sábado, 29 de setembro de 2012

Sempre Sua! - Capítulo 50 - Obrigado por esperar.


Quando o jato em que Kate viajava aterrissou no aeroporto, de volta ao seu país, tudo o que ela queria era voltar a seu novo apartamento, que era bem menor do que o seu antigo, necessitava tomar um bom banho de banheira e dormir por cem anos. Estava voltando de uma longa missão e só queria uma cama, uma de verdade, com um bom colchão.
Tudo o que queria era esquecer e relaxar... Muito.
E foi o que fez por dias. Apenas relaxou, comeu e dormiu. Não saiu de casa, nem viu jornais, nem viu televisão, nem nada. Só dormiu.
Depois que conseguiu colocar sua vida em ordem, decidiu pegar Jumbie que já estava ao seu lado, deixado por tia Abby, que morrendo de saudade da sobrinha, ficou apenas um minuto em seu novo apartamento e saiu correndo para outra longa viagem pelo mundo com Ferrero.
Decidiu dar uma volta despretensiosa no Englischer Garten. A tarde estava gostosa, o parque estava lotado. Ela inspirou e respirou o verde e curtiu o burburinho das pessoas, e no mesmo instante, lembrou da voz autoritária e ao mesmo tempo doce de Ryan:
“Chega Kate, hora de dar um tempo nessas missões, volte para casa, vá encontrar pessoas e nos ajude de lá. O seu tempo aqui acabou.”
A primeira coisa que ela iria fazer era continuar a sua peregrinação atrás de patrocinadores, não queria seu nome, não queria mérito, nem medalha, apenas colocar em prática o que aprendeu durante todos esses anos trabalhando com Ryan Hreljac, queria apenas fazer diferença!

A segunda era...

Dia 27 de Julho às 15 horas. Palestra com Bono Vox e Bill Kaulitz.

O seu pensamento congelou e seus olhos grudaram na placa gigante ao lado de um imenso palco, as letras imensas e não podia estar lendo errado, anunciavam que Bill faria uma palestra junto com Bono Vox.
Leu e releu aquela placa, uma... duas... Cem... Mil vezes.
Palestra? Mas do que?
Vinte e sete de Julho, ela parou e puxou o calendário em sua mentalmente.
– Hoje! - ela disse olhando novamente para a placa – É hoje!
Ela olhou para seu relógio. Faltava uma hora para começar.
Sentou na grama longe do palco com os olhos fixos nele e na placa que anunciava o nome dele, com certeza se ela aproximasse e pedisse para falar com alguém da equipe, talvez pudesse chegar até Bill.
Seu coração apertou dessa possibilidade.
Melhor não.
Achou melhor deixar tudo aquilo como estava, preferiu não mexer e não remoer o passado. Iria embora antes do evento começar, muito tempo havia passado, mas dentro dela, era como se tudo continuasse intacto e preferiu deixar no fundo do baú.
Passou seus olhos novamente pela placa. Só em ler o nome de Bill seu corpo ficava trêmulas, suas mãos frias e suas pernas moles feito gelatina. Tão pouco sabia dele durante o tempo que ficou fora. Sempre se manteve cega, surda e muda quando se tratava de Bill e Tokio Hotel.
As informações que obteve eram tão superficiais, mas a deixaram feliz:

Natalie, ainda ajuda Bill, mas tinha outros clientes famosos, no fundo ela nunca deixaria a banda, aquilo ia além do profissionalismo. Uma linda e sincera amizade.
Gustav estava recém-casado, sua esposa Sabrine estava à espera da primeira filha, ninguém mais sabia muito sobre o casal que se mantinha, como sempre, reservado e muito longe dos holofotes.

Georg finalmente depois de tanto tempo enrolando havia casado com Sofia e morava ainda na Alemanha, com dois filhos, uma menina e um menino, a esposa queria mais um, mais o baixista fugia como o diabo da cruz. O nome do menino: É claro, Tom.

Tom Kaulitz, aquele não tinha jeito, ainda se divertindo com as erradas enquanto não achava a certa. Nunca durava mais que dois ou três meses com a mesma namorada. Não tinha filhos, pelo menos não registrados ou que a mídia soubesse.

E Bill, nunca, desde sempre, jamais se ouvia nada em relação a ele, apenas vivia com o irmão, que era solteiro e que ninguém sabia por que dele sempre se esquivar quando o assunto era o seu coração.
A banda Tokio Hotel, fazia muitos shows pelo mundo e em meios a inúmeros rumores de todo ano que acabaria. Nunca acabou. Muito pelo contrário, beirando os vinte anos de estrada, a banda ainda se mantinha viva, não com aquela febre de adolescente e gritos histéricos, os ALIENS ainda existiam e aos montes, mas agora eles haviam conquistado um lugar permanente e estável.
Soube disso tudo por que Dean, junto com Georgina, que a cada ano se parecia mais com ela, e Tia Abby com Ferrero, participaram do último show da banda, há um mês na Alemanha. Agora, todos os integrantes da banda moravam na Alemanha.
Voltamos às nossas origens!” – Não era essa a frase da tatuagem de Bill?
Estava na hora, mais do que na hora, de colocá-la em prática.


***

Longe em seus devaneios, Kate não percebeu que o lugar onde estava montado o palco, estava ficando cheio. E aos poucos, o parque esvaziando e as pessoas se concentravam apenas na região que aconteceria a palestra.
O microfone deu um zumbido alto e dolorido, logo em seguida a voz rouca que o testava anunciou que dali alguns minutos o evento começaria.
As luzes começaram a diminuir num aviso de que a palestra se iniciaria. Houve gritos e aplausos do público. Quem entrou primeiro foi Bono Vox, vocalista da banda U2, sempre muito simpático e carismático, cumprimentou o público, disse algumas palavras e em meio a gritos e mais aplausos chamou pelo nome do palestrante da noite.
Bill Kaulitz.
No momento em o canhão de luz foi jogado em sua direção, e Bill entrou no palco, o coração de Kate disparou. Sem perceber, apertou firme as mãos, estalando os dedos de nervoso. Voltou seus olhos para o palco, sorriu e respirou profundamente, sentindo-se carregada por um vendaval, um tsunami ou por algo que a elevou para fora de seu corpo.
Cinco anos!” - pensou Kate, enquanto olhava intensamente para o homem que ele aparecia no telão.
Sabia quantos dias, quantas horas, quantos minutos e segundos tinham passado desde que tinham se visto pela última vez. Em Camarões no ano de 2013.
Bill se dirigiu ao centro do palco e pegou o microfone em mãos. O parque ficou num enorme silêncio. E quando ele falou, o peito de Kate apertou e o ar ficou rarefeito, não somente pela intensidade da sua voz, mas ouvir aquela voz suave e aveludada trouxe várias lembranças, principalmente quando sussurrava declarações de amor no seu ouvido.
Ele continuava encantador como sempre e mesmo longe, pelo telão conseguia enxergar, os detalhes de que jamais havia se esquecido: as feições delicadas, a pele clara em contraste dos cabelos, agora ainda mais negro e muito curto, seu nariz perfeito e seu olhar irradiava a mesma luminosidade de sempre.
Kate voltou a terra e prestou atenção em suas palavras, no que ele dizia. Ele falava sobre como a vida de ativista humanitário havia acrescentado em sua vida. Como ele se transformou em uma pessoa mais humana, mais justa e mais feliz depois que passou a dividir, não só o seu dinheiro, mas também a sua atenção.
Citava as mudanças de estar voltado não somente para o seu umbigo ou do irmão mais velho, todos caíram na gargalhada, Tom como sempre abaixou a cabeça envergonhado, o gêmeo de Bill com quase trinta tinha se transformado num pedaço de bom caminho e ainda causava suspiros desavergonhados em mulheres de doze a oitenta anos.
A mente de Kate focou em Tom e no que ele vestia, era uma camiseta de Camarões, sua mente foi transportada para o dia em que Bill e ela se viram pela última vez.
Fechou os olhos e lembrou-se do toque em sua pele que ainda a fazia se arrepiar só de lembrar. O seu sorriso de menino tímido ainda era capaz de lhe derreter o coração. A mente de Kate se dividia entre as lembranças do passado e a atenção ao discurso que fluía pelo palco montado no parque.
Bill estava ali, o primeiro amor de Kate, seu primeiro homem, que o destino havia separados, se encarregado de colocá-los em caminhos distantes e diferentes.
A palestra terminou com uma frase no telão, o nome da nova instituição que a banda estava abrindo para pessoas sem abrigo, sem alimentos e sem esperança. O nome que aparecia era ”Alien to love. Alien to save” e quando o telão apagou, o forte aplauso explodiu no parque. Ele acenou, agradeceu a plateia com uma reverência e um adorável sorriso, retirando-se então do palco.
As luzes se apagaram.
Kate ficou tensa. Pensava se deveria ou não ir até o palco para falar com ele, somente para cumprimentá-lo e mais nada. Como uma antiga amiga. Sem esperar nada, afinal, ele poderia estar envolvido com alguém.
“E daí, se ele estiver não vai ser mal educado por isso”
”Não!” - gritou uma voz interna. - ”Vá vê-lo agora!”
Ela descruzou as pernas devagar, levantou, limpou as folhas da roupa, pegou a coleira de Jumbie e sem olhar para trás, saiu do parque.
Deixando-o para trás, de novo.


***


Kate por mais que tentou, não conseguiu voltar para o apartamento, sua mente fervilhava, suas mãos suavam e seu corpo ainda estava dormente, preferiu dar uma volta por Munique. Comprou alguns utensílios para seu novo apartamento, quando estava exausta e finalmente percebeu que jamais tiraria Bill de seus pensamentos, voltou para casa.

Era quase sete horas da noite, quando abriu a porta, andou até a cozinha, abrindo as portas dos armários, não quis esperar para dormir, achou dois compridos, acomodou Jumbie na sua casinha e se jogou na cama, caindo no sono profundo.

No outro dia acordou um pouco mais disposta, sim ainda com Bill em seus pensamentos, mas não foi assim durante todos esses anos?
O dia estava cinza e fazia um vento fraco, Kate tomou um banho rápido, se agasalhou, colocou seu bracelete, pegou uma barra de cereal, sua bolsa e colocou Jumbie na coleira e correu até o seu carro seguindo para o seu compromisso inadiável.

Chegou ao seu destino depois de longas horas, saiu do carro espreguiçando o seu corpo correndo os olhos pela imensa casa, tinha mudado muito. Não era a mesma e nem esperava que fosse. Tirou o molho de chave da bolsa, enfiou a na fechadura, abriu o portão e entrou.

Fechou os olhos. Sentiu uma avalanche de lembranças invadirem o seu corpo e depois uma sensação de paz e de plenitude tomou conta de sua alma. Seu coração apertou. Estava de volta. Era tão bom estar de volta aquele pedaço do seu passado.

Abriu os olhos. Caminhou pela grama, passou os olhos mais uma vez pela casa, agora com a tinta das paredes descascada e os vidros quebrados e imundos, andou pelo jardim, seus olhos marejaram, olhou para o céu para afastar as lágrimas.
Suspirou profundamente. Respirou aquele ar, tentou puxar algo familiar, não conseguiu, tirando suas memórias, não havia mais nada. Olhou para o lugar onde ficava o bem tratado jardim de inverno, onde tudo havia começado entre Bill e ela, seus olhos fixaram no vazio que ali existia agora.

Seus lábios tremeram. Emocionada, conhecia cada centímetro daquela casa. Nela passara uma das fases mais importante de sua vida. Seu olhar mudou de direção, fixou na roseira, aquela que brotavam as famosas rosas amarelas com as pontas alaranjadas, a única coisa que ficou viva naquele lugar, depois que David se aposentou e deixou o Tokio Hotel mudando-se de vez para Los Angeles.

Andou até a roseira, as pontas dos seus dedos tocaram uma rosa e não conseguiu conter o pranto, uma lágrima caiu sobre uma pétala, fechou os olhos e trouxe de volta em sua mente aquela primeira noite, a primeira vez que tocou e beijou Bill.

– Queria que você me visse como sou. – se aproximou e eu me afastei instintivamente. – Isso... Isso é pra você. - aproximou à rosa de minhas mãos e eu a abri para recebê-la.
Olhei para ela durante um longo minuto, procurando palavras que não encontrei, ele continuou sorrindo embora parecesse nervoso. Levantei minha cabeça e o encarei sorrindo de volta.
– Eu esperei por isso durante dias... – Digo finalmente com a voz embargada.
– Eu esperei por isso toda a minha vida. – E ele responde, me fazendo sorrir.
E então diminuímos o espaço que restava entre nós, abraçando-nos enfim. Quebrando aquilo que teimou em nos separar até aquele momento... A espera.

Tudo passou em sua mente como um trailer, rápido e resumido.

Tão vivo. Tão real. Tudo tão presente.

Até o seu cheiro, o aroma de Bill, invadiu suas narinas como naquela primeira noite, respirou profundamente, tentou tragar todo ar, buscou toda a fragrância, aquele cheiro que jamais sentiria novamente.

