sábado, 29 de setembro de 2012

Sempre Sua! - Capítulo 41 - J de... Jill!


Confirmei com a cabeça. Bill pegou minha mão e saímos juntos do estúdio, seguimos para a sala de estar, onde Tom estava sentado no sofá, fumando.


– Puta que pariu, o que tem pra falar que não podia esperar? – Bill perguntou com raiva para o irmão.
–Oi, Kate! – Tom ergueu os olhos ignorando a pergunta de Bill e me cumprimentado.
–Oi,Tom! – eu respondi tímida escondendo-me atrás de Bill.
–Tom? – Bill chamou o irmão impaciente.
–Isso estava no vidro do seu carro, na garagem de casa. – Tom pegou o envelope rosa e sacudiu no ar, entre seus dedos. – É da sua fã e o que mais me chamou atenção, foi o que ela escreveu fora do envelope.


Bill andou em passos largos até Tom e com um puxão brusco tirou o envelope do irmão, voltou para o meu lado e só então ergueu e leu o que estava escrito o lado de fora do envelope.

Eu ia matá-la!

Bill leu em voz baixa, depois ergueu seus olhos, primeiro olhou para Tom e depois seus olhos assustados e cheio de medo parou nos meus, que não estavam diferentes dos dele.
Desdobrou-o e também leu em voz alta.

Fui atrás da garota errada, por pouco não fiz uma grande besteira... Mas, estou aqui, AINDA!
J.

– A palavra ainda esta em letra maiúscula e sublinhada várias vezes. – Bill sorriu triste, sem levantar seus olhos .
–Ela assinou diferente dessa vez. – Tom disse pegando o bilhete da mão de Bill.
–A primeira vez que ela colocou esse “J.” com assinatura. – Bill respondeu ao irmão. - Fui atrás da garota errada? - Bill repetiu o trecho do bilhete com o olhar distante, como se quisesse entender o que ela dizia. - Eu sabia que ela desconfiava que eu estivesse envolvido com alguém, o cabelo com sangue da Kate...
–Meu cabelo com sangue? - eu olhei para Bill assustada, o interrompendo. – Essa menina tinha um pedaço do meu cabelo?
–O cabelo era seu, mas o sangue era de um cachorro.
–Não acredito! – eu fechei os olhos, aquilo era aterrorizante, existia uma pessoa, da qual eu não conhecia, mas que estava tentando me matar, uma garota chamada J. – J! - algo estalou dentro do meu cérebro e tudo veio nítido em minha mente e cambaleei. – J! – eu repeti e um nome apareceu claro. – J de... Jill!
–Jill? – Tom perguntou virando em minha direção.
–Sim, Jill – eu repeti fechando meus olhos tentando contem o bolo que formava em minha garganta, uma náusea, uma tontura, eu desmaiaria.
–Quem é Jill? – Bill perguntou se aproximando tocando em meu ombro, segurando-me para não cair.
Então, abri meus olhos, o olhei e respondi.
– Minha vizinha.
Foi a vez de Bill fechar os olhos, apertou meu ombro e empalidecer.
–Su..sua...
– Minha vizinha. – Bill tentava falar, mas não conseguia, estava nervoso e seus lábios tremiam. Agora tudo fazia sentido - Preciso ir para o meu apartamento, Tom preciso de uma carona.
– Essa louca é sua vizinha. - Bill segurou meu braço com força - Não vai embora...não vai ficar sozinha...não vai.
–Preciso fechar esse quebra-cabeça. – eu disse segurando sua mão e massageando para acalmá-lo. – ela não mora mais no meu prédio, não é mais a minha vizinha. – eu disse – Eu tenho que saber de tudo e depois temos que ir até a policia.
–Não vai sozinha, vou com você. – Bill disse.
–Não. – eu balancei a cabeça, tentava me manter calma. - espere eu entender melhor o que aconteceu, preciso ir sozinha.
–Não. – Bill foi categórico.
–Sim. - Eu fui muito mais que ele.

Felizmente o celular de Bill tocou e a voz de Simone tomou todo o estúdio do outro lado da linha, ele se afastou para falar com a mãe e depois de alguns minutos, apenas falou um “sim” quase inaudível como resposta e desligou.
–A mãe quer nossa ajuda. – Bill disse mal humorado para Tom.
–Porra, esqueci que ela me ligou, ela comprou nossos ternos e quer que experimentemos. – Tom disse passando a mão na testa. – Temos que ir.

