terça-feira, 27 de novembro de 2012

Reparação - Capítulo 27 - Final


Os gêmeos abandonaram Laíssa e correram para o pai. Bill correu para ajudar a segurar a árvore. Tom despencou no chão, sufocado pelos gêmeos que riam e gritavam em cima do pai. Laíssa sorriu ao ver a guerra no chão da sala. E foi então que enxergou que sua família estava de volta.

–Eu me rendo! - Tom gritou brincando. - Ajude-me, Lala! Socorro!

Com cuidado, para não cair em cima deles, ela pegou Mateus em um braço e, com o outro, puxou Diego. Ele levantou-se e beijou-a na boca e quando a morena gemeu de dor e se afastou colocando o dedo nos lábios, Tom segurou o seu queixo e franzindo a grossas sobrancelhas perguntou.

–Que diabo é isso em seu lábio, Laíssa?

– Quem machucou o seu lábio? -Tom perguntou novamente vendo a esposa baixar os olhos e colocar o dedo indicador no lábio machucado. – Não acredito que aquele... Aquele desgraçado fez isso?

–Ele perdeu o controle. – ela balbuciou.

–Vou matá-lo! - Tom se aproximou e segurou o rosto de Laíssa entre as mãos. - Foi aquele seu amiguinho da praia, não foi?

–Tom, sou eu agora que peço calma. – Laíssa segurou as mãos de Tom com as suas.
–Foi ele? – Tom questionou de novo.
–Sim, faz tempo que eu não o vejo e hoje ele apareceu no Ibirapuera.
–Nossos filhos estavam lá?

–Sim. – Laíssa viu Tom ficar vermelho e suas narinas aumentarem. - Esta tudo bem. Meu amor esta tudo bem! Mesmo! – Sabia que não estava nada bem. Que Matt poderia trazer mais problemas. Que ele poderia lhe atingir outra vez, viu isso em seus olhos naquela manhã no parque. - ele não vai mais nos incomodar. Vamos mudar daqui depois do ano novo, podemos nos livrar de tudo isso, deixar tudo isso em uma lixeira e seguir em frente, deixando tudo isso para trás.

–Olha o seu lábio. – Tom se aproximou e beijou o lábio machucado da mulher.
–Esqueça Tom... Por favor! - Tom ia matá-lo, estava cego e andava de um lado para o outro da sala. – vamos focar em nossa família, por favor. Vamos jantar, ver um filme com os nossos filhos. Vamos esquecer esses últimos meses... Por favor, vamos esquecer.

Ela tremia dos pés a cabeça. Passou a mão em sua barriga.

Tom olhou para o gesto, ficou com medo que ela tivesse alguma reação que fizesse mal ao bebê. Tudo agora girava em torno do bebê. Se fosse outros tempos, sairia dali e socaria Matt e depois acertaria as contas com Mônica.

Mas tinha que pensar no bebê.

– Venha se sentar. – Tom segurou sua mão e sentou no sofá, depois a colocou em seu colo. - Não quero você tão nervosa dessa forma.

–Prometa-me que não vai fazer nada. – Laíssa deitou a cabeça no peito de Tom. – Um dia... Um dia tudo será acertado.

Nesse momento o celular de Tom tocou se mexeu com dificuldade para tira-lo do bolso da calça jeans. Falou primeiro em português, depois em alemão, quando desligou, trouxe o rosto da esposa para perto e deu um beijo delicado na boca dela.

–Preciso sair agora, descanse, não pense em mais nada. – Tom a levantou com cuidado. – Tente não sair de casa.
–Não podemos viver acuados.
–Só hoje... Só por hoje, Laíssa. – Tom mudou seu semblante para preocupado.

Tom a beijou no topo da cabeça, virou pegando a chave do carro e deixou a casa.

Laíssa começou a empacotar algumas coisas, brincou com os filhos no jardim e depois assistiu um filme, estava inquieta, algo a incomodava, estava se sentindo prisioneira em sua própria casa. Seu coração apertou, ela precisava sair daquela casa e respirar ares diferentes.

Um barulho na porta a fez girar a cabeça.

–Ótimo! - ela disse levantando correndo para a porta, com um imenso sorriso no rosto. – Mãe, vamos dar uma volta?
–Minha cabeça esta me matando, filha! – Miranda lhe deu um beijo demorado na bochecha.
–Queria ver alguns vasos para a casa nova. – Laíssa disse a mãe triste.
–Vai! - a mãe sorriu para a filha – eu fico com os meninos, aproveito e faço o jantar.

Tente não sair de casa. – A ordem de Tom veio em sua cabeça. Ela pensou por alguns segundos. Não aguentaria ficar ali esperando e remoendo, tinha algumas coisas para resolver e para comprar da nova casa.

Por fim, decidiu sair.

Permaneceu na loja de decoração por duas horas, comprou alguns vasos, alguns enfeites de Natal e fez algumas encomendas. Estava do lado de fora colocando as compras no carro com a ajuda de um entregador, deu-lhe uma boa gorjeta e quando sentou no banco do motorista e deu a partida, algo na rua a fez parar e tirar os óculos escuros.

–Mas... O que essas duas estão aprontando?

A cena era a seguinte: Mônica encostada no seu carro e Raquel aos prantos, a víbora lhe dando um envelope, e pelo fato de ter jogado o envelope nela, Mônica parecia nervosa e muito alterada.
Raquel mantinha a cabeça baixa e a balançava de um lado para o outro. O desespero era nítido nas ações dela, que apertava as mãos de forma apreensiva.

Ela chorava muito.

Monica gritou algo e a pegou pelo braço direito, abriu a porta do seu carro e praticamente a jogou dentro do carro, com força. Batendo a porta do passageiro com brutalidade.

Laíssa passou da raiva para o desespero, e então finalmente para o desejo de destruição. Toda sua fúria concentrava-se naquele carro, ela tinha que segui-lo e tinha que saber o que estava acontecendo. Tinha certeza, que Mônica não agia de boa fé com Raquel.

Daquela vez não faria vistas grossas. Não iria ficar calada nos bastidores como uma gatinha espantada. Não ia deixar que Mônica fizesse mais uma de suas maldades, nem agiria como uma cega diante de outra armação da ex- amiga.

Tinha certeza que Raquel corria perigo e ela ia ajudá-la.

O carro de Mônica andou. Laíssa deu a partida e começou a seguir o carro, seus olhos estavam fixos e não piscavam, e quando Mônica parou na rodoviária, a porta do seu carro abriu. Mônica desceu e abriu a porta do passageiro praticamente arrancando Raquel de dentro dele, abriu o porta malas, tirou uma bagagem e jogou nos pés de Raquel.

Depois disse algo apontando o dedo para o rosto de Raquel, depois apontou para a barriga da pobre moça que ainda chorava. A ex- amiga virou as costas, entrou no carro e partiu.

Ela desajeitada pegou seu celular e com dificuldades ligou para o marido.

–Oi, Lala! - Tom disse numa voz baixa e doce.

–Tom você tem o número do celular da Raquel?

–Que? - Tom berrou do outro lado.

–Tom, ligue para a Raquel.

–Laíssa, não tenho o celular dessa mulher, nunca falei com ela fora do...

–Tom, ligue para a contabilidade e tente o celular dela... Ela precisa de ajuda. Ligue para o celular dela e ajude-a agora!

–Laíssa o que esta fazendo? - Tom gritou.

–Algo que eu devia ter feito há muito tempo.

Laíssa, não! - Tom gritou mais uma vez – Laíssa, onde você esta?

–Tom, vá ajudar Raquel. – ela gritou mais alto que ele e desligou.

Não percebeu mais a noite estava chegando e com ela a dificuldade em seguir o carro, tinha que se concentrar na perseguição e nos carros em volta. Colocou a mão na barriga, pensou por um segundo em desistir, mas quando o carro de Mônica deu sinal para virar para a esquerda, uma pontada forte e um medo imenso tomaram conta do seu corpo.

–Deus... Diga que ela não vai fazer isso.

E naquele momento tudo começou a fazer sentido.

O estômago da morena revirou-se violentamente quando Mônica, depois de algum tempo parou, estacionou o carro em frente a casa e desceu, acionando o alarme.

Esperou Mônica entrar no local e depois, sem fazer muito barulho, nem ligando o alarme, desceu do seu carro e a seguiu. Andou e entrou na casa.

A porta, porém, não estava fechada, e no momento em que entrou, sentiu o frio gélido em sua espinha. Ouvia as vozes no andar de cima. Em passos lentos subiu as escadas e chegou ao quarto, Laíssa pode ver o interior do quarto. De onde estava parada tudo o que podia ver era um dos pés da imensa cama de casal, mas se movesse um pouco para a esquerda ela poderia ver e ouvir melhor.

Uma voz grave, abafada e nervosa insinuava-se pela porta.

Ela caminhou silenciosamente para a esquerda, colocando-se em uma posição de onde podia ver as costas de um homem. Ele estava sentado em uma cadeira ao lado da cama, inclinado para a frente e com a cabeça entre as mãos. Sua linguagem corporal demonstrava que estava tão nervoso quanto Mônica. Ela não podia ver o rosto, apenas as costas largas e cabeça baixa. Parecia que chorava.

Inclinou a cabeça e pode ver o rosto de Mônica, que estava próxima ao homem e gesticulava e gritava bastante, com raiva.

Laíssa chegou o mais próximo possível, acomodando-se em um lugar onde não podia ser vista, mas de onde poderia ouvir cada palavra.

– Você é um idiota... Um tremendo idiota. - Mônica gritava. - Como você pode ser tão imbecil, e eu te procurei pensando que você fosse me ajudar e no fim, você só me atrapalhou, que ódio de você, seu inútil. – Mônica passou a andar de um lado para outro do quarto. – Fez tudo errado, cagou todo no nosso plano. Estávamos quase conseguindo, mas você fez a burrada de se apaixonar por Laíssa.

–Sim, me apaixonei. — Um soluço interrompeu suas palavras. – Eu a amo, a amo como nenhum homem jamais vai poder te amar.
–Não quero algum homem, você sabe disso. Eu quero Tom! – Mônica subiu mais o tom de voz, como se isso ainda fosse possível. – mas você estragou e agora o único homem que eu amo e sempre vou amar vai ficar com aquela desgraçada – Monica deu um tapa forte na nuca do homem – E você também perdeu, por que eles estão felizes e você esta fora da jogada... Seu babaca.

O homem não respondeu.

–E ainda não bastasse, tive que jogar sua namorada numa rodoviária e ameaçá-la.

–Deixe Raquel e esse bebê fora de seus planos, Mônica.

– Sim, agora eles estão fora dos nossos planos, graças a mim!

–Você a matou? – O homem perguntou.

–Claro que não, seu imbecil! Apenas a coloquei num ônibus e a mandei para a casa da mãe e mandei-a ficar lá até que o seu filho esteja no exército. – Mônica sorriu - O meu sobrinho.

– Fez bem, aquela mulher já estava me torrando o saco!

– Lógico que fiz bem, eu sempre faço tudo muito bem, diferente de você, irmãozinho bastardo, que sempre fez tudo errado, por isso que nosso pai nunca gostou de você, por que sempre foi um fracote, um zero a esquerda, uma bichinha da mamãe.

Laíssa tinha ouvido o bastante. Ela entrou no quarto a tempo de ver Mônica dar outro tapa na nuca dele. Surgiu na porta e parou ali, observando e esperando para que a culpa dos dois se manifestasse. Para que eles a vissem, ali parada ouvindo toda a trama.

–Agora, o que vamos fazer? – Mônica perguntou – Agora, somos cartas fora do baralho e a culpa é toda sua.

–Eu não desisti dela ainda, maninha! - o homem disse baixo, mas a frase foi à gota d'água para a paciência de Laíssa. – Laíssa vai ser minha.

–Oh, Deus! – A morena disse levando a mão a boca. – Vocês, os dois!

Os dois se viraram para ela ao mesmo tempo. Mônica e Matt.

–Irmãos? - Laíssa tentou dizer, engolindo o bolo que estava em sua garganta. –Vocês dois são irmãos?

– Laíssa! - Matt exclamou, levantando-se imediatamente.

– Ops... fomos pegos! - Mônica debochou, sem se mostrar espantada ou sem graça, ou com medo.

– Deus, o que vocês fizeram com a minha vida? – Laíssa entrou no quarto, esmurrando a porta. – Vocês... os dois... irmãos?

–Sim. – Mônica sorriu sarcástica e fria - Matt é meu irmão por parte de papai. Que desperdício não? - Mônica correu os olhos para o corpo bem feito do irmão.

–Tudo armação? - Laíssa olhou para Matt, que ainda se mantinha parado.

- Sim, foi tudo armado, tudo mesmo, desde o acidente que Matt bateu em seu carro... Tudo armado!

–Você era minha amiga! - A voz de Laíssa era dura e fria, mas por dentro seu coração fora reduzido a cinzas. – Confiei em você, ouvia os seus conselhos, era como minha irmã... entrou na minha casa e...

– Irmã? Irmã de cú é rola, minha amiguinha... Eu odeio você! - Monica gritou se aproximando – Odeio você, sua vida perfeita, sua beleza, o jeito que os homens olham para você, odeio seus filhos, odeio essa sua gravidez... Odeio tudo o que te rodeia. A única coisa que eu não odeio, é o seu marido. – ela cuspia toda a verdade. – Foi tão fácil te enganar, te fazer de idiota, foi tão fácil te manipular... tão pateticamente bobinha.

– Você é doente! - Laíssa falou dando um passo para trás - acho que você precisa se internar em uma boa clínica, onde poderá contar com a ajuda de uma terapia intensiva... de choque pesado!

–Você acha, é? – Monica riu debochada.

– Deixa ela ir embora, Mônica. – Matt falou fazendo Laíssa sair do transe e olhar com nojo para ele, afinal ele também fazia parte daquela sujeirada toda. - Já fizemos mal a ela.

–Cala a boca, Matt! - Mônica gritou com ele.

– João? – Laíssa olhou para Matt - Você é o pai do filho de Raquel, o João!

A risada de Mônica soou alta e diabólica pelo quarto.

–Raquel... tão boba e inocente como você. - Mônica tinha um brilho doentio nos olhos – Matt .... Ou João, como ele se apresentou para a pobrezinha, foi só ele sussurrar algumas palavras de amor e pronto, a sonsa monga se abriu inteira. Tão manipulável e burra, engravidar de um galinha pé rapado como Matt.

–Pé rapado? – Laissa olhou para Matt novamente, que baixou a cabeça. - E a sua loja?

– E a sua loja? - Mônica imitou Laíssa - A loja era minha, essa casa é minha... Matt não tem nada, é um ambicioso mercenário que levou 500 mil reais para fazer tudo o que fez com você e com a Raquel... fez até demais por que engravidar aquela mongolóide não estava nos nossos planos.

–Matt? - Laíssa o chamou com os olhos rasos dágua. – como pode?

O quarto ficou em silêncio.

