava agora com mais força e rapidez enquanto tentava controlar seus gemidos.Segundos depois nossa conexão já era por demais intensa, Bill se esforçava para garantir que eu alcançasse o ponto máximo do prazer antes dele.
E assim foi feito, minutos depois que cheguei à um orgasmo fantástico, Bill pode então aliviar-se  dentro de mim, o que me trouxe ainda mais prazer.
Passamos momentos maravilhosos e inesquecíveis ali, amando um ao outro.
Então Bill já cansado deitasse lateralmente ao meu lado, fazendo que eu ficasse na mesma posição. Posição que permitia que olhássemos um ao outro diretamente nos olhos.
Abraçados, repousei minha perna sobre seu corpo, ele então a acariciava enquanto sorria satisfeito.

Postado Por: Grasiele

Wenn Nichts Mehr Geht 2 - Capítulo 18 - Love and Death - Parte 1

Eu em companhia de Yuri, ainda que de longe pude observar perfeitamente Bill e Cezar parados de pé em frente o quarto de Bill conversando. Tudo parecia estar na maior normalidade possível, porém de repente algo sério parecia estar prestes a acontecer.
Um outro paciente nitidamente transtornado, caminha depressa pelo corredor, seus olhos transmitem um ódio assustador. Com os punhos e face fechada ele segue em frente pelo corredor sem ao menos olhar para os lados. No entanto no momento em que Bill decide ir à algum lugar e afasta-se de Cezar, esbarra no homem enraivecido.
Sinto um aperto no coração como que se um aviso de aquele pequeno incidente não terminaria bem.
Imediatamente me apresso à ir em direção aos dois, mas sou impedida por Yuri que me segura pelos ombros.

– Você não pode fazer isso – diz ele.
– Como não?! Eu preciso proteger o Bill! Não é essa a minha missão?!
– Você não pode alterar o destino das coisas. O que tiver que acontecer, acontecerá.

Inconformada por nada poder fazer,apenas observo qual seria o desfecho daquela situação.

– Me desculpa – diz Bill com um tímido sorriso em seu rosto.

Sem prévio aviso, o homem parte para cima de Bill dando-lhe um soco próximo a boca, este cambaleante perde o equilíbrio e cai no chão. Sem que tivesse tempo de se recuperar do golpe, novamente é atacado pelo homem que agora estava sobre seu corpo.

Cezar desesperado tenta afastar os dois,mas não consegue. Bill parecia estar sendo atacado por uma fera indomável.

– Eu vou lá! – grito para Yuri.
– Camila você não pode...

Antes que Yuri pudesse novamente me impedir, corro em direção à briga.
Angustiada por não saber exatamente o que fazer para ajudar Bill que permanecia no chão tendo seus braços firmemente segurados.Olho para os lados em busca de uma solução,então avisto um mural de recados não muito grande, de tamanho médio, pendurado na parede.,um pouco acima dos dois.
Delicadamente passo minha mão entre o mural e a parede derrubando-o. Uma das extremidades do mural atinge a cabeça do agressor de Bill, fazendo-lhe um pequeno corte. Bill também é tingido mas não sofre qualquer ferimento.
O homem assustado levanta-se, levando as mãos sobre o corte. Ao ver seu próprio sangue em suas mãos grita desesperadamente chamando a atenção dos enfermeiros da clinica.

– O que está acontecendo aqui? – grita um dos enfermeiros.
– Do nada esse cara começou a me bater!- explicou Bill.
– Vocês sabem que brigas são proibidas!
– Avisa pra ele então... – diz Bill, movendo seu maxilar inferior que estava muito dolorido devido ao soco.

Enquanto o homem era medicado, Bill sentado no chão sentia seus braços doloridos, e a sua boca sangrava fazendo com que Camila,ajoelhada ao seu lado se preocupasse ainda mais.
– Aqui e agora, não Camila! – diz Yuri.
– Eu sei ... eu não sou doida de fazer com que ele me veja aqui... na frente de todos. Só iria piorar a situação.
– Ainda bem que você sabe disso...
– Yuri, será que não teria como você fazer com que eu voltasse ao normal?...
– Normal?
– Sim.. quer dizer o mais normal possível... Vai ser menos traumatizante pro Bill me ver como alguém normal, e não como um espírito.
– Creio que eu não possa fazer isso.
– Mas eu não estou aqui para ajudar ele? Se eu aparecer desse jeito, como um espírito, é bem capaz dele achar que está louco de verdade!
– Você tem razão.Espere um minuto.

Yuri fechou os olhos e por alguns segundos ficou imóvel, em silêncio.

– Pronto. – disse ele abrindo os olhos.
– Pronto?
– Você vai parecer quase como uma pessoa normal para o Bill, porém só para ele e para a Gerthe, as outras pessoas continuam a não te ver de forma alguma.
– O que você quer dizer, com “quase uma pessoa normal”?
– Há coisas que não podem ser mudadas, como o fato de você não ter sombra, não deixar pegadas, essa luz branca que envolve o seu corpo...
– E de roupa eu posso mudar? Já não agüento mais usar esse vestido branco!
– Não você não pode mudar de roupa!
– Ah mas que...
– Olha a boca! – grita Yuri.
– Olha o Bill vai entrar no quarto! Sai, sai... Sai Yuri!
– Como sai? Eu vou ficar e ver o que você vai fazer !
– Qual é?! Você vai me deixar mais nervosa do que eu já estou!
– Ultimamente eu ando fazendo muito as suas vontades....
– Por favor Yuri!
– Vê se não faz nenhuma besteira e nem fale demais, hein Camila!
– Pode deixar vou fazer tudo direitinho.

Yuri já se afastava quando Bill ao se despedir de Cezar dizendo que iria ficar melhor, entra em seu quarto.
Sem que ele pudesse me ver o acompanho.

Bill então foi direto ao criado mudo de seu quarto pegando um copo com água que ali estava. Em seguida ele o esvazia, lavando o seu rosto.

– O filho da puta quase me quebrou um dente! – diz Bill vendo seu sangue misturado com a pequena poça d’água que formara no chão.

Cada vez eu chegava mais perto dele, já poderia ser vista, porém ele permanecia de costas para mim. Estava tão perto,que podia sentir o doce aroma que vinha do corpo de Bill. Aquele cheiro me trazia tantas recordações, tantas experiências vividas ao lado dele, que não pude evitar que lágrimas  deslizassem pelo meu rosto. Agora novamente eu estava ali diante do meu grande amor, e não precisava fingir ser outra pessoa ou controlar meus sentimentos. A única coisa que eu temia era pela reação de Bill.
Sem perca de tempo, delicadamente repouso minha mão sobre seu ombro. Ele ao sentir meu toque, vira-se em minha direção.

Postado Por: Grasiele

Wenn Nichts Mehr Geht 2 - Capítulo 17 - Verdade ou Ilusão?

