quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Wenn Nichts Mehr Geht 2 - Capítulo 16 - Barba, cabelo e bigode

Tom não conseguiu compor uma música sequer, o máximo que obteve foi meia dúzia de frases que para ele não faziam sentido algum, o que era verdade.
Pior do que não levar música alguma para o produtor seria mostrar a sua total falta de capacidade para compor uma canção decente sozinho, pensou. Assim decidiu que o melhor a ser feito seria mais uma vez pedir um prazo para David Jost. Afinal agora eles tinham mais um grande problema, estavam sem o baterista. Porém Jost cansado de tantas desculpas, de tantos problemas, acaba por cancelar o contrato da banda.

– Como assim? Seja humano, cara! Isso é só uma maré de azar..
– Eu não tenho todo o tempo do mundo! Você sabe quantos milhares de bandas talentosas tem lá fora?
– Mas nós também somos muito talentosos!
– Até agora eu vi 10% desse talento. Muito pouco para uma gravadora como a Universal.
– Se você esperar mais um pouco nós vamos vender mais CD’s do que qualquer um artista aqui! Basta você nos dar essa chance!
– Eu não mudo de idéia tão fácil assim Tom. Procurem outra gravadora!

Tom irritado dá um soco na mesa do produtor e o olha furiosamente.
– Você vai sair sozinho ou acompanhado dos seguranças? – pergunta David.
– Vocês um dia vão se arrepender, vão implorar para ser a gravadora dos Tókio Hotel e nós não vamos aceitar!
– Mas enquanto esse dia não chega... Saia da minha sala! – grita o produtor.

Tom furioso sai da sala para evitar maiores problemas e vai para casa de Bill buscar as coisas que não tivera a oportunidade de buscar na última vez em que esteve lá.

Ao chegar no local ele percebe que a porta de entrada está aberta, desconfiado anda cautelosamente procurando por a pessoa que teria aberto a porta.
Vai em todos os cômodos e ao chegar no quarto de Bill, depara-se com D.Lúcia mexendo nas roupas do irmão.

– O que a senhora está fazendo? – diz Tom.
– Ui menino, que susto!
– O que a senhora está fazendo com as roupas do meu irmão?
– Calma eu não estou roubando nada! Estou pegando emprestado.
– Emprestado?  A senhora...
– Não é pra mim! É pra Gerthe! A menina não consegue dormir, chora o tempo todo. Não há quem faça aquela criaturinha ficar quieta! A vizinha disse que é por causa do Bill, ela está com saudades do pai, afinal só dormia com ele.
– E porquê as roupas?
– Pelo cheiro. Nós vamos enganar a Gerthe pelo menos por uns tempos.
– Ela vai pensar que o Bill está perto dela né?
– Sim! Nós vamos dar essa peça de roupa pra ela cheirar. Tomara que de certo!
– Sim. Toma pega essa, é a favorita do Bill. Deve estar com um cheiro forte ainda. – diz Tom entregando à dona Lúcia uma camiseta com listras horizontais nas cores preto e branco,
– Obrigada. Que dia é a visita?
– Ele não pode receber visitas...
– Como assim? O menino vai ficar isolado lá igual à um bicho?
– É só durante as primeiras semanas, eu tentei mudar isso,mas são as normas da clínica.
– Eu só espero que o Bill saia logo desse lugar. Para o bem dele e da Gerthe.
– Ela está tão mal assim?
– Quando for pai você vai saber como é essa ligação...  diz D.Lúcia. indo embora com a camiseta em mãos.

Ao chegar em casa ela vê Caroline desesperada tentando fazer a sobrinha parar de chorar. Ela fazia cara e bocas para Gerthe, dava-lhe seus brinquedos,mas tudo em vão.

– Já está chorando?
– Ainda bem que a senhora chegou mãe! Ela estava vendo TV quietinha, aí do nada começou a chorar...
– Ah mas agora eu trouxe o que ela queria!
– Conseguiu pegar a roupa?
– Consegui. O irmão dele chegou bem na hora que eu estava fuçando o guarda-roupa, achou que iria roubar.
– Sério? Ainda bem que ele não anda armado...
– Verdade. Agora me dá a bonequinha aqui. –diz D.Lúcia esticando os braços.