– Sabe, eu nunca entendi sobre esse lance de espera. - a voz suave e grossa surgiu atrás de Kate – Lembro você falando sobre o fim da espera naquele dia e por muito tempo fiquei pensando, que diabo é essa tal de espera.

O estômago de Kate deu um nó, sua boca secou.

Kate levantou os olhos devagar e encararam-se, um vendaval invadiu o seu corpo e parou em sua garganta, tudo evaporou ao nosso redor, o ar ficou rarefeito e ainda hipnotizada, teve certeza que aquilo ainda eram apenas lembranças, piscou várias vezes.

–Hoje eu entendo o significado.
–Bill! - Seus olhos correram por ele, inteiro. Ainda com os pés cravados no chão, não ousou dar um passo, não suportaria. – Por que sempre chega de mansinho?

Ele sorriu, daquela forma, como se tivesse dezessete anos ainda.

O sorriso era o mesmo, mas estava com a aparência mais madura e nos seus olhos faltava o brilho da inocência daquela época. Porém, ela tinha que reconhecer que Bill parecia mais fascinante do que nunca. Estava mais velho, o tempo parecia ter tornado muito melhor o que já era muito bom.

Ela se aproximou um pouco mais e esperou que ele falasse ou se movesse. Isso não aconteceu, Bill apenas permaneceu quieto e parado.
– Você é real? - As palavras quase ficaram presas na garganta dela. – É uma miragem?
–Belisque-me e veja. – ele brincou com ela com a mesma dificuldade na voz.

Bill se aproximou ainda com os olhos vidrados nela, não foi em sua direção e sim da roseira, onde baixou os olhos, ela seguiu o seu olhar.

– Nós éramos muito jovens, não éramos? – ele comentou fazendo uma careta linda, pegando uma rosa na mão, não arrancando.

–Ainda somos... ou não?
–Não. – ele passou a ponta do dedo por todas as pétalas da rosa. - Não sabia que estava na Alemanha.
–Cheguei alguns dias. – ela respondeu com os olhos fixos nele. - Também não sabia que estava na Alemanha.
–Voltei o ano passado, quando fui convidado para alguns projetos em Berlin. Parei um pouco com as turnês. – ele levantou seu olhar e sorriu, parecia certo e feliz por ter tomado aquela atitude, não havia arrependimento. - eu trabalhava demais e aprendi que muito trabalho e pouco divertimento faziam de mim um homem muito tolo... E solitário.

Eles sorriram, depois se olharam, foi ele que desviou os olhos primeiro, colocando as mãos nos bolsos e andando até o banco, sentando embaixo de uma árvore recém plantada.

–Eu te vi no parque ontem. Muito nobre o que faz agora. – Kate disse, o imitando sentando ao seu lado no banco.

–Tive uma excelente professora. – Bill sorriu, baixou a cabeça e olhou para o bracelete em seu pulso, com a ponta do dedo contornou as letras BK, em seguida voltou seus olhos para a roseira. – soube que o dono dessa instituição não deixou retirar a roseira, por isso tive a curiosidade de visitá-lo, soube da venda da casa e do que viraria. David me ligou ontem avisando que seria um orfanato.

–É minha.
–O que? – ele perguntou subindo uma sobrancelha.
–A roseira, a casa, a instituição... Tudo. – Kate sorriu ao vê-lo arregalar os olhos. – São minhas.
– N-não sabia, perguntei para David o nome do dono, ele não sabia. – ele gaguejou surpreso.
–Ninguém sabe. – ela torceu a boca elevando os ombros – como deve se lembrar não gosto muito de estar na frente dos palcos, fico muito bem no backstage.
–Eu nunca quis te esconder. – ele se defendeu. – Se eu a tratei como um segredo foi por que era necessário.
–Não estou me queixando.

O silêncio pairou entre eles novamente.

–Preciso ir, tenho uma reunião importante – ela olhou no relógio- e já estou atrasadíssima. – ela disse sem jeito – Jumbie venha! - ela o chamou e o cachorro andou até ela. – ele não corre mais, esta quase um velhinho.
–E ai meninão? – Bill se ajoelhou, brincou com o cachorro e depois o abraçou carinhosamente. – Ele nem me conhece mais, não é?
–Foram cinco anos! - ela disse quando ele a olhou, seus olhos cor de mel estavam cheios de lágrimas, ela mordeu os lábios diante daquela cena inesperada, não podia mais ficar ali, puxou a coleira do cachorro e com um fio de voz, murmurou - preciso realmente ir - sua voz falhou - foi bom te ver.

Ela se virou e começou a andar para fora da casa.

– Nunca é fácil desistir de algo que significa muito em nossa vida. - ele gritou fazendo-a estancar no portão. – Você significou muito para mim e ainda significa. - ela baixou a cabeça, mas não se virou - Muitas coisas aconteceram em nossas vidas, é impossível voltar a ser o que éramos no passado. Jamais consegui apagar da minha mente, todas as malditas noites eu sofri de saudades de você, de como você era quieta, tímida, inacreditavelmente sensível e incrivelmente linda. – os ombros de Kate balançaram, ele sabia que ela estava aos prantos. - Acreditaria se eu dissesse que te vi no parque, mesmo longe, sabia que estava ali, eu senti e quando meus olhos te encontraram, tive vontade de falar seu nome no microfone e dizer do vazio que foram todos esses anos sem você. – ele soluçou - Kate, eu ainda te amo e não tem mais jeito, vou levar isso até o último dia, até o meu último suspiro, eu nunca serei mais de nenhuma mulher, se não me quiser mais em sua vida.

– Deus, não existe mais nada no mundo que eu queira mais. - ela se virou soltando a coleira, andando até ele, ficando frente a frente. - Tantos anos já se foram, Bill… - ela tentava montar uma frase, falar algo que representasse essa lacuna de cinco anos entre eles.

– Esqueça! - ele disse segurando seus ombros com força - Isso foi um enorme aprendizado. – com o polegar limpou uma lágrima no rosto de Kate. - Chorar pelo que perdemos pode estragar o que virá... Esqueça e enterre o passado! - ele a trouxe para mais perto e a fez deitar a cabeça em seu ombro - Tivemos fracassos para chorar e sucesso para nos alegrar, no final triunfou nossos sonhos e isso é o que realmente importa... Não vamos chorar mais por aquilo que passou, pois jamais poderemos mudar.

– Sim. - Ela riu, e o enlaçou pela cintura eufórica pela primeira vez em todo esse tempo – Vamos falar do futuro?
– Não, não mesmo! - ele suspirou beijando o topo da cabeça dela. – Agora, apenas o presente é o suficiente.
– Eu concordo. – ela se afastou, sem sair do seu abraço e o olhou profundamente. - Venha para a pré-inauguração da instituição amanhã à tarde na cada do prefeito.
–Só vou com uma condição. – ele tocou a ponta do seu nariz no dela.
–Qual?
–Que na semana que vem vá à inauguração do meu novo centro de recuperação de animais vítimas de maus tratos.

Ela olhou para o céu, fez uma careta, fingindo que pensava.

– Ok... Temos um trato! - Ela o olhou com adoração pelo homem que ele havia se tornado.
–Podemos selar? – ele perguntou apertou-a mais contra seu corpo.
–Apertando nossas mãos? - ela disse, com a voz fraca fechando os olhos encostando-se ao peito de Bill, novamente.

Kate ergueu sua mão no ar, ele ergueu a dele e tocou a dela, entrelaçaram seus dedos e apertando fortes as mãos.

– Mãos? - ele suspirou com certa malícia. - Quero apertar muito mais que as suas mãos, meu amor. - Sem conseguir se conter, Bill a pegou pela cintura e a abraçou com carinho, levanto-a do chão, fazendo com que os corpos se fundissem em apenas um, uniu seus lábios e a beijou com amor, paixão, desejo e saudade.

Gemeram, aprofundando um beijo que durou por segundos sem fim, depois sem fôlego, ele roçou os lábios no pescoço dela, beijando-lhe a pele macia e inalando aquele perfume que pensou jamais fosse sentir novamente.

– Esqueça tudo e venha comigo. – Bill murmurou fitando-a com ternura. – Pelo menos hoje.

– Hoje... Vou com você pra onde quiser. – Kate respondeu ainda atordoada pela força da paixão, continuava agarrada a ele. Estava em seus braços, e nada mais importava. – Serei toda sua.


Ele sorriu realizado, sussurrando as palavras que estavam guardadas dentro do seu peito por muito tempo, há exatos cinco anos:

– Doeu, mas valeu à pena esperar por você!

“Se a vida é uma longa espera
Então ensina-me a te esperar
Vida longa espera
Breve primavera
Uma vida tecendo o tempo, amor e a paixão...”


**************** Fim****************

Postado por: Grasiele | Fonte: x 

Sempre Sua! - Capítulo 49 - O meu, o seu... O nosso fim!


Bill arregalou os olhos em choque, as palmas das mãos ficaram úmidas, suas pernas ficaram fracas. Seu coração voltou a bater, mas dessa vez, em um ritmo frenético, que parecia imitar a velocidade de seus pensamentos.

Não podia ser.

Devia estar imaginando coisas.
É claro que estava imaginando coisas!
Não podia ser.
Não podia ser Kate.
A mente dele só podia estar lhe pregando peças. Isso sempre acontecia quando ele estava cansado ou estressado. E estava se sentindo de ambas as formas.
Pensava tanto nela, vinte quatro horas por dia, sete dias por semana, que devia estar vendo uma miragem.
Kate, no Brasil, junto com Jumbie.
Sim, uma miragem, louca.
Bill enroscou os dedos em torno da alça de sua bolsa, abrindo e fechando os olhos para clarear a cabeça. Ao abri-los, sentiu o coração parar de novo. Simplesmente não podia ser ela.
– Olá, Kate!
Foi a voz animada de Georg que trouxe Bill para a realidade.
–Georg... Nossa... Que saudade.

Ai, meu Deus. Era ela mesmo.

Ele viu Georg andar até ela e abraçá-la fortemente. Bill respirou devagar, se ajoelhando, pegou o pequeno cão do chão, Jumbie lambeu todo o rosto pálido do vocalista.
–Você não mudou nada – ele sorriu ao sentir a língua molhada do cão. – Continua uma bolinha de pelo.
– Bill - disse Kate com educação contida. - Tudo bem?
Os olhos cor de mel de Bill correram pelo corpo de Kate, delineado num vestido colante, e pararam por um instante na sua boca, antes de encontrar os seus olhos.
– Você está linda como sempre - ele disse parecendo em transe, como se ela não houvesse dito nada.
Kate sentiu um arrepio de emoção correr sua pele ao ouvir aquela voz grave e temperada com um inconfundível sotaque alemão. Ele havia mudado o corte de cabelo, estava um pouco mais magro, se isso fosse possível, mas também continuava lindo.
Seus olhos presos um ao outro.
O coração de Kate também batia de pressa, tentou dizer algo, porém, ficou receosa de que ele pulasse para fora de seu peito, nunca imaginou encontrar Bill, antes dos dezoito meses.
–Você também esta lindo, como sempre. – ela conseguiu dizer algo depois de segundos.
–É melhor a gente subir, acho que estamos atrapalhando a passagem das pessoas. – Georg disse percebendo que os dois estavam fora de órbita. – Vamos subir Kate – o baixista apertou o botão de seu andar - Gustav e Tom ficarão felizes em te ver. Pena que Sofia não veio ao Brasil.
–Falei com a mãe dela quando fui pegar Jumbie, estou morrendo de saudades dela.
–Esteve na Alemanha? – Bill perguntou.
Kate apenas balançou a cabeça em positivo, ainda havia uma bola de angústia presa em sua garganta. Quando a porta do elevador fechou, aquele silêncio monstruoso voltou a reinar.
Um século durou aquela viagem dentro daquele quadrado sufocante, chegariam a Tóquio, e não chegariam ao quinto andar. Os olhares se fuzilando, ela não podia respirar. E respirar era importante. Precisava respirar. Precisava de palavras. Precisava pensar em algo para dizer.
–Eu tentei ligar. – ela disse deixando as palavras correrem de seus lábios e tentando acabar com a sensação estranha entre eles.
–Quando? – Bill perguntou franzindo a testa.
–Em abril.
–Não soube de nada.
– Não importa agora.
Mais silêncio.
–Pra que ligou? - Foi a vez de ele tentar quebrar a tensão.
–Precisava falar com você.
–O que?
A porta se abriu e Georg foi o primeiro a sair e quando se virou para os dois, eles não haviam se mexido, seus olhares estavam fixos. Bill aguardava apreensivo a resposta de Kate.
–Vocês não vêm? - o baixista perguntou olhando para Kate e depois para Bill.
Com um movimento e uma palavra, Bill colocou um fim naquela agonia.
– Não. – ele colocou Jumbie no colo de Georg e apertou o botão, com o número seis, o andar em que ficava a sua suíte.