Por algum tempo o estúdio ficou em silêncio.

–Você vem para o casamento da minha mãe amanhã? – Bill me perguntou por fim, quebrando o silêncio.

–Sim. – eu respondi balançando a cabeça deixando escapar um sorriso - Por favor, vai ajudá-la, ela deve estar nervosa precisando dos dois filhos ao lado dela nesse momento tão importante. – andei até o Bill com um sorriso fraco, fiquei de ponta de pé e rocei meus lábios nos dele. - Creio que o pior já passou, tudo vai dar certo.

“Eu acreditava mesmo nisso?”

Dei um beijo demorado em Bill, nos envolvemos num abraço gostoso e aconchegante e depois discretamente saímos do estúdio. Por fim decidimos que eu pegaria um táxi, um dos Kaulitz parado na porta do meu prédio não era um bom plano.


No caminho para casa pareceu infinito, minha agonia quase me sufocava, meus dedos tremiam, minha cabeça trabalha a mil por hora. Sai do carro quase que correndo, bati porta do táxi e segui para a entrada do meu prédio, Klaus me recebeu com um sorriso enorme.
–Graças a Deus que é seu plantão hoje. – eu disse a ele.
–A senhorita esta bem? – Klaus me perguntou vendo meu semblante assustado – Sua tia esteve aqui.
–É? – Não tinha tempo agora para Tia Abby – tenho certeza que foi mal educada com você e por isso já peço desculpas.
–Tudo bem um dia ainda ela tropeça e ... desculpa. – Klaus pigarreou e se desculpou. Afinal ela ainda era minha tia.
– O apartamento da Jill era alugado? – eu fui direto ao assunto, aquilo tinha que ser desvendado logo e não aguentava mais esperar.
–Sim, era. – ele respondeu.
–Já foi alugado?
–Não
–A chave esta aqui na portaria? – eu perguntei me aproximando da guarita e abaixei o meu tom de voz.
–Sim, mas só com a presença da imobiliária as visitas são autorizadas.
–Klaus! – eu respirei fundo – sei que você é a pessoa mais honesta desse mundo, não leve a mão, não é nada pessoal, mas quanto você quer para me dar chave por dez minutos?
–Senhorita Kate eu...
–Por favor, é muito importante. – eu me aproximei mais e toquei em sua mão - Por Favor.
Ele olhou para os dois lados da guarita, entrou e pegou uma chave com um chaveiro pequeno com a cabeça de uma caveira e de forma discreta colocou em minha mão. – Que isso fique entre nós dois.
Eu sorri para ele e apressei meus passos até o hall apertando o botão do elevador três vezes seguido, e quando chegou e a porta abriu, segui para o andar onde Jill morava e devagar, sem fazer barulho enfiei a chave na fechadura e a rodei. Abrindo a porta devagar.
– Não pode ser! - eu coloquei minhas duas mãos na boca e meu coração parou.

Todas minhas dúvidas foram respondidas.


Aquilo era mais difícil do que imaginava, meu sangue se esvaziou do meu rosto, tentei não desabar, minhas pernas estavam bambas, meu coração batia com violência, tinha a impressão que meu corpo iria entrar em convulsão, meus olhos estavam arregalados e chocados.
–Meu Deus!
A parede da sala não tinha mais espaço para escrever Bill e conforme eu andava pelo enorme apartamento, percebi que não tinha mais espaço para escrever mais nada, era Bill pelo espaço todo.
Jill havia pichado o nome de Bill por todas as paredes do apartamento. Todas até no banheiro.
Fechei o apartamento correndo e peguei o elevador, que ainda permanecia parado no andar.
–Klaus, a imobiliária fez a vistoria no apartamento? – eu perguntei sem fôlego quando cheguei novamente na guarita.
–Nem me fale! – o porteiro fez uma careta – Ficaram uma fera. Parece que o pai dela, que é responsável pela locação já contratou pintores para tirar a pichação.
–Por favor, se por acaso você ver o pai dela por aqui, me ligue. – eu falei - Isso é muito importante! –pequei um pequeno papel e uma caneta dentro da minha bolsa e escrevi meu celular e entreguei a ele.
– A imobiliária tem uma visita com o pai da Jill no fim da semana que vem, por que se o imóvel não estiver com as paredes limpas, a multa será altíssima.
–Por favor, me ligue assim que ele chegar à portaria, ou tente pegar o telefone dele.
–Como farei isso? – Klaus me olhou assustado.
–Não sei, preciso da sua ajuda. – eu estava desesperada e falar com o pai da Jill era tudo o que eu precisava. - fale que é amigo da filha dele
–Eu, daquela estranha?
– Klaus, por favor! - eu pedi pela última vez quase caindo no choro - Fui na imobiliária e ela se recusou a dar os dados da família.
–Tudo bem, Kate. – ele sorriu percebendo – faço isso por você.
–Muito obrigado. – eu retribui o sorriso e segui para hall pegando o elevador subindo para o meu apartamento.