Caroline rapidamente entrega Gerthe para a avó, que depois de a pôr confortável em seus braços, aproxima a camiseta de seu delicado rosto.
Ao reconhecer o cheiro, a menina foi se acalmando gradualmente até que por fim, adormeceu.

Mãe e filha se olham sorrindo, o plano havia funcionado.
A partir dali Gerthe passou a dormir daquela forma, segurando a camiseta do pai próximo de seu rosto. Seus avós e a tia ficavam sempre muito tentos para que o pano não encobrisse sua face, podendo assim a sufocá-la, outro cuidado que tinham é de nunca lavar a peça de roupa ou deixar que a mesma fosse suja. Esse era o amuleto da sorte da familia, durante aquela semana não tiveram mais problemas com Gerthe.

Tom disposto a reverter o quadro dramático de sua banda passou a semana a procurar por um novo baterista para o Tokio Hotel. Porém não estava muito entusiasmado com isso, afinal ainda faltava o vocalista e líder da banda.

Este a cada dia sentia mais vontade de fugir daquela clinica, estar perto de sua filha. Em busca de ajuda contou para Cezar que precisava fugir, e que não agüentaria ficar muito tempo naquele lugar.
Cezar por mais que quisesse não poderia ajudar Bill, afinal estava na mesma situação que ele, lamentou muito por isso. No pouco tempo de convivência ele já tinha um carinho especial pelo rapaz, o via quase como um filho

– Bill você precisa que alguém de fora lhe ajude! Eu, nada posso fazer...
– Eu não posso contar com ninguém, nem mesmo com o meu irmão.
– Você já falou com ele?
– Ele pensa que esse lugar é a oitava maravilha do mundo!
– E se agente reunisse provas para mostrar à ele que não é?
– Sabe quando a gente vai conseguir fazer isso? Nunca.
– Não fale assim...
– Somos só nós dois contra todos deste lugar. Nós não temos nem como recolher provas. E ainda que um dia a gente consiga, vamos estar errados! Afinal nós somos doidos. Quem é que vai acreditar na gente?
– Você tem razão.
– Infelizmente sim.
– E a garota, você não disse que ela chorou e tudo?!
– Sim, ela ficou comovida... mas sei lá, não levo muita fé não.
– Não desista! Fala novamente com ela...
– Eu não pedi ajuda, só conversei com ela...
– Pois amanhã é dia de estágio, trate de falar com ela. Ou eu mesmo falo.
– Mas é que assim... eu fico sem jeito, sabe. Ela nem me conhece... ai eu chego fazendo um pedido desses...
– Você quer ver sua filha de volta?
– Mas é claro! Isso é óbvio!
– Então para de frescura e fala com essa menina. Quer dizer, pelo menos tenta.


No dia seguinte Bill acordou cedo e foi para o jardim esperar por Vanessa, passou alguns minutos aflito sentado em um banco, olhando para o portão.
A cada minuto que se passava ficava ainda mais nervoso.
De repente ele vê algumas pessoas vestidas de branco entrarem na portaria, reconhece os estagiários. Animado olha para eles,porém não vê Vanessa.

– Ela vai entrar agora, ela vai entrar agora... – dizia ele em voz baixa.

Porém o portão é fechado sem que Vanessa tivesse entrado.

– Está faltando uma – diz Jucélia ao ver os estagiários que acabavam de chegar.
– A Vanessa foi ao médico, daqui a pouco ela está aí. – diz Fernanda.
– É bom mesmo porque hoje temos muito trabalho.
– Muito trabalho? Que tipo de trabalho? – pergunta Taís.
– Como é proibida a entrada de objetos que podem ser perigosos aos pacientes, como lâminas e giletes, vocês é que serão responsáveis por barbear e cortar o cabelo dos pacientes. Afinal eles não podem ficar parecendo com mendigos.
– Bom eu não sei nenhum corte de cabelo... – diz Cintia.
– Não é pra fazer um penteado espetacular! É pra cortar à zero mesmo, deixar quase careca, bem curtinho.
– Ah ta! – exclama Cintia.
– E a barba qualquer um sabe fazer. Não é com barbeador elétrico, mas dá pra se virar direitinho.
– É com aquelas lâminas que a gente coloca no barbeador de metal? – pergunta Felipe.
– Isso mesmo. Vamos, cada um já vai calçando seu par de luvas enquanto eu busco o material. E vão chamando eles também. – diz Jucélia.

