terça-feira, 11 de setembro de 2012

Sempre Sua! - Capítulo 20 - Entregue a Bill.


–Incomodo?
–Nunca! – Eu sorri surpresa – Entre Gustav!
–Sei que não sou a pessoa que você deseja ver mas...
– Eu nem o esperava – eu disse abrindo a porta e deixando-o entrar.
– Trouxe um carteado! – Gustav entrou sorrindo na minha suíte, fechei a porta. – O que sabe jogar?
– Hum... nada – Eu disse fazendo uma careta – Mas posso ler a sua sorte!
–Não me diga que você é uma cigana?
– Fiz um curso! – Eu disse tomando a caixa de carteado das mãos dele – Leio sua sorte e depois jogamos “rouba montes” é o único jogo que posso tentar jogar.
Sentamos na pequena mesa no canto do quarto, dobrei minhas pernas colocando-as no estofado do acento e comecei a embaralhar as cartas.
–Posso beber algo? – Gustav pediu
–Claro!
Ele foi até o frigobar e pegou uma pequena garrafa de whisky, trazendo uma garrafa de água com gás para mim.
–Corta, tira três cartas e coloque-as viradas na mesa. – Eu expliquei a Gustav abrindo a minha água.
Ele colocou as três cartas na mesa e as olhei.
– A carta da direita representa o seu futuro, a do meio, seu presente e a última é a sua vida amorosa. – Eu olhei para as cartas e depois para ele, e antes de começar a falar ele se moveu e retirou as três cartas da mesa, juntando-as ao restante do baralho, no canto.
–Por que fez isso? – eu franzi a testa e perguntei.
–Não quero ninguém vendo minha vida amorosa. – ele disse sério.
–Tudo isso é medo? – eu bebi um gole de água – Medo deu descobrir o que se passa dentro do seu coração.
–Não! – ele tentou sorrir – Talvez.
–Quem é ela? – eu perguntei – Você está apaixonado Gustav?
–Não! - ele respondeu – Nem sei se é realmente amor!
– É a Natalie?
–Não! – ele quase gritou - Passou longe! – ele me olhou, diminuindo o tom de voz – não é ninguém que você conheça.
–Somos amigos, pode confiar em mim.
–Não! – ele pegou o copo da mesa levando-a a boca, depois volto-o na mesa e falou – Você já tem outro melhor amigo.
– Você também esta com ciúmes do Dean? – Eu perguntei sorrindo – Você também é meu melhor amigo.
– Não pode ter dois melhores amigos. – ele brincou – E, além disso, você gosta mais dele.
–Pare de andar com o Bill esta ficando ciumento igual.
Nos dois sorrimos.
–Quem é a garota? – eu insisti pela última vez
– Kate eu...
A batida na porta o interrompeu, desci minhas pernas da cadeira andando até a porta, abrindo-a devagar.
–Tom?
–Bill esta aqui? – Tom perguntou, com a mão nos bolsos da enorme calça.
–Não!
–Hum... Ele dever estar com o David então. –Tom colocou a cabeça para dentro do quarto como se quisesse espionar algo.
–Quer entrar e espiar embaixo da cama? – Gustav perguntou olhando para o guitarrista.
–Você esta ai? – Tom entrou no quarto, sem que eu o convidasse – Pensei que estivesse no restaurante, comendo.
– É, pensei a mesma coisa sobre você... Mas não no restaurante!
Tom se aproximou e sentou na cadeira ao lado de Gustav.
–Estão jogando o que? – Tom perguntou
–Até agora nada. – Eu respondi sentando-me na cadeira ao lado de Gustav.
–Podemos jogar stripe poker?
–Sim, por que não? – eu disse a ele, séria – Acho ótimo!
–Ela foi sarcástica, Tom! - Gustav disse sorrindo ao ver a cara de espanto de Tom.
Outra forte batida na porta, levantei-me e fui abrir, o sorriso calmo de Georg se iluminou quando me viu.
–Oi? – eu disse
–Oi, Saki disse que o Tom entrou aqui!
–Estou aqui! – Tom gritou dentro do quarto – Não vou dar dicas de namoro pra ninguém a essa hora da noite.
–Não preciso mais delas... Hoje acho que consegui!
–Conseguiu o que? – Gustav perguntou embaralhando as cartas.
–Ge estava atrás de uma ruiva e parece que hoje ele se deu bem?
– Cala a boca Tom! – Georg entrou e eu fechei a porta vendo-o sentar ao lado de Tom, envolta da mesa.
–Você disse que ia pedir ela em namoro.
–Tom? – Georg olhou feio para Tom.
–Estamos todos em amigos, Ge!
Georg me olhou e corando dos pés a cabeça, disse:
– Quero ir devagar! – ele disse tímido – Com ela eu quero ter muito cuidado.
–Você esta apaixonado! – Tom falou debochado – Que idiota!
–Idiota por quê? – Eu perguntei
– Só os tolos se apaixonam, o amor nos torna vulneráveis. - o sorriso dele tinha um quê definitivo de provocação.
– Da onde você tirou isso? - Gustav perguntou a Tom – Leu num biscoito da sorte?
–Eu entendo as mulheres.
Todos nos olhamos e o acesso de riso foi inevitável. Por incrível que pareça até Tom sorriu. Uma nova batida na porta nos fez olhar ao mesmo tempo para ela e Tom que se levantou para abrir como se o quarto fosse dele. Ele abriu e ouvi a pergunta do lado de fora.
–Tom? O que faz aqui?
– Estamos jogando!.
–Jogando o que? – Bill o olhou fazendo uma careta.
–Nada por enquanto – eu entrei na frente dele antes que Tom falasse alguma besteira – pensei que não viesse hoje – eu o abracei e beijei.
–Pensei em fazer uma surpresa – ele entrou e olhou para Gustav e Georg – mas quem foi pego de surpresa foi eu. – Bill disse - O que vocês estão fazendo aqui no quarto da minha namorada?
–Jogando! – Georg disse embaralhando as cartas.
– Jogando o que? – Bill olhou para Georg - Se vocês não prestam nem pra jogar pedrinha no lago.
Bill andou até a enorme cama da suíte e se jogou na cama, eu sentei ao seu lado e Tom se juntou a Gustav e Georg ao redor da mesa
– Estava com David ele acabou de enviar a confirmação da nossa participação na premiação VMA em Los Angeles.
– Vocês têm que estar presente afinal... Vocês precisarão subir ao palco. – eu disse a Bill
Os meninos abriram uns sorrisos imenso felizes, afinal chegar a América era tudo o que eles mais queriam.
– Vocês estão chegando onde sempre sonharam. Tenho certeza que vão ganhar!
Eu me debrucei e beijei Bill nos lábios.
– Eu estou com muita fome! – Tom disse deitando na minha cama ao lado de Bill –Aquele camarim só tinha jujuba.
–Podemos pedir Mc ou mesmo costeletas – Gustav disse fechando os olhos, com certeza, imaginando suculentas costeletas a sua frente.
Bill olhou para Gustav correndo seus olhos pra mim sorrindo.
– Não irão comer isso no meu quarto. – Eu disse levantando da cama - Me desculpe, mas a idéia de ter um animal morto no meu prato não me agrada em nada.
–A Kate é vegetariana desde os dez anos de idade. – Bill explicou.
– Você deve estar brincando? – Georg franziu o cenho.
– Eu estou com cara de quem esta brincando? – eu respondi ainda de bom humor.
– Como você consegue? – Foi a vez de Gustav perguntar.
– Não é como eu consigo? E sim como vocês conseguem comer a carne de um animal. – eu disse a Gustav.
O quarto ficou em silêncio, todos olhando para baixo, como se fossem culpados de um crime sem harbeas corpus.
– Eu não me importo que comam, mas por favor não façam isso perto de mim. – eu completei
Fui até a cômoda ao lado da cama, abri a gaveta pegando um pequeno cardápio, olhando com atenção escolhendo o que íamos comer.
– Vamos comer Antepasto de legumes – Eu olhei para o rosto dos meninos que arregalaram os olhos indignados – Todos!
Mais silêncio.
– É...Kate...eu preciso conversar com David sobre algumas coisas e tenho que ir embora. – Georg disse sorrindo, fugindo descaradamente, do nosso jantar.
– Georg eu vou com você, acho que vou beber apenas um leite e vou dormir. – Gustav me deu um beijo sem me olhar nos olhos.
Os dois saíram da suíte quase que praticamente correndo.
Eu cruzei os braços sobre o peito e olhei para Tom e Bill que se entreolharam e ao me olhar novamente desviaram os olhos, e não falaram nada.
Ainda com o cardápio na mão, fui até o telefone, disquei o número do restaurante do hotel e pedi antepasto de legumes para mim e para Tom e Bill lasanha a quatro queijos, já que Bill odiava legumes.
Tom olhou para porta e depois voltou seus olhos para Bill, conversando com os olhos, o mais velho entendeu o recado do mais novo e sem muito que fazer sentou na grande poltrona ao lado da cama, Bill continuou deitado e eu sentei ao seu lado.
Liguei a TV em um canal a cabo alemão RTL já que ninguém falava italiano no quarto.
– Adoro esse programa! – Tom disse empolgado.
–Eu também! – Eu confessei.
Olhei para Tom e sorri, ele tirou o tênis e se acomodou na poltrona esperando a nossa comida. Bill se acomodou no travesseiro abraçando minha cintura dizendo baixo e cansado:
–Quando a comida chegar me chama, por favor.
Desliguei a luz do abajur para ele descansar e fiquei assistindo o programa com Tom, demos risadas com os convidados bizarros que se apresentavam.
–Eu nunca iria a um programa desse nível – Tom disse
– Um dia eu assisti um que a fã brigava com a mãe por que não queria ir para a escola para seguir vocês em todas as turnês.
–Fiquei sabendo. – ele disse sorrindo pra mim – Bill queria ligar para a menina não fazer mais isso.
–Ele fez?
–Não!
–Deveria! – eu falei.
–Por quê?
–Por que sim, ajudaria. – eu dei de ombros
–Você se parece muito com ele. – Tom ficou sério ao dizer aquilo.
Eu baixei meus olhos e o vi dormindo tranqüilo, afaguei seus cabelos negros.
–Ele esta bem melhor depois que você voltou. – ouvi Tom dizer.
–Nunca fui embora. – eu disse sorrindo
–Você entendeu o que eu disse. - Tom disse olhando para Bill dormindo ao meu lado - Ele ficou mal.
Eu apenas olhava para Bill dormindo ao meu lado, depois de tantas brigas, estamos realmente bem.
– Você faz muito bem a ele. – Tom virou para a televisão – Você o faz feliz –Tom baixou os olhos e em seguida voltou seus olhos pra mim.
–Fico feliz em ouvir isso de você!
–Eu só quero protegê-lo – Tom disse com a voz embargada.
–Eu sei, gosto disso!
–Na escola ele sempre foi xingado e humilhado
–Gostaria de ver a cara dessas pessoas hoje.
–Eu queria socá-las! – Tom não escondeu sua raiva.
–Acho que o sucesso de vocês os atinge muito mais que agressão física.
–Bill sofreu muito.
–E o seu pai, Tom? – Eu perguntei receosa.
–Não o vejo, Bill também não.
–Ele tentou se aproximar?
– Sim, mas não deixamos. – Tom falava com a voz baixa e sempre olhando para Bill ao meu lado na cama, talvez com medo que o irmão ouvisse a conversa. - Gordon é nosso pai.
–O que sua mãe fala sobre Isso?
–Nada! – Ele sorriu triste - Sofreu demais para ter uma opinião formada. - Pude ver em Tom as velhas mágoas transparecerem em seu rosto e a luta que ele travava para controlá-las. – Ele não aceitava Bill.
–Eu não sabia disso.
–Ninguém sabia, ouvíamos meu pai xingá-lo para minha mãe de coisas... de coisas... Ele era tão injusto com Bill.
Percebi que Tom estava com lágrimas nos olhos então com um nó na garganta olhei para televisão e decidi finalizar o assunto. Bill nunca havia me dito nada sobre o pai, nem que era hostilizado pelo mesmo. Foquei-me na televisão, mas não conseguia prestar atenção. Olhei para Bill deitado ao meu lado e afaguei seus cabelos mais uma vez dando um pequeno beijo em seus lábios.
– Kate, desculpa se fiz algo contra você – Tom me surpreendeu, falando num tom de voz calmo, passando as costas da mão nos olhos, para secar as lágrimas.
– Está tudo bem Tom, não precisa...
– Sinto-me um idiota. – ele tentou sorrir
–Não se sinta, mas se te faz ficar melhor eu aceito suas desculpas.
–Obrigado, Kate! – dessa vez e ele conseguiu sorrir, uma risada muito bonita, nunca havia visto sorrir daquela forma, não para mim.
–Acho que tiramos as luvas de boxes e agora que estamos do mesmo lado, podemos ser amigos, finalmente.
– Podemos ser amigos, Kate.
Aquele era o Tom, com uma pequena frase seguida de um sorriso meio garoto e meio conquistador, já era demais para ele, então sorri e nesse momento a campainha tocou. Levantei-me, atendi a porta, peguei a comida e fechei a porta.
Eu e Tom jantamos juntos, sozinhos e durante a refeição conversamos de muitas coisas, inclusive mulheres, percebi um lado divertido nele, um lado protetor, um homem, que como o irmão, mesmo tão novo, almejava batalhar por sua carreira e pelo o sucesso da banda.
–Essa comida é ótima! – Tom disse levando outra garfada a boca
–Não disse! – eu brinquei - Eu poderia passar horas tentando convencer vocês a não comerem mais carne. – Esses legumes são formidáveis.
– É tão bom quanto a minha lasanha? – Tom perguntou fazendo uma careta.
– Você quer provar o meu?
–Hum...Talvez ! - Ele se debruçou na mesa abrindo a boca enquanto eu colocava a comida dentro dela. – Não é tão ruim, talvez eu queira seguir suas dicas.
– Se você seguir podemos influenciar o Bill. – eu disse sorrindo. – Vocês amam os animais, só precisam aprender a respeitá-los.

