domingo, 22 de janeiro de 2012

The Nanny - Capítulo 20 - Usando uma criança inocente. Que coisa feia, hein?

(Contado pela Kate)

      Eu acabara de buscar o Brian no colégio. Estávamos chegando em casa, quando o Bill nos abordou.

           - E ai garotão?! – ele se abaixou para ficar quase na altura do Brian. – Tá a fim de ir numa soverteria?
           - A mamãe não deixa. – responde o pequeno. – Só se a Kate for também.

      É impressão minha, ou o Bill tá usando o Brian só pra poder sair comigo?

           - E porque não pede a Kate pra ir junto? – diz Bill.
           - Você vai, Kate? – pergunta Brian.
           - Tem que pedir sua mãe primeiro. – respondi.
           - Se ela deixar, você vai? – o pequeno insiste.
           - Vou.

      Abri a porta do apartamento.

           - Agora entre e vá pedir sua mãe. – disse. – Depois venha aqui dar a resposta.

      Brian entrou correndo. Olhei pro Bill, e ele sorriu.

           - Que coisa feia, hein? – brinquei.
           - O quê? – sínico. – Não fiz nada.
           - Não seria mais fácil me convidar pra sair, ao invés de ficar usando uma criança inocente? – ele riu.
           - É que ultimamente ando pedindo demais pra sair com você. Tenho que inovar nas maneiras de fazer os convites.
           - Mas precisava usar o garoto?
           - Ah, ele vai se divertir. E além do mais, quem iria me garantir que você aceitaria?
           - Não custa nada tentar.
           - Ok. – ele colocou as mãos nos bolsos. E eu gosto quando ele faz isso. Fica tão fofinho. – Você quer sair comigo?
           - Deixe-me pensar um pouco.
           - Viu só? – tirou as mãos dos bolsos. – Você não iria aceit...
           - Aceito. – respondi antes que ele terminasse a frase.
           - Tá falando sério?
           - Um-hum.

      O pequeno Brian apareceu com a noticia de que sua mãe havia deixado.

           - E agora teremos a ilustre companhia do Brian. – ironizei.
           - Como você é má, hein? – nós rimos. E o Brian não entendia nada.
           - Nos vemos mais tarde então?
           - Sim.

      Nos despedimos, e cada um seguiu pro seu apartamento.

–--
(Contado pelo Bill)

      Abri a porta do apartamento, e entrei rindo da situação. Tom estava esparramado no sofá, jogando vídeo game. Me lembrei daquele conselho que a Kate havia me dado. E ela tinha toda razão. Nós não poderíamos continuar brigados dessa maneira. Me aproximei, e me sentei na poltrona. Joguei as chaves em cima da mesinha de centro, e ele da maneira que ele estava, continuou. Não desgrudou os olhos da televisão em um só segundo.

           - Vamos mesmo continuar assim? – perguntei. Ele me olhou, e depois voltou a olhar pra televisão. – Você sabe que está errado. O quê que custava me avisar que daria uma festa?
           - Quantas vezes terei de te lembrar que essa casa também é minha? – seus olhos continuavam no televisor.
           - Não precisa me lembrar de nada! – fiz uma pequena pausa. – Mas sua boca não cairia se me avisasse.
           - E porque você pode trazer suas amigas, e eu não?
           - Que amigas? Desde quando eu fico trazendo cinco garotas aqui?
           - Quatro ou cinco. – me corrigiu.
           - Tanto faz! A questão é que eu trouxe apenas uma garota, e não tentei destruir a casa quando ela estava aqui.
           - Se eu não morasse aqui, você teria com certeza destruído a casa.
           - Dá pra parar de gracinha? – comecei a me irritar. – Estou falando sério!
           - Também falo sério! – ele deu pausa no jogo, jogou o controle no sofá, e se sentou. – Porque você quer sempre mandar?
           - Não tô querendo mandar!
           - Está sim! As coisas SEMPRE têm que ser da sua maneira, e minha opinião SEMPRE fica pra segundo plano.
           - Isso não é verdade! Está sendo injusto.
           - Injusto? – ele riu. – Quando foi a última vez que tomamos uma decisão juntos?

      Fiquei calado, porque eu não fazia idéia de quando isso havia acontecido.

           - Não se lembra, não é? – pergunta ele.
           - Tudo bem. Talvez eu seja um pouco mandão mesmo.
           - Um pouco?
           - Tá! Sou muito mandão, mas isso não justifica você fazer dar festa aqui.
           - Eu sei.

      Ficamos calados por algum tempo.

           - Então... – disse ele. – Me... Me desculpa. – ele abaixou um pouco a cabeça.
           - Eu também fui errado, e também lhe devo desculpas.
           - Está desculpado. – fez uma pausa. – Então vamos prometer que não iremos trazer ninguém aqui, sem consultar o outro.
           - Perfeito. – respondi.

      Parecia que eu havia tirado um enorme peso das costas. Ele se levantou, e imaginei que viesse me abraçar. Me levantei também, e quando fui lhe abraçar...

           - O que está fazendo? – pergunta ele, se afastando.
           - Ia te dar um abraço. – respondi, com os braços abertos.
           - Ficou doido? Meu negócio é abraçar mulher, e não um homem que parece uma. Já pensou se alguém vê? Minha reputação ia parar lá no chão.
           - Idiota. – nós rimos.

      Ele seguiu pra cozinha, e fui pro quarto.

–--
(Contado pela Kate)

      Acabamos de nos arrumar, e fomos encontrar o Bill. O Brian estava tão contente, que dava até alguns pulinhos de alegria. Garoto estranho. Saímos e fomos até a sorveteria. Nos sentamos numa mesa ao ar livre. O serviço do local era self service. Ai que o Brian gostou mesmo. Enquanto ele ia fazendo suas escolhas, o Bill e eu ficamos sentados lá na mesa.

           - Ele parece se divertir muito quanto sai com você. – disse Bill.
           - É porque ele só sai comigo. – respondi. – Do contrário, o Brian passaria seus dias “trancado” naquele apartamento.
           - Tem razão.

      Conversava com o Bill, e ao mesmo tempo, não desgrudava meus olhos do Brian. Vai que ele dá a louca e resolve sumir?

           - Segui seu conselho, e conversei com o Tom. – disse Bill.
           - Que bom! – sorri. - Mas... Me conta como foi.
           - Pensei que seria bem difícil, mas até que foi tranqüilo.
           - Não é bom quando fazemos as pazes com alguém que a gente gosta?
           - Demais. E devo isso a você.
           - Claro que não! Sei que já estava pensando em fazer isso, só falta um pouco de coragem, não é?
           - É. – nós rimos.

      O Brian estava demorando um pouquinho.

           - Aproveitando que o Brian está longe... – disse Bill. – Daqui dois dias é o aniversário dele, e não faço idéia de que presente devo dar.
           - O quê? – fiquei surpresa. – É aniversário dele?
           - Não sabia?
           - Não.
           - Bem, agora já sabe. – ele riu. – Estava pensando em comprar algo, mas não sei o quê.
           - Seria bem melhor se fizéssemos uma festinha surpresa. Crianças adoram isso.
           - Mas que eu saiba, ele não tem muitos amiguinhos, e também precisaríamos de um local.
           - Podemos chamar as crianças que estudam na sala dele. E quanto ao lugar, poderíamos fazer lá no apartamento mesmo.
           - Acho que o sindico não deixaria, pois faria muito barulho. E a senhorita O’Connell não gosta muito de visitas.
           - Posso conversar com o sindico, e tentar convencê-lo.
           - E a mãe do Brian?
           - Posso dar um jeitinho também. Ela não pode ser tão ruim, ao ponto de não querer comemorar o aniversário do filho.
           - Concordo.

      Tivemos que mudar o assunto, pois o Brian havia chegado. Ele apareceu com uma vasilha de tamanho médio, lotada de sorvete e vários outros doces. Preferi tomar um suco de laranja, e o Bill me acompanhou.

