(Contado pela Kate)
Aproveitei que o Brian dormiu a tarde, e fui conversar com a mãe dele sobre a festinha surpresa. Eu estava animada, e com aquela confiança de que tudo daria certo. A senhora C se encontrava na varanda, sentada numa das poltronas, e lendo uma revista de moda. Me aproximei, pedi licença, e me sentei numa poltrona ao lado.
- Algum problema com o Brian? – pergunta ela, sem desviar seu olhar da revista.
- Não. – respondi. – Mas vim falar sobre ele.
- Então diga. – continuou olhando pra revista.
- Depois de amanhã o Brian completa sete anos, e eu estava pensando em fazer uma festa pra ele.
Naquele instante ela fechou a revista, e me encarou. Imaginei que fosse negar, ou me xingar por isso.
- E onde seria essa festa? – pergunta ela.
- Estava pensando em fazer aqui.
- Aqui no apartamento?
- Sim.
- Nem pensar!
- Mas...
- Não quero a minha casa cheia de crianças correndo por todo lado, derrubando e quebrando minhas coisas.
Ela se levantou e entrou na sala. A segui.
- Posso conversar com o síndico, e talvez ele ceda o playground. – disse.
- Acho difícil. – ela se sentou no sofá, e jogou a revista em cima da mesinha de centro. – O síndico é bem severo, e também não gosta de festas.
- Não custa nada tentar.
- Faça o que quiser, só não conte comigo pra nada! Não quero me estressar com esse tipo de coisa.
Sai do apartamento, e fui procurar o sindico. Fiquei sabendo da péssima fama que ele tem, de ser mal humorado e muito rígido. Enquanto o elevador descia até o térreo, fui pensando em algumas coisas, caso tudo desse certo. Assim que sai, caminhei pela área da piscina, e encontrei o tal síndico sentado numa espreguiçadeira a beira da piscina.
- Olá. – disse, e ele não me respondeu. – O senhor é o síndico, não é?
- Sim. – respondeu. – Tem alguma reclamação a fazer?
- Na verdade, vim até aqui para lhe pedir uma coisa. – me sente numa espreguiçadeira ao seu lado.
- Se for dinheiro, vou avisando que não tenho.
- Não, não é dinheiro.
- Então diga logo, pois estou tentando relaxar um pouco, antes que aqueles diabinhos apareçam.
- O senhor deve conhecer a família O’Connell, que moram no sexto andar, certo?
- Vá direto ao assunto, garota.
- O negócio é o seguinte; o filho deles, Brian, completará sete anos daqui dois dias. E eu estava planejando fazer uma festinha surpresa pra ele aqui no prédio.
- Negativo! Festas não são permitidas aqui!
- O senhor poderia me ouvir até o final?
Ele ficou quieto, e continuei.
- Desde que nasceu, o Brian teve apenas uma festa de aniversário. – não sei se isso era verdade. Mas pra conseguir o que quero, vou inventar qualquer coisa. - Sou a nova babá dele, e sei o quanto aquele garoto é solitário. Uma hora ou outra irei deixar este emprego, e queria que ele tivesse algo de que pudesse se lembrar de mim no futuro. E além do mais, o senhor não seria tão mau, ao ponto de não querer festejar a festa de uma inocente criança, seria?
Ele permaneceu quieto por um bom tempo. Eu estava cruzando os dedos para que ele não me negasse aquele pedido.
- Quem fará o bolo? – pergunta ele.
Aquilo era um sim?
- Ainda estou pensando nisso. – respondi. – Mas o senhor vai deixar?
- Com algumas condições.
- Quais?
- Esta festa não poderá durar a noite inteira...
É uma festa de criança, e não uma balada.
- Deve me entregar o salão de festa brilhando, quando tudo acabar. – continuou. – E se houver alguma coisa quebrada, a verba sairá do seu bolso.
- Ok.
Fiquei tão feliz com aquilo. E ele nem é tão mal humorado assim, vai. Me despedi do senhor, e peguei o elevador novamente. Cheguei em casa, e fui direto pro quarto. Eu queria contar aquela noticia pro Bill, afinal, ele também me ajudará nessa festa. Mas e a vergonha de bater na casa dele e me deparar com seu irmão? Preferi guardar aquilo, e só contar quando o encontrasse em algum lugar.
