terça-feira, 11 de setembro de 2012

Sempre Sua! - Capítulo 12 - Dean.


O grupo estava em uma das mesas do restaurante, junto com David, Natalie e mais cinco garotas, que sorriam, gesticulavam e falavam quase todas ao mesmo tempo feito aves indo para o abate. Todas gargalharam ao mesmo tempo quando Tom falou algum fato engraçado, como sempre.
Eu o olhei e cruzamos nossos olhares, que se fixaram por um determinado minuto, Tom me olhou deixando o sorriso morrer em seus lábios, tossiu falso tentando chamar atenção de Bill.
Patético” - Não pude deixar de balançar a cabeça e pensar.
Vendo que o irmão não o olhava, ele o chamou baixo e sinalizou discretamente para Bill que seguiu o olhar do gêmeo sem entender, virando a cabeça em minha direção e quando nossos olhares se encontraram, seus lábios que estavam com um sorriso imenso e terrivelmente bonito, estreitaram-se e seu semblante mudou completamente, ficando sério.
“Patético ao quadrado” – O olhei, não conseguindo expressar nenhuma reação facial.
Depois de alguns segundos sustentando nossos olhares virei meu rosto primeiro, e sorrindo educada comuniquei ao garçom que preferia ficar na outra cadeira, que me deixava de costas para mesa da banda.
Tudo que precisa fazer é levantar e ir embora! - Pensei porem algo me prendia na cadeira, como se eu precisasse ficar até o final para saber aonde tudo aquilo iria levar.

As risadas continuavam, altas, escandalosas e enjoativas, em sua grande maioria femininas, o nome dele era chamado várias vezes de uma forma sexy e irritante. Tentei não me deixar levar e coloquei na minha cabeça que eram apenas fãs, que estavam tendo seus minutos com seus ídolos.
Olhei para o lado, e por cima dos ombros, olhei a mesa novamente, parando meu olhar na mão da loira tocando a de Bill, deixei meus olhos pararem nelas rolando meus olhos o encontrei me olhando, mais uma vez me virei.
– Kate?
Ouvi meu nome ser chamado atrás de mim.
– Dean? – eu olhei o rapaz ao meu lado e sorri – Dean!
– Não acredito que é você. – O rapaz abriu um sorriso.
– Você está tão diferente. – Eu disse ainda surpresa.
– Talvez um pouco. – ele respondeu – Mas você também está diferente.
– Talvez um pouco. – Eu o imitei, fazendo-o sorrir.
– Está esperando alguém?
Olhei para trás, Bill autografava algo, olhei para Dean novamente, que ainda permanecia em pé ao meu lado.
– Não, eu não estou esperando ninguém.
– Bom, o restaurante do hotel está cheio, eu posso...
– É claro. – eu disse apontando para a cadeira a minha frente.
–Obrigado! - ele sentou. – Não acredito que depois de tanto tempo vamos jantar juntos.
– Nem eu. – Minha incredulidade não era pelo mesmo motivo que o dele.
– Eu fiquei sabendo dos seus pais, eu sinto muito.
– Tudo bem, já faz algum tempo então...
– Não vamos falar sobre isso. – Ele cortou simpático.
– Não mesmo, mas e você o que tem feito? – Perguntei a Dean - Porque sumiu?
– Estou morando em Los Angeles, eu trabalho com o meu pai em seu estúdio de mixagem e estou na faculdade de música.
– Isso é ótimo, você sempre quis e...
– Sim, mas ainda é com meu pai então...
– Então... O que faz em Portugal? – O garçom apareceu anotando o pedido de Dean e depois nos deixou sozinhos.
– Tenho uma reunião com um produtor, mas acho que ele está um pouco ocupado agora. – Ele disse olhando para a mesa onde a banda estava.
– David? – Eu quase engasguei - David Jost?
– Sim, você o conhece?
– Sim eu o conheço. – eu não quis mentir - Eu... Bom, eu trabalho pra ele. – mas tive por fim.
– Mesmo? – Ele pareceu empolgado - Então você conhece a banda?
– Sim.
– Não quero ser indiscreto, mas porque não está com eles naquela mesa.
– Bom... Você me conhece.
– Acho que me lembro desta parte. – Dean piscou, deixando outro sorriso escapar - Na verdade eu me lembro de tudo em você.
Eu não sorri. Vendo que estava me deixando encabulada e sem ação, Dean olhou para a mesa onde estava a banda e para amenizar o clima tenso que ele havia nos envolvido comentou:
– Eles têm futuro!
– Parece que sim. – eu respondi tentando não parecer triste – É acho que tem sim!
Eu disse sorrindo da situação desagradável e para minha surpresa ele me fitou tentando decifrar meus olhos, e por um instante seus olhos mudaram de expressão ficando ternos e pela primeira vez na noite, eu comecei a relaxar.
Não estava naquela mesa jantando com Dean por que queria ferir Bill, estava por que queria por uma noite viver além de um hotel, falar e sorrir com um ser humano, por sinal muito respeitador, que vivia a mesma vida que a minha, simplesmente.
– Parece que o dia de hoje não saiu exatamente como planejado, certo? - ele perguntou.
– Talvez! – Eu tentei sorrir, não conseguindo.
– Então pequena Kate... – ele usou meu antigo apelido, do qual só ele tinha permissão para usar. - Ainda tem medo de escuro?
– Eu não acredito que você ainda lembra disso. – Eu tapei meus olhos com uma das mãos, envergonhada pela lembrança da nossa infância.
Dean jogou a cabeça para trás e sorriu com vontade, fazendo-me sorrir também.
– Impossível esquecer. – ele disse - Você ficava tão apavorada.
– Você era o culpado.
– Sim eu admito, eu sempre desligava o gerador.
– Eu sempre soube. – Eu confessei fingindo estar brava.

