quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Wenn Nichts Mehr Geht 2 - Capítulo 14 - Sob pressão

Jucélia e os estagiários se dirigiam ao alojamento, durante o percurso ela grita aos pacientes que circulavam pelo jardim:

– Entrando! Rápido, rápido! – dizia ela agitado as mãos.

Vanessa segura a mão de Fernanda e olha para tudo assustada. Mesmo com a amiga não gostando dessa atitude, Vanessa não se importa, precisava se sentir protegida.
Felipe caminha com superioridade, fazendo questão de mostrar aos outros que não sentia medo algum, que era o mais preparado de todos.
Taís tentava acalmar Marcela, que com medo dizia que iria mentir que estava passando mal para então poder ir para casa.
Cíntia era a única que realmente parecia estar confiante, na verdade ela sempre agia assim. Não gostava de receber ordens, e adorava estar sempre certa, mesmo nas vezes em que não estava. Fazia questão de ser sempre o centro das atenções e mostrar-se superior perante aos outros.

Jucélia organizou os pacientes em uma fila, atrás da porta do refeitório, enquanto ordenava que os estagiários entrassem.

– Taís e Vanessa vocês dão o pão, enquanto Felipe e Marcela distribuem o suco. – diz a supervisora apressadamente.
– E eu? – pergunta Cintia.
– Você e a Fernanda vão vigiar eles e organizar a fila.
– Mas ... – tenta perguntar Vanessa.
– Sem perguntas! Eles estão com fome! – interrompe Jucélia.

Bill aguardava na fila junto de Cezar que acabara de chegar.
Todos empurravam uns aos outros com ar de brincadeira, mas com um pouco de violência.

– Ah! Mas que merda!!! – diz Bill ao ser empurrado quase caindo sobre Cezar.
– Calma, rapaz daqui a pouco abrem a porta.

E assim foi feito, imediatamente todos os pacientes apressados entram pela porta em direção ao refeitório.

– De dois em dois! Gritava Cintia, mantendo-se afastada de todos.
– Bom dia! – um diz. Porém ele é olhado com desprezo pela garota que o olha de cima a baixo.

A fila caminhava rápido, não permitindo que as garotas pudessem olhar à quem estavam servindo, Marcela muito nervosa, se atrapalha e acaba derrubando todo o suco. Vanessa tenta ajudá-la, mas não consegue distribuir os pães e limpar a mesa ao mesmo tempo. Felipe que também servia o suco, nada faz para resolver a situação, queminutos mais tarde seria resolvida.
Bill ao pegar seu café da manhã, senta-se ao lado de Cezar em uma das mesas.

– Elas são bem bonitinhas, né? – pergunta Cezar.
– Normais, nada de mais...- diz Bill.
– Se você ficar mais tempo aqui vai achar qualquer baranga bonita...

Bill timidamente sorri, enquanto come o pão amanhecido.

– Você tem namorada Bill?
– Não.
– Assim é melhor, pelo menos você não tem de quem sentir saudades....
– Bom, mas eu tenho uma filha! Ela é linda, queria ter uma foto aqui para te mostrar!
– Filha? Você tão novo assim... Qual a idade dela?
– 5 meses, quase 6!
– Mas que maldade afastarem você da menina, ela é ainda um bebê!
– Eu não quero falar sobre isso, tudo bem? - diz Bill tristemente.
– Claro.

Eles então passam todo o café da manhã em silêncio. Porém Bill sente-se muito enjoado devido ao forte odor de urina que havia no local.
Minutos mais tarde, Jucélia, sempre aos gritos mandava que se retirassem do refeitório para que fosse feita a limpeza do mesmo. Todos os pacientes imediatamente a obedecessem, mesmo que uns e outros  relutassem para permanecer no local e comer novamente.
Enquanto Marcela limpava a mesa suja de suco, Cintia passa por ela e comenta sobre o ocorrido.

– Você é muito lerda mesmo. Nem para servir um suco serve! Bela enfermeira que você vai ser...  – diz ela olhando-a de cima a baixo.

Marcela aceita a provocação em silêncio e continua fazendo a limpeza. Os outros estagiários levam os pratos, talheres, bandejas e copos para a cozinha.
Quando tudo já estava arrumado, Jucélia os chama novamente.

– Prestem bastante atenção. Eu conversei com o enfermeiro chefe e ele me informou que nós ficaremos no terceiro andar. Então eu quero que vocês escolham um paciente e passem o dia com ele.
– Posso ficar com a Fernanda? – pergunta Vanessa.
– Ela é uma paciente? Ou então, vocês nasceram grudadas uma com a outra?
– Nossa que mulher grossa...- resmunga Taís.
– Você disse alguma coisa Taís? – pergunta a supervisora.
– Quem eu? ... Eu não disse nada.
– Pois bem, vamos até lá para que vocês possam escolher seus pacientes. – diz Jucélia dando-lhes as costas.

