quinta-feira, 7 de julho de 2011

Angel In Disguise - Capítulo 14

 

 Duas semanas se passaram desde que Bill foi embora.
Estou melhor agora, melhor do que estava no dia seguinte de sua partida. Pareceu que as semanas em que o conheci e passei com ele foram um longo sonho. E por mais que a dor de sua ida tenha sido quase física, a alegria ao lembrar dos momentos felizes em que passamos juntos superava e curava a dor insuportável.

Agora eu estou aqui no quarto da dona Vitória que não pára de rir enquanto eu escrevo.

Ela não sabe que Bill era um anjo, e eu disse a ela que ele tinha ido pra casa, mas que tinha deixado um beijo e um abraço enorme. Ela comprou um boneco que viu perto da lanchonete antes de ontem quando Verônica a levou para me ver e só porque o boneco tem o cabelo preto e bagunçado, adivinha o nome dele? É esse mesmo que você está pensando agora.

Opa! Tem alguém batendo na porta... é a Verônica.

  - Como vocês estão meninas? -  Verônica entrou no quarto trazendo uma pasta na mão e olhando Sara fixamente. – Sara, podemos conversar um minuto?
- Claro. Anjinha, você vai ficar bem aí sozinha?

- Eu não to sozinha... eu estou com o Bill. -  Vitória balançou o boneco e sorriu, fazendo sara sorrir junto e acompanhar Verônica para fora do quarto.

Nos sentamos na recepção da ala infantil e ela me mostrou o conteúdo da pasta branca que segurava.

 - É um bilhete do doador. A mãe me ligou e disse que quer conhecer a Vitória, mas no momento ela está na Alemanha para o enterro do filho, pois ele é de lá e... o bilhete... eu não consigo ler, eu descobri algo quando Jaqueline me disse o nome do fi...
- J-Jaqueline? -  A interrompi assustada.

- Sim, Jaqueline é a mãe... olha Sara, eu sou uma pessoa que acredita em milagres pois Viti é o milagre de Deus vivo, em carne e osso, eu não sei se penso que é apenas coincidência, mas prefiro creditar é que é um propósito...

- Sim... - O suspense de Verônica deixava Sara cada vez mais nervosa.

- O nome do filho dela... é... Bill. – Ela disse olhando Sara nos olhos com certo pavor. – Bill Kaulitz. Eu nunca perguntei o sobrenome do Bill, mas você não acha estranho? Bill também era alemão não era? Ele tinha um sotaque estranho... Mas não acho que seja ele, quer dizer, ele era perfeitamente saudável, e o Bill doador mal conseguia andar, pois o coração era muito fraco por causa da doença.

Verônica continuava elaborando uma tese que explicasse tamanha coincidência e Sara apenas balançava a cabeça, sem ouvir o que ela estava dizendo, pois sua mente estava totalmente nos sinais que Bill dera a ela.

Quando ele sonhou falando com a mãe, dizendo que ele, no caso, o Bill anjo estava cuidando bem dele. Quando sonhou que ele havia ido embora e uma mulher chamada Jaqueline, se passando pela mãe de Viti disse que ele havia morrido. Talvez o verdadeiro Bill tenha morrido naquela hora, e o sonho foi um aviso... foi o que Sara pensou dizendo logo em seguida:

- Você tem o endereço dela? -  Perguntou sem saber o que Verônica estava falando.

- Não... quer dizer, eu não li o bilhete, eu gostaria que você lesse.

- Posso?- Sara estendeu a mão e ela me deu. – Minha mão treme sem saber o que pode estar escrito ali.  - Respirou fundo ao ouvir o estalo do elástico saindo do papel meio amarelado e li.



“Olá.

 Eu sei que não conseguirei melhorar, e sei que você ainda tem muito que viver.
Embora eu tenha vivido cheio de limites por causa da minha doença, eu vivi e senti tudo o que quis e me sinto completo agora, me sinto humano sabendo que posso ir e que vou deixar que uma parte minha viva em você.

Nunca se sinta mal ou pense que eu precisei morrer para que você vivesse. Na verdade você é que vai viver, para que eu viva também, mas agora em um lugar melhor.

Desejo a você toda a felicidade do mundo, que Deus a abençoe.

Quem sabe eu vire seu anjo da guarda? =)

Um beijo enorme.

 Bill K. 

Ah, eu pedi pro relapso do meu irmão escrever o bilhete, eu não consigo por causa dos aparelhos, então, perdoe os erros gramaticais... ele não foi a escola.=D

Amo você.”

Sara terminou de ler o bilhete em voz alta e as lágrimas e soluços, dela e de Verônica deram lugar a um sorriso quando viram Vitória sentando no colo de sua mãe a abraçando.
- Foi o Bill que mandou mãe? -  Perguntou Vitória encostando a cabeça na cabeça da mãe que limpou os olhos ainda sorrindo balançando a cabeça positivamente. Sara fechou o bilhete e colocou na mãozinha de Vitória.

- Esse Bill, é o que doou o órgão para você, e ele foi tão bom quanto o Bill punk, minha linda.- Beijei a testa de Viti que pegou o bilhete.

- Você guarda pra mim tia Sara? Junto com o Bill? -  Mostrou o boneco e foi para o colo da mãe que olhou para Sara com olhar curioso, ainda emocionada.

- Vem filha, você não pode ficar correndo por aí, você está se recuperando ainda. -  Verônica piscou para Sara que apenas olhou mão, com o Bill boneco e o bilhete agora fechado. Com a testa franzida olhou para ver se Verônica ainda estava no corredor e ela já havia levado Viti. Virou o bilhete na parte de trás e havia um endereço grudado com pequeno envelope que veio junto com o bilhete. Tinha uma marca d’água de um K enorme, com um brasão no fundo e o endereço num cinza escuro, quase imperceptível.

Por mais insano que tenha sido o pensamento de Sara, ela sabia o que tinha que fazer.

 Fez ligações em poucas horas estava num avião para Hamburgo.

 O tempo todo segurava o bilhete na mão, pegou o primeiro táxi que apareceu no aeroporto.
Pediu que ele a levasse até o tal endereço, e percebeu que em circunstâncias normais ela jamais chegaria perto e um lugar como aquele. Era uma mansão enorme, mas só conseguia ver ao longe, a entrada era a quilômetros de distância da mansão, o jardim era uma fortaleza e o portão de ferro de com aproximadamente 4 metros de altura tinha um K cravado no meio, igual ao do bilhete. Olhei o bilhete novamente somente para ter certeza e toquei o interfone.

 - Oi! Quer dizer... Halo!
- Quem é você? E o que quer? -  uma voz rouca e abafada, masculina perguntou do outro lado.

- Ahn... meu nome é Sara... Oliveira, eu sou... eu era amiga do Bill e...

- Ahh... sim... – a voz sumiu e em seguida ouvi um barulho do portão, mas ele não se abriu.

O taxista estava impaciente e Sara pedia paciência que pagaria pelo tempo que ele estava parado, pensando consigo que se a pessoa estava vindo a pé da mansão até o portão ela provavelmente não teria dinheiro para pagar o táxi, pois ele provavelmente chegaria dois dias depois. Após pensar isso um senhor de estatura mediana, cabelos lisos e castanhos claros, pele muito branca e com uma cara exausta forçou um sorriso e a olhou a olhos com tristeza.

- Oi, eu sou Michael, pai do Bill.

- Olá... eu... sinto muito pela perda...

- Venha entre... -  Abriu os braços para que ela entrasse. -  Estamos fazendo uma recepção, o enterro aconteceu a algumas horas.

- N-n-não...quer dizer... na verdade eu queria visitar o túmulo, eu não sou muito de recepções e velórios.

