domingo, 22 de janeiro de 2012

The Nanny - Capítulo 20 - Usando uma criança inocente. Que coisa feia, hein?

(Contado pela Kate)

      Eu acabara de buscar o Brian no colégio. Estávamos chegando em casa, quando o Bill nos abordou.

           - E ai garotão?! – ele se abaixou para ficar quase na altura do Brian. – Tá a fim de ir numa soverteria?
           - A mamãe não deixa. – responde o pequeno. – Só se a Kate for também.

      É impressão minha, ou o Bill tá usando o Brian só pra poder sair comigo?

           - E porque não pede a Kate pra ir junto? – diz Bill.
           - Você vai, Kate? – pergunta Brian.
           - Tem que pedir sua mãe primeiro. – respondi.
           - Se ela deixar, você vai? – o pequeno insiste.
           - Vou.

      Abri a porta do apartamento.

           - Agora entre e vá pedir sua mãe. – disse. – Depois venha aqui dar a resposta.

      Brian entrou correndo. Olhei pro Bill, e ele sorriu.

           - Que coisa feia, hein? – brinquei.
           - O quê? – sínico. – Não fiz nada.
           - Não seria mais fácil me convidar pra sair, ao invés de ficar usando uma criança inocente? – ele riu.
           - É que ultimamente ando pedindo demais pra sair com você. Tenho que inovar nas maneiras de fazer os convites.
           - Mas precisava usar o garoto?
           - Ah, ele vai se divertir. E além do mais, quem iria me garantir que você aceitaria?
           - Não custa nada tentar.
           - Ok. – ele colocou as mãos nos bolsos. E eu gosto quando ele faz isso. Fica tão fofinho. – Você quer sair comigo?
           - Deixe-me pensar um pouco.
           - Viu só? – tirou as mãos dos bolsos. – Você não iria aceit...
           - Aceito. – respondi antes que ele terminasse a frase.
           - Tá falando sério?
           - Um-hum.

      O pequeno Brian apareceu com a noticia de que sua mãe havia deixado.

           - E agora teremos a ilustre companhia do Brian. – ironizei.
           - Como você é má, hein? – nós rimos. E o Brian não entendia nada.
           - Nos vemos mais tarde então?
           - Sim.

      Nos despedimos, e cada um seguiu pro seu apartamento.

–--
(Contado pelo Bill)

      Abri a porta do apartamento, e entrei rindo da situação. Tom estava esparramado no sofá, jogando vídeo game. Me lembrei daquele conselho que a Kate havia me dado. E ela tinha toda razão. Nós não poderíamos continuar brigados dessa maneira. Me aproximei, e me sentei na poltrona. Joguei as chaves em cima da mesinha de centro, e ele da maneira que ele estava, continuou. Não desgrudou os olhos da televisão em um só segundo.

           - Vamos mesmo continuar assim? – perguntei. Ele me olhou, e depois voltou a olhar pra televisão. – Você sabe que está errado. O quê que custava me avisar que daria uma festa?
           - Quantas vezes terei de te lembrar que essa casa também é minha? – seus olhos continuavam no televisor.
           - Não precisa me lembrar de nada! – fiz uma pequena pausa. – Mas sua boca não cairia se me avisasse.
           - E porque você pode trazer suas amigas, e eu não?
           - Que amigas? Desde quando eu fico trazendo cinco garotas aqui?
           - Quatro ou cinco. – me corrigiu.
           - Tanto faz! A questão é que eu trouxe apenas uma garota, e não tentei destruir a casa quando ela estava aqui.
           - Se eu não morasse aqui, você teria com certeza destruído a casa.
           - Dá pra parar de gracinha? – comecei a me irritar. – Estou falando sério!
           - Também falo sério! – ele deu pausa no jogo, jogou o controle no sofá, e se sentou. – Porque você quer sempre mandar?
           - Não tô querendo mandar!
           - Está sim! As coisas SEMPRE têm que ser da sua maneira, e minha opinião SEMPRE fica pra segundo plano.
           - Isso não é verdade! Está sendo injusto.
           - Injusto? – ele riu. – Quando foi a última vez que tomamos uma decisão juntos?

      Fiquei calado, porque eu não fazia idéia de quando isso havia acontecido.

           - Não se lembra, não é? – pergunta ele.
           - Tudo bem. Talvez eu seja um pouco mandão mesmo.
           - Um pouco?
           - Tá! Sou muito mandão, mas isso não justifica você fazer dar festa aqui.
           - Eu sei.

      Ficamos calados por algum tempo.

           - Então... – disse ele. – Me... Me desculpa. – ele abaixou um pouco a cabeça.
           - Eu também fui errado, e também lhe devo desculpas.
           - Está desculpado. – fez uma pausa. – Então vamos prometer que não iremos trazer ninguém aqui, sem consultar o outro.
           - Perfeito. – respondi.

      Parecia que eu havia tirado um enorme peso das costas. Ele se levantou, e imaginei que viesse me abraçar. Me levantei também, e quando fui lhe abraçar...

           - O que está fazendo? – pergunta ele, se afastando.
           - Ia te dar um abraço. – respondi, com os braços abertos.
           - Ficou doido? Meu negócio é abraçar mulher, e não um homem que parece uma. Já pensou se alguém vê? Minha reputação ia parar lá no chão.
           - Idiota. – nós rimos.

      Ele seguiu pra cozinha, e fui pro quarto.

