sábado, 29 de setembro de 2012

Sempre Sua! - Capítulo 32 - Eu vou enfrentá-la!


Quando Dean finalizou a música, eu levantei meus olhos do violão, encontrei seu rosto sério, ele me encarou com os olhos brilhantes, e muito devagar foi se aproximando, baixando os olhos para os meus lábios e quando percebi o que ele pensava em fazer, meu sorriso morreu, meu corpo ficou tenso e entreabri meus lábios para adverti-lo.

Ele parou próximo do meu rosto. Não dissemos nada, apenas nos olhando. Tentei dizer algo, mas não consegui, pois o som das palmas, vindo na direção da porta do estúdio, não permitiu.


.....









Bill! – Kate olhou para Bill assustada, ele batia palmas e tinha um sorriso triste nos lábios, ela voltou seus olhos para Dean, que também estava com um semblante assustado. – Bill...eu...
O moreno parou com as palmas e virando as costas saiu da sala de instrumentos. Kate levantou rapidamente passando por Tom, esbarrando bruscamente em seu ombro. – Bill, espere! - Bill andava rápido e ela apressou seus passos, só conseguiu pará-lo na porta, perto da saída. - Pare! – ela conseguiu segurá-lo pelo braço.
–Como eu fui cego. – ele parou, mas não se virou. – Deus, que grande idiota eu fui.
–Bill...
–E ele se passando por amigo. – Bill balançou a cabeça, virando-se fixando seus olhos cheios de raiva e desprezo nos de Kate, que estavam confusos. – Como fui um completo idiota.
– Não fale assim. – Kate pediu num tom de voz baixo. – Não aconteceu nada.
– Ele ia te beijar. – ele se irritou mais e apontando para o estúdio, gritou – Vocês iam se beijar!
– Não! – Kate continuava com a voz quase inaudível. – Não íamos. Não houve beijo nenhum.
–Se eu não tivesse chegado, haveria. – Bill cuspiu as palavras, muito nervoso levando as mãos à cabeça, passando-as pelo cabelo, como se estivesse tentando impedir que o cérebro explo­disse. – Os dois estavam muito próximos e ele te olhava como se você estive coberta por chocolate pronta para ser lambida.
Kate o olhou, e meneou a cabeça. Sim, Dean estava próximo, seus lábios estavam quase tocando os seus, ele a olhava com desejo. Mas, ela não correspondeu, nem um segundo.
– Pare de pensar. – Kate deu um passo tocando no braço de Bill. – Pare de achar que viu, o que você não viu.
Por um longo tempo Bill a encarou, sem se mover. O seu rosto mais parecia uma máscara impenetrável, rígida e repleta de mágoa. Olhavam-se em silêncio. Sabendo o que se passava dentro da mente do namorado, ela tentou tranquilizá-lo.
– Eu sinto muito. – Kate deu outro passo em direção a Bill e seu corpo se uniu ao dele. Fazendo-o respirar rápido e fechar os olhos, tentando se manter indiferente aquele toque – Vim para Los Angeles para conversarmos sobre as cartas e colocar um fim nisso tudo. Não podemos mais esperar. - Bill mantinha os olhos fechados, apertados. - Eu vim até aqui para te fazer uma surpresa.
–Acredite você fez. – ele abriu seus olhos cor de mel e a fitou, ainda com a mágoa dentro deles. – Bela surpresa.
–Pare! – Kate apertou seus dedos em volta do braço dele - Esta exagerando. – ela o encarou - Ele me ama, sim... Só que...
–Jura que ele te ama? Nem tinha percebido. – Bill foi sarcástico.
– Você não faz bem esse tipo. Então, não o faça.
–Não... Talvez o rapaz traído faça mais meu tipo e estilo.
–Nunca trai você. – Kate disse franzindo a testa - Não é fácil para ele.
– Para ele? – Bill se desvencilhou dos dedos finos de Kate que o prendia - E para mim?
– Mas você me tem. – Kate falou com a voz falhando - Eu sou e serei... Sempre sua. – ela mordeu o lábio inferior, na tentativa de não deixá-lo tremer e não chorar - Dean sofre com tudo isso.
— O que está querendo? Quer me ouvir dizer que compreendo? Quer que eu sinta dó dele? – Bill sorriu friamente - Sinto muito. Não pretendo dar esse prazer a esse idiota.
–Bill. - Kate suspirou com dificuldade, baixou a cabeça, respirou devagar e quando recuperou seu controle, elevou seu rosto e o olhando profundamente, começou a dizer:
– Vim até aqui para nos entendermos e acertamos a nossa vida, nosso namoro. Você errou comigo por ter escondido algo tão grave como as cartas. - Ela explicou pausadamente - E eu estou te perdoando por esse deslize. Estou aqui para continuarmos nossa história. Tudo foi um choque, mas passou e o amo tanto que essas ameaças não poderão mudar o que sinto por você. – ela disse calmamente vendo que Bill sorria de canto, baixando devagar a guarda – E se um dia, por acaso, ela descobrir sobre nós, vou enfrentá-la.