- Ah sim... claro. -  Michael abaixou a cabeça e olhou os pés por um breve momento e seus olhos se encheram d’água. -  Você o conheceu onde? -  a pergunta gelou a espinha de Sara que pensou antes de responder a verdade.

- Em Nova Iorque senhor.

- Ah sim... -  ele riu. -  Nova Iorque. -  riu novamente como se tivesse tendo alguma lembrança e respirou fundo, ainda olhando para baixo. -  Desculpe... O túmulo fica naquela direção, não é longe, é bem próximo. -  Indicou o caminho e Sara olhou, em seguida o agradecendo sem jeito e sem saber o que falar ofereceu sentimentos e dispensou o taxista.

- Você pode me dar seu telefone? Eu acho que vou andando sozinha daqui, te ligo quando voltar para o aeroporto, ok? -  Pagou e observou o taxi sair, começando a andar em direção aquela rua estreita com árvores perfeitamente alinhadas e muito bem cuidadas. Parecia um corredor infinito até que viu um portão prateado que a fez pensar se os portões do paraíso seriam daquele jeito, grandes e brilhosos.

 Os portões estavam abertos e Sara caminhou lentamente, prestando atenção na perfeição do cemitério. Nunca vira um cemitério tão bonito, tão organizado. Era como um enorme jardim... “Jardim do Éden” pensou Sara quando percebeu que os túmulos eram separados por alas. Continuou caminhando quando viu ao longe uma lápide que chamou sua atenção, pois era a única que estava cercada de flores, todas brancas. Um medo preencheu seu coração e sentiu seus olhos queimarem, mas segurou as lágrimas que queriam ser derramadas. Parou por um segundo, respirou fundo antes de começar a andar em direção a lápide enorme de mármore claro, altíssimo, tinha um degrau apenas e ao chegar até ela ficou de frente, apertando o bilhete ao ler e ver a foto cravada.

“Filho e irmão amado.

O nosso eterno anjo...”

 Ao lado da frase uma foto pequena de Bill sorrindo com um cabelo igual à de um porco-espinho.
Sara sorriu ao ver a foto, um sorriso triste que brotou ao ver o sorriso de Bill e subiu na lápide, sentando em borboleta de frente para a frase e a fotografia de Bill.

Sara abaixou a cabeça enquanto milhares de argumentos, explicações e perguntas se aglomeravam em sua mente.

- Eu sabia. -  Sara indagou após uma respiração profunda. – Sabia que era você. – Sara olhou o bilhete e voltou a falar, agora olhando para a foto de Bill. -  Eu queria tanto ter te conhecido melhor... – Sara fez uma pausa ao sentir um aperto em seu coração crescer.-  Eu queria tanto ter te salvado. -  Sara segurou novamente o choro sem conseguir impedir que uma única lágrima fujona caísse rapidamente, esquentando sua face.

- Eu também. -  Uma voz rouca e baixa assoprou atrás de Sara que não se virou,  sem conseguir se assustar e xingar a tal voz, pois havia sentindo a tristeza naquele sussurro.

 Sara se virou lentamente para ver o dono da voz e oferecer-lhe os sentimentos, arregalando os olhos levando a mão a boca.

- Meu Deus! – Sara colocou a mão novamente na boca, com os olhos lacrimejando, sem conseguir disfarçar o espanto, recebendo o olhar cansado e tenso do moreno alto, com tranças negras que a olhava incógnito. -  V-v-v-ocê é i-igual... -  Sara se interrompeu sem conseguir falar.

- Ele não falou que tinha um irmão? -  O rapaz disse com o mesmo olhar e voz cansadas se aproximando da lápide.

- N.. é... disse, disse que tinha um irmão... gêmeo... mas... -  Sara não conseguia explicar, e rapaz se aproximou mais, encostando na ponta da lápide, olhando brevemente para a foto de Bill e voltando a olhar Sara que ainda estava sentada como borboleta.

- Onde você conheceu ele? – Ele perguntou curioso, mas a voz não insinuava tal curiosidade.

- Em NY. -  Sara ficou tensa sem saber se deveria ter respondido aquilo.

- Ahh. -  O rapaz sorriu de lado sem demonstrar alegria. -  Então quer dizer que ele não foi a NY só para tratar da doença. -  Disse olhando para a foto de Bill olhando nos olhos da foto dizendo: - Danadinho. Outros tipos de tratamentos foram feitos e você nem me contou, pilantra! – Soltou sorrindo.

- Ei! – Sara quase num grito olhou pra o rapaz com a testa franzida, em seguida o cutucando. -  Olha o respeito. Eu fui AMIGA do seu irmão, acontece que eu o conheci na lanchonete em que trabalho e do hospital também.- Sara terminou com a feição brava recebendo um olhar de desculpas do rapaz que ficou só no olhar, sem conseguir pedir desculpas.

- Você... também... – Ele queria perguntar se ela tinha alguma doença e Sara entendeu pelo gesto da cabeça do rapaz.

- Não... seu irmão me ajudou, um babaca me bateu e ele estava lá para me ajudar... quando eu cheguei no hospital claro.

- Ahh, típico dele. -  Pensou alto abaixando a cabeça.

Os dois ficaram em silêncio e o rapaz virou novamente para a foto, apontando o dedo indicador para a foto de Bill.

-Você é um idiota! -  O rapaz gritou. -  Ajudava todo mundo, queria que todo mundo ficasse bem. Você sabia!! Você sabia que iria embora e não me contou! Você foi embora e não me deixou te ajudar! Seu idiota, imbecil, otário... eu ODEIO VOCÊ!!! -  Gritou o mais alto que pode, e o “eu odeio você” saiu tão forte, com uma voz ta potente que Sara tremeu e viu os olhos do rapaz completamente molhados e sua mão tremia com o dedo apontado para a foto de Bill e as lágrimas caíram. Sara não sabia o que falar, até porque não havia o que ser dito, uma vontade imensa de confortar aquele rapaz surgiu e num impulso ela foi em direção a ele engatinhando em cima da lápide e o abraçou. O abraçou forte, apertando o máximo que pode sem dizer nada, apenas ouvindo soluços segundos depois de receber os braços dele envolta dela.

- Ele não merecia. -  Disse em meio a soluços. -  Eu deveria ter morrido, a culpa é minha.

- Não fala assim. -  Sara disse colocando a mão em sua cabeça ainda o abraçando.

- Não... a culpa é minha, você não entende. -  O rapaz afastou Sara. -  Se eu não tivesse nascido, o Bill estaria bem. Eu sou o irmão saudável, eu peguei tudo dele, eu nunca fiquei doente, eu sempre fui forte e ele... ele nunca podia nem sair para andar para brincar de bicicleta... ele ficava feliz só de me olhar brincando... não foi justo! – Dizia olhando Sara nos olhos e as lágrimas não paravam de cair, seus olhos já começando a inchar e ficar vermelhos. – Aquele idiota! -  Tom começou a rir e chorar e Sara ficou assustada engolindo seco com a mistura de emoções daquele rapaz. -  Aquele idiota sempre sorria, tudo pra ele era motivo para dar risada, tudo pra ele era alegria e diversão para ele era ficar assistindo Pernalonga, vê se pode... Pernalonga! -  O rapaz secou as lágrimas com a parte de trás da mão e olhava para a foto balançando a cabeça negativamente. -  Um marmanjo rindo com Pernalonga... mocinha! – Xingou com carinho.

-Ei!! -  Sara o repreendeu num impulso. – Qual o problema de gostar de Pernalonga?  - Perguntou de braços cruzados se sentindo ofendida.