–Sim! - Foi Matt que quebrou o silêncio, levantando a cabeça, encarou Laíssa. – Eu tinha que te seduzir e seduzir a Raquel. Monica me pagou para te envolver e forçar situações que você pensasse que Raquel fosse amante de Tom. – ele explicou. – eu tinha que tirar você do seu marido para Mônica ter livre acesso a ele.

–Só que esse imbecil engravidou a Raquel. – Foi a vez de Mônica falar.
–Ela disse que tomava pílula, merda! – Matt se defendeu.
–E você acreditou, seu burro... Asno de merda!

Mônica e Matt deram um passo à frente e se enfrentaram, Mônica apontou o dedo na cara dele e começou a falar um monte de coisas, xingamentos e ofensas, ele não ficava para trás e também dizia coisas horripilantes para ela.

Sabendo que não podia mais ficar ali, tinha que pedir ajuda para Tom e principalmente cuidar do bebê dentro de sua barriga, aproveitou que os dois discutiam, virou as costas devagar e em passos largos saiu do quarto.

–Onde você vai, minha amiga mais que amada? – Mônica disse pegando uma mecha grande do cabelo da morena.
–Me solta! – Laíssa gritou. – Me larga!
–Solta ela, Mônica. - Matt foi para cima da Mônica.
–Ela não pode embora, essa é a nossa chance de ouro, irmãozinho! – Mônica disse piscando para Matt.
–Chance de ouro? – Os olhos de Matt brilharam.

–Não esta vendo se ela perder esse bebê, será melhor para nós? - Mônica disse a Matt.
–Não... – Laíssa gritou desesperada. – Matt... não faça isso!
– Matt, ela não vai ser sua nunca. – Mônica abaixou a voz como se quisesse fazer uma lavagem cerebral no irmão. - Ela esta grávida do marido, e ela o ama.
– Por favor... Matt! - Laíssa gritou quando Mônica a empurrou para fora do quarto fazendo-a tropeçar e cair no chão.
– Você a mata, esconde o corpo e fim. – Mônica sorria para o irmão – Te dou mais 800 mil reais.

Matt olhava para Mônica, ela fazia uma lavagem cerebral nele. Matt já era outra pessoa, com olhos diabólicos e face transtornada.

–Pense Matt... São oitocentos mil reais! Ela, você não vai poder ter mesmo!

Matt não desviava os olhos de Mônica.

–Tudo bem... Dou mais dois milhões... Livre-se dela! – Mônica disse ao irmão.

– Mônica me deixe em paz! – Laíssa baixou a cabeça e chorou desesperadamente. Sentiu as mãos grandes de Matt lhe segurar pela cintura e a subir seu corpo no colo. - Não... não... me solte!

–Desculpe Laíssa, isso era para ser apenas um jogo, mas me apaixonei de verdade e Mônica esta certa. Não conseguirei te ver com mais ninguém.... pelo menos fico com o dinheiro.

–Não me faça mal, Matt! – Laíssa suplicou aos prantos.

– Em troca de? - Ele perguntou, confirmando seus piores medos. Mônica tinha o convencido. – Você vai ficar comigo?

Ela pensou em mentir para lhe salvar e salvar o seu bebê, mas Mônica foi mais rápida.

–Ela esta mentindo, Matt... ela esta mentindo para você! – A voz dela era suave no ouvido do irmão. – Ela vai te enganar e você vai ficar sem ela e sem um milhão e meio. Empurre-a pela escada, deixe-a quebrar o pescoço e perder o bebê... Depois você se livra do corpo. – os olhos de Mônica olharam para os da morena com uma frieza que ela jamais viu em um ser humano. – Mate-a agora!

Matt a segurou pelos braços diante da escada, ele ia a empurrar, Laíssa não tinha mais forças para lutar, seus olhos cravou nos deles e sua respiração falhou e quando sentiu que ele ia lhe empurrar, ouviu-se o barulho.

...


– Lala... Lala! – a voz a chamava de longe. – Laíssa...

Ela foi aos poucos despertando, vendo onde estava. Quando percebeu onde estava gemeu de medo. Estava ainda na casa de Matt. Naquele inferno, naquela cena medonha.

–Não se mexa! - a voz ordenou novamente. – Tem uma ambulância aqui fora e já estão vindo te atender.

–Ambulância? - ela se mexeu devagar, gemendo de dor e quando ela mexeu o pescoço, rolou o seu olhar, fechou os olhos com um grunhido que ficou preso em sua garganta.

Ela estava em cima do corpo de Matt, que respirava com dificuldade perto de seu ouvido, estava agonizando, sangrava pela boca e pelas narinas, aos poucos, ao longe podia ouvir os gritos de Mônica, histéricos.

Laíssa queria perguntar o que havia acontecido, mas sua garganta doía demais e sua cabeça mais ainda, a única coisa que conseguiu fazer foi colocar as duas mãos protegendo a sua barriga.

–Já vamos sair daqui, meu bem! - a voz suave disse, era de Tom.

Os paramédicos chegaram e com cuidado, a tiraram de cima de Matt, atenderam-na no chão mesmo, depois de imobilizada e dos primeiros socorros a deitaram no sofá, fora o nervoso e a pancada na cabeça, ela estava bem.

Já Matt não teve a mesma sorte. Saiu da sua própria casa, morto. Os policiais haviam dado um tiro certeiro em sua cabeça, antes dele ter jogado Laíssa escada abaixo. A mando da irmã, Mônica.

Mônica. Ainda se ouvia seus gritos, eles ficaram mais altos dentro do quarto, três guardas apareceram com ela, chutando, xingando e algemada na sala.

–Laíssa... – ela disse com os olhos e o rosto molhado de lágrimas – me perdoe. Por favor, não tive a intenção. Sei que passei dos limites... não os deixe me levar, minha amiga... perdão.... não deixe que me prendam... – ela chorava desesperada. – Minha amiga... em nome da nossa amizade de anos. Não me deixe levar... Não me deixe sozinha, Laíssa!

A morena ouviu cada palavra, se aproximou a olhando de cima a baixo, fechou o punho e deu um soco, dois e depois um terceiro no rosto de Mônica, que apenas revirou os olhos e caiu nos braços de um dos guardas. Desmaiada.

– Se o que quer é a absolvição, procure um padre... ou o capeta, minha querida amiga! – Laíssa olhou para o corpo desfalecido dela nos braços do policial. – leve esse lixo daqui, antes que eu vomite em cima dela. E por favor, me avise o dia do julgamento para eu poder aplaudir de pé quando ela for condenada por tudo o que ela fez de mal.

Mônica foi jogada na parte de trás da viatura da policia, como um nada, e levada para onde era o seu lugar: o inferno.


...


– Céus... Laíssa por que fez isso sozinha? – Tom beijou sua boca - eu estava muito preocupado. - O olhar dele encontrou o da esposa – eu tive tanto medo.

– Não estou com medo agora. - Ao notar como tinham chegado perto de um desastre, Laíssa sentiu os próprios olhos ficarem marejados pelas lágrimas. Mas ela lutou para não chorar. A última coisa que precisava naquele instante era sucumbir a um ataque de pânico.

Tinha que pensar em seu bebê dentro do seu ventre e em seus gêmeos.

– Meu Deus, você foi impressionante lá em cima com aqueles loucos. — Tom a abraçou forte e a trouxe para perto de seu corpo. –Vamos embora dessa casa, desse lugar... vamos para nossa casa.

–E Raquel... tão vitima quanto nós.
–Ela esta bem. –Tom disse colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha da esposa. – Ela foi para casa da mãe em Curitiba, pedi que me ligasse quando chegasse lá e que nos procurasse se precisasse de algo. - Tom deu um suspiro longo e continuou. - ela me disse que estava feliz, que amava o irmão de Mônica, mas eu também nunca imaginei que Matt e João fossem a mesma pessoa. Ela disse que apesar de tudo, ama e quer o bebê dele.

–Matt... por mais que eu tente não sinto pena dele, talvez mais tarde. Eu soube que ele estava do lado de Mônica quando ela pegou a rodovia Imigrantes, sabia que ela ia na casa dele... Maldito... Ele quase... Senti tanto medo!
–Não devia ter prosseguido, devia ter me ligado.
– Eu fiz essa cagada sozinha, tinha que terminá-la sozinha.

–Vamos esquecer isso, ok? – Tom disse acariciando seus cabelos negros.

– Tom...
–Oi...
–Tom... Eu... dor!

– Laíssa! – Tom gritou ao ver a esposa ficar branca como papel. – Lala, o que está sentindo? – perguntou muito preocupado. Ela esfregou a testa e tentou se manter em pé.

– Minha barriga… – gemeu ela com um fio de voz. Deu-se conta de que estava muito mal. Não era somente o susto daquela noite, havia algo mais. Assustou-se ao ver o quão zonza estava. Antes que ele pudesse reagir, suas pernas dobraram e caiu ao chão.

– Laíssa! – gritou Tom assustado enquanto ia para ela. Seu primeiro impulso foi abraçá-la, mas seu corpo estava mole e estava quase no chão. Gritou para a os médicos que estavam fora da casa . – Alguém me ajuda aqui na cozinha... Laíssa, abra os olhos... Não me deixe, meu amor – sussurrou com desespero beijando a testa da esposa – Por favor! - ele gritou mais uma vez - Aguenta mais um pouco. Eu te amo tanto… - Levantou sua mão e a beijou. Depois beijou a palma com desespero, não podia deixar de chorar. Nunca esteve tão assustado em toda sua vida. Ouviu algum tempo depois aos médicos na porta da cozinha.

Começaram a ocupar-se dela enquanto Tom os observava completamente imóvel e com o coração na boca. Apenas olhando para a mulher, mãe de seus filhos, sua esposa. A sua mulher , a que o fazia feliz e quem sem ela sua vida não valeria a pena.

E ainda tinha o seu bebê. Se ela perdesse esse bebê? Ela morreria da mesma forma.

Colocaram-na em uma maca e foram para fora da casa. Quando saíram para rua, subiu na ambulância com eles. No caminho ao hospital, tirou o telefone celular e o olhou. Não sabia a quem chamar, não queria preocupar Miranda, tentou depressa digitar o celular de Bill.

Depois que desligou, olhou para Laissa deitada desacordada na maca, e se deixou chorar, cobriu o rosto com as mãos, soluçou e se desesperou, segurando a mão desfalecida da esposa, depois colou seu rosto no dela e tentou acalmar-se. Não podia perder o controle, ele tinha que dar forças a esposa quando ela acordasse caso acontecesse algo com o seu filho.

–Oh Deus, não deixe nada acontecer a ela nem ao nosso bebê!

A chegada no hospital de Santos foi rápida, os médicos agiram rápidos e ela foi levada para a UTI do enorme hospital.

Tom escutou em silêncio enquanto os médicos diziam que o estado de Laíssa era muito grave. Andou em passos lentos até a porta do quarto. Deteve-se antes de entrar. Tinha medo de perder o controle novamente.

Nunca se sentiu tão impotente diante de uma situação.

Arrependia-se muito do que tinha ocorrido. Abriu devagar a porta e entrou.

O quarto estava na penumbra. Viu Laíssa deitada na cama e conectada a todo tipo de aparelhos. Aproximou-se devagar para não incomodá-la. Estava muito pálida. Tinha os olhos fechados e seu semblante era calmo. Viu que respirava com dificuldade e seu coração apertou. Aproximou uma cadeira e se sentou. Tomou a mão que tinha mais perto e a levou os lábios.

–Sinto tanto não ter chegado naquele inferno de casa antes, Lala – sussurrou com a voz entrecortada pela emoção – Não sabe o quanto o sinto… te amo tanto... não sei o que será da minha se eu chegar a te perder... nossos meninos... nossos gêmeos e ...esse bebê . – ele soluçou colocando a mão sobre sua barriga, desceu a cabeça e depois de tantos anos, rezou e ali mesmo, adormecendo sob a barriga da esposa.

...


–Tom... Tom... vá para casa, eu fico aqui.

Abriu os olhos ao ouvir essas palavras, gemeu quando tentou levantar a cabeça. Sentia muita dor no pescoço e nas costas. Demorou a acostumar-se à luz que entrava pela janela. Já era de manhã, o sol batia forte na janela. Olhou para sua esposa, continuava adormecida. Tinham elevado um pouco a cama e tinha uma nova bolsa de soro. Girou-se então enquanto esfregava o pescoço. Bill estava atrás dele e o olhava com preocupação.


–Vá para casa. – o irmão mais novo pediu ao mais velho.
–Não!
–Vá descansar! – Bill pediu novamente.
–Não, sem ela!
–Não sabemos quando ela ira acordar! - depois que ele disse isso, Bill sentiu o quanto aquela frase havia magoado o irmão. – desculpe! Só quero que vá para casa e descanse um pouco, estou aqui.
–Não! – ele repetiu fechando os olhos e passando os dedos pelo pescoço dolorido.
–Pare de ser teimoso. – Bill disse a ele.
–Impossível. – a voz fraca soou no quarto - impossível ele não ser teimoso, não conhece o seu irmão, Bill?

–Oh ... eu não acredito! - Tom correu até a cama e se debruçou. – Laíssa...
–Por que tem que ser tão teimoso? – ela gemeu e olhou para o marido.
–Por que eu te amo e por nada desse mundo sairia desse hospital sem você do meu lado. – ele se debruçou e tocou seus lábios nos delas. - Jamais deixaria nesse lugar triste a mulher que eu amo e o nosso bebezinho.
–Eu estou aqui... e ele também!
–Ela! – Tom disse a ela – Nossa menininha.
–Menina? Oh... – a voz sumiu, Laíssa sorriu para o marido com os olhos rasos d'água.
– Desculpe, fizeram o exame para ver se estava tudo bem e eles me falaram, a gente queria que fosse surpresa mas...
–Isso é maravilhoso... ela esta bem? – Laíssa perguntou emocionada ao marido.
–Muito bem. –Tom segurou suas mãos e Laíssa as apertou. – Com certeza será morena e tão linda como a mãe.
–Isso seria justo, já que os meninos são lindos como o pai.
–E com o tio mais novo! - uma voz veio de canto – por que eles são mais a minha cara que a do pai. – Bill sorriu para a cunhada.
–Sim, eles são parecidos com você, Bill! – Laíssa sorriu segurando a mão dele com carinho.
–Tomara que sejam mais espertos com as mulheres. – Tom brincou.
– Tomara que eles sejam gentis com elas. – Bill devolveu.

A enfermeira entrou no quarto, e ficou surpresa ao ver Laíssa acordada.

– Por que vocês não me chamaram quando ela acordou?

–Por que tinham que discutir como duas crianças primeiro. – Laíssa disse fazendo a enfermeira sorrir.

– Vão discutir lá fora a paciente precisa descansar. – A enfermeira ordenou.
–Ela vai ter alta ainda hoje? - Tom perguntou.
–Se continuarem tagarelando dentro do quarto, não. – a enfermeira andou até a porta e a abriu. – Preciso cuidar dela e dessa menininha linda, vamos saiam os dois!

Tom e Bill beijaram um cada lado do rosto de Laíssa e passaram rapidamente com medo da enfermeira alta, grande e forte que os esperavam na porta com as mãos na cintura.