           - Kate? – me viro para ver quem me chamava.
           - Laura? – fiquei um pouco surpresa ao vê-la ali, já que deveria estar no trabalho. – O que faz por aqui?
           - Vim atrás de uma matéria pra revista, e como está calor, resolvi dar uma passadinha por aqui pra me refrescar. – ela sorri. – Oi Bill.
           - Oi. – responde ele. - Não quer se sentar conosco?
           - Não quero incomodar. – diz ela.
           - Que nada. – ele puxa uma cadeira de outra mesa. – Junte-se a nós.

      Vários outros assuntos foram surgindo. Passamos à tarde praticamente inteirinha ali na sorveteria. Com a presença da Laura, as coisas ficaram mais divertidas e engraçadas.

      O celular do Bill começou a tocar.

           - Desculpem meninas. – disse ele. – Mas preciso atender.
           - Sem problemas. – responde Laura.

      Ele se levanta, e se afasta um pouco. Mas da distância que ele estava, dava pra ouvir os fins de suas frases.

           - Tá falando sério? ...Ele gostou mesmo? ...E bota empurrão nisso! ...E o que disse a ele? ...Claro, vou dar uma passada lá pra ver o que ele quer. ...Tudo bem, vou lá agora. Tchau.

      A Laura estava rindo da reação alegre do Bill, ao receber o telefonema.

           - Me desculpem, mas eu tenho que ir agora. – disse Bill.
           - Tudo bem. – disse.
           - Vou deixar a conta paga, e...
           - Não precisa. – o interrompi. – Pode ir tranqüilo, que a Laura e eu pagaremos tudo.
           - Tem certeza?
           - Absoluta. – disse Laura. – Vá logo, antes que se atrase.

      Não sabíamos do que se tratava. Mas pra ele estar feliz daquela maneira, só poderia ser algo importante. Ele se despediu, e entrou num táxi que passava por ali naquele momento.

           - É por isso que está caidinha por ele, não é? – pergunta Laura.
           - O quê? Tá doida?
           - Aham.
           - O Bill e eu somos apenas amigos.
           - O Tom e eu também. E a nossa amizade é tão forte, sabia?
           - Deixa de ser boba. Tenho que cuidar de uma criança, e não tenho tempo pra pensar em homem ou namoro.
           - Sei.
           - Do que estão falando? – pergunta Brian.
           - Nada. – respondi. – Vou pagar a conta, e já volto para irmos pra casa.

      Me levantei e fui até o balcão. Paguei tudo, e retornei a mesa. Brian e Laura estavam rindo, e quando me aproximei, os dois disfarçaram. Achei aquilo estranho e suspeito demais. E pela primeira vez segurei minha curiosidade e não perguntei sobre do que estavam rindo.

Postado por: Grasiele

The Nanny - Capítulo 19 - Tenso

(Contado pela Kate)

      A hora do Brian de ir pro colégio já estava se aproximando, e nada dele sair de dentro do banheiro. Fiquei imaginando mil coisas, tipo ele ter dado uma dor de barriga e estava passando mal. Suas coisas já estavam arrumadas, e se encontravam lá na sala. Comecei a bater na porta, lhe dando pressa.

           - Acabará chegando atrasado! – disse, enquanto batia.
           - Já estou indo! – gritou.
           - Está se sentindo bem?
           - Sim!
           - Não está aprontando nada, não é?
           - Não!
           - Então saia logo daí!

      Fui pra bater novamente, mas a porta foi aberta. Ele saiu de lá com as mãos molhadas, e a cabeça baixa.

           - O que houve? – perguntei.
           - Nada. – respondeu, e enxugou as mãos no short.
           - Não enxugue a mão ai! Vai acabar sujando o uniforme.
           - Tô nem ai.
           - Está mesmo se sentindo bem, não é?
           - Já disse que sim! – falou um pouco bravo.
           - Tudo bem. – quis segurar em sua mão. Mas vai lá saber onde ele as passou? – Vamos.

      Peguei suas coisas e já estávamos até saindo do apartamento, quando o senhor C aparece.

           - Estou indo pra empresa, querem carona? – pergunta ele.
           - Não, obrigada. – respondi. – Iremos andando.
           - Se forem andando, podem chegar atrasados. – disse ele, tirando as chaves do carro do bolso.
           - Ele tem razão. – disse Brian. – E eu quero ir com o papai!

      Como é que eu poderia dizer não ao Brian? Pegamos o elevador e descemos até a garagem. Entramos no carro, e ajeitei o Brian na cadeirinha. Depois me sentei ao seu lado, no banco traseiro. Inicialmente o percurso estava silencioso.

           - Está gostando de trabalhar como babá? – pergunta o senhor C, olhando pelo espelho do carro.
           - Sim. – respondi.
           - E esse garoto está dando muito trabalho?
           - Ainda bem que não.
           - Ele não aprontou nada pra cima de você? – o Brian me olhou. Parecia estar com medo de que eu contasse alguma coisa.
           - Não. Ele é um bom garoto.

      Chegamos ao colégio uns dez minutos depois. Desci do carro, e tirei o Brian.

           - Se não demorar muito, ainda posso te deixar em casa. – disse o senhor C.
           - Obrigada, mas tenho que passar na casa de uma amiga.
           - Tem certeza?
           - Sim, e obrigada pela carona.

      Brian se despediu do pai, que partiu logo sem seguida, então levei o pequeno para dentro do colégio.  Sai dali, e resolvi dar uma passadinha na casa da Laura. Acabei me lembrando que naquele horário ela estaria no trabalho. Como eu não iria fazer nada, dei uma passada por lá.

      Quando entrei na revista, as meninas que trabalhavam comigo logo vieram me cumprimentar. Perguntei se a Laura estava, e sua secretária respondeu que sim. Bati na porta antes de entrar.

           - Olha só quem resolveu aparecer. – disse Laura, com um sorriso enorme, e se levantando.
           - Oi. – fechei a porta, e me sentei no sofá.
           - E ai, como andam as coisas? – pergunta ela, se sentando ao meu lado.
           - Por enquanto estão indo bem. – respondi.
           - E o Bill?
           - Não quero falar sobre ele.
           - Aconteceu alguma coisa?
           - Não. Só não estou a fim de falar dele.
           - Perfeito. – fez uma pausa. – E o nosso jantar?
           - Eu havia me esquecido disso.
           - Ainda bem que estou te lembrando. – sorriu.
           - Pra marcar, primeiro tenho que saber que dia tenho folga.
           - Por mim tudo bem. Me avisa quando isso acontecer.
           - Ok.

      Conversamos por vários minutos. Fui embora quando a Laura me avisou que teria uma reunião, e que não poderia me dar atenção naquele momento. Fui compreensiva, e sai dali.

      Fiquei caminhando pelas ruas, sem um rumo certo. Passava em frente a uma livraria, quando um dos livros estampados na vitrine me chamou a atenção. Parei ali, observei um pouco, em seguida entrei. Acabei comprando um que tinha como título “Como cuidar de crianças ativas”. Aquilo pra mim era como uma “salvação”, a solução dos meus problemas. Porque esse livro não apareceu mais cedo?

      Sai da livraria, e fui até uma lanchonete. Me sentei numa mesa próxima a janela. Pedi um suco de laranja com batatas-fritas. Comecei a ler algumas coisas do livro, e de cara amei. Ele iria me ajudar muito. A garçonete se aproximou e colocou o meu pedido em cima da mesa. Agradeci. Depois disso, a minha atenção ficou inteiramente voltada para o livro. Estava distraída, e não percebia nem quem entrava ou saia.

           - É tão difícil assim cuidar o Brian, que precisou comprar um livro?

      Levantei as vistas.

           - Isso é perseguição? – perguntei.
           - Acho que deveríamos chamar de coincidência. – responde Bill. – Posso me sentar?
           - Claro, senta ai. – ele se sentou.
           - Está sendo difícil cuidar do Brian?
           - Não muito. – fechei o livro e o coloquei sobre a mesa. - Estou começando a me acostumar.
           - Confessa.
           - Tá legal. É um pouco difícil, mas isso só acontece porque nunca fui muito ligada a crianças.
           - Entendo.

      O convidei para me acompanhar no lanche, e ele aceitou sem nem ao menos pensar. Continuamos conversando, até o Tom aparecer.