- Ah, ta explicado porque vocês se deram bem. -  O rapaz sorriu olhando para Sara que sorriu junto. Os dois se olharam por um breve momento, como se ambos estivessem com a mesma imagem de Bill assistindo desenho na mente.

- Como ele era?-  Sara perguntou após quebrar o transe.

- Você não o conheceu? -  O rapaz franziu a testa olhando Sara.

- O conheci, mas nunca o conheci profundamente, a gente só falava besteira e foi só durante umas semanas.

- Ah. – Balançou a cabeça. -  Então você o conheceu, ele era muito carinhoso, observava tudo... e era muito ingênuo, ele nunca saía de casa, então quando via algo que não sabia vinha me perguntar “Tom o que é isso? O que é aquilo?”. –Parou e olhou para o chão brevemente, voltando a olhar Sara. -  Teve uma vez... -  Parou e olhou para Sara fazendo bico. -  Não sei se devo falar uma coisa dessas. – Pensou e viu um sorriso brotar na face de Sara e o sorriso o fez sorrir junto.

- Pode falar, eu agüento.

- É... constrangedor... pra ele, claro! -  Olhou para foto e encostou, agora ficando de frente para Sara que estava curiosa com a história.

- Um dia ele pegou um vídeo meu... um vídeo adulto sabe? -  Disse fazendo cara de “desculpa” com a sobrancelha levantada. -  E ele colocou para ver. Chegou na porta do meu quarto com a  fita na mão com uma cara de desapontado “A mamãe vai saber disso! Como você tem coragem? Você vai na igreja e canta os hinos, e mantém um arsenal de prostituição debaixo da sua cama!” -  Ele imitou a voz e os gestos de Bill e Sara começou a rir e o rapaz riu junto, ambos numa risada alta e gostosa, que deu espaço para um silêncio constrangedor.

O rapaz abaixou a cabeça para que Sara não pudesse ver que seus olhos estavam com lágrimas novamente.

- Igreja... toda vida indo na igreja, toda a vida pedindo... pra quê?! -  Perguntou olhando para Sara como se estivesse perguntando para ela. -  Ele morreu do mesmo jeito, foi tudo em vão, ele tirou minha metade, tirou a minha vida, agora eu sou só um corpo... Aquele idiota idolatrou aquele que o matou! Eu odeio você também, aqui pra você!!!! – Tom gritou com o dedo do meio apontado para o céu e Sara ao ver a cena barrou a mão de Tom que a olhou nervoso. -  O que foi?! Você é mais uma defensora desse babaca!!!?? Ele matou o MEU IRMÃO!!!– Gritou furioso com os olhos ardendo, sentindo uma dor imensa no peito e tendo a mão segura pela mão de Sara.

- E o seu irmão me salvou! – Sara disse alto ainda recebendo o olhar furioso e dolorido do irmão. – Diversas vezes. Ele me encheu de palavras de amor e conforto, coisa que eu nunca recebi quando Ele matou a minha irmã!!!– Sara arregalou os olhos com suas próprias palavras, como se tivesse lhe caído à ficha e então ela entendeu. -  Ele foi o meu anjo... – Sara disse num sussurro e a voz calma de Sara fez com que o irmão tirasse a face furiosa e a olhassem com certo carinho.

 Flashes tomavam conta da mente de Sara enquanto ela soltava a mão do irmão e colocava na cabeça ao lembrar-se de uma frase.

Quando eu disse que você ajudaria nessa missão eu disse a verdade... e a verdade é que a sua missão vai ser a mais importante... -  Bill fez uma pausa e eu prestava atenção olhando diretamente em seus olhos.”

Sara havia entendido e sorriu pegando novamente na mão de Tom que ao vê-la sorrindo largamente pensou que ela era uma louca.
Sara levou um tempo e olhando dentro dos olhos marejados do rapaz disse:

 - Prazer... eu sou Sara. -  Balançou a mão de Tom que franziu a testa sem entender o porque daquilo e percebendo que havia desabafado, chorado e gargalhado com ela, mas não haviam se apresentado. -  E eu sou sua... é, não sei se é certa essa expressão mas dane-se, eu acho que fica mais bonito. -  Disse consigo mesma recebendo uma careta de Tom que estava quase certo de que ela era uma lunática. -  Sua anja particular, e eu estou aqui numa missão para curar você da sua dor. -  terminou com um sorriso satisfeito e carinhoso, com um olhar brilhante e esperançoso que fez Tom sentir um alívio e um arrepio com a seriedade nos olhos de Sara, tentando disfarçar para si mesmo aquele sentimento ele sorriu sarcasticamente.
- Ahaha, você é louca?! Anja particular? -  Ele fez uma cara de “ah ta, vou fingir que acredito” e sorriu sincero agora. -  Não seria anjo da guarda... Sara? – Sorriu ironizando e viu uma cara de nojo brotando na face de Sara que respondeu rapidamente.

- Não senhor, é anja particular mesmo. É mais bonito. – Sara acariciou a mão de Tom dando outro sorriso sincero e reconfortante.

O rapaz parou por um segundo e observou a cara acolhedora que Sara o olhava, sentindo-se um pouco aliviado da dor que o apertava mesmo quando ele tentava sorrir de alegria e respondeu acariciando sua mão na dela com o dedão, aceitando o olhar acolhedor e respondendo com um sorriso brincalhão.

- Hmmm, a anja do Tom? -  Perguntou olhando-a e olhando para cima, processando a idéia.

- Isso mesmo! A anja do Tom. -  Sara sorriu, recebendo o olhar de Tom de volta que sentou na lápide num pulo cruzando os braços, vendo Sara subir e sentar ao seu lado, ficando a tarde toda conversando.


Fonte

Angel In Disguise - Capítulo 13

- Eu confio. -  Disse o olhando fixamente, sem conseguir me mexer.
- Então vamos para casa. -  Disse puxando minha mão, e eu o segui.

 Fiquei nervosa durante toda a volta pra casa, estávamos de mãos dadas como namorados, as pessoas passavam por nós nas ruas agitadas de NY com olhares fixos, admirando a forma como andávamos e estávamos conectados. Mas não trocamos uma só palavra durante todo o trajeto. O anjo punk Bill calado me deixava apavorada, por mais que a presença dele me deixasse segura.

