sábado, 29 de setembro de 2012

Sempre Sua! - Capítulo 33 - Protegê-lo!


– Você esta abatida. – a voz calma obrigou-me a elevar meus olhos - E esta muito magra.
– Obrigada pelo elogio. – eu recebi um estalado beijo na testa. – Esta atrasado.
– Desculpe. - Dean sorriu maravilhosamente como sempre, puxou a cadeira do famoso bar em uma das ruas mais famosas de Los Angeles. - Que bom que aceitou o convite para vir ao aniversário da minha mãe. Ela ficou muito feliz.
– Estar em Los Angeles novamente é... – eu tentei continuar a frase, mas ele sabia exatamente como eu me sentia, um farrapo humano. - Já se passaram trinta dias.
–Bill não voltou mais ao meu estúdio. – Dean informou deixando-me ainda mais triste - O cd que sairia em Junho, foi adiado para começo de Agosto.
–David não me disse nada. – eu franzi a testa - Será que ele me acha culpada de tudo isso?
– Bill é o culpado! – Dean fez uma careta. - Aquele magrelo idiota.
– Acho que vou pedir demissão do escritório de David. – eu murmurei, sentindo-me terrivelmente culpada por aquele constrangimento com a banda. Agora, sim aquela fã “ louca” tinha motivos para me arrancar s olhos.
–Não deveria fazer isso, já que esta trabalhando no escritório, longe do estúdio e distante de Bill.
–Não sei. - eu peguei o pequeno copo com água e levei a boca, bebendo um gole grande - Talvez eu fiquei mais alguns meses, até o cd ser lançado.
–Depois tire umas férias. – Dean esticou os braços, colocando suas mãos em cima da mesa, tocando as minhas. – Não esta com uma aparência muito agradável.
– Não estou dormindo muito bem - eu confessei a Dean - Fora o término do namoro, estou tendo alguns sonhos estranhos sobre o meu acidente. – minhas mãos foram apertadas pelas dele. - Em meus sonhos alguém me empurra escada abaixo.
–Você acha...
– Não sei, não consegui me lembrar ainda o que realmente aconteceu. - Dean com as pontas dos dedos acariciou cuidadosamente minhas mãos. Eu me sentia segura, me sentia bem ao seu lado. Era muito bom sentir o carinho de alguém, após tanto tempo enclausurada em meu próprio mundo.
–Boa noite, Dean - a voz grossa com um sotaque de inglês, mal falado, nos surpreendeu. – Kate!
–Como vai, Tom! – Dean foi o único a responder, muito educado, e quando sentiu que eu puxei minhas mãos , ele as segurou em cima da mesa, atraindo o olhar acusador do irmão de Bill.
– Não quero mais interrompê-los – Tom tinha aquele sorrisinho sarcástico e bobo no canto dos lábios. - Prazer em vê-los. - Virou as costas e seguiu para o fundo do bar onde sentou. Estava em companhia de uma loira.
–Que sorte a sua. - Dean disse tirando as mãos das minhas. - Ou azar!
–Quem é a loira? – eu perguntei - Eu a conheço de algum lugar.
–Chantelle Paige. – Dean respondeu - Nova queridinha do Martin da Cherry.
– Hum... as fãs vão surtar. – eu disfarçadamente virei e os olhei, meus olhos encontraram os de Tom, que sorriu levantando o copo, como se brindasse, fazendo-me virar o rosto, sem dar importância. - Um prato cheio para as stalkers.
– Dúvido! - vendo meus olhos interrogativos, logo explicando - As fãs ficarão mortas de ciúmes, mas talvez seja algo previsível. – Dean me olhou - Diferente de Bill.
–Diferente?
– Não sei como explicar.
–Explique. – eu não pedi, ordenei.
–O estilo que Bill faz. – Dean começou a falar - Um estilo: Se preocupem comigo, se importem comigo pois sou carente, coitado e necessitado. As fãs acham que ele é intocável, frágil e precisa de atenção redobrada. Por isso são tão possessivas em relação a ele. Todas querem colocá-lo no colo e protegê-lo. – e finalizou - Com Tom todas sabem que ele é... Que ele é o que É!
– E essa louca que envia as cartas a Bill? – Eu o interrompi - Isso não é proteção!
– Ela o ameaça, deixando muito claro que não quer mulher nenhuma ao seu lado fazendo o que talvez, ela, no mundo todo, possa fazer tão bem. - Dean ergueu uma sobrancelha – Protegê-lo!
–É tudo muito confuso! - eu balancei a cabeça tentando entender o que Dean dizia. - Tento não perder a cabeça cada vez que penso em tudo isso.

