quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Wenn Nichts Mehr Geht 2 - Capítulo 12 - Um novo amigo

Bill deitado em sua cama pensava sobre tudo que havia dito à Tom naquele dia, porém não sentia qualquer tipo de arrependimento, mas sim tristeza por ter brigado com o irmão. De fato ele não queria que a situação tivesse chagado à tal ponto.
Ao mesmo tempo que sentia medo por estar ali, sentia também uma raiva muito grande de Tom e de si mesmo por não conseguir pensar em algo que pudesse libertar daquela prisão. Mas um sentimento era maior do que todos os outros, a saudade de sua filha.
Gerthe era o que mais motivava Bill à querer sair daquele lugar, como sempre ele via em sua filha à luz do fim túnel.
Por mais que tentasse compreender o que levara Tom a deixá-lo em tal situação, ele não conseguia. Seria Tom tão ingênuo ao ponto de acreditar em tudo o que lhe fosse dito? Ele sabia que sim. Tom sempre gostou de parecer muito esperto diante dos outros, principalmente das garotas. Mas sempre que sentia medo de algo,até por mais bobo que fosse, era à Bill, que ele sempre recorria.

Entretido em meio a suas recordações Bill vê a tarde passar. As poucas horas que passara sozinho foram o suficiente para mostrar-lhe que sempre há algo pior. Dias atrás ele achava que não teria como sua vida ficar pior do que estava, mas agora ela havia percebido que estava enganado.
Pela primeira vez em muito tempo, ele já não queria ficar sozinho, não queria ficar isolado, porém as pessoas que ali estavam o deixavam receoso.
Sem que esperasse, a porta que estava apenas encostada abre-se repentinamente. Com o susto, Bill levanta-se da cama e vê um senhor já com os seus 40 anos entrar, sentando na beirada da cama de Bill. Este assustado na fala ou faz, apenas se prepara para correr, caso fosse preciso.

– Você não é maluco, né? – pergunta o homem, olhando seriamente para Bill.
– Não, não sou.
– Essas coisas agente percebe de longe mesmo....
– Você também não parece ser maluco. Quer dizer, não tanto como os outros lá fora.
– E eu não sou – disse o homem sorrindo,porém seu sorriso não era alegre ou cativante, era um sorriso triste, artificial, como que se ele estivesse sendo obrigado a sorrir. Mas no entanto seu sorriso era sincero. – Eu me chamo Cezar,e você?
– Bill.
– Bill? Esses pais de hoje em dia adoram botar nomes americanizados em seu filhos. Eu hein, Pedro, João, Antônio.. são tão bonitos.
– Bom na verdade  eu não sou daqui. Eu nasci na Alemanha.
– Alemanha? O país do Hitler!
– Bom eu prefiro que ela seja lembrada por outras coisas...
– Mas lá na Alemanha não é todo mundo loiro dos “zóio” azul?
– Em sua maioria sim. É... eu tinjo os meus cabelos..
– Ainda não tentaram arrancá-los?
– O quê?
– O povo aqui é fascinado por cabelos compridos,as enfermeiras e as meninas do estágio vem sempre com o cabelo amarrado... Aí se um vê esse teu cabelo lisinho assim... já era!
– Vou ficar com ele sempre preso então...
– É bom mesmo...
– Mas, desculpe a pergunta... – diz Bill sentando-se na cama, ainda afastado do homem. – o que você está fazendo aqui?
– Drogas. Minha família preferiu que eu fosse visto como um maluco do que como um drogado. Sério, eles acreditavam que uma clinica de reabilitação seria muito ruim pra mim.... então me jogaram nessa ótima “clinica”.
– Tem umas pessoas bem estranhas aqui...
– Estranhas? E quem é cem por cento normal?
– Você tem razão...
– Com o passar do tempo você vai ver... são tudo gente boa. Fora uns e outros...
– Não tenho tanta  certeza disso...
– Pode ficar tranqüilo... eles são melhores do que muita gente que se diz normal por aí. Bom agora eu preciso sair do seu quarto antes que me peguem aqui.
– Por que?
– É proibido!

Ao ver que Bill ainda não havia entendido  muito bem o que ele estava dizendo, completou:

– Bill tem caras que passam meses, anos aqui! E bem essa é uma clinica masculina, sem mulheres...
– Oh meu Deus!
– Então cuide bem dos seus fundos, sabe...
– Obrigado pelo aviso.... Eu não preciso literalmente tomar no cú..
– Quem não tem cão caça com gato... – disse o homem rindo.
– No meu caso não... prefiro ficar com fome.
– Vamos então daqui a pouco é a hora da janta.
– Janta, mas ainda está de tarde!
– Sim, mas aqui somos todos crianças... então dormimos logo pelas 19:00.
– Você está de brincadeira...
– É sério! Agora vamos logo pra cantina.. quero ser o primeiro da fila!

Bill acreditando que pela pressa de Cezar a comida deveria ser boa, decepcionou-se diante do arroz, feijão e salsinha com um pedaço de goiabada como sobremesa.

Todos comem desesperadamente, prontos para repetir a refeição, enquanto Bill com muito custo tenta engolir a comida já fria e sem temperos.

– Hoje ta chato desse jeito mas amanhã melhora – diz Cezar para Bill.
– Amanhã?
– Amanhã as meninas do estágio vem aqui... E além do mais é um grupo novo e tal, adoro por medo nelas... Eu até me finjo de maluco só para ver a cara de medo que elas fazem. – disse ele cheio de gestos.
– Se elas forem iguais as enfermeiras daqui....
– Não, pelo contrário! Acho que por elas não terem sofrido ainda os desencantos da profissão, algumas até são muito simpáticas. Quando não ficam paradas em um canto, se borrando de medo...
– Você se diverte com isso?
– E muito! Elas são todas novinhas, acho que um pouco mais novas que você... Mas olha lá em rapaz, nem tente votar o olho em nenhuma delas...
– Meu irmão que é o conquistador de mulheres... eu não.
– Bom, mas até agora você tem conquistado muitos homens... Olha lá o sorriso do “Bom dia” pra você!
– Eu já tive o “prazer” de conhecê-lo...
– Ele é o cara mais bem educado que eu conheço, nunca vi ele ficar sem dar “bom dia” para alguém...
– Sim, mas ele só sabe falar isso, não é mesmo?
– É verdade... mas ele poderia ficar calado também... Então mesmo assim ele continua sendo o cara mais educado que eu conheço.

Postado Por: Grasiele

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