– Você tá doida? Pirou?
– Mas é claro que não Yuri, só tenho que reparar um erro que cometi. Erro gravíssimo por sinal.
– Você já levou uma bronca pela burrada que você fez da outra vez... Quer levar outra é?
– Yuri entenda uma coisa, eu na tentativa de melhorar as coisas, acabei fazendo besteira! Escolhi a pessoa errada!
– Ninguém mandou você fazer aquilo, fez porque quis!
– E eu vou ficar parada vendo tudo dar errado? Tenho que fazer alguma coisa!
– Qual besteira você vai fazer dessa vez?
– Vou falar com ele, simples.
– Okay, me matou de rir, agora me diga o que você vai realmente fazer?
– Não foi uma piada eu vou falar com ele!
– Você sabe que isso só vai trazer problemas... pra você e pra ele! Aliás, pra todo mundo!
– Pior do que está não pode ficar! Eu já falei com ele uma vez e posso falar de novo!
– Mas daquela vez era diferente.... Agora você vai aparecer do nada e dizer ‘Oi Bill vim te ver!”?
– Bom... assim também não...
– Camila você é um espírito! O máximo que vai conseguir é matar o cara do coração!
– Yuri você é o meu protetor, mas tem horas que eu vou te contar, viu... Só me bota pra baixo, eu hein..
– É a realidade! Ser você queria matar o cara deixasse ele lá estirado no chão e não fosse soprar no ouvido do irmão dele o que estava acontecendo. Agora vai matar o cara de susto... adiantou muita coisa...
– Eu vou chegar com jeitinho! E você sabe muito bem que eu não sou um espírito comum, pelo menos não para a Gerthe e agora para o Bill.
– Só porque ele agora pode te ver como uma pessoa quase normal não muda em nada o fato de você estar morta! Você não estava até agora ajudando ele assim, sem ser vista. Por que essa agora?
– Você não viu o beijo que a vaquinha deu nele? Como eu me arrependo de ter entrado no corpo dela, como eu me arrependo! Eu só podia escolher uma pessoa pra fazer isso, e escolhi a pior possível!
– E ainda por cima quase que o Bill nota algo de diferente! Você sabe muito bem que os olhos são a janela da alma, não tem como disfarçar!
– Eu não sabia desse pequeno detalhe. E além do mais ele só achou que os nossos olhos fossem parecidos...
– Ele nunca tinha falado com a verdadeira Vanessa, aí quando fala dá um selinho nela... Palmas para a Camila! – diz Yuri com ironia.
– Cala a boca que os lábios deles só se encostaram!
– Só se encostaram e  você passou o dia falando no meu ouvido.... se fosse um beijo de verdade então...
– Se fosse um beijo de verdade eu morria de novo, se é que isso é possível...
– Você sabe muito bem que não pode ficar com ele não sabe Camila? Que só deixaram você aparecer para ele, com o objetivo de ajudar, não sabe? – diz Yuri com uma espressão séria em seu rosto.
– Sim, eu sei... – diz Camila tristemente.
– E também sabe que um dia ele vai ficar com outra mulher, não é mesmo?
– Eu sei, eu sei! Agora pare de me chatear com isso!
– Só quero que as coisas fiquem bem claras por aqui...
– Parece até meu pai falando... Quem olha assim nem acha que você tem a minha idade...
– Eu sou um garoto amadurecido.
– Amadurecido? Quem é que fica pregando peças nos outros?
– Eu sou um garoto amadurecido que gosta de se divertir...
– Vamos logo que eu não vejo a hora de reencontrar o meu amor, e agora no meu próprio corpo!
– Camila, Camila.... Olha lá o que você vai fazer!
– Não precisa me avisar pela milionésima vez que o Bill nunca mais vai ser meu Yuri! Não precisa!
– Só quero ver como é que você vai aparecer para ele...
– Você bem que podia dar uma ajudinha, né?
– Eu só estou aqui porque você é uma “morta recém-morrida”, não para participar dos seus planos malucos!
– “Morta recém-morrida”? – disse Camila às gargalhadas.
– Você entendeu muito bem o que eu disse.
– A gente bem que podia voar né? Se fosse possivel nós estaríamos lá há muito tempo.
– Quantas vezes eu vou ter que te explicar que nós somos espíritos e não personagens de desenho animado? Você quer voar, atravessar paredes, visão de raio X, ler pensamentos....
– Muito obrigada por destruir os meus sonhos... eu achava que quando tivesse mais experiência poderia ter visão de raio-x...ou pelo menos algum poder maneirinho...
– Você já entrou no corpo de uma pessoa, já serviu de consciência da outra...
– Mas eu só posso fazer isso uma vez! Muito sem graça....
– Fica reclamando que daqui a pouco te tiram esse privilégio de voltar a Terra e ajudar as pessoas que você gosta.
– Você tem razão...
– Eu sempre tenho razão.
– Ah ta, como quando você me falou “Eles parecem se amar, pega o corpo dela”. E aí deu no que deu... primeiro aquele sorrisinho...depois passou o dia todo pensando no MEU Bill.
– Pelo menos ela está viva, né...

Camila então dá um olhar fulminante a Yuri, que imediatamente se arrepende do que havia dito.

– Vamos andando logo antes que escureça,né? – diz ele sorrindo forçadamente.
– É... vamos logo antes que alguém apanhe também.
– Camila agora é sério! Desista disso! É bem capaz do Bill pensar que está maluco de verdade... aí que eu quero ver o que você vai fazer.
– Nossa como você é otimista hein? Chega entusiasmar a gente com tanto apoio e incentivo... – diz Camila com ironia.
– Sou realista... é diferente. Se o Bill achar que está pirado de verdade a culpa vai ser sua.
– Pare de me amedrontar Yuri!
– Você que sabe... eu nem digo mais nada. Mas se esse plano doido não der certo...
– lalalalalalá – cantarola Camila impedindo que Yuri completasse sua frase.
– Olha ele está ali com o Cezar! – diz ele apontando para o corredor do andar em que era localizado o quarto de Bill.
– Ele já pode me ver?
– Não. Ele só pode te ver quando você quiser.
– Mas com a Gerthe não é assim, ela me vê sempre!
– Porque ela é um bebê, com bebês isso normalmente acontece.
– Okay, então vamos esperar o melhor momento, né?
– E esse momento vai chegar um dia?
– Claro que vai! Só espera o Bill ficar sozinho...
– Oh céus que tudo dê certo! Se é que isso é o certo...

Postado Por: Grasiele

Wenn Nichts Mehr Geht 2 - Capítulo 16 - Barba, cabelo e bigode

Tom não conseguiu compor uma música sequer, o máximo que obteve foi meia dúzia de frases que para ele não faziam sentido algum, o que era verdade.
Pior do que não levar música alguma para o produtor seria mostrar a sua total falta de capacidade para compor uma canção decente sozinho, pensou. Assim decidiu que o melhor a ser feito seria mais uma vez pedir um prazo para David Jost. Afinal agora eles tinham mais um grande problema, estavam sem o baterista. Porém Jost cansado de tantas desculpas, de tantos problemas, acaba por cancelar o contrato da banda.

– Como assim? Seja humano, cara! Isso é só uma maré de azar..
– Eu não tenho todo o tempo do mundo! Você sabe quantos milhares de bandas talentosas tem lá fora?
– Mas nós também somos muito talentosos!
– Até agora eu vi 10% desse talento. Muito pouco para uma gravadora como a Universal.
– Se você esperar mais um pouco nós vamos vender mais CD’s do que qualquer um artista aqui! Basta você nos dar essa chance!
– Eu não mudo de idéia tão fácil assim Tom. Procurem outra gravadora!

Tom irritado dá um soco na mesa do produtor e o olha furiosamente.
– Você vai sair sozinho ou acompanhado dos seguranças? – pergunta David.
– Vocês um dia vão se arrepender, vão implorar para ser a gravadora dos Tókio Hotel e nós não vamos aceitar!
– Mas enquanto esse dia não chega... Saia da minha sala! – grita o produtor.

Tom furioso sai da sala para evitar maiores problemas e vai para casa de Bill buscar as coisas que não tivera a oportunidade de buscar na última vez em que esteve lá.

Ao chegar no local ele percebe que a porta de entrada está aberta, desconfiado anda cautelosamente procurando por a pessoa que teria aberto a porta.
Vai em todos os cômodos e ao chegar no quarto de Bill, depara-se com D.Lúcia mexendo nas roupas do irmão.

– O que a senhora está fazendo? – diz Tom.
– Ui menino, que susto!
– O que a senhora está fazendo com as roupas do meu irmão?
– Calma eu não estou roubando nada! Estou pegando emprestado.
– Emprestado?  A senhora...
– Não é pra mim! É pra Gerthe! A menina não consegue dormir, chora o tempo todo. Não há quem faça aquela criaturinha ficar quieta! A vizinha disse que é por causa do Bill, ela está com saudades do pai, afinal só dormia com ele.
– E porquê as roupas?
– Pelo cheiro. Nós vamos enganar a Gerthe pelo menos por uns tempos.
– Ela vai pensar que o Bill está perto dela né?
– Sim! Nós vamos dar essa peça de roupa pra ela cheirar. Tomara que de certo!
– Sim. Toma pega essa, é a favorita do Bill. Deve estar com um cheiro forte ainda. – diz Tom entregando à dona Lúcia uma camiseta com listras horizontais nas cores preto e branco,
– Obrigada. Que dia é a visita?
– Ele não pode receber visitas...
– Como assim? O menino vai ficar isolado lá igual à um bicho?
– É só durante as primeiras semanas, eu tentei mudar isso,mas são as normas da clínica.
– Eu só espero que o Bill saia logo desse lugar. Para o bem dele e da Gerthe.
– Ela está tão mal assim?
– Quando for pai você vai saber como é essa ligação...  diz D.Lúcia. indo embora com a camiseta em mãos.

Ao chegar em casa ela vê Caroline desesperada tentando fazer a sobrinha parar de chorar. Ela fazia cara e bocas para Gerthe, dava-lhe seus brinquedos,mas tudo em vão.

– Já está chorando?
– Ainda bem que a senhora chegou mãe! Ela estava vendo TV quietinha, aí do nada começou a chorar...
– Ah mas agora eu trouxe o que ela queria!
– Conseguiu pegar a roupa?
– Consegui. O irmão dele chegou bem na hora que eu estava fuçando o guarda-roupa, achou que iria roubar.
– Sério? Ainda bem que ele não anda armado...
– Verdade. Agora me dá a bonequinha aqui. –diz D.Lúcia esticando os braços.

Caroline rapidamente entrega Gerthe para a avó, que depois de a pôr confortável em seus braços, aproxima a camiseta de seu delicado rosto.
Ao reconhecer o cheiro, a menina foi se acalmando gradualmente até que por fim, adormeceu.

