terça-feira, 11 de setembro de 2012

Sempre Sua! - Capítulo 13 - Insubstituível


Não desista de mim ainda
Não esqueça quem sou
Eu sei que ainda não cheguei até lá
Mas não me deixe
Ficar sozinho aqui


....

...


– Eu sabia! – Mesmo ele estando de costa, eu tinha certeza que ele sorria, pude perceber o seu ar de vitória por estar ali, de volta para debaixo de suas asas.
– Bom, antes que você ache que estou aqui por você, quero dizer que voltei por que não tinha mais passagem para Alemanha hoje à noite.
–Sei! – Ele disse, com uma pitada exagerada de arrogância.
– Sabe, Bill – Eu disse entrando no quarto da suíte, fechando a porta atrás de mim - Você as vezes é muito pouco arrogante.
–Seguro! – Ele ainda estava de costas para mim - Talvez seja a palavra adequada.
– Seu ego é tão grande, que terá que tirar um passaporte para ele.

– Quem era o seu amigo? – ele perguntou.
– Não interessa! - Eu dei de ombros - Eu não perguntei quem eram suas amigas.

Com um sorriso irritante, ele se virou, me olhando indignado.
– Não eram minhas amigas! - Bill disse bravo – Soube que o tal Dean é seu amigo!
–Sim, ele é – Eu disse o encarando – E diferente da sua não amiga loira, se comportou muito bem ao meu lado.
– Eu não quero você perto dele! – Bill disse com a teimosia de sempre.

–Isso já é um problema seu e do seu estúpido ego! – Ao me ouvir ele fechou o rosto contrariado - Pois, Dean é meu amigo e não vou me afastar dele por que você esta pedindo.
– Isso não é um pedido! – Bill me desafiou.

Minha paciência, calma e educação não podiam mais suportar tudo aquilo. Não mais! Se eu quisesse levar tudo aquilo adiante eu tinha que tomar uma atitude, e aquela era à hora certa para colocar todos os pingos nos is.
E sem elevar um decibel do meu tom de voz, comecei:

– Você realmente ouve tudo o que sai de sua boca? – Eu dei dois passos ficando frente a frente com ele - Você percebe o que esta fazendo conosco?
– Não sei do que você esta falando! – Ele disse fazendo uma cara emburrada.
– Pois então eu vou te fazer um grande favor. - Eu ergui o queixo e reuni todo o meu orgulho para esconder a dor que eu sentia, eu não soltaria uma lágrima. – Vou te explicar!
Seus olhos se estreitaram e molhou seus lábios que estavam secos, cruzou os braços no peito, abriu um pouco as pernas, cravando os pés no chão, e também levantou o queixo para me ouvir.
– Sim, eu só estou aqui por que não havia mais passagem para Alemanha e acredite, se você insistir que é por você, eu alugo outro quarto e quero ver você usar esse sorriso insolente novamente.
Bill mordeu o canto da boca, sabia que eu dizia a verdade.
– Quando eu decidi tentar namorar um POP STAR, não sabia o que eu ia encontrar ou passar, confesso que o amor por você falou muito mais alto, sim eu deveria ter ido com mais calma. Mas eu não podia ficar um segundo longe de você!
Respirei fundo, busquei minhas lágrimas para não cair, controlei meu corpo e ainda com a voz calma, continuei:
– Não, eu não me arrependo de namorar você, eu te amo demais, sei que às vezes preciso ser mais compreensiva com a sua vida. Peço desculpas por isso!
Ele tentou se aproximar, eu me afastei.
– Serei compreensiva com a sua vida, afinal você é um garoto batalhador e essa vida que leva é fruto de tudo isso, só que não me peça para compreender suas atitudes infantis e o seu ego insuportável. – Bill me observava ainda com o rosto duro - Eu posso lidar com a vida de um pop star, agora com o ego inflamado dele. Não sei se consigo. Eu não vou conseguir... Não vou!
A máscara dura de Bill começou a amolecer.
– Aceito namorar em silêncio, concordo com todos os termos estabelecidos por David e por você, o que não vou mais aceitar e nem me curvar é diante da sua falta de educação e sua falta de consideração.
–Kate eu...
Eu apenas levantei minha mão. Impedindo-o de falar.
– Eu não estou feliz, não esta me fazendo bem tudo isso!
–Desculpa! – Aquela palavra tinha saído automaticamente dos lábios de Bill.
– Não quero esse tipo de desculpas, não em vão, não se não forem sinceras. Eu realmente te amo e se você também me ama e quer continuar ao meu lado, terá que agir como o meu namorado.
Bill baixou os olhos e fixou-os em seu tênis.
–Não estou pedindo para você abdicar um milésimo de minuto de seus compromissos, quero apenas que perca um ou dois me avisando sobre eles.
–Kate...
–Bill, quero que esqueçamos tudo e que comecemos de novo, do zero, do dia que estávamos no jardim do David. – A máscara rude de Bill havia caído completamente – Eu quero aquele Bill, pois foi por ele que eu me apaixonei perdidamente.
Seus olhos cor de mel semicerram-se, e pela primeira vez, descruzou os braços, colocando suas mãos em seus bolsos, como sempre fazia, quando estava nervoso.
– Não quero que diga nada agora. Quero que pense e que só me procure e volte a falar comigo quando realmente tiver certeza que quer continuar com esse relacionamento. – Eu o olhei e continuei meu desabafo – Reflita em que parte eu me encaixo em sua vida, eu posso ser um segredo, só não peça para aceitar calada que eu seja um segredinho sujo que você varre para debaixo de algum móvel velho e me esqueça e só me procure quando lhe convém.
Olhei para ele, abri a enorme porta de vidro da sacada da minha suíte e antes de sair do deixando-o sozinho, eu o olhei e disse:
– E nunca se esqueça... Tirando meus pais, ninguém é insubstituível em minha vida!