Terminamos o nosso jantar, e ele fumou um cigarro mesmo eu pedindo, quase implorando para ele não fumar na minha frente, nem Tom e nem Bill me atendia sobre esse vicio.
– Vou embora, quer que eu o chame e o leve para sua suíte?
–Não, deixe-o aqui – eu disse baixo para não acordá-lo.
Tom sorriu abrindo a porta do quarto e antes de partir disse:
–Não comente sobre o que eu disse sobre o nosso pai.
–Tudo bem! – eu apenas disse com os lábios num meio sorriso.
Quando Tom partiu. Fui até o banheiro tirei minha roupa colocando minha camisola, escovei meus dentes e deitei ao lado de Bill que permanecia dormindo, com cuidado tirei seu tênis e seu jeans, ele se mexeu e acabou acordando, assustado.
– Cadê o Tom? – ele perguntou com a voz sonolenta.
–Já foi!
–Eu dormi demais.
–Não, tente descansar mais um pouco! - Eu deitei e o abracei pela cintura. – Fique comigo essa noite, eu quero acordar nos seus braços amanhã.
–Pedindo dessa forma, como posso recusar? – Ele sussurrou perto do meu rosto fazendo-me arrepiar.
–Você esta cansado. – eu disse
–Nunca pra você.
Com toda a suavidade, a boca de Bill desceu e cobriu a minha. Senti seus dedos se entrelaçar em meu cabelo e o movimento cada vez mais irrequieto de seu corpo me deixava louca, a medida que o beijo se aprofundava ele me envolvia mais em seus braços.
Soltando um pequeno gemido ele levantou a cabeça traçando o contorno dos meus lábios com a ponta do dedo e em seguida, sorriu... Bill sorriu da forma que eu mais adorava e me perdia, completamente, sempre.
Eu já estava entregue. Entregue a Bill.

Os lábios de Bill desceram desenhando uma trilha de beijos pelo meu pescoço, passando a língua devagar e dando pequenas mordidas fazendo-me respirar com dificuldade.
–Eu adoro quando faz desse jeito...
Eu gemi arqueando minhas costas e fechando meus olhos.
– E assim? – Bill murmurou em meu ouvido e lambeu o lóbulo da minha orelha. – Você gosta?
–Cada milímetro do meu corpo... Adora... Tudo isso que faz comigo...
Bill se aninhou sobre meu corpo, mostrando-me o quanto estava adorando tudo aquilo.
–Isso é golpe baixo. – eu gemi alto quando Bill escorregou a mão entre minhas coxas e a acariciou depois deslizou sua mão por dentro de minha camisola tocando meu seio, seu polegar roçou de leve o meu mamilo deixando-me zonza e submersa aos carinhos que ele me fazia.
–Esse é o meu lado... Mau!
–Mostre-me mais dele... Por favor...




...


Cheguei a Los Angeles no penúltimo dia de agosto. Hollywood estava no seu auge. Há poucos dias antes do Video Music Awards, os hotéis perto dos estúdios Paramount Pictures, onde aconteceria a cerimônia, estavam todos movimentados e lotados, Bill não havia chegado, mas havia ligado e já estava desembarcando.
–O seu sorvete senhorita! – O atendente me trouxe de volta a terra.
Eu peguei meu sorvete e me sentei em uma pequena mesa na calçada, levei a colher na grande bola e quando coloquei a primeira colherada na boca, foquei na pequena figura que falava com alguns seguranças na porta do Hotel que eu estava e que a banda iria se hospedar.
Tirei meus óculos e tive a certeza que era ela. Mas, o que ela fazia ali?

Postado por: Grasiele

Sempre Sua! - Capítulo 19 - Sagrada


Nossos olhares se prenderam, o dele havia um ponto de interrogação, sua testa estava franzida e seus lábios entreabertos como se quisesse falar ou perguntar algo. Nada foi dito, por segundos.
–Bill! - Era algo para ser dito em voz baixa, mas que saiu de meus lábios, quase que como um grito.
Ele não se moveu, nem um centímetro.
Fui eu que dei três passos e coloquei meu joelho na cama e ainda com meus olhos presos aos deles, me deitei ao seu lado, no travesseiro sem tocá-lo.
Nossos corpos deitados na mesma cama, de lado, lado a lado.
A face de Bill estava próxima a minha, sua respiração batendo de leve em meu rosto. As batidas de nossos corações era o único som naquele quarto.
Então, ele suspirou profundamente e baixou seus olhos, como se não pudesse falar e me encarar ao mesmo tempo.
– Pensei que não voltaria mais. – Bill mantinha os olhos fora dos meus. – Já ia partir e pensei que não nos veríamos por...
–Bill eu...
–Por que voltou? – Ele perguntou interrompendo-me novamente.
Seu olhar fixou nos meus enquanto eu esperava pela próxima atitude dele, que não veio. Então foi a minha vez de respirar fundo e começar a falar.
– Gostei do jeito que tratou Dean. – sorri sem jeito - Eu gosto muito dele, fomos criados juntos, somos muitos parecidos e nossas famílias eram muito amigas. - A face de Bill não mostrou nenhuma reação – Todos esses dias em que estive com ele foram como voltar a minha infância, como se eu pudesse me livrar de preocupações, tristezas e lembranças ruins, estar com ele é como ser criança outra vez.
Ao ouvir minha última frase, Bill piscou como se quisesse afastar o brilho que as lágrimas formavam em seus olhos cor de mel, seu olhar era profundo e seu rosto permanecia com uma expressão dolorida.
– Entendo! – Foi a única palavra que ele murmurou.
Eu o fitei por um longo minuto, ele estava realmente sentido e triste pela minha proximidade com Dean, mesmo que eu gastasse toda minha saliva dizendo que nada aconteceria entre nós, aquilo não conseguiria tirar aquela expressão de angustia e dor dos olhos dele.
Bill permanecia calado, com os olhos presos ao meu, eles eram pesados e estavam molhados e era visivelmente como se ele lutava para não deixar nada, sentimento nenhum, ser liberado.

–Ele é muito importante para mim - Eu continuei - Mas ele é apenas um amigo, meu melhor amigo.
– O que vocês fizeram? Onde foram?
– Nós fomos ao parque, fizemos picknick, e depois visitamos alguns pontos turísticos de Hamburgo. – eu respondi sincera - Nada demais.
– Nada demais? – ele sorriu fraco – Isso é tudo que eu sempre desejei fazer com você Kate, mas infelizmente nunca poderei.
– Bill eu... – ele me desarmou ao falar aquelas palavras - Eu sei que não podemos fazer por enquanto, eu sei que se pudesse você o faria e hoje eu sei o quanto isso dói mais em você, do que em mim. – Pela primeira vez tentei uma aproximação de nossos corpos – Mas se isso te consola, eu pensei em você o tempo inteiro enquanto estive em todos esses lugares.
– Pensar em mim é suficiente?
– Não, nunca é, mas quando eu não tenho você por perto, meus pensamentos são meu único consolo. – Eu toquei seu rosto com as pontas dos meus dedos.
–Não! – ele me olhou com uma pontada de raiva, afastando seu rosto do meu toque – Eu quero ser muito mais do que isso para você, Kate! – Bill franziu a testa – Quero sua confiança, seu respeito, quero você... Sem reserva, sem exceções...
– E você tem. - eu disse séria – Porque de uma forma ou de outra eu estou sempre aqui para você.
Houve um longo silêncio entre nós.
– Eu sei. – Bill murmurou – E isso para mim significa muito.
– Então... Não vamos mais brigar, ou pensar no passado, vamos só seguir enfrente a partir de agora.
– Você está certa, vamos deixar isso para trás. – Bill tomou meu rosto entre as mãos - Por que se eu passar por tudo isso novamente, não sobrevivo...Não sem você!
– Nem eu. - Eu murmurei quando ele se moveu roçando seus lábios nos meus, que já estavam entreabertos para recebê-lo. – Dean pode me trazer de volta a infância, mas não posso viver em uma época que já passou. – Eu mordi meus lábios proibindo-os de tremer – Agora quero viver o meu presente, pois é a partir dele que meu futuro começará a ser escrito. – eu passei meu nariz no dele - E eu já fiz minha escolha, quero que você permaneça comigo. – Beijei-o de leve – Quero você comigo, ao meu lado, no meu presente e no meu futuro.
Bill sorriu feliz.
– Apenas duas coisas eu realmente quis na minha vida. – Bill sussurrou
– Ser o famoso Bill Kaulitz – Eu sabia uma - E a outra?
–Você!
Ele deslizou suas mãos ao longo das minhas costas me apertando trazendo-me para junto de seu corpo, me envolvendo em um abraço apertado.
– Vamos esquecer tudo isso. – ele disse me segurando pela cintura puxando-me para cima de seu corpo - Venha comigo para Milão.


Xxx




Cinco dias depois

Milão - Último dia da turnê Européia - Zimmer 483


O camarim estava lotado. Havia tantos fotógrafos e repórter, todos gritando o seu nome, o caos estava formado, eles se espremiam e se cotovelavam para uma foto e uma declaração da banda, por ser o mais falante e o líder da banda, Bill era o mais requisitado.
Faltavam duas horas para o show em Milão, a casa estava lotada, a banda era sucesso absoluto no País, tudo o que Bill almejava estava acontecendo, o sucesso a cada dia era maior, cada dia um País novo os queriam para um concerto, uma entrevista ou uma sessão de foto e mesmo sabendo que todo esse sucesso me tiraria mais dele, eu estava feliz.
Feliz por Bill e pela banda.
–Bill, com o fim da turnê, quais os próximos planos da banda.
A pergunta do jornalista me trouxe de volta a realidade.
–Estamos seguindo para os Estados Unidos para uma sucessão de shows, onde ficaremos por dois ou três meses.
–Bill? Bill? - Vários jornalistas chamaram seu nome ao mesmo tempo.

De repente, seus olhos amendoados encontraram com os meus, um flash o obrigou a piscar várias vezes, logo que os abriu novamente capturou novamente meu rosto entre as dezenas de pessoas, eu sabia exatamente o que ele estava pensando naquele exato momento, e para confortá-lo, pisquei para ele com os dois olhos, como sempre fazíamos um com o outro, e sorri.

Lógico que estaria ao seu lado nessa nova turnê pelos Estados Unidos.

Bill imediatamente abriu um gigantesco sorriso, entendendo o meu recado, desviou os olhos dos meus, e abraçou Tom para outra foto. As perguntas eram feitas e ele as respondia rindo, falante e muito feliz.
Deixei o camarim, pois a cada momento ele ficava mais cheio. Segui para o corredor, David passou por mim sorrindo entrando no camarim, o ouvi gritar que a impressa teria que se retirar por que a banda teria que se concentrar para o início do show.
–Pegue suas coisas é hora do show! – David disse rapidamente para mim.
Coloquei a mão dentro de minha bolsa e peguei a pequena caixa vermelha que me foi entregue por um mensageiro do hotel, peguei-a nas mãos e fechando meus olhos senti meus pêlos se arrepiarem do mesmo modo quando abri no momento que a recebi.

– Kate?
–Sim!
–Entrega para a senhorita.
Assinei a nota, peguei o pequeno embrulho, fechei a porta e sentei na cama para desfazer o laço. Quando tirei a pequena tampa da caixa, meus lábios se abriram em um imenso sorriso.
Dentro da caixa havia uma rosa amarela com pontas laranja, do mesmo modelo do jardim do David Jost e mais ao fundo uma credencial para o backstage do último show da turnê européia.
Aguardo ansioso por você!
Era a única coisa que ele tinha escrito no bilhete.


– Vamos Kate! – Natalie segurou meu braço e seguimos para atrás do palco, dez minutos depois a movimentação aumentou entre a produção da casa. Gritos, correria e luzes coloridas tomaram conta do ambiente.

Tom, Gustav e Georg já se posicionavam em seus lugares para o início do show.

As luzes foram apagadas, a voz anunciando Tokio Hotel soou pela casa enlouquecendo os fãs, os gritos eram ensurdecedores, ouvi a guitarra do Tom, olhei para o lado, Bill estava vindo para subir ao palco ao lado de David, o olhei discretamente, o vi mudar de lugar com David e quando passou por mim, tocou minha mão rapidamente me entregando um pequeno papel, o toque foi tão rápido que ele caiu no chão, me abaixei e o peguei segurando em minha mão.
Bill estava no topo do palco, quando recebeu o sinal para entrar no palco, baixou a cabeça, me olhou por um segundo, fechou os olhos e seguiu para o lugar que era dele por mérito e por merecimento, em cima do palco, sendo aclamado por seus fãs, como um Deus!
O chão trepidou e os gritos duplicaram quando os fãs ouviram Bill cantar a primeira frase de Übers Ende der Welt, olhei assustada para Natalie e ela sorriu dizendo antes de se afastar:
–Fique tranqüila, nada vai desabar!
Eu não tinha tanta certeza disso, nunca tinha ficado atrás do palco, sempre que a banda se dirigia para o palco, eu sempre tinha que ir para o hotel, mas naquela noite como David havia me dado uma credencial da produção da casa de espetáculo, e para falar a verdade, ninguém se quer olhou para ela, era tanta correria em volta dos meninos, que ninguém se importava em olhar se pelo menos a foto dela era realmente minha.
Apenas os seguranças da casa, olhavam para ela e depois sorriam para mim, me aproximei do palco e somente ali que abri o pequeno papel que Bill havia me entregado ao esbarrar em mim, antes de subir no palco.
Eu o desembrulhei e li:
Du wirst für mich immer heilig sein

Sim, tudo aquilo para nós era SAGRADO.