           - O que faz aqui? – pergunta Bill.
           - Não lhe devo satisfações. – respondeu. – E que eu sabia, você não é o dono dessa lanchonete.
           - Poderia ser um pouco mais educado, e cumprimentar a Kate.
           - Oi. – disse ele, sério.
           - Oi. – respondi, sem graça.
           - Bem, se você não se importa, irei me sentar em outro lugar, o mais afastado possivel. – Tom se retirou.

      Bill o seguiu com o olhar, e permaneceu calado. Também fiquei quieta, e não sabia o que falar. E até acho que não deveria dizer nada.

           - Desculpa por isso. – disse Bill.
           - Ah não, não tem que se desculpar.
           - O Tom às vezes é um idiota imaturo!
           - Estão com problemas?
           - Na noite em que saímos, ele deu uma festa e levou algumas garotas pro nosso apartamento.
           - E estão nesse clima só por causa de uma festinha particular?
           - Não. Teve outro motivo, mas não... Não precisa ser comentado.
           - Tudo bem.

      Ficamos em silêncio mais uma vez. Notei que o Bill dava algumas olhadas na direção em que o irmão estava.

           - Seria bem mais fácil se fosse até lá e resolvesse as coisas. – disse.
           - Não é tão simples assim. – disse ele, se virando pra mim.
           - Pareciam tão unidos. Não podem ficar brigados dessa maneira.
           - Diz isso porque não tem um irmão gêmeo que lhe dá um enorme trabalho quando o assunto é garotas.
           - A briga foi tão feia assim?
           - Só foi discussão.
           - Não é legal ficar nesse clima toda vez que se encontrarem. No seu lugar, eu tentaria resolver logo as coisas.

      Ele deu um meio sorriso tímido. Mais tarde Bill me acompanhou até o colégio do Brian. E assim que o pequeno o viu, foi uma alegria só. No caminho de volta pra casa, Bill colocou Brian em seu pescoço.

           - Acabará colocando o Brian em mau costume, se fizer isso sempre. – disse ao Bill, e ele riu.
           - Uma vez só, não mata ninguém. – respondeu Bill.
           - Pelo visto não conhece mesmo o Brian. – disse. – Ele não se contenta em fazer algo somente uma vez.

      Como fomos andando, demoramos no mínimo vinte minutos. Abri a porta, e o Brian disparou em direção à sua mãe que estava sentada no sofá da sala. Bill segurou minha mão, me impedindo de entrar.

           - Só queria agradecer pelo conselho. – disse ele.
           - Não tem que agradecer. – desvencilhei minha mão. – Tchau.
           - Tchau. – respondeu.

      Entrei em casa, e fechei a porta.

           - Foram de carona com o pai do Brian, não é? – pergunta a senhora C.
           - Se não tivéssemos aceitado, chegaríamos atrasados. – respondi.
           - Saísse de casa pelo menos cinco minutos adiantado.
           - O Brian estava trancado no banheiro, e só saiu de lá após muita insistência.
           - Ele só tem seis anos, e você tem idade o suficiente pra falar com autoridade e fazê-lo sair de qualquer lugar.

      Fiquei calada.

           - Estou te pagando pra cuidar dele, e não fazê-lo chegar atrasado ao colégio. – ela continuou.
           - Isso não irá se repetir.
           - Espero que não, pois não continuarei gastando o meu dinheiro com alguém que não sabe ao menos aumentar seu tom de voz pra falar com uma criança. – ela se levantou, e ia se retirar.

      Tá achando que é fácil cuidar de um moleque, querida? Então porque não experimenta? O filho é seu mesmo!

           - E se quer ir de carro pro colégio, contrate um motorista e pague-o com seu salário. – se retirou.

      Minha vontade era de pegar qualquer objeto e atirá-lo contra ela! Não sabia desse lado mau da senhora C.

Postado por: Grasiele

The Nanny - Capítulo 18 - Resolveu dar o ar de sua graça, senhor C?

(Contado pelo Bill)

      Chegamos ao condomínio por volta das 22h15. Não estava tão tarde assim, mas também não estava tão cedo. E confesso que só voltamos nesse horário, por muita insistência da Kate.

           - Pronto – disse. –, está entregue.

      Estávamos parados em frente a porta.

           - Obrigada. – disse ela, sorrindo.
           - Da próxima vez...
           - Próxima vez? – ela me interrompeu. – Já está prevendo o futuro?
           - Vai sair comigo novamente, que eu sei.
           - E além de tudo é convencido. – nós rimos.
           - Tem razão, fui um pouco convencido mesmo. Mas... Você vai sair comigo mais vezes, não vai?
           - Irei pensar no seu caso.
           - Ok, ok.

      Ela se calou.

           - Bem... É melhor eu entrar.
           - Mas já? – tentei convencê-la a ficar.
           - Esqueceu que cuido de uma criança ativa, que não tem um botão de “liga/desliga” por praticamente vinte e quatro horas?
           - O Brian não está tão ativo quanto nos primeiros dias de emprego, está?
           - Ele está bem mais calminho. Mas tenho que ficar preparada pra qualquer coisa a qualquer instante.
           - Boa sorte com ele, e se precisar de alguma coisa, é só me avisar.
           - Obrigada. Ah, e muito obrigada pela noite.
           - Não tem que agradecer.

      Queria beijá-la novamente, mas ela virou um pouco o seu rosto, e achei melhor não insisti. As coisas devem mesmo acontecer com calma. Não quero assustá-la, e afastá-la de mim. Nos despedimos, e ela entrou em casa.

      Tirei a chave do bolso, e a coloquei na fechadura. Quando entrei e liguei a luz, me deparei com uma sala bagunçada. Havia pipoca espalhada por cima dos móveis, em cima da mesinha de centro havia várias garrafas de refrigerante e cerveja. O Tom estava deitado no sofá, sem camisa.

           - O-O que houve aqui? – me aproximei mais. Olhei em volta, e a bagunça era mesmo “assustadora”. – Tom! – gritei, e ele acordou meio atordoado.
           - Poderia falar mais baixo, por favor? – ele coçou os olhos.
           - Mais que droga é essa?! – gritei novamente, e ele se sentou.
           - Dá pra parar de gritar?! – ele também gritou, em seguida colocou a mão na cabeça.
           - Estava dando uma festinha, enquanto eu estava fora?
           - E qual o problema?
           - Quantas garotas você colocou aqui dentro?
           - Umas quatro ou cinco.
           - Cinco?! – perguntei incrédulo.
           - Eu disse quatro OU cinco.
           - Com que direito você acha que pode trazer garotas aqui?
           - Esperai. – ele se levantou. – “Com que direito”? Essa casa também é minha! Ou você já se esqueceu disso?
           - Não, eu não me esqueci. E como você disse, isso daqui é uma casa, e não um bordel!
           - Olha só quem fala. Você foi o primeiro a trazer uma estranha até aqui.
           - A Kate não é estranha.
           - Com certeza agora ela não é mesmo, já que transou com ela aqui, ao invés de levá-la num motelzinho barato!
           - É melhor calar a boca, antes que...
           - Antes que o quê?! – se aproximou de mim, e me encarou. - Não tem moral alguma para pedir que eu não traga garotas até aqui. Se quiser que eu faça isso, primeiro dê o exemplo, e não fique abrindo as portas pra qualquer uma.

      Ele chamou a Kate de qualquer uma? Minha vontade era de lhe dar um soco naquele mesmo instante. Mas o Tom estava bêbado, e preferi evitar que aquela discussão se transformasse numa briga.

           - Vou me deitar. – disse. – E amanhã quando eu acordar quero que esta sala esteja novinha outra vez.

      O deixei sozinho, e fui pro quarto. Tranquei a porta, e me sentei na cama. Suspirei. Depois me levantei dali e caminhei até o banheiro. Tirei minhas roupas, e tomei um banho quente. Sai enrolado numa toalha branca, vinte minutos após. Abri o guarda-roupas, e peguei apenas uma cueca boxe preta. Me deitei na cama, e fiquei fitando o teto.

      Mesmo que eu quisesse dormir, naquele momento algo impedia que isso acontecesse. Fiquei pensando no exato momento em que beijei a Kate, e também o instante em que o Tom a chamou de qualquer. Eu sabia que ela não era uma qualquer, mas parecia que não era suficiente. Queria poder mostrar quem ela realmente é.