Laíssa abriu os olhos, viu que Tom estava ao seu lado, inclinado sobre a cama e acariciando o rosto dela. Estava bonito, elegante e com sorriso de orelha a orelha.

Laíssa esfregou os olhos e perguntou:
– Que horas são, Tom?

Ele riu e disse:

– Hora de acordar e irmos para casa.

A morena, pegou-lhe o pulso para ver as horas e exclamou:

– Meu Deus! Por que não me acordaram?

– Porque estava tão linda dormindo, que não tive vontade de acordá-la.

Tom inclinou-se sobre ela e a beijou nos lábios.

– Levante-se já! Tome um banho pois temos muito o que fazer.

Laíssa seguiu até o banheiro, tirou a camisola do hospital e tomou um banho demorado e de cabeça. Ficou por um bom tempo deixando a água correr, tirar todas as coisas ruins e pesadas de seu corpo.

Depois, com calma se enxugou e se vestiu, quando saiu viu o marido, a mãe, Bill e seus dois filhos, que ao vê-la soltaram um grito e correram em seu encontro.

–Mamãe! – Diego gritou.

– E a Beatrice? - Mateus agarrou as pernas morenas da mãe.

–Beatrice? - Laíssa olhou para o filho com um amor imenso.

–Sim, a nossa irmãzinha - Mateus explicou sorrindo.

–Eles já escolheram o nome. – Tom disse fazendo Laíssa virar o rosto e depois o abaixar olhando para os dois filhos agarrados ao seu corpo, teve tanto medo de não vê-los mais, teve tanto medo de não poder segurar e abraçar os filhos.

Ela abaixou, abraçou os dois e depois beijou o rostinho de cada um com amor.

–Beatrice esta muito bem e feliz por ter dois irmãos tão cuidadosos como vocês.

–Ela disse isso? - Diego perguntou fazendo todos rirem no quarto.

–Sim, ela disse! - a morena falou para os filhos com o coração transbordando de felicidade. Agarrando os filhos e apertando em um abraço único.

– Vamos para casa. – Tom disse pegando a bolsa de Laíssa. - Temos uma ceia maravilhosa nos esperando feita pela minha linda sogra.

–Mãe. – Laíssa andou até Miranda e a abraçou - Como te agradecer por tudo?

–Não me agradeça por nada.

–Amo você! – ela abraçou a mãe forte.

– Minha filha, eu também te amo.

–Quem quer ir para a nossa nova casa? -Tom perguntou tendo os filhos levantando as mãozinhas e gritando.

–Nova casa? - Laíssa olhou para Tom. – O que você aprontou?

– Deixe comigo, querida. Não confia nos meus superpoderes? – disse Tom enquanto acariciava carinhosamente sua bochecha – Sei que não tenho direito de pedir isso, mas o vou fazer de todas as formas. Confie em mim. Deixa que cuide de você e da nossa família. - certo de que estava tomando a decisão adequada - Cometemos enganos, mas não nos demos por vencidos. E acredito que isso nos fez mais fortes. Sinto que tivemos que renunciar a nossa família por um tempo. Mas esse tempo acabou. Os últimos meses foram os piores de minha vida e não quero voltar a me sentir assim... Nunca mais!

Tom a abraçou com força. Não podia respirar, mas não se importou. Estavam juntos. Juntos por fim. Sem a dor nem a tristeza do passado. Nem de Matt, Mônica ou o passado. Sentiu que tinha tirado um grande peso de cima de suas costas. Fazia muito que não se sentia tão livre nem tão leve.

Estava feliz. Muito feliz.

A família toda deixou o quarto, passou pela recepção distribuindo beijos e agradecimentos a todos os enfermeiros e médicos que estavam ali presentes. Entraram no elevador falando, e planejando o futuro. Quando chegaram ao térreo se dividiram em dois grupos nos carros.

– Belo homem! – Uma enfermeira olhou pela janela olhando para Tom.
– Bela mulher! – Foi à vez de um enfermeiro se aproximar da janela e babar por Laíssa.

–Belo cunhado! – uma médica mordeu os lábios quando olhou para Bill.
–Belo carro! – outro disse.
–Belo casal! - outra voz completou.
–Bela família! - o povo do setor foi se amontoado na janela para ver a saída dos Kaulitz do hospital.

– E um belo chute no traseiro de cada um se não voltarem já ao trabalho! - gritou o chefe da enfermagem, que se aproximou do vidro e não pode deixar de sorrir em ver a família em um momento de pura alegria.

...

– Tom, não íamos nos mudar depois do ano novo? – Laíssa perguntou ao marido.
–Isso foi antes! – Tom respondeu olhando para a esposa – Coloque o cinto!
–Tom, eu...
Ele se inclinou e se aproximou da esposa, pegando o cinto e passando com cuidado sob sua barriga, prendendo-o.
–Precisamos virar a pagina, deixar tudo para trás, até aquela casa. – Tom explicou – comprei uma cama nova e ela esta esperando por nós!

– Esperando pra que, papai? - Diego perguntou no banco de trás.
–Quando for um pouco mais velho, eu explico, filho — Tom respondeu piscando para Laíssa.
–Quando eu for mais velha, explica para mim também? — Laíssa perguntou, zombeteira ao marido.
–Vou fazer melhor, meu amor – ele a mediu com os olhos cheio de desejo e amor - Assim que ficarmos sozinhos, eu mostro com todos os detalhes!
–Todos? - foi a vez dela piscar e sorrir para ele. -Não pode imaginar há quanto tempo espero por esse momento.
–Eu posso, sim... Aguente firme, então!

E ele disse pegando forte a mão da esposa acelerando o carro rumo a sua nova casa, a sua nova vida. Agora, completamente... Finalmente REPARADA!

Fim

Postado por: Grasiele | Fonte

Reparação - Capítulo 26


–O bebê já tem um pai... E pelo que eu sei, tem uma tia também.

–Uma tia?

–Sim. - Tom respondeu - Mônica é a tia do bebê. O irmão da Mônica, João, é o namorado de Raquel e o pai da criança que ela espera.

–Como é que é? – Laíssa se levantou da cama num movimento brusco – Tom, esta dizendo que Mônica sabia que essa criança não.... Filha de uma puta... Juro, eu vou matá-la com minhas próprias mãos e não esperarei nem mais um minuto para acabar com ela.

–Laíssa, calma!

– Calma? – Laíssa olhou para Tom com ódio - Essa mulher não sabe o monstro que ela criou dentro de mim! Você vem ou não comigo?

–Você esta louca! Não vai sair a essa hora e com o meu bebê na barriga para brigar com aquela vadia. – Tom a segurou pelos ombros a impedindo de passar. – Amanhã vou com você a casa dela se quiser. – ele a abraçou com força – mas hoje você não sai daqui.

–Tom, ela precisa ouvir o que...

–Sim, ela vai ouvir. – os dedos acariciavam os cabelos da morena – Mas não hoje! – ele beijou o topo de sua cabeça. – Hoje vamos nos deitar e dormir... Nada de sacanagem. Você precisa dormir e relaxar.

–O que eu fiz a você, o que eu te julguei... Céus vou matar essa maldita!! – Laíssa afundou o rosto no peito de Tom e começou a soluçar. – Eu fiz tanta coisa errada pensando que você tinha me traído. Fiz tanta coisa sem pensar pensando que você havia dormido com outra mulher.

–Errado quanto? – Tom a abraçou mais forte.

–Não a esse ponto... mas eu estava cega de ódio, com sede de vingança e vulnerável... Eu poderia ter feito uma grande burrada, eu poderia ter acabado realmente com o nosso casamento.

–Sei que não fez. – ele a apertou em seus braços quando ouviu os soluços dela. – não chore, Lala.

–Não sei se eu odeio mais a mim ou a Mônica.
–Lala... Não faça isso, acabou!
–Eu me odeio tanto.
–Não faça isso. Pare... Estamos aqui juntos, não é isso o que importa?

Mas o pedido aumentou mais os soluços, Laíssa abraçou o marido e se deixou chorar, ele não disse nada apenas a deixou se acalmar, depois secou suas lágrimas e a pegou no colo e a levou para cama, onde a deitou e segurando em seus braços a fez descansar e logo em seguida dormir, só depois que ouviu a respiração profunda dela que ele conseguiu dormir.

...


No outro dia de manhã, ela acordou, mais leve, muito mais aliviada, abriu apenas um olho devagar e passou a mão onde o marido dormia, não o encontrou, conseguiu abrir os olhos e se deparou com uma imensa bandeja de café da manhã na pequena mesa do quarto, o barulho do chuveiro a fez sorrir, lembrou que ele não trabalharia por um mês e que seria apenas dela e de seus filhos.


–Acordou? – a voz rouca veio da porta do banheiro.

–Sim. – os olhos dela passearam na toalha branca rodeada na cintura do marido. – acordei com uma excelente visão.

–Mas não temos tempo, esquecemos da consulta ao obstetra.

A morena deu um pulo na cama, e andou para o banheiro quase que correndo.

–Esqueci.

–Temos um tempo, tome o seu banho e o seu café, vou aprontar os meninos para o colégio.
–E Mônica?
–Esqueça essa diaba, teremos todo o tempo do mundo para ela.
–Mas...
–Sem mas Lala, vai se atrasar para ouvir a primeira vez o coraçãozinho do nosso bebê.


Laíssa correu para o banheiro fechando a porta do banheiro e Tom a do quarto.

...





Uma hora depois, ela estava na sala de espera do Dr. Paulo, preencheu a ficha na recepção e aguardou com ansiedade a hora de ser atendida. Laíssa não conseguia conter o temor de que houvesse algo errado com a gravidez devido a todo o nervoso que havia passado. Mais uma vez pensou em Mônica, fechou os olhos e tentou se acalmar pelo bem do seu bebê.

Laíssa se virou e correu os olhos para as cadeiras vazias, procurando uma vaga foi quando o seu olhar parou na pequena mulher que estava a sua frente, não podia ser, ela falava alegremente no celular e não percebia a sua expressão de assustada.

Era Raquel com a barriga enorme, no mesmo consultório médico que ela.

Por mais que ela nunca tinha sido amante do marido, ela fez parte, entrou na sua casa, na cama dela, aquela mulher quase havia destruído a vida dela. E será que ela sabia daquela farsa? Ela era namorada do irmão de Mônica, o que ela sabia de toda aquela mentira? Qual era a porção de culpa naquilo tudo? Inocente como Tom ou tão culpada quanto Mônica?

–Senhora, esta tudo bem? - a recepcionista perguntou a ela.
–S-sim... esta! – Laíssa respondeu ainda olhando para Raquel.

Tom não estava com ela, a deixou na porta do consultório e foi levar os gêmeos para o colégio, será que ele chegaria a tempo de ver Raquel no consultório? Qual seria a reação do marido em ver Raquel e ela juntas?

Pare de ser burra Laíssa ela não é nada do seu marido. Nada!


A recepcionista chamou o nome de Raquel, que passou por ela, sorriu feliz e sumiu no enorme corredor. Não passavam no mesmo médico, Laíssa passava no Dr.Paulo e Raquel com o Dr. Pedro, os obstetras eram irmãos.

Sentou em uma cadeira, pegou uma revista e começou a folhear, passava as páginas mas não prestava atenção em nada, não lia nada e não ouvia nada, pensou no quebra cabeça Mônica/Raquel e tentou encaixar muitas das peças, sem sucesso.

Dr. Paulo abriu a porta do consultório e sorriu ao vê-la.

– Entre, Sra. Kaulitz. Como tem passado? – o médico perguntou dando lhe um beijo sem sua bochecha.

Laíssa não conseguia relaxar. Brincava com a alça da bolsa e sentia um suor frio nas mãos.

– Seu marido está aí também? - ele olhou para a sala vazia.

–Não, mas deve estar chegando. - informei.

–Vou pedir para a Verônica te ajudar e te deitar para o ultrassom, assim temos tempo do seu marido chegar.

–Ótimo. – respondi ao doutor que sorriu abrindo a porta de uma pequena sala e indicando para que ela entrasse. - Vou pedir para a Verônica te ajudar e te arrumar para o ultrassom, assim temos tempo do seu marido chegar.

Laíssa entrou na sala e logo em seguida, a assistente também e a deitou na maca com cuidado, levantou sua camisa, pegou um frasco branco e despejou um gel líquido transparente e gelado em sua barriga, ela ligou o monitor e nesse momento alguém bateu na porta, Verônica abriu a porta e a morena ouviu a voz inconfundível do marido.

–Sou o marido de Laíssa e o pai do bebê.
–Sim, por favor, já preparei sua esposa e vou chamar o doutor. – ela se virou e saiu da sala os deixando sozinho.

–Tudo bem? – Laíssa perguntou quando Tom se aproximou e pegou a mão da esposa.
–Estou nervoso. – Tom sorriu.
– Por que viu alguém? – apergunta saiu dos lábios de Laíssa sem que ela quisesse.
–Não... Ainda não, mas vou ver daqui a pouco, nosso filho ou nosso filha.
–Hum...
–O que foi? – Tom perguntou se aproximando. – Esta tudo bem? Você que parece nervosa!

–Sim. Sim... estou bem sim! Talvez um pouco nervosa.

–Já fizemos isso lembra? – Tom disse carinhoso e gentil beijando o topo da cabeça da esposa. – Será que vamos ter surpresas agradáveis como no último ultrasom?


–Estão prontos? – Dr.Paulo entrou na sala e cumprimentou Tom, depois se sentou em frente do monitor e ligou o aparelho do ultrasom, colocando na barriga de Laíssa. –Vamos lá ver como esta esse bebê . – o aparelho foi deslizando sobre a barriga da morena e quando um barulho de “tu- tu” encheu a sala, tudo se transformou, tudo coloriu, tudo explodiu e emoção tomou conta deles e outras preocupações foram deixadas de lado.

–O coração do bebê!

Quando o médico disse, Laíssa e Tom se olharam, ela mordeu os lábios e não pode segurar o choro, a alegria de ouvir aquele som maravilhoso, o coração de um bebê, o fruto do amor com Tom.
Tom olhou para cima, para o teto da sala, tentando inutilmente segurar o choro mas não conseguiu, elas caíram por seu rosto bem desenhado. Quando as lágrimas grossas chegaram em seu queixo, Laíssa ergueu a mão e com um dedo as enxugou.

Ele segurou sua mão e a beijou.


– É um bebê, ele tem dois meses e esta tudo muito bem. – o médico olhou para os dois com um sorriso imenso. – Não posso ver o sexo ainda.

Tom apertou a mão de Laissa com força, deixando mais lágrimas rolar, depois sorriu para a esposa enxugando as lágrimas com as costas da outra mão.

O médico se levantou, deu uma toalha para ela e disse:

–Tom ajude sua esposa se limpar e nos vemos no meu consultório, quero prescrever alguns exames e o ácido fólico. – o Doutor abriu a porta e antes de sair disse :

–Parabéns papai e mamãe!


