sábado, 29 de setembro de 2012

Sempre Sua! - Capítulo 37 - Atrás de Jill.


– Kate, você tem certeza do que esta dizendo? – Dean segurava minhas mãos, tentando me acalmar.
–Ela estava na escada comigo. – eu confirmei, balançando a cabeça freneticamente - Mas sobre o empurrão, não tenho tanta certeza. – meus lábios e mãos tremiam - Posso jurar que... Eu senti duas mãos em minhas costas. – Olhei para Dean apavorada. Ele me olhava sem dizer nada. Talvez ainda não acreditasse no que eu estava falando - Nos meus sonhos, alguém sempre me empurra. – eu fechei os olhos, forçando minha mente a pensar naquela tarde. Eu tinha que lembrar. - Estou tão confusa.
–Fique tranqüila. – Dean soltou minhas mãos e sentou mais perto do meu corpo segurando minha nuca , trazendo minha cabeça com carinho para junto de seu peito, seus dedos entraram em meus cabelos e fazia carinho, enquanto tentava me acalmar:
– Eu estou aqui com você.– ele começou a me embalar como se eu fosse um bebê.
– Por que ela fez isso? - Eu perguntei, ainda deitada em seu ombro, quando consegui por um momento me acalmar.

–Não sabemos ao certo se ela te empurrou. Isso pode ter sido apenas um sonho. – Dean beijou minha têmpora.

–Não se torture. – ele sussurrou em meu ouvido. – Aos poucos você vai lembrar.

Eu ergui minha cabeça dos ombros dele, e o olhei, seus dedos tiraram os fios de cabelos que estavam em meu rosto, seus lábios beijaram a ponta do meu nariz. Ele se afastou sem tirar os olhos azuis dos meus, suas mãos tocaram meu rosto e o trouxe para perto do seu, um beijo foi dado em minha testa, logo em seguida em minha bochecha, queixo, pescoço e em meu ombro.
–Dean...
–Kate não consigo mais esperar. – uma de suas mãos abandonou minha nuca e alisou minha camisola de seda, sua respiração acelerou, como se ele pudesse sentir a minha pele através dela. - você esta em meus braços, tão frágil e com essa coisa...curta e transparente. Não me peça para esperar, não mais. Por favor...

Seus dedos desceram para minha nuca e massageando-a. Fechei os olhos e uma confusão de sentimentos, me dominou. Sua boca beijava meu pescoço e seus dedos apertavam minha cintura com desespero, seus lábios morderam de leve meu queixo e quando ele avançou em direção a minha boca, eu o afastei.
–Espere... por favor. – eu supliquei.
–Ele não te quer mais, não faz mais parte da vida dele. – Dean pegou meu rosto entre as mãos e me fez encará-lo - Eu só quero uma chance! - ele segurou em minha cintura e sem sacrifícios me colocou em seu colo.


–Tudo bem... – eu elevei meus olhos e o encarei. - mas não force nada. Não me force a tomar uma decisão, da qual ainda não estou preparada. – Ele soltou todo ar preso em seu peito. Dean me conhecia demais, sabia que se forçasse a situação seria um modo errado de conquistar o que ele tanto queria, se me pressionasse eu ficaria mais confusa, então parou e apenas me deu um beijo terno na testa.
–Só mais um pouco. Depois você será minha e terá que esquecê-lo. - Ele segurou minha cintura e me levantou, colocando-me em pé ao lado da cama . – Vá se trocar.
– Por quê? Aonde vamos?
–Vamos saber a verdade.
–Você não quer dizer...
–Sim, vamos falar com a sua vizinha.
–Às cinco horas da manhã?
–Kate, se vista agora ou irá de camisola mesmo! – Dean deu a ordem.

Correndo coloquei uma camiseta, uma calça Jeans e um chinelo. Em passos rápidos saímos do meu apartamento em direção ao elevador, apertamos o andar de Jill e fomos em busca da verdade.
Quando a porta do elevador se abriu, sequei o suor das minhas mãos na calça jeans, respirei fundo e tentei afastar a dúvida que minara em minha mente.
Foi ela que me empurrou! - eu apenas pensava repetidamente, como um mantra.
O elevador parou, abriu a porta e descemos.