–--
(Contado pela Kate)

      Já estava me preparando para dormir, quando me bateu aquela sede. Sai do quarto e fui até a cozinha. Eu sabia que todos estavam dormindo, então não vi problema algum em ir de camisola. As luzes estavam todas apagadas, e pra não correr o risco de acordar ninguém, liguei somente a luz da cozinha. Peguei um copo de vidro no armário, e o coloquei sobre o balcão de mármore escuro. Caminhei até a geladeira, e peguei a jarra de água. Quando me virei, levei um enorme susto.

           - Te assustei? – pergunta o senhor C, que estava encostado na parede.
           - Um pouco. – respondi.
           - Essa não era minha intenção.
           - Tudo bem. Precisa de alguma coisa?
           - Não. É que eu estava no escritório, vi a luz se acesa e vim ver quem estava aqui.
           - Desculpe-me se te incomodei.
           - Não me incomodou de forma alguma. Muito pelo contrário, eu estava mesmo precisando sair daquele lugar.
           - Hum.
           - Não deveria ficar acordada há essa hora.
           - Fiquei com sede. – comecei a despejar a água da jarra no copo.
           - E também não deveria caminhar por ai com uma roupa dessas. – ele se aproximou do balcão. – Nunca se sabe quando irá encontrar alguém.

      Fiquei super sem graça com aquele comentário. Mas por certo ponto, ele estava certo. Eu tinha que ter colocado pelo menos um robe por cima. E como é que eu iria adivinhar que esse homem ainda estava acordado? Ele é praticamente invisível, e quando aparece assim, até assusta.

           - É melhor eu voltar pro quarto. – disse.
           - Não precisa ter pressa. – disse ele, se sentado à mesa. – Já que está acordada, poderia me fazer companhia.
           - O quê?
           - Não gosto de ficar acordado sozinho.

      O problema é seu! Se não gosta de ficar sozinho, vá dormir!

           - Eu...
           - Vamos, sente-se ai. – disse ele, abrindo outra cadeira.

      Me sentei, e começamos a conversar. Eu já estava quase dormindo ali mesmo. Parece que o sono falou “é aqui”. Não estava mais conseguindo controlar meus olhos, e quase a todo instante eu bocejava. Estava louca pra ele ir dormir, pra eu fazer o mesmo. Fiquei ouvindo ele falar coisas até quatro horas da manhã. Miserável! Se quer passar a noite acordado feito um zumbi, pelo menos deixe que os outros descanse, ou está pensando que sou alguma sem o que fazer pra ficar te ouvindo?

      Finalmente fui pro quarto dormir. As horas passaram como num piscar de olhos. Acordei às 8h30 da manhã, quando meu celular começou a tocar. Estava com tanto sono, que não conseguia nem encontrar o aparelho. Tateei a mesinha de cabeceira, e acabei jogando-o sem querer no chão. Por sorte, ele havia caído no carpete peludo.

           - Alô?
           - E ai, como foi o jantar? – pergunta Laura.
           - Poxa, poderia pelo menos ter esperado até mais tarde, não é? – continuei deitada, e com os olhos ainda fechados.
           - Não imagina a curiosidade que estou! Anda, me responde logo!
           - Não houve jantar.
           - O quê?! E para onde foram?

      Não tive nem tempo de responder.

           - Ah, já sei! Vocês foram até um motelzinho e transaram até...
           - Até nada! – a interrompi. – Nós não transamos!
           - Que garoto lerdo, hein?
           - Pra começo de conversa, onde nós estávamos não dava pra fazer esse tipo de coisa.
           - Minha querida, qualquer lugar dá pra fazer sexo. – fez uma minúscula pausa. – E sabe que estou até pensando em realizar a minha próxima fantasia, que é transar no elevador?
           - Laura!
           - Enfim... Pra onde vocês foram?
           - O Bill me levou até um heliporto.
           - Pra quê?
           - Para olharmos as estrelas.
           - Que programa de índio foi esse?
           - Achei fofo.
           - Isso tá mais pra brega do que fofo.
           - Ele só quis me mostrar uma coisa diferente.
           - Quer ver algo diferente? Pede pra ele...
           - Nem termine! – a interrompi novamente. – Poderia parar de pensar em sexo, pelo menos uma vez na vida?
           - Impossível. Mas vou tentar me controlar.
           - Obrigada.
           - Mas me responde uma coisa, não rolou nada?
           - Apenas um beijo.
           - Filho da mãe! – ela resmungou baixinho, mas ainda assim ouvi. – Só foi isso, não é?
           - Sim.
           - Ainda bem.
           - Olha, eu preciso me levantar agora pra começar a trabalhar.
           - Já entendi. Depois nos falamos.
           - Ok. E vê se cria juízo.

      Desliguei o celular e o coloquei na mesinha de cabeceira. Me levantei com aquela preguiça, e fui diretamente pro banheiro.

Postado por: Grasiele

The Nanny - Capítulo 17 - Sem dúvida alguma.


Porque às vezes aquela montanha que você tem escalado
é apenas um grão de areia
E o que você tem procurado desde sempre está nas suas
mãos
Quando você percebe que o amor é o que importa depois
de tudo
Com certeza isso faz com que todo o resto pareça tão
pequeno

(Contado pela Kate)

           - Está pronta pra arrancar suspiros, e ter uma bela noite? – pergunto.
           - Também não precisa exagerar! – diz Kate. – É apenas um jantar.

      O nervosismo estava estampado em meu rosto. Sabia que ao sair daquele quarto, as pessoas me olhariam “diferente” e até fariam alguns comentários. Não queria me “constranger” dessa maneira.

           - Acho que você exagerou um pouquinho na produção. – disse.
           - Deixa de bobagem! – disse Laura.
           - Estou indo pra um jantar, e não uma... Festa.
           - Se esse idiota do Bill não querer nada contigo, pode deixar que estarei aqui te esperando!
           - Não quero que ele se interesse por mim.
           - Aham, sei. E o Tom me fez virar hétero novamente. – foi irônica.

(Roupa da Kate: http://www.polyvore.com/cgi/set?id=23575347)

      O Brian saiu do quarto correndo. Em seguida, a Laura me arrastou até a sala. Sim, eu estava morrendo de vergonha. Sei lá, aquilo estava sendo estranho pra mim. Assim que chegamos à sala, nos deparamos com o senhor e a senhora C, sentados no sofá. Brian estava em pé, ao lado do Bill. O silêncio tomara conta do local, e a vergonha me invadiu ainda mais. Uma imensa vontade de sair correndo, ou cavar um buraco ali, apareceu.

            - A Kate está bonitona, não é pai? – diz Brian, sorrindo.
            - Sim, ela está bem bonita mesmo. – responde o senhor C.

      Alguém pode me ajudar a cavar um buraco agora?

           - Por favor, querida, não volte muito tarde. – disse a senhora C.

      Falando assim, até parece a minha mãe. Assenti com a cabeça, e a Laura mais uma vez tratou de me empurrar. Fui parar perto do Bill, que ficava me olhando, e me deixava sem graça.

           - Vamos? – disse ele.

      Da minha boca, nenhum som conseguia sair. O acompanhei. Entramos no elevador, e continuamos sem dizer nada. Comecei a imaginar que não era uma boa idéia sair com ele.

           - Você... Está linda. – disse ele, sem olhar pra mim. Ele olhava pra frente.
           - Obrigada. – agradeci um pouco sem graça.
           - Estava pensando em te levar num restaurante meio simples, mas depois de te ver, acho que não pegaria bem. – ele me olhou, e sorriu.
           - N-Não! Por favor, não tem que se preocupar com isso. – ele sorriu novamente. – Exagerei com a roupa, não é?
           - Claro que não. – colocou as mãos nos bolsos. - Já disse que está linda.
           - Restaurantes elegantes demais, são ótimos para nos fazer pagar micos.
           - Isso é verdade. – rimos.

      A porta do elevador se abre, e saímos. Na rua, caminhamos até seu carro, que nos aguardava. Ele foi educado, e abriu a porta para que eu pudesse entrar. Depois ele deu a volta, e entrou. Deu partida no carro...