 Chegamos em casa tirei meu casaco, Bill foi direto pro banho, em silêncio, soltando um sorriso lindo de lado quando pegou a tolha e sentiu o cheiro de amaciante.
Fui para meu quarto e fiquei pensando em milhares de coisas, e uma delas era “O que será que Bill tem para me contar?”. Enquanto bolava mil e uma alternativas ele apareceu de conjunto de moletom preto, cabelo molhado penteado para trás, sem maquiagem e sentou ao meu lado na cama com a toalha molhada nas mãos.
- Não vai tomar banho? -  Perguntou observando minhas reações e meu olhar pensativo. -  Tava pensando em quê? -  Agora me olhava nos olhos como se estivesse procurando a resposta neles.
- Vou tomar banho depois que você me falar o que tiver para me falar. -  Respondi seca desviando meu olhar do dele, arrumando a colcha da cama e colocando o cabelo para trás.
- Ah, então é isso que está te incomodando? Sara, não precisa se preocupar. – Bill colocou o braço por trás de meus ombros e me puxou para perto dele e deu um beijo em minha testa.
- Então me fale.
- A Vitória vai se salvar. -  Disse sorrindo e me olhando ainda de lado.
- É sério? Deus te contou isso?
- Hmm. -  Bill respondeu fazendo bico e em seguida falando com a voz alegre. -  Ela conseguiu um doador.
- Jura?! -  Meus olhos queimaram de alegria e não conseguia evitar de sentir minha bochecha queimar junto e um sorriso largo brotar em meu rosto. -  Quem é? Quer dizer, a Verônica já sabe disso? Você contou par ela? – Fui soltando pergunta atrás de pergunta, e a face de Bill era de quem não conseguia acompanhar meu ritmo, completamente confuso.
- É... não Sara, não posso contar para ela. Só estou contando para você, pois não aconteceu ainda, o contato com o hospital avisando do doador.
- É um homem então? -  Parei para me corrigir. – Quer dizer, um menino?
- Um jovem. -  Bill tirou o sorriso mas ainda estava com a voz animada.
- E ele morreu?
- Sim. -  Bill agora ficou calado e olhou para baixo, observando a colcha da cama. -  Ele foi para um lugar melhor e vai dar a chance para Vitória viver melhor. Entende como as coisas funcionam? -  Bill segurou minha mão, ainda olhando colcha. -  Pode ir tomar seu banho, e depois a gente conversa mais. – Finalmente me olhou e deu um leve sorriso de lado, não conseguindo disfarçar a tristeza em seu olhar. Tristeza que me deixou um pouco triste, mesmo quando ainda pensava em Vitória recuperada.
Fui para o banho e fiquei pensando há quanto tempo eu não usava drogas para dormir, acordar, e como eu havia mudado durante essas semanas com Bill. Até Damon havia reparado, Lourdes vivia dizendo que eu estava parecendo que vi um anjo, com a cara calma e estava menos agitada como eu costumava ficar na lanchonete. Mal sabia ela que eu via um anjo, o MEU anjo, todo dia, e que ele a ajudava na cozinha.
Eu havia me tornado outra pessoa, mesmo achando que minha vida não era nada como eu queria, eu havia me transformado em alguém melhor do que eu imaginava que poderia ser, e tudo graças a Bill, meu punk, meu anjo... meu amor.
Sorri sozinha enquanto me ensaboava e despertei com um barulho na cozinha. Saí do banho rapidamente e ao chegar à cozinha Bill estava completamente banhado de massa de bolo de chocolate. Ele me olhou com o pote vazio e a colher na mão, com cara de criança pega no flagra fazendo arte. Embrulhada na tolha, tive uma crise de riso tão grande que me faltava o fôlego. Fui até ele e pegando o pote da mão disse:
- Como você conseguiu fazer isso punk?
- Foi uma mosca. Veio na direção do pote enquanto eu batia a massa eu fui bater nele com a toalha, segurando o pote e a colher enganchou no pano e virou tudo. – Revelou olhando a massa no chão e a carinha linda cheia de massa. -  Era para ser uma surpresa. Aprendi a fazer ontem. Bolo de chocolate, você disse que gostava e a Lourdes me deu a receita. -  Terminou desapontado consigo mesmo e depositando o pote na pia.
- Ahhn. – Fiz bico com a cara dele e fui abraçá-lo. – Você já comeu bolo de chocolate?
- Não.
- Então ta. Tive uma idéia punk desajeitado. -  Vou me arrumar e já volto, e quando eu voltar a gente vai fazer o nosso primeiro bolo de chocolate juntos. -  Disse feliz sem esperar que ele respondesse qualquer coisa, me virei e fui para o quarto.
Quando voltei ele estava limpando a bagunça e fui ajuda-lo, depois de limpar o chão peguei um pano de prato limpo e molhei na torneira, ele me pegou pela cintura, me colocando no balcão.
- Acho que assim fica melhor, você é baixa. -  Ele disse com tanta doçura que não me senti ofendida com o “Você é baixa”, até porque qualquer ser humano normal era mais baixo que ele.
- Obrigada pelo baixa, girafa! -  brinquei limpando a bochecha dele que estava completamente marrom de massa.
Ele riu e ficou sério quando fique completamente concentrada limpando cada fragmento de sua pele que estivesse com massa. Ele engoliu seco quando toquei seu rosto com a mão e o olhando nos olhos, me preparei para beija-lo.
O beijo foi rápido, mas não menos carinhoso do que das diversas vezes que nos beijamos. Saí do transe dos lábios perfeitos e com gosto de massa de chocolate do punk e juntos começamos a preparar o bolo.
Uma hora depois estávamos deitados no sofá, ele com os pés estirados em cima da mesinha de centro, somente de meias, ficava mexendo os dedinhos como se fosse uma criança e eu com minhas pernas por cima das dele, deitada de lado, prestando atenção em Pernalonga. Bill soluçava de rir, era uma risada fina e alta, e seus olhos já puxados ficavam uma linha de tão apertados, ele batia na perna e uma vez chegou a bater na minha perna, quebrando sorriso e perguntando se eu estava bem e pedindo desculpas. Eu só observava a alegria dele, a gente nunca havia ficado tão confortável, agindo como um casal, assistindo tv, entrelaçados, ora ou outra conversando sobre qualquer coisa e rindo um do outro, trocando olhares que diziam mais do que palavras e claro, se beijando durantes os intervalos de Pernalonga. Ele desligou a tv absolutamente do nada depois de termos devorado mais da metade do bolo e se virou em minha direção, colocando as duas pernas sobre o sofá e arrumando meu cabelo.
Ele ficou, pelo que olhei no relógio do telefone... 6 minutos me olhando sem dizer absolutamente NADA. E quando eu pensava em abrir a boca para dizer algo ele colocava a mão em minha boca para que eu não a abrisse. Depois dos seis minutos hipnotizantes daquele olhar que me arrepiava de tesão, amor e medo ele falou.
- Sara... -  Fez outra longa pausa, mas essa só durou alguns segundos. -  Eu acabei. – outra pausa de muitos segundos.
- Acabou o quê? – Perguntei com a testa franzida. -  Ainda tem um belo pedaço. -  Apontei para o bolo e só de olha-lo senti náuseas.
Bill ficou em silêncio e acariciou o outro lado do meu rosto, aproximando meu rosto do dele e me dando um beijo que eu não sei exatamente como explicar para vocês, mas não queria ter recebido aquele beijo, pois graças a ele que minha ficha caiu e eu abri os olhos enquanto ele amaciava meus lábios com tanto cuidado e carinho, e ao ver seus olhos apertados ao me beijar, como se estivesse sentindo dor, uma lágrima caiu.

"Ninguém mais aqui que me conhece de verdade
Meu mundo acabou de quebrar junto
E se passa um "happy end"
Por você eu não devo chorar
Eu sei nós não somos imortais
Mas você disse uma vez"