Mãe e filha se olham sorrindo, o plano havia funcionado.
A partir dali Gerthe passou a dormir daquela forma, segurando a camiseta do pai próximo de seu rosto. Seus avós e a tia ficavam sempre muito tentos para que o pano não encobrisse sua face, podendo assim a sufocá-la, outro cuidado que tinham é de nunca lavar a peça de roupa ou deixar que a mesma fosse suja. Esse era o amuleto da sorte da familia, durante aquela semana não tiveram mais problemas com Gerthe.

Tom disposto a reverter o quadro dramático de sua banda passou a semana a procurar por um novo baterista para o Tokio Hotel. Porém não estava muito entusiasmado com isso, afinal ainda faltava o vocalista e líder da banda.

Este a cada dia sentia mais vontade de fugir daquela clinica, estar perto de sua filha. Em busca de ajuda contou para Cezar que precisava fugir, e que não agüentaria ficar muito tempo naquele lugar.
Cezar por mais que quisesse não poderia ajudar Bill, afinal estava na mesma situação que ele, lamentou muito por isso. No pouco tempo de convivência ele já tinha um carinho especial pelo rapaz, o via quase como um filho

– Bill você precisa que alguém de fora lhe ajude! Eu, nada posso fazer...
– Eu não posso contar com ninguém, nem mesmo com o meu irmão.
– Você já falou com ele?
– Ele pensa que esse lugar é a oitava maravilha do mundo!
– E se agente reunisse provas para mostrar à ele que não é?
– Sabe quando a gente vai conseguir fazer isso? Nunca.
– Não fale assim...
– Somos só nós dois contra todos deste lugar. Nós não temos nem como recolher provas. E ainda que um dia a gente consiga, vamos estar errados! Afinal nós somos doidos. Quem é que vai acreditar na gente?
– Você tem razão.
– Infelizmente sim.
– E a garota, você não disse que ela chorou e tudo?!
– Sim, ela ficou comovida... mas sei lá, não levo muita fé não.
– Não desista! Fala novamente com ela...
– Eu não pedi ajuda, só conversei com ela...
– Pois amanhã é dia de estágio, trate de falar com ela. Ou eu mesmo falo.
– Mas é que assim... eu fico sem jeito, sabe. Ela nem me conhece... ai eu chego fazendo um pedido desses...
– Você quer ver sua filha de volta?
– Mas é claro! Isso é óbvio!
– Então para de frescura e fala com essa menina. Quer dizer, pelo menos tenta.


No dia seguinte Bill acordou cedo e foi para o jardim esperar por Vanessa, passou alguns minutos aflito sentado em um banco, olhando para o portão.
A cada minuto que se passava ficava ainda mais nervoso.
De repente ele vê algumas pessoas vestidas de branco entrarem na portaria, reconhece os estagiários. Animado olha para eles,porém não vê Vanessa.

– Ela vai entrar agora, ela vai entrar agora... – dizia ele em voz baixa.

Porém o portão é fechado sem que Vanessa tivesse entrado.

– Está faltando uma – diz Jucélia ao ver os estagiários que acabavam de chegar.
– A Vanessa foi ao médico, daqui a pouco ela está aí. – diz Fernanda.
– É bom mesmo porque hoje temos muito trabalho.
– Muito trabalho? Que tipo de trabalho? – pergunta Taís.
– Como é proibida a entrada de objetos que podem ser perigosos aos pacientes, como lâminas e giletes, vocês é que serão responsáveis por barbear e cortar o cabelo dos pacientes. Afinal eles não podem ficar parecendo com mendigos.
– Bom eu não sei nenhum corte de cabelo... – diz Cintia.
– Não é pra fazer um penteado espetacular! É pra cortar à zero mesmo, deixar quase careca, bem curtinho.
– Ah ta! – exclama Cintia.
– E a barba qualquer um sabe fazer. Não é com barbeador elétrico, mas dá pra se virar direitinho.
– É com aquelas lâminas que a gente coloca no barbeador de metal? – pergunta Felipe.
– Isso mesmo. Vamos, cada um já vai calçando seu par de luvas enquanto eu busco o material. E vão chamando eles também. – diz Jucélia.

Enquanto a supervisora dirigia-se a sala de materiais, Cintia e Felipe organizavam os pacientes em uma fila, e Taís, Marcela e Fernanda arrumavam as cadeiras para que eles pudessem se sentar.
Bill então se aproxima delas e pergunta:

– A Vanessa não vem?

Elas um pouco admiradas pela pergunta e pelo jeito de Bill,, que não parecia de forma alguma estar com algum problema psiquiátrico não dizem nada.

– Vocês conhecem ela? – pergunta novamente Bill.
– Ah.. a Vanessa! Ela foi no médico, mas já vem... – diz Fernanda.
– Ela não morre mais, olha lá quem vem ali. – diz Tais.

Bill ao olhar na direção indicada por Taís vê Vanessa, que apressadamente amarra seus cabelos e veste o jaleco.
Ela então ao ver as amigas no jardim, corre ao encontro delas.

– E aí o que eu perdi? – diz ela com voz ofegante.
– Nós vamos cortar cabelo e fazer barba. Toma pega a sua luva. – diz Taís.
– Quê como assim? – Vanessa pergunta.
– Oi? – diz Bill em pé ao seu lado.

Vanessa então rapidamente vira-se para Bill e o cumprimenta friamente, somente com um “oi” e volta a falar com as amigas.

– Eu não sei fazer barba!!! E muito menos cortar cabelo de homem! Nunca fiz isso! – ela diz.
– Cala a boca que a Jucélia está vindo aí – avisa Fernanda,
– Você já chegou? Ótimo! – diz Jucélia,
– Nós já explicamos pra ela o que vamos fazer hoje. –diz Marcela.
– Ok, então cada uma pega uma lâmina e coloca no barbeador, assim... – diz ela demonstrando o que falava. Vocês três fazem a barba, que eu e os outros vamos cortar os cabelos.
– O dele também? – pergunta Taís apontando para Bill.
– Ele vai deixar o cabelo sempre preso, né Bill? – pergunta Jucélia.

Bill apressasse a responder positivamente com a cabeça. Odiaria ter seus cabelos também cortados, assim como suas unhas.
Prefere afastar-se e voltar a sentar no banco, donde os observava.

Jucélia manda que cada um dos pacientes se sentasse em uma das cadeiras para que os estagiários pudessem se acalmar.
A supervisora entrega o sabonete e outros matérias necessários para os alunos. Não faz companhia a eles, pois diz ter um problema sério para resolver na diretoria. Eles estavam sozinhos.
Aos poucos cada um foi vencendo seu medo e menos nervosos faziam o trabalho. Mas Vanessa permanecia muito nervosa, suas mãos trêmulas tentavam segurar ao barbeador que por vezes caia de sua mão. Ela então aproxima a lâmina do rosto de seus paciente, e acaba por feri-lo fazendo com que um pouco de sangue surgisse.

– Vanessa olha o que você fez! – gritava Cintia deixando Vanessa ainda mais nervosa.
– Foi sem querer! Ele se mexeu! – defendia-se já em lágrimas.
– Você feriu um paciente, fazendo a barba! Que idiotice. – diz Cintia.
– Cala a boca! Ou eu te deixo careca! – gritou Fernanda a ameaçando com o barbeador.

Vanessa constrangida e decepcionada consigo mesma chora, e enquanto seca sua lágrimas, sente alguém que por trás segura sua mão.

– Deixa que eu te ajudo. – diz Bill ao ouvido de Vanessa.

Ele então guia a mão de Vanessa, controlando seus movimentos, ela apesar de sentir desconfortável com a proximidade de Bill nada faz, apenas aceita ser ajudada.

– Calma, você está indo muito rápido. – diz ele segurando firme na mão dela.

Vanessa sente um cheiro agradável vindo de Bill, e inexplicavelmente ele fez com que ela se sentisse mais confiante.
Os outros estagiários ainda que olhassem desconfiados para os dois, nada diziam pois estavam demasiado ocupados com seus pacientes.
Vanessa vira-se delicadamente para dar-lhe um sorriso em sinal de agradecimento, mas a proximidade com que os dois estavam faz com que seus lábios ligeiramente se tocassem.
Bill constrangido e já com a face corada, afasta-se um pouco sem largar a mão da menina, que com a cabeça abaixada abre um tímido sorriso.

Postado Por: Grasiele

Wenn Nichts Mehr Geht 2 - Capítulo 15 - Sob Pressão 2

Vanessa ouvia à tudo que Bill dizia com muita atenção, ficando sempre comovida com suas palavras.
Bill sentia-se melhor por ter  conversado com mais alguém que não fosse Cezar. Vanessa era uma boa ouvinte, nada dizia mas mostrava interesse pela história de vida de Bill.