Enquanto a supervisora dirigia-se a sala de materiais, Cintia e Felipe organizavam os pacientes em uma fila, e Taís, Marcela e Fernanda arrumavam as cadeiras para que eles pudessem se sentar.
Bill então se aproxima delas e pergunta:

– A Vanessa não vem?

Elas um pouco admiradas pela pergunta e pelo jeito de Bill,, que não parecia de forma alguma estar com algum problema psiquiátrico não dizem nada.

– Vocês conhecem ela? – pergunta novamente Bill.
– Ah.. a Vanessa! Ela foi no médico, mas já vem... – diz Fernanda.
– Ela não morre mais, olha lá quem vem ali. – diz Tais.

Bill ao olhar na direção indicada por Taís vê Vanessa, que apressadamente amarra seus cabelos e veste o jaleco.
Ela então ao ver as amigas no jardim, corre ao encontro delas.

– E aí o que eu perdi? – diz ela com voz ofegante.
– Nós vamos cortar cabelo e fazer barba. Toma pega a sua luva. – diz Taís.
– Quê como assim? – Vanessa pergunta.
– Oi? – diz Bill em pé ao seu lado.

Vanessa então rapidamente vira-se para Bill e o cumprimenta friamente, somente com um “oi” e volta a falar com as amigas.

– Eu não sei fazer barba!!! E muito menos cortar cabelo de homem! Nunca fiz isso! – ela diz.
– Cala a boca que a Jucélia está vindo aí – avisa Fernanda,
– Você já chegou? Ótimo! – diz Jucélia,
– Nós já explicamos pra ela o que vamos fazer hoje. –diz Marcela.
– Ok, então cada uma pega uma lâmina e coloca no barbeador, assim... – diz ela demonstrando o que falava. Vocês três fazem a barba, que eu e os outros vamos cortar os cabelos.
– O dele também? – pergunta Taís apontando para Bill.
– Ele vai deixar o cabelo sempre preso, né Bill? – pergunta Jucélia.

Bill apressasse a responder positivamente com a cabeça. Odiaria ter seus cabelos também cortados, assim como suas unhas.
Prefere afastar-se e voltar a sentar no banco, donde os observava.

Jucélia manda que cada um dos pacientes se sentasse em uma das cadeiras para que os estagiários pudessem se acalmar.
A supervisora entrega o sabonete e outros matérias necessários para os alunos. Não faz companhia a eles, pois diz ter um problema sério para resolver na diretoria. Eles estavam sozinhos.
Aos poucos cada um foi vencendo seu medo e menos nervosos faziam o trabalho. Mas Vanessa permanecia muito nervosa, suas mãos trêmulas tentavam segurar ao barbeador que por vezes caia de sua mão. Ela então aproxima a lâmina do rosto de seus paciente, e acaba por feri-lo fazendo com que um pouco de sangue surgisse.

– Vanessa olha o que você fez! – gritava Cintia deixando Vanessa ainda mais nervosa.
– Foi sem querer! Ele se mexeu! – defendia-se já em lágrimas.
– Você feriu um paciente, fazendo a barba! Que idiotice. – diz Cintia.
– Cala a boca! Ou eu te deixo careca! – gritou Fernanda a ameaçando com o barbeador.

Vanessa constrangida e decepcionada consigo mesma chora, e enquanto seca sua lágrimas, sente alguém que por trás segura sua mão.

– Deixa que eu te ajudo. – diz Bill ao ouvido de Vanessa.

Ele então guia a mão de Vanessa, controlando seus movimentos, ela apesar de sentir desconfortável com a proximidade de Bill nada faz, apenas aceita ser ajudada.

– Calma, você está indo muito rápido. – diz ele segurando firme na mão dela.

Vanessa sente um cheiro agradável vindo de Bill, e inexplicavelmente ele fez com que ela se sentisse mais confiante.
Os outros estagiários ainda que olhassem desconfiados para os dois, nada diziam pois estavam demasiado ocupados com seus pacientes.
Vanessa vira-se delicadamente para dar-lhe um sorriso em sinal de agradecimento, mas a proximidade com que os dois estavam faz com que seus lábios ligeiramente se tocassem.
Bill constrangido e já com a face corada, afasta-se um pouco sem largar a mão da menina, que com a cabeça abaixada abre um tímido sorriso.

Postado Por: Grasiele

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