...

– Ela voltou? – Gustav entrou na suíte seguido por Tom e Georg.
– Sim! – Bill respondeu, fraco.
– E pelo seu tom de voz... – Gustav disse olhando a feição de poucos amigos de vocalista.
– Pois é ela tem razão! – Bill admitiu para os amigos. – Eu fui um imbecil!
– O amigo dela é apresentável! – Gustav disse olhando Kate.
– Deu para observar homem agora, Gustav? – Bill perguntou.
– Homens não, apenas os fatos! – O baterista olhou para Bill, sério.
–Ele pareceu muito bem humorado! – Georg disse – E Kate também ao lado dele.
–Reze para ele não entrar em seu caminho Bill por que se...
–Nossa! – Bill cortou Tom – Pra que inimigos, não é mesmo? – Esbravejou olhando para os três.
–Ela vai congelar lá fora! – Georg disse olhando para Kate sentada no enorme sofá de costas para os quatro.
–Leve para ela! – Bill pegou uma coberta que estava em cima da cama e jogou para Georg.
–Eu? – ele jogou a coberta para os braços de Tom – Leva você, Tom!
–Tá louco!? – Tom jogou a coberta para Gustav como se ela pegasse fogo – Do jeito que ela estava no restaurante, capaz de enrolar a coberta em mim e me jogar sacada abaixo.
–Você esta com medo dela? – Gustav perguntou para Bill, evitando não rir.
–Eu?! Não! - Bill respondeu tentando não ficar nervoso com os risos de Tom e de Georg. – É que...
–Eu vou lá! – Gustav revirou os olhos, abriu a porta de vidro, enquanto os outros três saiam da visão da porta, para que não fossem vistos por Kate.
Ela não virou o rosto e não se mexeu, Gustav baixou a cabeça e falou algo, e depois de um minuto voltou para dentro do quarto, com a coberta no braço.
– Por que não deixou a coberta com ela? – Bill perguntou baixo para o baterista.
–Por que ela mandou da forma mais educada, sutil e objetiva que você introduzisse a coberta em um lugar, e não é no guarda roupa.
A risada de Georg e Tom foi abafada pelas almofadas que estavam no sofá perto da porta, o que deixou Bill mais nervoso com a situação.
– Às vezes eu odeio vocês... Saiam! - Bill abriu a porta bravo expulsando-os do quarto – Obrigado Gustav pela tentativa.

Quando estava sozinho, Bill voltou para a porta e ela permanecia ainda do mesmo modo, o vento tinha aumentado, a folhagem que havia na varanda era sacudida de um lado ao outro. Ela pegaria uma pneumonia se continuasse ali.
Olhou para o cobertor verde musgo de caxemira que Gustav deixara em cima do sofá e o pegou em um dos braços, abrindo a porta de vidro que dava para a varanda.





....


O frio tinha aumentado desde que tinha saído para varanda, o vento batia em meus braços, era quase cortante, eu estava congelando.
Não derramei uma lágrima, em compensação meu coração parecia que ia explodir de tanta agonia.
Endireitei-me quando ouvi a porta de vidro ser aberta, os passos lentos se aproximaram do sofá onde eu estava e não virei o rosto para ver quem era, não precisava, sabia que era Bill.
Ele parou ao meu lado, ficou imóvel e não falou nada. Eu também não me movimentei e muito menos disse algo.
Por alguns instantes ficamos os dois olhando o céu estrelado de Lisboa, então ele agachou na minha frente, entre minhas pernas segurando minhas mãos, nos olhamos.
Deus, como ele podia ser tão lindo? – Meu pensamento quase me trapaceou.
Meu coração, minha mente, meu corpo queria se jogar em seus braços. Baixei meu olhar com medo de colocar tudo a perder. Fixei meus olhos em minhas mãos e tentei me controlar.
Seu dedo indicador tocou meu queixo o erguendo obrigando-me a olhá-lo, mais uma vez nos encaramos, não por muito tempo, suas mãos tocaram meu rosto acariciando-me, Bill roçou os lábios gelados nos meus como uma carícia lenta e doce.
– Vou dormir estou cansada. - Eu me afastei de seus lábios e de seu corpo, levantando-me – Boa noite!