Gargalhamos, e meus pêlos da nuca se arrepiaram, como se adivinhasse e sentisse o olhar de Bill em nós, discretamente olhei para trás, e estava.
Ele estampava uma cara fechada e uma das sobrancelhas arqueada, seus dedos batiam inquietos na mesa e seus lábios estavam retos e como se seus olhos ferissem os meus, estava mais que nervoso, seus olhos gritaram para mim: “O que pensa que esta fazendo?!”

Baixei os olhos e me virei ignorando o comando visual percebendo mais uma vez os olhos interrogativos de Dean.

–Você se da bem com eles? – ele me perguntou
–Mais ou menos!
–Acho engraçado essas meninas se estapeando por um segundo de atenção. – ele disse olhando para a mesa da banda.
–Eu não acho nada engraçado. - eu o olhei, tomando um gole da minha água – Eles nem sabem os nomes delas.
–E você acha que elas se importam?
Não soube o que responder a Dean, queria muito ter a segurança em responder “ Bill se importa”. Mas, simplesmente não consegui.
– Se fossem fãs ainda, mas pelo que soube são filhas, sobrinhas de um diretor da Cherrytree Record que exigiram um contato mais íntimo com a banda. – Dean explicou com uma ponta de sarcasmo.
– Elas podem ser fãs?
– Não são não! – Dean bebeu um gole de sua bebida - A loira do lado de Bill tem mais quilometragem rodada que nossos carros juntos. Ele não vai escapar dela.
Olhei para minhas mãos na mesa, e tive que fazer um esforço enorme para não deixar transparecer o quanto aquela frase tinha me entristecido, minhas lágrimas brilharam nos meus olhos, mas meu orgulho era tão superior, que deixá-las cair seria uma derrota ainda pior e mais dolorida.
– Um minuto de silêncio. – ele pendeu a cabeça e mais uma vez sorriu, foquei em seus lábios e percebi seus dentes brancos alinhados, perfeitos, tanto como o resto de seu dono.
Dean realmente tinha se tornado um rapaz muito bonito, eu o analisei por alguns segundos e sorri colocando meu copo na mesa, desviando os olhos dele.
Nosso pedido chegou e quando estávamos sozinhos ele pegou sua taça e a levantou, peguei a minha então ele brindou:
– Ao nosso encontro!
Eu apenas curvei meus lábios e não disse nada. Quando coloquei minha taça na mesa ousei pela última vez olhar para a mesa de Bill, que estava encostado na cadeira, com os braços cruzados no peito, agora com óculos escuros, com certeza, para disfarçar seus olhos em nossa direção. A loira ainda estava muito perto e tentava chamar atenção dele.