– Você ainda ama ela? – Vanessa perguntou.
– Nem um por um segundo deixei de amar. – diz Bill tristemente.
– Mas quem sabe um dia você não encontre alguém que o faça tão feliz como ela fez?
– Talvez... nada é impossível.

Vanessa pretendia dizer mais alguma coisa para Bill, mas a porta se abre fazendo com que ela se silenciasse.

– Precisando de ajuda? – pergunta Jucélia.
– Não. – responde Vanessa.
– Daqui a meia hora quero vocês no pátio com seus relatórios em mãos. – diz Jucélia fechando a porta.

Vanessa então vira-se para Bill e em seguida levanta-se.

– Preciso ir. – diz ela.
– Ela disse em meia hora.
– Sim, mas eu preciso ir agora.
– Eu vou te ver de novo? – pergunta Bill.
– Sim, é... talvez no próximo estágio. – diz ela caminhando apressadamente em direção à porta.
– Tchau. – diz Bill.
– Tchau – diz Vanessa fechando a porta.

Vanessa no corredor, por alguns minutos fica imóvel olhando para as portas dos quartos,de repente ela decide entrar no quarto 85, o mesmo que iria entrar antes de ter estado com Bill. Era o quarto do “Bom dia”.

Cíntia sem que ninguém percebesse não ficara todo o tempo com seu paciente, antes mesmo que Jucélia fosse lhe chamar ela já estava caminhando no pátio na companhia de um enfermeiro.
A supervisora ao notar a ausência da aluna, sai a sua procura por toda a clinica.
Quando finalmente avista os dois sentados no jardim, aborrecida vai em direção à eles.

– O que você está fazendo aqui? – pergunta Jucélia à Cintia.

Cintia constrangida, mente:

– Ele só pedi a minha ajuda!
– Não sabia que havia um déficit de funcionários na clinica Isaac.
–E não há. – diz ele.
– Então concorda comigo que não tem necessidade de pedir a ajuda das minhas estagiarias tirando elas de suas obrigações.
– Era uma coisa simples...
– Se era simples porque você não fez sozinho? Olha lá em Isaac, abre o olho...
– Não entendi o que você quer dizer com isso...
– Se isso acontecer de novo você vai entender. .... Agora levanta daí  menina, e vai chamar os outros.

Minutos mais tarde Cintia volta para o jardim, com os demais estagiários que sentam-se em uma pequena mesa. Como não havia espaço para todos sentarem, Felipe, Vanessa e Cintia ficam em pé.

– Muito bem me passem os relatórios.
– Jucélia.... eu não consegui fazer o meu. – diz Marcela.
– E por que não?
– Eu não soube fazer...
– Eu já não fiz porque o Isaac pediu minha ajuda. – diz Cintia.
– Mais alguém também não fez? –pergunta Jucélia com tom de ironia.
– Eu fiz e está perfeito! – diz Felipe, entregando orgulhoso seu relatório.

Jucélia passa os olhos rapidamente no papel, e com uma expressão de reprovação diz:

– Acho que você está na profissão errada. Você só copiou o prontuário do paciente, em invez de enfermeiro tinha que ser secretário.
– Eu não copiei nada! Isso saída minha mente.
– Também saiu da sua mente a brilhante idéia de que poderia me enganar?

Fernanda ria escancaradamente da situação de Felipe, e de como ele havia ficado vermelho de vergonha ao ver seu “relatório perfeito” ser rasgado ao meio.

– Eu fiz mas não sei se está certo. – diz Taís.
– Eu também. – completa Fernanda.
– E você Vanessa, fez? – pergunta Jucélia.
– Sim, sim eu fiz. –diz ela entregando-lhe a folha de papel.
– O de vocês duas está bom, podia ter ficado melhor, mas está bom. – diz ela referindo-se aos relatórios de Fernanda e Tais.
– Que bom! – exclama Fernanda.
– Eu disse que poderia ter ficado melhor, então não se de por tão satisfeita.
– E o meu? – pergunta Vanessa.
– O seu contém muitas informações erradas. O Bill não sofre de nenhum tipo de esquizofrenia. Ele é um paciente depressivo.
– O meu relatório é sobre o Valmir, aquele homem que não diz nada além de “Bom dia”.
– Ah ta, agora está explicado. Sendo assim, está bom também.
– Obrigada – diz Vanessa pegando novamente sua folha.
– Por hoje vocês estão dispensados, mas semana que vem vejo vocês novamente. Espero que com menos erros. – diz ela levantando-se.


                 ********
Tom se dirigia à casa de Bill a fim de buscar o restante de suas coisas, mas ao chegar na portaria do condomínio vê David Jost a conversar com o porteiro. Ele disfarçadamente tenta recuar para que assim não fosse visto pelo produtor. Mas era tarde demais...

– Ei Tom! – grita Jost atravessando a rua.
– E aí tudo bem? – pergunta Tom com um sorriso sem graça no rosto.
– Não está nada bem! Cadê as músicas?
– Cara sabe o que é...
– Vocês estão pensando que nós somos uma gravadora qualquer, de fundo de quintal! Não é bem assim não rapaz...
– Ninguém está pensando isso...
– Vocês nem são famosos e já estão cheios de marra?
– O Bill está passando por problemas....
– Que problemas são esses que nunca acabam? Nós já demos tempo demais a vocês!
– Por favor, espere mais um pouco...
– Eu também tenho que dar explicações lá na gravadora, eu não sou o dono!
– Eu sei, mas espera só mais um pouco!
– Se eu não tiver pelo menos duas músicas prontas na minha mão amanhã à tarde. Pode dar adeus ao seu contrato.
– Amanhã?
– Eu ainda estou sendo bom demais, minha vontade é de cancelar esse contrato agora!
– Não! Mas entenda...

Jost não dando chance para que Tom tentasse fazer com que mudasse de idéia.imediatamente entra em seu carro de luxo, dando partida.
Em seguida Tom liga para o baixista da banda, relatando o ocorrido, mas este diz que como o próprio Tom sabia,ele não era bom para compor músicas, nunca havia composto uma.
Ao ligar para o baterista Tom se desespera ainda mais ao ser informado que o músico já dava como certa a sua saída da banda, pedindo que Tom procurasse por um outro baterista que aceitasse sofrer pelos problemas dos outros.
Ele então volta para sua casa, sem nem ao menos pegar suas coisas da casa de Bill como pretendia.

Tom caminha pela casa, segurando um papel e uma caneta. Caminha de um lado para outro, buscando inspiração mas nada lhe vem a mente.
Ele então decide pegar o violão e tocar alguma coisa, para que assim pudesse pensar na letra para alguma música.
Tom fica alguns minutos lançando algumas notas ao violão mas não consegue pensar nem ao menos em um tema para sua música. Lembra-se que em todas as músicas, era Bill que tinha as idéias mais criativas paras as letras, e ele o acompanhava com som do violão.

– Com o Bill aqui, essas músicas já estariam prontas... – suspira ele.

Tom depois de muito forçar sua imaginação, decide beber uma cerveja.
Enquanto ingere a bebida tenta mais uma vez pensar em alguma letra...

– Hmmm... “Sweet home Alabama”


Porem não foi preciso mais do que uma frase para que Tom percebesse que aquela música não seria uma das melhores do Tokio Hotel.

– Aaaaaaaaaaaah mas que merda! – grita Tom derrubando no chão os objetos que estavam em cima da mesinha de centro.

Desistindo de compor as músicas ele liga a televisão e momentos depois já estava dormindo pesadamente no sofá.

Postado Por: Grasiele

Wenn Nichts Mehr Geht 2 - Capítulo 14 - Sob pressão

Jucélia e os estagiários se dirigiam ao alojamento, durante o percurso ela grita aos pacientes que circulavam pelo jardim:

– Entrando! Rápido, rápido! – dizia ela agitado as mãos.

Vanessa segura a mão de Fernanda e olha para tudo assustada. Mesmo com a amiga não gostando dessa atitude, Vanessa não se importa, precisava se sentir protegida.
Felipe caminha com superioridade, fazendo questão de mostrar aos outros que não sentia medo algum, que era o mais preparado de todos.
Taís tentava acalmar Marcela, que com medo dizia que iria mentir que estava passando mal para então poder ir para casa.
Cíntia era a única que realmente parecia estar confiante, na verdade ela sempre agia assim. Não gostava de receber ordens, e adorava estar sempre certa, mesmo nas vezes em que não estava. Fazia questão de ser sempre o centro das atenções e mostrar-se superior perante aos outros.

Jucélia organizou os pacientes em uma fila, atrás da porta do refeitório, enquanto ordenava que os estagiários entrassem.