Decidimos não lutar ou ficar nos perguntando como e quando eu seria apresentada ao mundo. Decidimos nos dar um novo começo, sem previsões futuras ou lembranças do passado. Sabíamos que o sentimento que crescia dentro de nós, além de sagrado, era algo permanente e independentemente do mundo me conhecer, estávamos juntos, unidos e apaixonados.
Afinal, eu tinha que acreditar, tinha de ter fé naquilo que eu sabia que era a mais pura verdade. Bill era o homem da minha vida, eu o amava e não conseguiria viver longe dele.



x.x

O show estava se encerrando, David informou que eu devia ir embora antes de Bill sair do palco, eu atendi como sempre. Um táxi me levou ao hotel, subi para o meu quarto, e tomei um banho demorado, não vesti nada além de um pijama, sabia que depois do show ele teria mais compromissos com produtores, gravadora, repórteres e seus fãs.
Então, liguei a TV e me enfiei embaixo da cama, eu ainda sentia meus ouvidos zunirem, a voz dele dentro da minha mente, era tudo tão louco e ao mesmo tempo tão bom. A cada dia eu ocupava mais espaço dentro da vida de Bill.
Apaguei a luz do abajur, arrumei-me no travesseiro zapeando os canais de televisão, parei em um filme qualquer e o assisti, quando ele estava no fim, ouvi uma batida na porta.
Levantei-me e fui até ela e a abri com um sorriso nos lábios.
– Você? Aqui?

Postado por: Grasiele

Sempre Sua! - Capítulo 18 - Não consigo dormir.


Alemanha.


– Preciso que venha comigo. – Dean me segurou puxando-me para fora do apartamento. – Sei que você está de licença também.
– Do que você esta falando, Dean?
–Tenho uma reunião importante.
–Não... Vou ficar em casa... – Eu não havia dormido depois que Dean havia me falado sobre a ligação, tentei a noite inteira falar com Bill, sem sucesso. Tinha certeza, que o homem que ligou e desligou na cara de Dean, era ele.
– Não, não vai ficar! – Dean praticamente me empurrou para o elevador – Você vai me ajudar.
– Tá bom! – Dean jogou minha bolsa e a segurei no alto – Você sempre vence!

Descemos pelo elevador, coloquei meus óculos de sol, era quase três horas da tarde, minha cabeça latejava, meus olhos pesavam e meu corpo estava tenso.
Ele sentou no banco do motorista, eu passei atrás do carro e sentei no passageiro, ele deu a partida e saímos, não deu nem um segundo dentro do carro, encostei e sem perceber dormi, estava tão cansada, tão exausta que meu corpo não agüentou.
Não sei quanto tempo demorou, só acordei quando Dean acariciou meu rosto me chamando baixo, quase perto do meu rosto.

–Kate, acorde!
–Chegamos?
–Sim!


Eu tirei meus óculos e quando virei o rosto, não conseguia me mexer, virei minha cabeça para Dean e perguntei:


–O que exatamente estamos fazendo aqui?
–Tenho uma reunião com o seu chefe.

Olhei novamente para a casa enorme, com muros brancos e cercado de pequenas árvores.

– Não posso!
–Kate sei que esta de licença, sua tia me disse, mas David não vai se importar. – ele disse sorrindo
– Não posso entrar, sinto muito! – eu o olhei séria.

Dean fechou seu sorriso e me olhou sem entender o motivo da minha recusa.

– Por que esta agindo assim?


Eu baixei a cabeça, o que responderia, que explicação eu daria a ele, então respirei fundo e voltando meus olhos nos dele eu disse:

– Não dormi muito essa noite! – eu tentei sorrir – Não estou me sentindo muito bem... É só isso.
–Foi por causa da tal ligação.
–Não! – respondi rapidamente abrindo a porta e saindo do carro.

Dean tocou campainha e uma senhora vestida de branco veio atender, entramos e ele perguntou:

–Estamos aqui para uma reunião com David.
–David esta viajando
–Viajando? – Dean disse olhando para a senhora - Mas ele marcou uma reunião aqui.
– Ele não está! – A mulher disse nos olhado
– Se ele esta viajando quem vai fazer a reunião, quem a marcou?
–Eu!


A voz veio do escritório e nos viramos na mesma hora, ele estava parado na porta, encostado na soleira, com os braços cruzados, sorrindo.
Houve uma pausa imensa, por um segundo pensei em voltar, correr de volta para o carro, mas o que adiantaria.


–Bill? – Dean perguntou sorrindo, seguindo em direção a ele.
–Tudo bem para você eu presidir a reunião?
–Por mim não! – ele disse – Sem problemas.


Eu estava ainda parada, não conseguia respirar, piscar, andar... Não conseguia fazer nada.
De repente, ele sorriu e olhou para mim, meu coração começou a bater novamente com força e ele deu dois passos em minha direção.

– Como vai Kate? – ele disse se aproximando me dando um rápido beijo na bochecha.
–B-bem! – eu disse – Aproveitando a folga.
–Percebi, está mais corada, esta aproveitando a piscina da casa de sua tia? – ele disse sorrindo.

Não respondi, ao mencionar a piscina sabia o que ele queria dizer. Meu rosto pegou fogo e tentei disfarçar para Dean não perceber, atrás dele Gustav apenas levantou a mão acenando para mim, abrindo um sorriso. Fiz o mesmo.

–Vamos para o escritório para conversamos. – Bill disse muito simpático.
– Posso ficar aqui na sala enquan...
–Não Kate, você pode ir, afinal trabalha para David e não temos nada a esconder, será muito bem vinda. – Bill sorriu.

Seguimos todos para o escritório, Bill, Gustav, Dean e eu.
Sentei-me de frente para Bill e Gustav, assim como Dean.


–David devia vir nessa reunião, mas como ele tinha uma reunião com a Cherry, ele pediu para vir falar com você. – Bill abriu uma pasta e empurrou para Dean – Acho que temos um negócio em comum.

Eu arregalei os olhos e olhei para Bill que olhava para Dean.

–Temos? – Dean perguntou pegando a pasta em cima da mesa abrindo-a. – O contrato assinado. – Ele olhou sorrindo para mim – Agora somos parceiros.
–Sim, somos! – Bill o olhou e estendeu a mão – Adorei o seu trabalho e tenho certeza que fará o melhor pelo nosso cd.
–Somos os melhores, não se arrependerá. – Dean estendeu sua mão e apertou a de Bill
– Kate pode pedir uma champagne para a Silvia, por favor? – Bill pediu gentil.
–Claro! – eu me levantei e sai do escritório, procurando por Silvia na imensa casa.


Primeiro fui até a copa e como não a encontrei, subi as escadas para procurá-la nos quartos.


–Sil! – eu chamei e quando me virei fechei os olhos assustada. – Você me assustou.
–Foi? - Bill disse me olhando encostado na porta. Por segundos apenas nos olhamos, ele queria dizer algo, eu queria dizer muitas coisas. Mas, não saiu... Nada!

Bill veio em minha direção, eu me afastei assustada não esperando sua atitude, encostando minhas costas na porta do quarto de David. Com agilidade e com uma mão ele segurou minha cintura erguendo-me do chão e com a outra abriu a porta me levando para dentro do quarto fechando a porta com o pé.

– Bill sobre a lig...

Sua boca calou a minha e sua língua invadiu minha boca. Senti sua respiração quente e a textura dos seus lábios, a boca era firme e exigente. Minha boca estremeceu contra a dele, meus nervos e minhas emoções ficaram a flor da pele.
E quando estávamos sem fôlego, minhas pernas fracas e meus sentidos atordoados, Bill separou nossas bocas, unindo nossas testas.

–Preciso descer, vou levar Dean no aeroporto. – eu disse com a respiração falha.
–Não... Fique!
–Não posso! – Eu disse baixo.
–Kate... Eu não consigo mais dormir, mais me concentrar... – ele falava e me dava pequenos beijos estalados – Não consigo mais viver dessa forma... Não consigo!
–Eu prometi a ele! – eu murmurei
–Desprometa ... Fique comigo o resto do dia.

Bill não me deixou responder, sua boca tomou a minha novamente, me entorpecendo, dificultando meus pensamentos.


–Kate? – o empurrei e ajeitei minhas roupas quando ouvi Silvia me chamar do lado de fora do quarto de David. – Você me chamou? - Ela disse quando saí do quarto, respirando com dificuldade.
–Bill! – eu disse me virando para Silvia – Bill queria champagne.
–Sim, venha eu pego e lhe ajudo! – Silvia sorriu e descemos a escada, sem ver Bill no quarto.


***


Quando voltamos com as taças e a champagne, Bill já estava no escritório. Ele que serviu o champagne, sempre que podia roçava nossos dedos, me deixando desconcertada.

– Bill, eu agradeço muito e voltamos a nos falar no começo de 2009! – Dean se levantou e Bill também, deu um abraço nele, batendo com uma mão nas costas dele.
– Até o começo de 2009, quero viajar até Los Angeles para conhecer seu estúdio
– Ótimo, ficaremos felizes em recebê-lo! – Dean me olhou e sorriu - Leve a Kate!

Bill olhou para mim e sorriu.

– Levarei.
–Preciso ir, meu vôo para L.A sai daqui duas horas.
–Quer que eu chame um taxi! - Bill perguntou a ele.
–Não, Kate vai me levar, estamos com o carro dela.
–Tudo bem! – Bill sorriu e me olhou, senti que ele esperava uma reação minha, talvez que dissesse a Dean que eu não o levaria ao aeroporto.

Como minha reação não veio.

Bill apertou a mão de Dean, e logo depois Gustav o fez, Gustav me deu um beijo na bochecha e logo em seguida, Bill se debruçou para me dar tchau, segurando minha cintura e apertando, arrepiando-me, não pude olhar para ele.
Seguimos juntos para fora da casa, Dean contornou minha cintura com seu braço, falando algo que não entendi perto do meu ouvido, quando chegamos ao portão, como sentindo que estava sendo observada olhei para trás e ele estava na janela nos olhando. Dei um passo para o lado e tirei o braço de Dean da minha cintura.

***


–Venha comigo para Los Angeles – ele disse quando chegarmos ao saguão do aeroporto - Você ainda tem cinco dias de folga!
–Você ainda não se cansou de mim?
–Jamais cansaria – Dean sorriu e tocou meu rosto de leve – Venha comigo.
–Dean eu não posso...
– Kate, eu não queria ficar longe de você – ele se aproximou e baixou cabeça – Na verdade eu não posso ficar, eu...
–Dean, não! – Eu percebi o que ele queria falar, o que ele queria fazer – Eu amo você – eu disse sorrindo – Espera!
– Isso é um não?
– Acho que sim... Com você é outro sentimento.
– Entendi! Você não é uma mu­lher que posso ter... Mas também não é uma mulher que posso esquecer... Você entende isso?

Eu apenas balancei a cabeça, sabendo exatamente do que ele falava, Dean sorriu, colocou suas mãos em meu rosto e trouxe minha cabeça para um beijo em minha testa com carinho e virou para o portão de embarque sumindo de minha visão.

***

Esperei Dean embarcar e segui com passos largos para o estacionamento do aeroporto, entrei no meu carro e antes de dar a partida, fiquei alguns minutos pensando o que fazer como iria proceder.
Então, respirei fundo, dei a partida e segui para decidir minha vida.

A decisão estava tomada.

Estacionei o carro e entrei na casa correndo, quando entrei na sala, Gustav ergueu a cabeça como se não me esperasse.

–Onde ele esta? – Eu perguntei
–No quarto de hóspedes.

Olhei para o andar de cima e subi as escadas rapidamente, a porta estava aberta, o quarto estava a meia luz e ele estava deitado, virado para a janela.
–Bill?
Ele virou-se assustado. Olhando-me...

Postado por: Grasiele

Sempre Sua! - Capítulo 17 - Eu sempre tenho...