Voltando para Dean, começamos a comer e a conversar, ele foi extremamente agradável, sutil divertido e carinhoso, num momento de nossa conversa, seus olhos param nos meus e então, sincero ele disse:
– Foi bom ver você de novo Kate!
– Foi bom ver você também. – eu disse tímida - Quanto tempo vai ficar em Portugal?
– Não muito eu espero.
– Eu não tenho certeza, mas acho que vou para Alemanha hoje, talvez possamos nos encontrar quando você voltar para casa.
– É claro. – Ele pareceu feliz.
– Ótimo. – Eu disse.
Depois de meia hora, havíamos terminado nossa refeição, ele tinha pedido um café e quando o finalizou fez um sinal discreto para o garçom, que entregou –lhe a conta, insisti em pagar, mas ele não deixou, pegou a nota e com a caneta que assinou, escreveu seu telefone nela, me entregando em seguida.
–Preciso mesmo ir. – ele disse se levantando.
– Boa reunião com David!
– Obrigado... Espero que possamos trabalhar juntos.
– Eu iria adorar, espero que consiga.
Ele curvou seu corpo e me deu um beijo no rosto e se foi.


...

Um minuto se passou, e por cima dos ombros, procurei por Bill, e cravamos nossos olhares, olho no olho, senti meu coração dispa­rar. Fúria era pouco para descrever o que ele estava sentindo. Suas veias do pescoço saltavam e ainda mantinha os braços cruzados no peito.
A loira se dobrou para conversar com ele, então sorrindo, parecendo ter uma boa idéia, Bill também se dobrou e falou no ouvido dela, ela ainda falou algo mais, também em seu ouvido e só depois ela gargalhou alto, de maneira escandalosa e nada discreta, da forma que Bill mais odiava em uma garota.
Mesmo por detrás dos óculos escuro, sabia que ele me olhava, ajeitou seu corpo, ficando de costas para mim, como eu havia ficado para ele, e começou a conversar com a loira, que o olhava faminta como se ele estivesse coberto com calda de chocolate. Ela estava pronta para devorá-lo.
Recado dado, era a vez dele me provocar. Peguei minha bolsa, levantei da cadeira e de cabeça erguida atravessei o restaurante entrando no saguão, esperei a porta do elevador se abrir e quando o fez, olhei para Bill e um pensamento cruel latejou em minha mente:
Brinque com o demônio, e esteja preparada para as consequências.


...


–A senhorita não pode se aproximar! – O segurança disse alto e bravo.
Bill, Tom, Gustav e Georg olharam juntos para o segurança que segurava meu braço me impedindo de me aproximar da mesa da banda.
–Eu só queria um autógrafo e uma foto com Bill Kaulitz! – Eu disse olhando para Bill dando um leve sorriso, cínico.
A mesa inteira olhou para Bill para ver qual seria a ordem dele para o meu pedido.
–Deixa! – ele disse se levantando encarando-me, com um sorriso mais cínico de canto de boca – Deixa ela se aproximar, não tem problema...Nunca digo não a uma fã!
O segurança soltou o meu braço e eu andei até ele estendendo meu braço lhe entregando uma foto, ele pegou e quando pegou a foto há olhou alguns segundos, a foto era de nós dois, estávamos sorrindo, com os nossos rostos colados, havíamos tirado na Alemanha, no dia da apresentação da banda no EMA 2007, no início de nosso namoro.
Ele olhou a fotografia e seu rosto gélido pareceu amenizar e tornou-se um tanto quanto fragilizado.
Bill assinou rapidamente e me entregou me virei para a loira, horrivelmente bonita e sorrindo pedi gentil:
– Será que você poderia tirar a foto, por favor!
Ela sorriu e se levantou pegando o meu aparelho de celular nas mãos, Bill se aproximou e me abraçou pelos ombros e eu abracei a cintura dele, deitei-me em seu peito e antes que ela tirasse a foto, pediu a Bill sorrindo:
–Vamos Bill dê aquele sorriso lindo e sexy que só você sabe dar!
Automaticamente, apertei meus dedos em sua cintura, sim tive vontade de beliscá-lo, mas meu orgulho de leve puxou minha orelha.
– Isso... você esta perfeito! – A loira o olhou com adoração exagerada.
Após a foto, retirei o meu braço da cintura dele e o olhei nos olhos e mesmo sorrindo um para o outro, sabia que estávamos sendo falsos e que a tensão existia entre a gente.
– Obrigado! – Eu falei e antes que ele dissesse ou fizesse algo, eu me virei e me afastei da mesa, ainda passei ao lado do segurança e também agradeci educadamente.
Atravessei o saguão, chamei o elevador e quando chegou, entrei e então olhei para nossa foto, ele sorria perfeito, realmente eu tinha que concordar com a oxigenada, era um sorriso que só ele sabia dar.
Coloquei a foto como papel de parede, e segui para o meu quarto não demorou cinco minutos, a batida na porta foi lenta e baixa.
– Você veio defender ele? – eu disse tentando segurar minhas lagrimas quando Gustav entrou no quarto fechando a porta - Ele mandou você aqui?

