(Contado pela Kate)
O despertador começou a tocar. Eu estava enfiada debaixo do cobertor, e não tinha vontade de sair de lá. O relógio continuava tocando, e permaneceria assim até que eu criasse coragem para desligá-lo. Me cansei de ouvir aquele som, e apertei o botão. Me sentei na cama, e o Sol que entrava pela fresta da cortina veio de encontro aos meus olhos, fazendo com que os mesmos se fechassem. Me levantei, e caminhei até a janela. Abri as cortinas de uma só vez, e os raios de Sol penetraram o quarto.
Fui pro banheiro e fechei a porta. Abri as torneiras da banheira, e enquanto a água preenchia a mesma, eu prendia meu cabelo num coque, e fazia minha higiene bucal. Coloquei sais aromáticos na água, em seguida tirei minhas roupas, e me pus dentro da água, ficando de “molho” por alguns minutos.
Retornei ao quarto, abri o guarda-roupas e como sempre, permaneci parada sem saber o que vestir. Como não estava com aquela paciência e disposição pra ficar escolhendo a melhor roupa, então peguei as primeiras coisas que meus olhos conseguiram avistar. Passei desodorante, creme hidratante pro corpo, protetor solar, vesti minha roupa, e coloquei o perfume. Pus-me em frente ao espelho, e ajeitei o cabelo. Fiz a maquiagem mais natural possivel, e sai do quarto.
- O Brian já acordou? – perguntei a Brenda.
- Ainda não. – respondeu. – A mãe dele está te esperando lá no escritório.
Pronto, você será despedida por causa da Laura! É melhor começar a se preparar. Segure o choro, e só conte pro Brian, quando estiver de malas prontas, pra evitar qualquer tipo de constrangimento ou confusões maiores. Pensei. Meu coração acelerou, e suei frio. Tomei um copo de água, e fui até o escritório pra saber o que a senhora C queria falar comigo. Bati na porta, e perguntei se poderia entrar.
- Entre, feche a porta e se sente aqui. – respondeu a senhora C.
Fiz tudo que ela havia pedido, e talvez eu não estivesse mesmo em condições de reclamar ou não obedecer as suas ordens.
- Aquela garota é sua amiga? – pergunta ela.
- Se eu disser que sim, irá me despedir? – perguntei, e ela ficou calada por alguns instantes.
- Não. – respondeu.
- Então... Sim, ela é minha amiga. Ou pelo menos achava que era.
- Vou dizer uma coisa, e quero que escute com muita atenção.
- Ok.
- Não quero ver aquela garota próxima do meu filho, e muito menos aqui dentro de casa. Ouviu?
- Sim, senhora.
- E se eu sonhar que deixou o Brian se aproximar dela, você será despedida.
- Garanto que ela não chegará perto dele.
- Acho bom. – ela fez uma pausa. – E... Obrigada por ter feito a festa do Brian.
- Não foi nada. – ficamos caladas, mas a minha curiosidade queria saber de mais uma coisa. – Posso... Posso lhe fazer uma pergunta?
- O pai do Brian ainda não chegou. Era isso que queria saber?
- Um-hum. Sinto muito pelo que aconteceu.
- Eu também.
- Bom, eu vou acordar o Brian e levá-lo pro colégio. – me levantei.
- Não! – me virei para olhá-la. – Hoje não. Não quero que o meu filho vire alvo de piadinhas pelos colegas. Deixe para levá-lo amanhã.
- Sim, senhora.
Sai do escritório, fechando a porta. Ao chegar à sala, vi o Brian sentado no sofá, assistindo desenho, tomando um copo de leite e comendo torradas.
- Bom dia! – disse, e me sentei ao seu lado.
- Bom dia. – respondeu com a boca cheia.
Brian falou mais algumas coisas, mas eu não havia entendido nada.
- Mastigue e engula primeiro, depois converse. – disse. – É falta de educação ficar falando de boca cheia.
- Irei chegar atrasado hoje? – perguntou.
- Relaxa, porque hoje você não terá aula.
- Sério?
- Sim.
- E o que faremos?
- O que acha de irmos ao clube? O dia está lindo!
- Podemos chamar o Bill?
Precisa carregar o Bill pra todo lado? Sei que gosta dele, mas também não exagera vai!
- Tá legal. – respondi.
- Oba! – ele colocou o copo de leite e o prato em cima da mesinha de centro, e deu alguns pulinhos de alegria. – Vou procurar uma roupa pra mim.