Quando ele saiu, Tom a ajudou a se levantar, pegando a toalha das mãos dela e limpando sua barriga devagar, ficou ali por alguns segundos, como se tivesse todo o tempo do mundo.

–Vai gastar minha pele desse jeito. – Laíssa sorriu - Estou bem limpa.
–Isso é... Sua barriga... Nosso bebê... Isso é maravilhoso.

Laíssa se levantou da maca, arrumou os cabelos e a camisa, Tom a ajudou a descer da maca e quando estava de pé, ele a olhou com um sorriso lindo nos lábios, a segurou pela cintura e aproximou seus corpos e a beijou na boca com paixão.

–Obrigado por mais esse anjinho. – ele disse quase sem fôlego depois que separar os lábios. – Já disse o quanto eu te amo e o quanto me faz feliz?
–Não hoje!
–Eu te amo e hoje sou o homem mais feliz desse mundo.

Laíssa sorriu, não disse nada, não precisou de palavras para expressar o quanto o amava também e o quanto estava feliz e livre de todas as amarguras e traumas do passado.

Ela segurou o rosto do marido com as duas mãos e o trouxe para perto lhe dando um outro beijo, mais suave e mais terno. Tom se deixou beijar, se deixou ficar envolvido pelos braços, mãos, língua e coração da esposa que ele por pouco não havia perdido.





...


Depois de vinte minutos saíram do consultório, não foram para casa, seguiram para uma loja de bebê onde Tom comprou algumas, não comprou todo o enxoval, mesmo sem saber o sexo, do bebê.


Mais tarde, quando chegaram em casa, Bill estava na cozinha fazendo o almoço. O tio já havia buscado os sobrinhos que jogavam vídeo game na sala de estar. Laíssa colocou a mesa e Tom conversava com o irmão sobre a nova loja que seria inaugurada em Curitiba.

Almoçaram e os gêmeos se trancaram no escritório para uma reunião, como Tom disse que iam demorar, Laíssa decidiu pegar os filhos, uma cesta de piquenique e seguir para o parque do Ibirapuera.


O sol estava queimando, o céu azul claro e o dia maravilhoso. Eles pararam perto de uma enorme árvore, Laíssa estendeu um pano grande e colorido que sempre levava dentro do carro para piqueniques com os filhos, e sentou na sombra, cruzando as pernas e observando os filhos enquanto brincava de bola.

Ligou para Tom para ver se estava tudo bem e quando abriu a bolsa e colocou o aparelho na bolsa, uma enorme sombra se fez, levantou a cabeça sorrindo achando que era a mãe, que sempre fazia aquele tipo de surpresa.

Mas não era.

–Matt? – ela franziu a testa.
–Oi, Lala. - ele disse sorrindo.

Laíssa odiava que outra pessoa lhe chamasse daquela forma, só Tom podia.

– Matt, o que faz aqui?
–Estava passando e...
–Esta me seguindo? – a ficha caiu rapidamente, pensou nas vezes que ele a encontrava em lugares que ela freqüentava.
–E se eu falar que estou? – ele se aproximou e se ajoelhou perto dela fazendo os pêlos da nuca de Laíssa se arrepiar.


–Eu pensei que já havíamos conversado e finalizado a nossa situação? – Ela se levantou bruscamente se afastando.
–Por que ainda está com aquele egoísta? - ele perguntou nervoso ainda ajoelhado, seus olhos estavam vermelhos, como se não tivesse dormindo por dias. – Por que esta com ele depois que tudo o que ele te fez?

– Não temos mais nada a dizer. – ela respondeu olhando para os filhos, com medo.
– Por que esta fazendo isso comigo, Lala?
–Não me chame assim.
–Eu vim te ver, Lala. – ele repetiu como se não tivesse ouvido nada do que ela havia dito.


Aquele na sua frente não era aquele Matt, não aquele que bateu no seu carro, que lhe ajudou com o emprego, o doce, o compreensível, o meigo. Aquele na sua frente era um outro Matt, transtornado e agressivo, olhou para os filhos que jogava futebol e deu dois passos para onde eles estavam como auto proteção.

–Não me abandone, Laíssa! - ele disse dando um passo em sua direção.

–Matt, já disse que errei com você, que me ajudou muito, mas somos apenas amigos. Gosto muito de você e é apenas isso que tenho a oferecer.
– Eu quero o seu amor... Quero que me ame como homem, como o seu homem.
–Matt...
–Preciso de você, Laíssa! – ele deu um passo em sua direção, ela deu um para trás encostando na grande arvóre. – Preciso dos seus beijos, do seu corpo... largue tudo e venha comigo.

–Oh, Matt eu sinto tanto. – Laíssa mordeu os lábios para não deixar as lágrimas correrem, na verdade sentia muito mesmo, de verdade. Jamais queria ter deixado aquilo ter chegado naquele nível. Precisava ir embora daquele lugar antes que ele descobrisse que estava grávida e tornasse as coisas mais difíceis entre eles.

O grito de Mateus a trouxe a realidade.


– Diego... cuidado com a barriga da mamãe. - Mateus correu até próximo a Laíssa e abaixou para pegar a bola. - Esqueceu que ali tem um nenezinho? Se a bola pegar nela vai machucar o nosso irmãozinho.
–Ou irmãzinha - Diego disse olhando com um sorriso iluminado para a mãe.

Quando o filho se afastou com a bola, ela baixou a cabeça e fechou os olhos, não teve coragem de encarar Matt. O silêncio caiu sobre eles por alguns instantes e Laíssa só voltou ao olhá-lo, quando ele disse:

–Não pode ser Laíssa. Não... - o rosto de Matt se tornou mais sombrio e frio - Como deixou isso acontecer. Como pode deixar que aquele homem te engravidar.

– Matt... eu...

– Creio que você, sendo tão romântica e boba, nem sequer considerou a possibilidade de um aborto - ele murmurou encostando seu corpo no de Laíssa.


–Aborto? - Oh Céus preciso sair daqui, urgente. Laíssa se desesperou.

–Quer continuar sendo uma parasita sem vida própria? Cadê aquela mulher maravilhosa que queria sua independência? Onde aquele verme a escondeu? Você não quer essa vida e eu posso te oferecer uma vida muito diferente do que ele

–Matt, preciso ir embora.

–Pare de fugir da verdade Laíssa, não percebe que é cômodo demais o lugar que ele a mantém. Eu sempre te valorizei sempre te dei a atenção que realmente merecia. - os olhos de Matt se encheram de lágrimas e o coração de Laíssa apertou - E o jogo que fez comigo esse tempo que estava magoada com ele? Meu Deus, nunca tive a menor chance com você, não é?

–Não... Desculpe Matt!

–É só isso que sobrou para mim... Desculpas e mais desculpas. Odeio essas desculpas, seu marido, você e esse bebê.

–Preciso ir agora! – ela olhou para Mateus e Diego e ia os chamar, mas antes disso Matt a segurou pelos braços com força.

–Ah, não! Não pense que vai me descartar assim tão fácil. – puxou-a para junto de seu corpo e beijou-a com violência. – Quero você! Quero você pelo menos uma vez... – e com fúria mordeu o lábio inferior dela, fazendo-a gritar.

–Matt...não ! – ela o empurrou com as mãos e lhe deu um tapa no rosto. Quando ele se afastou com a mão no rosto agredido, ela pegou os dois filhos e correu para o carro, ela ainda olhou para trás, ele estava parado olhando-a entrar no carro e sair do parque.


Quando chegou em casa, tremendo, colocou os filhos no banho e agradeceu pelos filhos não terem presenciado aquela cena horrível, passou pelo espelho do quarto e levou a mão ao lábio inferior, cortado pela brutalidade do beijo.

O marido ainda estava no escritório com Bill, então decidiu esfriar a cabeça, esquecer aquele episódio, foi até o quarto de bagunça e desceu uma caixa enorme, tirou tudo o que tinha dentro dela e começou a montar a árvore de natal com os filhos.


Ignorou o estômago que incomodava e a dor em seu lábio, sentia-se tão mal que resolveu tomar algo. Estavam todos na sala, tentando montar a árvore de Natal, quando Tom saiu do escritório. Um sorriso suavizou-lhe a expressão ao ver o esforço deles no meio dos galhos.
–Vejo que ainda sou necessário para uns pequenos serviços por aqui - ele brincou, fazendo três rostos se virarem para ele. – quem me der um beijo ganha sorvete após o jantar.

Os gêmeos abandonaram Laíssa e correram para o pai. Bill correu para ajudar a segurar a árvore. Tom despencou no chão, sufocado pelos gêmeos que riam e gritavam em cima do pai. Laíssa sorriu ao ver a guerra no chão da sala. E foi então que enxergou, que sua família estava de volta.

–Eu me rendo! - Tom gritou brincando. - Ajude-me, Lala! Socorro!

Com cuidado, para não cair em cima deles, ela pegou Mateus em um braço e, com o outro, puxou Diego. Ele levantou-se e beijou-a na boca e quando a morena gemeu de dor e se afastou colocando o dedo nos lábios, Tom segurou o seu queixo e franzindo a grossas sobrancelhas perguntou.

–Que diabo é isso em seu lábio, Laíssa?

Postado por: Grasiele

Reparação - Capítulo 25


–Tom... - Grossas lágrimas caíram de seus olhos vermelhos e ela soluçou. – Te amo e estou feliz por esse filho... Estou feliz por nós... Muito feliz de verdade!

Tom sorriu com os olhos rasos d’água, ela se aproximou e afogou seus cabelos negros, depois em seus lábios, sentou em seu colo e o beijou com paixão e desespero, Laíssa se deixou chorar sendo amparada pelo marido. Lágrimas de felicidades, finalmente, substituíram as de tristeza, incertezas e de medo.

Ainda ficaram alguns minutos um nos braços do outros, depois tomaram banho e seguiram para o laboratório, já com o resultado em mãos, contaram para os filhos, para Miranda, Jörg e Bill, que felizes saíram para jantar num restaurante perto do parque do Ibirapuera, pediram champagne e quando as taças foram preenchidas e erguidas para o grande brinde, uma voz fez com que todos os rostos parassem e a olhassem para o lado:

– Ora... Ora... Estão brindando e não vão me convidar?

Todos se entreolharam, os olhos de Tom se arregalaram, Laíssa sentiu que ele pularia no pescoço de Mônica. A morena ia se levantar para pedir delicadamente que a amiga se retirasse, mas Miranda a segurou pelo braço, segurando-a na mesa e levantou-se erguendo o queixo e se aproximando da amiga de sua filha.

–Posso me sentar, amiga? – Mônica ignorou Miranda e com um sorriso falso perguntou a Laíssa.

–Se gosta dos seus dentes, nos deixe em paz. - Miranda nem deixou a filha responder.

– Devo ficar com medo? - Mônica usou a ironia.- O que pode fazer é não se meter no que não te diz respeito e ir embora. - respondeu Miranda.

–Olha só! Que mal criada essa senhora. – Mônica disse debochada.

–Você não viu nada. – Foi à vez de Miranda devolver o sorriso debochado – Sou uma senhora, educada e que odeia cenas indesejadas, mas juro se você não esconder esses dentes, der meia volta e sair de perto da minha filha e da família dela, você vai precisar de um cirurgião plástico e de um dentista muito bom.

– Esta me ameaçando? – Mônica deu um passo atrás quando Miranda deu um passo à frente, enfrentando-a.

Laíssa assistia calada a troca de farpas entre as duas, tentou levantar para mandar Mônica ir embora, Tom a segurou e manteve sua mão presa fortemente por debaixo da mesa. Impedido-a. Bill distraia os gêmeos junto com Jörg, Miranda era tão centrada, que estava escorraçando Mônica e os presentes, as pessoas das outras mesas não perceberam o momento indelicado.

–Não. – Miranda respondeu franzindo a testa. - Isso é um fato. Vá embora antes do seu silicone virar novas amídalas.

–Esta de acordo com o que seu genro fez? – Mônica estava realmente a fim de estragar a noite da família.

–Sim, estou de acordo com o que o meu genro fez. – Miranda olhou para Tom, séria. – Estou de acordo que ele coloque vagabundas vingativas e mentirosas em seu devido lugar.

Então foi à vez de Mônica olhar para Tom e depois seu olhar correu para Laíssa, que a encarou sem demonstrar nenhuma fraqueza, deixando claro que estava do lado da mãe e do marido. Que aquela cena da amiga era desnecessária.
–Vou embora não por que esta mandando. - Mônica voltou para Miranda, já nervosa e visivelmente fora dela.

–Não me importo com o motivo, apenas suma de nossas vidas, sua vaquinha invejosa e traiçoeira. - A mãe de Laíssa olhou para a porta, onde era a saída e finalizou a conversa, ainda discreta. – Vá, agora!

–Não acredito que esta compactuando com essa sujeirada toda. – Mônica tentou sua última cartada, se dirigindo para Laíssa. – Como pode ser tão idiota? Como pode permitir ser passada para trás e ainda continuar sentada, como uma... uma...

Algo que ninguém esperava aconteceu, Miranda segurou o braço de Mônica e praticamente a carregou para a saída do restaurante, chegando até porta, a empurrou para fora do restaurante.

Mônica se desequilibrou e caiu na calçada, demorou alguns segundos para olhar para cima, para os olhos de Miranda com os olhos cheios de água, pegou sua bolsa que estava um pouco distante, no chão e com a pouca dignidade que ainda sobrara, levantou-se e foi embora, sem olhar para trás.

–Mãe, não devia ter feito isso. – Laíssa disse a mãe quando ela sentou a mesa, respirou feliz, colocando o guardanapo no colo e sorrindo aliviada.

–Alguém tinha que falar umas verdades para essa cobra peçonhenta.

–Mas eu devia ter pedido a ela que...

–Não! – Miranda disse interrompendo a filha – Chega desse assunto, vamos brindar! – Ela levantou a taça. – E quando descobrir tudo o que ela fez, vai achar que ainda fui boazinha demais com ela.

– Existe algo que não sei. – Laíssa olhou para Tom, mas perguntou a mãe.

–Sim! Mas esqueça! - Miranda sorriu para a filha sem mentir – Esse é o seu momento, esqueça essa mulher. Ela já trouxe transtorno suficiente e outra... A hora dela esta chegando e quero estar no camarote e aplaudir de pé.

– Chega de Mônica! – foi à vez de Tom erguer sua taça, sendo imitado por Bill, Jörg e Miranda.

Laíssa ergueu sua taça e tentou esquecer. Afastou Mônica e incertezas de sua mente, o marido pediu para o garçom trazer uma torta alemã, a preferida da esposa e dos filhos e finalizou o jantar com chave de ouro esbanjando amor e caricias na barriga da amada.

Jörg deixou Miranda em sua casa e depois seguiu com Bill para a sua. Tom seguiu com sua família para a casa, ajudando Laíssa a colocar os filhos na cama e depois fez um chá de maracujá para a esposa que já estava na cama.

–Vai me mimar. – Laíssa bebeu o chá devagar, olhando os movimentos do marido que tirava a roupa e ficava apenas de boxer, depois abriu a porta de seu closet e pegou um hidratante para pele e sentou na beirada da cama, deixando cair um pouco do creme nas mãos e pegou um dos pés dela e massageou-o. – Hum... Acho que estou gostando de todo essa atenção.