Dean percebeu o incomodo em meus olhos e meu desconforto em falar de Bill, de Tom, das Stalkers e das malditas cartas. Em um segundo, mudou de assunto, tentou me animar contando algumas de nossas histórias de infância e por um instante, conseguiu me fazer sorrir. A noite ficou agradável e as gargalhadas divertidas dele absorveram minha tristeza.

Minha noite estava ótima. Até quando me levantei para ir ao toalete.


– Quero falar com você - A voz grossa agora em alemão, soou brava em minhas costas.
–Fale! – eu disse soltando a maçaneta da porta do toalete. – Hei! - eu protestei quando fui arrastada por Tom para o lado de uma enorme planta que ficava no canto, sem iluminação. Onde não éramos vistos.
– Bill esta sofrendo. – Tom disse baixo, mas num tom bravo.
–Foi ele que terminou comigo.
–Você sabe o motivo. – Tom ainda segurava meu braço com força. - Pegamos você em flagra, aos beijos com esse seu amiguinho.
–Não estávamos nos beijando e antes de dizer que íamos até vocês nos interromper. Não, eu não ia beijá-lo.
– Se diz. - Tom deu de ombros com indiferença.
–Digo por que é verdade. – eu puxei meu braço olhando-o zangada, quem ele pensava que era para agir daquela maneira. - Dean e eu somos apenas amigos.
– Não tenho muita certeza disso. – Tom estreitou os olhos, com um ar insolente. - Nunca gostei dele.
–Eu sei, nunca gostou de nada que fizesse mal ao seu irmão. – eu disse tentando manter a minha calma, que já estava por um fio - essa sua proteção vai estragá-lo um dia. Tem que parar com isso, não faz bem a Bill. Deixe-o cair e levantar sozinho.
– Era só o que me faltava, psicologia barata.
–Chame como quiser.
–Eu o amo, diferente de...
–Tom, desculpa! - eu ergui minha mão fazendo parar de falar - mas não tenho que dar satisfação a você e nem a ninguém. Não tenho que estar aqui tendo essa conversa com você. – ele realmente me deixou brava - e agora se me der licença preciso ir. – abri um sorriso falso e coloquei um fim em nossa conversa -Tenha uma boa noite, um excelente encontro e cuidado para não ficar cuidando da vida dos outros e esquecer da sua.
Não foram necessárias palavras adicionais. Tom me olhou por alguns segundos e sem ter mais nada a dizer virou e andou até sua mesa, ao encontro de Chantelle, que estava virada de costas para nós e nem notou nossa discussão.

Depois, um pouco mais calma e de um analgésico, voltei para a mesa, nem precisei citar meu desagradável encontro. Dean sentiu o meu estado e mais uma vez procurou minhas mãos e as apertou em forma de conforto
–Tom foi dar seu recadinho? - eu confirmei com a cabeça - Quer ir embora?
–Por favor. – eu apenas murmurei.
Dean sorriu, levantou o braço e com um sinal discreto chamou o maitre, pedindo a conta.

