sábado, 29 de setembro de 2012

Sempre Sua! - Capítulo 31 - Inteiramente sua.


– Minha cabeça... – eu gemi abrindo os olhos devagar - ... dói muito.
–Shhh... não fale. – a voz suave me alertou – Tente não ficar agitada.
–Vou medicá-la novamente. – ouvi outra voz muito longe.
Eu tentei abri meus olhos, em vão. Eles fecharam-se pesadamente e uma leveza tocou o meu corpo, como se eu flutuasse... Tudo apagou novamente.


...
De repente acordei assustada com o meu próprio gemido. Passei os olhos pelo quarto e não o reconheci. Tudo era muito branco com janelas amplas. Um imenso silêncio. Onde ela estava?
– Onde estou? – eu sussurrei tentando me mover na cama, não conseguindo devido à dor de cabeça. – Deus, minha cabeça.
– Vou pedir para alguém lhe dar um sedativo. – a voz melosa voltou a soar quebrando o silêncio.
Não demorou muito para que um rosto de uma mulher de trinta e poucos anos aparecesse no meu campo de visão e sorrir.
– Vou aplicar outro sedativo. – ela disse amável.
–Quem é você? – eu perguntei confusa.
–Sônia. – ela respondeu.
–Sônia... não conheço. – ela colocou o remédio em minha boca e o bebi com um pouco d água.
–Ela esta cuidando de você – outra voz falou do meu lado direito e virei minha cabeça lentamente em sua direção e o vi.
–Dean?
–Pelo menos você me reconheceu. – ele brincou se aproximando da cama.
–O que faz aqui? – tudo era tão lento em minha mente – Isso é o um sonho?
Dean abriu um sorriso maravilho e amplo, iluminando o escuro quarto em que eu me encontrava deitada, segurando minha mão com a sua, ele a ergueu e a beijou.
–Você sofreu um acidente.
– Acidente? – eu franzi a testa – Não me recordo.
–Você foi encontrada desmaiada na escada de seu prédio. – Dean explicou.
– Não me lembro de nada. – eu fechei meus olhos
– Segundo um rapaz, funcionário do prédio, ele estava fazendo a limpeza daquele andar, quando ouviu um grito, correu para ver o que era e encontrou você desmaiada.
– Acho que preciso de um tempo para me lembrar.
–Tudo bem. - Dean passou a mão no meu rosto segurando ainda minha mão. – O importante é que você esta bem.
– Desculpe a preocupação. – eu tentei sorrir
– Ficamos preocupados com você nesses dias em que permaneceu desacordada.
–Nesses dias?
–Cinco dias. – Dean disse. – Mas o médico disse que você acordaria confusa devido à forte pancada na cabeça. – Seu rosto parecia cansado, como se não tivesse dormido por várias noites. – Sua tia foi para casa pegar mais roupas para você, foi a primeira vez que a vi chorar, não conte a ela que lhe contei isso. – Ele sorriu.
–E Bill? – eu perguntei vendo Dean o sorriso morrer em seus lábios e baixar os olhos
–Ligou todos os dias. – ele informou – Mas não pode vir até o hospital.
–Entendo. – eu apenas disse suspirando fechando meus olhos.
–Não, não entende. – Dean falou – Aquelas garotas atacaram novamente – eu abri meus olhos e o olhei e ele continuou – Elas acabaram com o carro de Gordon e não satisfeitas passaram a segui-los por todos os lados.
–Você sabia? – eu perguntei
– Não. – Dean respondeu. - Ele me contou tudo ontem por telefone. Mas, agora todos sabem da perseguição, elas estão famosas, sendo entrevista pelos urubus da imprensa.
– Tinha certeza que você não sabia, pois teria contato. – eu confessei.
–Será? - Dean sorriu sem graça - Você sabe muito bem como é amar alguém mais do que a si mesmo, sabe do que somos capazes para defender e proteger.
–Mentindo?
– Eu faria se fosse preciso, você não?
Mordi meu lábio e desviei meus olhos, e nada respondi.
–Bill quis vir até aqui todos os dias. – Dean o defendeu - Mas, foi impossível. – E disse por fim. - Ele esta muito preocupado com você.
–Também estou muito preocupada com ele. – Eu mordi o canto da boca, tentando conter minha emoção. – Você acha que as stalkers são as responsáveis pelas cartas anônimas?
– Não sei. – Dean respondeu – O que eu sei ao certo é que elas já passaram do limite e precisam ser detidas antes que machuquem alguém de verdade.