Tom subiu a massagem para as pernas e viu a morena deixar a xícara vazia no criado mudo. Deitando na cama a mercê das caricias do marido que foi deslizando as mãos para cima, fazendo-a fechar os olhos e gemer.

–Você tem toda minha atenção, minha vida. – Tom sussurrou invadindo a intimidade dela com um dedo.

Laíssa gemeu alto e se deixou levar para outra dimensão, a noite terminou cheia de paixão, cheia de promessas e juras. Tom declarou todo seu amor a ela, e a morena não se intimidou e se entregou as mãos, a língua, a boca e ao amor do marido.

...


No outro dia, Laíssa andava nas nuvens. Ela estava mais leve, mais feliz e mais grávida do que nunca, com enjoos e uma ânsia leve, que não tirou a sensação de paz dentro da sua casa e principalmente da sua vida.

Esperava um telefonema de Mônica ou mesmo de Matt, mas nem um dos dois deu notícias.

Já havia colocado os filhos na cama e quando se preparava para subir para o quarto e se deitar. A maçaneta da porta mexeu, Laíssa ouviu o barulho da chave e depois a porta sendo aberta, Tom entrou, ela se virou e parou no segundo degrau da escada e o olhou. Ele parecia cansado.

–Parece cansado. – ela sorriu para o marido – Chegou tarde. Já passa das onze da noite.
–Sim, estou cansado... Muito, mas por uma boa causa. – ele colocou a chave na pequena mesa de vidro. - Tirei o resto da semana de folga... Na verdade, vou tirar um mês de férias.
–Esta falando sério? – Laíssa perguntou não acreditando, Tom havia faltado poucas vezes de seus compromissos, se afastar da loja era uma coisa que ele fazia raramente, quase nunca. Era tão bem sucedido em sua vida profissional talvez por esse “defeito”. – Está louco em abandonar tudo.

– É possível que eu esteja. – Tom respondeu sorrindo. Laíssa não estava pronta para aquilo, de modo nenhum. - Como está a mais linda mamãe?

– Melhor agora com essa notícia das suas férias.

– Venha cá... Foi um dia duro na loja, e eu preciso muito de um beijo de boas-vindas da minha mulher gostosinha. - Tom abriu os braços.

Ela correu para os braços dele, pulando em seu colo e o abraçando com as pernas, comprimindo os lábios contra os dele num beijo urgente, essencial, antes de mergulhar a cabeça em seu peito, em busca de conforto, de calor, de uma solução para seu desejo.

–Você está usando alguma coisa por baixo desse hobby? - ele perguntou com a voz carregada de segundas intenções, acariciando-lhe os cabelos, ainda com ela enroscada em sua cintura.

Ele lhe deu um beijo no canto da boca.

–Porque não tenta descobrir por si próprio? - Ela deu um sorriso malicioso. – Aposto que vai gostar do que descobrirá. - sussurrou ela, movendo-se sinuosamente contra o corpo forte e o ouvindo gemer, enquanto a detinha com as mãos fortes em seus quadris. - Vamos subir, as crianças estão dormindo, vamos fazer amor...

Ela o beijou na boca, descendo do seu colo e tirando a camisa de Tom de dentro da calça, e esfregando as pontas dos dedos no membro, já ereto dele. Ela abriu a camisa com tanta força que os botões voaram pela sala de estar.

– Laíssa! - exclamou Tom, gemendo. – Calma, o nosso bebê!

– A gravidez parece ter afetado meus hormônios - sussurrou ela beijando o queixo quadrado do marido - Porque tudo o que consigo pensar é em estar nua em cima de você.

– Não sei se devemos.

– Devemos. – ela beijou o peito de Tom devagar. – Estou queimando.

– Eu percebi. – Tom a segurou pelos ombros quando ela tirou seu membro para fora da calça, massageando-o devagar. - Pelo amor de Deus, pare! — ofegou ele quase enlouquecendo de desejo - Quer me matar?

–Eu quero você, Tom! Estou nua por baixo desse roupão, na verdade meus seios estão tão sensíveis que não posso colocar nada que os aperte... Veja! - ela pegou as mãos grandes dele e colocou nos seios.

–Preciso ir devagar... Antes que eu exploda e te deite no chão da sala e...

–Tom... me ame... No chão da sala... Em pé... Não importa apenas me ame. – ela aumentou os movimentos de suas mãos no membro dele, ele fechou os olhos e jogou a cabeça para trás.

Intimamente, Laíssa sabia que estava agindo como uma desesperada, mas não podia se controlar. Queria e amava Tom demais. Ela se ajoelhou na frente do marido e suas mãos juntaram-se aos lábios nas carícias, e os dedos encontraram todo tipo de zonas erógenas para atormentar Tom fisicamente.

Seus lábios corriam por todo membro de Tom, ele enfiou os dedos nos cabelos da esposa e apertou forte.

Satisfeita ao ouvi-lo gemer, ela sentiu que Tom estava próximo do seu limite. Por um segundo, imaginou que ele estava prestes a tentar detê-la. Mas ele não fez aquilo. Com voz grave e trêmula, Tom limitou-se a murmurar algo em alemão, fazendo-a erguer momentaneamente a cabeça para encará-lo.

– Quer que eu pare? - ela ronronou.


Tom fez um movimento com a cabeça em negativo e riu com um tom grave e sexy, e então Laíssa continuou com aquele tormento delicioso. Alguns instantes depois, ela não conseguia nem sequer encarar o marido, estava completamente fora de controle.

Mas não queria que ele finalizasse então se levantou e tirou o hobby ficando nua na frente dele.

Excitada, ela se aproximou e se esfregou nele, Laíssa segurou a ponta da língua de Tom com os dentes e sugou-a inteira, não querendo que ele parasse. Apenas quando sua cabeça começou a girar ela o soltou, para que ambos pudessem respirar.

– Você está fazendo jogo sujo, sabia? - Tom murmurou, segurando-a pela cintura. - Tudo bem. - ele gemeu segurando em sua cabeça. - Esta noite, vamos subir para o nosso quarto, na nossa cama. E então, faremos o amor mais suave e doce que jamais fizemos em nossas vidas.

– Sim... - Os olhos cor de mel encontraram os dela, ardendo de desejo. - Eu preciso disso... Preciso de você. - continuou ela em tom de voz rouco, enquanto lhe sustentava o olhar. - Será como a nossa primeira vez...

– Porque agora não quero mais segredos. - As mãos longas pousaram no ventre liso de Laíssa, acariciando-o enquanto ele a beijava, maravilhado. - Eu a recompensarei pelo sofrimento. Juro.

Laíssa correspondeu ao beijo com igual ardor.


– Ambos temos que nos recompensar, meu querido - sussurrou ela, sorrindo contra os lábios quentes. - E estou ansiosa por fazê-lo.

Tom conseguiu soltar uma risada rouca antes de ceder à tentação da boca macia.


Pegou a esposa e a levou para o quarto no colo e a levou para o quarto.

...

– Isso que é vida - Laíssa murmurou, ajeitando o corpo na banheira cheia de espuma depois do ato de amor mais perfeito de toda sua vida.


A morena lembrou-se de que fazia tempo que não ficava a sós em uma banheira com Tom. Era adorável. Relaxante e ao mesmo tempo excitante. Apenas os pés dos dois se tocavam naquele momento, e eles não podiam ver muito o corpo um do outro. Mas saber que estavam nus por baixo daquela espuma era bem estimulante.

– Tom... - ela disse, possuída por uma súbita determinação de encontrar mais respostas sobre os mistérios envolvendo Mônica.

– Sim, qual é o problema? - Tom indagou já sabendo o que a esposa perguntaria.

Laíssa engoliu em seco.

– Você disse que não haveria mais segredos entre nós.
– Sim. – ele respondeu seguro de si.

–Tom...

–Hum...

–Nunca teve nada com Raquel, não é?
–Nunca. Mônica mentiu o tempo.
–Por quê?

–Por que você tem algo que ela almeja muito e nunca vai ter.

–Como sabe disso? – Laíssa voltou a perguntar. – ela sempre te olhou com desprezo, sempre teceu os piores comentários contra você, o ódio nela chegava a ser palpável.

– Ela se oferecia todas as vezes que ficávamos sozinhos. Até quando você estava no hospital tendo os nossos filhos ela me ofereceu o que você não podia me dar naquele momento, algo quente e gostoso... E não era leite materno!

–Mônica deu em cima de você?

–Não. Ela se jogava mesmo, sem pudor e sem vergonha. Sua mãe e Bill presenciou muitas dessas cenas embaraçosas.

–Mas ela sempre foi muito bem resolvida com os namorados que ela tinha, sempre disse que era feliz e sexualmente satisfeita com eles.

–Mentira. – Tom se levantou, saiu da banheira, pegou uma toalha e estendeu para Laíssa que não se mexeu olhando para a água, imóvel. - se eles a satisfaziam por que ela se atirava em cima de mim.

– Nunca percebi nada. – Laíssa olhou para o Tom – ela sempre foi maravilhosa, atenciosa, uma grande amiga em qual eu confiei e amei por muito tempo. Uma irmã que eu nunca tive... ela... ela sempre esteve ali quando precisei dela.

Os olhos de Laíssa brilharam em lágrimas,como se a ficha tivesse realmente caindo. Tom se abaixou e acariciou o rosto molhado da esposa.

– Mônica foi a única amiga que me sobrou.

–Ela afastou todas suas outras amigas, não por você, e sim por ela! -Tom passou o dedo numa lágrima que rolava no rosto da esposa. - Ela não queria nenhuma outra amiga dando em cima de mim e conseguiu te isolar de todas elas e posso te garantir que nenhuma delas me atacou ou faltou com o respeito, sabiam que eu te amava demais e jamais daria atenção a elas.

Tom ergueu Laíssa da banheira e a envolveu com a toalha.


– O meu limite acabou quando ela foi ao meu escritório há menos de cinco meses, usando um casaco de pele enorme e com mais nada por baixo.

–Por que não me disse sobre isso? - Laíssa parou e olhou para o marido sem entender.

– Por que nessa mesma noite ela ligou aqui em casa falando sobre Raquel e você já deu a sentença contra mim.

–Mesmo assim...

–Você idolatrava essa mulher. Era Deus no céu e Mônica na terra, você beijava o chão que ela pisava, parecia que era exercia um tipo de hipnose sobre você. - Tom a abraçou e a sentou na cama - Acreditaria em mim se eu contasse a verdade? – Tom perguntou sem hesitar. - As vezes parecia que a amava muito mais que eu. Parecia que tudo o que essa mulher falava era lei... E era, por que olha o inferno que ela fez em nossas vidas. - Ele bejou-a nos lábios - Você tinha que abrir os olhos, você tinha que perceber e a sua ficha tinha que cair... Sozinha. Por que se alguém contasse tinha a possibilidade de achar que estavamos mentindo ou exagerando.


– Deus... O que eu fiz? – Laíssa olhou para Tom, envergonhada de ter sido tola, tão manipulada e tão cega em relação a amiga. – Burra... Como eu fui uma burra, idiota e cega... Eu... eu até o acusei de ser pai do filho da Raquel... Tom o que eu te fiz passar todos esses meses!

–O bebê já tem um pai... E pelo que eu sei, tem uma tia também.

–Uma tia?

–Sim. - Tom respondeu - Mônica é a tia do bebê. O irmão da Mônica, João, é o namorado de Raquel e o pai da criança que ela espera.

–Como é que é? – Laíssa se levantou da cama num movimento brusco – Tom, esta dizendo que Mônica sabia que essa criança não.... Filha de uma puta... Juro, eu vou matá-la com minhas próprias mãos e não esperarei nem mais um minuto para acabar com ela.

–Laíssa, calma!

– Calma? – Laíssa olhou para Tom com ódio - Essa mulher não sabe o monstro que ela criou dentro de mim! Você vem ou não comigo?

Postado por: Grasiele

Reparação - Capítulo 24


Até o outro dia, na Segunda à tarde.

Tom terminava uma reunião com o gerente de sua loja do Rio de Janeiro, quando o telefone tocou.

– Tom, não consegui entender o que essa senhora dizia. – a secretária disse nervosa.

–Passe a ligação. - Um arrepio gelado percorreu sua coluna. Alarmado, atendeu. - Miranda, o que houve? Não entendo o que diz. Fale devagar!

–É Laíssa... Oh Deus... Tom... Venha rápido!

Tom deixou a loja sem ver nada e dirigiu feito louco para casa. Quando parou o carro na garagem Miranda já esperava no jardim, e veio ao seu encontro chorando e desesperada.

– Ela está lá dentro, trancada no escritório. – Miranda explicou aos prantos – ela não abre, não responde... Estou com medo que ela faça uma loucura.

–O que houve?

–Não sei, ela entrou no escritório bufando, chorando e xingando você. Pensei que vocês tivessem feito às pazes esse fim de semana.

–E fizemos. - ele respondeu pensativo, não entendo a atitude da esposa. – Mônica ligou para ela?

–Não que eu saiba. – a mãe respondeu franzindo o cenho tentando lembrar se a cobra havia ligado para a filha. –Não, Mônica não ligou.

–Vou entrar e amansar a onça!

–Tome cuidado. – Miranda pediu segurando o genro pelo braço - Vou pegar os meninos e dar um passeio para que possam falar sem interrupções, se precisar ligue para o meu celular.

Tom beijou a sogra na testa com carinho e entrou na casa, foi direto para o escritório e bateu na porta devagar, chamando por Laíssa.

–Vá embora! – ela gritou dentro do escritório.

–Abra essa porta! – ele gritou de volta batendo na porta com mais força.

–Me deixe em paz! – ela voltou a gritar.

Tom correu no quarto do casal abriu sua gaveta de documentos, pegou uma chave reserva e voltou correndo para sala, abrindo a porta do seu escritório.

Quando abriu a porta encontrou Laíssa sentada em sua cadeira, atrás da enorme mesa, com os cotovelos nela e os olhos cobertos pelas mãos, aos prantos. Aquela cena cortou o seu coração, o que havia acontecido para que ela estivesse daquele jeito. Aproximou-se com cuidado e a chamou com a voz baixa e carinhosa.

–Lala?

–Vá embora, Tom! - ela soluçou. – me deixe sozinha.

Nunca vira a esposa naquele estado, tão abatida que nem conseguia dizer qual era o problema. Colocou as mãos nos ombros delicado dela e acariciou-a, tentando imaginar o que poderia ter acontecido.

A imagem de Mônica passou por sua mente e sentiu ódio em pensar que a mulher que tanto amava poderia estar naquela situação por mais uma mentira da suposta melhor amiga.

Se fosse essa víbora, ele a mataria dessa vez.

– Laíssa - Tom abaixou e a abraçou, passou a mão pelo cabelo dela e beijando-a na testa com carinho - Por favor, fale comigo! Por que esta chorando? Por que esta dessa forma?