– O que foi, Bill? – O irmão mais velho perguntou para o mais novo que ainda olhava para o aparelho celular.
– Nada! - Bill foi curto e grosso.
–Como nada? – Tom se aproximou e olhou para Bill que colocou o aparelho no bolso da jaqueta – Você esta branco feito papel – ele insistiu - O que aconteceu?
– Ele esta lá com ela... No apartamento. – Bill olhava fixo para a janela.
– Ele? Ele quem? – Gustav também se aproximou e perguntou.
– Acabei de ligar para a casa da Kate e Dean esta lá com ela.
–Hummmm, isso é muito ruim! – Tom fez uma careta e sentou no sofá do quarto do hotel.
–Tom, não acho que devemos julgá-la enquanto não soubermos o que está acontecendo. - Gustav olhou para o guitarrista e depois para Bill – O que Kate disso sobre isso?
– Não disse nada – Bill o olhou - Estava no banho, ele mesmo que atendeu.
– Aiiiii... Isso é... Muito pior!
– Cala a boca, Tom!
– Não me mande calar a boca. – Tom diz a Gustav.
– Mando sim, você só está atrapalhando.
– Ele é meu irmão.
–E daí, e por isso precisa fazer o advogado do diabo? – Gustav disse sério a Tom.
– O que esta acontecendo? – a porta do quarto de Bill se abriu e o empresário entrou junto com Georg. – Gustav esta nervoso? – David fechou a porta e olhou para o baterista. – Se ele está nervoso a coisa é muito séria.
–Eu não quero aquele cara trabalhando para nós. – Tom se pronunciou nervoso, acendendo um cigarro.
–Que cara? – David perguntou olhando para Tom – De quem você esta falando?
–Dean! – Tom falou o nome entre uma tragada.
–Já entendi! – O empresário falou olhando para Bill que estava sentado com a cabeça baixa e com as mãos na cabeça. – Não podemos misturar negócios com vida pessoal.
–Podemos sim e vamos. Olha o que ele esta fazendo com Bill.
– Seu irmão pediu o melhor estúdio de mixagem do mundo para o próximo cd e o estúdio do pai do Dean é o melhor que conseguimos.
– Mas o que aconteceu? – Georg sentou na cama e perguntou a Bill.
– Bill ligou para Kate na casa dela e ele atendeu. – Foi Tom que explicou ao baixista.
–E...?
– E o que seu idiota? - Tom falou bravo com Georg – Ele ta dando em cima da garota do meu irmão.
– Pelo que Bill nos contou eles são amigos de infância. – Georg olhou para Bill, que ainda permanecia com a cabeça baixa.
– E você acredita no coelho da páscoa? – Tom levantou do sofá e apagou o cigarro no cinzeiro.
– Esse sentimento de proteção por Bill às vezes chega a ser patético, Tom. – Gustav disse mais calmo.
– Sim, pode ser! – Tom olhou para o irmão sentado no sofá e andou até ele perguntando baixo – Quer dar uma volta?
– Não. – Bill respondeu sem o olhar.
–Quer que eu durma aqui com você? – Tom insistiu em ajudar – Bill me deixa ajudar em alguma coisa.
– Tudo bem, Tom – Bill disse olhando para o irmão tentando esboçar um sorriso. – Vá se divertir!
– Quer que eu te traga um café? – Tom levantou e pegando a carteira perguntou para o irmão.
–Não precisa obrigado.
Os gêmeos se olharam, e sorriram da mesma forma, triste.
– Querem vir comigo? – Tom olhou para Georg e Gustav.
– Eu vou sim! – Georg disse se levantando e dirigindo para a porta com Tom.
–Eu não! – Gustav disse não se movendo.
Tom abriu a porta e deixou Georg sair e depois virou para o irmão e disse:
– Gustav tem toda razão, primeiro ouça o que Kate tem a dizer, não a julgue! – e por fim falou - E se quiser voar para falar com ela pessoalmente, irei com você.
Tom fechou a porta, chateado pela situação do irmão.
–E eu vou aproveitar e dormir, amanhã de manhã tenho uma reunião com a Cherrytree, vou deixar essa caixa aqui, já abri com segurança e... Bom, pensei em esconder de você, porém acho que não adiantaria, depois dê uma olhada.
David avisou a Bill e também saiu do quarto deixando Gustav e Bill a sós.
Gustav esperou a porta fechar, o barulho no corredor finalizar , olhou pra Bill e pediu:
– Bill, não faça nada do que se arrependa mais tarde.
– Tem noção como tem sido difícil? – Bill depois de muito tempo levantou a cabeça e olhou para o amigo. – Tem idéia o que estou passando por ela?
– Tenho uma leve impressão.
– Talvez não. – Ele se levantou e foi até a caixa que David tinha acabado de colocar sobre a mesa e a olhou por minutos. – Eu queria que fosse tudo diferente entre nós dois, queria que o mundo soubesse dela. – Bill disse desviando os olhos da caixa para Gustav. – Queria que todos soubessem que ela é o grande amor da minha vida, o primeiro e o último.
– Então, assuma esse namoro e deixe que o mundo saiba e esqueça esse lance do que as fãs vão achar.
– Não é tão fácil como pensa.
– A única coisa que penso no momento é que você esta deixando a garota da sua vida escorrer sobre seus dedos e que se não tomar uma atitude, a perderá.
–Eu sei Gustav! – Bill andou até o baterista e sem um pingo de paciência, gritou – Você acha que não sei? Você acha que isso não me tira o sono? – O vocalista fechou o punho e socou a mesa com raiva. - Dean é tudo o que ela espera de mim, tudo o que Kate espera em uma relação e nunca vou conseguir dar e isso me deixa... Deixa-me... Puto... Isso esta me matando, esse ciúmes corrói de uma forma tão gigantesca, me deixa tão cego que não consigo pensar, não consigo raciocinar direito. Não consigo me concentrar e quando subo no palco, não é tão satisfatório como era antes, eu a amo tanto que essa mistura com o meu ciúme doentio por ela esta me tornando uma pessoa fraca e sem rumo. – ele chutou a cadeira – Que inferno!
Aquele foi à gota d’água para Bill e sem tentar fugir ou disfarçar, sentou no sofá ao lado de Gustav, apoiou a cabeça nas mãos e com uma criança, desabou a chorar.
Chorou desesperadamente, chorou por amor, ciúmes e principalmente por ele e Kate.
– Há pessoas que se assustariam com esse tipo de amor, que consome nossa sanidade tornando-nos loucos e sem controle algum sobre a nossa própria mente, corpo e principalmente, sobre nossas palavras.

Os soluços vieram altos, do fundo da alma, os soluços tomaram o ambiente silencioso.
Gustav segurou o máximo suas lágrimas e passou um braço em torno dos ombros de Bill e não disse nada, o choro do vocalista aumentou ao sentir o braço do amigo em volta de seu ombro, e quando o choro foi se tornando mais calmo, o baterista voltou a falar.
– O que exatamente esta acontecendo? – Gustav olhou para caixa rosa em cima da pequena mesa do quarto – O que essa caixa tem a ver com você e Kate?
Bill limpou as lágrimas com as costas das mãos e se levantou seguindo em direção a caixa, desfez o enorme laço e a destampou, quando viu o que tinha dentro, fechou os olhos e se afastou tentando segurar o enjôo.
Gustav se levantou e foi em direção à caixa e quando olhou para dentro da caixa e não conteve a indignação.
– Meu Deus, o que é isso Bill? – Ele olhou mais uma vez e retirou o cartão que estava preso no peito do pequeno pássaro morto e leu em voz alta:
– “É isso que eu farei com seu coração se ele estiver ocupado por outra pessoa
Gustav olhou para Bill franzindo a testa, ainda não acreditando no que via, questionou:
– Quanto tempo vem recebendo isso?
– Em setembro vai fazer um ano.
–Isso é... É...
– Não posso mostrar Kate para o mundo sabendo que existe alguém que pode lhe fazer mal.
– Essa pessoa pode estar blefando.
– Gustav ela chega aonde nenhuma mais chega, ela sabe mais da minha vida que eu mesmo, como posso colocar Kate na mira de um ser humano tão doente, eu nunca me perdoaria.
– Agora te entendo. Estão fazendo algo em relação a isso.
– Sim. – ele meneou a cabeça, indo jogar a caixa no lixo - Vou acabar perdendo-a.
– Não se você quiser. – Gustav sorriu pela primeira vez para Bill - Posso ser sincero?
– Tenho escolha? – Bill retornou o sorriso.
– Não. - Gustav respondeu divertido - Naquele dia da briga no hotel em Portugal, Kate me disse algo que talvez esteja na hora de lhe contar.
Bill não disse nada apenas olhou para Gustav.
– Ela disse que existia dois Bill: o Bill de agora e o Bill do jardim, e que ela amava o Bill do jardim, e se ele insistisse em ir embora, ela iria também.
– O que quer dizer exatamente, Gustav.
– Que na verdade ser exibida ou não ao mundo, não é o que faz Kate infeliz - Gustav explicou a Bill – O que a faz infeliz é não tê-lo por perto. No dia em que vocês estavam no jardim, o seu mundo parou, você parou porque queria dedicar aquele momento para conhecê-la. – Ele parou por um segundo e sorriu olhando para Bill – Ela não quer nada mais do que um momento como aquele, não há exigências Bill, são apenas pequenos momentos dedicados a ela.
– Você tem razão, Gustav.
–Eu sempre tenho.
– Essa frase é minha! - Bill abraçou o amigo pelo ombro, deu um sorriso de canto de boca - E só poderá usá-la novamente depois de fazer um grande favor...

Postado por: Grasiele

Sempre Sua! - Capítulo 16 - Como irmãos...


Oi - eu também sorri e olhando para a caixa em sua mão, disse. - Que caixa linda.
– Você gostou? É para o meu namorado! – ela respondeu e sorriu – Tenho certeza que ele vai amar tanto a caixa, quanto o que tem dentro.

Ela olhou para caixa fechando seu sorriso, descendo do elevador, despedindo-se friamente.
Por incrível que pareça naquele instante meu coração apertou e aquela sensação de plenitude, alegria e de bem estar, havia sumido...



..



Estacionei o carro na frente da casa da minha tia, depois de vinte minutos, desci, meus olhos correram para a casa da piscina, meus pêlos se ouriçaram, com certeza nunca eu a olharia da mesma forma depois da noite que passei com Bill.
Eu simplesmente sorri.
Quando atravessei o corredor e me aproximei da porta ouvi os sorrisos e a voz alta de tia Abby e de outra pessoa, como a porta estava entreaberta eu apenas a empurrei e entrei.
Os sons das risadas vinham da sala de jantar então eu coloquei minha bolsa no sofá e me dirigi até lá, quando eu entrei não pude acreditar.
– Dean? – sorri para ele – O que faz aqui?
– Esta vendo tia Abby eu não disse que ela não ia gostar da surpresa. – ele disse rindo olhando para minha tia e se levantando. – Vou ficar uns dias aqui na Alemanha.
– Isso é ótimo – eu disse – Lógico que eu gostei da surpresa. – fui até ele e o abracei com carinho – Na verdade eu fiquei muito feliz mesmo.
Dean beijou o topo da minha cabeça e ainda me manteve presa em seus braços por alguns minutos, depois que me soltou, puxou a cadeira perto de minha tia e eu sentei.
– O que houve? – Eu perguntei a Dean pegando uma torrada.
– Eu tinha alguns dias de férias, conversei com o meu pai e aqui estou. – ele sorriu daquela forma incrível - Quero fazer algumas loucuras e achei que como fui embora muito novo e você conhece muito bem a Alemanha pode me ajudar com isso.
–Eu?
–Sim, quero que seja o meu guia.
Minha tia me olhou divertida e eu me virei para Dean.
– Eu... Tudo bem – disse sorrindo sem graça – posso fazer isso.
“Será que posso mesmo?”
Então, vamos! – ele disse limpando a boca no guardanapo e levantando da mesa.
– Mas, eu nem tomei café ainda.
– Venha! – Dean disse segurando meu cotovelo - vou te levar a um lugar e podemos fazer isso de uma maneira mais prazerosa.
– Que...
– Tchau Tia Abby! –ele disse me puxando para fora da sala de jantar.
– Tchau crianças! – Tia Abby me olhou, feliz.
Peguei minha bolsa em cima do sofá e saímos da casa, quando chegamos perto do carro ele parou e me olhou estendendo o braço abrindo a mão.
–Dê-me a chave!
–A chave?
–Sim, se é uma surpresa eu tenho que dirigir. - ele me olhou – Devolvi o carro a tarde e não aluguei outro.
Eu lhe dei a chave e ele abriu o carro, dei a volta abrindo a porta do passageiro sentando-me no banco. E ele o ligou.
– Pronta? - me olhou, sorrindo mostrando seus dentes brancos alinhados e perfeitos.
– Acho que não! – eu sorri quando ele deu a partida.


....

– Dean? - eu perguntei olhando para ele, incrédula – Como você consegue?
Olhei para a fachada do café que os pais dele sempre nos traziam de domingo à tarde para tomar o melhor milk-shake da Alemanha. Nada havia mudado.
– Venha! – ele pegou minha mão e abriu a porta tocando o sininho da mesma maneira que fazia há dez anos atrás. – Lembro que passávamos nessa porta mil vezes para esse sino tocar.
–Você passava! – eu disse entrando na cafeteria – Você era terrível.
–Ainda sou! – ele disse abrindo a porta e fechando-a várias vezes para que o sino tocasse incessantemente, chamando a atenção de todos que estavam no local.
–Pare! – eu disse pegando em seu braço puxando-o para a mesa.
–A mesma medrosa de sempre. – ele me olhou, sério – queria ver você fazendo algo fora dos padrões.
Baixei meus olhos, lembrando da cena dentro da casa da piscina, da forma que me entreguei ao Bill, da maneira que ousei e deixei que ele ousasse enquanto fazíamos amor. Dos gestos e palavras que dissemos um ao outro no calor do momento.
– Pare de pensar. – ele disse estalando os dedos me trazendo de volta para a realidade.
A garçonete se aproximou e fizemos o nosso pedido.
–Queria que esses dias que estivesse comigo você parasse de pensar nisso.
Nisso?
– Sim, nisso que te faz enrugar a testa e ficar pensativa demais.
Ele pegou minhas mãos que estavam em cima da mesa e as segurou firme.
– Esqueça isso, por mim!
– Impossível! – eu o olhei – Mas, prometo que não enrugarei mais a testa.
Sorrimos e tomamos nosso milk-shake. Quando saímos da cafeteria, a pé fomos à catedral de Hamburgo, onde sentamos na escadaria e ficamos conversando por horas. Depois, quase anoitecendo visitamos o Stadtpark e já à noite, jantamos num pequeno restaurante e então à uma hora da manhã o levei para o hotel.


Os dias se passavam e nenhum era igual ao outro com Dean, íamos a lugares que mesmo eu morando na Alemanha nunca havia visitado como no Museu Kunsthalle.
Sai muito cedo de casa e só retornava depois que levá-lo ao seu hotel, sempre de madrugada. Praticamente, durante os cinco dias em que Dean ficou na Alemanha, fizemos todas as refeições juntos.
E eu adorava.
Bill me ligou todos os cinco dias, alguns deles falávamos apenas por segundos.
– Bom show!
– Queria que estivesse aqui na Itália.
– Pra que? – eu disse olhando para Dean que tomava seu café dentro da cafeteria – Com certeza, não poderíamos estar junto nesse exato momento, já que eu não o acompanho nos shows.
– Mas, eu queria que estivesse aqui do mesmo jeito.
Falamos por mais alguns segundos e Bill desligou para a concentração antes de subir ao palco. Guardei meu celular na bolsa e entrei para terminar o meu café.
– Daria qualquer coisa para saber quem...
– Dean lembra aquela sorveteria pequena naquele bairro distante, podemos ir até lá? – eu disse o interrompendo pegando em seu braço e o levando para fora da cafeteria – Lembra daquele sorvete napolitano? - eu disse entrando no carro - Nunca mais tomei e hoje o dia está propício para ele.