– Kate...

– Não, já chega! – eu disse baixo, deixando agora as lágrimas correrem cuidadosa para que Gustav não as vissem - Estou cansada disso.

– Elas não são ninguém, ele não estava trai...

– Não importa quem elas são Gustav. – Eu o olhei triste deixando que ele visse minhas lágrimas.

– Então o que? – Gustav perguntou baixo, angustiado em me ver daquela forma.

– Eu fico dias esperando por ele, eu anulo minha vida pra esperar ele, dias neste quarto de hotel, eu esperei o dia inteiro pra jantar com ele... Eu não comi nada o dia todo, porque esperei estar com ele, no almoço e depois no Jantar e o que ele faz? – Solucei e continuei - Manda a Natalie e agora você.

– Ele estava ocupado.

– Ele está sempre ocupado demais.

– Isso tudo por ciúm...

–Não ouse dizer isso! – Eu caminhei para perto de Gustav - Isso é magoa, é muito diferente! – Eu balancei minha cabeça e sentei na cama passando os dedos enxugando minhas lágrimas - Eu estou magoada!

– O rapaz que você estava jantando.

–Era um amigo de infância, muito querido, apenas isso, nada mais que isso!

–Eu sei Kate.

– O meu coração é dele, ninguém pode mudar isso, eu o amo, mais do que tudo nesse mundo. Meu amor como mulher é só dele. – Eu murmurei - Esse jantar com Dean, foi apenas amizade, algo que não tenho há muito tempo...Um amigo... Apenas um amigo normal.

Gustav não disse nada, apenas me ouvia.

– Sabe quanto tempo eu não recebo um abraço? – Eu disse olhando realmente sofrida para Gustav - Há dois anos, fora o Bill, nunca mais ninguém me abraçou. – Minhas lágrimas voltaram a cair, agora junto com soluços e só depois quando me acalmei, finalizei:

– Não fiz para puni-lo! - eu murmurei - Aquele jantar foi apenas com um amigo.

Peguei minha mala e coloquei na cama abrindo meu guarda roupa.

– O que está fazendo? – Gustav perguntou

– O que acha que eu estou fazendo?

– Pare. - Gustav tocou em meu braço - Simplesmente... Pare!
– Não posso - Eu disse pegando minha mala sob a cama e o olhando decidida - Eu vou!
– Ele não vai gostar nada disso!

– Ótimo! - Eu puxei minha mala até a porta - Diga pra ele que quando decidir se quer mesmo ter uma namorada... – Parei e me virei para Gustav num sorriso sem expressão - Não, não diga nada acho que ele já decidiu.



...

O aeroporto estava lotado. Segui até o balcão e esperei minha vez para comprar minha passagem de volta para Alemanha, meu celular tocou e peguei em minha mão.

Olhei e li a mensagem:

Quero que volte!


Por que ele não pedia, ao invés de mandar? - Fechei meus olhos e pensei. Não respondi e quando a fila andou e faltava uma pessoa para eu ser atendida, ele voltou a tocar, era outra mensagem.

Apenas volte...

– Senhorita, passagem para onde? – a moça do guichê me perguntou.

Postado por: Grasiele

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Arquivos do Blog