Ela baixou a cabeça, encostando a testa na mesa e chorou.

Sem saber mais o que fazer, Tom pegou-a no colo e a levou para o sofá, sentando-a em seu colo e tirando os cabelos de seu rosto molhado.

–Foi Mônica? –Tom perguntou beijando as lágrimas no rosto da esposa.

–Foi você! - ela soluçou de repente e tirou as mãos dele de seu rosto.

Mas o que? O que ele havia feito?

Tom tentou lembrar-se dos últimos dias, querendo descobrir o motivo de tanto desespero. Não conseguia pensar em nada. Tomara muito cuidado para não magoar a esposa. O final de semana foi maravilhoso.

–Você é um idiota... - ela o atacou - Como deixou isso acontecer.

– O que eu deixei acontecer? - Os soluços ficaram mais fortes e Tom tomou o controle da situação, segurou o seu queixo obrigando-a encarar. - Pare de chorar e vamos conversar.

Ele elevou o tom de voz, e ela aumentou o choro. Ele puxou o lenço do bolso e enxugou as lágrimas. Colocando as duas mãos no rosto de Laíssa forçando-a falar.

– Fale Lala! - ele disse baixando o tom de voz - vamos conversar, quero saber por que sou um idiota. – os olhos dela se ergueram e se olharam – se não falar, como posso te ajudar, meu amor?

Os lábios de Laíssa tremeram.

– Estou grávida. - ela o encarou e deu um tampa forte no ombro do marido - Estou grávida e a culpa é toda sua. Por que quando começamos você ficou responsável de se prevenir por que eu não podia tomar pílula ou injeção. – ela bateu em seu peito com força. - Você é um idiota e eu uma burra.

Ele não falou nada, ainda estava com os olhos arregalados olhando para a esposa.

– Eu, hoje de manhã enviei um monte de currículos, liguei para alguns velhos contatos para dizer que estava iniciando minha vida profissional novamente e... e agora... começar tudo de novo! – ela fungou triste – fui buscar os meninos na escola, vomitei na porta da escola, ali caiu minha ficha e resolvi fazer um teste de farmácia.

–Teste de farmácia pode errar.

–Um sim, mas não três! - ela se levantou e atacou uma almofada nele, com raiva. – você devia ter me lembrado da camisinha, depois dessa bomba da Mônica sobre a sua traição, nunca mais tive cabeça para pensar em prevenção, fazíamos sempre correndo ou brigando e... Vamos ter mais um filho e a culpa é toda sua, seu desgraçado.

Tom escondeu o rosto no pescoço dela, para esconder o imenso sorriso. Estava transbordando de alegria, pedia outro filho para Laíssa há um ano e ela relutava em atendê-lo.

– Sabe o que isso significa? Que você conseguiu o que queria me deixar enfornada nessa maldita casa pelo menos por mais dois anos. Você deve estar muito feliz com essa notícia. Não vou mais poder sair, não vou poder mais me tornar uma mulher independente, vou continuar socada dentro dessa casa... Esta feliz?

–Lógico que estou! - Tom dessa vez não disfarçou a risada. – estou imensamente feliz, não por que vai ficar enfornada ou socada dentro de casa e sim por que vamos ter mais um bebê e isso é maravilhoso.

–Vamos ter? - Laíssa fechou os olhos sorrindo fraco - quem vai ficar gorda e vomitar feito uma louca, como a garota do exorcista, será eu.

–E eu estarei aqui ao seu lado para te ajudar a colocar os sapatos, abotoar sua blusa, passar óleo em sua barriga imensa e te dar bolacha água e sal contra os enjôos. Vou ficar do seu lado, se precisar, vinte e quatro horas do dia, sete dias da semana, quero estar ao seu lado em todas as consultas em cada ultrassom.

–Preciso ir ao um laboratório. – ela sentou no sofá novamente ao lado de Tom. – Quero fazer o Beta HCG e ligar para o meu ginecologista e começar o pré-natal.

– Vá lavar esse rosto lindo que vou te levar para o laboratório e tente marcar a consulta amanhã, irei com você.

–E a loja?

–Pago muito bem ao meu gerente para tomar conta enquanto não estou. – ele sorriu beijando os lábios dela – minha prioridade agora é você e os nossos filhos. Nada é mais importante que a minha família.

Ficaram em silêncio, se olhando, pensativos. Ela deu um sorriso fraco, ele acariciou seu rosto, Laíssa encostou-se nele, que passou a acariciar o seu cabelo, depois desceu e colocou as mãos embaixo de sua camiseta e tocou sua barriga, onde beijou com amor.

–Agora, vá se trocar, faremos o exame e depois com ele em mãos, sentaremos e contaremos para a nossa família e depois sairemos para comprar uma casa bem maior que essa.

–Não dou conta nem dessa casa quanto ma...

–Shhiiiiiiuuu - ele a segurou pela nuca e a beijou na boca – dessa vez será do meu jeito, vamos contratar uma ajudante a mais para a casa e outra para quando o bebê nascer.

–Não quero um bando de mulher dentro da minha casa babando pelo meu marido! – prefiro cuidar da casa, das crianças e ainda pintar cercas, equilibrada em uma perna só, a ter mulheres aqui sonhando ou suspirando por você.

–Então foi por isso que nunca quis ajuda com os meninos? - ele sorriu divertido.

Laíssa baixou o olhar envergonhado.

– Toda vez que eu estava entrevistando uma babá e você aparecia os olhos delas brilhavam, o sorriso brotavam nos lábios e eu já sabia o que elas estavam pensando.

– Não acredito no que estou ouvindo. – ele gargalhou.

–Dessa vez só vou querer senhoras acima de cinquenta anos e que já são avós. - ela também sorriu.

–Pra mim, não faz diferença, eu só tenho olhos para uma morena linda com o corpo mais delicioso que eu já vi em toda minha vida.

–E que daqui três meses esse corpo estará roliço.

–Roliço, lindo, gostoso e o melhor disso tudo ainda será só meu. – Tom a trouxe para mais perto e a enlaçou por um instante carinhoso, prolongado, beijando repetidas vezes seus lábios, baixando o olhar, beijou cada nó dos dedos dela, segurando o último contra os lábios por longos torturantes momentos antes de murmurar:

– Quer ver isto ficar melhor?

– Como pensa em fazer isto? - ela perguntou, fechando os olhos de prazer - Com um beijo?

– Não apenas um beijo. - Ele se aproximou mais dela, abraçando-a trazendo-a para junto de seu corpo.

–Será que podemos?

–Sim, eu prometo que vou bem devagarzinho...

E ele fez bem devagar.

Fez com que aqueles minutos ela se sentisse muito melhor, mais tranqüila e amada. Tom a beijou dos pés a cabeça, parando demoradamente em seu ventre, passando a mão e olhando com veneração junto da promessa de que nunca iria deixá-la, ver o seu sorriso e sentir a força do prazer dela o arrebatou. O tempo parou de existir quando ela enlaçou seus braços e deitou sua cabeça em seu peito.

– Obrigado por mais esse presente. - Ela estremeceu ao ouvir as palavras que ele sussurrara, encostado em sua testa suada. – Você me faz feliz, me realiza e tudo o que eu fizer para mostrar o meu amor, para provar que você é minha, jamais será suficiente. Eu achei que antes eu a desejava tanto quanto era possível. Mas agora, sabendo que mais um filho está crescendo dentro de você não sei se consigo amá-la mais... Acho que é humanamente impossível.

Ele demorou alguns instantes para conseguir soltá-la, a preocupação substituindo a satisfação e a felicidade ao vê-la respirar agitadamente e com novas lágrimas nos olhos. Ele sentou-se, tomou-lhe o rosto entre as mãos e a fez olhar para ele.

–Você fez a minha vida valer à pena. Eu a amo em todos os sentidos... Eua amo com todo o meu corpo!

–Tom... - Grossas lágrimas caíram de seus olhos vermelhos e ela soluçou. – Te amo e estou feliz por esse filho... Estou feliz por nós... Muito feliz de verdade!

Tom sorriu com os olhos rasos d’água, ela se aproximou e afogou seus cabelos negros, depois em seus lábios, sentou em seu colo e o beijou com paixão e desespero, Laíssa se deixou chorar sendo amparada pelo marido. Lágrimas de felicidades, finalmente, substituíram as de tristeza, incertezas e de medo.

Ainda ficaram alguns minutos um nos braços do outros, depois tomaram banho e seguiram para o laboratório, já com o resultado em mãos, contaram para os filhos, para Miranda, Jörg e Bill, que felizes saíram para jantar num restaurante perto do parque do Ibirapuera, pediram champagne e quando as taças foram preenchidas e erguidas para o grande brinde, uma voz fez com que todos os rostos parassem e a olhassem para o lado:

– Ora... Ora... Estão brindando e não vão me convidar?

Postado por: Grasiele

Reparação - Capítulo 23


– Quero que seja minha esposa novamente. - ele começou a acariciar-lhe as faces com os lábios e o canto da boca. – Quero que seja minha, só minha... Como antes. – Tom estava desesperado – Não sei mais o que dizer ou fazer para que entenda que não posso mais viver sem você. – Ele a segurou pelos ombros firmemente. – Quero você ao meu lado novamente, não suporto mais um dia longe de você e dos nossos filhos. – Durante um momento só houve silêncio, então Tom suspirou e disse - O jogo acabou Laíssa, agora!

–Oh, Deus Tom... Sim... E... Eu quero... Mas... - ela colocou as mãos na boca para abafar o choro. Suas palavras se afo­garam em soluços. - E Raquel?
–Você acredita realmente que tive alguma coisa com essa mulher? - a pergunta era carregada de dor e angustia.

– E... Você teve?

E ali estava á pergunta de um milhão de reais.

– Não vou te responder. – ele me olhou sério - Se ainda pergunta, é por que tem duvida da minha fidelidade. – ele então se levantou, pegou a toalha ao lado da banheira, enxugou as mãos e antes de sair disse:

– Vou deixar que você descubra por si mesma, mas lembre-se que no fim quero um pedido de desculpas e de joelhos!

–Mas...

–Pouco. Falta muito pouco, Laíssa!

–Pouco para que? – Ele fingiu não ouvir. – Tom... Do que esta falando?

Não deu tempo de mais nada, ele fechou a porta deixando-a sozinha no banheiro.

Ficou na água, mais um pouco, até senti-la morna e depois fria, na verdade estava com medo de sair porta a fora e encarar Tom, estava indo tudo tão bem e ela só devia ter respondido “Confio em você, não saia desse banheiro, fique e faça amor comigo como antigamente”.

Mas, ela havia estragado tudo.

Saiu da banheira, vinte minutos depois, voltou para o quarto, enrolada em um dos roupões atoalhados que havia encontrado atrás da porta, ela esfregou os cabelos molhados enquanto seguia para o closet, pegou sua roupa e quando voltou ao quarto para se vestir, parou e olhou em cima da cama, nela havia um vestido de chiffon preto super curto e uma calcinha da mesma cor, minúscula, ao lado uma sandália da Carmen Steffens que Tom havia lhe dado de aniversário, junto com o vestido.

Ficou olhando para aqueles objetos separados, um frio correu pela sua pele, um sorriso brotou em seus lábios, ela estava no jogo ainda. O que ele estava aprontando?

Sem hesitar tirou o roupão, passou um pouco de Dolce&Gabbana Light Blue e se vestiu. Secou os cabelos rapidamente, passou uma maquiagem leve e vestiu a sandália, pegou uma bolsa pequena e apagou a luz do quarto.

Desceu as escadas, ouviu vozes no escritório e foi direto para o cômodo.

Ele parou assim que a viu cruzar a porta, os olhos cor de mel semicerraram enquanto olhava para baixo para observar o curto vestido que ele escolherá. Sua pele se arrepiou em resposta ao olhar e Laíssa detestou perceber que havia corado.

–Mamãe, você esta linda. – Diego correu para abraçá-la.

–Você é a mãe mais linda desse mundo - Mateus também correu enlaçando os pequenos braços nas pernas nuas dela. – Mamãe não é linda, papai?

Laíssa levantou os olhos e Tom captou-os num sorriso charmoso e sexy ao mesmo tempo.

–Muito linda... Papai tem muita sorte! - ele andou até eles – Miranda vai ficar com eles.
–Aonde vamos? – ela perguntou a ele.
–Por ai! – Foi à única coisa que ele respondeu. – Não confia em mim?

Não foi apenas o que perguntou, mas sim o modo como perguntou que fez com que ela ficasse rígida, e ele, sorrindo.

– Eu confio! - Laíssa então riu, sentindo a onda agradável de prazer tomar conta de seu corpo.

Tom a levou em um dos melhores restaurante de São Paulo, o jantar aconteceu praticamente em silêncio e aparentemente rápido, tomaram champagne e talvez por esse motivo Laíssa se sentisse cada vez mais perturbada e ansiosa pelo que viria a seguir.

–Quer sobremesa? – Tom perguntou.
–Peça a conta... Agora! - ela disse colocando o guardanapo na mesa e olhando intensamente para o marido.

Tom sorriu e a atendeu.

–Obrigado, a noite foi ótima. – ela sentiu o frescor da noite em seu rosto quando sairiam do restaurante.
–Foi? – ele a olhou, cheio de más intenções.
–Sim... E quero que ela fique muito melhor.
– Quer? – ele sorriu com malícia, fazendo-a sorrir também, ele a abraçou forte, enquanto seguiam para a guarita do manobrista.

Laíssa o abraçou também, inalando todo o seu perfume, começou a dar leves beijos primeiro em seu tórax e depois mais audaciosa subindo pelo pescoço e no queixo.

– Deus, como eu desejo você - Tom murmurou quase perdendo a sua razão - Não posso esperar pelo carro para nos levar de volta para casa.

– Não precisamos esperar. Na verdade, eu não quero esperar - sussurrou Laíssa, e o grunhido dele a fez saber que aquela era a resposta que Tom mais queria e esperava ouvir. – Quero você aqui e agora.

Quase por instinto, eles se afastaram das luzes e entraram nos recessos escuros do jardim. De um lado, uma cerca viva os protegia da visão de quem estava no restaurante do outro, o luar e os reflexos da luz da cidade davam o ambiente ideal para o momento.

Um cenário perfeito para um sexo rápido e louco.

As mãos de Tom percorriam o corpo dela e ele nunca parecia tocá-la o bastante, sempre queria mais, Laíssa se aproximou dele, fazendo-o gemer, as mãos do marido desceram para os quadris dela e a puxou para mais perto.

– Eu quero você - ela falou, porque não havia mais necessidade de mentir, nem de esconder a verdade. Era verdade e, além disso, Tom sabia que ela estava o perdoando. – Rasgue minha calcinha e faça sexo comigo... Duro, sem preliminares... Apenas enfie e me faça gozar!

Ele explodiu diante daquele pedido.

Tom a empurrou contra as costas de um banco de madeira, pegando-a por trás com as mãos, e a levantou, sentando-a no topo do banco. Laíssa sentiu o beijo frio do ar quando ele levantou a saia do vestido. Ela tremia, sentia as costas ardendo quando os dedos dele se aproximaram do objetivo, provocando-a.