Ele sorriu sentando no banco do passageiro, não tentou puxar mais assunto, sabia que eu não contaria mais nada sobre as ligações que recebia e que sempre me distanciaria para atendê-las.
Com certeza, quando estivesse com Bill eu falaria desses dias que estive com Dean, não poderia esconder nada dele. Mas, apenas contaria quando estivéssemos um de frente ao outro.

Fomos até a sorveteria, ficamos sentados por quase três horas conversando e sorrindo, deixamos o lugar já à noite, dirigi até o meu prédio, pois como estávamos exaustos decidimos jantar em meu apartamento.

– Posso ver nossas antigas casas daqui. – Dean disse observando Hamburgo da janela da sala.

– É foi por isso que eu escolhi este apartamento. – disse tirando meus sapatos colocando-os no canto do sofá e sentando-me.


– O que vamos fazer agora? – ele me perguntou. – Você está cansada?

– Um pouco. – eu disse vendo-o sentar ao meu lado. – O que esta pensando em fazer agora?

Ele me olhou sério por longos minutos. Seus pensamentos pareciam estar longe, mas não me atrevi a perguntar.

– Eu não sei, também estou cansado, acho que vou voltar para o hotel.

– Não. – Fique aqui, vamos pedir pizza, chocolate e ver um filme bem chato.

– Um filme chato? – ele fez uma careta.

– Sim, porque se ele for chato, nós vamos ficar conversando o tempo todo, e eu sinto falta disso.

– Ah eu me lembro dessa parte, você me fazia olhar os piores filmes de romance.

– E você não ficava quieto um minuto. – eu o lembrei.

– Irritar você era o meu esporte favorito. – ele riu, me fazendo sorrir também.

Peguei o telefone, pedi uma pizza, e depois nos jogamos no chão da sala para assistir ao filme, ele estava deitado ao meu lado com a cabeça apoiada numa enorme almofada e eu estava sentada, fazendo com ele, o que eu mais gostava quando éramos crianças.

– Não acredito que eu deixava você me maquiar. – ele disse com os olhos fechados.

– Ainda deixa. – eu disse – Não tinha amigas, apenas você e sempre gostei de maquiagem - eu fechei o lápis preto - E só passei um lápis em seus olhos com um pouco de sombra.

– Talvez eu esteja um pouco bêbado.

– Você atacou meu mine bar.

– Você estava olhando aquele filme chato, o que eu poderia fazer?

– Fique quieto – eu disse passando o dedo de leve em suas pálpebras.

– Eu devo estar lindo. – ele continuava com os olhos fechados.

– Você sempre foi. – eu o olhei, sorrindo entregando o espelho para ele se olhar.

– Já posso vencer a miss Alemanha. – ele sorriu olhando-se no espelho – Sabe com quem estou parecendo?

– Sua tia Flora? - eu falei lembrando-me como a tia de Dean gostava de usar a maquiagem até para ir à padaria.

–Não! – ele abaixou o espelho - Bill Kaulitz!

Meu sorriso se fechou e eu o olhei por uns instantes sem conseguir dizer nada.

–Melhor você lavar o rosto. – Disse levantando rapidamente depois de segundos.

–Nossa, parecer com Bill Kaulitz é tão ruim assim?

– O toalete é a segunda porta a direita.


Ele se levantou e foi lavar o rosto, desliguei a televisão e caminhei até o aparelho de som e ainda com os dedos trêmulos procurei algo para ouvirmos, escolhendo um cd colocando-o dentro do espaço apertando o play.


– Música Country aqui? – ele disse quando voltou para sala.

– Algumas pessoas gostam. – eu disse virando-me e cruzando os braços.

– Isso inclui você?

– Talvez. – Falei tentando sorrir.

– Talvez você também goste de dançar? - Dean se aproximou, tocando em meus braços fazendo-me descruzá-los, segurando meus pulsos. – Dance comigo.

– Eu não sei. – nunca havia dançado na minha vida, nem com Bill. – Eu nunca dancei com ninguém.

– Então... Eu vou ensinar a você. – ele acariciou meus pulsos e me trouxe de encontro a seu corpo. – apenas feche os olhos, eu te levo. – colocou sua mão na minha nuca e me deitou em seu peito, tocando seus lábios em minha testa. – E... Esqueça-o... Só por essa noite... Esqueça-o!

Senti seus braços me enlaçarem fortes e seguros, ele respirou fundo e soltou o ar devagar, iniciando os passos leves e pequenos me levando com ele ao som da música, o enlacei pelo pescoço fechando meus olhos deixando Dean me embalar de um lado para o outro e por um segundo soprou a canção em meu ouvido.

Você vai pegar a minha mão, sussurrar as mais doces palavras e se você ficar triste eu te farei rir...



Ao término da música minha face estava apertada em seu ombro, nossos corpos estavam fundidos, suas mãos estavam abertas em minhas costas alisando-as, seus dedos deslizavam me acariciando, abri os olhos e me afastei, olhando-o.

Dean abriu seus olhos também e nossos olhos se encontraram, mantivemos nossos olhares unidos até ele descer seus olhos azuis para meus lábios, seus dedos apertaram minha cintura, e dei um passo para trás.



– Acho melhor eu ir embora. – ele disse sem se mexer. – Amanhã à tarde volto para Los Angeles. – Ele falou seguindo em direção a janela, virando de costas.
– Não entendo por que você não pode dormir aqui no quarto de hóspede.
– Não sei – ele disse ainda de costas para mim – Melhor não!
Eu andei até ele e o abracei pela cintura.
– Faço uma pipoca, aquela com muita manteiga que você gosta.
– Kate...
– Quantas vezes dormimos um na casa do outro? – eu perguntei a ele – Fique em nome dos velhos tempos, como se fossemos irmãos novamente.

Dean baixou a cabeça, sorriu balançando-a negativamente, tocando minhas mãos em sua cintura com as suas e virando-me de frente para ele abraçou-me com carinho.
– Tudo bem, eu fico... Como irmãos novamente – depois me soltou - Eu fico só essa noite, pela pipoca.

– Ótimo! – eu disse - Vou para o banho e já venho fazer a sua pipoca.


...


Dean estava deitado no sofá, assistindo televisão, quando ouviu o celular de Kate tocar dentro da bolsa por mais de quatro vezes, ele olhou para a mesma, mas achou muita audácia abri-la e mexer para atendê-lo.
Voltou seus olhos para a televisão e depois de um minuto o telefone da casa de Kate começou a tocar incessantemente: uma, duas e na terceira vez Dean estendeu a mão e preocupado que fosse tia Abby, o atendeu.
–Alô?
–Quem é? - A voz do outro lado perguntou.
– É o Dean... Quer dizer é da casa da Kate.
–Dean... E Kate onde esta?
– No banho. – Dean respondeu.
– Kate esta aonde?

Postado por: Grasiele

Sempre Sua! - Capítulo 15 - Bill Kaulitz!


– Boa noite, Kate!

Bill? – Eu vi a sombra sair das folhagens fechei meus olhos tentando deter meu coração que estava aos pulos. – Bill, o que você esta fazendo aqui, na Alemanha?
–O que ele... – Bill franziu a testa – Aquele cara era o mesmo que você jantou em Portugal?
–Sim!
–Ele veio com você para Alemanha? – Bill perguntou indignado, num tom de voz baixo.
–Não!
–Mas ele esta aqui, com você.
–Bill vamos entrar!
–Você e ele?
–Bill, não! – Eu peguei em seu braço e puxei para dentro da casa, fechando a porta. – Ele não veio comigo para Alemanha.
–Você estava aqui com ele.
– Nunca menti para você. – disse impaciente
– Não, mas foi muito econômica com a verdade.
Olhei para Bill e ele parecia em órbita, me olhava balançando a cabeça, tentando buscar respostas, tentando entender o que estava acontecendo entre nós.
– Você mal o conhece e já...
–Eu o conheço desse de criança. – Eu o cortei – Eu e Dean somos amigos de infância.
– A coisa é bem pior do que eu imaginava. – Bill passou a mão em seus cabelos negros.
–Ele é meu amigo, já disse isso a você.
– Você me deixou para vir com ele para a Alemanha. – aquilo não era uma pergunta.
– E se tivesse deixado? – Viramo-nos para o topo da escada e minha tia estava parada – Quantas vezes você a deixou por tão menos?
– Boa Noite, Abby! – Bill disse educado.
–Boa noite, Bill! – ela respondeu.
–Tia, por favor! – eu supliquei a ela.
– O que você queria que ela fizesse? – minha tia começou descer as escadas – Queria que ela ficasse ajoelhada catando as migalhas que você jogava a ela?
– Não é bem assim, Abby. – Bill disse
– Não? – Tia Abby cruzou os braços, e arqueou uma sobrancelha. – Tem certeza?
– Tia Abby, deixa que eu falo com Bill.
– Nunca vi Kate tão feliz como eu a vi nesse dias que ela passou aqui, sem você. – Minha tia parou de frente para Bill.
– Com o amigo de infância? – Bill arqueou uma sobrancelha.
- Ele não veio com ela, se encontraram no aeroporto e ele com um bom cavalheiro e um rapaz atencioso, acompanhou Kate até aqui.
– Sim, e estou vendo que é muito bem vindo na sua casa.
–Sempre! – ela disse sorrindo – Ele sempre foi minha primeira opção para Kate.
– Tia, pare!
–Não, tudo bem Kate - Bill disse me olhando - É sempre bom colocar as cartas sobre a mesa – ele disse sorrindo, triste.
– Certamente! – Tia Abby também sorriu - Uma coisa que jamais faço é esconder algo nas mangas. - e finalizou - Isso é para amadores.
–Eu entendi o recado, Abby
– Não tenho nada contra você, rapaz – ela falou para Bill - Apenas acho que o estilo de vida que quer oferecer a minha sobrinha é...
– Eu entendo a sua preocupação, mesmo! - Bill a cortou educadamente - Desculpa não poder ficar para um café. –antes de se virar e sair pela porta, ele sorriu e despediu-se – Tchau, Abby
Minha tia respondeu também e ele saiu, indo embora.
– Não dormirei aqui! - peguei meu casaco, olhei para minha tia com os olhos cheios d água balancei a cabeça saindo em direção de Bill.
– Bill! – eu o chamei o vendo atravessar o enorme corredor – Bill espere!
Ele continuou a andar. Eu corri para alcançá-lo, meus dedos cravaram em seu braço e o puxei fazendo-o parar bruscamente.
– Espere, eu disse!
Ele parou e me olhou, seus olhos estavam brilhantes, como se tivessem tomados ao mesmo tempo de lágrimas, raiva e tristeza.
– Eu estou bem, preciso ir embora tenho uma turnê e preciso...
–Não vá!
– Não posso ficar!
– Por favor... Fique!
Minha voz foi baixa, porém segura, ergui minha mão para o seu rosto e desli­zei sobre ele, sua pele era macia e quente. Bill fechou seus olhos inclinando a cabeça de leve para sentir uma pressão maior dos meus dedos.
Bill ergueu sua mão e tocou a minha em seu rosto segurando-a e levando a boca.
–Faz idéia de como senti falta do seu toque? – ele disse ainda de olhos fechados.
– Não... Mas adoraria que me mostrasse.
Seus olhos cor de mel se abriram fitando os meus, intensamente.
Bill segurou minha mão forte e a puxou trazendo meu corpo para junto do seu, senti seu braço se curvando ao redor da minha cintura e a outra na minha nuca procurando meus lábios.
Sua boca se encaixou na minha com perfeição por um momento, nossos lábios apenas se uniram, ele puxou uma mecha do meu cabelo devagar, fazendo me gemer, levei minhas mãos para seus cabelos negros puxando-o para mais perto.
A madrugada era silenciosa exceto pelos sons de nossa respiração e dos nossos batimentos car­díacos que já estavam fora de controle.
–Bill... eu preciso... – eu sussurrei quando ele separou nossas bocas.
–Eu também...
–Onde vamos?
– Aqui... – ele gemeu rouco no meu ouvido.
–Aqui?
–Não posso e não vou aguentar... ir a algum lugar a não ser... aqui
Ele gemia, parecendo desesperado e aflito para me amar.
Olhei para a casa da piscina e ele acompanhou meus olhos, pegou meu braço e praticamente me arrastou até lá, abriu a porta com força e usou meu corpo para fechá-la.
Bill ergueu uma das minhas coxas e circulou-a ao redor de seu quadril. A posição levantou o meu vestido fazendo me sentir o quanto ele me queria.
– Pode sentir o tamanho da minha saudade? - ele pegou minha mão e me fez tocar o volume entre suas pernas.
Movi minha mão por cima de seu jeans fazendo-o fechar os olhos e morder o lábio inferior. O barulho do zíper abrindo, devastou o último fio que restava de nossa sanidade.
– Kate...
– Sim, eu também senti sua falta. - eu arfei, não poderia esperar mais.
Bill enganchou os dedos na cintura de minha calcinha e deslizou-a pelas minhas pernas depois, dei um passo ao lado deixando a pequena peça de renda preta sobre o chão gelado.
Então, com um movimento brusco me ergueu em seus quadris e com certa violência me apoiou na parede mais próxima, e fechando os olhos dando um gemido rouco quando sentiu seu corpo entrar no meu.
Ele não se moveu.
Abriu os olhos novamente e só depois que sorriu travesso, ele começou a mover seu quadril contra o meu, rápido e urgente. Ele ergueu a cabeça sustentando o nosso olhar enquanto se movia, os corpos e os olhares unidos, as mãos dele firmes e cravadas em minha cintura.
– Ah Bill... – joguei minha cabeça contra seu ombro e o apertei quando a onda se aproximou.
Sentindo que eu chegaria ao clímax, ele aumentou a velocidade do seu quadril contra o meu. Meu corpo pulsou e cada fibra clamou pela libertação e quando ela veio, foi intenso e muito mais maravilhoso do que sonhei ser possível um dia.
Bill se con­traiu estremecendo e com uma investida final, explodiu.
– Kate... - ele sussurrou abraçando me aper­tado, os corpos suados, os corações batendo juntos. Por alguns minutos permanecemos daquela forma, unidos como um só corpo.