–--
(Contado pela Kate)

      Acabamos de nos arrumar, e fomos encontrar o Bill. O Brian estava tão contente, que dava até alguns pulinhos de alegria. Garoto estranho. Saímos e fomos até a sorveteria. Nos sentamos numa mesa ao ar livre. O serviço do local era self service. Ai que o Brian gostou mesmo. Enquanto ele ia fazendo suas escolhas, o Bill e eu ficamos sentados lá na mesa.

           - Ele parece se divertir muito quanto sai com você. – disse Bill.
           - É porque ele só sai comigo. – respondi. – Do contrário, o Brian passaria seus dias “trancado” naquele apartamento.
           - Tem razão.

      Conversava com o Bill, e ao mesmo tempo, não desgrudava meus olhos do Brian. Vai que ele dá a louca e resolve sumir?

           - Segui seu conselho, e conversei com o Tom. – disse Bill.
           - Que bom! – sorri. - Mas... Me conta como foi.
           - Pensei que seria bem difícil, mas até que foi tranqüilo.
           - Não é bom quando fazemos as pazes com alguém que a gente gosta?
           - Demais. E devo isso a você.
           - Claro que não! Sei que já estava pensando em fazer isso, só falta um pouco de coragem, não é?
           - É. – nós rimos.

      O Brian estava demorando um pouquinho.

           - Aproveitando que o Brian está longe... – disse Bill. – Daqui dois dias é o aniversário dele, e não faço idéia de que presente devo dar.
           - O quê? – fiquei surpresa. – É aniversário dele?
           - Não sabia?
           - Não.
           - Bem, agora já sabe. – ele riu. – Estava pensando em comprar algo, mas não sei o quê.
           - Seria bem melhor se fizéssemos uma festinha surpresa. Crianças adoram isso.
           - Mas que eu saiba, ele não tem muitos amiguinhos, e também precisaríamos de um local.
           - Podemos chamar as crianças que estudam na sala dele. E quanto ao lugar, poderíamos fazer lá no apartamento mesmo.
           - Acho que o sindico não deixaria, pois faria muito barulho. E a senhorita O’Connell não gosta muito de visitas.
           - Posso conversar com o sindico, e tentar convencê-lo.
           - E a mãe do Brian?
           - Posso dar um jeitinho também. Ela não pode ser tão ruim, ao ponto de não querer comemorar o aniversário do filho.
           - Concordo.

      Tivemos que mudar o assunto, pois o Brian havia chegado. Ele apareceu com uma vasilha de tamanho médio, lotada de sorvete e vários outros doces. Preferi tomar um suco de laranja, e o Bill me acompanhou.

           - Kate? – me viro para ver quem me chamava.
           - Laura? – fiquei um pouco surpresa ao vê-la ali, já que deveria estar no trabalho. – O que faz por aqui?
           - Vim atrás de uma matéria pra revista, e como está calor, resolvi dar uma passadinha por aqui pra me refrescar. – ela sorri. – Oi Bill.
           - Oi. – responde ele. - Não quer se sentar conosco?
           - Não quero incomodar. – diz ela.
           - Que nada. – ele puxa uma cadeira de outra mesa. – Junte-se a nós.

      Vários outros assuntos foram surgindo. Passamos à tarde praticamente inteirinha ali na sorveteria. Com a presença da Laura, as coisas ficaram mais divertidas e engraçadas.

      O celular do Bill começou a tocar.

           - Desculpem meninas. – disse ele. – Mas preciso atender.
           - Sem problemas. – responde Laura.

      Ele se levanta, e se afasta um pouco. Mas da distância que ele estava, dava pra ouvir os fins de suas frases.

           - Tá falando sério? ...Ele gostou mesmo? ...E bota empurrão nisso! ...E o que disse a ele? ...Claro, vou dar uma passada lá pra ver o que ele quer. ...Tudo bem, vou lá agora. Tchau.

      A Laura estava rindo da reação alegre do Bill, ao receber o telefonema.

           - Me desculpem, mas eu tenho que ir agora. – disse Bill.
           - Tudo bem. – disse.
           - Vou deixar a conta paga, e...
           - Não precisa. – o interrompi. – Pode ir tranqüilo, que a Laura e eu pagaremos tudo.
           - Tem certeza?
           - Absoluta. – disse Laura. – Vá logo, antes que se atrase.

      Não sabíamos do que se tratava. Mas pra ele estar feliz daquela maneira, só poderia ser algo importante. Ele se despediu, e entrou num táxi que passava por ali naquele momento.

           - É por isso que está caidinha por ele, não é? – pergunta Laura.
           - O quê? Tá doida?
           - Aham.
           - O Bill e eu somos apenas amigos.
           - O Tom e eu também. E a nossa amizade é tão forte, sabia?
           - Deixa de ser boba. Tenho que cuidar de uma criança, e não tenho tempo pra pensar em homem ou namoro.
           - Sei.
           - Do que estão falando? – pergunta Brian.
           - Nada. – respondi. – Vou pagar a conta, e já volto para irmos pra casa.

      Me levantei e fui até o balcão. Paguei tudo, e retornei a mesa. Brian e Laura estavam rindo, e quando me aproximei, os dois disfarçaram. Achei aquilo estranho e suspeito demais. E pela primeira vez segurei minha curiosidade e não perguntei sobre do que estavam rindo.

Postado por: Grasiele

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Arquivos do Blog