O celular de Dean tocou e apressadamente o atendeu.
– Bom dia. - ele sorriu me olhando. - Pergunte pessoalmente a ela.
Ele estendeu o braço e olhei para o pequeno aparelho em sua mão, pegando-o.
–Alô? -
Finalmente você acordou.
Bill. – eu fechei os olhos e suspirei ao ouvi-lo do outro lado da linha, esquecendo por um breve momento sua mentira.
Não tem noção o que eu passei todos esses dias. – A voz dele soou áspera e emocionada. - Um inferno... Quase enlouqueci.
Por mais triste e ressentida que eu estava com ele, o tom que ele usava para falar, ainda me deixava zonza.
Estou bem. – eu o acalmei - E você como esta?
Agora que acordou, muito melhor. –– ele disse - Quero te ver.
– Bill acho melhor não se arriscar - eu o alertei - Dean me disse que amanhã posso ter alta, vou para casa da minha tia, será um pouco mais fácil.
Eu preciso...muito!
–Estou bem. – eu disse – Não quero que se arrisque pelo menos por enquanto.
–Estou cansado disso tudo. - ele parecia angustiado toda aquela situação - Precisamos resolver isso. - sua respiração falhou no outro lado da linha – Preciso estar com você.
– Dean me contou sobre Gordon. – eu continuei - Eu terei alta logo e poderemos conversar com mais tranquilidade.
Esta bem.– Bill suspirou do outro da linha. - Descanse primeiro. – ele disse num tom baixo, quase não consegui ouvi-lo - Falaremos depois.
Cuide-se!
Kate. – ele soprou meu nome
–Hum? – quase não consegui responder
– Te amo... Nem sei o quanto.

A ligação foi encerrada.

– Você precisa dormir. – Dean disse ao me ver massagear a têmpora.
– Já dormi por cinco dias.
– Não foram suficientes.
– Tem razão. – eu olhei para fora da janela – Suficientes seria se eu dormisse até que esse pesadelo tivesse um fim.

A enfermeira entrou no quarto, aproximou da cama e com uma seringa injetou algo em meu soro, algo que depois de alguns minutos me fez adormecer e esquecer por um instante quem eu era e onde estava. A única lembrança que permaneceu em minha mente, foi o rosto de Bill.


......


“Linda” – Foi o pensamento que surgiu na mente de Dean enquanto observava Kate dormir.
– Você sabe muito bem como é amar alguém mais do que a si mesmo, sabe do que somos capazes para defender e proteger.
–Mentindo?
– Eu faria se fosse preciso, você não?

– Faria qualquer coisa por você se fosse preciso. - Dean passou os dedos no rosto de Kate que dormia profundamente, sorriu ao olhá-la, sofria por ela, se pudesse levaria para longe e a faria esquecer tudo o que a deixava triste e magoada.
Mas, não podia. Não por ele e sim... Por ela.
Olhando-a com um imenso amor, se inclinou e debruçando-se sobre o seu corpo adormecido, a beijou.
–O que esta fazendo? – a voz acusadora o assustou.
–Hum? – Dean olhou para a garota dos pés a cabeça – Quem é você?
–Você a beijou na boca? – A pequena figura parecia perplexa e assustada. – O que significa isso?
– Quem é você? – Dean repetiu apertando o botão verde ao lado da cama para chamar a enfermeira.
– Não posso ter me enganado. - A garota saiu do quarto correndo e esbarrou na enfermeira que entrava.
– Ei! – a enfermeira olhou feio para a garota enquanto a via correr pelo corredor. – Que bicho a mordeu?
–Eu não sei. – Dean a olhou sem entender – Nem sei quem é essa louca.
–Ela veio visitar Kate. – a enfermeira informou - Vou verificar o registro na portaria. Acho que posso conseguir o nome dela.


Dean agradeceu e quando a enfermeira deixou o quarto, voltou seus olhos para Kate que continuava dormindo tranquilamente, seu rosto estava sereno, e a mancha roxa na testa estava ficando amarelada e menos assustadora. Os exames naquele dia diaguinosticou que ela não havia sofrido nenhum trauma e que agora ela só precisava repousar por alguns dias.