Movimentei-me no abraço de Bill, e ele gentilmente me colocou no chão. Beijando-me mais uma vez, antes de se afastar.
– O seu amigo...
–Shhh... – coloquei delicadamente o dedo em seus lábios e passei meu nariz no dele. – Não quero estragar esse momento.
– Tenho ciúmes dele. – ele beijou minha boca mais uma vez
– Não tenha. – eu disse quase não conseguindo respirar.
–Por quê?
– Talvez simplesmente porque ele não é você... Nem nunca será.

Minha boca foi tomada novamente pela dele, ele enfiou todos seus dedos dentro do meu cabelo e massageou, me fazendo sentir fraca, minha respiração começou a ficar descompassada. Ele rapidamente puxou uma enorme espreguiçadeira e me deitou nela, unindo nossos corpos mais uma vez.


...

Minutos depois, ainda estávamos abraçados, em total silêncio, ele tinha jogado seu sobretudo sobre nós e feito o meu de travesseiro.
Eu estava deitada ao seu lado, e estávamos com a mão em seu peito, ele suspirou profundamente e pegou minha mão com a sua, beijando e depois unindo as nossas palmas.
Eu fitei nossas mãos.
– Adoro suas mãos. – ele elogiou também a olhando – a segunda coisa que me chamou atenção em você naquele dia na casa do David. – entrelaçou seus dedos nos meus apertando-os devagar - ela tem sempre o mesmo aroma de morango, daquele frasco pequeno que você sempre leva em sua bolsa.
– Não pensei que isso chamasse a sua atenção. – eu disse levantando minha cabeça olhando-o, sorrindo.
Um tremor percorreu meu corpo quando seus lábios quentes tocaram de leve o meu pulso.
–Tudo em você chama a minha atenção. - Bill beijou a palma de minha mão - o modo como morde o lábio inferior quando esta nervosa, a maneira que separa os alimentos no prato para que nada se misture.
– Isso é uma doença. – eu disse fazendo-o sorrir
– Sim, é! - ele disse levantando e apoiando a cabeça em sua mão e o cotovelo na espreguiçadeira - a maneira repentina que muda de assunto, parecendo nunca estar ouvindo o que estamos falando.
–Tá, isso já é falta de educação. – ele jogou a cabeça para trás, rindo - minha mãe ficava brava comigo, quando me dava bronca e em questão de segundos, eu mudava totalmente o assunto, ela sempre desistia no meio do caminho.
– Tenho meus defeitos também. – ele disse beijando minha testa
– Não fale deles, por que não sairemos daqui hoje! – eu disse, recebendo uma leve mordida no queixo
–Você esta dizendo que eu tenho muitos defeitos? - ele perguntou semicerrando os olhos.
– Não! – eu disse franzinho o cenho, brincando - Imagina! – ele me mordeu mais uma vez – mas se isso te faz sentir melhor, amo cada um deles... – eu o beijei de leve nos lábios - até mesmo a sua mania de falar e não deixar ninguém mais se manifestar.
–Isso não é mania, e sim prevenção, se não eles só falam o que não deve. Principalmente o Tom.
– Você tem razão.
–Eu sempre tenho.
Eu o olhei com um sorriso divertido.
– Isso não é um defeito. – ele tentou se defender.

Olhamo-nos por um segundo e depois caímos na gargalhada juntos, talvez como nunca houvéssemos feito no decorrer do nosso namoro.
Naquela noite, alguma coisa tinha mudado entre nós, a atmosfera, os beijos, os abraços, o modo que fizemos amor, tudo foi feito diferente, de uma maneira inédita, que me agradava muito mais.

Cumplicidade, essa era a palavra certa para definir aquela madrugada dentro da casa da piscina.


...


–Preciso ir, Kate! – ele disse quando terminou de se vestir - você vem comigo?
–Eu vou ficar!
–Por quê? – ele levantou o olhar.
–Vou ficar um pouco mais com a minha tia. – vendo sua feição de preocupação, eu o alertei – Ela não vai mudar a minha cabeça, sobre você ou sobre Dean.
–Dean, é esse o nome dele.
– Não quero falar sobre isso, não hoje, não depois de tudo que tivemos aqui nessa noite. – Vou ficar por que quero estar um pouco mais com ela. – eu me aproximei abraçando-o pela cintura - ela é minha única família.
–Você não vai mais me acompanhar nas turnês?
– Vou! – eu disse – Mas, não agora.

Ele me segurou pela cintura e trouxe meu corpo junto ao seu me beijando por minutos sem fim, soltou-me de repente vestindo o sobretudo, colocando a enorme toca e silenciosos seguimos até o ponto de táxi mais próximo. Pegamos táxis diferentes, ele seguiu para sua casa, para pegar Tom e seguir para Milão e eu fui para o meu apartamento.


....

No outro dia acordei tarde, com uma sensação ótima dentro do meu peito, estava leve, feliz e amando incondicionalmente Bill Kaulitz.
Levantei da cama, tomei meu banho, troquei-me e com uma barra de cereal na mão deixei meu apartamento, apertei o botão do elevador e quando ele parou no meu andar, eu entrei e aquela minha nova vizinha estava encostada segurando uma caixa rosa mediana, ela acenou com a cabeça abrindo um imenso sorriso.

– Oi - eu também sorri e olhando para a caixa em sua mão, disse. - Que caixa linda.
– Você gostou? É para o meu namorado! – ela respondeu e sorriu – Tenho certeza que ele vai amar tanto a caixa, quanto o que tem dentro.

Ela olhou para caixa fechando seu sorriso, descendo do elevador, despedindo-se friamente.
Por incrível que pareça naquele instante meu coração apertou e aquela sensação de plenitude, alegria e de bem estar, havia sumido...

Postado por: Grasiele

Sempre Sua! - Capítulo 14 - Tão longe... tão perto.

 Nada para perder
E somos você e eu e todas as pessoas
E eu não sei por quê
Não consigo tirar meus olhos de você

Todas as coisas que quero dizer
Não estão saindo direito
Eu estou tropeçando nas palavras,
Você deixou minha mente girando
Eu não sei pra onde ir daqui...



You and me - Lifehouse

...



– Kate? – A voz grave me pegou de surpresa assustando-me quando estava saindo do aeroporto para pegar um táxi. Quando olhei para trás os olhos azuis sorriram para mim.
–Dean?
–Você esta me seguindo? – ele perguntou sorrindo se aproximando – Você disse que não sabia quando viria para Alemanha.
–É...eu...eu decidi de última hora! - Eu sorri sem graça. - O que faz ainda aqui?
– Fizeram o favor de perder minha bagagem. – ele disse revirando os olhos fazendo uma careta. – Estou aqui há horas e acharam nesse exato momento.
– Estou indo para a cada de tia Abby.
– Tia Abby tão simpática e tão cheia de vida. – Dean comentou recordando a nossa infância.
–Muito cheia de vida e de namorados. – eu disse sorrindo
–Tenho muitas saudades dela e de seu senso de humor único.
– Se não estivesse cansado te convidaria para vir comigo, ela ia adorar revê-lo!
–Eu vou!
–Dean, não quero incomodá-lo o seu dia...
– Sem problema, eu vou! - Ele repetiu e abriu a porta de um táxi – Vamos, chega desse aeroporto!


....

Tem alguém em casa? – Eu disse batendo devagar na imensa porta ricamente trabalhada. – Tia Abby?
– Kate! – eu ouvi a voz vindo do andar de cima da enorme casa – Não acredito!
Minha tia desceu as escadas, devagar com um sorriso nos lábios, vestindo um tailleur Armani azul impecável, quando chegou ao fim dos degraus, abriu os braços e eu caminhei e a abracei.
–Eu disse que tentaria vir!
–Não sei, pensei que Bi...
–Tia! – Eu arregalei os olhos de medo, por perceber que minha tia falaria de Bill – Não vai acreditar quem eu achei perdido no aeroporto e fez questão de vir te dar um abraço.
Abri a porta e Dean surgiu com seu melhor sorriso, aquele que nenhuma mulher ousaria resistir e esticou os braços oferecendo o enorme buque de lírios a ela.
–Meu Deus, menino! – Minha tia sorriu surpresa – Dean que saudades. - Ela segurou os ombros de Dean e o observou com um sorriso galanteador nos lábios – Você ficou muito bonito.
Minha Tia sempre foi fã assumida e incondicional de Dean, sempre me incentivava a ter um caso com ele, deixava claro que ele sim era o rapaz ideal para eu me casar, não só ela, como meus pais também.
– Tia Abby, você também esta linda.
– Por favor não me chame de tia, me sinto velha dessa forma. – Ela deu um leve tapinha em seu ombro –Seja sincero, eu teria alguma chance com você, já que essa tola nunca soube te dar o merecido valor?
–Tia Abby! – Eu a adverti olhando para Dean e depois para ela com os olhos abertos e minhas bochechas queimando de vergonha.
– Kate disse do jantar dia 3 e...
–Dia quatro, passamos para o dia 4 no mesmo horário e você esta convidado e será meu convidado de honra e não aceito um não como resposta.
–Bom... se eu serei o convidado de honra .
–Perfeito! – Tia Abby sorriu feliz - O jantar será servido, você nos acompanha não é mesmo? – Minha tia enlaçou o braço direito dele.
–Dean precisa ir para o hotel e descansar um pouco, esta a mais de cinco horas no aeroporto. – Eu expliquei.
–Tudo bem mais venha almoçar aqui amanhã. – Minha tia o intimou. – É uma ordem, rapaz!


Dean se despediu de minha tia e o acompanhei até o portão, esperamos até a chegada do táxi, não dissemos muitas coisas, quando o carro chegou, ele me olhou, sorriu e me deu um leve beijo na bochecha.

Depois que Dean foi embora para o hotel e minha tia deixou a casa em um jantar social com Ferrero, seu namorado italiano, fui para o quarto de hóspedes, tomei uma ducha quente, me vesti e deitei na cama virando para apagar o abajur.
No instante que levantei o braço, olhei para o meu celular que estava no criado mudo, como se sentisse, ele tocou. Peguei-o em minha mão e o nome brilhava no visor.
B.K.
Ele já sabia” - eu atendi.
–Alô?
– Kate... o que David disse é verdade? – A voz dele era mais de tristeza do que raiva.
– Sim! – Fechei meus olhos e esperei pela reação possessiva de sempre.
– Por que fez isso? - a pergunta foi feita quase em que um sussurro, me surpreendendo.
– Bill precisava de uns dias, longe!
– Onde esta?
– Na Alemanha, no quarto de hóspede de Tia Abby – respondi em tom baixo – Ela pediu para que passasse a noite aqui.
– Quando David disse que tinha cancelado a reserva do hotel na Bélgica eu...eu...
Bill parecia profundamente transtornado com a minha atitude, porem em nenhum momento ele alterou sua voz.
–Sinto muito, se eu tivesse ligado, talvez não tivesse coragem para fazer o que tinha que ser feito.
– Estou indo para o hotel, amanhã à tarde partiremos para a Bélgica.
Um pesado silêncio se instalou em nossa ligação.
–Como foi o show hoje? – eu perguntei a ele tentando mudar o clima e o rumo da conversa.
–Maravilhoso! – ele respondeu - Os fãs nos emocionaram muito, minha gratidão por eles aumenta a cada apresentação. – eu pude ouvir o sorriso simples, que eu adorava.
–Fico feliz por vocês. – eu disse sorrindo.
– Quando nos veremos? – Ele perguntou fazendo meu sorriso morrer em meus lábios.
– Não sei...
– Tem certeza que tudo isso é necessário? – ele perguntou de uma forma extremante suave.
– Não... Mas sei que é melhor a fazer nesse momento.

– Se é realmente isso que você quer. Tudo bem. – Não, não parecia tudo bem. - Preciso desligar, boa noite! – ele disse ainda mantendo o mesmo tom de voz do início da conversa.
– Boa noite. – foi tudo o que consegui responder.
– Kate? – ele me chamou quase num sussurro.
– Sim? – eu tive medo do que viria a seguir.
– Nos ainda estamos...ainda somos...
– Eu sempre serei sua! – eu fechei os olhos tentando controlar meus tremores.
–Isso não responde a minha pergunta. – Bill disse fraco.
–Não. Não responde.
– Eu te amo – ele disse me surpreendendo numa confissão terna e ao mesmo tempo sincera.
– Amar alguma coisa não significa necessariamente que ela seja boa para você.
O suspiro veio alto e doloroso do outro lado da linha.
– Preciso ir... Falamos depois. Boa noite
Ele despediu-se e desligou. Olhei para o celular em minha mão e deixei-o cair na cama.
Peguei minha bolsa, abrindo-a, retirando de dentro o bracelete e a foto que Bill havia autografado no hotel em Portugal e fiquei observando o pequeno BK de cristais.
“ Esse BK não é de Bill Kaulitz” – ele tinha dito. Será?
Uma coleira, era dessa forma que eu o via. Cravado as iniciais de meu dono. Coloquei-o no braço e depois passando os olhos pela foto, percebi o enorme sorriso dele, Bill era realmente lindo.
Fechei meus olhos e dei um longo suspiro, estava com muita saudade, mas não havia tempo para arrependimentos, mesmo com um enorme aperto no peito. Tenho certeza que agi corretamente.
Falar com ele, ouvir sua voz tão baixa, fraca e triste, mexeu com emoções que havia lutado para controlar durante aqueles dias, porém eu tinha que me manter na linha e se fosse para mudanças, continuaria a fazê-lo...por nós!