–--
(Contado pelo Bill)
Estacionei o carro, e olhei pro Tom. Ele estava meio sério, e parecia um pouco nervoso. Nem comento sobre mim, já que meus nervos estavam quase me matando.
Saímos, e caminhamos em direção as escadas que davam acesso a entrada do local. Nunca acreditei muito em superstições, mas naquele momento resolvi entrar com o pé direito. O Tom até riu daquilo. Fomos recebidos por um homem alto, negro, e com uma expressão super séria. Dava até um pouco de medo. Ele parecia nos conhecer, e pediu que o acompanhássemos.
Andamos por um corredor longo e avistei no final do mesmo, uma porta branca com uma placa prateada escrita; James Burton. O homem alto bateu na porta, e a abriu em seguida.
- Senhor Burton, eles já chegaram.
Entramos, e assim que nos viu, o James se levantou e veio nos cumprimentar com um aperto de mão e um enorme sorriso nos lábios.
- E ai meninos, como estão? – pergunta ele.
- Bem. – respondemos em uníssono.
- Sentem-se.
Nos sentamos num sofá de couro preto, que por sinal, era bem aconchegante.
- Aceitam alguma bebida?
- Não, obrigado. – respondo.
- Uma água gelada. – diz Tom.
James caminha até sua mesa, pega o telefone e fala com alguém.
- Traga duas águas geladas, por favor.
Depois ele se senta num sofá pequeno, e fica de frente para nós.
- Essa semana a minha secretária me entregou uma mídia de cd, e disse para eu escutar o que havia nela. – disse ele. – Achei que fossem mais uma daquelas duplas ou bandas que pensam que sabem cantar. Resolvi ouvir, e fiquei impressionado.
- Sério? – pergunta Tom.
- Sim. – diz James. – As músicas têm... Algo diferente, entendem? O conjunto da melodia, letra... Parecem combinar perfeitamente.
Ele fazia alguns gestos com as mãos, e nós escutávamos com atenção.
- Sinceramente, nunca havia escutado algo realmente bom, quanto o que ouvi ontem. – disse ele. – Vocês dois tem um talento incomparável, e que me agradou muito.
- Obrigado. – respondemos em uníssono.
- Mas pra mim ainda está faltando algo. – a porta é aberta, e uma mulher usando vestido preto e meio justo, entrou com uma bandeja com duas garrafas de água. A moça colocou as garrafas em cima da mesa de centro de madeira, e se retirou.
- O que está faltando? – perguntei.
- Garotos, vocês são novos e cheios de disposição para entrar nesse mundo de cabeça, não é?
- Claro! – responde Tom, e se ajeita no assento.
- Então quero lhes fazer uma proposta.
- De que tipo? – perguntei.
- Estou disposto a investir o que for necessário na carreira de vocês...
Tom e eu nos entreolhamos, e deixamos escapar um meio sorriso. Acho que não tinha como esconder nossa felicidade.
- Mas pra isso, precisam concordar comigo em uma única coisa. – disse ele.
- Em quê? – pergunta Tom.
- Que apenas vocês dois, não é o necessário pra fazer essa carreira decolar imediatamente.
- O que quer dizer com isso? – aquele suspense estava me matando.
- Quero dizer que só investirei em vocês, se aceitarem mais duas pessoas nesse negócio. – ficamos em silêncio. – É pegar, ou largar.
Mais duas pessoas? Acho que isso não dará muito certo. Mas aquela proposta era tentadora demais pra ser descartada.
- Aceitamos. – respondi.
O James sorriu e novamente pegou seu telefone, falou com a mesma pessoa de antes.
- Por favor, pode pedir aos dois rapazes que entrem.
A porta novamente fora aberta, e os dois rapazes que o James havia pedido, entraram.
- Meninos, quero que conheçam Georg Listing e Gustav Schäfer. – James se levantou. – Seus novos amigos.
Postado por: Grasiele
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