Sobre a falta de memória daquele dia, o médico foi categórico, isso poderia demorar algum tempo e ninguém deveria forçar. No outro dia à tarde, Kate teve alta e foi levada para casa de Tia Abby.


...


– Boa noite, Abby.
– Boa noite? – Abby abriu a porta após ter escutado a campainha de sua casa. – Bill?
– Dean me ligou dizendo que Kate teve alta e veio para casa.
–Não te reconheci com esse monte de roupa. – A tia olhou Bill da cabeça aos pés. – Este disfarçado dessa forma para despistar as psicóticas que estão no seu pé?
Bill apenas olhou para Abby, ignorando a pergunta sarcástica.
– Tomara que as tenham despistado, não quero elas aqui na porta da minha casa fazendo baderna e estragando a recuperação da minha sobrinha.
–Não se preocupe.
–Impossível o que me pede. – Abby respondeu séria dando um passo a direita e o deixou entrar. – Kate esta no meu quarto.

Bill entrou na imensa sala de estar e alcançou a escada para chegar ao quarto onde Kate estava. Quando parou na porta, viu Kate deitada na imensa cama, adormecida e ao seu lado sentado em uma cadeira a observando, Dean.
Ele ficou parado observando aquela cena. Por mais que tentou, não conseguiu que a tristeza o atingisse e que a inveja e o ciúme o dominassem. Inveja por que era ele que devia estar ali sentando ao seu lado velando pelo seu sono e ciúme em ver os olhos apaixonados que Dean a observava, tão compenetrado que só foi perceber a presença de mim, depois de alguns minutos.
–Ela acabou de dormir. – ele se levantou e foi até Bill e lhe estender a mão.
– Que pena. – Bill retribuiu e lhe apertou a mão, seguindo para perto da cama.
– Ela não queria dormir, mas os remédios foram mais fortes.
Bill esboçou um leve sorriso, ajoelhou-se ao lado da cama, acariciou seu rosto, depois encostou a ponta de seu nariz bem feito no dela, com cuidado beijo-lhe os lábios e permaneceu na beirada da cama por quase quinze minutos apenas com a mão sobre a de Kate.
Quando Dean voltou ao quarto, Bill se levantou e olhando para a namorada ainda adormecida.
– Estou seguindo para Los Angeles. – Bill avisou – Já adiamos duas vezes nossa ida por causa das stalkers.
–Sim, meu pai me disse. – Dean respondeu a Bill. – eu chegarei amanhã à noite em Los Angeles.
–Nos vemos amanhã em seu estúdio. - Bill disse a Dean e logo em seguida juntou seu corpo ao de Kate e mais uma vez a beijou – Avise a ela que assim que eu chegar eu ligo.

Bill saiu do quarto descendo as escadas, quando segurou a maçaneta da porta, à voz o fez parar e virar.
– Já vai? – Bill virou-se e viu o sorriso de desdém nos lábios venenosos de Abby.
–Sim, estou indo para Los Angeles. – Bill explicou.
–Você arriscaria a causa da queda de Kate na escada? – A tia de Kate perguntou, sem rodeios.
–Não. – Bill respondeu - O que sei é que os elevadores não estavam funcionando, ela seguiu pela escada e depois não se lembra de mais nada.
– Vocês brigaram nesse dia? – Abby ergueu uma sobrancelha - Foi nesse dia que sua mãe foi atacada pelas garotas que o perseguem, não foi?
– O que esta tentando insinuar, Abby?
–Não estou insinuando. E sim, afirmando.
–Esta me culpando pelo acidente?
–Sim. – Abby era amargamente e friamente direta e reta - Tenho certeza que Kate passou mal por tudo isso que esta acontecendo com você e a sua família. Minha sobrinha é frágil, delicada e sem maldade. Não é acostumada com esse tipo de pessoas que escondem o rosto numa entrevista de televisão como se fossem fugitivas perigosas. – A tia de Kate deu um passo a frente - Já pensou o perigo que ela corre se uma delas descobre a verdade sobre vocês. - Levantou o dedo indicador e apontou para o rosto de Bill - Se alguma coisa acontecer a ela, a culpa será toda sua... Inteiramente sua.
– O que você quer que eu faça? – Bill olhou para o dedo que era apontado para ele e depois para os olhos raivosos de Abby.
– Não sei afinal o menino prodígio aqui não é você? – Abby deu um sorriso cínico – A cabeça pensante da famosa banda Tokio Hotel?
– Era tudo o que você queria: o caminho livre para Dean. - Bill disse firme.
–Não envolva Dean nisso. – o sorriso morreu nos lábios da tia - Mas já que envolveu, seria formidável.
A ameaça contida no tom de voz a deteve, mas ela não se virou
Bill queria dizer poucas e boas para aquela megera, porém não adiantaria nada e apenas aumentaria o ódio que ela sentia por ele. Preferiu engolir todas as palavras e limitar-se em balançar a cabeça e passar por ela, seguindo pelo corredor do imenso jardim e entrando no carro que o esperava para levá-lo ao aeroporto.