Ele tentou parar o beijo e se afastar para me dizer algo, mas não queria ouvir, subi em seu colo e o beijei de novo, agora eu estava com olhos apertados, sentindo uma dor no peito ao invés de alívio, o apertando contra mim, querendo que ele se fundisse comigo e assim ele nunca mais me deixaria. Acariciei sua língua que estava fervendo de tão quente e a sugava como se estivesse bebendo o último gole d’água de minha vida. Bill me apertou pela cintura e pude sentir que ele também não queria sair daquela posição. Não viramos para lado nenhum, eu o beijava com tanta força e sem saber a quanto tempo estávamos ali só percebi que foi bastante por não conseguir sentir mais meus lábios. Partimos juntos o beijo, mas continuamos com os lábios grudados, sentindo a respiração quente um do outro, sentindo o hálito um do outro.
- Agora?  -  Perguntei deixando mais lágrimas rolarem e apenas sentir o balanço negativo de sua cabeça. -  Quando? -  Não obtive resposta, apenas um abraço reconfortante de Bill que me apertou contra ele e beijou meu pescoço.
- Eu te levo pra cama. – Sussurrou e eu balancei a cabeça negativamente.
- Não, agora não, por favor. -  Me segurei e ele afastou a cabeça pedindo para me olhar.
Ainda em seu colo, tombei para o sofá, onde haviam algumas almofadas e ficamos ali durantes mais longos minutos. Eu chorava sem fazer barulho e ele ficava secando minhas lágrimas. Eu não sabia o que dizer, eu já sabia que iria acontecer e eu sempre pensei que faria o maior dos escândalos, mas não conseguia, estava tão fraca que não conseguia reagir a minha maneira, apenas chorava e observava cada pedaço de seu corpo, já em despedida. Os minutos, e uma hora e 34 minutos passaram quando comecei a falar.
- É ele não é? -  Finalmente tive coragem de perguntar o que estava martelando em minha cabeça. -  O doador da Sara é o seu recipiente?
- Eu não posso falar Sara.
- Por que não? Acabou, você vai embora, a sua missão foi cumprida... -  não conseguia terminar.
- Me escuta, por favor. Sara, não quero que você diga mais nada hoje, por favor. Eu estou sentindo aquela dor lembra? Mas ela fica pior toda vez que você fala agora.
Eu já sinto saudade de você mesmo sem ter ido embora... mas, eu sinto saudade de casa também. Eu pedi permissão para te falar toda a verdade, porque você merece saber, mas os planos de Deus são mais perfeitos do que os meus, e você é esperta, você vai descobrir tudo. Minha missão era fazer você recuperar a fé morta em você, e para dizer a verdade acho que você nunca a deixou morrer, ela só ficava camuflada na sua dor e raiva, escondia ela com seus atos destrutivos.
Quando eu disse que você ajudaria nessa missão eu disse a verdade... e a verdade é que a sua missão vai ser a mais importante... -  Bill fez uma pausa e eu prestava atenção olhando diretamente em seus olhos. -  Eu fui o seu anjo Sara, e você foi o meu. Você aprendeu comigo sobre fé, e eu aprendi com você o que é amor.
- E piu piu. -  Disse, com a voz triste e secando uma lágrima, em seguida passando a mão em seu rosto e o vendo fechar os olhos ao sentir meu toque. -  Desculpa, você me pediu para não falar.
- Você nunca vai ficar sozinha, eu sempre estarei com você, mesmo que eu não seja uma massa, mesmo que não seja um punk, eu sempre estarei no seu coração, na sua essência. Ah... eu pedi permissão, e consegui. -  Ele sorriu vitorioso.
- O quê?
- Seu cheiro. Ele me deixou levar seu cheiro comigo. Vai ser a forma de te levar comigo pra casa e é o que vai me manter mais próximo de você.
- Você nunca mais vai voltar né? Com um recipiente?
- Não.
-Você vai ser punido por ter se relacionado como homem comigo?
- Não. – respondeu sério.
- Deus não ta bravo com você então?
- Não. -  Dessa vez ele sorriu com minha ignorância sobre esse assunto Deus e Bill.
- Eu queria tanto que você ficasse mais um pouco. -  Voltei a chorar e ele me abraçou.
- Eu vou ficar mais um pouco, mas você não vai me ver indo embora, eu acho melhor assim.
Fiquei abraçada e meus olhos estavam cansados, ele me pegou no colo e me levou para o quarto.
- Não. -  Disse segurando sua mão enquanto ele levantava. -  Fica aqui comigo. -  Ele sorriu.
- Eu não vou a lugar nenhum. -  Se deitou ao meu lado e começou a me ninar.
- Não, eu não quero dormir. -  Disse bocejando, pois sabia que se eu dormisse, assim que acordasse ele não estaria mais lá. -  E... eu... não... nã... dor... mir.
- Eu te amo. -  Foi a última coisa que ouvi Bill dizer, e a última vez que ouvi sua voz... pegando num sono profundo.

"Se nada mais importa
Eu serei um anjo - só pra você
E pra você aparecer em toda noite escura
E então vamos voar pra bem longe daqui
Nós nunca mais vamos nos perder"

Angel In Disguise - Capítulo 12

- Alô?

- Oi Sara, aqui é a Jaqueline.

- Jaque-line? Que Jaqueline?

- A mãe da Vitória. -  a voz da moça era de tristeza e Sara sentiu novamente o arrepio.

- O... o... que foi? Aconteceu alguma coisa com ela? -  Sara sentou ao sentir uma vertigem e apertava o bilhete na mão, esperando uma notícia ruim.

- A Vitória está melhor... mas... Sara, estou ligando para falar do Bill... -  a voz se quebrou e disse a última palavra, o nome de Bill com uma dificuldade e fraqueza que fez Sara respirar fundo. -  O Bill... morreu.







- O-o-o-o... como... não... Não! -  Sara gritou desligando o telefone e olhando o bilhete já molhado pelo suor de sua mão e ela tremia. Ela não conseguia abrir o bilhete, ela observava a sala, se sentindo tonta e chamando Bill.

- Bill!? Biiill!!??- Sara voltou para o quarto e viu que a cama estava arrumada, ela respirou aliviada, afinal, Bill estava lá e tinha arrumado a cama... mas porque ele não respondeu quando ela chamou? Por que a mulher no telefone disse que ele estava morto?

Sara foi até o banheiro se sentindo aliviada, e quando adentrou o banheiro um frio desceu sua espinha... Bill não estava lá. Sara entrou em desespero, pensava que estava ficando louca e não conseguiu evitar, começou a chorar profundamente, completamente perdida e sem saber o que fazer ela se jogou na cama e olhando para o bilhete ainda em sua mão o abriu, e viu a mensagem.

 “Bom dia Sara... espero que tenha dormido bem.
Obrigado por tudo, obrigado por me ensinar o que é amor e outras coisas.

Eu SEMPRE vou cuidar de você, e espero que goste do café da manhã.

 Eu te amo...
Tchau...

 Punk.”

Sara não conseguia parar de chorar, soluçava e se curvava na cama com tamanha dor que sentia. Continuava chamando Bill na esperança que ele entrasse assustado perguntando se ela estava bem e lhe desse um abraço, mas não aconteceu.
Ela chorou durante toda tarde e havia perdido as forças para sair do apartamento, ficou olhando o bilhete até que seus olhos começassem a pesar e ela pegasse no sono.

Teve um pesadelo horrível onde ela ficava sozinha em um lugar frio e Bill aparecia sorrindo, em seguida lhe dando um tchau e a fechando no lugar. Acordou assustada, com o bilhete manchado por conta das lágrimas e ouviu um barulho de música alta que a fez assustar...”


- Ahhhhh! – Sara acordou suando. – Meu Deus, foi só um pesadelo. - Olhou para o lado procurando Bill, e ao ver um espaço vazio e somente a forma do corpo dele ali ela se levantou correndo, vestindo a camiseta vermelha dele que estava jogada no chão. Ao vestir a camiseta sentiu um cheiro de café, se lembrou do sonho e só de pensar na possibilidade de Bill ter ido embora como no sonho Sara sentiu seus olhos queimarem e correu para a cozinha olhando diretamente para a mesa.
Ao ouvir uma voz e ver Bill cantarolando enquanto virava a panqueca na frigideira, somente de calça moletom ela ria e chorava até Bill se virou a perceber sua presença ali.

Sara correu em direção a Bill e o agarrou com força, chorando compulsivamente, beijando seu pescoço.

- Por favor... por favor... -  Sara pedia sem parar até sentir Bill assustado retribuir e abraçá-la.

- Sara... que foi? -  A voz de Bill era preocupada mas calma.