Abri a porta e me joguei no imenso sofá, minha cabeça parecia que tinha um coração, tinha a impressão que ia explodir e o medo ainda permanecia em minhas veias.


“Ela estava tão perto... Muito perto!”


Subitamente, desejei que meus pais estivessem vivos. Seria tão bom deitar no colo de minha mãe e sentir os dedos grossos do meu pai em meus cabelos dizendo para que eu me acalmasse.
O pensamento me deixou triste, lágrimas rolaram pelo meu rosto, com o meu corpo dolorido, levantei e fui até a cozinha preparar um chá, tomei com um calmante leve para dormir, deitei em minha cama, sem tirar minhas roupas e em poucos segundos, adormeci.


....


O dia amanheceu bonito e ensolarado na Alemanha. Um dia perfeito para um casamento. Eu me sentia muito melhor e muito mais disposta, meu coração que estava pesado demais desde a noite anterior, pareceu estar mais aliviado.
Em um pulo sai da cama, corri para o banheiro, tirei minhas roupas, abri o chuveiro e tomei um banho demorado.
Vesti um vestido azul claro, muito discreto, acima do joelho. Fiz um rabo de cavalo e coloquei uma sandália de salto, não muito alta e segui para o casamento de Simone e Gordon, que finalmente oficializariam aquela bonita relação.

Cheguei ao local em quinze minutos, já havia algumas pessoas, procurei por Bill, depois de alguns segundos, os avistei, ao fundo com Tom, mantive distante dos dois, os Kaulitz estavam diferentes, de terno branco e engomadinhos, Simone havia vencido a batalha em vesti-los com elegancia.
Sentei em uma cadeira distante e quase na saida da enorme tenda montada para a cerimônia. Não podia ficar ao seu lado, mesmo querendo muito. Bill estava na primeira cadeira da primeira fila.
O órgão come­çou a tocar, a cerimônia iniciou e foquei o casal a minha frente, Simone e Gordon estavam felizes e a todo momento seolhavam e Simone sempre que podia olhava para os seus gêmeos, que sempre retribuiam o sorriso da mãe.
E as palavras começaram a serem ditas, baixei meus olhos ouvindo-as e quando os levantei novamente, nossos olhos se encontraram e percebi que seus lábios se mexeram como se quisesse sorrir, mas não podia.
Bill me olhava sob o ombro, para não dar nenhum motivo de falatório, desviei meus olhos para o casal a minha frente e não os desviei mais, mas pude perceber que ele sempre virava um pouco o rosto, para me olhar.

A cerimonia foi linda e rápida mas emocionou a todos e assim que terminou, eu me levantei antes que todos deixando a tenda dirigindo-me para a saída, por um caminho diferente que todos os convidados fizeram, queria ir embora antes que todos, para evitar qualquer contato com Bill.

Só viemos conversar mais tarde, na casa da avó do Bill, onde foi servido apenas um almoço para os familiares mais íntimos, eu estava sentada na cozinha sozinha com um copo d água em mãos, quando senti seus lábios em meu pescoço, seus braços envolveram minha cintura, trazendo meu corpo para junto ao seu.

Não disse nada, apenas colocou o queixo em meu ombro.