Vou enfrentá-la” - O sorriso dos lábios de Bill morreu e algo dentro dele voltou a gelar.

Esse era exatamente o seu maior medo, seu maior receio.
Kate frente a frente com a louca. Enfrentando-a.

Outras palavras vieram claras como águas cristalinas na mente de Bill, as de Tia Abby em seu último encontro.

Já pensou o perigo que ela corre se uma delas descobre a verdade sobre vocês.”

– Não me importo, eu vou encará-la de frente. – Kate sorriu corajosa para desespero de Bill. – É por isso que estou aqui, em Los Angeles... Vamos ficar juntos.
Se alguma coisa acontecer a ela, a culpa será toda sua... Inteiramente sua.” As palavras de Tia Abby vieram mais fortes e mais aterrorizantes na mente de Bill.
A culpa será toda sua... Inteiramente sua...sua...sua” – A frase ecoava, berrava na cabeça de Bill e o fez fechar os olhos e virar-se de costas para Kate, tampando os ouvidos como se não quisesse mais ouvir a maldita voz em sua mente.
Tinha a faca e o queijo em suas mãos, antes que alguém usasse a faca para machucá-la, Bill teve que usá-la para o bem de Kate.


–Não sei se isso daria mais certo. – Bill disse com a voz baixa, ainda de costas para Kate – Não sei se seriamos os mesmos. - Bill disse secamente. - Não sei se poderei confiar em você novamente.
–Você... Bill... Esta falando sério? – Kate franziu o cenho, sentindo seu chão faltar embaixo de seus pés.
–Não sei se te respeitarei como antes. - A culpa será toda sua... Inteiramente sua...” - Era tudo o que Bill conseguia ouvir. – Você ia beijar Dean.
– Não.
– Kate, eu menti para você, peço desculpas por isso, mas a situação é completamente diferente. - Bill permanecia sem olhar para a namorada - Nunca olhei, ou me imaginei com outra mulher, sem ser você. Nunca dei atenção ou bola para outra pessoa, a não ser você. E você sabe como sou assediado. Nunca te desrespeitei - Bill virou seu corpo e fitou - o que você fez foi traição.
– Não te traí. – Kate disse encarando-o com indignação.
–Se eu não tivesse chegado. – ele a olhou com frieza, pelo menos tentou.
– Mas, você chegou. – Ela gritou, sem paciência dessa vez. – E eu não ia beijá-lo!
–E interrompi o beijo que você, minha namorada, a mulher que eu amo, daria em outro homem. – Bill viu os lábios de Kate tremerem sem controle. - E isso não posso e não vou aceitar.
– O que esta tentando dizer? - Kate murmurou trêmula
– Algumas coisas não precisam ser ditas. – ele desviou seus olhares e se afastou abraçando seu próprio corpo.
– Droga, Bill! — Kate foi em sua direção e tentou tocá-lo, mas ele recuou. Recolhendo-se, sentiu o peito se apertar diante da rejeição. — Não vou tocá-lo, mas ao menos olhe para mim.
Bill não olhou.
— Precisamos de algum tempo para pensar, antes que essa... situação se torne ainda mais complicada — Kate disse a ele. — Vamos ficar longe um do outro por alguns dias, até que nossas emoções se acalmem um pouco e...
–Não quero um tempo! – Bill andou nervoso passando a mão nos cabelos negros cheios de dreads.
Os olhos de Kate brilharam com lágrimas. Sentiu uma onda de tristeza tão intensa que teve de dar um passo atrás, na tentativa de se controlar, apoiando uma de sua mão na parede.
– Esta terminando... Tudo? – ela perguntou a ele. – Oh Deus, esta terminando comigo.
Bill encontrou os olhos de Kate e abriu seus lábios quando viu as grossas lágrimas descendo sobre seu delicado rosto, fechou-os. Preferiu não dizer mais nada.