           - Aonde quer jantar? – pergunta ele.
           - Não escolheu um lugar?
           - Escolhi. – respondeu. – Mas não acho que seja apropriado.
           - Por quê?
           - Quero que seja algo que pelo menos chegue aos seus pés.
           - Bill... Está me deixando sem graça. – sorri com timidez.
           - Desculpa. – desviou seu olhar da estrada por um instante, e me olhou. – Mas escolha um lugar.
           - Posso dizer uma coisa, sinceramente?
           - Um-hum.
           - Por mim, nós nem iríamos jantar.

      Ele me olhou sem entender.

           - Não pense besteiras. – tentei concertar. – O que eu quis dizer é que... Poderíamos fazer outra coisa.

      Acho melhor eu parar de tentar concertar. Cada vez mais fica pior! Ele soltou um riso.

           - Droga! – disse. – Estou me enrolando toda.
           - Relaxa. Não sou mente suja como o meu irmão. – fez uma pausa. – Se não quer jantar, o quê quer fazer?
           - Sei lá, aproveitar a noite de outra maneira. Tipo... Visitar algum lugar, ou simplesmente ficar admirando as estrelas.

      O quê? Que programinha romântico é esse? Ficou doida? Ele vai começar a te chamar de oferecida! Lembre-se do que fez naquele dia! Não vá repetir aquele ato novamente.

           - Tive uma idéia. – disse ele.
           - Qual? – fiquei curiosa.
           - Vou te levar num lugar, que tenho certeza de que irá gostar.
           - Que lugar?
           - Deixa de ser curiosa. – rimos.

      Minutos depois, o carro foi estacionado em frente a um antigo museu de cera. Bill disse pra eu esperar ali, que ele não demoraria. Saiu do carro, e caminhou em direção a entrada do local.

           - Que belo programa, hein Kate? – disse a mim mesma. – Visitar um museu de cera a essa hora da noite. – ri sozinha. – Acho que deveríamos ter ido jantar.

      Não demorou muito até o Bill aparecer, e abrir a porta para eu sair.

           - Vem comigo. – disse ele. Sai do carro.
           - Aonde vamos? – perguntei.
           - Quero te mostrar uma coisa.

      Nos aproximamos do museu, e entramos no local. Não poderíamos visitar o museu quando ele estivesse aberto? Pensei, enquanto tentava encontrar alguma resposta olhando pra ele. Entramos no local...

           - Podemos pegar o elevador? – pergunta Bill.
           - Sim. – o segurança simpático respondeu. – Mas não demorem muito.
           - Obrigado.

      A curiosidade estava me consumindo, confesso. Quando entramos no elevador, Bill apertou o botão do último andar. Comecei a imaginar besteiras.

           - Fica tranqüila. – disse ele, me olhando e sorrindo. – Não farei nada com você.
           - Não estou preocupada com isso. – respondi. – Só estou curiosa pra saber por que estamos aqui.
           - Logo saberá.

      Saímos do elevador, e ainda subimos uma escada com no máximo dez degraus. Chegamos ao heliporto do museu. Estava um pouco frio lá em cima. Andamos um pouco por ali, e eu continuava sem entender nada.

           - Pode me explicar o que viemos fazer aqui? – perguntei. E se ele não me respondesse, eu estava pronta pra lhe dar um soco por me ter feito “desperdiçar” meu tempo.
           - Você disse que queria ver as estrelas. – segurou em minha mão, e me conduziu até um certo ponto do local que dava pra ver a cidade. – Mas isso daqui é bem melhor, não é?

      Sem dúvida alguma. Eu nunca havia visto algo assim, e também não esperava ver, principalmente com ele. Me inclinei um pouco pra tentar enxergar a rua, e fiquei um pouco zonza, pela altura. As pessoas pareciam verdadeiras formigas, e o vento parecia estar um pouco mais forte.

      Sabe aquela sensação de ter quase certeza de que você pode voar? Era exatamente isso que eu estava sentindo. Só não me joguei lá de cima, porque sabia que eu não era um passarinho, borboleta, ou qualquer bicho que voa.

      Aquela vista era incrível, e dava vontade ficar apenas olhando e escutando o barulho. Por um instante fechei os olhos, e foi uma das melhores sensações.

           - Gostou? – ele sussurra em meu ouvido, e senti um arrepio percorrer o meu corpo. Continuei com os olhos fechados.
           - S-Sim. – respondi, com um leve sorriso nos lábios.

      Ele deveria estar bem perto de mim, pois também podia ouvir sua respiração em meu ouvido. O “silêncio” havia tomado conta do local. Eu já não escutava mais a respiração dele. Abri os olhos e Bill estava em minha frente, sorrindo, e como de costume, com as mãos nos bolsos.

           - Você fica ainda mais linda com os olhos fechados. – disse ele. – E sorrindo. – completou.
           - E você gosta de me deixar sem graça, não é?
           - Só um pouco. – rimos.

      Acho que minhas bochechas ficaram vermelhas. Mexi no cabelo, e desviei o olhar.

           - É legal ver sua face corar, você começar a mexer no cabelo, e desviar o olhar.
           - Pára.

      Foi se aproximando, e meu coração já começou a acelerar. Se aproximou um pouco mais, e tirou a mão direita do bolso. Com a mesma, acariciou meu rosto. Mais uma vez pude sentir meu corpo se arrepiar. Minha respiração foi se alterando, e ele estava cada vez mais perto de mim. Com a outra mão, segurou em minha cintura, e me puxou delicadamente para si. Naquele momento, eu já não estava mais sentindo as minhas pernas. Quando seus lábios gelados e macios encostaram-se aos meus, achei que havia dado um ataque cardíaco. Se ele não estivesse me segurando, eu com certeza teria caído. Nossas línguas brincavam uma com a outra, e aquele era o beijo mais delicado que eu já havia dado em minha vida! Tive que me desvencilhar para recuperar o fôlego que havia se esvaído de meus pulmões.

           - Você prometeu que não me beijaria. – disse, me afastando um pouco mais.
           - E também avisei que às vezes tinha impulsos quase incontroláveis.
           - Essa é a desculpa mais esfarrapada que já ouvi.
           - Eu sei. – ele riu. – Mas é a mais pura verdade.
           - Me leva pra casa, está ficando tarde.
           - A noite mal começou e já quer ir dormir?
           - Não posso chegar muito tarde, e você sabe disso.
           - Se o problema é a senhorita O’Connell, posso dar um jeitinho pra você.
           - Obrigada. Mas realmente acho que já está na minha hora. - ele suspirou.
           - Ok. Se a cinderela tem que chegar antes da meia noite...
           - Sim. – respondi rindo.
           - Mas antes...

      Me surpreendeu com um beijo, que depois me fez recuperar o fôlego de novo. 

Postado por: Grasiele

The Nanny - Capítulo 16 - Interesseira.

(Contado pela Laura)

      O dia havia amanhecido. Acordei ao ouvir o despertador tocar. Estiquei meu braço e tateei a mesinha de cabeceira até encontrar o relógio. Apertei o botão e o desliguei. Continuei ali na cama por mais alguns minutinhos. Me levantei e fui diretamente pro banheiro. Tirei minhas roupas, prendi meu cabelo num rabo de cavalo alto, liguei o chuveiro. A água estava quentinha, e me fez relaxar. Eu estava mesmo precisando disso, pois enfrentaria um dia inteiro de trabalho, sentada atrás de uma mesa, corrigindo e revisando as colunas para colocar na revista.

      Sai enrolada numa toalha branca, retornei ao quarto. Abri o guarda-roupas, e peguei a primeira roupa que vi pela frente. Fiz o mesmo com o sapato, acessórios, bolsa... Me pus em frente ao espelho, penteei o cabelo e o deixei solto, já que havia alguns cachos nas pontas do mesmo. A maquiagem era a mais natural possivel. Passei o perfume, coloquei o necessário dentro da bolsa, e sai de casa. Tomaria café quando chegasse à revista.

(Roupa da Laurahttp://www.polyvore.com/cgi/set?id=23541159)

      Peguei o elevador e desci até a garagem. Entrei no quarto, e parti pro trabalho. Devo ter demorado no máximo vinte minutos. Passei o percurso inteiro ouvindo música.