– Você está com frio? – ele murmurou, fazendo carinhos com o rosto no pescoço dela.

–Estou queimando e se não enfiar rápido, acho que morrerei.

Um puxão foi suficiente para ele rasgar sua calcinha e jogá-la no chão.

Então, com um grito rouco e abafado, ele a penetrou.

Aquela felicidade do momento da união dos corpos, por senti-lo em si, amando-a com violência. Não havia nada melhor como aquilo no mundo. Era tudo o que ela sempre quis. E então ele se moveu no inicio lentamente.

–Forte... Quero você entrando dentro de mim.

–Não quero te machucar.

–Oh Tom... Eu quero que me machuque... Não tenha dó... me machuque... adoro quando me machuca.

–Você é uma menina muito má! – ele deu um tapa em sua nádegas nua.

–Sim... Eu sou!

–Caralho... Lala... Tão molhada... Tão deliciosa... Não vou aguentar por muito tempo.

–Não aguente... me morda... me lamba... me bata... me coma... Faça o que quiser comigo... Sou tua... Tom... Só tua!


Ela choramingou completamente fora de si, louca e possuída pela chama do desejo.

Estava no seu limite, na beira do abismo.

Ela o arranhou, mordeu e o beijou.

Laíssa colocou as pernas ao redor de Tom, apertando-o e o puxando para mais perto. E ele correspondeu às exigências dela. Ela se entregava mais e mais e ele concedia tudo de si, até que não havia mais o que oferecer, para nenhum dos dois.

–Mais forte, mais fundo....Tom... Oh... Não pare... Eu vou gozar!
–Goze... Dê tudo para mim... Tudo! – ele bateu mais forte em sua bunda.
–Tom... Oh mais forte ... vou gozar...Tom – ela gemeu alto, segurou firme, jogou a cabeça para trás com a boca semiaberta, quando ele aumentou as investidas.

E quando ela chegou ao clímax, chamou seu nome tão alto que Tom teve de enfiar sua língua em sua boca e silenciar a morena com um beijo longo.

Laíssa se sentiu derreter, desfazendo-se em minúsculas partículas que se espalhavam no vento e se uniam com as estrelas e as luzes da cidade, antes de descer lentamente para a terra de novo.

– Você morre de desejo por mim. – ele sussurrou em seu ouvido.

– Morro e a culpa é sua. – ela gemeu, quase sem ar - Você é irresistível.

– Somente irresistível. Não pode desenvolver isso e elevar um pouco mais?

– É muito gostoso também. Cada delicioso centímetro do seu corpo.

Ele nada disse apenas sorriu e a abraçou com mais força. Ela ainda estava muito fraca nos braços dele, sem energia e com a respiração cortada, Laíssa encostou a cabeça no peito de Tom, as batidas do coração dele altas em seus ouvidos.

– Eu amo você - Ela sussurrou. Sobre o peito dele, enquanto lágrimas escorriam silenciosamente de seus olhos. – Te amo e senti tanta a sua falta.

Ela pertencia a ele de novo e nunca se sentira melhor, nunca o levara tão longe fazendo amor. Tom encostou a cabeça na de Laíssa, beijando o seu cabelo. Vulneráveis, as paredes que ela construíra ao redor de si finalmente haviam desmoronado.

– Coloque isso... e nunca mais a tire.

Laíssa observou e viu a aliança de casamento na mão do marido.

Ela lhe estendeu a mão esquerda, Tom introduziu a aliança no dedo anular da esposa, depois levou a mão aos lábios e beijou o anel demoradamente.

–Vamos para outro lugar, quero você ainda e não pode ser na nossa casa, não com sua mãe lá para ouvir seus berros implorando par eu ir mais forte... Esta noite seremos só eu e você. Sem críticas. Sem interpretações nem análises. Sem arrependimentos. Apenas gritos, gemidos e você elevando meu ego.
–Terei o maior prazer e, elevar tanto o seu ego quanto o seu enorme e delicioso p...

Ela não teve tempo de terminar a frase, Tom a puxou novamente para um beijo violento e a desceu de seu colo, ajudando-a se recompor, como dois adolescentes felizes e com medo de serem pegos pelos pais, correram para frente do restaurante, o manobrista entregou o carro e seguiram para continuar a noite, num lugar mais privado onde pudessem selar as pazes repetidamente sem serem interrompidos.


...


Chegaram a casa no Domingo de manhã, sorrindo e conversando baixo para não acordar Miranda e seus filhos, Laíssa fez o café da manhã, enquanto Tom colocou a mesa. Foi um dia especial em família, no almoço Bill e Jörg se juntaram a eles para um churrasco.

Tudo estava perfeito. Tudo finalmente havia entrado no eixo.

Ou quase tudo.


Até o outro dia, na Segunda à tarde.

Tom terminava uma reunião com o gerente de sua loja do Rio de Janeiro, quando o telefone tocou.

– Tom, não consegui entender o que essa senhora dizia. – a secretária disse nervosa.

–Passe a ligação. - Um arrepio gelado percorreu sua coluna. Alarmado, atendeu. - Miranda, o que houve? Não entendo o que diz. Fale devagar!

–É Laíssa... Oh Deus... Tom... Venha rápido!

Postado por: Grasiele

Reparação - Capítulo 22


E Mateus chorou no ombro do pai.

Laíssa apareceu na porta da cozinha, apenas de calcinha, com os seios cobertos com as mãos e os olhos marejados, Tom abraçado ao filho, ergueu seu olhar e por alguns segundos olhou a esposa, uma emoção sem nome vibrou entre eles como uma cor­rente elétrica, sem dizer nada, ele se virou e subiu com Mateus para o quarto.

O meu revólver esta apontado pra sua cabeça e o teu para a minha.”

Seu celular voltou a tocar, ela o olhou antes de silenciá-lo, viu o número no visor e pensou mil vezes antes de atender. Na verdade, não teve vontade de atender e dessa vez nãoera Mônica.


...


Laíssa pegou sua calça branca strech jogada no chão da cozinha, usou para cobrir os seios, subiu as escadas apenas de calcinha e devagar entrou em seu quarto.

Vestiu uma camisola, Diego estava dormindo na grande cama de casal, em passos leves foi ao quarto dos filhos, onde Tom dormia na mesma cama que Mateus, o filho mantinha os bracinhos em volta do pescoço do pai, como se tivesse com medo que ele partisse.

Abafando um suspiro, seguiu para o quarto de hóspede onde deitou e tentou dormir, não conseguiu, seus pensamentos voaram para a cozinha minutos atrás, abraçou o travesseiro e rolou mais quatrocentas e oitenta e três vezes na cama, antes de pegar no sono profundo.

Na manhã seguinte, acordou antes que todos, Tom não havia se levantado ainda para trabalhar, preferiu não acordá-lo, deixou um bilhete e seguiu para o supermercado.

Estava com uma dor de cabeça infernal.

Pegou o Nescau e o colocou no carrinho, o último item da lista, passou os olhos rapidamente em um caixa livre, passou as compras, pagou e quando estava seguindo para o estacionamento foi fechada por um outro carrinho.
–Dizem que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar.
–Matt? - seus carrinhos estavam grudados um ao outro.
–Ao seu dispor. – ele sorriu tirando os óculos escuros. – É a segunda vez que bate no meu carro, senhora.
–Oi! – ela estava realmente surpresa em vê-lo. – O que faz aqui?
–Tentei te ligar ontem a noite. – ele respondeu dando um passo se aproximando de Laíssa.
–Desculpe, com a correria da operação de Diego, acho que a bateria acabou e esqueci de carregá-la.
–Fico aliviado que seja apenas isso. – ele a olhou dentro dos seus olhos, como se quisesse pega-la em alguma mentira. – pensei que não quisesse mais falar comigo.
–Não. – ela sorriu sem graça desviando os olhos dos dele. – Não, foi a bateria mesmo.
–Já terminou? – ele olhou para as compras embaladas nas sacolas - vou te ajudar a colocar no carro e podemos tomar um café.
–Matt, eu preciso ir para casa e...
–Tom esta em casa, ele pode olhar as crianças por alguns minutinhos. – ele deixou o seu carrinho vazio e pegou o dela levando-o para perto do carro da morena.
–Como sabe que Tom ainda esta em casa?

Silêncio e mais silêncio.

–Por que seu filho esta doente e bons pais não vão trabalhar quando os filhos estão doentes. – Ele sorriu e tirou a chave da mão da morena destrancando a Eco Sport - eu deduzi!

Ela olhou para Matt, aquela conversa tinha que acontecer mais cedo ou mais tarde, antes que ele saísse machucado. Laíssa tinha muito carinho por ele, não queria vê-lo sofrer, não por ela.

–Eu vou, mas não posso demorar. – ela concordou deixando-o ajudar a colocar as comprar no porta-malas do carro. Depois seguiram para a mesma cafeteria que foram da primeira vez em que se viram.

Matt escolheu uma mesa no fundo, isolada de todas as outras. Fez os pedidos e só depois que eles chegaram, ele a olhou por alguns segundos, dizendo por fim:

– Você está diferente, Laíssa.
–Diferente?
– Menos tensa, mais livre. Mais feliz.

Ela desviou seu olhar do dele. Matt tinha uma enorme perspicácia em avaliar seu estado de espírito. Ele era perigoso. Sabia como chegar e à hora certa em chegar.

– Não vai me contar o que te faz tão diferente? - Ela balançou a cabeça em negativo. - Você sabe que se as coisas fossem diferentes, nós poderíamos viver bons momentos juntos.
– Sim. Mas elas não são diferentes.
– E você não sente muito por isso, sente?
– Matt, eu errei com você. – Ela tinha que falar, tinha que explicar e se desculpar.
– Por quê?
– Por que te fiz acreditar que poderíamos ter um caso.
–Nunca quis ter um caso com você. – ele segurou suas mãos por cima da mesa.
–Não?
–Não. Eu quero me casar com você.

–Eu já sou casada. – ela tentou puxar suas mãos e ele a segurou.

–Seu marido não saiu de casa? – Ele perguntou sorrindo com um ar estranho, apertando mais seus dedos nos dela. – Eu lambi suas feridas, esqueceu?
–Não. E agradeço por você ter feito isso. – ela puxou suas mãos e as colocou no colo, embaixo da mesa. - Esse foi o meu erro com você. Exatamente esse e me sinto mal por isso. Fiz você acreditar que ficaria com você.
– Eu amo você. – ele se declarou. - Desde primeiro instante que coloquei os olhos em você.
– Sinto muito, Matt. Mas não posso continuar te enganando, gosto muito de você e...
–Não quero apenas que goste de mim, Laíssa. - Ele socou a mesa e ela se assustou, Laíssa olhou para os lados e percebeu que todos haviam parado de conversar e prestavam atenção nos dois.
– Sinto muito. Eu realmente sinto muito! – ela disse assustada.
– Não, me desculpa. – ele fechou os olhos tentando se acalmar - Eu que sinto muito pela cena. – ele passou as mãos pelos cabelos e bufou impaciente. – Perdão.
– Tudo bem.
–Pretende perdoar o seu marido? – ele perguntou sorvendo um gole de café, voltando a falar baixo e ponderado como se nada tivesse acontecido.
– Meus filhos estão sofrendo muito.
– Coitadinhos. - Matt sorriu e por mais que ele se esforçou para parecer sincero, não conseguiu. - Fico contente. Falo sério, espero que seja muito feliz e que o seu marido aproveite essa nova oportunidade.
– Faremos de tudo o que for possível para que isso aconteça, pelo bem dos nossos filhos.
–Amigos? - ele estendeu a mão a ela.
–Claro! – ela apertou a mão de Matt.

Ela que se levantou primeiro, seguiu até onde ele estava sentando, deu um abraço e um beijo no rosto, se despedindo e saindo da cafeteria.

Chegou em casa, depois de quinze minutos, Tom estava na cozinha, apenas de boxer preta brigando com uma panela que o havia queimado. Ela parou na porta e ficou observando a cena.

– Onde esteve? – Ele perguntou seco quando a viu parada, totalmente diferente do homem apaixonado da noite anterior.
–Fui ao mercado. – ela respondeu sem ironia, sem deboche, sem ser cínica, colocando as compras em cima da mesa.
–Demorou muito. – Tom mantinha a voz dura. – Não demora dessa forma quando...
–Hoje não, Tom! - Ela o cortou levantando a mão e massageando a têmpora – Desculpe-me se demorei ok? Agora vou cuidar dos meninos.
–Já cuidei do café da manhã deles, estão brincando na sala de jogos. Diego esta deitado no sofá. – Tom explicou guardando as garras – Vou ficar em casa hoje, não vou mandar Mateus para o colégio.
– Obrigado por ficar em casa e ajudar.
–Os filhos também são meus. - Ele disse fitando-a demoradamente.
–Sim, eles são. – ela disse num fio de voz, sem forças para brigar ou dizer alguma piadinha para ofendê-lo.
–Você esta bem? – O marido perguntou estranhando a atitude pacífica da esposa.
–Um pouco de dor de cabeça.
–Por que não vai se deitar? – Tom chegou mais perto ao vê-la tão pálida. – Eu cuido da casa hoje.
–Não sei.
–Vá e deixe-me provar que ainda sou um bom marido.
–Vou me deitar, não para que prove algo e sim por que minha cabeça dói. – Ela se virou bruscamente e sua cabeça deu uma pontada forte.
–Lala... – ele a segurou pelo braço com cuidado ao vê-la cambalear.
–Estou bem, é apenas enxaqueca.
– Só a cabeça dói? – ele perguntou com carinho a segurando pelo braço. – Venha aqui.
–Posso andar. – ela tentou afastá-lo.
– Está branca feito papel. – ele a segurou mais forte pelo braço - Vem aqui e deixe-me cuidar de você!

Tom a ergueu no colo, fez com que ela encostasse a cabeça em seu ombro nu, subindo as escadas com ela nos braços colocando-a com cuidado na cama de casal e a cobriu com uma colcha leve, colocou a mão na testa da esposa para ver se estava com febre, mas não estava.

–Não há necessidade disso. – Ela estava incomodada com a proximidade de Tom. – Posso me cuidar sozinha.
–Laíssa, por favor, basta fechar os olhos e descansar. – Disse Tom fechando as cortinas, deixando o quarto escuro.
– Os gêmeos? – ela perguntou já com os olhos fechados.
–Shhh - Ele passou os lábios no rosto da esposa - Seja uma boa menina e me obedeça. - Seus lábios se tocaram de leve.

Laíssa não respondeu ou brigou por causa do beijo, estava muito fraca, Tom ainda permaneceu ao seu lado, pegou uma mecha de cabelo, enrolou nos dedos e depois a cheirou. Deu-lhe um beijo na testa e saiu do quarto, encostando a porta.

...