Sim, eu estava com medo, tive vontade de entrar no elevador correndo e voltar ao meu apartamento, mas se havia chegado até ali, não poderia mais fugir. Eu não podia fugir. Na verdade, estava cansada de ser essa garotinha medrosa e frágil. Eu tinha que mudar e o começo dessa mudança era, Já!
Com passos hesitantes, pisei no mármore frio do saguão, onde reinava o silêncio absoluto, cerrei os punhos, Dean seguiu pelo corredor à esquerda, na minha frente, até a porta do apartamento de Jill.
Quando ele se aproximou da porta e esticou o braço para tocar a campainha, um arrepio percorreu a minha espinha, Parei um pouco mais atrás, ofegante, consciente de que o momento definitivo havia chegado.

A campainha foi tocada. Nada.
Depois de alguns segundos, Dean tocou novamente e nada.

Mais uma vez tocou.
Na quarta vez, eu o impedi.
–Chega! Ela não quer atender ou... venha comigo.

Puxei sua mão e entramos novamente no elevador e descemos até o térreo, onde seguimos para a guarita e dessa vez, foi eu que tomei a frente ao pedir ao porteiro:
–Klaus, por favor, interfone para a Jill.
–Jill, a anã esquisita? – ele perguntou sério.
–Sim, essa mesma. – eu não pude deixar de sorrir, feliz ao saber que não era somente eu que a achava estranha.
–Ela não mora mais nesse prédio. - Klaus disse.
– O que?

Dean me olhou espantado ao ouvir meu grito.

–Você tem certeza? – eu abaixei o tom da voz.
–Sim, ela se mudou há um mês.
–Mas, eu a vi hoje.
–Sim, veio pegar algumas coisas e entregar a chave para a imobiliária.
–Ela disse pra onde foi. – Dean perguntou se aproximando da guarita.
–Não, você sabe como ela é estranha, tinha medo de conversar com ela. Nunca fui muito com a cara daquela garota.
–Droga! - eu xinguei baixo. – Não acredito! - Agradeci e me despedi de Klaus, seguimos para o hall e subimos novamente para o meu apartamento.

Estava nítido, que ela era culpada.

–Vou tentar descansar um pouco. – eu disse a Dean quando voltamos ao meu apartamento. Ele apenas sorriu e balançou a cabeça. Segui para o meu quarto e tirando apenas o chinelo, me jogando na cama.

Claro que não consegui dormir mais, eu tinha certeza que aquela garota havia me empurrado e eu precisava saber o real motivo. Quando consegui tirar um pequeno cochilo, o dia já estava claro. Sem a ajuda do despertador e de Dean, eu me levantei, tomei um banho, me vesti e seguimos até a doceria favorita de tia Abby.
Sentamos em uma mesa afastada, não queria ver e nem ouvir ninguém, minha cabeça parecia que explodiria a qualquer momento, quando a garçonete se aproximou, eu pedi um enorme café expresso com um bolo de chocolate e Dean, pediu o mesmo.

– Toda essa cafeína não faz bem - ele disse, olhando a enorme xícara a minha frente .
– No momento, a cafeína é meu vício favorito. – eu respondi, sorvendo um pequeno gole da bebida.
– Outro dia, encontrei tia Abby aqui. – Dean disse.
–Estou tentando não encontrá-la, sei que esta na França com Ferrero. – eu expliquei – e que continue por lá mais alguns meses.
– E o que pensa em fazer com Jill?
–Vou falar com Klaus, tentar falar com a imobiliária.
–Gostaria de te ajudar. – Dean tomou em um único gole o seu café - Já temos algumas músicas da banda para mixagem e minha volta para Los Angeles é inevitável.
– Bill me prometeu mostrar, não sei se ainda fará. – eu baixei os olhos para minha xícara.
–As músicas estão muito boas.
– Você volta para a Alemanha quando?

Dean se ajeitou na mesa, mas não teve tempo de responder, a voz o interrompeu.

–Que surpresa agradável.