A porta se fechou e o que aconteceu em seguida, foi rápido demais.
O corpo de Bill, todo o peso dele contra o dela, a boca dele exigente e violenta contra a dela, as mãos de Bill a segurando firme, cada vez mais forte e apertado dentro do elevador. Os dois unidos mais uma vez depois de tanto tempo.

Bill em meus braços... – Era quase inacreditável.

A língua de Bill na sua boca, explorando, buscando e ela sem ar. Quase sufocando. Não importava, pois as grandes mãos dele a seguravam, apertando-a contra ele, sem dar qualquer chance de se afastar.
Era como se duas partes de um todo finalmente voltassem a se unir, fundindo-se, e todo o resto do mundo não existisse. Ela se sentia leve, quente, maravilhosa, viva novamente e incrivelmente feliz.
O beijo dele devorava e a deixava mais zonza, sem saber onde estava.

Fome. Sede. Desejo. Amor.

Bill e Kate colocaram tudo junto num único beijo ardente e enlouquecido de saudade.
–Devemos manter um pouco de sanidade mental por aqui, estamos em um elevador... Público. - ela disse ofegante quando suas bocas se separaram por um segundo.
– Dane-se... Sabe como me senti longe de você? – ele disse focando apenas nos lábios dela.
–Sei... Eu sei por que eu senti exatamente a mesma coisa.
As portas do elevador se abriram, Bill saiu e puxou-a pelo corredor, a porta da suíte foi aberta e trancada em menos de dois segundos.
–Kate... Como eu tive saudade! - Bill a abraçou forte - Muita... Muita... Muita... Quase me matou de saudade e enquanto não matar toda ela, não sairei desse quarto... Dessa cama.
Ela jogou a cabeça para trás e sorriu, deixou-se tragar pelo desespero de Bill, respirou com dificuldade em busca de ar, que lhe chegou com um perfume intoxicante. Ela inalou-o, puxou-o todo para dentro dela para guardar dentro de sua mente, do seu corpo aquilo que lhe fez falta durante todo aquele tempo, o cheiro de Bill.
–Bill... Deus... Senti tanta falta do seu cheiro... Da sua pele... Seus beijos... Seu toque!
Então, suas mãos se moveram um centímetro, acariciando seu pescoço. Os lábios chegaram à orelha e o suave som a atingiu com a força de um furacão. O seu gemido.
– Todo você... Quero você todo, Bill... Inteiro... - Seus dedos trabalharam rápido em suas roupas, libertando-os. Ela parecia emanar ondas de calor. - Tire sua roupa - ela ordenou, com a respiração acelerando-se ainda mais. - Quero você... Bill ... Rápido... Dentro de mim... Venha... Céus... Como senti falta...
Bill compreendeu toda essa loucura, ergueu-a do chão, levou-a para a cama e sem nem um pouco de delicadeza a jogou, fazendo seu corpo quicar no colchão.
Ela sorriu e estendeu os braços para ele.
–Venha, meu amor.
E ele se jogou.

Bill se atirou direto ao abismo.


Ele a penetrou de maneira selvagem. Sem preliminares. Agitando-se dentro dela repetidamente, ouvindo-a se contorcer e gemer em seus braços, sentindo suas unhas em suas costas, depois em suas nádegas e o abraçando com as pernas, intensificando a união dos corpos.
–Bill... Bill...
– Não acredito que estamos juntos e que estamos fazendo amor.
– Você não tem ideia de como eu queria isto, como eu senti falta de sentir sua pele contra a minha. – ela gemeu perto do ouvido de Bill, mordendo-lhe o lóbulo. – Você me transformou nessa pervertida.
Ele levantou a cabeça, e a olhou sorrindo, perdidos um no outro.
–Se isso for um sonho não me acorde. – Bill sorriu malicioso aumentando sua força dentro dela.
Ela gritou em resposta.
Ele sentiu-se triunfante quando o corpo dela se despedaçava em seus braços. Abraçaram-se e beijaram-se com fúria, com desejo, com saudade, com amor.
Ele a segurou com força de modo que ela não conseguia se mexer. Ele investiu mais rápido e mais desesperado, os gritos invadindo a suíte ao invadi-la repetidas vezes até não aguentarem mais e alcançarem juntos o prazer máximo.
Instintivo, essencial, uma sensação de liberdade, uma paz devastadora que há meses não sentia. Ela era realmente sua, pensou ele com uma satisfação. Quando tudo começou a voltar ao normal, ela deitou em seu ombro, fazendo pequenos círculos na sua tatuagem de estrela.
– Você é tão maravilhoso, sabia? - ela disse suavemente.
No mais autêntico estilo convencido, Bill sorriu preguiçoso, depois saboreou os lábios dela com outro beijo. Ele acabara de apreciar a mais fascinante experiência de toda a sua vida, e conseguiu levar aquela mulher consigo. Por isso se sentia maravilhoso, completo e respirando novamente.
– Você é que maravilhosa, meu amor. - Ele murmurou.
Ela olhou acima com os olhos marejados, seus lábios inchado, e tão irresistível, que o levou a beijá-la novamente, longa e lentamente. Podia sentir seu coração acelerado em seu peito.
Ele mordeu seu queixo, e sorriu em seus olhos cor de mel.
–Eu não me importaria de ficar aqui, dentro de você, por um longo, longo tempo. - Seus lábios se curvaram num sorriso gostoso.
–Tudo bem pra mim – ela disse beijando-lhe o ombro nu.
Ela o tinha agora, e isso era suficiente. Nada mais importava além da porta daquela suíte. Seus braços embrulharam ao redor dele, e o abraçou, segurando-o firmemente, não querendo deixar que ele saísse de dentro dela.
– Eu nunca percebi o quanto precisava de você. - O prazer em seus olhos apertou seu coração. Ele abaixou sua cabeça e beijou seus lábios suaves, agora inchados da paixão.
Quando o beijo terminou, seu olhar sustentou o dela, então ele soprou a ela:
– Eu te amo, Kate. – sua voz ficou embargada. - É a única que possui minha alma, meu corpo e meu coração... Foi à primeira, última e única.
Fizeram amor novamente, dessa vez mais lento, tentando assim prolongar o prazer do momento, porém não menos intenso. Em seguida caíram em um sono profundo, abraços e quase saciados.


***

Já eram quase onze horas quando a luz do sol entrava pelas janelas do quarto. Kate permanecia deitada nos braços de Bill, dolorida da paixão da noite passada. Ela virou a cabeça e o olhou, Bill ainda dormia. Relutando para não se mexer e perturbar o primeiro sono decente que eles tiveram em quase um ano, permitiu-se então, saborear o calor daquele corpo que a envolvia.
Como fora duro para ela todo aquele tempo sem Bill.
Tantas noites em claro, tanta solidão, tanta dor em seu coração.
Fechou os olhos, afastou o nó na garganta e o abraçou forte colando seus lábios em seu pescoço, ele murmurou algo e se mexeu, mas ainda não acordou.
–Bill, acorde.
Ele resmungou, xingando Tom.
–Bill? – ela lhe beijou os lábios.
Relutante, ele abriu os olhos. Mas logo voltou a fechá-los, com medo de que tudo aquilo não tivesse passado de um sonho. Depois, que sentiu os braços de Kate ao redor de seu corpo, virou-se e olhou para ela. E percebeu que aquele sorriso doce era mais do que real.
–Pensei que estava sonhando. – ele disse com a voz sonolenta.
–Se for, também estou. - Ela beijou o seu peito nu - Sabe que horas são?
–Não. E também não quero saber. Agora que tenho você em meus braços.
– Não tem mais show essa semana?
–Sim, amanhã no Peru. Partimos hoje à tarde.
–Então, temos um tempo para nós.
–Hum... O que quer dizer com isso? – ela perguntou sem entender, franzindo as sobrancelhas.
–Com isso o que? – perguntou também franzindo as dele.
–Temos tempo para nós? – Bill se apoiou em seu cotovelo. - Você vem com a gente não?
–Com vocês para o Peru? – ela perguntou ainda sem entender.
–Não. – ele se sentou na cama – Comigo para o Peru, depois para o Chile e depois para onde eu quiser.
Foi a vez de Kate levantar e se sentar na cama, trazendo o lençol para junto de seu corpo, cobrindo seus seios.
– Bill... Não sei por onde começar.
– Estranho... Você normalmente é tão boa com as palavras. – ele brincou tentando afastar a tensão que se formou entre eles. – Estou esperando.
–Minha missão ainda não acabou. – ela foi curta e... curta.
–Não, pare... Pare de brincadeira. – Bill ficou sério – Você veio aqui no meu hotel, para ver... Pra que? Para me machucar mais ainda?
–Você me conhece muito bem. Nunca faria isso! – Ela lhe segurou o braço - Acredite, esse encontro foi uma coincidência, não sabia que estava nesse hotel. Fiquei tão surpresa quanto você.
–Por que esta fazendo isso?
–Desculpa, essa é a verdade, vim ao Brasil para um seminário e não sabia que estava no país e nem nesse hotel. Todo esse tempo aprendi a me policiar, não caçar notícias sobre você, seria doloroso demais, a falta de internet nos lugares em que fui ajudou muito com esse meu objetivo.
–Não pode ser. – ele balançou a cabeça - Tudo o que vivemos... Tudo o que sofremos juntos... Não valeu de nada?
–Você sabe que valeu. – ela apertou sua mão no fino braço de Bill.
–Então, termine essa expedição e fique comigo.
Ele estava entrando em pânico.
–Como era antes?
–Sim. – ele disse sem rodeios. – Podemos anunciar nosso namoro se quiser.
– Bill, você sabe que isso não muda nada, até atrapalha, olha Georg e Sofia, como estão bem depois de tanto tempo, não me importo em aparecer na mídia, não é isso que me incomoda e você sabe muito bem disso desde o início.
–Você quer uma vida. – ele disse revirando os olhos.
–Não, quero viver a minha vida. – ela bateu no peito com suas mãos - Quero ajudar, quero ser útil, quero seguir o exemplo de Ryan e fazer diferença no mundo em que vivo.
–Você já fez sua parte.
–Nem comecei ainda, meu anjo! – ela disse sarcástica, percebendo que seria difícil fazê-lo entender.
–Certo, termine a expedição e podemos seguir nossas vidas.
–Bill, não! - ela levantou da cama e se enrolou no lençol.
–Kate, acabamos de fazer amor, estávamos há onze meses sem nos ver e sem nos falar, não podemos ter um tempo para nós, em nome de tudo o que passamos?
–Bill...
–Por favor, eu imploro, pelo menos venha comigo para o Peru, fique comigo esse tempo. – ele segurou a ponta do lençol que ela estava enrolada - Por favor, se for preciso, eu ajoelho em seus pés e peço, depois podemos discutir o que quiser.
Kate o olhou, com a guarda totalmente rendida.
–Venha, não viu nenhum show dessa turnê. – ele puxou o lençol trazendo-a para seus braços, na cama. - Venha!
–Sim. Mas depois do show voltamos...
–Depois... É depois! – Bill a interrompeu sorrindo, certo da vitória.


***


A música fluía, mas agora as palavras saíam carregadas de emoção, como se aquele sentimento viesse do fundo da sua alma. E vinha muito além da sua alma. Contagiado pela própria interpretação, Bill fechou os olhos e a sentiu ali entre todas aquelas pessoas.
Kate o sentiu.
Quando ele soltou ainda mais a voz, aquele refrão se abatera sobre ela. O recinto pareceu esvaziar e apenas os dois permaneceram ali. Mesmo longe, ela sabia que ele podia senti-la. E que cada palavra, cada estrofe era para ela, era deles... A história dos dois.


Você vê a minha alma,
Eu sou um pesadelo
Fora de controle,
Estou caindo na escuridão,
De volta à tristeza
Dentro do mundo do nosso casulo
Você é o sol
E eu sou a lua,

Na sua sombra eu posso brilhar
Na sua sombra eu posso brilhar
Na sua sombra eu posso brilhar
Brilhar

Não deixe ir
Oh, oh não
Você não sabe

Na sua sombra eu posso brilhar...



***


Depois do show, Natalie e Kate aguardavam no camarim, a banda ficou pouco tempo no recinto, em quatro carros todos seguiram para o hotel. Bill e ela praticamente correram para dentro da suíte.
–Venha comigo para o Chile. – ele a abraçou beijando seus cabelos.
–Não. Vamos conversar.
–Não quero conversar quero você no Chile comigo. – sua voz mesmo baixa era autoritária.
–Eu preciso ir!
– Não quero que você vá embora — Ele disse com a voz rouca. — Fique comigo.
Ela engoliu em seco.
– Bill... Não faça isso! - ela suplicou a ele.
– Fique, meu amor! - Bill não jogava limpo.