– Taís e Vanessa vocês dão o pão, enquanto Felipe e Marcela distribuem o suco. – diz a supervisora apressadamente.
– E eu? – pergunta Cintia.
– Você e a Fernanda vão vigiar eles e organizar a fila.
– Mas ... – tenta perguntar Vanessa.
– Sem perguntas! Eles estão com fome! – interrompe Jucélia.

Bill aguardava na fila junto de Cezar que acabara de chegar.
Todos empurravam uns aos outros com ar de brincadeira, mas com um pouco de violência.

– Ah! Mas que merda!!! – diz Bill ao ser empurrado quase caindo sobre Cezar.
– Calma, rapaz daqui a pouco abrem a porta.

E assim foi feito, imediatamente todos os pacientes apressados entram pela porta em direção ao refeitório.

– De dois em dois! Gritava Cintia, mantendo-se afastada de todos.
– Bom dia! – um diz. Porém ele é olhado com desprezo pela garota que o olha de cima a baixo.

A fila caminhava rápido, não permitindo que as garotas pudessem olhar à quem estavam servindo, Marcela muito nervosa, se atrapalha e acaba derrubando todo o suco. Vanessa tenta ajudá-la, mas não consegue distribuir os pães e limpar a mesa ao mesmo tempo. Felipe que também servia o suco, nada faz para resolver a situação, queminutos mais tarde seria resolvida.
Bill ao pegar seu café da manhã, senta-se ao lado de Cezar em uma das mesas.

– Elas são bem bonitinhas, né? – pergunta Cezar.
– Normais, nada de mais...- diz Bill.
– Se você ficar mais tempo aqui vai achar qualquer baranga bonita...

Bill timidamente sorri, enquanto come o pão amanhecido.

– Você tem namorada Bill?
– Não.
– Assim é melhor, pelo menos você não tem de quem sentir saudades....
– Bom, mas eu tenho uma filha! Ela é linda, queria ter uma foto aqui para te mostrar!
– Filha? Você tão novo assim... Qual a idade dela?
– 5 meses, quase 6!
– Mas que maldade afastarem você da menina, ela é ainda um bebê!
– Eu não quero falar sobre isso, tudo bem? - diz Bill tristemente.
– Claro.

Eles então passam todo o café da manhã em silêncio. Porém Bill sente-se muito enjoado devido ao forte odor de urina que havia no local.
Minutos mais tarde, Jucélia, sempre aos gritos mandava que se retirassem do refeitório para que fosse feita a limpeza do mesmo. Todos os pacientes imediatamente a obedecessem, mesmo que uns e outros  relutassem para permanecer no local e comer novamente.
Enquanto Marcela limpava a mesa suja de suco, Cintia passa por ela e comenta sobre o ocorrido.

– Você é muito lerda mesmo. Nem para servir um suco serve! Bela enfermeira que você vai ser...  – diz ela olhando-a de cima a baixo.

Marcela aceita a provocação em silêncio e continua fazendo a limpeza. Os outros estagiários levam os pratos, talheres, bandejas e copos para a cozinha.
Quando tudo já estava arrumado, Jucélia os chama novamente.

– Prestem bastante atenção. Eu conversei com o enfermeiro chefe e ele me informou que nós ficaremos no terceiro andar. Então eu quero que vocês escolham um paciente e passem o dia com ele.
– Posso ficar com a Fernanda? – pergunta Vanessa.
– Ela é uma paciente? Ou então, vocês nasceram grudadas uma com a outra?
– Nossa que mulher grossa...- resmunga Taís.
– Você disse alguma coisa Taís? – pergunta a supervisora.
– Quem eu? ... Eu não disse nada.
– Pois bem, vamos até lá para que vocês possam escolher seus pacientes. – diz Jucélia dando-lhes as costas.

Enquanto saiam do refeitório indo em direção aos quartos, Felipe abraça Cíntia que lhe dá um leve sorriso.
Fernanda ao ver a cena, avisa à amiga:

– Vanessa olha lá,olha lá! Você não vai fazer nada?
– O que você quer que eu faça?
– Faça alguma coisa! Ele é o seu namorado!
– O Felipe nunca disse que estamos namorando...
– Mas ele pode ficar se agarrando com outras garotas e você não?
– Ai Nanda, eu não estou nem aí para isso. O que me preocupa é isso de eu ficar com um paciente! Você viu a patada que eu levei?
– Levou porque é besta! Tinha nada que bancar a medrosa, na frente de todo mundo! Disfarça pelo menos!
– Eu não consigo! Estou morrendo de medo!
– Fica calma... qualquer coisa grita!
– Você me deixou muito mais tranqüila agora...
– Eu tenho esse poder, mesmo!
– Você não entende?! Esse curso é importante pra mim! Eu preciso tirar boas notas, e pelo visto a supervisora não foi muito com a minha cara!
– Quando você parar de ser medrosa, vai conseguir ser uma boa enfermeira! O que adianta você saber tudo na teoria se não consegue pôr em prática?!
– Eu tenho medo, medo de errar! É muita pressão!
– Aqui pelo menos eles são malucos! Se você errar põe a culpa neles e pronto!

Ao chegarem no terceiro andar, Jucélia faz um sinal para que fossem escolher um paciente.
– É só dar uma batidinha na porta e entrar. -  diz ela.

Cintia e Felipe logo escolhem um quarto, levando em consideração os que não haviam muito barulho. Marcela tentava convencer a supervisora de que não se sentia bem e precisava ser liberada. Porém seu pedido não foi atendido.

– Nanda estou com medo!! Eu não vou conseguir! - dizia Vanessa.
– Escolhe qualquer um e entra! Larga de besteira, a supervisora vai acabar percebendo e te tirando pontos!
– Nanda... – diz Vanessa com voz de choro.

Porém Fernanda já caminhava em direção ao quarto que havia escolhido, sem dar atenção as queixas da amiga.
No quarto 89, Bill sentado em sua cama fica olhando para suas mãos, ainda inconformado por terem lhe cortado as unhas. Mesmo com o nascimento de Gerthe ele não as cortou, tendo assim todo o cuidado para segurar a menina, mas agora nada disso teria adiantado, pensava ele.

Ainda no corredor Vanessa era a última a escolher o quarto, tinha medo do que iria encontrar pela frente. Suas mãos suavam frio, ela olhava para cada uma das portas sem saber qual deveria escolher.

– Você vai escolher um paciente e não um marido! – diz Jucélia ao ver a garota parada no corredor.
– Eu já vou escolher...
– Ainda hoje? Você sabe que isso vale pontos, não é mesmo?
– Sim, sei...

Vanessa respira fundo e caminha em direção ao quarto 85. Porém um vento muito forte entra pelo porta principal, fazendo com vários papéis dispostos em cima do balcão do posto de enfermagem, se espalhassem pelo chão.
Ela sente um arrepio correr-lhe a espinha, e esfrega seus braços tentando livrar- do frio trazido pelo vento.

– Me ajuda aqui! – diz Jucélia, que ajoelhada no chão recolhia os papéis.

Vanessa então educadamente a ajuda organizando novamente os prontuários.

– Muito obrigada! Agora direto ao trabalho! – diz Jucélia!

Vanessa nada diz, apenas coloca os papéis sobre o balcão, e em seguida entra no quarto 89.

Ela ao fechar a porta encosta-se sobre a mesma, e mais uma vez respira fundo, ficando alguns minutos em silêncio.

Bill ao notar a presença da garota em seu quarto, para de admirar suas mãos e fita a garota.

– Bill? – diz ela com voz embargada.
– Como você sabe meu nome? – pergunta ele desconfiado.
– É... Ta escrito ali. – diz Vanessa apontado para o prontuário pendurado na grade da cama de Bill.


Permaneceram mais alguns longos minutos ali , na mesma posição  em silêncio absoluto.
De repente Vanessa põe-se a chorar, e rapidamente tenta conter as lágrimas que teimavam em correr pelo seu rosto, mesmo que contra a sua vontade.

– Eu não sou doido. Não precisa ter medo de mim. – diz Bill levantando-se da cama.

Nunca ninguém havia o olhado de tal forma, fazendo com que se sentisse um pouco desconfortável com aquela situação.

– Eu não sou doido, pare de chorar! Eu não vou te machucar! – dizia Bill com voz suave a fim de tranqüilizar a garota.

Vanessa então retira as mãos que até o momento encobriam seu rosto.

Bill então ao olhar para os olhos da garota, não consegue esconder seu espanto, e acaba por sussurrar:

– Seus olhos...
– Meus olhos? O que tem eles? – pergunta Vanessa.
– É que eles são... Nada, nada. Deixa pra lá. – diz ele sentando-se novamente na cama.
– Você me disse que é não doido... então o que faz aqui? – diz ela secando suas lágrimas e sentado-se ao lado de Bill.

Ele então após um longo suspiro começa a contar toda a sua história, fazendo com que Vanessa novamente chorasse ao ouvir a linda história de amor vivida pelo rapaz.