           - Bom dia, meninas! – cumprimentei a recepcionista, e minha secretária.
           - Senhorita Laura... – a secretária Mandy me chamou. Parei para saber o que ela queria. – Há um rapaz em sua sala.
           - Que rapaz? – pergunto.
           - Não sei.
           - Como é que você deixa um estranho entrar na minha sala?!
           - Quando ver o tamanho dele, vai saber que não tinha como evitar sua entrada.
           - Chamasse a segurança! – caminhei em direção a sala.

      Abri a porta, e a minha cadeira estava virada para a janela, o que dificultava a visão. Fechei a porta, coloquei a bolsa em cima do sofá, e me aproximei da mesa. Ao fazer isso, senti um perfume que não era nada estranho.

           - O que está fazendo aqui, Tom? – perguntei.

      Ele se vira com a cadeira.

           - Vim fazer uma visita. – responde, com um meio sorriso.
           - Pra começo de conversa, como descobriu que trabalho aqui?
           - Tenho as minhas fontes.
           - E o que quer?
           - Já disse, vim fazer uma visita.

      Se levantou, deu a volta na mesa, passou por mim e se sentou no sofá. Fiquei de costas pra ele por alguns instantes.

           - Sua sala é bem bonita. – diz ele, e me viro.
           - Obrigada.
           - E esse sofá é bem confortável. Não quer experimentar? – um sorriso malicioso surge em seus lábios.

      Caminho até minha mesa, e me sento.

           - Este é o meu trabalho, e não costumo fazer esse tipo de coisa aqui. – respondo.
           - Deixa de ser maliciosa, garota. – diz ele. – Eu só estava te chamando pra se sentar ao meu lado.
           - Sei.
           - Anda, venha até aqui. – ele me chama.

      Fui até lá, e me sentei ao seu lado. Mas pra ele, parece que aquilo não era suficiente. Tom se aproximou ainda mais. Ele se inclinou um pouco, como se fosse me beijar. Quando isso estava prestes a acontecer, a porta da sala é aberta.

           - Opa. – diz Mandy. Me levanto, e me aproximo da mesa. – Desculpa, eu não queria atrapalhar nada.
           - O que você quer? – pergunto.
           - É que a sua amiga, a Kate, ela está aqui.
           - Pode dizer para ela entrar. – disse.
           - Ok. – Mandy se retira.
           - Bem, é melhor eu ir. – diz Tom. – Até qualquer hora.
           - Até.
           - E não pense que irei esquecer o que quase aconteceu, pois irei cobrar isso numa outra ocasião.
           - Espero que sim. – sorri. – Ficarei aguardando.

      Ele deu mais um sorriso, piscou pra mim, e saiu da sala. Segundos depois a Kate entra, com cara de quem não estava entendendo nada. Me sento na cadeira atrás da mesa.

           - A quê devo a honra de sua visita? – pergunto, sorrindo.
           - Preciso de sua ajuda! – ela se senta numa cadeira em frente a minha mesa, e coloca sua bolsa na cadeira ao lado.
           - Diga.
           - O Bill me convidou para jantar, e não sei o que usar. – parecia preocupada.
           - Então quer que eu te ajude a ficar linda e sexy pra ele?
           - Não quero ficar sexy, e nem sou tão linda assim. Só quero estar bem vestida.
           - Onde será o jantar?
           - Ainda não sei. Mas da última vez que saímos juntos, ele me levou a um restaurante elegante.
           - E desta vez não deve ser diferente. Acho que posso te ajudar.
           - Acha?
           - Só te ajudarei com uma condição.
           - Ah não, lá vem você e suas condições sexuais.
           - Relaxa. – encostei-me à cadeira, e cruzei as pernas. – Não pedirei nada que você não possa fazer.
           - Diga logo o que é!
           - Também quero ter um jantar contigo.
           - Porque você nunca faz as coisas com segundas intenções?
           - E quem disse que isso tem segundas intenções? Só quero passar mais algum tempo com a minha melhor amiga.
           - Até parece que não te conheço.
           - Vai topar, ou não?

      A Kate ficou calada por algum tempo, parecia estar pensando numa resposta. E aguardei quietinha, com quase certeza de que ela não recusaria.

           - Tá legal. – responde, finalmente.

      Um meio sorriso surgiu em meu rosto, e ela retribuiu.

           - Quando será o jantar? – perguntei.
           - Amanhã. – responde.
           - Perfeito. Te espero lá em casa às 17h00.
           - Tem que ser lá em casa, porque ele vai passar lá.
           - Tudo bem.
           - Por favor, vê se não vai me transformar em você, hein?!
           - Confie em mim, e ficará ainda mais linda.

      Fomos nos despedir, e não consegui resistir aquela garota. Tive que lhe roubar um selinho. Vi suas bochechas corarem, e ela me reclamou pelo feito. Pegou sua bolsa, e foi embora.

      No dia seguinte...

      Cheguei no horário marcado. Nenhum minuto a mais. Quem me recebeu foi a empregada, e disse que a Kate me aguardava no quarto. Fui até lá.

           - Nossa. – diz ela. – Pensei que fosse chegar mais tarde.
           - Sou pontual em meus compromissos. – respondo. – Principalmente quando se trata de um encontro. – ela sorri. – Já tomou seu banho, não é?
           - Sim.
           - Então vamos começar logo, pra você não se atrasar.

      Iniciamos o trabalho. A Kate tem uma pele bonita, e corpo com curvas acentuadas, então não seria tão difícil assim conseguir uma roupa legal e a maquiagem “perfeita”. Minha única dificuldade foi achar algo que valorizasse ainda mais aquelas curvas. Mas acho que consegui. Lhe fiz uma maquiagem caprichada, que depois até eu me surpreendi. Ajeitei seu cabelo...

      Demoramos duas horas, até tudo estar perfeitamente como queríamos. Ela estava incrivelmente linda, e comecei a sentir ciúmes. A Kate deveria estar toda arrumada assim, pra sair comigo, e não com um garoto! Mas enfim... Ela se colocou em frente ao espelho.

           - Ficou linda! – elogiei.

      A porta do quarto é aberta, e o Brian entra. Ao ver a Kate, ele fica parado olhando pra ela.

           - Kate... – diz ele, após algum tempo. – Você tá bonitona! – se aproxima dela.
           - Ah, obrigada, meu amor. – ela o abraça.

      Escutamos a campainha tocar.

           - Está pronta pra arrancar suspiros, e ter uma bela noite? – pergunto.
           - Também não precisa exagerar! – diz Kate. – É apenas um jantar. E não estou tão diferente assim.

Postado por: Grasiele

The Nanny - Capítulo 15 - Cadê as palavras?


(Contado pela Kate)

      A primeira coisa que fiz ao chegar em casa, foi entrar pro quarto e ligar pra Laura. Eu precisava contar sobre o beijo que o Bill havia me dado. Minhas mãos estavam trêmulas, e cheguei a pensar que não conseguiria nem discar os números certos. Mas por sorte, consegui.

           - Vocês fizeram o quê?! – pergunta ela, incrédula.
           - Na verdade, foi ele quem fez. - disse.
           - E você obviamente correspondeu, não é?
           - Ah... Só um pouquinho.
           - Sei.
           - E depois que aconteceu, fiquei sem reação e fui embora. – me sentei na cama.
           - Deixou o garoto sozinho?
           - Ué, e o que eu poderia fazer?
           - Sei lá... Agarrasse ele, fosse num motelzinho mais próximo...
           - Ah tá. Não sei se você se lembra, mas não me pareço nada contigo!
           - O que é uma pena. Deveria ter aproveitado da situação.
           - Posso até ser um pouco maluca, mas não seria capaz de fazer isso.
           - E o que sentiu?
           - Não sei. – me deitei.
           - Não sabe, ou não quer falar?
           - Eu realmente não sei.
           - Se não quiser ficar com ele, pode ter certeza que estarei aqui pra qualquer coisa. E você sabe muito bem do que estou falando.

      Tive que rir daquele comentário. Como ela é cara de pau!