...

No outro dia depois do almoço, minha tia estava se aprontando para jogar Squash em club de campo e eu estava sentada na cama observando-a se vestir enquanto Dean conversava e tomava café com Ferrero na biblioteca.

–Eu ouvi Dean te convidando para um passeio e você recusou com uma desculpa simplesmente... clichê. - Tia Abby me olhou através o espelho - Você esta se afastando de Dean por causa do cantorzinho?
– Não gosto que fale assim de Bill - eu disse - Já disse para não chamá-lo assim, por favor.
– Não gosto da forma que ele lhe trata. Então, estamos quites!
Minha tia era um amor, entretanto quando tinha implicância com alguém, ela não a escondia e nem disfarçava, se eu soubesse que ela trataria Bill dessa forma, não contaria jamais sobre meu namoro.
– Eu o amo...
– Ele pega o que quer de você e não te dá nada em troca. – Ela virou-se olhando dentro dos olhos -Falo isso para o seu bem minha querida.
– Vou sair com Dean. – eu levantei da cama abrindo a porta do quarto - Não quero mais falar sobre Bill.
Antes de sair do quarto e descer as escadas, Tia Abby passou a mão em meu rosto e beijando-me disse:
–Se um dia ele mudar em relação a você, eu mudo em relação a ele e ainda peço desculpas...Não de joelhos, por que já seria pedir demais.


...


– Onde estamos indo? – Eu perguntei depois que saímos de carro da casa de tia Abby e pegamos uma rodovia.

– É surpresa eu disse. – Dean sorriu sem tirar os olhos da estrada.

– Quer saber... – Eu coloquei meus óculos escuros e abri o vidro do carro deixando o vento soprar em meus cabelos - O caminho já é tão bonito que já vale o passeio.

– Você não reconhece esse caminho? – Ele me perguntou.

– Não... – Eu franzi a testa tentando me lembrar de algo - Eu acho que não.

– Tia Abby disse que você iria gostar. – Dean confessou – A idéia foi dela.

– Ah eu sabia, tinha um dedo da tia Abby. – Eu olhei para ele sorrindo - Você é uma nulidade na organização de qualquer coisa.

– Ahmm uma nulidade? – Ele disse não conseguindo conter um sorriso devastador - Eu passei a noite inteira pensando em onde eu iria levar você hoje, até preparei uma cesta para que fizéssemos um piquenique.

– Mentira? – Eu perguntei surpresa - Não acredito!

– Claro que não fui eu exatamente quem preparou. – ele se entregou fazendo uma leve careta.

Quando chegamos à entrada de um jardim, olhando aqueles enormes portões de ferro branco, pequenos flashs vieram em minha mente, imediatamente lembrei-me da última vez que estive ali.

– Agora você lembra? – Dean perguntou com a voz baixa atrás de mim

– Sim. – Eu disse sem olhá-lo, coma voz embargada – Eu estive aqui com meus pais poucos dias antes de...

– Você ficou chateada?

– Não. – Eu me virei e tentei sorrir, em vão - É que eu não consegui voltar aqui depois do que aconteceu, eu quis voltar, mas...

– Mas agora você está aqui, esta aqui comigo. – Ele colocou o braço envolta do meu ombro – Você não tem que enfrentar isso sozinha.

Dean segurou minha mão na sua e a beijou devagar, depois entrelaçado meus dedos nos deles, sorri e olhei novamente para dentro do jardim, lembrei de meus pais e logo em seguida a imagem do sorriso de Bill surgiu em minha mente.

Você podia estar aqui, ao meu lado



–Venha vamos entrar - Dean deu dois passos e me puxou, abrindo o portão do jardim entrando e me levando para a beira do enorme lado, parou embaixo de uma árvore, arrumando à toalha a beira do lago.

Eu me sentei na toalha e abri a cesta.

– Você arrumou tudo tão bonitinho. – eu disse a ele, retirando alguns pães de dentro da cesta - Quer dizer você não né, tia Abby.

– Hum eu tenho meus méritos também, fui eu que escolhi esse potinho de geléia aqui. – Dean olhou-me divertido tirando o pequeno pote da cesta.

– Só porque você o adora. – Eu o olhei – Eu ainda me lembro de algumas coisas sobre você.

– É mesmo? – Ele parou de tirar objetos e me olhou - Eu me lembro de algumas coisas sobre você também.

– Por exemplo? – perguntei curiosa.

– Quer um exemplo? – ele soltou o copo e me encarou, sério - Eu nunca vi você tão triste quanto naquele jantar, parecia que alguma coisa estava incomodando você. – Dean sentiu meu desconforto – Espero que não tenha sido eu. – ele brincou vendo que havia ficado triste com o comentário.

– Claro que não. – eu sorri, mas logo voltei a ficar séria. – Mas de qualquer forma não é nada.

– Não é nada mesmo Kate? - ele perguntou tocando meu rosto com a ponta dos dedos – Ou é alguém que está deixando você assim.

– Não vamos falar sobre isso? – Eu cortei uma fatia de bolo e ofereci a ele - Eu to tão feliz de estar aqui com você.

– Tudo bem, mas não pensa que eu esqueci. – ele pegou o pequeno prato na mão e levou um pedaço de bolo a boca – Você vai ter que me contar quem é ele. – ele disse fitando-me intensamente com seus olhos azuis - Melhor, eu tenho que conhecer e saber se eu aprovo.

– Hum, você continua sendo muito engraçadinho. – eu não consegui conter uma risada.

A nossa tarde foi maravilhosa, relembrei o me último passeio com meus pais, lágrimas vieram e foram com facilidade, estar com Dean era estar livre para o mundo, sem horas, sem mentiras, sem Natalie, David... Nada, apenas nós dois.
Lembrei de Bill por diversas vezes, talvez por pensar que nunca poderíamos fazer esse tipo de passeio sem ter dois ou três paparazzi atrás dele ou mesmo enormes seguranças em nossa volta.
Quando chegamos ao portão da casa de tia Abby, ele apenas beijou minha bochecha e se despediu, agradeci pela tarde inesquecível e entrei com a cesta deixando na cozinha subindo para o meu quarto para tomar um banho.
Entrei, tirei minha roupa e quando fui entrar no banheiro meu celular apitou indicando que havia mensagem. Eu a li:
Não consigo parar de pensar em você, Kate. Simplesmente não consigo...

Mordi meus lábios e respondi apenas:
Durma bem...

Entrei no banheiro tomei um banho, coloquei meu pijama e deitei em minha cama dormindo depois de um segundo.


...

No dia 03, o dia do show na Bélgica, Bill me ligou poucos instantes de entrar no palco e nos falamos rapidamente, sua voz continuava baixa e triste, foram menos de um minuto, mas suficiente para meu coração apertar.

Desliguei o celular no mesmo instante que a campainha tocou, desci as escadas de dois em dois e quando abri a porta Dean estendeu uma sacola e quando olhei o que tinha dentro dela, sorriu feito uma criança.
– Torta de sorvete
– Eu me lembrei.
–Você é incrível! - eu o abracei carinhosamente.
–Kate... – ele suspirou em meu ouvido – Senti muito a sua falta – ele me apertou mais em seus braços – Pensei em você todos esses anos.
–Por que não ligou?
–Não sei...
–Deveria ter ligado me sentiria menos sozinha se tivesse feito isso.
Separamo-nos e ele segurou minhas duas mãos entre as suas, apertando-as, seus olhos brilharam quando disse:
–Queria muito estar ao seu lado quando tudo aconteceu.
– Tudo bem - apertei meus lábios tentando não chorar – Você esta aqui agora.
Dean puxou minhas mãos, me envolvendo em um novo abraço. Muito mais reconfortante.
O tempo pareceu perder a importância enquanto permanecíamos abraçados, ele acariciava minhas costas e eu apenas deitei em seus ombros, deixando-me ser levada por um suave contentamento, eu podia sentir a respiração quente de Dean em meu pescoço.
Depois de algum tempo, nos soltamos e com o braço envolta do meu ombro fomos para a sala de jantar encontrar tia Abby e Ferrero. A noite foi perfeita e pareceu voar diante da presença de Dean, ele fazia com que tudo parecesse mais fácil, mais nítido e mais feliz.

E quando se despediu fez o mesmo ritual de sempre, tocou meu rosto com as duas mãos e beijou meu rosto com carinho. Ele entrou no táxi dessa vez não acenou apenas curvou os lábios em um sorriso e seus olhos azuis me fizeram engolir em seco.

Demorei a dormir pensando no sorriso estranho de Dean, eu o conhecia bem demais e aquele sorriso era novo para mim, pensando nele adormeci.
O toque do meu celular soou estridente no quarto silencioso, sonolenta estiquei meu braço apalpei o criado mudo até achá-lo pegando para atendê-lo.
–Alô
–Eu a acordei... Sinto muito.
–Bill? – eu sentei na cama rapidamente, ainda com meus pensamentos atrapalhados – Tudo bem?
–Sim... Não estou!
–O que houve?
–Nada. Desculpe se te assustei – eu o ouvi dizendo depois de um suspiro – Fui imprudente em te ligar a essa hora.
Olhei para o relógio que marcava quatro horas da manhã.
– Não, tudo bem. - Deitei minha cabeça no travesseiro – Como foi o show?
– Um público empolgado. – ele murmurou - Isso é o que nos move diariamente.
– Você parece cansado.
–Não. - ele respondeu forçando um sorriso – mas não é isso que me incomoda.
Não disse nada. Não tinha o que dizer.
–Kate?
–Hum...
– Precisava ouvir a sua voz.
–Bill...
–O que esta pensando nesse momento?
–Em você, sempre! – não pude mentir, não para ele.
–Estou com muitas saudades.
–Eu também. – olhei para o criado mudo e vi nossa foto, autografada por ele. – Estou olhando para nossa foto, aquela que autografou em Portugal.
–Fui tão injusto com você naquele dia. – ele disse triste – Desculpe-me.
Sua voz agora parecia pesada e muito mais lenta com o efeito do sono.
– Acho melhor você ir dormir sua voz esta sumindo.
–Você vai conseguir dormir de novo? – ele quis saber
–Agora melhor depois de falar com você. – eu não resisti e confessei.
– Repita isso, por favor! – ele pediu com a voz serena.
–Vou dormir melhor depois de ouvir sua voz. – eu o atendi – Estou feliz que tenha ligado.
–Estou feliz por ouvir isso.
Ouvi sua respiração do outro lado da linha, ele estava realmente cansado.
–Agora vá descansar. – eu ordenei em um tom suave de brincadeira.
–Certo. Boa noite Kate.
–Boa noite.

Desliguei o celular e o coloquei embaixo do travesseiro. Meus olhos prenderam-se na nossa foto e sem perceber meus lábios abriram em um sorriso de alivio em perceber que tudo estava voltando ao seu devido lugar, finalmente.



...

O outro dia nasceu ensolarado, o dia foi agitado e corrido com os preparativos do evento, às dezoito horas da noite os convidados começaram a chegar e às vinte horas a casa de tia Abby estava repleta de amigos falantes e agradáveis.
A festa terminou muito depois do que o previsto. Minha tia levou Ferrero até a porta e depois se despediu de Dean subindo para o seu quarto nos deixando a sós. Já era quase quatro da manhã quando o levei até o portão.
– Adorei a nossa tarde e a nossa noite. – ele me olhou, feliz.
–Eu também – Eu encostei-me no muro e sorri para ele – Obrigado Dean
– Volto para Los Angeles – Ele disse abrindo aquele sorriso radiante – Gostaria muito que fosse me visitar.
–Eu irei.
– Não suportaria se ficássemos sem nos ver tanto tempo, acho que não suportaria ficar nem mesmo um dia sem te ver!
– Isso não acontecerá, eu irei. – eu brinquei fazendo um sinal de juramento
–Deixe um beijo para a Sra. Helene e diga que vou pensar em seu pedido de casamento.
– Você realmente a conquistou. - eu não aguentei e gargalhei. Adorava o senso de humor de Dean.
–Você fica incrivelmente linda quando ri assim - Dean murmurou tocando uma mecha de meu cabelo.
–E você é incrivelmente mentiroso.

Ele acariciou meu rosto e depois me beijou na testa entrando no táxi, acenando, vi o veículo se afastar e me virei para entrar, estava exausta e morrendo de sono. Minha mão estava na maçaneta da porta quando ouvi os passos em minha direção.

–Boa Noite, Kate!

Postado por: Grasiele

Sempre Sua! - Capítulo 13 - Insubstituível


Não desista de mim ainda
Não esqueça quem sou
Eu sei que ainda não cheguei até lá
Mas não me deixe
Ficar sozinho aqui


....

...


– Eu sabia! – Mesmo ele estando de costa, eu tinha certeza que ele sorria, pude perceber o seu ar de vitória por estar ali, de volta para debaixo de suas asas.
– Bom, antes que você ache que estou aqui por você, quero dizer que voltei por que não tinha mais passagem para Alemanha hoje à noite.
–Sei! – Ele disse, com uma pitada exagerada de arrogância.
– Sabe, Bill – Eu disse entrando no quarto da suíte, fechando a porta atrás de mim - Você as vezes é muito pouco arrogante.
–Seguro! – Ele ainda estava de costas para mim - Talvez seja a palavra adequada.
– Seu ego é tão grande, que terá que tirar um passaporte para ele.