– No que esta pensando? – eu perguntei depois de um bom tempo que estávamos em silêncio.
– Você nesse vestido, seu corpo ficou incrível nele. – ele respondeu beijando de leve meu pescoço.
– Meu corpo? - ele acariciou meus ombros e roçou a ponta de seu nariz em minha nuca. - É só isso que quer de mim? - eu brinquei, ouvindo um sorriso rouco e depois uma leve mordida em meu lóbulo.
– Eu quero qualquer coisa... Qualquer migalha que queira me dar. - Bill confessou tocando seus lábios quentes e úmidos em minha pele - Acabo de admitir e creio que foi o pior erro de minha vida ficar longe de você, sou seu escravo para sempre e deixarei que faça comigo o que quiser. Ficarei feliz apenas em sentar aos seus pés e te admirar, se isso for o que quer que faça.
– Cuidado com o que diz... - comecei a caminhar, afastando-me de Bill, seguindo para sala. – Posso exigir essa massagem mais tarde.
– Aonde você vai? — Bill me olhava inquieto.
–Não vou fugir apenas pegar algo para beber. – eu respondi.
–Sente-se eu pego algo para você, amor.
–Hum... aquele lance de ser meu escravo. - Meus olhos encontraram os seus, com uma promessa de uma noite longa e promissora.

Bill voltou para a cozinha, com duas taças com Châteauneu du Pape em mãos e parou na porta quando viu que eu estava no celular com a testa franzida. Manteve-se distante enquanto conversava e quando eu desliguei, ele se aproximou oferecendo a taça.
– Quem era? - ele perguntou sem tirar os olhos do meu.
–Tia Abby apareceu.
–Ressurgiu das trevas? – ele disse sério e depois não aguentou e sorriu maravilhosamente.
Fixei meus olhos em seus olhos e depois em sua boca, ainda bem feita pelo sorriso, aquele rosto moldado parecendo que havia sido esculpido.
– Eu te amo. - eu simplesmente disse a ele, fazendo-o fechar o sorriso imediatamente.
– Tem noção o que provoca em meu coração ao escutar isso de seus lábios?

Bill enlaçou seu braço em minha cintura e baixou seu rosto, beijando-me sem resistência alguma, sua língua não se apoderou apenas de minha boca, ela tomou tudo o que quis, minha respiração, minha alma, minha sanidade...Tudo!
Entreguei-me a Bill sem reservas e ouvi seu gemido sufocado quando o abracei e também exigi tudo o que era meu... Outro gemido e tínhamos que sair dali, logo.
Estava quase saindo de órbita quando o meu celular tocou. Ainda nos beijamos por alguns segundos antes de me separar e pegar o aparelho em minha bolsa e atender.
Foi inevitável fazer uma careta antes de dizer: Alô!

–Tudo bem! – foi a única frase que consegui dizer antes de desligar a ligação.

Bill pegou o celular da minha mão, o desligou e o jogou novamente dentro da minha bolsa. Sentando na cadeira e colocando-me em seu colo, encostando minha cabeça em seu peito.
– Isso será como um novo início para nós, amor. - Bill sussurrou com ternura, acariciando meus cabelos com seus dedos magros.
– Um novo início. Eu gosto de como isso soa... - murmurei de volta, erguendo-me, buscando seus lábios para mais um beijo.
– Nunca deixarei que saia do meu lado — as pontas de seus dedos desenhou o contorno dos meus lábios. — Nunca!
–Precisarei sair do seu lado, pelo menos por enquanto.. – eu disse levantando do seu colo. – Tenho que ir embora.
–Agora? – Bill franziu a testa.
–Tia Abby tem...
–Kate! – Bill disse bravo.
–Bill! - Eu repeti a entonação na voz dele ao chamá-lo – Surgiram alguns problemas de herança, sem minha assinatura, muita papelada ficará parada e instituições deixarão de ser ajudadas.
–Amanhã eu...
–Ficarei alguns dias fora, na Califórnia. – eu o cortei, percebendo a insatisfação em seus olhos.
– Daqui uns dias, eu irei para a África do Sul gravar o vídeo de Automatisch.
– África do Sul? – eu perguntei sorrindo para ele.
–Sim. - ele disse triste - Não quero ficar longe de você!
–Também não quero ficar longe de você. - Eu me aproximei, enlacei meus braços em volta de seu pescoço, beijando-lhe a testa, as pálpebras e a boca por fim.
– Venha comigo para a África? - ele pediu emoldurando meu rosto entre suas mãos.

Eu ergui meu olhar e em vez de responder, eu apenas o abracei e parti.

Postado por: Grasiele

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