Sara afastou o rosto para olhá-lo e soluçando e mal conseguindo falar disse:

- V-v-v-ocê f-foi embora... e... e eu acordei e a me falaram que você tinha morrido. -  As lágrimas não paravam de cair e Bill a olhava com pena, os olhos dele brilhavam e ele secou o rosto de Sara.

- Mas eu estou aqui. Calma, eu estou aqui e não vai te acontecer nada. -  Bill abraçou Sara sorrindo enquanto ela o via dizer sincero, mas ao encostar o rosto no cabelo de Sara e sentir o cheiro floral e a maciez dos fios loiros Bill sentiu uma pontada no coração e sua face fechou, fiando preocupado e... triste.

Sara se afastou e beijou Bill nos lábios com amor segurando seu rosto sem querer partir o beijo e Bill retribuiu acariciando sua face e arrumando seu cabelo após o beijo se partir, dando um beijinho leve em sua testa.

- Eu te amo. -  Disse Sara encostando no peito de Bill e finalmente soltando uma respiração profunda de alívio.

Os dois se sentaram e comeram o café em silêncio, o que incomodava Sara, pois era falante durante o café da manhã, falava coisas que assistia na TV enquanto ela dormia, pergunta sobre coisas que não havia entendido na TV, mas ele estava calmo e silencioso naquele dia.

 Sara

Punk estava completamente diferente naquela manhã, ele costumava me perguntar tudo de uma vez, nem parava pára respirar. Aquilo me deixou intrigada e como se tudo estivesse cronometrado o telefone tocou assim que terminamos de tomar café.
- Halo? -  Bill perguntou, adorava quando ele falava em alemão, não entendia uma palavra, mas a voz dele conseguia ficar mais linda e minha vontade de agarrá-lo aumentava. -  Certo Verônica, eu entendo, estamos indo... fique em paz, tudo vai dar certo. -  Estava parada no parapeito entre a cozinha e sala, e ao ouvir o nome de Verônica me lembrei do sonho e vendo a face de Bill, sabia que as notícias não eram boas.

- O que foi?! -  Perguntei preocupada, pensando em Vitória.

- A Vitória piorou... ela precisa de um transplante urgente. -  Bill parecia triste e preocupado e aquela expressão em seu olhar, me olhando profundamente, com tristeza me fez sentir medo, coisa que eu nunca sentia quando ele me olhava, muito pelo contrário, era sempre o olhar do Bill que me dava segurança quando tudo parecia tão inseguro. -  Você... quer ir comigo... até o hospital? -  Perguntou com a voz baixa.

- Sim... quero. – Ainda estava presa, tentando decifrar aquele olhar perdido de Bill, tentando evitar de sentir um aperto no coração, fui me trocar.






  Chegamos ao hospital de taxi e fomos recepcionados pela mãe de Vitória que com a feição triste e olheiras profundas estendeu o braço para Bill que a abraçou com carinho, e não sei se estava completamente alucinada, ou se o fato de ter feito amor com um anjo havia me tornado sensível a essas coisas, mas foi como se uma luz saísse do corpo de Bill e envolvesse o corpo de Verônica a deixando mais relaxada. Tirando o fato de estar exausta e sofrendo, os traços latinos de Verônica indicavam que ela era uma mulher linda e cheia de vida antes da doença da pequena. Ela estendeu o braço para mim e mesmo sem graça eu a abracei, fechando os olhos e sentindo a sinceridade e a necessidade do abraço dela. Envolvi meus braços e mais uma vez senti meus olhos molhados, mesmo fechados.
- Vai ficar tudo bem. -  Sussurrei em seu ouvido abrindo os olhos e vendo apenas as costas de Bill caminhando com seu sobretudo para o corredor que dava no quarto de Vitória.

Na hora pensei “Isso, você pode curá-la, vai lá, coloca a mão linda que você tem sobre ela e a cure... por favor meu amor”, suplicava que isso acontecesse, Vitória não merecia ter a vida tirada de forma tão cruel, e só de pensar a raiva tomava conta e eu abraçava Verônica mais forte, chorando de raiva pela injustiça que Ele cometera com Vitória, e com minha irmã.

Quebramos o abraço ao ouvir o médico chamar a mãe de Vitória e eu me afastei, indo em direção ao corredor que Bill havia entrado há poucos segundos.

Ao chegar ao corredor da UTI, Bill olhava pela janela do quarto, com a feição séria e concentrada, e balançava a cabeça positivamente, como se estivesse escutando ordens de alguém e aceitando. Me aproximei, ele parou me olhando e mostrando um sorriso forçado.

- Ela é tão linda. -  Bill pensou alto olhando Vitória cheia de tubos dentro do quarto. – Ela vai ficar bem... eu sei que vai.

- Sabe? -  Perguntei no mesmo tom baixo, quase num sussurro. -  Como você sabe? – Perguntei e recebi um olhar de Bill que não precisava me responder, a certeza estava estampada em seus olhos castanhos.

Ficamos em silêncio e mil coisas passavam na minha cabeça. Bill estava conversando com Deus e recebeu uma ordem para curar a Vitória? Finalmente tive coragem de olhar para a janela e senti meu coração diminuir ao ver a carequinha de Vitória e sua pele tão pálida que era possível ver as veias verdes e roxas em seus braços e pernas, ela estava mais magra e com olheiras semelhantes as de sua mãe, mas um pouco mais roxas, os olhos estavam fechados e ela respirada com a ajuda de aparelhos. Eu observava seu peito subir e descer com a respiração e flashes da minha maninha, na mesma situação apareceram como um borro em minha mente.

- Deus, por favor... salva ela. -  Sussurrei colocando as mãos na janela do quarto e pude perceber que Bill me olhava atento, então comecei a pedir em pensamento.

 “Eu sei que eu sou a pior de Suas filhas, e sinceramente se não fosse por ter um anjo Seu ao meu lado eu diria que Você não existe coisa nenhuma... Mas, em anos de sofrimento e dor, vendo coisas horríveis acontecerem comigo e com pessoas que amo, e até com estranhos eu finalmente tive a melhor época da minha vida, eu sinto como se não precisasse me preocupar tanto com tudo, e que eu tenho alguém que se importa comigo, mesmo que não seja humano. Eu tenho alguém que cuida de mim e me ama exatamente como eu sou. Eu até li a Bíblia escondida do Bill, senão ele iria pensar que estava ganhando o jogo... mas eu sei que não foi um jogo pra ele, nem uma missão que Você mandou só porque estava entediado. Eu descobri que eu precisava aprender o que era amar, e não somente da forma humana, mas de uma forma mais... mais... não sei explicar, mas você é Deus então o Senhor sabe do que eu to falando. Me desculpa se eu fiz ele pecar, e eu sinto muito se meu amor por ele passou do espiritual para o físico.
Eu sinto muito por tanta coisa, mas ainda é difícil aceitar que Você deixou ela morrer...

Quando as pessoas dizem que Você escreve certo por linhas tortas... é sério? Não acho que Deus, que é perfeito e não erra nunca escreveria por uma linha torta!

Enfim... dessa vez, dessa vez eu não vou pedir nada em troca, e não vou prometer nada, pois isso não é um jogo... mas Você sabe que eu estou sendo sincera contigo, pela primeira vez na vida... a Vitória merece viver... ela não tem uma família destruída como a minha, a família dela acredita em Você, tem fé em Você, ela será uma boa menina, eu sinto isso, você sente?

Eu só queria... uma vez na vida poder ver alguém perto de mim viver ao invés de morrer...”

 Terminei meu papo com Deus respirando fundo e sentindo a mão de Bill secando minha lágrima que caiu sem que eu ao menos percebesse.
- Foi muito lindo o que você disse. – Bill me deu um beijo na bochecha e eu o olhei rapidamente.