Bill viu os olhos dela se encherem de lágrimas. Era o que ela queria, pensou desesperado. O lugar de Kate era ao seu lado e se fosse para jogar todas as cartas, todos os trunfos para tê-la, ele jogaria dessa vez não iria perder. Não mesmo.
– Por que faz isso? - Perguntou com os olhos cobertos de lágrimas à procura dos dele.
Bill não respondeu. Respirou profundamente e a beijou, perdendo-se no gosto da boca, na textura e no cheiro dela. Beijou-a até senti-la inteira envolvida e entregue a ele.
– Por que não quero ficar longe. - disse sinceramente.
– Não me peça isso, por favor. – seu pedido foi quase inaudível.
Ele roçou seus lábios nos dela, com os dedos indo para cima e para baixo no bico do seio dela, os corpos colados e clamando um ao outro.
– Olhe para mim. - ele olhou para seus olhos fechados.
Sua cabeça pendia para trás, a boca umedecida pelo beijo dele. Prometeria qualquer coisa para fazê-la ficar. Pensava nela dia e noite. Amava demais, tanto que chegava a doer. Tanto que era quase impossível respirar, jamais passaria por aquele inferno.
Deu um passo para trás. Segurou-a distância dos braços e pediu novamente.
–Olhe pra mim, Kate!
E esperou, segurando o ar enquanto ela abria os olhos, talvez tentando decidir, talvez mantê-lo em suspense. Ele não sabia nem se importava, só queria ouvir e precisava de um “sim".

E teria esse sim, custe o que custasse.

Bill moveu a cabeça, apossou dos lábios de Kate. Seus lábios eram exigentes, poderosos e mexiam com o coração dela. Jogou-a na cama e pressionou contra o colchão enquanto a boca impaciente percorria sua face e as mãos arrancavam a bata que a cobria e depois a calça.
Com pressa e impaciência ficaram nus.
Corpo contra corpo. Pele contra pele.
Tudo foi calor, desejo, glória. Kate colou-se a ele e exigiu mais. Mas muito antes dela exigir, Bill lhe deu entregue e submisso ao amor. Ele segurou sua cintura e a levantou da cama, rolando e a posicionando por cima, enviando-a outra vez as alturas.

Gemidos, sussurros roucos e gritos.

Carícias apaixonadas e desesperadas por mais.

Anseios insaciáveis, uma fome de onze meses.

Quando ele pensou que enlouqueceria, ele voltou a deitá-la na cama e penetrou-a mais forte e mais profundo. Não só o corpo, mas alma, a mente e o coração.
Ela gritou. Ele gritou. Os dois gritaram ao mesmo tempo. E então imperou a loucura.
–Te amo - abraçou-o enquanto pronunciava as palavras. – Não duvide nunca que eu... - ela passou seus lábios famintos nos dele - ... Serei sempre sua... Sempre... Sempre sua.
Ele sorriu deixando as lágrimas escapar. Essas palavras o encheram tal como ele enchia a ela. Enterrou a face no cabelo de Kate e sentiu as unhas dela em suas costas. Experimentou sua própria e aterradora libertação, depois sentiu o frágil corpo tremer, e quando não suportou mais, ela o abraçou e gritou pelo seu nome e o quanto o amaria pelo resto de sua vida.
Na manhã seguinte, antes do sol nascer, ela saiu da cama devagar, sem acordá-lo se vestiu, fez um pequeno embrulho mal feito, deixou-o sobre o travesseiro que havia dormido, pegou sua mala e com passos lentos, deixou o quarto, depois o hotel e por fim, Bill.


***


–Sonhando acordada novamente. – Ryan disse, tirando Kate de seus pensamentos.
–Estou apenas cansada, essa festa da Páscoa foi além das nossas expectativas.
–Sim, as crianças adoraram. – Muito mais que o Natal e o Ano novo.
–Uau! – Kate assoviou – Nem acredito que estamos em 2013! Tudo está passando rápido demais.
Ryan não disse nada, apenas observou os olhos marejados de Kate, ela desviou os olhos, sentou-se num banco de madeira e abraçou as pernas. Ele a imitou e depois de um longo silêncio disse:
– Deve ser muito difícil.
–O que?
–Ficar tanto tempo longe da pessoa que você ama. Ter que escolher entre a razão e o coração.
– Do que esta falando, Ryan Hreljac?
–De Bill. – ele a viu arregalar os olhos. - Tanto tempo longe da pessoa que você ama.
Kate ficou roxa de vergonha. Virou o rosto para tentar acalmar sua respiração.
–Vocês esconderam muito bem, nunca percebi.
–Fomos apenas simples amigos.
–Não, não foram apenas simples amigos. – ele sorriu com leve toque de malícia.
–Fomos.
–Não. – Ryan disse olhando para cima, para a sombra grande que formava ao lado dos dois.
–Oi, Kate! - a voz suave e baixa a fez levantar de repente.
–B-Bill?!
Deus, ela ia desmaiar.
–Pois é, como eu estava dizendo, que tipo de simples amigo viaja tantos quilômetros para encontrar uma simples amiga?
– Bill? - ela repetiu sem acreditar no que via. – Oh, céus... Bill, o que faz aqui em Camarões? - estava pálida e seus olhos parados, fixados nos dele. - Não está um pouco longe da sua realidade?
–Talvez! - ele deu de ombros - Estava passando por ai e resolvi dar uma passadinha. E infelizmente, aqui ninguém me conhece... Sou um desconhecido. Um simples ser humano.
Claro que era mentira absurda, Camarões ficava longe de tudo e para chegar até ali, ele tinha tido muito trabalho e paciência.
– Precisava lhe entregar isso, esqueceu em cima do travesseiro na última vez que nos vimos. – ele tirou um embrulho da bolsa e lhe entregou uma caixa. Ela pegou a caixa, abriu e tirou o bracelete.
–Tem algo mais ai dentro. – ele a informou com um sorriso imenso nos lábios.
Ela baixou os olhos e os fechou, mordeu os lábios que tremeram, sorriu quando seus olhos voltaram a se abrir, olhou para dentro da caixa. Era uma rosa amarela com as pontas laranja, como as do jardim da casa de David.
Foi insuportavelmente impossível seguram as lágrimas.
– Então, a sua solução foi fugir? – ele perguntou colocando as mãos no bolso, como ele fazia sempre quando estava nervoso e queria controlar aquela mania de falar com as mãos.
Kate recuou um passo e baixou a voz:
– Eu não aguentava mais. Eu precisava fugir de você. Ia acabar me convencendo de abandonar meus sonhos e eu não podia fazer isso. Precisava realizá-los.
–Sim, eu convenceria. – ele olhou para o chão e chutou uma pequena pedra. - Agora não mais.
–Não?
–Vi como essas crianças olham para você, como vêem em você uma nova esperança. Como você é essencial para elas, assim como é para mim. – os olhos dele ficaram rasos d’ água – vendo seu trabalho com eles, percebo como tudo isso é importante para você. – ele deixou as lágrimas rolarem – mas ainda quero você, mas não seria justo com essas pessoas. Estou abdicando de você, por elas. - ele soluçou – acho que nunca me perdoaria se a tirasse delas, você é essencial, é vital para cada ser humano que ajuda. A cada criança que salva e eu nunca tive tanto orgulho de alguém, como tenho de você... Seus pais teriam muito orgulho da pessoa humana que se tornou.
Ela correu e se jogou nos braços dele.
Abraçaram-se e choraram. Colocaram para fora tudo o que estava preso há muito tempo, por dois anos. Soluçaram, limparam e deixaram a emoção ser liberada. Ficaram perdidos um nos braços do outro depois que se acalmaram. Apenas abraçados, com seus corpos colados e coração batendo juntos, numa mesma estrofe.

Numa única canção.

Quando conseguiram se separar, ele enxugou o seu rosto molhado e as faces úmidas de Kate, beijando-lhe a ponta do nariz, sussurrando por fim:
– Venha, antes de ir embora quero ajudar um pouco com as suas crianças.
Sim, demorou. Ele sofreu, mas finalmente ele tinha entendido, que da mesma forma que aquelas pessoas olhavam para ela com admiração e esperavam pelos seus atos e gestos, os fãs dele e da banda, também esperavam. Eram duas formas de ajuda, muito diferentes, mas necessárias e desistir não estava nos planos, nem da banda e muito menos dos ALIENS. Os sonhos de ambos não podiam parar ou ser interrompidos, por ninguém... Jamais.

O dia inteiro ficaram juntos, sorrindo, trocando olhares e trabalhando lado a lado, quando faltava pouco para anoitecer, um carro preto, estacionou no acampamento, Bill olhou pra Kate e ela soube era hora dele partir.
– Foi ótimo ajudar. – ele disse lavando as mãos e as enxugando nas próprias calças.
–Pode continuar fazendo isso... Mesmo longe!
–Longe...
– Obrigado por hoje, obrigado por entender - a voz de Kate falhou e respirou fundo antes de continuar - obrigado por tudo.
Ele não disse nada, apenas se aproximou, enfiou suas mãos dentro dos cabelos dela, trouxe para junto de seu corpo, os lábios dele pousaram em sua têmpora, ela sentiu o calor do corpo dele em contato com o seu.
– Amo você, Kate - suas palavras confirmaram o que confessavam seus olhos. - Te amo e sempre te amarei. Sei que tem que ser dessa forma. Mas meu amor sempre pertencerá a você. – seus olhos cor de mel ficaram mais vivos - Amo você e não há nada que o tempo, o mundo, você ou eu possa fazer para sufocar esse sentimento. Eu serei sempre seu, meu amor - fechou os olhos e sussurrou. – Para Sempre.

E a beijou na boca. Beijou até não terem mais fôlego, tomando posse, pegando tudo que pode para armazenar dentro de si, sugando sua respiração pela última vez.

Depois a soltou, virou, andou até o carro e sem olhar para trás, partiu.
A dor dilacerou. O sofrimento a arrastou até um profundo poço de desespero enquanto via o carro levando Bill para longe, cada vez mais distante. Sentiu-se cair em um abismo de que acreditava que não pudesse sair jamais. Sua alma partida em mil pedaços, seu coração arrancado de seu peito e trancafiado por sete chaves. Mas tinha que ser assim...

E assim foi feito!

Postado por: Grasiele

Sempre Sua! - Capítulo 48 - Os meses seguintes...


Itália – Gravação do DVD.

Hora após hora, momento após momento, suspiro após suspiro, meses após meses.

Bill arrastou-se pelos dias que se seguiram como um morto-vivo. Todos os que o conheciam sabiam que a qualquer instante, se ele não reagisse, ele sucumbiria física e emocionalmente ao desespero de ter deixado Kate ir embora sem dizer o que realmente sentia por ela.

Amor e muito orgulho.

Com todo esse sentimento reprimido dentro do seu coração, uma hora ele ia desabar, por muito tempo ficava sozinho e olhava sempre para o nada, com aquela última lembrança do aeroporto. Os flashes apareciam todos os dias em sua mente.

–Como fui idiota... Inferno... Como fui um tremendo idiota.

As lembranças do aeroporto surgiam e o deixava mais agoniado e sufocado.




O sorriso largo dela e seus olhos brilhantes, quando ele apareceu na sala de embarque, como ela mordeu os lábios quando ele se aproximou e o olhar confuso quando olhei direto para Ryan para cumprimentá-lo e perguntar como estavam as arrecadações para os poços na África, completamente a ignorando.



–Kate não disse da nossa viagem? – Ryan sorriu olhando para Kate.

–Não. – tive a capacidade de mentir - ela não trabalha mais para David Jost. Não temos mais contato, infelizmente. – eu disse sorrindo forçado olhando para ela.

–Vamos para uma expedição em ajuda para ao Continente Africano. – Ryan disse entusiasmado. – estamos partindo nesse exato momento.

–Que legal! - aquele sorriso doía em meu rosto de tão forçado que estava - Desejo a vocês boas conquistas. – Por fim, eu sorri e passei meu olhar rapidamente por ela, como se não fosse intima ou como fossemos apenas bons colegas ou como simplesmente não fossemos nada.

–Obrigado e você esta indo para onde? – Ryan perguntou.

–Para Los Angeles. – respondi.

–Vi o lançamento do seu Cd, ouvi Automatic, confesso que achei o som bem diferente.

–Pois é novos desafios sempre são bem vindos. – Esforcei-me para não olhá-la.

– Está indo fazer algum show na América? – Ryan voltou a perguntar.

–Não, vou a negócios. – Olhei para o meu relógio no pulso - E já estou atrasado, mais uma vez boa expedição aos dois. Só parei para lhe cumprimentar, Ryan. - olhei para Kate e apenas disse: - Sucesso!


Só, mais nada e parti. Feito um idiota.


No dia achei–me superior, mas hoje depois de meses, me sinto um imbecil da maior categoria por ter agido daquele jeito com Kate. Ainda guardo em minha mente seus olhos arregalados quando me viu, pensando que havia mudado de idéia, a espera em seu olhar em me ouvir dizer que eu a esperaria.

Que grande idiota eu fui.


Três meses... Três meses e ele se sentia mal por não tido tudo o que realmente ele sentia por aquela garota que mudou sua vida, que lhe ensinou tanto, que lhe deu tanto amor, que esteve sempre ao seu lado sempre que precisava.

A garota que correu perigo por amá-lo, sem nunca exigir absolutamente nada em troca.