Postado Por: Grasiele

Wenn Nichts Mehr Geht 2 - Capítulo 13 - Medos e Incertezas

Momentos antes de que Bill  fosse se deitar uma enfermeira lhe trouxe dois comprimidos, dizendo que eram recomendações médicas.
Porém Bill preferiu não arriscar, ele sabia que não precisava de nenhum remédio, e que este ao invés de lhe tratar, poderia fazer com que sentisse alguns sintomas indesejados. Provavelmente aqueles eram remédios muito fortes, que acabariam por deixá-lo realmente louco.
Assim que a enfermeira foi embora, ele os tirou rapidamente da boca, pensando em um local que poderia os esconder, mas acontece que não havia onde. No seu quarto havia apenas a cama e um criado mudo, e escondê-los dentro do mesmo, seria muito óbvio.
Bill então desforra seu colchão e procura por algum rasgão no objeto já envelhecido. Como era de se esperar, haviam dois ou três orifícios no mesmo. No menor deles Bill esconde os comprimidos, estava certo de que enquanto permanecesse internado não iria ingerir nenhum daqueles medicamentos, os escondendo todos ali.
Bill passara a noite toda acordado, por não estar acostumado a dormir tão cedo, e principalmente por sentir falta de sua cama, de suas coisas.... Mas tarde da madrugada,acabou sendo vencido pelo cansaço e adormeceu.
No entanto Bill não era o único com dificuldades para dormir, na casa de D.Lúcia todos ainda permaneciam acordados. Gerthe chorava incansavelmente, chegando por vezes a perder o fôlego, sua face muito vermelha já preocupava aos avós tão dedicados.
Chegaram até mesmo a pensar que a menina estivesse doente, e pretendiam levá-la à um hospital. Porém quando D. Lúcia a deita na cama para que assim pudesse se arrumar, Gerthe aos poucos vai se acalmando e minutos depois já dormia tranquilamente.

Tom revirava-se na cama. A dúvida e a insegurança não permitiam que ele conseguisse relaxar para então dormir. Em quem ele deveria acreditar? No irmão que tinha várias evidências contra a si próprio, ou nos médicos que lhe diziam que seu gêmeo precisava de tratamento psicológico intenso? Ele passou a noite toda perguntando-se se o que havia feito era realmente o melhor. Bill não parecia estar mais feliz ou saudável, muito pelo contrário. Tom nunca havia visto Bill tão furioso com ele, e a imagem de seu irmão gritando que o odiava, o deixava ainda mais angustiado.
Não se perdoaria se algo de ruim acontecesse ao irmão, mas e se os médicos realmente estivessem certos? E se Bill ao  sair da clinica tentasse novamente se matar? Por mais que fosse triste, Tom sabia que lá Bill estaria protegido, protegido de si mesmo.

No dia seguinte o Sol não apareceu, o céu estava cinza e algumas vezes uma leve chuva caia, mas logo cessava.
Bill adorava olhar pela janela as gotas de chuva caírem do céu, e sentir o cheiro de terra molhada que tanto lhe agradava. Mas do seu quarto era impossível o fazer, já que não havia janela, então ele decide ir até o jardim e esperar que o café da manhã fosse servido.

A caminho dali, em um ônibus, seis adolescentes com idade média de 17 anos conversavam sobre suas expectativas para o primeiro estágio em uma clinica psiquiátrica. As cinco garotas e o rapaz estavam concluindo o primeiro ano do curso de Téc. de Enfermagem. Não possuíam muito experiência ou conhecimento na área, mas sim muitos medos e incertezas. Pelo menos um deles...

– Vanessa larga de ser medrosa, não vai acontecer nada demais lá! – diz Fernanda para a amiga.
– Você não ouviu o que o professor falou? Eles fazem coisinhas entre eles! – diz Vanessa um pouco envergonhada.
– O professor Roberto é um maluco também! Você não percebe que ele falou isso só para nos assustar?!
– Mas é claro que foi. Além de doido, gay?! É muito castigo para uma pessoa só... se bem que para ser gay só sendo doido mesmo. – diz Felipe intrometendo-se na conversa.
– Eu não acho que seja mentira. Me falaram que nessas clinicas não tem só malucos, tem ex drogados também. A amiga da minha mãe que é enfermeira teve um caso com um drogado de uma clinica dessas que ela trabalha. Também, o cara tinha dinheiro, quem não pegava?! – diz Cíntia, sentada ao lado de Felipe.
– Mas você pode ficar despreocupada que nessa clinica só tem malucos mesmo, tá dona Cíntia! – diz Fernanda.
– E eu lá quero ficar com maconheiro? O meu lance é com os enfermeiros.. – responde Cintia.
– Ela acha que assim vai conseguir um estágio remunerado, tadinha... – diz Taís sentada no banco ao lado, junto de Marcela.
– Eu só quero aumentar as minhas amizades profissionais... – defende-se Cíntia.
– Você é uma vadia, isso sim! Por isso todo mundo pensa que técnica e enfermeira é “lanchinho” de médico. Por causa de umas e outras iguais à você! – retruca Taís.

Cíntia prepara-se para iniciar uma discussão, ali mesmo no ônibus, mas é contida por Felipe, que a segura firmemente pressionando seu corpo contra o dela. Ao perceber que Vanessa o olhava seriamente, ele disfarça e se afasta de Cíntia.

– Desculpa interromper essa discussão “tão emocionante”, mas alguém sabe em qual ponto a gente tem que descer? – pergunta Fernanda.
– É no próximo. – responde Filipe.
– Se a Marcela não tivesse pegado a porra do ônibus errado, a gente já estaria lá! – diz Cíntia.
– Ai desculpa gente... – diz Marcela abaixando a cabeça.
– Essa garota é tão tapada que me irrita! – resmunga Cíntia.
– E o pior é que dizem que a nossa supervisora de lá, é super exigente.. – diz Vanessa.
– Lá vem a Nerd... você só tira 10 em todas as matérias e agora vem me falar que está com medo da supervisora... faça-me um favor.
– Já te falei pra parar de me chamar de nerd. – diz Vanessa.
– Quando você parar de agir como uma, quem sabe... E não é só nesse aspecto que eu estou falando, você sabe muito bem disso... – diz ela olhando de lado para Felipe.

Algum tempo depois eles então chegam ao local, e encontram com Jucélia, sua supervisora, que os esperava em frente à entrada da clínica.

– Vocês são o novo grupo de estágio? – pergunta ela, jogando o cigarro que acabara de fumar, no chão.
– Sim. – reponde Vanessa, com um sorriso nervoso no rosto.
– Meus parabéns... Já começaram errado! Vocês estão 15 minutos atrasados, sua blusa está decotada demais. Esse cabelo já era para estar preso. Nunca te avisaram que não se deve usar esmalte escuro menina? – diz ela apontando para cada uma das meninas.

Vanessa ainda mais nervosa pelas reclamações tenta defender o grupo, porém Jucélia não parecia estar com vontade de ouvi-la.

– Vamos, vamos logo entrar... – diz a supervisora.

Eles então vestem o jaleco e põem seus crachás de estagiários , guardando as bolsas e mochilas no armário de madeira localizado logo na entrada, ao lado do vigia.

– Tem que pegar o aparelho de pressão, termômetro e essas coisas? – pergunta Vanessa.
– Não só o caderno de anotações e a caneta. Responde Jucélia.

Quando todos já estavam devidamente arrumados e todos com os cabelos amarrados, a supervisora fala:

– Antes de nós irmos para o alojamento, há algumas coisas que eu preciso avisar. Primeiro: alguém aqui fuma?
– Eu. – diz Felipe, levantando o dedo.
– Não fume aqui dentro! Alguns deles fazem trocas desesperadas por um cigarro que seja...
– Ok.
– Segundo: eles vão querer abraçar vocês, tocar no seu cabelo... Não deixem! Afinal vocês não fazem ideia da onde eles colocaram aquela mão antes. E digamos que eles não são muito higiênicos.
– É verdade que eles fazem sexo um com o outro? – pergunta Fernanda.
– Se deixarmos, os mais assanhadinhos fazem mesmo. Então temos que ficar de olho para que eles não fiquem muito perto um do outro. E nem fiquem cheios de amizade com eles. Eles não são seus amigos, são seus pacientes!

Diz ela elevando seu tom de voz.

– Mas também não é para ficar com essas caras de medo, né pessoal? – diz ela olhando diretamente para Vanessa, que parecia querer chorar.
– E o que nós vamos fazer aqui? – pergunta Taís.
– Não há curativos imensos, banhos no leito... Vocês apenas terão que “brincar” com eles, tentar entender o que se passa na cabeça de um paciente psiquiátrico, ver como é o seu comportamento. Além de aprender sobre algumas medicações, realizar pequenos curativos, e ajudar na alimentação e higiene. Resumindo,não há muito o que se fazer aqui.
– Uma clinica psiquiátrica é diferente de um hospital. – diz Marcela.
– Isso mesmo. Agora vamos logo que já deve estar na hora do café da manhã deles. – diz Jucélia.