Era só o que faltava - Foi a frase que surgiu quando meus olhos encontraram os de John.

– Oi, John. – eu o cumprimentei, ele estava elegante com uma camisa verde clara social e uma calça preta, também social, o cabelo bem penteado e o sorriso branco e insuportavelmente galanteador.
–Oi,Kate! Oi... – ele olhou para Dean fechando os olhos, como se tentasse lembrar o seu nome.
–Dean! – Eu o lembrei. - O nome dele é Dean.
–Sim, lembro dele, o rapazinho da mixagem – John sorriu, sem olhar para Dean, fixava os olhos no decote da minha blusa, minha dor de cabeça duplicou. - Posso me sentar com você. – Ele usou o singular, como se Dean, não existisse, sem ter a minha resposta, acomodou-se na cadeira ao meu lado. – Obrigado. – ele sorriu charmoso para a garçonete que colocou um prato com mini pão de queijos recheados com catupiry e uma xícara com café.

Eu e Dean nos olhamos, em silêncio. Deixando que apenas John falasse e falasse sem parar. O assunto era a banda Tokio Hotel, tudo o que eu mais queria ouvir naquela manhã desastrosa. Graças a Deus, que ele focava em Tom e seu romance promocional com a loira siliconada do Flipsyde .


– Já comeu desses pães de queijo? – John fez uma pausa nas fofocas e olhando para o pequeno pão em sua mão, me perguntou.
–Não, eu não gosto de pão de queijo. – eu respondi tentando ser educada.
–Você tem que experimentar. – John, levou o pão até a minha boca.
–Obrigada, mas não. – eu ainda tentava ser educada.
–Coma, são ótimos! – John praticamente socou o pão dentro da minha boca, então não resisti. – Ai!
–Desculpa, eu te mordi? - eu o olhei surpresa - sinto muito...por favor!

Olhei disfarçadamente para Dean, que virou a cabeça e tentava conter uma risada. Depois disso, John não demorou a terminar o seu café. Limpou os lábios, chamou a garçonete, jogou mais um pouco de charme, pagou, se levantou e antes de sair da doceria, tentou novamente.

–Quer uma carona? – ele perguntou com uma voz melosa carregada de sensualidade. – Estou indo para o estúdio.
–Não, estou de carro e não trabalho mais no estúdio e sim, no escritório de David, na cidade. – e virando para Dean finalizei - E antes, vou levá-lo para o aeroporto.
– Tudo bem. Quem sabe um dia desses eu passe no escritório. – Disse dando uma piscadela para mim.
–Avise-me antes, John. – “Para eu não ir nesse dia”

John sorriu, se despediu e deixou a doceria. Meu olhar o acompanhou até a saída, quando ele saiu do meu campo de visão, olhei para Dean, que tinha um sorriso malicioso nos lábios.

– O que foi? – eu perguntei sorrindo já prevendo o motivo daquele olhar cínico.
–Você o mordeu de propósito. – aquilo não foi uma pergunta.
–Não pude evitar. – eu respondi, corando pela minha audácia, mas adorando a sensação de ter feito algo daquele tipo.
–Você esta ficando má. – ele disse levantando da mesa, jogando umas notas para a garçonete.
–Não, não estou. - eu levantei e o abracei pela cintura - estou apenas aprendendo a ser um pouco mais esperta.

Deixamos a doceria ainda sorrindo, andamos um quarteirão até chegar ao carro. Coloquei a chave e quando eu ia ligar, meus olhos pararam no Golf verde, que estava três carros a frente do meu. Minha primeira reação foi descer do carro e correr até o carro dela, mas para ajudar o farol abriu.

– Ei...ei! - Dean gritou quando eu liguei o carro e acelerei mais do que podia.
– Jill esta naquele Golf verde!
–Jill?
–Sim. – eu disse com os olhos fixos em seu carro, em alta velocidade.
–Kate, por que não me deixou dirigir?
–Fique de olho nela.
–Kate...
–Fique de olho nela, Dean! - eu gritei - Se segure forte, pois não vou perdê-la dessa vez.