– Obrigado Dean e desculpe pela péssima companhia que estou sendo essa noite. – eu disse a ele quando já estávamos passando pela porta do bar seguindo para o estacionamento.
– Tudo bem. - ele acariciou meus ombros - Fique aqui, vou entregar o ticket ao manobrista. - Dean andou até o balcão para entregar o ticket.
A noite estava fria, vesti meu casaco e o fechei até o pescoço. Apertava minha bolsa com as duas mãos, para aquecê-las e mantinha minha cabeça baixa, quando algo me chamou atenção, um burburinho aconteceu rapidamente quando um carro preto, com os vidros insulfilmados, parou na porta do bar e os ocupantes saíram.
Ah, Não!
Foi o único pensamento que veio à cabeça quando ele saiu do carro, do outro lado da rua, há poucos metros da onde eu estava parada.
Bill estava sem maquiagem, pálido, muito mais magro e visivelmente abatido. Juntou-se aos outros dois homens e ouviu o que um deles dizia. Sorriu fraco e baixou a cabeça.
Tudo levava a crer que ele entraria, sem perceber a minha presença.
Mas, não!
Em um segundo, seu olhar cabisbaixo elevou e como um imã, como se não tivesse mais ninguém em nossa volta, nossos olhares se cruzaram, seus olhos arregalaram por um segundo talvez surpreso com minha presença em Los Angeles, seus lábios vermelho se entreabriram, como se fosse dizer algo, e em seguida, fecharam-se.
Vire as costas e vá, Kate!” – Minha mente berrou, mas eu não podia, minhas pernas pesavam 200 kilos e por mais força que eu fazia para sair dali, não conseguia.
O enorme magnetismo que aqueles olhos cor de mel exercia sobre meu corpo, não deixava. O olhar dele estava preso em mim, cravado em minha pele. Impedindo que eu me movesse.
– Já entreguei o ticket para o manobrista e... Kate você esta bem?
Dean olhou para o meu rosto branco feito um papel e seguindo meu olhar petrificado, obteve a sua resposta, Bill ao vê-lo, ao meu lado, ergueu uma sobrancelha e seu semblante fechou, irritado.
Foi Dean, um pouco mais civilizado, que o cumprimentou. Bill apenas balançou a cabeça rapidamente, e sem demorar muito nele, voltou seu olhar de ódio em minha direção.
As buzinas começaram a soar estridente, o carro de Dean e o de Bill, estavam obstruindo a passagem dos outros carros e o estacionamento havia virado um caos.
Dean segurou meu cotovelo e me conduziu até a porta do passageiro abrindo-a para que eu entrasse, por mais desconforto que aquilo pudesse provocar, não consegui desviar os olhos de Bill, como se estivesse presa a uma força superior.
Bill falou algo no ouvido de uns dos seguranças e sem dizer mais nada voltou para dentro do carro, os outros homens fizeram o mesmo, ligando-o e seguindo para fora do estacionamento.
–Acho que estragamos a noite dele. – a voz de Dean me trouxe a realidade.
Dean ligou o carro e ficou em silêncio, concentrado no trânsito. Quando chegamos ao meu hotel, ele procurou um lugar, encostou o carro e desligou o motor. Virou para me olhar e estendeu o braço sobre o encosto do meu banco.
–Se acalme, você esta tremendo.
–Não estou. – eu disse, com um fio de voz.
– Quer ir até minha casa.
–Não.
– Kate, você tem que esquecê-lo.
–Sim, eu sei! - eu fechei meus olhos e deitei minha cabeça no encosto do banco – Eu sei muito bem disso.
–Deixe-me ajudar. - ele pediu tocando meu rosto com as pontas dos dedos.
–Não se envolva nisso, não por enquanto... Por favor!
–Eu sou paciente, eu espero. – Dean suspirou alto - Enquanto isso, entre, tome um bom banho quente e descanse, quer que eu suba e conte uma história para você dormir?
– Não sei o que seria de mim sem você, Dean. – eu abri meus olhos sorrindo, aproximei-me dei um leve beijo em sua bochecha. – mas, não precisa. Te vejo amanhã na festa de sua mãe. - sai do carro, andei até a recepção do hotel e antes de entrar, dei-lhe um breve aceno.




....



– Você esta bem?
– Por que todo mundo esta me perguntando isso ultimamente? - eu fiz uma careta - estou tão mal assim?
– Tem visto Bill? - David me perguntou, em um dos intervalos de uma reunião em seu escritório na Alemanha.
–Sim, cinco dias atrás. – eu respondi – em um estacionamento de um bar em Los Angeles.
– Los Angeles?
– Fui comemorar o aniversário da mãe de Dean.
–Tudo faz mais sentido agora. – David batia a caneta de ouro no tampo da enorme mesa de madeira. – Bill esta insuportável.
–David, pensei em pedir demissão por...
–Não precisa! - David me cortou bruscamente - sabe muito bem que aqui você estará segura. – ele parou de mexer com a caneta e a soltou sobre a mesa. – Bill, nunca vem aqui.
–Eu sinto muito. – eu me desculpei – pelo atraso do cd.
–Bill esta atrasando esse cd por que não para com essa mania de perfeição. – David revirou os olhos numa careta. – Isso é doença.
–Você sabe quando ele volta ao estúdio de Dean?
Ele abriu os lábios para responder no mesmo instante que o telefone tocou, David encostou na cadeira de couro e tirou o fone do aparelho do gancho, atendendo-o.
–Fale! - ele franziu a testa e se ergueu num pulo da cadeira - Quem? Aqui? Hum... peça para ele ir até a sala de reunião, que estou indo para lá.
O manager nem precisou falar quem havia chegado ao escritório.
–Oh meu Deus. - David balançou a cabeça - Oh meu Deus!
–Kate, você esta lamentando ou rezando? – David observou minha expressão nervosa. – Por que isso não vai adiantar em nada. Bill esta aqui!
–David, eu não quero vê-lo! - eu disse levantando da cadeira.
– Ele nunca vem aqui! - David disse esbravejando. – Que diabos esta fazendo aqui? – ele se levantou e seguindo até a porta da sala, parou antes de sair. – Termine essa planilha e pode ir almoçar, vou segurá-lo na sala de reuniões para que você saia sem ser vista.