Sentiu uma necessidade imensa de tê-la por perto, naquele dia tão especial em sua vida e na sua carreira, queria seus dedos entrelaçados em seus cabelos, que agora eram mais curtos levantados em um imenso topete. Queria suas palavras suaves e calmas. Queria o seu olhar de cumplicidade.
Ele a queria, ali... Ao seu lado.

O almoço de Bill no camarim naquele dia se resumiu a um iogurte e uma fruta, sem levantar-se do sofá, passou a tarde envolvido numa série de reuniões internas com a banda. Na verdade, não prestou atenção em nada e agradeceu quando a hora do show se aproximou.

Já passavam das seis horas quando fechou o lap-top, aliviado por estar sozinho. Aquela noite ele realizaria mais um sonho. Queria gravar o DVD. Queria subir no palco e esquecer, nem que fosse por duas horas, que tinha sido um idiota completo.

Natalie bateu na porta, e entrou no camarim. Tinha uma hora para se arrumar e começar o processo dos autógrafos, que a banda fazia sempre antes do show, o famoso meet&greet, o tão esperado encontro de fãs com o seu ídolo.

–Tudo bem?
–Sim. – ele respondeu em uníssono para a maquiadora e amiga pessoal. – estou nervoso com essa gravação.
–Não devia, tudo está muito bem montado, ensaiado e será um grande espetáculo.
–Mas você sabe como eu sempre fico nervoso.
–Você não parece nervoso, parece triste.
–Pare Natalie! - ele disse seco - Cada dia alguém me passa um sermão, estou farto. Por que todos não cuidam da própria vida?

Eles se olharam pelo o espelho. Natalie não disse mais nada, sabia se falasse machucaria e colocaria mais um peso dentro do coração do vocalista. E ele já levava carga demais.

– Graças a Deus, você ainda está aí! - murmurou uma voz angustiada e muito familiar.
– O que você quer? – Bill disse mal humorado.
–Nossa só hoje você poderia guardar esse seu mau humor, por que se não guardar, vou socar com muita força no seu rabo magro.

–Só estou nervoso por causa da gravação.

–Corta essa, Bill! - Tom sentou do lado do irmão, que ainda era maquiado por Natalie - se fosse para você ficar assim por que não disse a ela que você a esperaria ou largou sua carreira e não foi com ela para expedição.

A foto dos dois no casamento da mãe em agosto de 2009 estava em cima da prateleira do camarim, Tom a pegou, a olhou e depois a guardou na enorme bolsa do irmão, que estava ao seu lado.

Um silêncio dolorido caiu no camarim.

–Dá pra devolver e colocar onde estava? – Bill disse ao irmão sem olhá-lo.

–Pra que?

–Por que estou mandando.

–Pra que? –Tom era tão irritante quando queria.

–Por que a quero ali.

–Pra que? – Tom olhou para Natalie, vendo a expressão da maquiadora, sabia que aquilo terminaria em uma briga.

–Por que não deixa a foto no seu lugar e depois vai se foder? – Bill gritou sem paciência com o irmão – Deixe-me em paz!

– Tudo bem. – ele pegou a foto novamente dentro da bolsa e a colocou na prateleira. – Pronto agora você pode ficar vendo o quanto você foi um imbecil.

–Deixa-o em paz, Tom. – a maquiadora pediu – Não é hora.

O camarim ficou em silêncio.

– Ela ao menos podia ligar, uma vez a cada dois meses – Bill quebrou o silêncio depois de minutos, olhava fixamente para o espelho, sem coragem de olhar para o irmão.

–Depois do fora que você deu nela no aeroporto, por que ela faria isso?

–Eu tentei ligar duas vezes e o celular dela está sempre desligado.

–Ligou pra que? – Tom foi ríspido com o irmão - Sabe que onde ela esta é difícil a comunicação.

–Esta a defendendo?

–Sim, eu estou! - O irmão mais velho respondeu seco - você andou pesquisando e lendo sobre o lugar que ela esta e sabe a dificuldade que esse povo enfrenta a pobreza. Leu que não tem casa, nem luz, nem água, nem comida quanto mais sinal de celular.

Bill baixou os olhos, Natalie espirrou spray em seu topete negro e olhando para Tom como se concordasse com ele e culpasse Bill pela rejeição e o modo ríspido que havia tratado Kate no aeroporto, se retirou do camarim deixando os dois sozinhos.

–A vida tem que seguir. – Bill sorriu falso.

–Sua boca está sorrindo, mas seus olhos estão tristes!

– Sinto falta dela. – ele finalmente admitiu. - Tenho muito orgulho dela. – Bill olhava fixamente para sua imagem pronta no espelho. - Ela é melhor pessoa que conheci em toda minha vida. A mais doce, a mais pura, a mais correta, a mais humana... A garota que eu vou amar por toda minha vida.

–Tomara que um dia você possa falar isso cara a cara. – O gêmeo mais velho levantou-se e se posicionou atrás do mais novo. - Você não deveria ter sido tão duro com ela!

–Tom, agora não adianta mais. O que foi dito... Foi dito!

– Mas Bill…

– Esses “mas” que fode com a nossa vida. – ele se levantou - Tom eu assumo que naquela manhã no aeroporto fui um estúpido com Kate, decidi da forma mais egoísta, a minha vida e a dela. Eu devia ter dito muitas coisas que não disse. – Bill levantou pegando os óculos escuros - Agora já foi, esqueça!

– Bill e Tom esta na hora! - Era David batendo na porta do camarim – Georg e Gustav já estão posicionados.

Seu estômago se contraiu pela tensão nervosa, tanto pela gravação do DVD, quanto pelas noites de insônia, acordava sempre pensando em Kate, o cigarro também estava ajudando-o a levá-lo para o fundo. Ele estava pálido e Natalie tinha disfarçado perfeitamente as olheiras que fixaram abaixo de seus olhos cor de mel.

– Se não estivesse preparado poderíamos ter adiado a gravação. – Tom captou os olhos do irmão, ele era o único que sabia realmente o que Bill estava sentindo.

Tom era o único que via Bill sangrar lentamente.

–Quem disse que não estou preparado. – ele tentou parecer confiante.

O olhar se prendeu ao do irmão, duro e inserto.

–Se está certo, então erga esses ombros, afaste essa tristeza, tire ela da cabeça e vamos gravar esse DVD.

E foi o que Bill fez:

Colocou os óculos escuros, arrumou os ombros, deixou a tristeza pairando pelo camarim e seguiu para a gravação... Mas manteve Kate na cabeça, se a tirasse, talvez, não conseguisse seguir em frente.

A apresentação foi fantástica. Bill tinha cantado maravilhosamente bem. A gravação do DVD Humanoid City Live tinha sido um enorme sucesso. A banda tinha dado o seu máximo e arrancado emoção, gritos e lágrimas dos fãs italianos.

No fim da gravação, ele se curvou para agradecer, os olhos cor de mel, brilhantes e felizes, o rosto suado e satisfeito. Quando terminou, seguiu para o camarim, não olhava nem para a direita nem para a esquerda, seu pensamento era apenas em uma pessoa.

Escutava os parabéns e sorria automaticamente, continuando a andar. Ali atrás do palco, pessoas tinham trabalhado tão duro quanto à banda, ele agradeceu a cada membro de seu staff e quando entrou em seu camarim, fechou a porta, se jogou na cadeira, colocou as mãos no rosto e desabou.


Chorou.


Desejou por um segundo sentir as mãos de Kate limpando suas lágrimas de seu rosto borrado.


E chorou.


Por que sabia que estava sozinho, que não havia ninguém para enxugá-las.



Soluçou e chorou, até não ter mais força, até não ter mais lágrimas, até cair um sono profundo.


***


–Alô?

–David? Aqui é a Kate. – a voz agoniada disse do outro lado da linha - finalmente consegui falar, Bill esta por ai?

–Não! - manager apenas disse seco.

–Você poderia chamar? – ela perguntou – de pressa antes que o sinal caia.

–Você vai voltar para ele?

–Voltar? – ela perguntou sem entender - Não, David eu preciso falar com Bill!

–Não! - ele repetiu - Por favor não estrague a noite dele e não o deixe mais arrasado do que você já deixou?

–David...

–Kate, desculpe, sem querer ser mal educado, mas se não vai ajudar, não atrapalhe. - o manager suspirou, trocando o aparelho de ouvido e tentando falar baixo para que ninguém ouvisse - Se você falar com ele, pode piorar e interferir negativamente na carreira dele, quer que ele pare tudo agora que conseguiu se levantar da rasteira que passou no pobre coitado?

E a ligação foi interrompida bruscamente antes dela responder.

***


Era uma segunda feira ensolarada, o dia era vinte e dois de Novembro, era a primeira apresentação da banda no Brasil. E Bill experimentava o entusiasmo e a excitação que sempre se apoderava dele nessas ocasiões. Países que ele nunca havia visitado. Já tinha ouvido falar muito daquele país distante, na América do Sul, mas nunca imaginou que havia fãs tão amorosos e calorosos, que acampavam na porta da casa de show, dias antes somente para vê-los.

A banda toda estava maravilhada com aquela recepção em solo brasileiro.

Não paravam de sorrir diante do sucesso das vendas dos ingressos, na chegada do hotel foi tranquila e cada um seguiu para a sua suíte, passariam o som apenas no dia seguinte e tinham todo tempo para descansar da longa viagem.

O sol tinha ido embora e a chuva caia, o céu já não era mais azul e sim, um cinza tristonho e sem graça.

Como sua alma.

Bill estava na janela da suíte em um silêncio meditativo enquanto observava as ruas agitadas de São Paulo. Então, olhou para a foto em suas mãos. Ele nunca se desfazia daquela foto, ela sempre estava em suas mãos, como um talismã.


Muitas vezes teve desejo de rasgá-la e jogar no lixo, mas nunca fez. Olhou mais uma vez para ela e abraçou perto do tórax, fechando os olhos, como se naquele gesto pudesse diminuir sua saudade e a sua dor.



Ainda que a culpa, causada por seu egoísmo beirasse as raias do intolerável, ele estava determinado a não permitir que isso deteriorasse seu trabalho ou a relação que mantinha com os outros integrantes do grupo. Por isso, quando estava com o grupo, fingia estar sempre bem e com um belo sorriso no rosto.


ONZE MESES sem Kate! A saudade não diminuía, não cessava.


Kate havia deixado para trás um buraco aberto e profundo em sua alma. Em seu coração. Em sua mente. Às vezes, deixava sua vida no piloto automático, incapaz de guiá-la. O único lugar que se sentia bem e completo era no palco, fora dele, existia um oco. Afinal, Kate tinha levado a parte mais essencial de si mesmo com ela.

O seu coração.

Bill suspirou ainda com os olhos fixos nos carros da cidade, permaneceria ali parado por muito tempo, mas uma batida na porta o trouxe a realidade.


– Bill? - Gustav o chamou do outro lado da porta.

Ele limpou as lágrimas com as costas das mãos e abriu a porta, deixando o baterista entrar.

–Vamos comer algo com a produção e Tom dis... Tudo bem?

–Sim. – ele sorriu tentando disfarçar – Acho que toda essa claridade deixou meus olhos lacrimejantes.

–Hum... Hum... Sei! – O baterista fingiu acreditar naquela desculpa idiota. – Não precisa mentir para mim, são muitos anos de amizades e pode parecer que sou lerdo, mas te conheço demais.

–Gustav, você me faria um favor?

–É claro que sim! Do que se trata?

– Não fale mais sobre Kate, está bem?


– Se é isso que quer. Farei o que você preferir. Mas não se deixe magoar mais, sim? Continue sua vida e deixe que esses sete meses terminem. Já se foram onze meses e você continua vivo!

Aquele era um ótimo conselho... Pena que Bill não estivesse em condições de segui-lo.


– Parece um pesadelo que não vai terminar nunca.

– Descanse Bill, temos essa tarde livre... tire-a para descansar. Pelo que nos falaram as fãs do Brasil são exigentes e muito animados. Temos que ter energia de sobra para o show de amanhã. – ele deu um leve tapa nos ombro do vocalista - tente esquecer Kate por alguns instantes.


– Não tenho muita escolha. - Bill fez uma careta enquanto empurrava a cadeira para trás. – Nada mais importa.

– Sempre há uma escolha. - o baterista disse apertando seus dedos no ombro frágil - O que você faz com essa escolha é que realmente importa.

– Que merda, odeio quando você fica todo filosófico. – Bill sorriu brincando com o baterista.

–Estou aqui sempre que precisar, Bill!

Gustav se aproximou e o abraçou, ele fechou os olhos deixando-se ser abraçado por alguns minutos, realmente precisava daquilo, estava se sentindo tão fraco, tão desamparado, e quando sentiu que aquele abraço era a única coisa sólida a que podia se agarrar. Se agarrou nele. Sentiu sua energia voltar aos poucos e se sentiu bem melhor.

–Te amo, Gustav!
– Que merda, odeio quando você fica todo romântico. – Foi a vez do baterista brincar dando mais um daqueles abraços de urso e saindo da suíte em seguida.