Postado Por: Grasiele

Wenn Nichts Mehr Geht 2 - Capítulo 12 - Um novo amigo

Bill deitado em sua cama pensava sobre tudo que havia dito à Tom naquele dia, porém não sentia qualquer tipo de arrependimento, mas sim tristeza por ter brigado com o irmão. De fato ele não queria que a situação tivesse chagado à tal ponto.
Ao mesmo tempo que sentia medo por estar ali, sentia também uma raiva muito grande de Tom e de si mesmo por não conseguir pensar em algo que pudesse libertar daquela prisão. Mas um sentimento era maior do que todos os outros, a saudade de sua filha.
Gerthe era o que mais motivava Bill à querer sair daquele lugar, como sempre ele via em sua filha à luz do fim túnel.
Por mais que tentasse compreender o que levara Tom a deixá-lo em tal situação, ele não conseguia. Seria Tom tão ingênuo ao ponto de acreditar em tudo o que lhe fosse dito? Ele sabia que sim. Tom sempre gostou de parecer muito esperto diante dos outros, principalmente das garotas. Mas sempre que sentia medo de algo,até por mais bobo que fosse, era à Bill, que ele sempre recorria.

Entretido em meio a suas recordações Bill vê a tarde passar. As poucas horas que passara sozinho foram o suficiente para mostrar-lhe que sempre há algo pior. Dias atrás ele achava que não teria como sua vida ficar pior do que estava, mas agora ela havia percebido que estava enganado.
Pela primeira vez em muito tempo, ele já não queria ficar sozinho, não queria ficar isolado, porém as pessoas que ali estavam o deixavam receoso.
Sem que esperasse, a porta que estava apenas encostada abre-se repentinamente. Com o susto, Bill levanta-se da cama e vê um senhor já com os seus 40 anos entrar, sentando na beirada da cama de Bill. Este assustado na fala ou faz, apenas se prepara para correr, caso fosse preciso.

– Você não é maluco, né? – pergunta o homem, olhando seriamente para Bill.
– Não, não sou.
– Essas coisas agente percebe de longe mesmo....
– Você também não parece ser maluco. Quer dizer, não tanto como os outros lá fora.
– E eu não sou – disse o homem sorrindo,porém seu sorriso não era alegre ou cativante, era um sorriso triste, artificial, como que se ele estivesse sendo obrigado a sorrir. Mas no entanto seu sorriso era sincero. – Eu me chamo Cezar,e você?
– Bill.
– Bill? Esses pais de hoje em dia adoram botar nomes americanizados em seu filhos. Eu hein, Pedro, João, Antônio.. são tão bonitos.
– Bom na verdade  eu não sou daqui. Eu nasci na Alemanha.
– Alemanha? O país do Hitler!
– Bom eu prefiro que ela seja lembrada por outras coisas...
– Mas lá na Alemanha não é todo mundo loiro dos “zóio” azul?
– Em sua maioria sim. É... eu tinjo os meus cabelos..
– Ainda não tentaram arrancá-los?
– O quê?
– O povo aqui é fascinado por cabelos compridos,as enfermeiras e as meninas do estágio vem sempre com o cabelo amarrado... Aí se um vê esse teu cabelo lisinho assim... já era!
– Vou ficar com ele sempre preso então...
– É bom mesmo...
– Mas, desculpe a pergunta... – diz Bill sentando-se na cama, ainda afastado do homem. – o que você está fazendo aqui?
– Drogas. Minha família preferiu que eu fosse visto como um maluco do que como um drogado. Sério, eles acreditavam que uma clinica de reabilitação seria muito ruim pra mim.... então me jogaram nessa ótima “clinica”.
– Tem umas pessoas bem estranhas aqui...
– Estranhas? E quem é cem por cento normal?
– Você tem razão...
– Com o passar do tempo você vai ver... são tudo gente boa. Fora uns e outros...
– Não tenho tanta  certeza disso...
– Pode ficar tranqüilo... eles são melhores do que muita gente que se diz normal por aí. Bom agora eu preciso sair do seu quarto antes que me peguem aqui.
– Por que?
– É proibido!

Ao ver que Bill ainda não havia entendido  muito bem o que ele estava dizendo, completou:

– Bill tem caras que passam meses, anos aqui! E bem essa é uma clinica masculina, sem mulheres...
– Oh meu Deus!
– Então cuide bem dos seus fundos, sabe...
– Obrigado pelo aviso.... Eu não preciso literalmente tomar no cú..
– Quem não tem cão caça com gato... – disse o homem rindo.
– No meu caso não... prefiro ficar com fome.
– Vamos então daqui a pouco é a hora da janta.
– Janta, mas ainda está de tarde!
– Sim, mas aqui somos todos crianças... então dormimos logo pelas 19:00.
– Você está de brincadeira...
– É sério! Agora vamos logo pra cantina.. quero ser o primeiro da fila!

Bill acreditando que pela pressa de Cezar a comida deveria ser boa, decepcionou-se diante do arroz, feijão e salsinha com um pedaço de goiabada como sobremesa.

Todos comem desesperadamente, prontos para repetir a refeição, enquanto Bill com muito custo tenta engolir a comida já fria e sem temperos.

– Hoje ta chato desse jeito mas amanhã melhora – diz Cezar para Bill.
– Amanhã?
– Amanhã as meninas do estágio vem aqui... E além do mais é um grupo novo e tal, adoro por medo nelas... Eu até me finjo de maluco só para ver a cara de medo que elas fazem. – disse ele cheio de gestos.
– Se elas forem iguais as enfermeiras daqui....
– Não, pelo contrário! Acho que por elas não terem sofrido ainda os desencantos da profissão, algumas até são muito simpáticas. Quando não ficam paradas em um canto, se borrando de medo...
– Você se diverte com isso?
– E muito! Elas são todas novinhas, acho que um pouco mais novas que você... Mas olha lá em rapaz, nem tente votar o olho em nenhuma delas...
– Meu irmão que é o conquistador de mulheres... eu não.
– Bom, mas até agora você tem conquistado muitos homens... Olha lá o sorriso do “Bom dia” pra você!
– Eu já tive o “prazer” de conhecê-lo...
– Ele é o cara mais bem educado que eu conheço, nunca vi ele ficar sem dar “bom dia” para alguém...
– Sim, mas ele só sabe falar isso, não é mesmo?
– É verdade... mas ele poderia ficar calado também... Então mesmo assim ele continua sendo o cara mais educado que eu conheço.

Postado Por: Grasiele

Wenn Nichts Mehr Geht 2 - Capítulo - 11 Acusações

Tom ao ver D. Lúcia negar seu pedido, fica frustrado pois pensava que o melhor para a menina e para seu irmão fosse que ele a cuidasse. Afinal ele devia muitos favores ao irmão, que sempre o ajudou nos momentos mais difíceis de sua vida. Além de que já havia adquirido certa afeição por Gerthe, mesmo que não a visse como filha, e sim como sobrinha.

Enquanto tomava seu café da manha, embora já fosse 13h00min horas, ouve seu celular tocar, pensando que pudesse se tratar de Bill corre para a sala,pegando o aparelho de cima da mesa e o atende.
– Alô?
– Oi, Tom, como o Bill está? – pergunta Giselle.
– O Bill teve que ser internado.
– Internado? Como assim internado? Em que hospital ele está?
– Essa é uma longa história...
– Não importa! Eu falei para você que o Bill estava abusando da bebida, eu falei!
– Não teve nada a ver com isso!
– O que houve então?
– Bill tentou se matar.
– Se matar? Mas como.... ele já está bem?
– Ele vai ficar bem agora, ele está em uma clinica psiquiátrica muito boa. Foi um médico que a recomendou.
– Nossa... é difícil acreditar que alguém que gente conhece esteja em uma situação dessas...
– Sim, mas pode acreditar ele está sendo bem tratado. Antes que você me ligasse eu estava me preparando para ir visitá-lo.
– E qual é o horário de visitas?
– Horário de visitas?... Bem eu não sei, acho que vou ter que ligar para lá, pra perguntar.
– Nesses locais eles só deixam entrar no horário...
– Sim, mas você quer ir comigo?
– É... me desculpe, mas acho que eu não me sentiria bem em um lugar desses. Sinceramente não consigo. Mas diga ao Bill que eu mandei um beijo.
– Ok, então. Tchau.
– Tom! É...
– Sim?
– Eu pensei que você fosse tocar no assunto...mas você não disse nada., então eu resolvi tomar a iniciativa. Bom, eu não gostei do modo como você me tratou naquele dia na boate.
– Que dia?
– Bom... o dia em que nós transamos...
– Ah sim, estou lembrado.
– Sim, você saiu... e nem disse nada, depois veio como se nada tivesse acontecido....
– Pensei que você ja soubesse que o nosso lance era só por uma noite.
– Sim eu sabia, mas mesmo assim você foi muito grosso.
– Ok, ok... foi mal. Agora me dá licença que eu tenho umas coisas para resolver. – disse ele terminando a ligação.
Em seguida liga para a clínica onde o irmão estava internado, perguntando qual seria o horário de visitas. Foi informado que seria  às 14:00 horas, então imediatamente ele lembra-se de que deveria levar algumas coisas para o irmão, que estava apenas com a roupa do corpo.
Preparou uma mochila em que colocou, o Ipod do irmão, um caderno que ele gostava de usar para compor músicas, roupas, e alguns produtos de higiene.
Minutos depois já estava à caminho da clinica.