Enquanto saiam do refeitório indo em direção aos quartos, Felipe abraça Cíntia que lhe dá um leve sorriso.
Fernanda ao ver a cena, avisa à amiga:

– Vanessa olha lá,olha lá! Você não vai fazer nada?
– O que você quer que eu faça?
– Faça alguma coisa! Ele é o seu namorado!
– O Felipe nunca disse que estamos namorando...
– Mas ele pode ficar se agarrando com outras garotas e você não?
– Ai Nanda, eu não estou nem aí para isso. O que me preocupa é isso de eu ficar com um paciente! Você viu a patada que eu levei?
– Levou porque é besta! Tinha nada que bancar a medrosa, na frente de todo mundo! Disfarça pelo menos!
– Eu não consigo! Estou morrendo de medo!
– Fica calma... qualquer coisa grita!
– Você me deixou muito mais tranqüila agora...
– Eu tenho esse poder, mesmo!
– Você não entende?! Esse curso é importante pra mim! Eu preciso tirar boas notas, e pelo visto a supervisora não foi muito com a minha cara!
– Quando você parar de ser medrosa, vai conseguir ser uma boa enfermeira! O que adianta você saber tudo na teoria se não consegue pôr em prática?!
– Eu tenho medo, medo de errar! É muita pressão!
– Aqui pelo menos eles são malucos! Se você errar põe a culpa neles e pronto!

Ao chegarem no terceiro andar, Jucélia faz um sinal para que fossem escolher um paciente.
– É só dar uma batidinha na porta e entrar. -  diz ela.

Cintia e Felipe logo escolhem um quarto, levando em consideração os que não haviam muito barulho. Marcela tentava convencer a supervisora de que não se sentia bem e precisava ser liberada. Porém seu pedido não foi atendido.

– Nanda estou com medo!! Eu não vou conseguir! - dizia Vanessa.
– Escolhe qualquer um e entra! Larga de besteira, a supervisora vai acabar percebendo e te tirando pontos!
– Nanda... – diz Vanessa com voz de choro.

Porém Fernanda já caminhava em direção ao quarto que havia escolhido, sem dar atenção as queixas da amiga.
No quarto 89, Bill sentado em sua cama fica olhando para suas mãos, ainda inconformado por terem lhe cortado as unhas. Mesmo com o nascimento de Gerthe ele não as cortou, tendo assim todo o cuidado para segurar a menina, mas agora nada disso teria adiantado, pensava ele.

Ainda no corredor Vanessa era a última a escolher o quarto, tinha medo do que iria encontrar pela frente. Suas mãos suavam frio, ela olhava para cada uma das portas sem saber qual deveria escolher.

– Você vai escolher um paciente e não um marido! – diz Jucélia ao ver a garota parada no corredor.
– Eu já vou escolher...
– Ainda hoje? Você sabe que isso vale pontos, não é mesmo?
– Sim, sei...

Vanessa respira fundo e caminha em direção ao quarto 85. Porém um vento muito forte entra pelo porta principal, fazendo com vários papéis dispostos em cima do balcão do posto de enfermagem, se espalhassem pelo chão.
Ela sente um arrepio correr-lhe a espinha, e esfrega seus braços tentando livrar- do frio trazido pelo vento.

– Me ajuda aqui! – diz Jucélia, que ajoelhada no chão recolhia os papéis.

Vanessa então educadamente a ajuda organizando novamente os prontuários.

– Muito obrigada! Agora direto ao trabalho! – diz Jucélia!

Vanessa nada diz, apenas coloca os papéis sobre o balcão, e em seguida entra no quarto 89.

Ela ao fechar a porta encosta-se sobre a mesma, e mais uma vez respira fundo, ficando alguns minutos em silêncio.

Bill ao notar a presença da garota em seu quarto, para de admirar suas mãos e fita a garota.

– Bill? – diz ela com voz embargada.
– Como você sabe meu nome? – pergunta ele desconfiado.
– É... Ta escrito ali. – diz Vanessa apontado para o prontuário pendurado na grade da cama de Bill.


Permaneceram mais alguns longos minutos ali , na mesma posição  em silêncio absoluto.
De repente Vanessa põe-se a chorar, e rapidamente tenta conter as lágrimas que teimavam em correr pelo seu rosto, mesmo que contra a sua vontade.

– Eu não sou doido. Não precisa ter medo de mim. – diz Bill levantando-se da cama.

Nunca ninguém havia o olhado de tal forma, fazendo com que se sentisse um pouco desconfortável com aquela situação.

– Eu não sou doido, pare de chorar! Eu não vou te machucar! – dizia Bill com voz suave a fim de tranqüilizar a garota.

Vanessa então retira as mãos que até o momento encobriam seu rosto.

Bill então ao olhar para os olhos da garota, não consegue esconder seu espanto, e acaba por sussurrar:

– Seus olhos...
– Meus olhos? O que tem eles? – pergunta Vanessa.
– É que eles são... Nada, nada. Deixa pra lá. – diz ele sentando-se novamente na cama.
– Você me disse que é não doido... então o que faz aqui? – diz ela secando suas lágrimas e sentado-se ao lado de Bill.

Ele então após um longo suspiro começa a contar toda a sua história, fazendo com que Vanessa novamente chorasse ao ouvir a linda história de amor vivida pelo rapaz.

Postado Por: Grasiele

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