Quando David saiu, eu abri meu laptop e rapidamente comecei a digitar o que faltava da planilha, quando estava salvando o documento, a porta da sala, abriu.

–David eu já terminei, estou indo. – eu me levantei e virei na direção da porta.
Não era David que estava parado a minha frente.
“Deus, de novo não!” - eu pensei enquanto passava meus olhos pelos deles, que naquela tarde estavam muito bem maquiados, depois baixando pelo corpo dele. Ele usava jaqueta preta e uma calça preta, os cabelos com dreads soltos.
Por um momento, ambos ficamos absolutamente imóveis, olhando fixamente um para o outro.
Aquilo já era muita tortura para um único ser humano. Era demais, na noite do nosso encontro no estacionamento, quando estava no banho, eu havia me convencido que o esqueceria, que tiraria ele da minha cabeça e principalmente do meu coração... Porém, o prático era bem diferente da teoria.

– Esqueci de dizer... Bill? – David estancou na porta da sala, ao seu lado - Pensei que estivesse na sala de reunião.
–Você estava demorando, vim ver se estava acontecendo algo. - ele disse sem tirar seus olhos dos meus.
–Estava delegando algumas coisas. – David explicou a ele e depois voltou seus olhos pra mim - Kate, se terminou pode ir.
Eu não conseguiu responder. Meu coração estava batendo tão forte que parecia prestes a saltar do peito. Mas, tentei ao maximo não demostrar toda a fraqueza que sentia, não perto de Bill.

– Olha... Pode tirar a tarde de folga. – David disse sem graça. – Você esta precisando de um descanso.

“Você esta precisando de um descanso. “
“Você esta pálida.”
“Você esta doente?”
“Esta péssima.”
“Você esta ficando magra demais.”

Foram trinta e cinco dias, ouvindo todas essas frases, de várias pessoas.

Nunca me senti tão desprotegida, fraca e incapaz de me controlar. Onde eu ia parar?

Respirei fundo e tentei me acalmar. Sentia-me ridícula agindo daquela maneira. Afinal, não era mais uma criança. Devia ser capaz de enfrentar qualquer situação. Odiava me sentir tão dependente de Bill.

Não, não e não! Não, eu não era dependente dele e nem de ninguém.

Onde estava meu orgulho?

Eu precisava seguir em frente e precisava principalmente provar a Bill que ele estava errado, que a traição, da qual ele me acusava, nunca existiu. Mas, seu eu quisesse fazê-lo perdir perdão, nem precisava ser de joelhos, por essa grande injustiça, não seria dessa maneira, parecendo uma criança boba e perdida.

–Não! – endireitei a posição do meu corpo, colocando-me ereta, assumindo uma postura fria e erguendo o queixo em forma de segurança, respondi a David – Não preciso de descanso. Preciso voltar para terminar algumas planilhas e organizar a sua agenda. - sorri para o manager - Não se preocupe, estou ótima.
– Você quem sabe. – ele disse surpreso com a minha resposta.
– Espere-me a tarde para terminarmos a sua agenda. – eu mantinha minha voz firme - você viu minha bolsa? – eu olhei em volta e percebi que ela estava em cima da pequena mesa que Bill estava encostado.
David olhou para bolsa ao lado de Bill, eu me dirigi até a mesa para pegá-la, mas antes que eu chegasse até ela, ele a pegou na mão e a estendeu em minha direção, abrindo um leve sorriso.
Estendi meu braço e peguei-a. E sem olhar para Bill e sem agradecer, segui em passos firmes até a porta, saindo da sala deixando-os sozinhos.

Meu auto-controle estava de volta.

Bom... eu acreditava realmente nisso, até dez dias depois, quando voltamos a ficar frente a frente novamente.

Postado por: Grasiele

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Arquivos do Blog