...


– Seu estúdio de mixagem é perfeito. – eu abri um imenso sorriso ao entrar em uma sala com uma mesa gigante, cheia de botões.
–Não acredito que desobedeceu a sua tia e veio para Los Angeles. – Dean ignorou minha alegria - Onde estava com a cabeça quando fiquei do seu lado nessa loucura.
– Eu tinha que vir. – eu o olhei – Preciso esclarecer muitas questões com Bill e se deixasse isso passar mais um dia ficaria louca.
–Vai perdoá-lo?
–Temos muito que conversar antes disso. - eu suspirei pensando que a nossa conversa seria longa e muito difícil.
–Quero só ver a cara dele quando chegar e te ver. – Dean sorriu olhando para o relógio caro em seu pulso. – Eles já estão atrasados.
– Sei que ele vai adorar a minha surpresa. – eu disse pegando um violão que estava num canto da sala e dedilhando emitindo um som horrível e desafinado.
– Ainda bem que você é milionária e não precisa tocar violão para sobreviver. – Dean brincou tirando o instrumento das minhas mãos.
–Eu poderia aprender. - Eu vi Dean correr seus dedos nas cordas enchendo a sala com um som agradável - Você sabe tocar?

Dean sentou no sofá preto de coro e bateu com a mão ao seu lado para que eu sentasse. Posicionou o violão em seus braços, pegou algo metálico em cima da mesa, deslizou seus dedos pelas cordas e começou a cantar com um lindo sorriso nos lábios:

Se Você Ver Kate
A primeira vez que eu a vi ela estava em pé na fila
Segurando um livro sobre signos compatíveis
Eu deveria ter falado com ela
Eu deveria ter tentado
Mas eu estava sem fôlego pelo olhar em seus olhos

Ela se apresentou como Kate e eu respondi
Bom te conhecer, foi amor a primeira vista
Eu fiquei animado
Eu perdi a cabeça
Eu perdi o número dela que dizia "Vamos curtir um pouco"

Se você ver a Kate
Diga a ela que eu estou a sua procura
Ela é tão legal
Essa garota está na minha cabeça

Eu vi a amiga dela que estava na fila aquele dia
Eu precisava dizer para ela como eu me sentia a respeito da Kate e ela disse,
Tire-a da sua cabeça
Ou continue apaixonado
Eu a tenho visto fazer isso com homens

Milhares de vezes


Ela tinha uma recitação para espalhar seu amor
E todos os lugares que ela ia
Kate atraía uma multidão
Isso não me incomoda
Foi isso o que eu disse
Porque eu não consigo tirar essa garota da minha cabeça

Se você ver a Kate
Diga a ela que eu estou a sua procura
Ela é tão legal
Essa garota está na minha cabeça

Garota você é uma estrela
Brilhando como o sol
Sussurrando no meu ouvido
Você amplia meu horizonte

Fique comigo e vamos fazer deste o dia mais longo
Derrame-se na minha boca
Eu amo o seu gosto
Colocar você firme
Isso parece tão certo

Garota eu só quero ser o escolhido.


Quando Dean finalizou a música, eu levantei meus olhos do violão, encontrei seu rosto sério, ele me encarou com os olhos brilhantes, e muito devagar foi se aproximando, baixando os olhos para os meus lábios e quando percebi o que ele pensava em fazer, meu sorriso morreu, meu corpo ficou tenso e entreabri meus lábios para adverti-lo.


Ele parou próximo do meu rosto. Não dissemos nada, apenas nos olhando. Tentei dizer algo, mas não consegui, pois o som das palmas, vindo na direção da porta do estúdio, não permitiu.


Postado por: Grasiele

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Arquivos do Blog