           - E o que aconteceu entre você e o Tom? – perguntei, e me sentei novamente.
           - Transamos a noite inteira! – ela riu. – E devo confessar que aquele garoto manda bem.
           - Vai trocar de time?
           - Só depois de conseguir você!
           - Ah, então ficará sendo lésbica pro resto da vida! – rimos.
           - Como você é má!
           - Sou apenas realista.
           - Tenho certeza que um dia você ainda vai gemer muito comigo.
           - Vamos parar com essa conversa por aqui, não é?
           - Enfim... Sem contar que transamos também no banco do meu carro.
           - Mentira! – eu estava completamente incrédula.
           - E foi uma delicia!
           - Safada. – ela deu uma gargalhada.
           - Se você não quer satisfazer o meu desejo, então procurarei quem faça.

      Conversamos por vários minutos, até aquilo ser interrompido pelo Brian que bateu na porta do quarto, entrou e se sentou ao meu lado.

           - Tenho que desligar agora. – disse.
           - Quando sentir carência é só me ligar. – ri mais uma vez.  
           - Pode deixar.
           - Beijo na boca!
           - Tchau.

      Desliguei, e coloquei o celular em cima da mesinha de cabeceira.

           - E ai, já almoçou? – pergunto ao Brian.
           - Um-hum. – responde balançando a cabeça.
           - Comeu tudo?
           - Sim.
           - E a sobremesa?
           - Era iogurte de novo. – reclamou. – Não agüento mais aquilo! – cruzou os braços e fez bico.
           - Então tem que falar com sua mãe.
           - Fala por mim?
           - A mãe é sua.
           - Mas ela não vai querer trocar. – descruzou os braços.
           - Ok, ok.
           - Me leva no playground? – se levantou.

      Olhei pro relógio de pulso.

           - Você tem que dormir em cinco minutos. – disse a ele.
           - Não estou com sono.
           - Se a sua mãe brigar comigo...
           - Ela não vai brigar. – me interrompeu.

      Ele insistiu tanto, que acabei aceitando. Pra não correr o risco da senhora C me xingar e barrar a nossa diversão, resolvemos sair escondido. Mas acabou que nem precisou, pois ela estava em seu quarto, discutindo com o senhor C. Pegamos o elevador, e o Brian aprontou mais uma. Apertou todos os botões, e ficávamos parando em todos os andares. O reclamei, e pedi para não repetir mais. O elevador parou no térreo, e quando as portas se abriram, ele saiu correndo pro parque. Eu já não tinha mais aquela preocupação, e fui caminhando normalmente. Me sentei num dos bancos, e fiquei observando ele brincar.

      É tão chato ficar sem fazer nada, que comecei a ficar com sono.

           - Kate! – grita Brian. Olho pra ele. – Vem me pegar?

      Ele estava no alto da casinha, e pronto pra pular. Ah tá, eu confesso que tive vontade de deixá-lo se esborrachar no chão. Mas que tipo de babá eu sou? Devo cuidar dele, e não querer matá-lo. Me levantei e fui até lá.

           - Não pule! – disse. – Você pode se machucar!
           - Só uma vez.
           - Ô garoto, você tá me achando com cara de colchão?
           - Por favor? – fez aquele maldito biquinho.
           - Depois não comece a chorar, se não der certo.

      O garoto se animou. Me posicionei, e por dentro o medo estava quase me consumindo. Se ele caísse e quebrasse alguma coisa, eu teria que sair fugida do condomínio, porque os pais dele tentariam me matar. O Brian contou até três, em seguida pulou. Por fim, tudo deu certo, e ele se animou ainda mais. Queria pular mais uma vez, e neguei. Vai que agora dá errado?

           - Prometo que não peço mais. – disse ele.
           - Não! Já chega! – respondi.
           - Bill! – ele correu para abraçá-lo, como das outras vezes.

      Não tive nem coragem de me virar para vê-lo. Minhas pernas começaram a tremer, e meu coração acelerou. As mãos começaram a soar.

           - Oi, Kate. – diz Bill.

      Foi ai que me virei. Eu não poderia continuar de costas, pois seria muita falta de educação.

           - Oi, Bill. – respondi um pouco sem graça.
           - Eu queria... Te pedir desculpas. – disse ele, colocando as mãos nos bolsos.
           - Não tem que se desculpar. Eu que...
           - Não. – me interrompeu. – Fui um pouco atrevido, e não deveria ter te beijado sem saber se queria ou não.

      O quê eu respondo? Cadê as palavras? Porque elas fugiram logo agora?

           - Já... Já passou. – foi a única coisa que consegui dizer.
           - E depois do que aconteceu, aposto que não vai querer sair comigo de novo, não é?
           - Ah, isso nós podemos resolver. – ele riu.
           - Então posso considerar como um sim?
           - Talvez. – mexi no cabelo.
           - Mas “talvez” não é resposta.
           - Aceita logo! – Brian se intrometeu.
           - Brian! – o repreendi.
           - Tá legal, eu vou sair daqui, e deixar vocês dois conversarem sozinhos. – disse o pequeno. – E estou de olho em você, hein? – disse pro Bill.
           - Fica tranqüilo. – disse Bill, em seguida tirou as mãos dos bolsos. – Não farei nada com ela.

      Brian se retirou, e foi pra um dos brinquedos.

           - Ainda não respondeu se vai aceitar ou não. – disse Bill.
           - Promete que não vai me beijar?
           - Só se você não quiser.

      Ele é meio atrevido, não?

           - Mas não posso prometer nada. – disse ele. – Às vezes tenho impulsos que são quase que incontroláveis. – ele sorriu.
           - Eu sei que você consegue controlar. – retribui o sorriso.  
           - Acho bem difícil, mas vou tentar.

      Ficamos calados por alguns instantes.

           - E se você quer saber, ainda não consegui esquecer aquela noite. – disse ele. – Eu sabia que não seria tão fácil.
           - É um pouco difícil mesmo. – fiquei um pouco sem graça.
           - Então você também não esqueceu?
           - Eu... Eu acho que não. – gaguejei.

      Odeio esse garoto! Ele está conseguindo me deixar cada vez mais sem graça, e isso não é nada legal! Bill se aproximou, e dei um passo pra trás.

           - Tudo bem – disse ele. –, eu não iria fazer nada.
           - Melhor prevenir...
           - Ok. – ele fez uma pausa. – Posso passar lá no apartamento pra te pegar?

      Me pegar? Isso teve um duplo sentido?

           - Quero dizer... – ele gaguejou. – Eu quis dizer... Pegar pra levar a um restaurante.

      Descarado!

           - Tá. – respondi. – Mas ainda não sei que dia ficarei de folga.
           - Inventa qualquer desculpa esfarrapada, e conseguirá uma folga rapidinho.
           - Você vai acabar me levando pro mau caminho, sabia?
           - Se isso fizer você sair comigo sempre, então não será tão ruim assim.

      Tá vendo só? Mais uma vez me deixou sem graça! Aposto que minhas bochechas estão ficando vermelhas. Alguém pode fazê-lo parar com isso?

      Olhei pro relógio, e já era hora de voltar pra casa. O Brian ainda teria que dormir um pouco antes do jantar.

           - Tenho que ir. – disse.
           - Irei cobrar esse encontro, até você conseguir uma folga, nem que seja de uma hora. – sorri.

      Chamei o Brian, pegamos o elevador, e voltamos pro apartamento. 

Postado por: Grasiele

The Nanny - Capítulo 14 - Apenas um dia, apenas um dia normal.


Apesar de sentir o que eu nunca havia sentido
E você gostaria de jurar aquelas palavras podendo curar e
enquanto eu olhava entre aqueles olhos, a visão dele sendo minha
e eu sei ele não é estranho de forma alguma,
para eu sentir eu tenho que acreditar nele em todo o tempo

(Contado pela 3º pessoa) 

      O dia já havia amanhecido. Laura terminava que colocar a mesa, quando Tom apareceu e se sentou à mesa. Ela colocou a jarra de suco em cima da mesma, e logo depois também se sentou. Os dois trocavam olhares, e nada de palavras. Terminaram o café, e ela foi até o banheiro para tomar seu banho. Saiu de lá quinze minutos depois. Colocou uma lingerie escura, vestido tomara-que-caia preto com alguns detalhes coloridos, ankle boot. Passou seu perfume, colocou um colar, pegou sua bolsa e saiu do quarto.

