terça-feira, 11 de setembro de 2012

Sempre Sua! - Capítulo 17 - Eu sempre tenho...


– O que foi, Bill? – O irmão mais velho perguntou para o mais novo que ainda olhava para o aparelho celular.
– Nada! - Bill foi curto e grosso.
–Como nada? – Tom se aproximou e olhou para Bill que colocou o aparelho no bolso da jaqueta – Você esta branco feito papel – ele insistiu - O que aconteceu?
– Ele esta lá com ela... No apartamento. – Bill olhava fixo para a janela.
– Ele? Ele quem? – Gustav também se aproximou e perguntou.
– Acabei de ligar para a casa da Kate e Dean esta lá com ela.
–Hummmm, isso é muito ruim! – Tom fez uma careta e sentou no sofá do quarto do hotel.
–Tom, não acho que devemos julgá-la enquanto não soubermos o que está acontecendo. - Gustav olhou para o guitarrista e depois para Bill – O que Kate disso sobre isso?
– Não disse nada – Bill o olhou - Estava no banho, ele mesmo que atendeu.
– Aiiiii... Isso é... Muito pior!
– Cala a boca, Tom!
– Não me mande calar a boca. – Tom diz a Gustav.
– Mando sim, você só está atrapalhando.
– Ele é meu irmão.
–E daí, e por isso precisa fazer o advogado do diabo? – Gustav disse sério a Tom.
– O que esta acontecendo? – a porta do quarto de Bill se abriu e o empresário entrou junto com Georg. – Gustav esta nervoso? – David fechou a porta e olhou para o baterista. – Se ele está nervoso a coisa é muito séria.
–Eu não quero aquele cara trabalhando para nós. – Tom se pronunciou nervoso, acendendo um cigarro.
–Que cara? – David perguntou olhando para Tom – De quem você esta falando?
–Dean! – Tom falou o nome entre uma tragada.
–Já entendi! – O empresário falou olhando para Bill que estava sentado com a cabeça baixa e com as mãos na cabeça. – Não podemos misturar negócios com vida pessoal.
–Podemos sim e vamos. Olha o que ele esta fazendo com Bill.
– Seu irmão pediu o melhor estúdio de mixagem do mundo para o próximo cd e o estúdio do pai do Dean é o melhor que conseguimos.
– Mas o que aconteceu? – Georg sentou na cama e perguntou a Bill.
– Bill ligou para Kate na casa dela e ele atendeu. – Foi Tom que explicou ao baixista.
–E...?
– E o que seu idiota? - Tom falou bravo com Georg – Ele ta dando em cima da garota do meu irmão.
– Pelo que Bill nos contou eles são amigos de infância. – Georg olhou para Bill, que ainda permanecia com a cabeça baixa.
– E você acredita no coelho da páscoa? – Tom levantou do sofá e apagou o cigarro no cinzeiro.
– Esse sentimento de proteção por Bill às vezes chega a ser patético, Tom. – Gustav disse mais calmo.
– Sim, pode ser! – Tom olhou para o irmão sentado no sofá e andou até ele perguntando baixo – Quer dar uma volta?
– Não. – Bill respondeu sem o olhar.
–Quer que eu durma aqui com você? – Tom insistiu em ajudar – Bill me deixa ajudar em alguma coisa.
– Tudo bem, Tom – Bill disse olhando para o irmão tentando esboçar um sorriso. – Vá se divertir!
– Quer que eu te traga um café? – Tom levantou e pegando a carteira perguntou para o irmão.
–Não precisa obrigado.
Os gêmeos se olharam, e sorriram da mesma forma, triste.
– Querem vir comigo? – Tom olhou para Georg e Gustav.
– Eu vou sim! – Georg disse se levantando e dirigindo para a porta com Tom.
–Eu não! – Gustav disse não se movendo.
Tom abriu a porta e deixou Georg sair e depois virou para o irmão e disse:
– Gustav tem toda razão, primeiro ouça o que Kate tem a dizer, não a julgue! – e por fim falou - E se quiser voar para falar com ela pessoalmente, irei com você.
Tom fechou a porta, chateado pela situação do irmão.
–E eu vou aproveitar e dormir, amanhã de manhã tenho uma reunião com a Cherrytree, vou deixar essa caixa aqui, já abri com segurança e... Bom, pensei em esconder de você, porém acho que não adiantaria, depois dê uma olhada.
David avisou a Bill e também saiu do quarto deixando Gustav e Bill a sós.
Gustav esperou a porta fechar, o barulho no corredor finalizar , olhou pra Bill e pediu:
– Bill, não faça nada do que se arrependa mais tarde.
– Tem noção como tem sido difícil? – Bill depois de muito tempo levantou a cabeça e olhou para o amigo. – Tem idéia o que estou passando por ela?
– Tenho uma leve impressão.
– Talvez não. – Ele se levantou e foi até a caixa que David tinha acabado de colocar sobre a mesa e a olhou por minutos. – Eu queria que fosse tudo diferente entre nós dois, queria que o mundo soubesse dela. – Bill disse desviando os olhos da caixa para Gustav. – Queria que todos soubessem que ela é o grande amor da minha vida, o primeiro e o último.
– Então, assuma esse namoro e deixe que o mundo saiba e esqueça esse lance do que as fãs vão achar.
– Não é tão fácil como pensa.
– A única coisa que penso no momento é que você esta deixando a garota da sua vida escorrer sobre seus dedos e que se não tomar uma atitude, a perderá.
–Eu sei Gustav! – Bill andou até o baterista e sem um pingo de paciência, gritou – Você acha que não sei? Você acha que isso não me tira o sono? – O vocalista fechou o punho e socou a mesa com raiva. - Dean é tudo o que ela espera de mim, tudo o que Kate espera em uma relação e nunca vou conseguir dar e isso me deixa... Deixa-me... Puto... Isso esta me matando, esse ciúmes corrói de uma forma tão gigantesca, me deixa tão cego que não consigo pensar, não consigo raciocinar direito. Não consigo me concentrar e quando subo no palco, não é tão satisfatório como era antes, eu a amo tanto que essa mistura com o meu ciúme doentio por ela esta me tornando uma pessoa fraca e sem rumo. – ele chutou a cadeira – Que inferno!
Aquele foi à gota d’água para Bill e sem tentar fugir ou disfarçar, sentou no sofá ao lado de Gustav, apoiou a cabeça nas mãos e com uma criança, desabou a chorar.
Chorou desesperadamente, chorou por amor, ciúmes e principalmente por ele e Kate.
– Há pessoas que se assustariam com esse tipo de amor, que consome nossa sanidade tornando-nos loucos e sem controle algum sobre a nossa própria mente, corpo e principalmente, sobre nossas palavras.