- Agora não. – disse. – Preciso resolver algumas coisas antes de tudo, então termine o seu café e... Vá fazer o convite ao Bill.
- Não posso ir com você?
- Infelizmente não. Tratarei de assuntos que você não pode ouvir.
- Adultos são complicados, hein?
- Nem imagina o quanto. – lhe dei um beijo no rosto. – Voltarei em menos de duas horas, e esteja pronto. – me levantei.
- Posso fazer uma pergunta?
- Um-hum.
- Você e o Bill estão namorando?
- O quê é isso, Brian? – gaguejei. – Que pergunta é essa?
- É que quando vocês estão juntos, ele fica com cara de bobo. – eu ri. – E a Laura disse que vocês só não estão juntos, porque você é uma boba.
- Ela disse isso? – me sentei.
- Sim.
- E sabe o porquê?
- Ela disse que se fosse pelo Bill, vocês já estariam juntos.
Não acredito que a Laura disse isso! Tô chocada!
- E... E o Bill sabe que ela falou isso? – perguntei.
- Não. Mas se quiser, posso contar.
- NÃO! – quase gritei. – Quero dizer... Ele não precisa saber disso.
- Por quê?
- Porque não. – respondi. – E ele... já te disse alguma coisa?
- Nadinha. Mas assim que ele me disser algo, eu te conto. – ri de novo.
- Ok.
- Ia ser legal se vocês ficassem juntos.
- Pra uma criança de sete anos, você está bem espertinho, hein? – ele riu, em seguida me levantei, lhe dei um beijo no rosto e saí.
Pedi a Brenda que ficasse cuidando dele, enquanto eu iria até a casa da Laura pra esclarecer aquela história.
Cheguei em frente a porta do apartamento dela, e sinceramente, não tive coragem de tocar a campainha. Sei lá, estava com medo de ouvir o que ela tinha pra dizer. Mas eu precisava. Criei coragem, e toquei.
- Kate? – ela parecia surpresa ao me ver ali.
- Ok, eu estou aqui... Estou aqui pra falar com você sobre... Você.
Laura ficou um pouco sem graça, olhou para os lados, talvez pra ter certeza de que eu estava sozinha.
- Entre. – disse ela.
Entrei e me sentei no sofá. A Laura se sentou exatamente de frente pra mim. Tentei iniciar a conversa, mas parecia meio difícil.
- Laura, quem é? – pergunta Tom, saindo de dentro do quarto e terminando de abotoar a calça.
- Oi, Tom. – disse.
- Oi, Kate. – ficamos em silêncio. – Bom... Eu vou terminar de me arrumar, e já saio para deixá-las conversando em paz.
O Tom não demorou muito tempo, e só foi o tempo dele fechar a porta pra eu começar.
- O que foi aquilo na noite passada?
- Kate...
- Laura, você acabou com a noite de todo mundo! – a interrompi. – Você sabia melhor do que ninguém, que aquela festa era importante!
- Me desculpa.
- Só quero que me diga o que aconteceu.
- Eu... Eu não estava agarrada com ninguém. Você me conhece, e sabe que eu não mentiria.
- Então qual foi o motivo da confusão?
- Eu estava bebendo um refrigerante e conversando com uma das convidadas, quando o pai do Brian apareceu e se juntou a nós. Continuamos com a conversa, até que me levantei para ir ao toilet. No meio do caminho, o rapaz me abraçou por trás, e me empurrou pra um canto. Começou a me beijar, e foi na hora que a mãe do Brian surgiu do nada, e nos pegou juntos.
Aham, e estou mesmo acreditando nisso.
- Ta legal, agora me conte a verdade. – disse.
- Essa é a verdade!
- Ô Laura, até parece que o homem ia te agarrar assim do nada!
- Mas agarrou! Kate, eu juro que não fiz nada de errado! – ela me olhava nos olhos. – Que motivos eu teria pra querer estragar a festa do Brian, que eu ajudei a organizar? Seria idiotice, principalmente por eu não gostar de homens.
- Você diz que não gosta de homens, mas agora a pouco um acabou de sair daqui.
- O Tom sabe de quem gosto, e ele só vem aqui pra ocupar o espaço que você não quer.
- Jura que não fez nada mesmo?
- Juro!
- Se estiver mentindo, um dia descobrirei, e pode ter certeza que a nossa amizade acabará no mesmo instante!
- Sei disso. Mas estou falando a verdade.
Acreditar ou não acreditar? Eis a questão.
Postado por: Grasiele
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