(Roupa da Laurahttp://www.polyvore.com/cgi/set?id=23468882)

       Encontrou o Tom na sala sentado no sofá. Ela pegou as chaves do carro, e os dois saíram do apartamento. Pegaram o elevador até a garagem.

           - Você dirige. – disse ela, jogando as chaves. – Não estou a fim de pegar nesse volante agora.
           - Ok. – responde Tom.

      Entram no carro, e a primeira coisa que Laura fez, foi colocar um cd para tocar. O trajeto até o condomínio do Tom começou. Durante o percurso, quase não conversaram.

           - Na próxima rua, vire à direita. – disse ela.
           - Mas o condomínio não é por aqui.
           - Só faça o que estou pedindo.

      Ele ficou calado, e a obedeceu.

           - Depois vire a esquerda, e novamente à direita.

      Tom foi dirigindo, até que chegaram numa rua sem saída.

           - Rua sem saída. – ele parou o carro. – Tem certeza que o destino que você queria era esse daqui?
           - Absoluta. – responde, e tira o cinto de segurança.
           - Então resolva suas coisas, que ficarei esperando aqui.
           - Que coisas?
           - Afinal, o que viemos fazer aqui?
           - Transar.

      Ele ficou sem reação.

           - Viemos fazer o quê? – pergunta ele, incrédulo.
           - Estou excitada, e louca pra transar dentro do carro, antes do trabalho.

      Tom continuava sem reação, e a olhando.

           - Vamos, tire o cinto de segurança. – disse ela, e ele fez.

      Laura desabotoou a calça dele, e baixou o zíper. Tirou o membro dele de dentro a cueca, e o abocanhou antes mesmo que o Tom pudesse respirar ou questionar alguma coisa. Após levá-lo a loucura, o olhou. Abriu o porta luvas do carro, e tirou de dentro do mesmo, uma camisinha, e pediu que ele colocasse. Nesse meio tempo, ela tirou sua calcinha, e jogou no volante. Posicionou-se em cima dele.

           - Sei que vai ser difícil me fazer gemer mais do que ontem, mas pelo menos tente. – disse ela, que se sentou quase que de uma só vez no membro dele, e gemeu alto.

      Enquanto transavam, gemiam, se beijavam... As pessoas que moravam naquela rua, saíram nas janelas e portas de suas casas para ver o que estava acontecendo. Por sorte os vidros do carro eram escuros e não davam para ver absolutamente nada.

      Minutos depois aquilo já havia acabado. Ela se ajeitou, mas não colocou sua calcinha, a guardou dentro de sua bolsa. Ele retomou seu fôlego e também se recompôs. Saíram daquela rua, e desta vez foram diretamente para o condomínio.

      Dez minutos se passaram, e Tom estaciona. Os dois saem do carro. Ele dá a volta no carro, e se aproxima dela. Lhe dá um abraço apertado, e um beijo.

           - Você vai acabar virando héreto de novo, só por minha causa. – diz ele.
           - Duvido muito. – ela sorri.
           - Nos encontraremos novamente?
           - Não seria uma má idéia. – ela dá a volta no carro, e abre a porta. – Qualquer coisa eu te aviso.
           - Não quer subir um pouco?
           - Obrigada. Mas se eu fizer isso, ficarei excitada novamente, e não quero abusar mais de você. – os dois riem. – Tchau.

      Ela entra no carro, e parte para o trabalho. Ele suspira e entra no condomínio. Chega ao apartamento, e se esparrama no sofá.

           - Tom? – pergunta Bill, lá da cozinha.
           - Oi!
           - Está chegando agora? – Bill aparece na sala, e se senta em outro sofá.
           - Sim. – responde.
           - Pela hora, a noite deve ter sido muito boa.
           - A noite... O dia... – ele se endireita no sofá. – Aquela amiga da Kate tem um fogo quase que incontrolável.
           - Por favor, não me conte nada sobre o que aconteceu. – diz Bill, e se levanta.
           - Vai sair?
           - Tenho que resolver umas coisas. Ah, se lembra do James?
           - Acho que sim.
           - Pois é ele me ligou essa manhã dizendo que ouviu aquela música acústica que gravamos.
           - E ai?
           - Estou indo agora falar com ele sobre isso. Talvez ele possa até produzir nosso cd.

      Os dois conversaram por mais alguns minutinhos sobre o assunto. Enquanto isso, a porta do elevador era aberta, e Kate saia com o Brian. Eles caminharam até a porta do apartamento, que fora aberta logo em seguida. O pequeno entrou correndo, e quando ela ia entrar...

           - Kate! – diz Bill, e ela se vira.
           - Oi! – ela sorri.
           - Como... Como está? – ele se aproxima.
           - Muito bem. E você?
           - Também. – coloca as mãos no bolso. – Eu andei em pensado em... Bem, como você disse que havia gostado do passeio no boliche... Pensei em... Em te convidar para ir ao cinema.
           - Eu adoraria, mas... Tenho que ficar cuidando do Brian.
           - Entendo.
           - A não ser que...
           - Que...?
           - Nada não, esquece.
           - Diga.
           - A não ser que ele vá junto. Mas obvio que isso não daria certo, porque ele ficaria no meio de nós dois. – suas bochechas coraram. - Quero dizer... Ele não se comportaria tão bem assim.
           - Acha mesmo?
           - Um-hum.
           - Já que não poderemos ir ao cinema, então o que acha de almoçarmos amanhã, antes de ir buscá-lo no colégio?
           - Ok.
           - Você escolhe o restaurante?
           - Ah não. Não sou muito boa nisso.
           - Então irei escolher, e te avisarei.

      Se despediram, e cada um seguiu seu rumo.

      Na manhã seguinte, a Kate levou o Brian pro colégio no horário normal, e voltou pra casa, para tomar um banho e se trocar. Mas antes de qualquer coisa, ela ligou para a Laura. Conversaram por vários minutos, e sua amiga disse que queria lhe dar um presente. Assim que desligou o celular, a Kate foi tomar seu banho, e se arrumou inteirinha. Saiu de casa, e passou na revista onde a Laura se encontrava. Acabou ganhando de presente uma corrente de ouro com um pingente em formato de coração. Depois ela foi até o restaurante para se encontrar com o Bill.

(Roupa da Kate:http://www.polyvore.com/cgi/set?id=23247838)

      Assim que chegou ao local, avistou Bill sentado numa das mesas. Se aproximou, e ele se levantou.

           - Você... está linda. – disse ele, puxando a cadeira para que ela pudesse se sentar.
           - Obrigada. – respondeu um pouco tímida, e se sentou.

      O garçom apareceu e lhes entregou o cardápio. Fizeram o pedido.

           - Irão beber algo? – pergunta o garçom.
           - Um suco de laranja. – diz Kate.
           - Irei acompanhá-la, então traga dois. – diz Bill, sorrindo.

      Os pratos chegam e as bebidas também. Quando saíram do restaurante, foram caminhando pelo parque próximo ao colégio do Brian. Os dois ficaram andando por alguns minutos – que pareciam para eles, segundos – conversando exatamente sobre tudo. De inicio Kate se sentia um pouco tímida, mas aos poucos fora se soltando. Bill estava gostando do jeito dela, de como ela falava e sorria. Eles estavam sendo irônicos com algumas coisas, e fazia o outro rir. Isso foi facilitando a conversa, de ambos os lados.

           - Acho que já percebeu que eu falo demais, não é? – ela pareceu envergonhada. – Estou aqui falando sobre mim, e nem sei espaço pra você dizer alguma coisa.
           - Não. – diz ele. – Eu tô... Tô gostando de ouvir você. – ela sorri.
           - Sou como uma matraca, que se as pessoas não interromperem eu...

      Aquele momento foi interrompido, quando der repente Bill beijou seus lábios, de uma maneira cautelosa. Kate correspondeu a ele. O beijo não durou muito tempo. E quanto ela se desvencilhou dele, o silêncio entre os dois ficou claro. E de suas bocas, não saíram palavra alguma.

      Instantes depois as bochechas dela começaram a corar, e Kate foi embora sem dizer nada, deixando Bill lá parado no meio do parque. Enquanto a observada partir, um sorriso surgiu em seus lábios.

Postado por: Grasiele

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