***


Quando chegaram à casa de show, via Funchal, na terça- feira, na parte da tarde, não acreditaram quando uma onda de fãs quase engoliu os carros. Bill sorriu para Tom animado com a recepção.



– Hoje será um dos melhores shows da banda! – ele ainda podia ouvir os gritos que vinham da Rua Helena.


E realmente foi.


Tanto para a banda quanto para os fãs brasileiros, que não decepcionaram nem por um segundo. O show foi contagiante, as vozes conseguiram ser mais alto que a de Bill. Foi uma troca maravilhosa, ídolo e fã, numa única batida. UM SÓ CORAÇÂO.


O Via Funchal nunca mais foi o mesmo depois do dia 23 de novembro, não se ouviu tantos gritos, tantos corações batendo tão rapidamente e enlouquecidamente, como nesse dia.


Bill, Tom, Gustav e Georg com certeza levou dentro da memória, lembranças inesquecíveis de fãs amorosos, fieis, dedicados e ansiosos por mais um sonho, mais um show de Tokio Hotel no Brasil.


Quando o show acabou a banda estava exausta. Seguiram para o hotel, Tom, Gustav, Georg sorriam feito bobos, lembrando-se de cada fato do show, Tom principalmente, suas lembranças perversas fixavam-se na moça que subiu a camiseta e mostrou os seios para ele.


Chegando ao hotel, já passava da uma da manhã, Bill e Georg estavam no hall, aguardando o elevador chegar, Tom e Gustav quiseram passar no restaurante para um último lanche, o guitarrista ainda falava com empolgação dos seios da fã, isso ainda iria render muito na mente perversa do gêmeo.


Quando finalmente o elevador parou no térreo e a porta se abriu, o vocalista deu o primeiro passo para entrar, mas foi impedido, algo pequeno saiu primeiro instalando-se em seus pés e o impediu de entrar.


Bill olhou para baixo e depois para dentro do elevador, a terra parou de rodar e o seu coração parou de bater...

Postado por: Grasiele

Sempre Sua! - Capítulo 47 - Eu serei sempre sua?


– Eu posso entrar?

– Claro. – eu me virei assustando-me

– Está arrumando suas coisas... – ele disse passando o dedo em minha mala, ainda vazia - Você já tomou uma decisão?


– Sim. – eu apenas disse.


– Sei que não estou em posição de pedir nada a você, mas... – ele fechou os olhos e disse com certa dificuldade - Volte pra ele.


– Bill mandou você aqui?


– Não, eu só... – as palavras não saiam, Tom estava fazendo algo que talvez nunca havia feito na vida, implorar. - Ele não é feliz quando não está com você.


– Acha que fico feliz em deixá-lo? – eu perguntei fechando meus olhos - Acha que não está sendo difícil pra mim também, eu amo o seu irmão e embora duvide disso é a verdade, mas não posso abrir mão dos meus sonhos antes de vivê-los, Tom.

– E ele não abrirá mão dos dele, como viverão assim? – ele me perguntou - Não entendo muito sobre amor, mas acho que sei o que a distância faz.

– A distância aumenta este sentimento desconhecido por você, ela o fortifica do contrário, mesmo juntos ele não valerá de nada. – eu olhei para minha mala, ainda vazia, e coloquei outra peça de roupa dentro dela. - Quero que ele entenda que vou esperar e continuar amando-o mesmo estando longe.

– Acredita que isso é possível, continuar amando alguém mesmo sem poder tocar?

– Sim! – eu acreditava realmente nisso, tinha plena certeza que o nosso amor seguiria, mesmo estando longe. - O amor é mais do que a presença física.

– Que grande bobagem. – ele disse revirando os olhos - Bill esperou demais por você, e eu duvido que ele entenda essa sua necessidade de correr atrás dos próprios sonhos, ele não saberá esperar... Nunca soube.


– Eu sei.


–Volte para ele,Kate!

–Tom, eu não posso simplesmente abandonar minha vida.


– Não mudará de idéia, não é mesmo?


– Você é um bom irmão Tom. – eu acariciei seu rosto com as costas da minha mão - Cuidará bem dele.









...





Poucos minutos depois de Tom ter ido embora, sem conseguir mudar minha decisão, cuidava dos últimos detalhes de minha viajem a campainha tocou e então Jumbie correu até a porta abanando o rabinho. Talvez esperando por Bill.

– Oi. – Disse Dean com um sorriso encantador nos lábios.

– Que bom que veio.

– Está brincando, eu jamais deixaria de vir a sua festa de despedidas. – ele tocou meu nariz com a ponta de seu indicador entrando em meu apartamento. – Que não me parece muito animada.

– Acho que animação ficará por conta dele. – Apontei para o pequeno cão arrastando a cama que Bill havia comprado pra ele.

– Quem vai cuidar desse monstrinho? - Dean perguntou brincando com Jumbie.

– Sofia! - eu respondi - Ele é um amorzinho, mas precisa de...

– Disciplina. – Dean terminou a frase sorrindo - Como ele se chama?

– Humm... Jumbie.

– Desculpe, vou dar um apelido a ele, esse nome é terrível, nem preciso perguntar quem o deu.

– Tudo bem, chame como quiser – Nós rimos.

– É... Gostaria que conhecesse alguém antes de ir.

– Quem? - eu parei de colocar minhas roupas na mala e o olhei.

– É uma pessoa com quem estou saindo. – ele disse baixando os olhos como se estivesse envergonhado.

– Você está namorando? - perguntei feliz por ele.

– Estamos saindo e...Sim estou namorando.

– Meu vôo sai cedo amanhã, porque não a trouxe.

– Na verdade ela está no corredor, esperando um sinal verde.

Pedi a Dean que fosse abrir a porta e a chamasse. Assim que a mesma apareceu em minha frente meu espanto e talvez também o dela fossem evidentes...

Nós duas éramos praticamente iguais.

– Olá sou Georgina. – ela estendeu o braço e nos cumprimentamos - Dean fala muito em você e me desculpe, estou um pouco nervosa.

– Sou Kate.

– É... eu sei! – Ela respondeu como realmente estivesse cansada de ouvir falar em meu nome - Nós três rimos.

Jumbie pulou imediatamente em suas pernas e ela abaixou-se para acariciá-lo.

–Jumbie já aprovou o namoro. – eu brinquei com Georgina, deixando-a menos nervosa.

–Estávamos indo almoçar, quer ir? - Dean perguntou passando o braço nos ombros da namorada.

–Hum... preciso terminar algumas coisas e tem Jumbie?

–Tem certeza? - Dean me perguntou.

Confirmei com a cabeça. Georgina sentiu algo no ar e sentindo que nós precisávamos de um tempo sozinha, se despediu e avisou a Dean que estava esperando na sala.




– Ela é legal. – eu disse quando ficamos sozinhos - Estou tão feliz que finalmente tenha encontrado alguém.

– Eu não posso ter você, mas posso chegar perto.

– Eu quero que seja realmente feliz. – eu disse passando minha mão em seu rosto.

– Vou sentir sua falta. – ele disse com os olhos azuis marejados.

– Não estou morrendo, logo estaremos juntos de novo.

– O tempo que ficará longe... Já contou a ele?

– Já.

– E?

– Acabou. – minha voz quase não saiu, estava embargada de emoção. –Prefiro não falar sobre isso, nossas decisões estão tomadas e nada mais pode ser feito.

Dean! - Georgina o chamou da sala.

–Vá... Vá viver a sua vida! – eu o abracei por alguns minutos e ele saiu do quarto, sem olhar para trás, rumo a sua nova vida.








....



No inicio da noite, foi à vez de Sofia tocar a campainha do meu apartamento. Não podia mentir, toda vez que tocava, pensava que fosse Bill.


–Tudo pronto? – Sofia perguntou entrando na ampla sala.

–Sim.

–Sinto muito! – a ruiva disse vendo meus olhos inchados. – Não sei se isso é um consolo.

– Obrigada, amiga! – eu olhei para ela e sorri triste – vou sentir saudades das nossas conversas e suas dicas sexuais malucas, confesso que usei algumas e amei... de verdade.

–Vocês mereciam ser felizes, forma um par lindo, tudo era encantado e mágico e... É triste ver tudo isso acabar assim...


Antes de ela terminar a frase, eu já cobri o rosto com minhas mãos, incapaz de controlar o pranto que ardia em minha garganta e fazia meu corpo estremecer em soluços convulsivos.
Sofia levantou-se, aproximou-se e tentou conforta-me com um abraço cheio de afeto e carinho. Depois de acariciar meus cabelos, disse:

– Não vou ficar lhe dando conselhos inúteis, pois sei que, se estivesse na sua situação, eu reagiria da mesma maneira. Tudo o que eu queria era que vocês, por enquanto, finalizassem sem brigas.

– Foi com brigas e não adianta chorar pelo leite derramado.


– Kate, você vai deixar isso terminar assim? Com esse rancor, com você em lágrimas e ele com aquela cara de morte que temos até medo de chegar perto e levar um coice?

– Não posso fazer nada!

–Pode e deve!

–Sofia eu não...

–Você tem que falar com ele! – ela segurou meus ombros e me sacudiu. – Tem que falar!

– Mas e se ele me ignorar?

–Pelo menos vai ter dito o que está preso em sua garganta.

–Não sei, Sofia, e se...

– Cale a boca, Kate! – ela me interrompeu com um grito ardido - Chega de "se", hipóteses não consertam o passado e nem os erros do presente. Não podemos passar o resto de nossas vidas fazendo suposições a respeito do que poderia ter acontecido. – ela segurou minhas mãos na dela firmes. – Ninguém muda o passado, Kate! - ela apertou mais minhas mãos - Tudo o que podemos fazer é tentar mudar o nosso futuro. – ela me puxou com força para a porta - Vá e tente. Vocês não precisam finalizar uma história tão linda dessa forma tão amarga.

Olhei-a e agora quem estava com os olhos rasos d água era Sofia.

Aproximei-me e a abracei com carinho, enxuguei seu rosto e agradeci tudo o que havia feito por mim, agradeci por ter sido a confidente, a amiga, a irmã que eu sempre quis ter.

E me empurrando para o elevador, desceu comigo até o subsolo e me esperou seguir a minha última chance em mudar a decisão de Bill.



















....








– Kate? - ele disse assustado quando levantou os olhos de uma foto que estava a tempo olhando, perdido em pensamentos - Veio aqui se despedir. Perdeu seu tempo.

– Não sinta raiva de mim, por favor. – eu disse me aproximando da cama e vendo centenas de fotos nossa jogada por ela - Eu posso suportar qualquer coisa, menos isso.

– O que quer eu faça? – ele me perguntou juntando as nossas fotos rapidamente - Quer que esboce um sorriso enorme e diga que está tudo bem, que você pode ir e que esse tempo separado não vai significar nada pra mim? – ele jogou-as numa caixa grande de qualquer jeito - Eu não posso e não vou mentir, eu sou egoísta sim e quero você perto de mim todos os dias, não quero que vá e não me importo com os seus sonhos, isso é horrível, mas é o que eu sinto.

– Você pode me esperar...

– Esperar?! – sua voz saiu alta - Não me peça para fazer isso, eu passei anos esperando o dia em que eu conheceria você, não me peça para esperar. – Ele gritou dessa vez.

– O que quer eu faça? Que anule minha vida para esperar você trancada em um quarto de hotel, mudando de cidade em cidade, me escondendo de pessoas que eu nem mesmo conheço.

– Algumas horas, apenas algumas horas de espera tornam-se insuportáveis. – sua voz continuava alta - O que são algumas horas perto de um ano?


Minha garganta estava fechada, se eu falasse algo, desabaria. Esperei um instante antes de continuar:


– O que estamos fazendo? – eu mordi meu lábio inferior que tremia incontrolavelmente - Nós já sabemos onde isso vai dar então, vamos parar por aqui, eu não quero brigar com você, não quero magoar você então...

– Você vai me deixar, já está me magoando. – ele jogou em mim, como se aquela separação só doesse nele. – Que merda!

– Eu não estou deixando você, eu vou voltar, eu ainda vou querer você, ainda vou querer... Nos dois.


Eu não queria chorar. Mas estava muito difícil.


– Mas eu não, não quero que se guarde pra mim, não quero que espere me encontrar aqui quando voltar. – sua voz era baixa, mas firme, e pior de tudo, decidida. - Eu não sei esperar, nada. Nem mesmo você.

– Você não está falando sério. – eu disse dando um passo em sua direção e dei um leve beijo sem seus lábios.

– Vai embora Kate, acho que já falamos tudo. – ele disse dando dois passos para trás de afastando de meu toque, dos meus lábios e da minha vida.


– Essas são suas últimas palavras? – eu perguntei quase que sem ouvir minha própria voz.


–Não! – ele olhou dentro dos meus olhos e segurou nossos olhares, as lágrimas grossas inundaram seu rosto pálido e sem maquiagem. - as minhas últimas palavras são: siga os seus sonhos e seja muito feliz.