Bem mais tarde, Tom entrou no quarto de casal e observou Laíssa dormindo. Eram quase onze horas da noite. Já havia colocado os dois filhos cada um em sua cama. A sexta feira tinha sido corrida, mas para não dar trabalho e deixar a esposa descansar, fez tudo sozinho, sem incomodá-la.
Por causa do paracetamol ela havia apagado o dia inteiro, estava preocupado com aquela dor de cabeça, Laíssa quase nunca ficava doente, era forte feito uma rocha. Seus olhos correram pelo corpo moreno e bem feito estirado na cama. Ele havia tirado sua calça jeans e estava apenas de regata azul clara e uma calcinha branca.

Ela ficava linda a cada dia. Ela o fascinava a cada semana. Ela o hipnotizava a cada mês.

Ele a amava a cada ano.

Ela estava além de todos os seus limites. Por várias vezes tentou sair daquela casa, ir embora da sua vida, mas a verdade era que o seu amor e devoção por aquela mulher era excessivamente exagerada.

Seu corpo, seu coração e sua mente estavam numa constante batalha, a qual estava completamente destruído. Não queria perder Laíssa, por que simplesmente não viveria sem ela nem só um segundo e não tinha problema algum em admitir essa sua fraqueza, era convicto que um dia sem ela, seu seus toques, sem seus beijos, sem seu amor... Ele não iria muito longe, morreria antes.

Ele passou os olhos pelo corpo da esposa novamente.

Por Deus, existia alguém mais deliciosa no mundo?

O sobe-e-desce do peito, a respiração intensa, os cabeços castanhos jogados no travesseiro, a boca linda e carnuda entre aberta que ornava com o restante de seu rosto bem desenhado. O aroma adocicado que lhe entrava pelas narinas e o deixava tão embriagado.


Ela se mexeu, deixando os seios quase desnudos.

Naquele momento, cada grama de testosterona foi encaminhada para sua virilha. Seu membro inchou contra seu jeans e sua boca secou. Estava duro, na beirada da cama, cobiçando e quase babando no corpo de sua esposa.

Que grande merda, ia gozar nas calças como um pivete virgem!

Essa abstinência de Laíssa em sua veia e em todas as suas células, não estava lhe fazendo bem. Tom andou até a cama e a cobriu, apagou a luz do abajur, foi até seu lado da cama, despiu-se e não soube quantos segundos ou minutos ficou velando o sono dela.

Ainda dormindo, ela se mexeu novamente e aconchegou-se ao calor e conforto do corpo dele. Ele a enlaçou pela cintura, abraçando-a e lhe deu um leve beijo em sua boca.

E ali seguia mais uma noite de insônia e tentativa frustrada para controlar suas cabeças.


***

O brilho do sol passava pelas cortinas entreabertas, irradiando luz pelo quarto. Laíssa olhou para o lado da cama, viu o travesseiro de Tom amassado, com a sua marca ainda nele, o pegou inspirando aquele perfume de loção pós-barba, o cheiro era delicioso.

Ele havia deitado naquela cama, com ela.

Então, aquela impressão dele enrolado em seu corpo, não tinha sido apenas um sonho bom.

–Gosta do meu cheiro, bela adormecida?

Laíssa se virou e seu coração saltou no peito, jogou o travesseiro longe, ele entrou no quarto com uma bandeja nas mãos, vestindo um jeans e uma camiseta creme e descalço.

– Guten tag!
– Bom dia – ela o respondeu em português e perguntou ainda sonolenta. - Que horas são?
–Onze da manhã – ele murmurou.
–Dormi apenas algumas horas, meu corpo está tão relaxado que tenho a impressão que dormi vinte e quatro horas.
–E dormiu! - Tom sorriu – São onze horas do Sábado.
–Por que não me acordou? – ela se sentou na cama assustada.
– Fiquei tentado, mas você dorme tão gostosinho que fiquei com dó. - Ele a olhou com um sorriso que a deixou zonza - Passou a dor de cabeça? - Laíssa respondeu apenas com um aceno positivo de cabeça - Coma antes que esfrie.
–O que é isso?
–Almoço.
–Marina veio hoje?
–Não, eu fiz o seu almoço.

– Ai minha barriga?! – ela colocou os dois braços na barriga, fingindo que ela doía. Laíssa sorriu. O corpo de Tom reagiu de pronto aquele som delicioso. Ficou olhando fascinado para os lá­bios da esposa.

Laíssa olhou para a bandeja, com o prato de sopa e um copo com suco de laranja, provou um gole com muito cuidado e começou a tomar pequenas colheradas de sopas, estava com gosto de nada com coisa alguma, mas jamais falaria a ele e o ofenderia na sua tentativa de agradá-la.

– Os meninos? – ela perguntou quando bebia um gole de suco.
–Di, tomou sua medicação e esta junto com Mateus assistindo Madagascar.
–De novo? – ela sorriu ao lembrar a obsessão dos filhos por esse filme, toda semana eles tinham que assistir pelo menos 3 vezes.
–Sim, eu sei as falas de cor – Tom deu um riso escancarado tão bonito que ela sentiu um arrepio percorrer-lhe a espinha.
–Tom, a partir de segunda eu vou voltar a procurar emprego.
–Essa merda de novo? – O sorriso morreu em seus lábios, dando lugar a uma expressão fria, seus olhos procuraram os dela.
– Não sou uma criança boba perdida no mundo, já disse que não gosto quando me vê dessa maneira.
– Não é boba. – ele bufou - Ok... Às vezes você é. Mas confesso que é o meu ciúme doentio, a criança egoísta aqui sou eu. E não tenho vergonha de admitir que não gosto de caras de escritórios voando em cima de você como abutres mortos de fome.
–Dou-me o respeito, sou casada. – ela se defendeu.
–Você é? – Tom perguntou arqueando uma sobrancelha. Eles se entreolharam.
Os pêlos de Laíssa se arrepiaram, seus seios endureceram instantaneamente. Um calor invadiu-lhe entre as coxas e para disfarçar, disse:
– Esta falando por você. Homens infiéis de escritórios.
–Se você diz... – ele pegou uma pêra da bandeja e ofereceu a ela – Coma uma fruta. – Estava nítido, o assunto para ele tinha sido finalizado ali.

Não, pra ela!

–Tom, eu quero trabalhar. – ela gemeu voltando a colocar as mãos na testa.

– Coma a pêra e depois falamos disso! - respondeu em voz mansa, embora a tensão fosse visível em seu timbre de voz.

–Tom...

Tom segurou-lhe a nuca, puxou-a para junto de si. Mordeu a pêra com raiva e pressionou os lábios nos dela. Chocou brutalmente os dentes em sua boca delicada. A morena não ofereceu resistência. Nem queria oferecer. Mesmo quando ele mergulhou o pedaço de fruta dentro de sua boca, e quando se afastou ele sussurrou:

–Coma a maldita fruta ou eu...
–Tudo bem... Eu como! - Ela disse tentando recuperar a sua respiração e engolindo o pedaço da pêra que ele havia passado para sua boca através do beijo.
– Consegue me tirar do sério! – Ele fazendo um movimento com as mãos perto de seu pescoço, como se fosse apertá-los. – Por que tudo o que falo tem que me retrucar.
Ele respirou com dificuldade, ela se mexeu na cama, mordendo a pêra, lambendo os lábios, passando a língua para limpar o suco da fruta. Aquele gesto simplesmente levou Tom à loucura.

Ele a olhou e tentou não pular sobre ela, rasgar toda sua roupa e fazer amor com ela do modo que ele desejava. Duro e rápido.

–Por que me olha assim? – ela perguntou mordendo outro pedaço da fruta.

– Olha o que faz comigo, droga! - Laíssa desceu os olhos e viu a mão dele sobre o volume no jeans.

– Não estou fazendo nada e pare de me olhar desse jeito – Ele chegou mais perto e ela cobriu a blusa com os braços de medo. - Não quero que rasgue minha roupa!
–Não seria nada mal. – ele passou a ponta do dedo na linha de seu queixo, forçando-a a erguer a cabeça.
–Toda roupa que rasgar terá que comprar outra. – ela o desafiou.
– Quantas calcinhas já rasguei e no outro dia comprava duas ou mais para repor? - Ela abriu a boca, mas não respondeu. Foram inúmeras. - Gosto de rasgá-las e depois sentir o seu cheiro umedecido nelas. – Ele passou o dedo no tecido branco de sua calcinha - Aposto que se eu rasgá-la nesse momento estará molhada.

O quarto ficou pequeno e quente. Laíssa fechou as pernas num impulso.

–E-estou melhor. - Ela necessitava sair dali ou ficaria louca. – vou sair da cama e ver os meninos.
–Fique quieta nessa cama. – Ele ordenou.
–Estou melhor! - Ela disse jogando as pernas para fora da cama.
– Lala, se não me obedecer vou te algemar, é isso que quer? – Seus olhos se encontraram. - Eu vou adorar te prender e dar uns belos tapas nesse seu traseiro redondo e delicioso.

–Você só pensa em sexo. – ela resmungou trazendo as pernas para dentro da cama.

–Só penso, mas confesso que ultimamente não to fazendo o suficiente e isso esta realmente me deixando enlouquecido. De verdade! - ele desviou o olhar para os lábios da esposa. - vê-la com essa blusa... – depois desceu mais os olhos - Com os bicos dos seios implorando para serem lambidos até que grite para que eu a coma.

O corpo dela entrou em erupção.

Explodiria.

– Eu preciso...
–Eu cuidarei de tudo o que você precisar. - Ele a interrompeu alisando o seu rosto com o dorso da mão.
– Já disse para parar de me olhar assim? - Conseguiu dizer.
– Ah, se eu pudesse! - Ele suspirou languidamente descendo o olhar pelos seus seios, sua barriga e depois entre suas pernas. - Mas vendo essas pernas perfeitas, roliças e nuas...
–Pare com isso. – ela tentou empurrá-lo. Queria lhe pedir que não se aproxi­masse tanto, o marido tinha sempre aquele efeito perturbador so­bre ela. Fazia-a ficar sem fôlego. – Queria tomar um banho, esta quente demais aqui. – ela disse sentindo-se sufocada.
–Espere vou colocar a banheira para encher com o óleo que você gosta assim se sentirá muito mais fresca.

E se sentiu mesmo.

Seu corpo estava imerso por espuma, quando ele entrou no banheiro com uma taça de sorvete com calda de chocolate na mão, sentando-se na beirada da banheira correndo os olhos famintos pelo seu corpo.

– Você esta me mimando – ela brincou ao pegar a taça da mão dele.

– Com esse óleo perfumado em seu corpo, eu queria fazer muito mais que mimá-la. – Olhou para os seios dela debaixo da espuma, passando a língua nos lábios.

–Esta com a língua afiada hoje. - Céus, ela queria aquela língua nela!

–Só hoje? – Ele sorriu de novo daquele jeito arrasador. Aquele sorriso que mexia com o coração das mulheres, todas elas, sem importar a idade. Não existia uma única pobre coitada que recebia aquele sorriso e fosse capaz de ficar indiferente.

Ela sorriu com ele, e de repente, ao mesmo tempo, os dois se olharam e ficaram sérios.

–Sabe... Eu sinto falta. – ela disse colocando a taça de sorvete no banco ao seu lado.
–É... Do que?

Ela baixou os olhos, ele sabia exatamente do que ela sentia falta.

–Seus dedos, mãos, língua... Da gente na cama.

–Gosto do sexo aqui... Na banheira. – ele desceu seus olhos para o meio de suas pernas – Na verdade, sinto falta do sexo em todos os lugares. – Tom baixou o corpo e seus dedos tocaram a água. – Gosto do sexo na mesa do meu escritório, no chão da sala, na pia da cozinha, em cima da máquina de lavar roupa, no capô do carro, em pé na varanda. – os dedos de Tom tocaram os joelhos dela. – Na verdade, o lugar quase não importa quando o corpo que tenho em minhas mãos é o seu. – Sua mão correu pelas suas pernas - amo seu corpo, seu gemido, como se contorce quando goza... - Ela fechou os olhos quando sentiu os dedos tocarem sua intimidade - adoro quando geme dizendo o meu nome.

Laíssa se mexeu na banheira, abrindo as pernas para os dedos hábeis dele.

Dois deles entraram nela, enquanto o polegar massageava seu clitóris devagar, sem pressa, como uma doce e deliciosa tortura. Ela abriu mais as pernas, e em recompensa ele acelerou os movimentos do polegar, fazendo-a segurar as bordas da banheira.
–Oh... Tom...
–O que foi?
–Quero mais um dedo. – ela pediu num gemido rouco e baixo.

Com um sorriso malicioso, ele a atendeu.

– Sempre exigente. – ele harmonizou os dedos dentro dela e o polegar, fazendo-a jogar a cabeça para trás e levantar as pernas e as colocar na borda da banheira. – Venha Lala... Me ajude!

Ela arqueou os quadris, indo de encontro aos seus dedos. A cada investida, ela estremecia e gemia de prazer. Laíssa explodiu num orgasmo violento soltando um grito abafado, chamando pelo marido.

Ele ergueu os olhos para vê-la mordendo o lábio inferior com força, retirou a mão da água e se aproximou, os olhos dela ainda estavam fechados, mas ela sabia que Tom estava muito perto.

– Obrigada, Tom. - Ela murmurou abrindo os olhos.
– Pelo quê? – ele perguntou confuso com um leve sorriso nos lábios.
– Por cuidar dos meninos e da casa. - Ela disse sincera prendendo o olhar do marido ao seu. - Por se importar comigo e por isso que acabou de acontecer aqui.

Tom não pode deixar de sorrir, inclinando-se mais roçou levemente os lábios nos dela e sus­surrou:

– Eu sempre me importei. - Essas quatro palavras ditas por Tom fizeram com que o silêncio caísse entre os dois. O principal som naquele momento era das batidas rápidas e descompassada dos corações. Uma lágrima solitária rolou no rosto dela. - Me importo por que eu te amo, Lala.

Laíssa abriu a boca com total surpresa pela revelação inesperada. As lágrimas que ela derramara a princípio pare­ciam pequenas se fossem comparadas ao lago que se formara nos grandes olhos castanhos que brilhavam ainda fixos ao marido. Tom percebeu sua confusão de sentimentos e percorreu com o indicador o caminho das lágrimas que desciam até os lábios, arrematando o gesto com um beijo leve e suave.

– Quero que seja minha esposa novamente. - ele começou a acariciar-lhe as faces com os lábios e o canto da boca. – Quero que seja minha, só minha... Como antes. – Tom estava desesperado – Não sei mais o que dizer ou fazer para que entenda que não posso mais viver sem você. – Ele a segurou pelos ombros firmemente. – Quero você ao meu lado novamente, não suporto mais um dia longe de você e dos nossos filhos. – Durante um momento só houve silêncio, então Tom suspirou e disse - O jogo acabou Laíssa, agora!

–Oh, Deus Tom... Sim... E... Eu quero... Mas... - ela colocou as mãos na boca para abafar o choro. Suas palavras se afo­garam em soluços. - E Raquel?
–Você acredita realmente que tive alguma coisa com essa mulher? - a pergunta era carregada de dor e angustia.

– E... Você teve?

E ali estava á pergunta de um milhão de reais.

Postado por: Grasiele

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