– Quem era o seu amigo? – ele perguntou.
– Não interessa! - Eu dei de ombros - Eu não perguntei quem eram suas amigas.

Com um sorriso irritante, ele se virou, me olhando indignado.
– Não eram minhas amigas! - Bill disse bravo – Soube que o tal Dean é seu amigo!
–Sim, ele é – Eu disse o encarando – E diferente da sua não amiga loira, se comportou muito bem ao meu lado.
– Eu não quero você perto dele! – Bill disse com a teimosia de sempre.

–Isso já é um problema seu e do seu estúpido ego! – Ao me ouvir ele fechou o rosto contrariado - Pois, Dean é meu amigo e não vou me afastar dele por que você esta pedindo.
– Isso não é um pedido! – Bill me desafiou.

Minha paciência, calma e educação não podiam mais suportar tudo aquilo. Não mais! Se eu quisesse levar tudo aquilo adiante eu tinha que tomar uma atitude, e aquela era à hora certa para colocar todos os pingos nos is.
E sem elevar um decibel do meu tom de voz, comecei:

– Você realmente ouve tudo o que sai de sua boca? – Eu dei dois passos ficando frente a frente com ele - Você percebe o que esta fazendo conosco?
– Não sei do que você esta falando! – Ele disse fazendo uma cara emburrada.
– Pois então eu vou te fazer um grande favor. - Eu ergui o queixo e reuni todo o meu orgulho para esconder a dor que eu sentia, eu não soltaria uma lágrima. – Vou te explicar!
Seus olhos se estreitaram e molhou seus lábios que estavam secos, cruzou os braços no peito, abriu um pouco as pernas, cravando os pés no chão, e também levantou o queixo para me ouvir.
– Sim, eu só estou aqui por que não havia mais passagem para Alemanha e acredite, se você insistir que é por você, eu alugo outro quarto e quero ver você usar esse sorriso insolente novamente.
Bill mordeu o canto da boca, sabia que eu dizia a verdade.
– Quando eu decidi tentar namorar um POP STAR, não sabia o que eu ia encontrar ou passar, confesso que o amor por você falou muito mais alto, sim eu deveria ter ido com mais calma. Mas eu não podia ficar um segundo longe de você!
Respirei fundo, busquei minhas lágrimas para não cair, controlei meu corpo e ainda com a voz calma, continuei:
– Não, eu não me arrependo de namorar você, eu te amo demais, sei que às vezes preciso ser mais compreensiva com a sua vida. Peço desculpas por isso!
Ele tentou se aproximar, eu me afastei.
– Serei compreensiva com a sua vida, afinal você é um garoto batalhador e essa vida que leva é fruto de tudo isso, só que não me peça para compreender suas atitudes infantis e o seu ego insuportável. – Bill me observava ainda com o rosto duro - Eu posso lidar com a vida de um pop star, agora com o ego inflamado dele. Não sei se consigo. Eu não vou conseguir... Não vou!
A máscara dura de Bill começou a amolecer.
– Aceito namorar em silêncio, concordo com todos os termos estabelecidos por David e por você, o que não vou mais aceitar e nem me curvar é diante da sua falta de educação e sua falta de consideração.
–Kate eu...
Eu apenas levantei minha mão. Impedindo-o de falar.
– Eu não estou feliz, não esta me fazendo bem tudo isso!
–Desculpa! – Aquela palavra tinha saído automaticamente dos lábios de Bill.
– Não quero esse tipo de desculpas, não em vão, não se não forem sinceras. Eu realmente te amo e se você também me ama e quer continuar ao meu lado, terá que agir como o meu namorado.
Bill baixou os olhos e fixou-os em seu tênis.
–Não estou pedindo para você abdicar um milésimo de minuto de seus compromissos, quero apenas que perca um ou dois me avisando sobre eles.
–Kate...
–Bill, quero que esqueçamos tudo e que comecemos de novo, do zero, do dia que estávamos no jardim do David. – A máscara rude de Bill havia caído completamente – Eu quero aquele Bill, pois foi por ele que eu me apaixonei perdidamente.
Seus olhos cor de mel semicerram-se, e pela primeira vez, descruzou os braços, colocando suas mãos em seus bolsos, como sempre fazia, quando estava nervoso.
– Não quero que diga nada agora. Quero que pense e que só me procure e volte a falar comigo quando realmente tiver certeza que quer continuar com esse relacionamento. – Eu o olhei e continuei meu desabafo – Reflita em que parte eu me encaixo em sua vida, eu posso ser um segredo, só não peça para aceitar calada que eu seja um segredinho sujo que você varre para debaixo de algum móvel velho e me esqueça e só me procure quando lhe convém.
Olhei para ele, abri a enorme porta de vidro da sacada da minha suíte e antes de sair do deixando-o sozinho, eu o olhei e disse:
– E nunca se esqueça... Tirando meus pais, ninguém é insubstituível em minha vida!





...

– Ela voltou? – Gustav entrou na suíte seguido por Tom e Georg.
– Sim! – Bill respondeu, fraco.
– E pelo seu tom de voz... – Gustav disse olhando a feição de poucos amigos de vocalista.
– Pois é ela tem razão! – Bill admitiu para os amigos. – Eu fui um imbecil!
– O amigo dela é apresentável! – Gustav disse olhando Kate.
– Deu para observar homem agora, Gustav? – Bill perguntou.
– Homens não, apenas os fatos! – O baterista olhou para Bill, sério.
–Ele pareceu muito bem humorado! – Georg disse – E Kate também ao lado dele.
–Reze para ele não entrar em seu caminho Bill por que se...
–Nossa! – Bill cortou Tom – Pra que inimigos, não é mesmo? – Esbravejou olhando para os três.
–Ela vai congelar lá fora! – Georg disse olhando para Kate sentada no enorme sofá de costas para os quatro.
–Leve para ela! – Bill pegou uma coberta que estava em cima da cama e jogou para Georg.
–Eu? – ele jogou a coberta para os braços de Tom – Leva você, Tom!
–Tá louco!? – Tom jogou a coberta para Gustav como se ela pegasse fogo – Do jeito que ela estava no restaurante, capaz de enrolar a coberta em mim e me jogar sacada abaixo.
–Você esta com medo dela? – Gustav perguntou para Bill, evitando não rir.
–Eu?! Não! - Bill respondeu tentando não ficar nervoso com os risos de Tom e de Georg. – É que...
–Eu vou lá! – Gustav revirou os olhos, abriu a porta de vidro, enquanto os outros três saiam da visão da porta, para que não fossem vistos por Kate.
Ela não virou o rosto e não se mexeu, Gustav baixou a cabeça e falou algo, e depois de um minuto voltou para dentro do quarto, com a coberta no braço.
– Por que não deixou a coberta com ela? – Bill perguntou baixo para o baterista.
–Por que ela mandou da forma mais educada, sutil e objetiva que você introduzisse a coberta em um lugar, e não é no guarda roupa.
A risada de Georg e Tom foi abafada pelas almofadas que estavam no sofá perto da porta, o que deixou Bill mais nervoso com a situação.
– Às vezes eu odeio vocês... Saiam! - Bill abriu a porta bravo expulsando-os do quarto – Obrigado Gustav pela tentativa.

Quando estava sozinho, Bill voltou para a porta e ela permanecia ainda do mesmo modo, o vento tinha aumentado, a folhagem que havia na varanda era sacudida de um lado ao outro. Ela pegaria uma pneumonia se continuasse ali.
Olhou para o cobertor verde musgo de caxemira que Gustav deixara em cima do sofá e o pegou em um dos braços, abrindo a porta de vidro que dava para a varanda.





....


O frio tinha aumentado desde que tinha saído para varanda, o vento batia em meus braços, era quase cortante, eu estava congelando.
Não derramei uma lágrima, em compensação meu coração parecia que ia explodir de tanta agonia.
Endireitei-me quando ouvi a porta de vidro ser aberta, os passos lentos se aproximaram do sofá onde eu estava e não virei o rosto para ver quem era, não precisava, sabia que era Bill.
Ele parou ao meu lado, ficou imóvel e não falou nada. Eu também não me movimentei e muito menos disse algo.
Por alguns instantes ficamos os dois olhando o céu estrelado de Lisboa, então ele agachou na minha frente, entre minhas pernas segurando minhas mãos, nos olhamos.
Deus, como ele podia ser tão lindo? – Meu pensamento quase me trapaceou.
Meu coração, minha mente, meu corpo queria se jogar em seus braços. Baixei meu olhar com medo de colocar tudo a perder. Fixei meus olhos em minhas mãos e tentei me controlar.
Seu dedo indicador tocou meu queixo o erguendo obrigando-me a olhá-lo, mais uma vez nos encaramos, não por muito tempo, suas mãos tocaram meu rosto acariciando-me, Bill roçou os lábios gelados nos meus como uma carícia lenta e doce.
– Vou dormir estou cansada. - Eu me afastei de seus lábios e de seu corpo, levantando-me – Boa noite!

.....

Na manhã seguinte, acordei com o sol batendo em meus olhos, para o meu alivio dormi muito bem, talvez ter falado tudo claramente com Bill tenha me deixado mais leve, tenha tirado um peso enorme dos ombros.
Eu o amava demais, isso era claro, como aquele dia maravilhoso que fazia em Lisboa, só que por amá-lo demais permiti entrar em um casúlo, no dele.
Olhando para meu celular em cima da cama, resolvi começar a definir meu plano de vida. Resolvi viver um pouco mais a minha vida, da qual errôneamente, tinha me esquecido.
Disquei o número e quando a voz falou do outro lado eu sorri, feliz.
– Bom dia!
Kate? – a voz perguntou surpresa – Esta viva?
–Sim, estou – eu suspirei – Como esta tia Abby?
Com saudades e você?
– Agora bem.
Pensei muito em você essa semana. – Minha tia sorriu divertida do outro lado da linha.
–Mesmo? – eu me contagiei com sua alegria – Encontrou um namorado.
– Lindo e quero que você o conheça. Quanto voltará para a Alemanha? – Tia Abby perguntou.
– Hum... – Eu não tinha idéia.
Dia três farei um jantar com ele e com alguns amigos e gostaria que viesse.
É dia do show na Bélgica “ – Pensei imediatamente
– Vou fazer o possível para comparecer. – Eu suspirei.
Depois de meia hora rindo e conversando com minha tia, desliguei a ligação.
Tia Abby era a pessoa mais contagiante, feliz e bem humorada que existia, e falar com ela naquela manhã me deu plena certeza que eu não tinha apenas Bill em minha volta. E que se eu precisasse de um abraço, teria ela como mais uma opção.
“Ou mais duas opções...”
Olhando o celular em minha mão, olhei para minha bolsa, a mesma que eu usava no restaurante ontem a noite, pensei por dez segundos, fraquejei por mais dez e por fim peguei abrindo-a e procurando o que me interessava dentro dela.
Quando achei, levei mais dez segundos para criar coragem e ligar.
– Dean?
Kate! – a voz suave falou do outro lado da linha.
–Desculpe ligar assim...Pode falar?
Com você, sempre!
Agradeci por ele não estar na minha frente, pois meu rosto ardeu envergonhado.
– Liguei para saber como foi a reunião com David?
Foi muito produtiva. – Ele sorriu – Estou quase lá!
–Fico feliz por você!
Obrigado, acho que isso pede uma comemoração entre amigos! – ele disse – Estou indo para a Alemanha.
– Mesmo? Quando? – eu perguntei animada.
Agora e volto para Los Angeles dia três ou quatro de junho. – Ele explicou
– Hum... Entendi.
Quando for pra Los Angeles entre em contato podemos fazer algo.
–Sim! – Eu sorri – Farei isso!
Meu voo foi anunciado, nos falamos depois pequena Kate.

Desliguei rápido ao ouvir a batida na porta. Levantei da cama e abri.
Ele estava com uma calça jeans, camiseta preta, óculos escuros e boné preto, nos encaramos e não conseguimos falar nada um para o outro de imediato, dei dois passos para o lado e o deixei entrar fechando a porta.
– Estou indo para o parque. – ele murmurou.
– Bom show! – Eu disse calmamente.
– Obrigado. – Bill disse tirando os óculos escuros – Como você não pode nos acompanhar nos backstage dos shows, David sugeriu que partisse para Bélgica hoje no fim da tarde.
Não respondi nada apenas o olhei.
–Já estou atrasado, todos já foram.
–E por que ficou? - perguntei
Bill tocou suavemente meu rosto falando em voz baixa e firme:
– Queria dar bom dia antes de seguir para o show.
Com enorme esforço, eu sorri educada, e tentei parecer indiferente ao dizer:
–Bom dia pra você também!
Ele sorriu fraco, não esperando por essa reação, então colocou os óculos, se aproximou, eu dei um passo para trás, recuando e o que era para ser um beijo na boca, foi um beijo terno no cantinho da minha boca rapidamente.
Bill saiu do quarto seguindo para o local onde aconteceria o show.

...

Meu voo para Bélgica, tinha sido anunciado, estava sentada em uma cadeira confortável na área vip, o sol batia insistivelmente em meus olhos, peguei minha bolsa que estava sobre minha mala e coloquei em meu colo abrindo-a para pegar meus óculos escuros.
– Pra que tudo isso, Kate? – Perguntei baixo, minha bolsa tinha mais de vinte objetos, dos quais dezenove eu não usava, decidi jogar tudo, discretamente, em meu colo para procurar meu porta óculos, quando eu o achei, comecei a guardar item por item.
Apenas o último item a ser guardado me fez parar por um momento, pegando-o em minha mão e analisando por instantes, depois guardei-o em minha bolsa novamente.
Então, por ele, fiz o que tinha que ser feito.

Postado por: Grasiele

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