Os soluços vieram altos, do fundo da alma, os soluços tomaram o ambiente silencioso.
Gustav segurou o máximo suas lágrimas e passou um braço em torno dos ombros de Bill e não disse nada, o choro do vocalista aumentou ao sentir o braço do amigo em volta de seu ombro, e quando o choro foi se tornando mais calmo, o baterista voltou a falar.
– O que exatamente esta acontecendo? – Gustav olhou para caixa rosa em cima da pequena mesa do quarto – O que essa caixa tem a ver com você e Kate?
Bill limpou as lágrimas com as costas das mãos e se levantou seguindo em direção a caixa, desfez o enorme laço e a destampou, quando viu o que tinha dentro, fechou os olhos e se afastou tentando segurar o enjôo.
Gustav se levantou e foi em direção à caixa e quando olhou para dentro da caixa e não conteve a indignação.
– Meu Deus, o que é isso Bill? – Ele olhou mais uma vez e retirou o cartão que estava preso no peito do pequeno pássaro morto e leu em voz alta:
– “É isso que eu farei com seu coração se ele estiver ocupado por outra pessoa
Gustav olhou para Bill franzindo a testa, ainda não acreditando no que via, questionou:
– Quanto tempo vem recebendo isso?
– Em setembro vai fazer um ano.
–Isso é... É...
– Não posso mostrar Kate para o mundo sabendo que existe alguém que pode lhe fazer mal.
– Essa pessoa pode estar blefando.
– Gustav ela chega aonde nenhuma mais chega, ela sabe mais da minha vida que eu mesmo, como posso colocar Kate na mira de um ser humano tão doente, eu nunca me perdoaria.
– Agora te entendo. Estão fazendo algo em relação a isso.
– Sim. – ele meneou a cabeça, indo jogar a caixa no lixo - Vou acabar perdendo-a.
– Não se você quiser. – Gustav sorriu pela primeira vez para Bill - Posso ser sincero?
– Tenho escolha? – Bill retornou o sorriso.
– Não. - Gustav respondeu divertido - Naquele dia da briga no hotel em Portugal, Kate me disse algo que talvez esteja na hora de lhe contar.
Bill não disse nada apenas olhou para Gustav.
– Ela disse que existia dois Bill: o Bill de agora e o Bill do jardim, e que ela amava o Bill do jardim, e se ele insistisse em ir embora, ela iria também.
– O que quer dizer exatamente, Gustav.
– Que na verdade ser exibida ou não ao mundo, não é o que faz Kate infeliz - Gustav explicou a Bill – O que a faz infeliz é não tê-lo por perto. No dia em que vocês estavam no jardim, o seu mundo parou, você parou porque queria dedicar aquele momento para conhecê-la. – Ele parou por um segundo e sorriu olhando para Bill – Ela não quer nada mais do que um momento como aquele, não há exigências Bill, são apenas pequenos momentos dedicados a ela.
– Você tem razão, Gustav.
–Eu sempre tenho.
– Essa frase é minha! - Bill abraçou o amigo pelo ombro, deu um sorriso de canto de boca - E só poderá usá-la novamente depois de fazer um grande favor...

Postado por: Grasiele

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Arquivos do Blog