Virou e saiu do quarto.

Fim.

Tudo estava realmente acabado.



“Siga os seus sonhos e seja muito feliz.” – ele havia dito.



E foi exatamente o que eu fiz na manhã do dia seguinte. Segui o meu sonho. Fiz meu check in e sentei com minha mala na área de embarque para esperar por Ryan, que já havia avisado por sms que iria atrasar.


Depois de vinte minutos ele chegou sorrindo e se desculpando:


– Kate desculpe o atraso, algo aconteceu na portaria do aeroporto, lá fora esta um caos, você não sabe, descobriram o vocalista daquela banda que doou o carro, ele estava disfarçado e quando alguns fãs o viram começaram a ...


–Bill... Bill esta aqui... – eu gaguejava e minha voz travou.


–Parece que sim, disfarçado e...


–Onde? Onde ele esta? - eu perguntei olhando para fora da sala vip.


O tumulto se aproximou e ouvi os gritos de algumas fãs, os seguranças chegaram primeiro na sala de embargue abrindo caminho e quando ele entrou, seus olhos se fixaram imediatamente nos meus e um sorriso surgiu em seu rosto e todo resto pareceu perder toda a importância.


Bill disse algo para o segurança e sorrindo abertamente seguiu em nossa direção.



Minhas pernas amoleceram e meu sorriso chegou de orelha a orelha. Meu coração estava em minha garganta me sufocando, minhas pernas fracas não permitiram que eu desse um único passo.



Oh, céus... Ele havia mudado de idéia.

Postado por: Grasiele

Sempre Sua! - Capítulo 46 - Agora a escolha é sua!


Bill estava na porta do meu apartamento para viajarmos para a Itália, Tokio Hotel se apresentaria no MTV Coca-Cola Festival, depois da pequena apresentação da Nokia, era a segunda apresentação ao vivo, mas dessa vez, para um público bem maior.

A campainha tocou novamente.

–Estou indo! - eu grite da porta do quarto apressando meus passos. - Bill, você tem a chave da porta por que não usa... o... o... o que... – não conseguia formar uma frase diante da imagem parada na minha frente – Oh céus... que diabos fizeram com você?

– Gostou? – ele perguntou vendo meu olhar de surpresa.
–Eu...
–Não gostou? – Bill perguntou franzindo a testa.
–Eu...
–Odiou?
–Bill! - eu gritei - Se você deixasse eu falar diria que nunca esteve tão... LINDO!
O sorriso dele se abriu de orelha a orelha.
–Mesmo?
–Sim, eu...
–Não esta falando isso apenas para me agradar?
–Bill! – eu novamente chamei a sua atenção. – Você ficou realmente muito bem com esse moicano.
–Eu também gostei, aqueles dreads estavam me matando.
–Eu disse para você se livrar deles. – eu andei até e passei as pontas do meus dedos em seu cabelo arrepiado. – eu realmente gostei...muito!
–Me livrei! – ele disse entrando no meu apartamento e seguindo direto para o espelho, olhando de todos os ângulos para o seu novo penteado. - Jumbie como esta? - ele perguntou ainda se admirando.
–Já esta com a ex-governanta da minha tia, eles se deram muito bem.
–Na próxima viagem, o quero conosco. – ele disse ainda olhando-se no espelho - O motorista esta nos esperando, a banda já esta toda no aeroporto.
–Vamos em vôo separados?
–Dessa vez não. – ele sorriu pegou minha mala e me enlaçou pela cintura me dando um beijo delicado e gostoso nos lábios. – Vamos no mesmo vôo, sua poltrona é próxima da minha.
–Isso não é perigoso demais.
–Não, estou pensando seriamente em assumir nosso namoro no inicio de 2010, o que acha?

Não... Não faça isso comigo!– foi o que pensei com meu coração apertado, meus planos eram completamente diferentes para 2010.

–Pensei que fosse... gostar! – ele disse me olhando de forma interrogativa.
–Bill... – eu o olhei sem saber o que dizer - me pegou de surpresa. – eu disfarcei e o beijei – ser oficialmente a namorada de Bill Kaulitz era tudo o que toda garota sonha.
–Não quero qualquer garota. - Ele disse, depois soltou a mala e me enlaçou pela cintura, beijando-me com vontade. – precisamos ir, antes que eu a deite aqui nesse tapete e faça amor com você.
Ele beijou a ponta do meu nariz, voltou a pegar a mala novamente e saímos do apartamento.

...

Roma – Coca Cola Live


A porta do camarim se abriu, e eu me virei sorrindo pensando que fosse Bill, quando vi quem era, parei de sorrir e me virei novamente, ignorando.
–Olha quem esta aqui. – John disse passando seus olhos pelo meu corpo – Faz muito tempo que não nos vemos.
–Pois é – eu sorri apenas por educação – Não trabalho mais para David.
–Se não trabalha mais por que está aqui dentro do camarim do Tokio Hotel em Roma?
Ai... que merda! - pelo menos em pensamento eu podia xingar aquele filho da mãe prepotente e metidinho a galanteador.
–Eu...
–Ela veio comigo. – a voz grossa veio da porta – Kate é minha amiga e esta aqui por que eu a convidei, como minha convidada e de toda a banda.

Era Gustav, sempre pronto a ajudar.

Sua namorada? – John perguntou com um sorriso malicioso nos lábios.
–Esta ai uma coisa que não é da sua conta. – Gustav respondeu seco.
–Estou feliz em vê-la. – John desviou os olhos do baterista e continuou a falar como se Gustav nem estivesse no camarim. Era tão seguro de si, tão certo que todas as mulheres o queriam que chegasse a embrulhar o estomago. - Vou dar uma reuniãozinha hoje à noite na minha suíte de hotel. — A voz soou suave demais.
– E? - eu perguntei - O que quer dizer com uma reuniãozinha? — eu percebi que ele me encarava descaradamente.
– Uma reunião bem pequena, só você e eu. – ele sorriu sem vergonha – Hoje é meu último dia na Cherrytree records estou seguindo para outros caminhos, muito mais lucrativos e que você poderia ganhar muito também. – ele deu um passo e seu corpo quase tocou o meu. - É minha noite aqui em Roma e queria terminá-la com você.
–De preferência na sua cama? – eu perguntei.
Ele sorriu sem esconder que era isso mesmo que ele queria.
–Hum... Seria maravilhoso. – ele passou a ponta de seu dedo em meu ombro – Poderíamos nos divertir muito.

Eu olhei seu dedo deslizando pelo meu ombro e levantei meus olhos para ele sorrindo.
–Eu preferia fazer sexo com o Bob esponja, do que com alguém tão nojento como você! – falei com desdém - Nada em você me agrada. Aliás nem de você eu gosto. Na verdade tenho um pouco de nojo de você do modo que acha que é irresistível, eu nunca me envolveria com alguém do seu tipo... Eu fui clara?
Ele ficou sério e olhou para Gustav, que tinha um sorriso divertido nos lábios, sem graça.
–Você é uma criança que não sabe o que quer. – ele atirou a ofensa em mim.
–Pode ser. – dei de ombros sem dar muita importância - Mas, sei muito bem o que eu quero. E não é você!
– Garotinha Insolente! - ele me mediu dos pés a cabeça com desprezo.

Revirei os olhos irônica e ele saiu batendo a porta do camarim.

– Pena que não tinha uma câmera, queria ter gravado a cara de idiota dele. – Gustav sorriu – Você nem parece aquele Kate tímida e sem boca para nada, que eu conheci há dois anos. Você mudou muito.
–Isso é um elogio?
–Com certeza! - ele disse - Essa sua vida amorosa com Bill fez você mudar muito.
–Gustav eu aprendi muito com Bill, tanto para o lado ruim, quanto para o bom. Pode dizer sim, que sou outra Kate. – minha voz estava embargada, de emoção - E você? Como vai sua vida amorosa?
Ele desviou o olhar timidamente.
– Não é uma prioridade. Estou ocupado demais com a banda para pensar nisso.
– Essa é a sua resposta clichê, Gustav? - Ela não pode resistir em provocá-lo. - Porque desde que te co­nheço você dá sempre essa resposta.
Ele voltou a olhar me olhar e balançou a cabeça, dando um rápido gole de água.
–E aquela garota você já esqueceu? – eu perguntei vendo–o ficar vermelho.
–Completamente.
–Sempre pensei que você fosse o primeiro a se apaixonar e arrumar uma namorada
–Garotas é o que não falta.
– Você é mesmo muito metido. Só porque você é montado no dinheiro e lindo de morrer, não quer di­zer que é o rei do pedaço.
–Não, não é nada disso. – ele sorriu divertido – o que eu quis dizer, é que mulher nunca falta, mas quero a que me faça ser diferente, que me faça perder a cabeça, que me faça chorar de amor, que me faça ficar louco para vê-la, pode ser feio dizer isso: mas quero algo parecido com que você faz Bill sentir.

Aquilo me deixou sem palavras.

–Você é maravilhoso e tenho certeza que vai encontrar.
–Já tive meus casos.
–Quantos?
– Não muitos.
– "Não muitos" não é um número.
– Dois. – ele disse.
– Feliz da sortuda que tiver o seu amor. – caminhei até ele e segurei suas mãos - um garoto que não perde o controle, não esquece a hora, não faz nada ultrajante e ainda é romântico.
– Esse sou eu! – ele levantou o queixo, imitando o jeito insolente de John.
Não consegui conter o riso.
–Você é incrivel, Gustav. – Eu segurei seu rosto com carinho e beijei as duas faces rosa. – Amo você!
–É recíproco e você sabe disso.
–Sei e também sei que venho te observando um tempo e confesso que não gosto do que vejo.
–Não faço a mínima idéia do que esta falando.
–Por que não diz a eles que não esta de acordo com algumas mudanças? – eu falei a ele.
–Estou de acordo com as mudanças. – ele disse seguro.
–Está?
–Sim. A nossa mudança de estilo musical não me desagrada. – ele disse balançando a cabeça – a única coisa que não estou de acordo é que querem todo o show em inglês. Não somos americanos, chegamos aos outros países cantando em nossa língua, por que devemos mudar?

–Também sou contra. – eu respondi – Bill não vai aceitar um show todo em inglês.
–Não sei. – ele deu de ombros – se fosse o Bill de um ano atrás diria que você esta com a razão.

Eu o olhei, com muitos pontos de interrogação, já havia sentido algumas mudanças em Bill, mas como a banda crescia a cada dia, ele não podia pensar como em 2007 ou 2008, porem o que Gustav me dizia fazia algum sentido, e essa mudança da mania dele em falar com todo mundo, inclusive comigo em inglês, me incomodava.

–Esta pensando na nova mania de Bill em falar inglês?
Eu apenas o olhei e soltei o ar, sorrindo sem vontade.

–Fale com eles. – eu andei até Gustav e o abracei com força. – Agora preciso ir.
–Nossa, que abraço foi esse... Parece um adeus?
–É quase um...

Bill entrou no camarim de repente me interrompendo.

– Algum problema? – ele perguntou olhando meu rosto.
–Não. – eu respondi logo.
–Não, estava fazendo companhia para Kate enquanto você se arrumava. – Gustav respondeu.
–David pediu para lhe chamar, para dar os últimos detalhes dessa noite e sobre o evento. – Bill avisou ao baterista.

Gustav abriu um sorriso gigante e eu retribui, dando uma piscadela carinhosa a ele.

– Teremos um belo show hoje. – Bill disse, em inglês, quando Gustav deixou o camarim.
–Ouvi o público gritar por Tokio Hotel. – eu respondi em alemão.
–David trouxe uma champagne, podemos comemorar. – ele sorriu e voltou a falar em alemão.

Eu andei até a garrafa, a tirei de balde de gelo e com o polegar a abri.

–Você pode beber? – perguntei a ele

–Uma taça não atrapalhará, talvez tire um pouco do meu nervosismo.

–Não fique nervoso.

– Eles criam muitas expectativas em cima da gente. – Bill semicerrou os olhos mostrando o tamanho de seu nervosismo.

–Tudo ficara bem.
–Preciso me acalmar. – ele disse fechando os olhos e respirando com dificuldade.
–Vou ajudá-lo. – eu me aproximei e levei minha mão a sua nunca massageando.
–Boa menina. – ele gemeu, baixando a cabeça e fechando os olhos. –Venha aqui.

Senti meus pulmões se esvaziando. Ele me beijou sem pressa, acariciando-me com a boca quente, explorando cada centímetro dos meus lábios molhados.

A língua de Bill me fez abrir minha boca.

Ele ofegou e me derreti toda, ficando úmida imediatamente.

– Tome um pouco do champanhe. – ele sussurrou em meu ouvido. - Quero provar da sua boca.

Levei a taça até a boca e dei um grande gole.

Ele pegou pelo meu queixo e voltou saborear meus lábios, usando a língua para sentir os meus lábios e a minha língua. Raspou seus dentes em minha boca, meus pêlos se arrepiaram.