Não seria fácil, mas era o certo a fazer.
Ainda não acreditava no que estava fazendo.
Mas, tinha que ser feito.
Aquilo ia doer, Bill ia se machucar, seria difícil, sofreria muito, mas seria pior se algo acontecesse com Kate, à dor que levaria pelo resto da vida, seria muito mais pesada e nunca se perdoaria.
Ela tinha o direito de levar uma vida normal, a amava demais e ele devia isso a Kate.
Sendo assim, abriria mão dela. Para o próprio bem dela.





– Não quero que guarde mágoas sobre o nós. – Bill disse frio, seu coração sangrava, mas seu rosto mantinha-se com um descaso que nunca havia usado antes com Kate. Aquilo estava doendo muito mais nele, porém não voltaria atrás.
– Eu não costumo guardar mágoas.
– Talvez tenha que abrir uma exceção para mim. – Bill sussurou a ela.
– Se é assim que deseja. – Kate disse triste passando as costas da mão no rosto para enxugar as lágrimas.
– Sim, é assim que desejo. – ele disse tentando se manter o mais indiferente possível.
– Não concordo com você, mas vou respeitar sua opinião. – Kate disse por fim.
–Faça como quiser. – Bill deu de ombros - Falo para Dean que você deixou um beijo.

Bill se virou para deixá-la sozinha, colocando um fim naquela conversa, um fim na história deles, seguiu até a porta da sala de instrumentos e quando colocou a mão na maçaneta para abrí-la, ele ouviu.

– Bill? – Kate o chamou e tudo aconteceu rápido demais, sem dar tempo algum a Bill.

Quando o corpo de Kate se jogou contra o de Bill e os lábios dela, tocou os dele, ele tentou recuar e continuar com o plano, com sua atuação de namorado traido, frio e indiferente. Mas quando a lingua de Kate entrou dentro de sua boca forçando um beijo, ele desabou e se entregou... Gemendo.

Bill se agarrou a Kate como se a sua vida dependesse daquilo.
E naquele momento, talvez dependesse.

Bill se encaixou em Kate como a peça que faltava de um quebra-cabeça, deixou que a língua dela explorasse cada canto de sua boca e quando ele ouviu seu nome ser dito da forma que ele mais adorava. Entre sussurros dos lábios de Kate, ele percebeu que em algum canto de sua mente soou um alarme, ele se recusou a ouvir.
Ela suspirou junto à boca dele e ele sugou a respiração dela, absorvendo e retendo-a. Os braços de Kate se cruzaram na nuca dele e ela pressionou o seu corpo ainda mais contra o de Bill.
Excitando-o.
Bill sentiu sua pele queimar com um calor que o atingiu no fundo de sua alma. Ele gemeu e a apertou com mais força em seus braços, erguendo-a do chão, encostando-a na parede fria.
– Bill...
O gemido de Kate, em algum lugar, no fundo de sua mente, fez uma voz odiosa gritar, o alertando:
A culpa será toda sua... Inteiramente sua...” – Inferno de Tia... Abby do Inferno!
Afastando a sua boca e seu corpo, Bill arfou, tentou recuperar o fôlego, fechou os olhos e apoiando-se na parede da recepção do estúdio.
– Isso não muda nada. – Bill disse com a respiração cortada. - Droga... Você torna tudo muito mais difícil.
– E quando é que você fez minha vida ficar mais fácil, Bill? — Kate perguntou a ele com tristeza, tendo os olhos rasos d’água. - Eu me envolvi porque quis, me escondi por que te amava e nunca me incomodou. Um namoro às escuras, mas não me arrependo. – Kate ergueu o queixo orgulhosa. – Tive uma excelente lição que eu preciso de al­guém que me respeite e que confie em mim acima de tudo. E não aceitarei nada menos do que isso. – Kate sorriu tristemente tentando conter as lágrimas - Portanto, se é assim que quer.
–Sim. É assim que EU quero. – Bill abriu a porta da sala de instrumento - Acabou, esta finalmente livre para Dean!
E a bateu com toda sua força. Fechando-a.

Postado por: Grasiele

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