- Eu não disse nada. -  Disfarcei sem me lembrar de quem ele era. -  Ah ta. Esqueci desse detalhe. -  Sorri triste e ele soltou um sorriso feliz, como ele não soltara desde o dia anterior a nossa “entrega”. -  Bill? – Perguntei segurando sua mão em meu rosto e beijando a palma, entrelaçando minhas mãos em seguida. -  Você acha que Deus está bravo com a gente... você sabe... pelo o que a gente fez ontem? -  Perguntei realmente preocupada, recebendo o tal sorriso triste de Bill.

- Por quê? O que a gente fez ontem não foi amor?

- Foi?

- Por quê Deus ficaria bravo por amor? Deus é amor Sara.

- Mas... na bíblia fala que não pode antes... sabe... aulas dominicais, catequese...

- Sara. Mais importante do que eu senti fisicamente, foi a plenitude que eu senti ao sentir sua alma, seu corpo foi um detalhe, um detalhe bonito e que eu nunca vou esquecer, mas poder sentir a essência do seu amor... eu senti o seu amor Sara, os humanos falam eu te amo toda hora, mas na maioria das vezes são só palavras, e você me deu a honra de poder sentir de verdade, obrigado. -  Bill estava sério e sua voz estava mais rouca do que o normal, ele beijou a minha mão, me dando um beijo na testa.

Eu não tinha nada para combater aquelas palavras, não conseguia pensar em nada a não ser o fato de sentir um amor tão profundo e tão grande que a minha vontade era de sair abraçando todo mundo e falar pra todo mundo, era tão grande que meu corpo doía por não caber dentro dele.

Ficamos em silêncio olhando juntos a Vitória pela janela quando um nome surgiu na minha cabeça, do nada.

- Você conhece alguma Jaqueline? -  Perguntei me lembrando do sonho. A face de Bill se retorceu, sua testa ficou franzida e suas sobrancelhas se juntaram, ele me olhou fixamente.

- Não. Por que essa pergunta?

- Ontem eu tive um pesadelo horrível que você ia embora, e uma mulher ligava em casa falando que era a mãe da Vitória e que o nome dela era Jaqueline.

- Mas...

- É... e o mais estranho é que a voz era a da mãe da Vitória mesmo, e ela falava que ela estava bem, mas que você tinha morrido, e ela falava com dificuldade como se estivesse chorando pela sua morte. Foi tão estranho.

- É... nem sempre os sonhos são revelações Sara. -  Bill me abraçou pela cintura, mexendo em meu cabelo e beijando minha cabeça, em seguida cheirando meu cabelo  ele sussurrou:

- É o que eu mais vou sentir falta... – Disse ainda cheirando meu cabelo.

- O quê? -  Fingi não ter escutado.

- O seu cheiro... é diferente. Eu sinto seu cheiro de longe.

- Espero que o odor seja agradável pelo menos. -  brinquei, mas me sentindo nervosa com o jeito que ele disse que sentiria saudade do meu cheiro.

- O seu cheiro é o cheiro do perfume mais maravilhoso que existe na Terra, e infelizmente não está a venda em lugar nenhum, já procurei, quero levar comigo quando for... – O interrompi.

- Não termina essa frase... por favor.

- Ta bom. Mas eu procurei mesmo. -  Sorriu sincero e não pude evitar de sorrir junto.

- Você procurou meu cheiro pra vender?? Ahaha, punk punk...

- Eu gosto quando você me chama disso.

- Punk?

- É, o que é isso?

- Você não sabe o que é punk, Punk?

- Não, mas acho legal quando você fala, às vezes parece uma ofensa, mas gosto quando você fala assim.



Expliquei pra ele o que era um punk, ele sorriu largamente em seguida soltando uma risada mais alta e voltou a olhar para a janela.

- Vou te contar uma coisa Sara, mas não agora, só posso te falar que Vitória vai ficar bem... você confia em mim não confia? – Bill puxou meu queixo para que ele pudesse olhar dentro dos meus olhos.

- Claro que confio. -  respondi com a voz falha, os olhos dele me hipnotizavam completamente.

- E você confia em Deus, não confia? Você acredita que Ele é o único que pode salvar a Vitória? E que Ele te ama, tanto quanto eu te amo? – A última pergunta de Bill me fez sentir o maior arrepio que senti na vida, e foi como se uma luz quente entrasse em mim... a mesma luz que eu juro que vi entrando em Verônica quando ele a abraçou. Uma calma tomou conta de meu corpo que até aquele momento estava tenso, e o senti relaxar por completo, e ao ouvir Bill falar que me amava, e que Ele me amava tanto quanto ele, eu não sabia o que pensar, até porque não estava pensando, eu tinha certeza da minha resposta.

- Eu confio. -  Disse o olhando fixamente, sem conseguir me mexer.

- Então vamos para casa. -  Disse puxando minha mão, e eu o segui.

Angel In Disguise - Capítulo 11

"Sem álibi

Nós estamos desaparecendo mais rápido que a luz espirituosa

Assumiu a nossa chance, quebrado e queimado

Ninguém nunca aprendeu


E eu vou desaparecer independentemente

Mas volto pra te buscar ...

E eu vou desaparecer independentemente

Mas volto pra te buscar



Nós dois poderíamos ver

O claro do fim inevitável estava perto

Fizemos nossa escolha pelo fogo"



- Mas ele sem você... e quando você for embora? -  Sara cutucava os dedos evitando olhar para Bill.

- Quando eu for eu vou continuar cuidando de você lá de cima.

- Mas eu não quero... quero que você fique comigo pra sempre. -  Sara deixou uma lágrima cair.

- Por quê? – Bill perguntou ingênuo.

- Porque eu amo você.

Bill olhava Sara com ternura quando soltou um sorriso que a moça não conseguiu decifrar. Ele abaixou a cabeça e se levantou lentamente, sentando-se ao lado de Sara que se segurava para não começar a chorar.

- Como que é isso? -  Perguntou Bill pegando na mão de Sara.

- Isso o quê punk? -  Sara disfarçava olhando para a mão branca de Bill, fugindo de seu olhar, passando a ponta dos dedos na unha pintada de preto.

- Amor... – Bill levantou a sobrancelha de leve encostando as costas no sofá e ficando parcialmente deitado.

- É... não tem como explicar Bill. -  Sara agora o olhava, com dificuldade pois os olhos curiosos e brilhantes de Bill perfuravam seu coração de tal forma que ela não conseguiu controlar uma lágrima grossa e salgada que descia sobre sua face.

- O que foi? Porque você está chorando? Você está sentindo alguma coisa? -  Bill levantou as costas do sofá com olhar preocupado.

- Não é nada... é... Bill? – Sara tirou a mão das mãos pálidas de Bill e se arrumou no sofá. – Lembra quando você disse que estava sentindo uma coisa estranha aqui. -  Sara fez o mesmo gesto que Bill havia feito, com a mão pressionada sobre o lado esquerdo do peito. – Então, é isso que eu estou sentindo também... -  Sara abaixou a cabeça e deixou mais duas lágrimas caírem, deixando seus cabelos dourados cobrir seu rosto, impedindo que Bill visse.

Sara ficou alguns segundos de cabeça baixa chorando sem fazer barulho até que sentiu uma mão quente acariciar sua bochecha, puxando sua face delicadamente para cima.

Bill nada disse, apenas queria encontrar o olhar de Sara, e quando eles se encontraram Bill havia entendido o sentindo da palavra, era como se ele estivesse saindo do corpo do seu recipiente, a ponta de seus dedos formigavam e a palma de sua mão suava e ele não conseguia tirar seus olhos profundamente castanhos dos olhos verdes de Sara que não paravam de encharcar de lágrimas.