O beijo se estendeu por um tempo e ninguém se preocupou em contar. Sentia-me como se estivesse dopada por alguma droga que me fazia mover-me em câmera lenta. Nada se movia em ritmo acelerado, a não ser meu coração.

Senti a taça ser retirada da minha mão.

Sem parar de me beijar, Bill agarrou-me, sentou no grande sofá e me colocou em seu colo.

– Acha mesmo que é uma boa idéia? – eu disse olhando para a porta do camarim.

– A gente só está se beijando. – ele disse sorrindo malicioso - Esta ajudando a me acalmar.

Meu corpo queria mais, não queria parar. Então, levantei e fechei a porta do camarim.

Sentei novamente em seu colo.

Ele levou as mãos à minha nuca e me beijou de uma forma ainda mais excitante.

Bill respirava ofegante e, quando me dei conta, as mãos dele já estavam rentes aos meus seios. Meus mamilos ficaram duros, na mes­ma hora. Eu gemi e senti sua excitação esfregando em meu corpo.

Minhas pernas ficaram bambas e entre elas ha­via um rio de desejo. Por mais louca que fosse o nosso ato. Eu não queria parar, muito menos Bill.

– Quer parar? - ele sussurrou em meu ouvido.
– Não consigo raciocinar com você me tocando desse jeito.
– Isso é bom ou ruim?
– Hum... Os dois — murmurei, mordendo os lábios, enquanto ele massageava meus mamilos com o polegar. – isso é loucura, nunca fizemos isso, nunca em um camarim.
– Nunca é tarde. - ele me provocou parando o que estava fazendo.

Nunca.

Eu queria senti-lo, de todas as formas, em todas as partes. Fechei os olhos e me deixei ser levada.

Bill tomou os meus lábios novamente e me beijou como se tomasse uma bebida proibida. Num passe de mágicas, ele desabotoou minha blusa e tirou meu sutiã. Com mãos vorazes, arranquei sua corrente e depois sua blusa.

Ele mergulhou o rosto em meus seios, tomando um deles com a boca. A língua atiçando e acariciando os mamilos causaram em meu corpo uma febre que me deixou queimando. Não conseguia fi­car quieta, mexendo-me sensualmente no colo de Bill, roçando no sexo rijo, que pedia para ser li­bertado.

Ele soltou um gemido que mais parecia um rugido.

– Você me deixa tão... - Ele se levantou e me pôs de pé, puxando minha meia-calça e depois a saia.
Sem tirar os olhos famintos de cima de mim. Desceu a calça e a cueca. Voltou a se sentar na ca­deira e me acomodou em seu colo.

Beijou-me, enquanto os dedos encontravam o local mais quente e úmido do meu corpo.

– Molhadinha e gostosa - murmurou em estado de êxtase. Com a língua fazia o mesmo movimento que os dedos que acariciavam minha parte mais íntima.
–Você está tão perverso ultimamente. – eu sorri.
–Estou... Graças a você.

Estava tão excitada que mal conseguia respi­rar. Estava ansiosa para ser possuída por ele.

– Quero você dentro de mim - sussurrei, com a voz embargada.
–Agora quem é o pervertido? – ele perguntou com a voz rouca.
–Graças a você. – eu repeti a brincadeira.

Bill me levantou pela cintura, encaixando-se onde queria, penetrando-me.

Ele estremeceu quando estava inteiro dentro do meu corpo.

– Não tem idéia de como é maravilhosa.

Levantei meu corpo e voltei a descê-lo, deslizando para baixo e para cima, sentindo os nervos à flor da pele.

Quando fiz o movimento para baixo, Bill fez um movimento contrário, entrando fundo com força. Alternava os beijos e a língua de um seio para o outro, beijando-os com desejo, mordiscando-os, fazendo-me quase enlouquecer.

Com uma das mãos, tocou o meu seio e com a outra desceu por entre minhas pernas acariciando meu ponto mais sensível. Sentiu uma ex­plosão por dentro. Continuei movendo até não suportar mais, chegando a um clímax delicioso.

–Bill...

Escutei ao longe, Bill murmurar alguma coi­sa, porém não soube identificar se era um palavrão ou um carinho. Ou os dois. Ele subiu a cintura, penetran­do fundo, louco e descontrolado, até que desabou, rela­xando completamente.

–Meu amor... oh Kate...

Agarrou com força minhas nádegas e soltou um palavrão abafado.

– Nossa... Isso foi realmente incrível. - O olhar dele era de satisfação e desejo. - Você é demais. De­mais... Estou muito mais calmo e com certeza subirei ao palco muito mais animado.

–Fico feliz que tenha ajudado.

– Muito... A cada dia eu te amo. – ele arrumou uma mecha da minha franja atrás de minha orelha.

–Bill? – A voz o chamou atrás da porta.

– Ai, não...

Ele tapou minha boca com sua mão. David bateu mais uma vez na porta, chamando por ele.

– Me dê 15 minutos, por favor. Já estou saindo.

–Olha seu cabelo, sua maquiagem... Desculpa, acho que perdi a razão.

–Gosto de ser o cara que te derrete toda e faz você perder a razão. – ele sorriu levantando comigo no colo, me colocando no chão. – Preciso ir, vou tentar falar com a Natalie antes de subir no palco para me recompor novamente.

Ele colocou as roupas, me deu um beijo rápido e saiu à procura de Natalie.


O show foi maravilhoso, as fãs italianas são as mais eufóricas da Europa, receberam a banda e o novo cd com uma empolgação imensa, um enorme sucesso, os meninos estavam felizes, satisfeitos e muito mais calmos, Bill principalmente.

Aquela apresentação foi umas das muitas que eles fizeram no último trimestre de 2009.


No início de Novembro, a banda começou os ensaios e a montagem para a turnê de 2010, que foi chamada de Welcome Humanoid City Tour. Uma estrutura imensa e grandiosa se formava a cada dia, que a banda escolhia a dedo. A cada novidade apresentada, Bill se realizava mais e mais, uma dupla de estilistas foi chamada para ajudar no figurino, Dean e Dan, da famosa grife DSquared2 e as músicas começaram a ser escolhidas para a turnê que se iniciaria em Fevereiro, em Luxemburgo.

Nesse mesmo tempo, a banda levou mais um EMA, de melhor grupo e ainda muito diferente de 2007, da apresentação tão comentada na chuva, a banda usou muito fogo e Georg finalizou tocando piano divinamente!

Fim de 2009, um ano fechado muito bem!


No início de 2010, confesso que não agüentava mais ouvir falar da “bola de metal do Gustav”, da moto e do piano pegaria fogo, fora as novidades de Georg tocar teclado, assim como Tom.

Era contagiante ouvi-los falar sobre o ano de 2010. Esse ano seria um ano cheio de novidades, mudanças e surpresas.

Principalmente da minha parte para Bill.


Os primeiros dias do ano de 2010 foram corridos, tomados por ensaios tanto do show quanto da novidade de Bill. Ele iria se aventurar na passarela da moda.
Tom e eu seguimos, junto para Milão, onde ele desfilou para a Dsquared2 Moda Masculina.


Outro sucesso do vocalista da banda de maior êxito em vinte anos da Alemanha.



O desfile havia acabado. Os Kaulitz estavam se aprontando para um jantar com os gêmeos, Dean e Dan , como eu não participaria, decidi seguir para a Alemanha naquela tarde eu iria arrumar minha mala e me preparar, psicologicamente, para contar a Bill sobre meus planos.


Nossa despedida foi rápida, até por que os fotógrafos não o deixaram tranquilo, nem por um segundo. Estava no elevador, descendo para o hall do hotel para pegar o táxi que me levaria ao aeroporto, abri minha bolsa para pegar meu passaporte, quando senti falta do meu celular.

–Droga! - eu pedi gentilmente que o taxista aguardasse, corri para o elevador e segui para a suíte de Bill.

Bati na porta e Tom que abriu.

–Tom, esqueci meu...

–Sim, eu sei! – ele respondeu com um semblante estranho.

Eu entrei e Bill estava sentando na cama com a cabeça baixa e com o meu celular em mãos.

–Esqueci meu celular - eu disse sorrindo e estendendo meu braço para pegar o aparelho.

–Sim e parece que esqueceu também de me contar sobre sua nova missão com Ryan.

Tudo parou!

Parou e rodou, as batidas do meu coração se apressaram e o olhei.

Seus olhos prenderam aos meus.

–Ele deu um sinal de mensagem e li. Fiz mal? – ele disse cínico quebrando o silêncio da suíte.

Nada respondi.

– Ele quer que responda que dia podem seguir para a missão na África? – ele se levantou e aproximou – Sabe, também estou curioso para saber o dia que você vai iniciar a sua missão.

Eu olhei para Tom e ele sem graça saiu da suíte, nos deixando sozinhos, quase gritei para ele, para não ir, mas aquela conversa tinha que acontecer, cedo ou tarde.

–Quando você vai? – Bill perguntou.
–Logo.
– Logo quando?
– Daqui cinco dias. – eu informei, fechando os olhos esperando a explosão.

O rosto de Bill ficou vermelho e senti a mudança no ritmo de sua respiração.

– Não queria ter descoberto dessa forma, você poderia ter me dito.

–Eu também não gostaria que soubesse dessa forma.

–Tudo bem, acho que é por uma causa nobre, vou esquecer e te perdoar por isso. – ele andou a te a janela. Você vai faz o que tem que fazer e me encontra em no primeiro show da turnê em Luxemburgo, não vai?

–Não vou poder.
–Não... e por que?
–Vou ficar dezoito meses nessa missão no continente Africano.
– Um ano e seis meses? – ele perguntou arregalando os olhos cor de mel.
–Sim, vamos visitar e ajudar mais de 30 países.
–Dezoito meses? – ele não parava de repetir aquelas duas palavras – Seria inútil eu pedir para não ir?

– Entende que não posso – eu disse tentando conter as lágrimas - todos os patrocinadores e colaboradores investiram alto por que eu vou liderar essas visitas pessoalmente. Só aceitaram ajudar em consideração ao meu pai e tudo o que eles fizeram pelas crianças enquanto estavam vivos. – os olhos de Bill brilharam enchendo-se de água. - Estamos falando de Bilhões e mais de 30 países, como vou jogar tudo para alto, essas pessoas estão morrendo por falta de água, comida, por falta de saneamento e você quer que eu simplesmente desista?

– Acho que estou com algum problema auditivo. — Bill incli­nou o corpo para frente, estarrecido. — Ouço as palavras, mas elas não fazem nenhum sentido. - ele fechou os olhos e as lágrimas correram pelo seu rosto - Pra que dezoito meses? Não pode ficar menos tempo? Ou mesmo...


–Não! – eu o cortei - Não é tão simples assim, não posso modificar as visitas planejadas, são países pequenos e muito pobres, não será fácil pegar um avião e vir te visitar seja lá onde o senhor esteja. Tem países que são horas de jipe até chegar ao nosso destino, sem energia elétrica, quanto mais sinal para celular. – eu tentei explicar – Lugares isolados do mundo. Tem noção como vou ajudar? Ser útil para muitas crianças que nesse momento estão morrendo de fome, sede e que nem sabe o dia de amanhã?

–Acha que vai acabar com a fome ou a sede dessas pessoas?

– Vou descartar esse comentário, pois está nervoso e sei que não pensa dessa forma tão egoísta. – ele baixou os olhos como se estivesse envergonhado. – Não vou acabar com nada, mas vou tentar levar um pouco de dignidade a elas.

– Você esta decidida mesmo?

–Bill, escuta por favor! – eu segurei seu braço.

–Escutar o que? – ele gritou e de desvencilhou do meu toque.

–Esse é o meu sonho, como você tem o seu. - eu disse a ele elevando o meu tom de voz - Eu desisto do meu e você do seu.

–Mas o meu não sacrifica ninguém. – ele gritou mais uma vez.

–Tem certeza disso? – eu perguntei a ele, sem gritar dessa vez, tentando manter a calma - O que eu fiz esse tempo todo da minha vida?

–Quero que fique. – ele ordenou, sem me ouvir.

–Quero que me espere. – eu pedi a ele.


O telefone da suíte tocou, Bill atendeu e quando desligou, murmurou:


– O taxi esta esperando.


–Preciso ir. – eu o olhei, vendo Bill se virar e andar em direção a porta. – Bill! - eu o chamei e corri e bloqueei a passagem. - Não faça isso!

– Saia de minha frente. - Havia uma forte determinação na ordem dele, mas não me movi, recusei vê-lo partir sem terminar aquela conversa, mesmo sabendo que ela não terminaria bem.


– Se você me amasse, esperaria por mim. – eu joguei minha última carta, certa ou errada, não sabia mais o que fazer. - Isso não pode acabar assim! - eu disse amargurada com as lágrimas prontas a desabar e por um momento pensei em desistir.



Bill deu mais um passo e girou a maçaneta, tirando-me de seu caminho, me encarando, com o rosto molhado em lágrimas:


–Kate, se você for não serei mais nada seu. Agora a escolha é sua!

Postado por: Grasiele

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