Bill tentava conversar com as pessoas que passavam por ele, porém ele era simplesmente desprezado. Ninguém ao menos se dispunha a ouvir o que  pretendia dizer, o olhavam com indiferença e davam-lhe às costas.
As únicas pessoas que estavam dispostas a fazer-lhe companhia, era os outros pacientes. Por vezes foi seguido ou rodeado por eles.
Pensou em tentar fugir, mas antes que pudesse sequer sair do pátio o vigia em frente ao portão o olhava friamente. Ele então olha para a sua volta e vê que seria impossível pular o enorme muro que cercava o local. Não teria jeito, ele estava preso ali. Desesperado senta-se novamente no banco, e cabisbaixo sente uma lágrima a deslizar de seus olhos.
Enquanto isso Tom já chegara ao local e era informado pela enfermeira Ana de como deveria proceder.

– É muito comum eles dizerem que estão sendo mal tratados, que não estão doentes ou então que nunca fazem nada. Tudo isso é uma tentativa de fazer com os seus familiares os tirem daqui, e assim eles voltam a fazer tudo novamente, ou até coisas piores. Então é preciso que você seja forte, mesmo que ele chore ou se desespere é preciso que você se mantenha firme. Eles são capazes de inventar histórias incríveis só para que possam ser ver livres do tratamento.
– Entendo... – diz Tom.
– Eu sei que deve ser difícil para você, mas isso é necessário.
– Sim, eu entendi. Ma acho que das próximas vezes que eu vir aqui ele já vai estar convencido.
– Esse é um outro detalhe que precisa ser esclarecido. Você não poderá durante duas semanas visitar o seu irmão.
– O quê? – exclama Tom, assustado.
– Sim porque a sua presença aqui, dificulta ainda mais que ele se acostume a viver aqui, entende. Ele o vendo todos os dias, nunca se acostumará de que é aqui, que no momento ele deve e precisa ficar.
– Não tem outro jeito?
– Infelizmente não. Nós não queremos que o paciente se desprenda de seu passado ou então fica longe de sua família. Nós só queremos que ele se acostume o mais rápido possível para que assim possa se recuperar mais rápido, se for o caso.
– Tudo bem, mas eu gostaria de ser informado durante essas duas semanas sobre a situação dele.
– Com certeza, nós o manteremos a par de tudo.
– Obrigado. Bem, eu trouxe as coisas dele, eu acho que por uns dias dá.
– Antes de entregá-las a ele, é preciso que nós a revistemos.
– Ok. – Tom então entrega a mochila a enfermeira, ainda inconformado com as condições propostas por ela.
– Bom, é só isso você já pode ir ver o seu irmão.
– E onde ele está?
– Provavelmente no pátio, tomando um Sol. Nós temos um belo jardim aqui.

Tom então caminha em direção ao pátio, observando à tudo e à todos. Bill ainda permanecia tristonho e solitário sentado em seu banco, torcendo para que mais ninguém se aproximasse dele.


– Bill?

Ele então levanta a sua cabeça, e vê o irmão de pé à sua frente.
Bill levanta-se rapidamente e emocionado abraça forte o irmão, quase o derrubando.

– Tom que bom você chegou, me tira daqui! Me ajuda Tom! – diz ele abraçado ao irmão.
– Bill, eu não posso você está doente.
– Doente? Como assim? – diz ele afastando-se.
– Doente da cabeça... Você tentou se matar.
– Eu me matar? Quem está doente é você!
– Não precisa mentir Bill, olhe para a sua mão, olhe para a sua cabeça! Você tomou um monte de remédios...
– Não Tom! Isso é besteira! O corte na minha mão foi porque eu cortei sem querer com a caixinha de música da Camila..... você viu ela quebrada no chão? Eu sem querer esbarrei e derrubei. Eu tinha bebido muito e estava zonzo...
– Pára Bill! Chega de inventar histórias... Aqui você está protegido, confie em mim. Aqui você será tratado e curado! Você nunca mais vai pensar em se matar.
– Mas eu não tentei me matar!
– Bill... quanto mais rápido você aceitar que precisa de ajuda melhor é!
– Cara, eu estou bem! Você não sabe as coisas que eu já vi aqui...
– Bill, por favor não torne as coisas mais difíceis que elas já são!
– Tom, acredita em mim por favor! Me tira daqui... – diz Bill aos prantos.

Tom não agüentando ver seu gêmeo chorar, deseja afastar-se daquela situação, e então decide ir embora.
Bill ao notar o que o irmão pretendia fazer, segura firmemente em seu braço.

– Tom me tira daqui! -diz ele seriamente.
– Não Bill. – diz Tom novamente se afastando.

Bill então furiosamente segura Tom pela sua camisa e grita.

– É a Gerthe né? Você quer ficar com a minha filha!!! Você quer me deixar preso aqui pra ficar com ela.
– Larga de besteira Bill, eu nunca faria isso. Você precisa ficar! Vai ser melhor!
– Melhor pra quem? Eu preciso ver a minha filha Tom, eu não posso ficar aqui!
– Ela está sendo bem cuidada pela avó dela, não precisa se preocupar...
– Tom seu idiota! Seu filha da puta!!!
– Me larga Bill, me larga!
– Eu nunca vou te perdoar por isso, nunca! – diz Bill segurando furiosamente os braços de Tom.
– Se acalme Bill!
– Você que é o maluco aqui! Se aqui é tão bom, fica você no meu lugar!
– Bill já disse pra você me soltar!
– Nesses últimos tempos você só tem ferrado com a minha vida! Se não fosse você eu não estaria nessa situação!
– O que?
– A Camila morreu por sua culpa Tom! Por sua culpa!
– Não foi eu que apertei o gatilho, Bill, pára de falar merda!
– Você não apertou o gatilho mas provocou toda a situação! Se não fosse você eu a Camila e a minha filha estaríamos felizes até hoje! Você acabou com a minha vida Tom! Eu te odeio !!!
– Não foi culpa minha Bill, você sabe disso! Eu não sei porque essa raiva toda, a mina nem era tão boa assim!

Bill então dá um soco na face de seu irmão, que pego de surpresa cai no chão.

– Retira o que você disse! Retira !!
– Desculpa Bill, desculpa.... – diz Tom percebendo que havia falado demais.

Enfermeiros ao verem a briga, se aproximam de Bill, um deles lhe dá uma “gravata” por trás enquanto o outro ajuda Tom a levantar-se.

– Você é um filha da puta Tom! Eu te odeio!!! – diz Bill tentando livrar-se do enfermeiro.
– Me desculpa Bill! Me desculpa!!!  Vai ser melhor pra você, eu prometo! – diz Tom enquanto se afastava junto com o enfermeiro.
– Me tira daqui Tom!!! – grita Bill, desesperado ao ver o irmão ir embora.

O enfermeiro segurando forte em seu pescoço, o arrasta para dentro do alojamento, e em seguida joga Bill no chão de seu quarto.

– Vai ficar aqui! Ta com ataque de frescura?! Então vai ficar ai! - diz o enfermeiro expressando superioridade.
– Cala a boca!!!!
– Olha lá como fala comigo! Só não te dou um sossega leão porquê  você é novato! Mas eu posso me arrepender, hein... – diz ele tirando uma seringa de seu bolso, exibindo-a para Bill.

Ele assustado, levanta-se do chão e corre para a sua cama, onde abraçado a um travesseiro chora compulsivamente.

Uma enfermeira entra pela porta e joga-lhe uma escova de dentes.

– Foi isso aí que o seu irmão trouxe pra você. – diz a enfermeira em tom de deboche.
– Só isso? - diz Bill tentando controlar seu choro.
– As outras coisas foram permanentemente confiscadas. – diz ela rindo sorrateiramente para o colega de trabalho.

Bill cansado de chorar, passa a planejar um esquema para a sua fuga.

Postado Por: Grasiele

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