.....

Na manhã seguinte, acordei com o sol batendo em meus olhos, para o meu alivio dormi muito bem, talvez ter falado tudo claramente com Bill tenha me deixado mais leve, tenha tirado um peso enorme dos ombros.
Eu o amava demais, isso era claro, como aquele dia maravilhoso que fazia em Lisboa, só que por amá-lo demais permiti entrar em um casúlo, no dele.
Olhando para meu celular em cima da cama, resolvi começar a definir meu plano de vida. Resolvi viver um pouco mais a minha vida, da qual errôneamente, tinha me esquecido.
Disquei o número e quando a voz falou do outro lado eu sorri, feliz.
– Bom dia!
Kate? – a voz perguntou surpresa – Esta viva?
–Sim, estou – eu suspirei – Como esta tia Abby?
Com saudades e você?
– Agora bem.
Pensei muito em você essa semana. – Minha tia sorriu divertida do outro lado da linha.
–Mesmo? – eu me contagiei com sua alegria – Encontrou um namorado.
– Lindo e quero que você o conheça. Quanto voltará para a Alemanha? – Tia Abby perguntou.
– Hum... – Eu não tinha idéia.
Dia três farei um jantar com ele e com alguns amigos e gostaria que viesse.
É dia do show na Bélgica “ – Pensei imediatamente
– Vou fazer o possível para comparecer. – Eu suspirei.
Depois de meia hora rindo e conversando com minha tia, desliguei a ligação.
Tia Abby era a pessoa mais contagiante, feliz e bem humorada que existia, e falar com ela naquela manhã me deu plena certeza que eu não tinha apenas Bill em minha volta. E que se eu precisasse de um abraço, teria ela como mais uma opção.
“Ou mais duas opções...”
Olhando o celular em minha mão, olhei para minha bolsa, a mesma que eu usava no restaurante ontem a noite, pensei por dez segundos, fraquejei por mais dez e por fim peguei abrindo-a e procurando o que me interessava dentro dela.
Quando achei, levei mais dez segundos para criar coragem e ligar.
– Dean?
Kate! – a voz suave falou do outro lado da linha.
–Desculpe ligar assim...Pode falar?
Com você, sempre!
Agradeci por ele não estar na minha frente, pois meu rosto ardeu envergonhado.
– Liguei para saber como foi a reunião com David?
Foi muito produtiva. – Ele sorriu – Estou quase lá!
–Fico feliz por você!
Obrigado, acho que isso pede uma comemoração entre amigos! – ele disse – Estou indo para a Alemanha.
– Mesmo? Quando? – eu perguntei animada.
Agora e volto para Los Angeles dia três ou quatro de junho. – Ele explicou
– Hum... Entendi.
Quando for pra Los Angeles entre em contato podemos fazer algo.
–Sim! – Eu sorri – Farei isso!
Meu voo foi anunciado, nos falamos depois pequena Kate.

Desliguei rápido ao ouvir a batida na porta. Levantei da cama e abri.
Ele estava com uma calça jeans, camiseta preta, óculos escuros e boné preto, nos encaramos e não conseguimos falar nada um para o outro de imediato, dei dois passos para o lado e o deixei entrar fechando a porta.
– Estou indo para o parque. – ele murmurou.
– Bom show! – Eu disse calmamente.
– Obrigado. – Bill disse tirando os óculos escuros – Como você não pode nos acompanhar nos backstage dos shows, David sugeriu que partisse para Bélgica hoje no fim da tarde.
Não respondi nada apenas o olhei.
–Já estou atrasado, todos já foram.
–E por que ficou? - perguntei
Bill tocou suavemente meu rosto falando em voz baixa e firme:
– Queria dar bom dia antes de seguir para o show.
Com enorme esforço, eu sorri educada, e tentei parecer indiferente ao dizer:
–Bom dia pra você também!
Ele sorriu fraco, não esperando por essa reação, então colocou os óculos, se aproximou, eu dei um passo para trás, recuando e o que era para ser um beijo na boca, foi um beijo terno no cantinho da minha boca rapidamente.
Bill saiu do quarto seguindo para o local onde aconteceria o show.

...

Meu voo para Bélgica, tinha sido anunciado, estava sentada em uma cadeira confortável na área vip, o sol batia insistivelmente em meus olhos, peguei minha bolsa que estava sobre minha mala e coloquei em meu colo abrindo-a para pegar meus óculos escuros.
– Pra que tudo isso, Kate? – Perguntei baixo, minha bolsa tinha mais de vinte objetos, dos quais dezenove eu não usava, decidi jogar tudo, discretamente, em meu colo para procurar meu porta óculos, quando eu o achei, comecei a guardar item por item.
Apenas o último item a ser guardado me fez parar por um momento, pegando-o em minha mão e analisando por instantes, depois guardei-o em minha bolsa novamente.
Então, por ele, fiz o que tinha que ser feito.

Postado por: Grasiele

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