Pisei mais no acelerador, girando o volante. Dean foi lançado violentamente à direita, colocando suas duas mãos no painel para se segurar. Mordi o lábio inferior para evitar gritar com o motorista do carro que me fechou, para desviar dei uma longa derrapagem. Deixando para trás muita fumaça e um cheiro de borracha queimada.

Outro chiado dos pneus, esse foi ensurdecedor, quando virei a esquerda, sem reduzir, acelerando rua abaixo, meus olhos não enxergavam nem retrovisor e nem espelhos laterais, apenas o Golf verde que tinha aumentado também a sua velocidade.

Nunca antes tinha conduzido assim, talvez essa seria mais uma das mudanças da nova Kate, uma confiança excessiva se instalou em minha mente e pisei mais profundo no acelerador, profundo até demais, ao ponto de não conseguir controlar o carro quando tentei fazer uma curva um pouco mais fechada, e para não acertar a traseira de um FOX amarelo, eu entrei de frente num maldito poste.

– Ahhhh que droga! - eu bati no volante com força, vendo o Golf se afastar e o meu carro parar diante da cortina de fumaça branca. – Ela se foi!
Por alguns segundos, ficamos dentro do carro, calados. Ou aquela garota tinha muita sorte, ou eu tinha muito azar. Sim, era claro, que eu acreditava muito mais na segunda opção. Ainda mais, quando tentei ligar o carro e ele não funcionou.
–Que droga! - eu batia com a testa no volante. – Que droga, que droga!
–Kate, fique calma!
–Dean, não vou conseguir te levar no aeroporto, melhor chamar um táxi. – eu falei olhando fixo para a dianteira do meu carro enterrada no poste.
–Não, você esta descontrolada e prefiro perder o vôo a te deixar assim, nesse estado.
–Estou bem, vou ligar para o seguro. – eu tentei sorrir amável - Não pare sua vida por minha causa.
–Não, eu não...
–Dean, eu estou bem. – eu o interrompi. – Não vai ser um poste que vai impedir de ir atrás dessa garota.
– Kate, o que pensa em fazer?
–Vou encontrá-la. – eu disse decidida. – nem que seja no inferno!

–Estou começando a ficar com medo de você. - Dean olhou-me assustado, deu um leve beijo em minha bochecha, prometeu ligar assim que chegasse em Los Angeles e saiu do carro em busca de um táxi para o aeroporto.


Eu fiquei ali parada, com alguns olhos curiosos presos em mim. Ignorei todos. A assistência do meu seguro chegou, junto com uma viatura da polícia e depois de algumas horas perdidas, consegui finalmente chegar ao escritório.

Meu dia não estava sendo nada agradável. Agradável? Quase gargalhei. Nada agradável era muito pouco. Meu dia estava uma droga, estava sendo caótico e se transformou em catastrófico ra­pidamente quando o mecânico ligou.

Além de um belo amassado na lataria da minha BMW, meu motor estava pifado, vinte dias de “castigo” no mecânico. O seguro ofereceu outro carro, mas dispensei, minha cabeça estava avoada, eu estava nervosa enfrentar o trânsito, optei em pegar um táxi para ir ao trabalho.

No fim da tarde, com a agenda de David toda organizada, deixei o escritório e fui para o meu apartamento. Eu estava bem mais calma, mas mesmo assim não consegui comer nada, apenas tomei um banho demorado, um remédio forte para dormir e deitei embaixo da coberta querendo esquecer tudo e todos, pelo menos aquela noite.

Tudo apagou rapidamente e o meu sono foi pesado e tranquilo.



Poderia ter passado o dia seguinte dormindo, se não fosse a campainha do meu apartamento tocando incansavelmente. Levantei da cama tropeçando, assustada corri até a porta e olhei no olho mágico.

–Não pode ser! – meu coração apertou, sem demora, eu abri a porta, achando que aquilo era uma materialização de uma alucinação. – O...o que faz aqui?

Sem esperar um convite, a alucinação entrou no meu apartamento e ela mesma se encarregou de fechar a porta atrás de si.

Deixando-nos a sós...

Postado por: Grasiele

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