Bill fechou os olhos ao pousar a outra mão no rosto de Sara, fazendo uma concha com suas duas mãos e se aproximando até que sentiu a respiração quente de Sara e em seguida a maciez de seus lábios úmidos pelas lágrimas. O beijo foi tão lento e suave que parecia que eles estavam em câmera lenta. Suas línguas faziam uma dança lenta e calma, sem medo, sem desespero. Sara acariciou a face de Bill e sentia a respiração fugir e voltar lentamente, sentindo agora os dedos de Bill percorrer sua cintura e acariciar seus braços com uma delicadeza que ela sentia cócegas. Eles interromperam o beijo para pegar o fôlego que estava quase esgotado e trocaram olhares sedentos e ao mesmo tempo temerosos. Bill olhava Sara como se ela fosse o anjo e era impressionante o medo que Sara sentia com aquele olhar, era como se ele estivesse lendo sua alma naquele momento, ela não queria saber de mais nada a não ser amar completamente aquele ser, naquele momento, pois ela não conseguia imaginar vê-lo ir sem ao menos ter mostrado a ele o melhor dos sentimentos humanos, e o único que ela não havia experimentado... o amor.

Sara se levantou e pegou a mão de Bill o fazendo levantar. Os dois caminharam até o quarto de Sara e novamente colaram os lábios. Bill segurava delicadamente a cintura de Sara com as duas mãos e Sara enroscava as mãos nos cabelos de Bill por trás da nuca, desmanchando a parte traseira de seu enorme moicano e andando em direção a cama, tropeçaram em alguns objetos, cambalearam e Bill a segurou com força pela cintura antes que ela caísse ainda de lábios colados.

- Calma, não vou deixar você cair. -  Bill disse num sussurro ainda encostados nos lábios de Sara. A frase fez com que sara abrisse os olhos e tremesse na mesma hora. E quando ela os abriu, Bill a encarava com olhos felinos, porém calmos, como de um gato que está vendo sua bolinha de pêlo. Ela sorriu e beijou sua bochecha dizendo:

- Eu não me importo de cair se souber que você vai me levantar. -  Bill sorriu de lado e tirou uma mecha do cabelo loiro de Sara que não deixava Bill olhar nos olhos verdes da bela moça.

Sara beijou Bill, o apertando com toda força contra seu corpo, como uma cobra aperta sua presa antes de comê-la e Bill a segurou tão forte pela cintura que a fez tirar os pés do chão. Ela quebrou o beijo novamente e sentou na beira da cama, olhando nos olhos de Bill e vendo o mesmo desconforto que vira a tarde, vira o medo e a curiosidade em descobrir as conseqüências daquele sentimento. Ela tirou a o casaco, em seguida a jaqueta enquanto Bill a observava como uma estátua de Afrodite, seu corpo curvilíneo  e quente fizeram Bill juntar as mãos e esfregá-las para tentar tirar o suor que nascia de suas palmas. Sara tirou a blusinha, mostrando a fartura e feminilidade de seus seios perfeitos e Bill engoliu seco se mexendo na cama, se sentindo desconfortável, mas não conseguia parar de olhar cada pedaço do colo, da pele descoberta de Sara que agora tirava a calça e a roupa íntima, se aproximando de Bill que deu um leve pulo na cama ao sentir o toque de Sara em seu rosto.

- Calma, não vou deixar você cair. -  Sara sussurrou em seu ouvido, sentindo um gemido involuntário sair dos lábios de Bill, e ela podia jurar que ele estava de olhos fechados. Ela voltou para olhá-lo e ele estava de olhos fechados e respirando ofegante. Sara pediu permissão com olhar e tirou o sobretudo de lá preta que ficou jogava em cima da cama, em seguida o beijando enquanto procurava a barra da camiseta vermelha de Bill que a segurando a  mão de Sara, a guiou até a parte desejada e ela quebrou o beijo contra a vontade de Bill que ainda com os olhos fechados sentia a camiseta ser liberta de seu corpo junto com o tato da mão quente de Sara acariciar seu abdômen.

Sara pediu que Bill deitasse mais para cima e ele obedeceu a olhando fixamente nos olhos enquanto ela lhe tirava o restante das vestes. Eles se beijaram e se acariciavam com delicadeza, como se ambos fossem quebráveis. Sara dizia para Bill seguir aquilo que ele estivesse sentindo e ele se inclinou sobre ela, gemendo novamente ao sentir seu corpo nu sentir a maciez do corpo de Sara.

O ato foi calmo e o tempo todo se olhavam e se beijavam, ora Bill acariciava e puxava uma das penas de Sara para seu quadril, voltando a beijá-la e se movimentando lentamente, soltando um gemido a cada movimento. Sara apertava as costas de Bill com a ponta dos dedos e sentia o suor gelado da testa do anjo cair sobre seu rosto e seu cabelo úmido cair sobre olhos, a impedindo de ver seus olhos e vendo somente os lábios de Bill se mordendo com o prazer que ele estava sentindo. Sara tirou os cabelos lisos e negros de Bill do rosto ao senti-lo tremer cada vez mais, agora com os braços apoiados próximo a cabeça de Sara e seus movimentos aumentando gradativamente, Sara chegou ao ápice do prazer e o olhava nos olhos e eles estavam brilhando e ele ainda mordia os lábios quando soltou um gemido contido, mas Sara via em seu rosto que ele estava gritando por dentro e seus braços tremiam e ele respirava fundo, como se estivesse perdendo o ar e seus olhos ainda brilhantes expressavam medo e alívio.

- Deita. -  Sara deitou a cabeça de Bill em seu colo e o sentia tremer como se ele estivesse morrendo de frio. A tremedeira era tanta que a cama fazia barulho. Sara acariciava os cabelos de Bill que a apertava com força num abraço trêmulo.

- Não... nã... não me solta... p-p-p-por favor. -  Bill suplicava com a voz calma.

- Eu não vou te soltar. – Sara beijou a cabeça de Bill e o abraçou mais forte até que ele começasse a se acalmar.

Sara acordou e ao olhar para o lado não viu Bill.

Ela se levantou e vestiu sua camiseta vermelha eu estava jogada no chão e sorriu ao sentir o cheiro dele na camiseta. Caminhou até o banheiro e nada viu, fez sua higiene matinal e correu para a cozinha, pois já sentia o cheiro de café e massa de panqueca.

Abriu um sorriso, mas ao chegar à cozinha não havia ninguém.

- Bill? -  Sara chamou tendo o silêncio como resposta e foi até a mesa encontrando o café pronto e um bilhete com uma carinha feliz. A carinha feliz fez Sara sentir um arrepio e assim que ela pegou o bilhete o telefone tocou, fazendo Sara levar um susto.

- Que susto porra! – Sara gritou fuzilando o telefone com o olhar.

Sara atendeu o telefone irritada e atendeu sem paciência.

- Alô?

- Oi Sara, aqui é a Jaqueline.

- Jaque-line? Que Jaqueline?

- A mãe da Vitória. -  a voz da moça era de tristeza e Sara sentiu novamente o arrepio.

- O... o... que foi? Aconteceu alguma coisa com ela? -  Sara sentou ao sentir uma vertigem e apertava o bilhete na mão, esperando uma notícia ruim.

- A Vitória está melhor... mas... Sara, estou ligando para falar do Bill... -  a voz se quebrou e disse a última palavra, o nome de Bill com uma dificuldade e fraqueza que fez Sara respirar fundo. -  O Bill... morreu.

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